terça-feira, 11 de novembro de 2008

A Arte de Roubar de Leonel Vieira

Não senhora. Não rouba nem ensina a roubar. Mas leva-nos qualquer coisa este novo filme de Leonel Vieira. Leva-nos a atenção para a vantagem de encarar o cinema português com tradição e actualidade, lembrando-nos não só que é bom mas necessário saber conjugar veia artística e brilho comercial.
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Monumentos de origem portuguesa no mundo

Segundo diz o Jornal de Notícias, são 22 os monumentos de origem portuguesa espalhados por África, Ásia e América do Sul classificados pela UNESCO que concorrem ao título de Sete Maravilhas de Origem Portuguesa no Mundo. A eleição começa dia 10 de Dezembro. Se quer ver algumas, clique aqui.

A melhor juventude

É possível abordar o fenómeno da Acção Católica de um ponto de vista puramente histórico e referir como nestes 75 anos ele se tornou um observatório privilegiado para olhar o interior da própria Igreja e o impacto desta no mundo.
Três quartos de século permitem uma visão suficientemente ampla e diversa e, entre os estudiosos, restam hoje poucas dúvidas sobre a centralidade decisiva da Acção Católica e o papel charneira que essa militância representa. Ela tem espelhado e trabalhado cada tempo num esforço metódico de coincidência com o real (distante das espiritualidades autosistémicas e desencarnadas), mas concebendo o tempo como laboratório do Reino: nas suas tensões e sinais a interpretar, na sua largueza e na tarefa que nos compromete.
É possível abordar a Acção Católica em chave sociológica e maravilhar-se com esta movimentação transversal a meios e estratos sociais, onde o laicado encontrou uma espécie de escola de formação e de oportunidades, mas também onde tantos padres carismaticamente se destacaram. A “marca” Acção Católica é detectável um pouco por todo o lado: na linguagem e nas prioridades dos programas pastorais; no currículo dos bispos e no seu modo de leitura da realidade; nas vozes mais consistentes e originais do laicado, sendo de mulher muitas dessas vozes; no tecido eclesial como um todo; na vida das paróquias e na dinâmica dos movimentos que, entretanto, emergiram; no ideário e na praxis social e política.
Num mundo em acelerada recomposição, a Acção Católica tem sido a antena e o sintoma, o posto de escuta e o palco de experimentação. Mas a interpretação da Acção Católica e do seu significado ficariam irremediavelmente lacunares sem uma leitura espiritual. A Acção Católica não é apenas expressão organizativa ou a introdução de uma eficaz cultura metodológica na prática cristã. É expressão da primavera do Espírito que dá a cada baptizado a consciência dinâmica da sua condição e missão. É obra desse incessante Pentecostes que explica o mistério da própria Igreja e instaura cada cristão, face ao mundo, como sentinela da aurora.

José Tolentino Mendonça

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Foto-Desafio

Descobrir a identidade deste homem é tarefa muito difícil. Eu sei. É como descobrir agulha num palheiro. Mesmo sabendo isso, não desisto de lançar aqui o desafio aos meus leitores. Quem será este homem? Onde terá sido tirada esta fotografia? Junto de uma seca do bacalhau? Claro. No porto bacalhoeiro? Evidentemente. Na Gafanha da Nazaré? Penso que sim. Mas quem será ele? O avô ou bisavô de um qualquer conterrâneo nosso? Talvez. Ajudem-me nesta tarefa. Um doce para quem me informar. Com provas? Pois claro!

Igreja não cala convicções sobre família

D. Jorge Ortiga, Arcebispo de Braga e presidente da CEP (Conferência Episcopal Portuguesa), defendeu, na abertura da Assembleia Plenária dos bispos portugueses, que “O Estado tem a alta responsabilidade e a grave obrigação de defender a instituição familiar”. Noutro passo do seu discurso, adiantou que “Devemos ser respeitadores dos pensamentos diferentes. Só que não podemos renunciar à nossa identidade que, em muitos aspectos, se consubstancia com a cultura portuguesa”.

