domingo, 16 de novembro de 2014

Regresso à barbárie?

Crónica de Frei Bento Domingues 

Se uma religião tiver a pretensão 
de ser a única verdadeira, 
ficam todas sob ameaça


1. Voltaram, há dias, a interrogar-me, em tom de exame e desafio: se existe um só Deus – segundo o credo monoteísta – porque não se unem numa mesma religião judeus, cristãos e muçulmanos? Presume-se que Deus não possa estar em concorrência consigo mesmo.
Como qualquer cristão, tenho de estar pronto a dar razão da minha esperança, com mansidão e sem arrogância, como recomendou S. Pedro (1Pr 3,15), mas não estou obrigado a ser ingénuo. A pergunta não abriga apenas pouca informação acerca da longa história dos chamados monoteísmos. Recomendo, no entanto, La bibliotheque de Dieu: Coran Evangile, Torah (1). É uma biblioteca escrita e comentada por humanos durante muitos séculos. Nem sempre tem ajudado a pensar e a viver a aventura humana com esperança. A sua leitura fundamentalista foi e continua a ser usada, com demasiada frequência, para matar em nome de Deus. A teologia do diabo exige o recurso permanente ao poder económico, político e religioso (Lc.4,1-13). Os seres humanos sabem que sem poder bélico e o seu comércio, as guerras perderiam o encanto das conquistas.

Monumentos: Mestre Mónica


A Nau vista por D. João Evangelista

Nau Portugal
«Já estou velhinho, já sinto o frio da cova nos pés. É natural que nos meus longos anos, expostos de mais a mais às ondas, nem sempre calmas, do destino que Deus me marcou ao nascer, eu tenha sentido pancadas terríveis no peito, capazes de o quebrarem, de o fazerem em pó, se não se tornasse em bronze indestrutível a mísera carne que o Senhor predestinou para o mais agitado dos apostolados, o apostolado das almas. Às vezes até parece que a vaga passa por uma tal forma por cima da cabeça que nos prega para sempre no fundo de tenebrosos abismos, e não mais voltamos à tona d’água a rivedere le stelle, como dizia o Dante ao fim do Inferno.
Tudo pareceu porém ontem diluir-se, e como que perder-se nas recordações longínquas a ponta mais aguda e mortífera dos seus espinhos, a gota mais amarga do meu veneno, ao golpe imprevisto, mil vezes trágico, que me esmigalhou a alma na Gafanha da Nazaré.
Parecia uma noiva, a nau Portugal, pronta a entrar na Igreja, com a coroa da glória na fronte e o manto de virgem a arrastar na história. Eu passei-lhe a mão pela quilha, ávida de cortar para a frente as águas, de fazer espuma ao passar, como quem faz uma festa na face de um filho, como quem beijaria, a transbordar de ternura, os olhos da sua mãe. E, senti, nessa carícia, bater lá dentro o coração da Pátria; eu ouvi, assim encostado o ouvido à proa altiva do barco, a voz de oito séculos que se não calava. Eu dei-lhe a bênção do meu ritual, mas dei-lhe ainda mais talvez – quem sabe se não me fez irreverente o delírio! – a bênção do meu amor. Estava-me a parecer que, se eu fosse embrulhado para a terra numa dobra daquela bandeira, nenhum verme me tocaria, até o peito morto teria vibrações misteriosas no túmulo.

sábado, 15 de novembro de 2014

Moral, vítimas e Deus

Crónica de Anselmo Borges no DN

Após conflitos e condenações, a Igreja reconheceu a legítima autonomia das realidades terrestres, o que significa que, por exemplo, a ciência, a medicina, a política, a economia se regem pelas suas própria leis, sem a tutela da religião. Sobretudo quando se olha para o mundo islâmico, fica bem patente a importância desta autonomia nomeadamente na política, exigindo a separação da Igreja e do Estado.
Também a moral é autónoma. Aliás, na perspectiva cristã, autonomia e teonomia acabam por coincidir, na medida em que, se Deus cria por amor, então a plena e adequada realização humana, que deve constituir a norma e o critério da acção humana boa, coincide com a vontade de Deus, cujo único interesse são as criaturas totalmente realizadas: a vontade de Deus é o bem da criatura.

NB: Crónica completa na segunda-feira

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Dia Mundial da Diabetes | 16 de novembro





A Câmara Municipal de Ílhavo, em parceria com a Unidade de Cuidados na Comunidade Laços de Mar e Ria (Centro de Saúde de Ílhavo), promove amanhã, domingo, 16 de novembro, entre as 10h00 e as 12h00, no Pavilhão Municipal da Gafanha da Encarnação, um conjunto de ações no âmbito da comemoração do Dia Mundial da Diabetes.
Destaque para uma sessão de sensibilização para a saúde sobre exercício físico e diabetes, com início previsto para as 10h00, seguida de uma aula de zumba. 
Pretende-se com esta iniciativa proporcionar uma manhã diferente para os diabéticos e os seus familiares.


Pode ler mais sobre a Diabetes aqui


RESPONSÁVEIS E ACTIVOS

Uma reflexão de Georgino Rocha




Juízo severo, sentença drástica. Quem o poderia imaginar? (Mt 25, 14-30) O desfecho da parábola dos talentos é surpreendente, desconcertante. O “chamado” servo mau não faz mais do que proceder de acordo com as regras do tempo e do modo de ser do seu patrão: aceita o encargo, guarda com cuidado o talento e apresenta-o, sem desfalque, no regresso do senhor, acompanhando a entrega com uma justificação plausível. O seu comportamento está motivado pelo modo de ser do patrão: ter medo de quem é severo, saber de antemão que não pode falhar, pois ele quer colher onde nada semeou. Por isso manteve a rotina e fez como era hábito: escolher um local seguro, enterrar cuidadosamente o objecto recebido, gravar na memória esse local e, tranquilo, descansar aguardando o momento da reposição.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Cidadãos lançam «Observatório para a Liberdade Religiosa»

Projeto integra especialistas 
como o jornalista e investigador Joaquim Franco 
e o professor Alexandre Honrado




«Um grupo de cidadãos ligados à investigação, comunicação e jornalismo decidiu criar um Observatório para a Liberdade Religiosa a fim de monitorizar a sociedade nesta área e sinalizar casos de discriminação.
Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, os impulsionadores do projeto explicam que o objetivo é constituir “um instrumento isento e independente” de análise à Liberdade Religiosa, num tempo em que “quer em termos nacionais quer internacionais”, este campo pede uma resposta mais efetiva.
Ao nível do país, a ameaça vem sobretudo da “situação bastante frágil” das instituições, devido à crise, e da falta de uma regulação mais efetiva das relações entre empregadores e empregados, sobretudo os que estão ligados a minorias religiosas.»