Dar voz aos pobres para erradicar a pobreza

Imigrantes
"Dar voz e poder aos pobres na resolução dos seus problemas é uma condição para o sucesso das estratégias de luta contra a pobreza. Assim o entendemos e ficou assinalado nesta Audição Pública. Este passo deve ser dado, desde já, através do incentivo à participação dos utentes dos serviços sociais públicos e de instituições de solidariedade social na avaliação dos mesmos. Há, porém, que ir mais longe e fomentar as associações que integrem pessoas de grupos sociais mais fragilizados, dando-lhes oportunidades de poder e participação na resolução dos seus problemas e maior visibilidade junto das respectivas Autarquias e outros poderes públicos. A este propósito, merece referência específica a situação dos imigrantes e a das populações que vivem em bairros de habitat degradado ou em bairros sociais que carecem de apoio para que se organizem e aproveitem de sinergias inerentes ao trabalho em rede."
Ver todo o documentos aqui

Crónica de um professor

O poster
Quando colocou, no quadro, os posters dos artistas trazidos pelos seus alunos, não pôde esconder o comentário que aquela personagem lhe despertava: -I like Brad Pitt! He is a “bird”, he is a good-looking man! E usou os maneirismos que uma adolescente ostenta, perante a admiração dos seus ídolos. Além do mais, o nome era uma referência no imaginário feminino, quanto aos dotes que qualquer mulher aspira num homem! Era um artista de cinema, um ícone da indústria cinematográfica, que andava na boca de todas as jovens de bom gosto. Tratava-se do Brad Pitt, o namorado da Angelina Jolie, apressou-se o Edgar a acrescentar. Com efeito, era dotada de certa jovialidade de espírito, esta professora; no concernente ao corpo, praticava a filosofia do nosso rei D. Duarte: “Mens sana in corpore sano!” Compreendia o espírito irreverente dos alunos e até participava em algumas brincadeiras. A brincar, também se aprende, e nada melhor do que partilhar as vivências dos jovens e adolescentes, para os cativar para a parte mais séria da vida escolar – a aprendizagem. Assim, para lhes ensinar as nacionalidades, na língua estrangeira, pediu-lhes que levassem, para a aula, figuras/fotos/recortes de pessoas famosas, oriundas de outros países . Por uma sequência aleatória, foi colocando, no quadro, várias imagens, tendo ficado, em último lugar, a do Brad Pitt. Foi feita a apresentação do novo vocabulário, o registo escrito, nos cadernos diários, e quando se estava no melhor da aula, a admirar o “ídolo” (!!!), eis que a campainha toca, vindo pôr fim àquela contemplação. Ultimava os preparativos para deixar a sala, ainda sem ter retirado a figura do supracitado actor, quando na mente daquela professora perpassou, fugazmente, a ideia de”coleccionar” a foto. Empunhava já a pasta, quando subtilmente aquela aluna, tendo, por telepatia, adivinhado os pensamentos da professora, lhe pergunta: Quer ficar com o poster para si? Um fulgor brilhou no olhar da mestra que disse para os seus botões! - Ainda há alunos atentos na aula! Ainda alguém presta atenção às minhas palavras! Ainda vale a pena, evocando as palavras de Fernando Pessoa: ”Tudo vale a pena se a alma não é pequena!” E… a alma daquela professora era a de uma menina, adolescente, que ainda se deixa deslumbrar com a beleza de um artista de cinema!
Mª Donzília Almeida

domingo, 9 de novembro de 2008

Eu, professor aposentado, me confesso…

Confesso que começo a ficar baralhado. Fui professor e continuo muito ligado à classe. Temas como escola, ensino, educação, alunos, professores e comunidade educativa continuam a ter um lugar especial na minha mente. Bem tento ficar de fora, alheando-me do que se passa à minha volta, ao nível do ensino e da educação, mas não consigo. De todo… Perante a realidade das gigantescas manifestações de descontentamento dos professores, não posso ficar indiferente. Não consigo. E se a isto juntar o que ouço de alguns professores, com esgares de revolta e de tristeza, não devo ficar calado. Este país não pode continuar alheio ao diálogo; não pode aceitar a incapacidade, permanentemente demonstrada por parte dos responsáveis, para se sentarem, de uma vez por todas, à volta de uma mesa, para se acabar com os tristes espectáculos que todos estão a fazer passar para os alunos. Quando os professores e os governantes não conseguem entender-se, gritando, em altos berros, as suas razões, que hão-de as crianças e jovens pensar? Eu sei que há professores muito honestos e muito esforçados; eu sei que há professores muito competentes e muito criativos; eu sei que há professores que trabalham por vocação, numa entrega diária; mas sei que o contrário também é verdade. Os primeiros, no entanto, estarão em grande maioria. Disso tenho a certeza absoluta. Já por lá passei. Por estes dias tenho ouvido diversos docentes, de vários graus de ensino. Todos se queixam do excesso de burocracia, o que os impede de se entregarem mais e melhor àquilo que gostam de fazer: ensinar; muitos se queixam de alunos indisciplinados e pouco estudiosos; diversos contestam a arrogância e a prepotência do ministério; outros tantos sentem-se desesperados pelo clima desgastante do dia-a-dia, que lhes destrói a serenidade necessária para ensinar e motivar os alunos, para a descoberta e para a aprendizagem. Deste meu recanto, de professor aposentado, apetece-me pedir a quem nos governa que ouse ouvir os professores, para que o caos acabe. E ao Presidente da República suplico que, pensando muito nos alunos, converse com o primeiro-ministro. É urgente encontrar uma saída para este drama nacional. As nossas escolas precisam de paz. Todos ganharemos. Fernando Martins

Direitos Humanos celebrados em Aveiro

A Plataforma DH congrega 15 entidades locais e regionais para a celebração condigna do 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A coordenação é da Comissão Fórum::UniverSal, sendo a organização de PANGEA org. e Fórum::UniverSal - Fundação João Jacinto de Magalhães e Centro Universitário Fé e Cultura. A Declaração, adoptada e proclamada, aconteceu a 10 de Dezembro de 1948, em Paris, por iniciativa da Assembleia-Geral das Nações Unidas, e apresenta 30 Artigos, que mantém uma actualidade abrangente e digna de ser amplamente divulgada e aplaudida. Amanhã, 10 de Novembro, Dia Mundial da Ciência ao Serviço da Paz e do Desenvolvimento, no Auditório da Livraria SAS-UA, pelas 17 horas, vai ser divulgada a Agenda Aveiro DH. Mas as comemorações da Declaração Universal dos Direitos Humanos vão continuar até 24 de Dezembro, com “10 Milhões de Estrelas, um Gesto de Paz”. Nota: Regularmente, aqui farei eco do que aconteceu e do que irá acontecer, já que a Agenda da Plataforma DH inclui muitas e diversificadas acções.