Ler  mais aqui

NOTA:O problema da liberdade religiosa continua a ser pertinente, apesar de vivermos em democracia. Há sempre alguém que defende a liberdade, desde que seja a sua liberdade. E quando se fala de liberdade religiosa não falta quem acuse as religiões de serem causadoras de guerras e conflitos de toda a ordem. Fanátivos houve sempre e sempre os teremos, quer no âmbito teligiosos quer politico e social. E são eles, com a sua visão do mundo, que querem à sua maneira, que provocam as guerras e alimentam perseguições, sem qualquer respeito pelo pensar e agir dos seus concidadãos. É claro que apoio, com todas as minhas forças, o Observatório para a Liberdade Religiosa. 

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Manuscritos do Vaticano online em HD


A fundação Digita Vaticana é uma das "casas" do arquivo de manuscritos da Biblioteca Apostólica do Vaticano que estão classificados como de grande valor histórico. Soube-se hoje que 4 mil manuscritos da Biblioteca do Vaticano vão ficar disponíveis online em HD. Uma excelente notícia para os historiadores e curiosos. 

Li aqui

11 detidos por suspeitas de corrupção


Nota:Às vezes somos surpreendidos com notícias destas. Fala-se muito de corrupção, mas ficamos com a impressão de que ninguém vê os corruptos. E quando alguns crimes, que o são como a corrupção,  envolvem gente de posses (BES E GES, por exemplo), mandam-nos tranquilamente para casa com cauções. A nossa Justiça é ou parece realmente injusta.  

"Xanana desmascarado"...?

Xanana foi "desmascarado", 

Nota: A ser verdade, caiu um herói para mim e para muitos portugueses. Entusiasmou o país e guiou o povo timorense até à independência. Será que não há mesmo heróis puros?

A Igreja é a minha casa





D. Manuel Martins
Bispo emérito de Setúbal
In "Pregões de esperança", ed. Paulinas
Publicado em 12.11.2014




A IGREJA É A MINHA CASA

A Igreja é a minha casa
Sim, é a minha casa.
Esta Igreja onde eu nasci e onde quero morrer.
Nela me sinto bem. Nela gosto de estar.
Aqui, eu penso, projeto, sonho, alimento-me.
Aqui, rezo, recordo, choro, zango-me,
encontro-me.
Aqui sofro, aqui canto.

A Igreja é a minha casa.
Gostaria, tantas vezes, de a ver
mais acolhedora,
mais aberta,
com mais espaços para outras pessoas
(não é ela comunhão e sacramento?),
mais gratuita,
mais convidativa.

A Igreja é a minha casa,
E tenho pena que
feche portas,
condene sem coração,
corte com quem procura...

Eu amo muito a Igreja,
porque a Igreja é a minha casa.
Com defeitos?
Com a ruga dos anos?
Às vezes azeda?

Mas é a minha casa!
Então, porque lhe quero muito,
vou pintá-la de fresco,
vou rasgar-lhe mais portas,
vou torná-la mais simpática,
mais disponível,
mais atenta.
Vou fazer com que cante mais a beleza da vida,
perca o medo e salte para o mundo,
grite os valores e os direitos
das pessoas e dos povos.

A Igreja é a minha casa.
Se eu quiser,
se tu quiseres,
se nós todos quisermos,
todos virão a ela
e todos nela se sentirão bem.
Porque ela é o rosto de Deus.
Porque Deus habita nela.

Li aqui

quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Philae pousou com sucesso no cometa 67P

Extraordinária conquista da ciência


Esta missão histórica poderá ajudar 
a perceber a origem da vida na Terra


«Dez anos depois da sonda Rosetta ter sido lançada e de ter chegado junto do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, a 6 de Agosto de 2014, o modulo robô Philae foi separado de Rosetta esta manhã e efectuou uma viagem de 7 horas até aterrar com sucesso no cometa.»

Li aqui, por sugestão do Google

Monumentos: Aos homens da nossa terra


terça-feira, 11 de novembro de 2014

SEMANA DOS SEMINÁRIOS


Seminário de Santa Joana Princesa,
uma joia da arquitetura da década de 50 do séc. passado

Está a decorrer, até 16 de novembro, domingo, a Semana dos Seminários, cuja importância no seio da comunidade católica é por demais evidente. No seio da comunidade católica, de forma direta, e na comunidade humana, de forma indireta, já que, os que passam por estas casas de formação, sejam eles sacerdotes ou simples ex-alunos, saem profundamente enriquecidos pelos conhecimentos adquiridos e sentido humanista da vida.
Por observação pessoal de ambas as situações, atrevo-me a dizer que os seminários preparam para a vida pessoas com espírito solidário, compreensivas, abertas ao mundo, cultas e com sentido das responsabilidades sociais e políticas.

UM APELO

João Martins Júnior 
foi um sobrevivente 
do "Maria da Glória"

Um escritor meu amigo está a preparar um livro sobre o naufrágio do Maria da Glória. Precisa de colher dados sobre um dos sobreviventes, José Martins Júnior, natural da Cale da Vila, Gafanha da Nazaré, onde nasceu a 13 de junho de 1918. Era filho de João Martins e de Olívia de Jesus Imaginário. Deseja saber o que fez ele depois do naufrágio.Terá estado, na altura, como outros, na América. Depois, terá regressado a Portugal.