DAR

Os jornais-referência começam a perceber que vale a pena apostar em temas que nos suscitem a reflexão e a acção. O EXPRESSO é um deles e a sua REVISTAÚNICA tem abordado, semana a semana, assuntos que são outros tantos desafios. O último número tem por PRATO PRINCIPAL o tema DAR. Deixando de lado as ENTRADAS e as SOBREMESAS da Ementa, fixemo-nos no mais importante. Vai ser uma excelente refeição para toda a semana. Então, DAR mostra-nos extraordinários caminhos de vidas que se dão aos outros. É gente com imaginação fértil, generosa em extremo e com capacidade sem fim para amar. A dado passo, encontro um subtítulo que diz o seguinte: Dar de nós. Dar sem medo. Dar sem tempo. Dar sem pedir. Dar por todos. Dar tudo por tudo. Dar o melhor. Dar e trocar. Dar. Um verbo conjugado de várias formas pelos voluntários. Eis cinco histórias singulares. É isso mesmo. São histórias singulares que nos convidam a olhar à nossa volta: Voluntária num Centro de Dia. Estar disponível para aceitar o outro. Voluntária para trabalhar com animais. Voluntário numa Associação. Voluntária nos Médicos do Mundo. A ÚNICA mostra-nos “Uma Pessoa Comum”, portuguesa, que fundou um Orfanato no Quénia, construiu casas no Nepal e lutou pelos Direitos Humanos na Birmânia. Dá casos concretos de jovens a quem Portugal concedeu asilo. Retrata “mães de Aldeias SOS”. Apresenta gente capaz de “dar um pouco de si” próprios [órgãos] aos outros. Revela os sem-abrigo de forma diferente, “para mostrar como somos todos iguais”. Divulga causas, fala do consumo e até nos mostra lapsos de políticos a “dar… barraca”. Leiam para meditar. E para também se darem, se puderem.
Boa semana.
FM

Artesanato da Região de Aveiro

Desde sempre gostei muito do artesanato da nossa região. Nas feiras e nas exposições, individuais ou colectivas, paro sempre para apreciar a habilidade da nossa gente. Sem complexos, os artesãos trabalham à vista de todos, mostrando a sua arte e a habilidade que possuem para, das suas mãos, nascerem peças normalmente únicas. Falando com eles, aprecio o gosto com que se entregam à paixão de criar, mas também o desgosto que sentem por saberem que, se não houver estímulos, muito artesanato pode morrer. Ao chamar a atenção dos meus leitores para o nosso artesanato, apenas me move o desejo de ver mais gente na sua loja, ali junto aos Arcos, em Aveiro. Mas, já agora, sugiro que visitem a Galeria do seu “site”. FM

Raul Brandão passou pela Gafanha

Raul Brandão foi para mim o escritor que melhor retratou a Ria de Aveiro e as gentes ribeirinhas, quando por aqui andou em 1922, para depois publicar no seu muito badalado livro “Os pescadores”. Já tenho falado deste escritor e elogiado o que escreveu. Gosto da poesia que brota da sua alma. Raul Brandão apresenta-se em "Os pescadores" como um tipo "esgalgado e seco, já ruço, que dorme nas eiras ou sonha acordado pelos caminhos". "Sou eu que gesticulo e falo sozinho, envolto na nuvem que me envolve e impregna. Que força me guia e impele até à morte?” Quando relembra o seu regresso do mar, das muitas viagens que fez, para depois descrever, com arte e poesia, o que viu e sentiu, diz que vem sempre “estonteado e cheio de luz” que o trespassa. Depois pega nos “apontamentos rápidos”, em “meia dúzia de esboços afinal, que, como certos quadradinhos, do ar livre, são melhores quando ficam por acabar”. E acrescenta com nostalgia de poeta da prosa: “Estas linhas de saudade aquecem-me e reanimam-me nos dias de Inverno friorento. Torno a ver o azul, e chega mais alto até mim o imenso eco prolongado… Basta pegar num velho búzio para perceber distintamente a grande voz do mar. Criou-se com ele e guardou-a para sempre. – Eu também nunca mais o esqueci…”
FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 102