S. MARTINHO: 11 DE NOVEMBRO

Crónica de Maria Donzília Almeida
 


O dia amanheceu cinzento. Do plúmbeo céu bátegas grossas caíram a anunciar a continuidade das condições meteorológicas dos dias anteriores.
Ah... mas hoje não é dia de S. Martinho? Ocorreu-me, num relance, à memória a crença popular na esperança/promessa de um dia de sol. Mas este ainda há pouco se foi embora, presenteando-nos com dias estivais, num Outono já consumado. Em Outubro, as temperaturas estiveram acima dos valores habituais para a época fazendo lembrar os convidativos/relaxantes dias de férias.
Será que a tradição já não é o que era, ou o santo está zangado com as tropelias que o homem tem feito, nomeadamente no que concerne ao ambiente? Neste campo, muitos estragos têm sido cometidos, em nome da civilização, do avanço tecnológico, da luta desenfreada pelo poder.
Longe vão os tempos em que as estações ocorriam de acordo com o calendário e uma pequena trégua em meados de Novembro sabia sempre bem.

HÁ MUITA GENTE QUE ADOECE...

"Quando o homem rejeita a verdade, adoece"

(Romano Guardini, 1885 - 1968)

Nota: Percebe-se por que razão há tanta gente doente, sobretudo em classes sociais que tinham a obrigação de assumir, em todas as circunstâncias, posturas de verdade.


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MONUMENTOS: Faina Maior


Para não ficarem esquecidos e para os nossos emigrantes ou filhos de emigrantes os fiquem a conhecer

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

STELLA MARIS DE AVEIRO

1985:10  de novembro

D. Manuel assina a ata da cerimónia
«Na freguesia da Gafanha da Nazaré, a Obra do Apostolado do Mar inaugurou a primeira fase do edifício do Clube «Stella Maris», para acolhimento dos marítimos que demandam o porto de Aveiro ou nele se ocupam em quaisquer profissões (Correio do Vouga, 8 e 15-11-1985) – J.»

Calendário Histórico de Aveiro, 
de António Christo  e João Gonçalves Gaspar


Stella Maris está hoje desativado


Em 10 de novembro de 1985, foram inauguradas por D. Manuel de Almeida Trindade, Bispo de Aveiro, as novas instalações do Clube Stella Maris, da Obra do Apostolado do Mar. Tratava-se da primeira fase das obras programadas, que importou em 13 mil contos. Esta primeira fase foi constituída por sala de refeições, bar, cozinha, escritório, receção, armazém, 15 quartos com casas de banho e um salão para reuniões. Houve um subsídio, em 1982, do Secretário de Estado dos Assuntos Sociais, Bagão Félix, e apoios das Câmaras Municipais de Aveiro e Ílhavo. 
A direção era presidida por Carlos Sarabando Bola. 
Diga-se ainda que o Stella Maris se traduziu, na altura e durante muito tempo, num significativo apoio aos homens do mar e suas famílias. Hoje está desativado, esperando-se o aproveitamento daquele espaço,

HAWKING E FRANCISCO

Crónica de Anselmo Borges 
no DN de sábado



1 Que disse o cientista inglês Stephen Hawking? "Antes de termos entendido a ciência, o lógico era crer que Deus criou o universo, mas agora a ciência oferece uma explicação mais convincente. Não há Deus. Sou ateu. A religião crê nos milagres, mas estes não são compatíveis com a ciência."
Pensa que o homem acabará por entender a origem e a estrutura do universo. "De facto, já estamos perto de conseguir este objectivo. Na minha opinião, não há nenhum aspecto da realidade fora do alcance da mente humana." Por isso, julga que a exploração espacial deve continuar e os grandes avanços científicos e tecnológicos neste domínio poderão "evitar o desaparecimento da Humanidade, graças à colonização de outros planetas".

domingo, 9 de novembro de 2014

A GAFANHA ERA UM LENÇOL DESOLADOR DE AREIA BRANCA



«[A Gafanha] Era um lençol desolador de areia branca, de dúzias de quilómetros quadrados, que os braços da laguna debruavam a norte, a leste e a poente, isolando do contacto da vida a solidão árida do deserto.
Lá dentro, longe das vistas, bailavam as dunas, ao capricho dos ventos, a dança infindável da mobilidade selvagem dos elementos em liberdade.
Brisas do mar e brisas da terra, ventos duráveis do norte em dias de estabilidade barométrica, e rajadas violentas de sudoeste a remoinharem no céu enfarruscado de noites tempestuosas, eram quem governava o perfil das areias movediças cavadas em sulcos e erguidas em dunas de ladeiras socalcadas a miudinho.
Era assim a Gafanha do tempo dos nossos bisavós: deserto enorme de areia solta, a bailar, ao capricho dos ventos, o cancan selvagem de uma liberdade sem limites.
Um dia, não longe ainda, um homem atravessou a fita isoladora da Ria e pôs pé na areia indomável. Não sabe a gente se o arrastava a coragem do aventureiro, se o desespero do foragido. De qualquer modo, ele fez no areal a sua cabana, à beira da água, e principiou a luta de gigantes do Gafanhão contra a areia.»

Joaquim Matias,
in Arquivo do Distrito de Aveiro,
vol IX, página 317

QUADRO DE SÃO GONÇALINHO ARREBATA FIÉIS E COLECIONADORES

Texto de Sandra Simões e Foto da Paulo Ramos,



«Júlio Pires foi o pintor convidado pela Mordomia São Gonçalinho 2015/2016 para pintar a obra em honra do Santo. Ausente no Brasil, numa residência artística, nem a distância inibiu o artista ilhavense de aceitar o desafio e dar largas à imaginação e ao talento artístico, que já lhe fez conquistar vários prémios de pintura.
Dados os ingredientes principais: a história do santo, a sua religiosidade, a tradição das cavacas, o empenho das Mordomias, o lado pagão das festas, a fé que passa de geração em geração... coube depois ao artista pôr tudo isto e mais alguma coisa numa tela e o resultado foi ontem apresentado publicamente. A sessão decorreu no bairro da Beira Mar (Bar Bombordo), acompanhada, essencialmente, por coleccionadores das litografias de São Gonçalinho, ávidos por conhecer a deste ano.»

ESTE PAPA É INCORRIGÍVEL

Crónica de Frei Bento Domingues 


“Digamos juntos, de coração: 
nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, 
nenhum trabalhador sem direitos, 
nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalho dá”




1. Eu deveria observar algum tempo de jejum em relação ao estilo, aos temas e aos conteúdos das intervenções pastorais de Mario Bergoglio, mas não me apetece nada precipitar a Quaresma.
Não é, todavia, para o defender ou ceder à desnecessária apologia de alguém que precisa mais de seguidores do que de admiradores. Conheço a oração, “Senhor, ilumina-o ou elimina-o”, as acusações de ser “comunista” e de usar os métodos do “prec” na reforma da cúria, de abusar da noção de hierarquia das verdades e de estar a perder, por palavras, gestos e atitudes, a tradicional dignidade de um “verdadeiro” Santo Padre. Há quem discuta a legitimidade da sua eleição e não só.

UM DIA DE CHUVA


 Com Miles Davis em fundo

Hoje, domingo, 9 de novembro, desejo sentir-me com a tranquilidade necessária para refletir. Sem movimento cá por casa, que todos os filhos e netos têm as suas ocupações, será bom partilhar com a Lita sonhos ainda por realizar, sonhos esses que alimentam os nossos quotidianos.
Desde muito jovem que me dei bem com a chuva, menos quando ela é torrencial. Chuva que cai de mansinho, sem vento que a empurre, que bate nas vidraças levemente, é lenitivo para momentos de recordações agradáveis que ao longo da vida experimentei. O menos agradável fica lá fora.
Também gosto de ler embalado por essa chuva. Ler o que me faz pensar e sonhar. Ler o que me leva a viajar. Ler o que me educa. Ler o que me diverte. Ler o que me informa e forma. Ler o que me abre novas portas a mundos desconhecidos. Ler o que me serena o espírito. Ler o que desperta para novos horizontes. Ler o que me acorda para caminhos de esperança. Ler o que me mostra a ternura de Deus.
Um domingo assim será um domingo abençoado.

Fernando Martins



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Basílica de São João de Latrão

Uma reflexão para este domingo




«“Durante cerca de duzentos e cinquenta anos, o Império Romano perseguiu os cristãos com grande dureza e crueldade. O édito de Milão, assinado por Licínio e Constantino em 313, concede-lhes a liberdade de culto. Puderam escancarar as portas das casas onde até aí celebravam a Eucaristia em segredo. Puderam fazer Igrejas. O imperador Constantino mandou construir para os cristãos um templo semelhante aos grandes edifícios públicos do Estado, as basílicas.»

Pode ler mais aqui 


sábado, 8 de novembro de 2014

A PACIÊNCIA



Nós devíamos todos aprender com os pescadores a ter paciência. Iscar, atirar a linha da cana de pesca à água e esperar, esperar e voltar a esperar que o peixe se distraia e caia na tentação de morder o isco, que pode ser morte certa. Mas às vezes as horas passam e nada. Nem um peixito para amostra. Um dia destes, um pescador, cansado de nada apanhar, disse para quem o quis ouvir, com um sorriso nos lábios, que ia telefonar para o restaurante para saber se havia leitão. Eu, que estava junto dele, sorri e disse: 
— Então eu pensava que o senhor só gostava de peixe e vai comer leitão? 
E ele de pronto atalhou: 
— Só gosto de peixe às vezes!

HAWKING E FRANCISCO

Da crónica de Anselmo Borges
no DN de hoje



Afinal, Deus continua a ser notícia. O que é facto é que os media mundiais não deixaram de fazer ampla referência às declarações recentes do famoso físico Hawking e do Papa Francisco sobre a fé em Deus.
1. Que disse o cientista inglês Stephen Hawking? "Antes de termos entendido a ciência, o lógico era crer que Deus criou o universo, mas agora a ciência oferece uma explicação mais convincente. Não há Deus. Sou ateu. A religião crê nos milagres, mas estes não são compatíveis com a ciência."
(...)

Nota: Leitura no DN só para assinantes. Provavelmente, talvez na segunda-feira, no meu blogue.

LAVRADORES DE VILAR

Um livro de Francisco Gamelas


SER FELIZ

Crónica de Maria Donzília Almeida


“Being happy” – Ser feliz

Quantas vezes a gente, em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão, por toda parte, os óculos procura
Quando os tem, ali ... na ponta do nariz!

Mário Quintana
                                


É o título de um livro que me saltou à vista, quando deambulava por uma zona comercial, na capital londrina. Despertou a minha curiosidade, tanto pelo significado, como pela informação adicional de que se tratava de um bestseller.
Esta cena ocorreu nos idos tempos de finais do século passado, 1995 e influenciou, profundamente, a minha mundividência, a partir de então.
É um tema muito pertinente, já que é um desiderato de todos sem exceção e também, simultaneamente uma frustração para tantos que a perseguem e nunca a alcançam. Mas.....será que há fórmulas para se atingir na vida aquele estado de supremo bem estar a que se apelida de felicidade?

FALAVA DO TEMPLO DO SEU CORPO

Uma reflexão semanal 
de Georgino Rocha



O gesto de Jesus, usando o chicote de cordas para expulsar os vendilhões do templo, seguido de diálogo que pretende ser esclarecedor, provoca tal “confusão” que é preciso o autor do texto vir dizer que “falava do santuário do seu corpo”. (Jo 2, 13-25). E não era para menos. O chicote do Messias, segundo uma expressão rabínica, constitui um símbolo da chegada dos tempos messiânicos: Pela purificação das intenções dos corações e pela reposição da função das coisas que, necessariamente, comportam aflição e sofrimento.