AS CANÇÕES Caríssima/o: Para além do Hino Nacional, cantávamos, na Escola ou durante as nossas brincadeiras, muitas canções, cânticos e cantilenas. Quem há aí que não se lembre de alguma destas: : :
Foi na loja do Mestre André, Fui ao jardim da Celeste, O bom barqueiro, A Ciranda, Sou vareira, Os caçadores, Mata-tira-nira-ná, A menina da canastrinha, Ó Condessa, ó Condessinha, Bóia, bóia, binha, A moda da Carrasquinha, A primavera, tão lindas flores, Padeirinha, Ah,ah, minha machadinha, Canção da Amélia, As pombinhas da Catrina, Alecrim, ... Nunca mais esqueci o entusiasmo que púnhamos a cantar a “Loja do Mestre André” e nos gestos esfuziantes com que a acompanhávamos: ele era o pífaro, o violino, o rabecão, o piano, ... e o bombo! Claro que as cantigas são como as pessoas, vão mudando com os tempos e hoje os nossos netos têm outras preferências, mas o importante é cantar, cantar, cantar. Também tínhamos as nossas cantilenas. Alguns recordarão: Una, duna, tena, catena, cigalha, migalha, catrapis, catrapés, conta bem, que são dez. Já me esquecia de dizer que não havia creches nem jardins-de-infância; aprendiam-se estas coisas por transmissão oral, fazia parte das tradições que iam passando de geração em geração, tudo natural, sem sobressaltos. E digam lá se não apetecia iniciar esta manhã com o Ai olé, ai olé foi na loja do Mestre André!
Manuel

sábado, 8 de novembro de 2008

Para erradicar a pobreza

Numa declaração de 14 pontos, a Comissão Nacional Justiça e Paz exprime que a pobreza não é uma “fatalidade”, porque existem “recursos já alcançados, em quantidade suficiente para a satisfação das necessidades humanas consideradas básicas”. O problema está no funcionamento “da economia desfocado das necessidades das pessoas”.
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Sabia que...

O YouTube, que nos permite, hoje, publicar, ver e divulgar, livremente, vídeos, não é assim tão velho quanto muita gente supõe. Nasceu apenas em Fevereiro de 2005. Três anos depois, oferece, a quem o consulta, mais de 80 milhões de vídeos, sendo, sem sombra de dúvidas, o maior fenómeno da Net. Quem há por aí que o não consulte? E quem não o ajude a crescer?

Os poetas são assim…

Os poetas são assim: atentos aos poetas que nos ilustram a vida; abertos às mensagens com que eles nos brindam; capazes de recordar os seus aniversários. O Helder Ramos é um desses, dos que olham, com olhos de ver, para os grandes poetas. Desta feita, brindou-nos com um poema que dedicou a Sophia. Precisamente, no dia do aniversário da grande poetiza. Para aqui o transplantei, copiando-o da margem direita (sem política) do meu blogue. FM
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E se fosse luz? a Sophia de Mello Breyner*
A praia da tua memória Fazia brotar palavras Nas gerações inventadas E o teu país tinha ondas Conchas E azuis leves Que ainda se guardam nas páginas vivas De poemas breves
Helder Ramos 06.XI.2008
* Sophia nasceu em 6 de Novembro de 1919

Ontem foi dia de folga no meu blogue

Ontem foi dia de folga no meu blogue. Não para um qualquer passeio, que até seria legítimo e talvez necessário, mas por outras tarefas também importantes. Afinal, não escrevi para este meu espaço, mas escrevi para um jornal, onde reiniciarei a colaboração possível, depois de uma pausa de uns anitos. Refiro-me ao TIMONEIRO, um mensário da Gafanha da Nazaré, que retoma agora a publicação, depois de uns meses de repouso. Esta minha colaboração, já para o próximo número, vai ser uma forma de regressar, embora sem grandes responsabilidades, ao jornalismo activo, de que tenho saudades, devo confessar. Habituado à agitação da redacção, ao stresse do fecho de um jornal, que os prazos têm de ser cumpridos, à escrita apressada da última hora, sobre o joelho, e com a preocupação de ser fiel à verdade dos factos a retratar, não é de um dia para o outro que se atira tudo para trás das costas. O regresso vai servir, então, para me recolocar num espaço em que me sinto bem. Sem o vigor, obviamente, de outros tempos. Em hora certa, o que escrever para o TIMONEIRO aqui ocupará o seu lugar. E o contrário não deixará de ser verdade, embora com as devidas alterações, já que se escreve, ou deve escrever, de acordo com os órgãos de comunicação em que se colabora. E sendo assim, os leitores deste meu recanto da blogosfera nunca sairão prejudicados. Aqui fica, portanto, o convite, para que fiquem atentos ao TIMONEIRO da Gafanha da Nazaré. FM

DEUS CONTRA DARWIN?