Ao ver o espectáculo do que acontecia – o mercado havia dominado o glorioso Templo de Jerusalém – enche-se de coragem e liberta os sentimentos mais impulsivos e vibrantes. E segue-se a acção demolidora das mesas de comércio, o menosprezo pelo dinheiro e a expulsão dos cambistas, a retirada dos animais e das aves. “Não façais da casa de meu Pai um covil de ladrões” – adianta como exortação e denúncia.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

CHÁ COM HISTÓRIAS

Escola Básica da Gafanha da Encarnação, 
Bar dos Alunos, 
14 de novembro, 
18 horas



A equipa da Biblioteca Escolar, com a colaboração dos docentes de Educação Musical e Educação Especial, convida toda a comunidade educativa a participar em mais uma edição do nosso Chá com histórias, a realizar a 14 de novembro, pelas 18 horas, no bar dos alunos da escola sede.
Contará com a declamação de poemas por parte dos alunos do Clube de Escrita e  de todos os que o queiram fazer. Haverá um apontamento musical da responsabilidade de Educação Musical.
A docente Donzília Almeida fará a apresentação do seu livro, "Crónicas de um professor". Depois será servido um chá com bolinhos.


DIA NACIONAL DO MAR

Museu Marítimo de  Ílhavo, 
15 de novembro



«O Museu Marítimo de Ílhavo (MMI) assinala o Dia Nacional do Mar com diversas atividades ao longo do dia. Uma visita especial e restrita aos bastidores do Aquário ou uma sessão de Histórias e Novelas Marítimas dinamizada por Miguel Horta são duas propostas para o público familiar. Na Sessão Comemorativa destaque para a apresentação do número 2 da Revista do MMI, a ARGOS, esta edição dedicado à museologia marítima e à herança cultural que os museus que assim se definem procuram preservar e transmitir, e a sessão de entrega de prémios da segunda edição do Prémio Octávio Lixa Filgueiras do Museu Marítimo de Ílhavo. No final da tarde, convidamos para uma Conversa de Mar, com Pedro Adão e Silva e João Catarino, autores do guia "Tanto Mar - Á descoberta das melhores praias de Portugal".»

A SOLIDÃO

«A solidão buscada é o lugar onde melhor aprendi a encontrar-me»

Nélida Piñon, escritora brasileira 
citada por José Tolentino Mendonça no livro 
"A mística do instante — O tempo e a promessa"

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

NO MOLHE SUL DA PRAIA DA BARRA



NA RUA COMPRIDA

Na rua comprida
há gente que passa
e para
Há gente que corre
e conversa
Há gente de olhares distantes
e frios

Na rua comprida
há gente sozinha
e acompanhada
Há gente que procura
no murmúrio
a paz há tanto perdida

Na rua comprida
há gente triste
e alegre
Há gente que sonha
e acredita
que a vida
com alguém
é sempre mais bonita

CÂMARA DE ÍLHAVO COOPERA COM BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS

Tudo quanto se faz 
pelos nossos bombeiros 
é de louvar




O Executivo Municipal deliberou aprovar o Acordo de Cooperação 2014 com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, do qual se destaca uma transferência financeira de 50 mil euros, sendo 30 mil para a atividade corrente e 20 mil para comparticipação na aquisição de um veículo ligeiro de combate a incêndios.
A Câmara Municipal considera meritório o trabalho desenvolvido pelos Bombeiros, assumindo ainda o custo respeitante aos seguros do Pessoal dos Bombeiros, cujo valor ronda os oito mil euros, bem como um apoio financeiro de 33 mil e 200 euros, respeitante à Equipa de Intervenção Permanente.
Tudo quanto se faz pelos nossos bombeiros é de louvar, ou não estejam eles permanentemente na linha da frente na ajuda a quem mais precisa, mas também no combate a incêndios e no socorro durante as catástrofes naturais. Sempre sem regatearem esforços e sem medirem os perigos que correm.

Fonte: CMI

BISPOS VAIDOSOS

É triste ver quem faz tudo para ser bispo 
e depois só vive para a sua vaidade, 
afirma o  Papa Francisco



«O papa Francisco criticou hoje, no Vaticano, os padres que procuram por vários meios serem bispos, mas que, após receberem a ordenação episcopal, se dedicam sobretudo a exibirem-se.
"É triste quando se vê um homem que procura este ofício e que faz muitas coisas para lá chegar, e quando lá chega não serve, pavoneia-se, vive apenas pela sua vaidade", afirmou Francisco, citado pela Rádio Vaticano.
Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de S. Pedro para a audiência geral das quartas-feiras, o papa dedicou a sua intervenção às virtudes e missão de um bispo: "Não é fácil, não é fácil, porque nós somos pecadores."»


Ler mais aqui

 NOTA: Eu teria muita dificuldade em  fazer uma afirmação semelhante, tanto sobre os bispos como sobre os cardeais, padres e diáconos. Mas se o Papa o declara, tão explicitamente, é porque é verdade. E sendo verdade é muito grave. Mas o Papa Francisco põe água na fervura, quando diz que somos todos pecadores.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

VISITA À TORREIRA PARA MATAR SAUDADES


Bateiras à espera do Porto de Abrigo

Uma peregrinação 
religiosamente cumprida

A Lita vai provar o vinho


Todos os anos, em dia incerto, impõe-se uma visita à Torreia. A praia da minha mulher, que na infância e juventude frequentava, ou não fosse ela natural de Pardilhó, faz parte do seu imaginário. Quando lá chegamos, é certo e sabido que da sua memória saltam, em catadupa, recordações que por ali vivenciou. As casas onde ficou hospedada, as pessoas com quem conviveu, as colegas e amigas que entretanto se dispersaram, as brincadeiras no areal, o São Paio, as passagens de barco da Bestida para a Torreira depois da viagem de bicicleta e tantas outras. 
Por tudo isso, lá vamos, em jeito de peregrinação, religiosamente cumprida, apreciar o casario, olhar o mar, contemplar a laguna, admirar a paisagem e os pescadores na safra dos seus quotidianos. Rostos e gestos sempre iguais, de quem, com canseira e esforço, granjeia no mar e na ria o pão de cada dia.

Casas  (contrastes)
Com as nossas digitais registámos algo do que vimos. E muito foi. Rotundas, arruamentos, ciclovias, zonas ajardinadas, casario novo em contraste, nem sempre feliz, com o antigo. Passámos pelo Bar do Guedes (é assim que o conheço), proprietário que foi de uma casa de fotografia no Monte, Murtosa. E fomos almoçar ao restaurante A Varina. Desta feita não amesendámos na esplanada, mas no interior, mais sossegado e acolhedor, onde fomos bem servidos. Bem servidos pelo acolhimento e solicitude, com comida saborosa e à medida dos nossos gostos caseiros. Bacalhau no ponto, com broa tostada, para a minha esposa; e carne de porco à alentejana, onde a ameijoa marcava presença generosa. Vinho bom que, nestes pratos, não se pode brincar com a bebida. 
O restaurante A Varina já era nosso conhecido, é certo, há bons anos, mas foi-nos sugerido por uma jovem mãe que passeava perto com o seu bebé. Tenho este hábito de perguntar onde se come bem. E a resposta que a jovem nos deu foi clara: Vá ao Varina que não se arrependerá. E bateu certo.

Fernando Martins

CONFRATERNIZAÇÃO DE EX-ACÓLITOS DA GAFANHA DA NAZARÉ

Encontro de confraternização, 
29 de novembro, 
eucaristia das 19 horas





Estão abertas as inscrições para o VI Jantar de Confraternização dos Ex-Acólitos da Gafanha da Nazaré, marcado para o dia 29 deste mês, num restaurante da mesma cidade.
Momento especial de reencontro, é uma ocasião para manter vivos os laços de amizade e de enorme camaradagem dos adolescentes e jovens que pertenceram ao grupo das décadas de 70, 80 e 90, anos marcantes pela presença ativa na comunidade e pelos serviços prestados à Paróquia da Gafanha da Nazaré.
No sentido de tornar a vivência da confraternização espiritualmente mais enriquecedora, a organização conta com a participação dos convivas na celebração eucarística desse sábado, pelas 19h, em dedicação especial pelos acólitos falecidos, bem pelos que se encontram em países distantes, sobretudo por razões profissionais.
As inscrições podem ser formalizadas até ao dia 27 de novembro, e os interessados podem proceder à inscrição por correio electrónico, utilizando o endereço nuvempositiva@gmail.com .

A organização.

NOTA: É sempre com gosto que divulgo iniciativas deste género, por compreender a importância das confraternizações. Aliás, este VI Jantar de Confraternização prova à evidência que os convivas têm saído enriquecidos, decerto pelas recordações que evocam e pela alegria da partilha. Os meus parabéns.

TÉCNICOS DE CONTAS PAGAM DÍVIDA A VIÚVA

O Estado é uma entidade
sem alma, sem sentimentos




A propósito de uma notícia que informava estar uma viúva em dificuldades, por dívida ao Fisco, que levaria à penhora da habitação, gerou-se uma onda de solidariedade no Facebook, muito típica do povo português. E porventura de outros povos de coração sensível. Li, aqui ao lado, em notícias de Ílhavo, terra da viúva, que tudo se resolveu, graças aos Técnicos de Contas que liquidaram a dívida. Ainda bem que há pessoas boas e atentas às necessidades de quem sofre. Poderemos perguntar se o Estado não devia resolver o assunto, levando as instituições oficiais a analisarem a  situação ou situações como esta. Poder podia. Mas eu já tenho dito e nunca me cansarei de dizer que o Estado é uma entidade sem alma, sem sentimentos. Logo, daí não podemos esperar compaixão, mas apenas o cumprimento cego da lei. Cego, digo eu! 

Ler a notícia na margem direita deste blogue ou aqui




PORTO DE ABRIGO DA TORREIRA

Obras em curso vão garantir 
a proteção de todas as embarcações 
dos pescadores

Porto de Abrigo em construção

Confirmei no local aquilo que já é notícia há muito, isto é, que as obras do Porto de Abrigo da Torreira estão em curso. Ainda bem para os pescadores da nossa laguna. Depois de muito badalada, com razão, a pertinência da implantação de um porto para bateiras e não só, é justo sublinhar que tudo está em andamento. 
Tanto quanto me informou no local um pescador, a muralha de proteção vai prolongar-se mais um pouco, ficando garantida a defesa dos barcos. Na sua ótica, não será necessário um fechamento muralhado para criar uma bacia, na minha opinião mais aconchegante, porque o perigo está nas correntes e na ondulação que vem do mar. Assim, segundo o mesmo pescador, não haverá mais destruição de barcos e apetrechos de pesca. E o Porto de Abrigo tem espaço para todas as embarcações que estão junto ao bar do Guedes, incluindo as que estão,  atualmente, ancoradas a norte.  Estas obras importam em mais de um milhão de euros e foram programadas para 150 barcos.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

NOTA PASTORAL DO BISPO DE AVEIRO PARA A SEMANA DOS SEMINÁRIOS

Servidores da alegria do Evangelho 
— Do discípulo ao apóstolo 



«A Igreja, continuadora da missão de Jesus, deve ser também libertadora de tantas escravidões que o homem de hoje sofre. Todos devemos deixar-nos imbuir de um autêntico sentido profético, o Espírito de Cristo Ressuscitado, que nos dá força para denunciar o mal e conquistar um verdadeiro espírito de liberdade interior.» Isto mesmo afirmou o Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, na Nota Pastoral dedicada à semana dos seminários, que decorre de 9 a 16 de novembro. A Nota Pastoral, que tem por título, para a sua e nossa reflexão, ”Servidores da alegria do Evangelho — Do discípulo ao apóstolo”, salienta que «A prova decisiva que torna o discípulo em apóstolo consiste na capacidade que tem em amar a Deus e amar os irmãos». E o nosso bispo explica que «A pesca aparece muitas vezes no Evangelho como alusão à captação de seguidores do Reino».
D. António Moiteiro lembra que «A raiz da fé é a aceitação da pessoa de Cristo», frisando que «Os discípulos entram em contacto com Jesus com a ajuda de outras pessoas», estando nós por isso «chamados a pôr outras pessoas em contacto com Jesus, através do nosso testemunho e da evangelização».

PRAIA DA BARRA: MARÉGRAFO



Confesso que neste momento não sei há quantos anos existe este marégrafo na Praia da Barra. Julgo, no entanto, que será fácil descobrir. Logo vejo. O que sei, ou penso que sei, é que o marégrafo funciona 24 horas sobre 24 horas para medir e registar as marés, que depois constam nos registos científicos. Talvez esses registos tenham qualquer ligação direta aos serviços portuários e pilotos, para se saber que navios podem entrar no Porto de Aveiro. Alguém me elucidará sem eu ter que gastar tempo na procura de informação certa.
O marégrafo está protegido com grades de bicos aguçados para evitar os vândalos que têm prazer em danificar seja o que for.

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

GAFANHÕES NA PRIMEIRA GRANDE GUERRA

Os meus amigos podem enviar-me 
as informações que possuírem

Há tempos, dei comigo a pensar nos gafanhões que participaram na Primeira Grande Guerra de 1914-1918. Tinha ouvido rumores de que não foram poucos os que tiveram de partir, forçados, para a guerra. Tentei algumas diligências, através de serviços que eu supunha terem registos de quem foi e de quem regressou, mas dei com o nariz na porta. Em Lisboa, por exemplo, para confirmar o que quer que fosse, tinha que levar elementos identificativos dos eventuais combatentes naturais da nossa terra. Não os tinha. Ainda tentei, mas pouco encontrei.
Em contacto com alguns amigos, ao sabor do vento, nomeadamente, com o antigo presidente da Junta de Freguesia Mário Cardoso, lá se conseguiu registar um ou outro nome, alguns ainda sujeitos a confirmação.
Aqui ficam os seus nomes, na esperança de outros se consigam com a ajuda dos meus amigos:

João Maria Garrelhas, n. 19-8-1891; f. 23-10-1977;

João Ramos Luzio;

João Maria Ferreira (o Bicho);

Manuel Maria Nunes;

Bernardino Soares;

Manuel da Cruz Ramos;

Manuel Palhais Cravo (o ti Catarréu). Nasceu em 1893 e faleceu, repentinamente, a 7/11/1960. Fez as campanhas de África durante a 1.ª Guerra Mundial e foi dado com inapto para continuar, devido à perfuração dos tímpanos provocada pelo troar dos canhões, regressando então a casa, tendo casado entretanto! Depois de terminada a guerra, emigrou para França para participar na sua reconstrução. (Dados fornecidos por Armando Fidalgo Cravo, seu filho)

José Filipe, conhecido por Guincho. Faleceu pouco depois do regresso de França, com perturbações provocados pelos gases que o atingiram. 

José Francisco da Rocha Júnior



O Rubem da Rocha Garrelhas teve a gentileza, que agradeço, de me enviar a foto do seu avô materno, José Francisco da Rocha Júnior que participou na primeira Grande Guerra de 1914-1918, e que eu conheci pessoalmente. Tratava-se de um meu vizinho e parente, embora afastado, como o atesta o apelido Rocha. Haverá mais fotos de outros gafanhões, porventura guardadas nas arcas, que também participaram nessa guerra e que eu gostaria de recolher para memória futura. Fico à espera que mas enviem.

O Avô de Manuel Cardoso Ferreira, da Gafanha da Encarnação, cuja foto aqui incluo, também participou na Guerra.

Mais notas sobre o avô do Cardoso Ferreira:

«Augusto Roque nasceu na Gafanha da Encarnação, no dia 13 de Dezembro de 1895, e faleceu nessa mesma localidade no dia 5 de Outubro de 1980. Integrou o corpo expedicionário português que participou na Primeira Guerra Mundial em terras francesas. Era meu avô.




O avô do Cardoso é o sentado ao  centro

DIÁRIO DE BORDO DA BATEIRA ÍLHAVA: A CONSTRUÇÃO

Um livro de Ana Maria Lopes




“Diário de bordo da bateira ílhava: A construção” é mais um livro de Ana Maria Lopes, com coordenação editorial de Álvaro Garrido e edição da Câmara Municipal de Ílhavo/Museu Marítimo de Ílhavo. Trata-se de um trabalho de 36 páginas, em bom papel e muito ilustrado, sobre um barco «associado à lendária diáspora dos ílhavos por ter sido embarcação de migrações litorâneas», como se informa na contracapa.
A bateira Ílhava, muito da nossa laguna e seus canais, chegou a navegar «nas praias e portinhos do sul há mais de um século», lê-se naquele espaço, mas desapareceu de cena há bastante tempo. Daí a boa ideia de a trazer até aos nossos dias, graças a uma louvável iniciativa da Associação dos Amigos do Museu (AMI), «que ousou desafiar o mestre António Esteves a construir uma Ílhava no seu estaleiro da ribeira, em Pardilhó». 

domingo, 2 de novembro de 2014

Engenharia dos nossos pescadores

Aqui está à vista de quem passa a arquitetura e a engenharia dos nossos pescadores. Construída ao sabor das suas necessidades e sem complexos, no sítio que lhes dá mais jeito e com lugares para quem chega. Sem guerras, sem custos por atracação. Com passadiço e tudo. Só lhe falta um barzito para ser como as marinas.

RIA DE AVEIRO NA LITERATURA

E voltando-se então,
verá as águas mansas da extensíssima ria...

Luís de Magalhães


“E voltando-se então, verá as águas mansas da extensíssima ria fulgurando de todos os lados: e, entre elas, as salinas, recticuladas pelos tabuleiros em evaporação, com os seus montes cónicos de sal novo dando a impressão de um largo acampamento de tendas imaculadamente brancas espalhadas a perder de vista pela vastidão dos polders. Para o sul, terá o braço da ria que segue para Ílhavo e Vagos e que margina os pinhais e campos arenosos da Gafanha; a seguir, em sentido inverso, o outro braço que se alonga para as Duas Águas e vai dar à Barra, e donde emergem as mastreações das chalupas e iates ancorados; ao poente, a linha fulva das dunas da costa, vaporizadas pela tremulina; e para o norte a imensa ria da Torreira, onde o arquipélago das ilhas baixas, formadas pelas aluviões, a Testada, o Amoroso, a dos Ovos, a das Gaivotas, Monte Farinha, verdejam nas suas extensas praias de junco. E nessa vastidão de águas tranquilas, nesse gigantesco pólipo fluvial que por todos os lados estende os seus fluídos tentáculos, entre a rede confusa dos esteiros e canais, bordados de tamargueiras e de caniços, velas sem conta, velas às dezenas, às centenas, vão, vêm, bolinando em todos os sentidos, e pondo no verde das terras ou no azul das águas a doçura do seu deslizar silencioso e a graça da silhueta branca.”

Luís de Magalhães
In “A arte e a natureza em Portugal”, citado por Orlando de Oliveira,
no seu livro "Origens da Ria de Aveiro"

NOTA: Aos domingos sairá, dentro do possível, esta rubrica. Aceito sugestões ou contributos.

EU JÁ NÃO ACREDITO NO PAPA FRANCISCO (2)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de hoje

João XXIII


1. O título da crónica do Domingo passado – Eu já não acredito no Papa Francisco - foi censurado por uma razão óbvia: o título tem de exprimir o conteúdo do texto. Ora, o meu artigo era um elogio do pontificado do papa Bergoglio e uma convocatória para não o deixarmos só, no momento em que é acusado de instalar o “PREC”, na Cúria Romana. Texto e título estão em mútua oposição. Aceito e agradeço o reparo.
Além disso, o emprego corrente da expressão - “eu já não acredito” – revela um desapontamento, uma decepção com o Pontífice romano, observável em diferentes quadrantes: para uns, ele já foi longe demais; para outros, ao ser demorado na reforma da cúria, será ela a tornar impossível continuar a obra começada. Ao espelhar esta situação, visava algo muito diferente que insinuei, na última linha, sem mais explicações.
Vamos, então, à substância. Não sou católico por causa do Papa Francisco, cujo projecto e práticas me dão muita alegria, não podendo dizer o mesmo de todos os que conheci, mas nunca poderei esquecer a minha dívida a João XXIII.

sábado, 1 de novembro de 2014

DIA DE TODOS OS SANTOS

Os  meus santos


A Igreja Católica celebra hoje o Dia de Todos os Santos. Tanto os que mereceram as honras dos altares como os que, mesmo sem o reconhecimento oficial da Igreja, têm lugar especial no coração de Deus, pelos seus méritos pessoais em prol da humanidade. Estou em crer que até lá estarão muitos que nem católicos ou cristão foram. Só Deus sabe, porque os critérios dos homens não são infalíveis. É claro que a Igreja  tem,  com a declaração de santidade que contempla alguns, por objetivos apontar aos homens exemplos de vidas que levaram à prática a Boa Nova de Jesus Cristo, contribuindo, de forma indelével, para um mundo melhor. 
Para além desses, cada pessoa terá os seus santos, aqueles que, pela palavra e pelo exemplo, de maneira muito concreta, os ajudaram a seguir caminhos de verdade, de justiça, de amor e de paz. Eu estou na linha dos que neste dia recordam os seus santos. Atrevo-me a dizer que houve muita gente que me foi próxima e que me ajudou a tomar decisões de harmonia com as verdades evangélicas e humanistas. Os meus pais, os avós que conheci, tios e tias, padrinho e madrinha, vizinhos, amigos, professores,  a minha mestra da catequese, priores que me deram pistas de fé, padres com uma espiritualidade muito própria, pessoas com quem me cruzei na vida, mesmo não crentes. Todos os que, enfim, me abriram portas de caridade e de solidariedade, convencendo-me que a sociedade sem bondade, sem ternura, sem compreensão e sem partilha não progride no sentido da justiça e da paz. São esses santos que eu venero. Há outros, alguns com auréolas, que nada me dizem.

Fernando Martins

A VIDA DOS DEFUNTOS

Reflexão de Georgino Rocha 



A fronteira da morte sempre me impressionou de forma interpelante, apesar de acreditar firmemente no convite e na promessa de Jesus: “Vinde a Mim… e encontrareis descanso para as vossas almas”. (Mt 11, 25-30); apesar de me rever na bela imagem da ovelhinha que Ele encontra nos silvados, resgata com dedicação e, cheio de alegria, conduz aos ombros para junto das outras.
E agora? pensava. Sinto-me só face aos desafios da vida. Tenho de resolver problemas que não esperava, nem dependiam de mim... Recorro à memória e configuro o rosto dos meus familiares. Peço-lhes que me digam algo, me deem um sorriso, me inspirem uma solução. E o que recebo é um silêncio profundo, definitivo, que procuro interpretar.
Ressoa, então, o eco das suas vidas, das conversas havidas, das respostas dadas para as situações com que nos deparávamos. E a memória faz-se presença e a saudade gera encontro e comunhão. Nasce o desejo de entrar em contacto com eles, de os abraçar, de conhecer a sua sorte, de experienciar a qualidade da sua vida nova. 

OS DIAS DA INTERROGAÇÃO

Crónica de Anselmo Borges no DN



Qual é a constituição da razão, que inevitavelmente põe perguntas a que depois não sabe responder? Essas perguntas, diz Kant, têm a ver com a liberdade: somos livres ou estamos inseridos na cadeia do determinismo causal?, com a imortalidade: tudo acaba com a morte ou continuamos para lá dela?, com Deus: há Deus ou Deus realmente não existe? Perguntas decisivas a que a razão científica não sabe responder. Ninguém pode gloriar-se de saber que Deus existe ou não existe e que haverá ou não vida futura; se alguém o souber, escreve, "esse é o homem que há muito procuro, porque todo o saber é comunicável e eu poderia participar nele".