Não cabe aqui um esboço sequer da história das concepções evolucionistas. De qualquer modo, a ideia de evolução já tinha acenado entre os gregos. Em 1809, Lamarck expôs a sua teoria da não imutabilidade das espécies. Mas foi em 1858, há 150 anos, que a ideia da selecção natural e da luta pela existência, de Alfred Russel Wallace e Charles Robert Darwin, foi apresentada na Linnean Society de Londres. No ano seguinte, em 1859, Darwin publicou a obra célebre: A Origem das Espécies. Atendendo a estas datas e sobretudo às celebrações do segundo centenário do nascimento de Charles Darwin - nasceu em 12 de Fevereiro de 1809 -, aumentarão os estudos científicos sobre as teorias da evolução, não faltando os debates à volta da sua relação com a religião, por causa do livro do Génesis, do "criacionismo" e do chamado "desígnio inteligente". O primeiro embate célebre deu-se logo em 1860, em Oxford. Perante uma assistência numerosa, o bispo de Oxford, Samuel Wilberforce, foi perguntando ao naturalista Thomas Huxley, defensor de Darwin, se descendia do macaco pelo lado do avô ou pelo lado da avó. Huxley respondeu: "Penso que um homem não tem que envergonhar-se por ter um macaco como avô. Se tivesse de envergonhar-me de um antepassado, seria de um homem: um homem de inteligência superficial e versátil que, em vez de contentar-se com os sucessos na sua esfera própria de actividade, vem imiscuir-se em questões científicas que lhe são completamente estranhas, não faz senão obscurecê-las com uma retórica vazia, e distrai a atenção dos ouvintes do verdadeiro ponto da discussão através de digressões eloquentes e hábeis apelos aos preconceitos religiosos." Por causa desta resposta, considerada pouco elegante, uma senhora desmaiou. A mulher do bispo, essa, terá dito entre dentes: "Só faltava esta: descender de macacos! Se for verdade, rezemos para que ninguém saiba." A teoria da evolução constituiu uma daquelas humilhações do Homem de que falou Freud. Embora o Homem não descenda do macaco, ele e o macaco descendem de um antepassado comum, o que não constituiu uma descoberta particularmente exaltante. Desde então a nossa visão da natureza, do Homem e de Deus modificou-se. Significativamente, já na altura, muitos religiosos britânicos declararam que não havia incompatibilidade com a fé. O historiador das ciências D. Lecourt escreveu: "A figura mais importante da Igreja escocesa declarou-se evolucionista e, num curso, em 1874, aconselhou os teólogos a sentirem-se 'perfeitamente à vontade com Darwin'." Darwin, sepultado com pompa, em 1882, na abadia de Westminster, a alguns passos do túmulo de Newton, nunca foi oficialmente condenado pela Igreja católica e A Origem das Espécies nunca esteve no Índex. De qualquer modo, segundo o reverendo Malcom Brown, director dos serviços de relações públicas da Igreja Anglicana, a sua Igreja deveria agora pedir desculpa pela má interpretação de Darwin e algum fervor anti-evolucionista. Hoje, os equívocos beligerantes provêm essencialmente do "criacionismo" americano e do chamado "desígnio inteligente". Mas o "criacionismo" assenta numa leitura literal do mito da criação do Génesis, esquecendo que o Génesis é um livro religioso e não de ciência e que só uma leitura simbólica é adequada. Quanto ao "desígnio inteligente", o seu equívoco provém da ambição de demonstrar Deus pela ciência. De facto, como é evidente, a existência de Deus não é nem pode ser objecto de ciência. Mas afirmar taxativamente que a evolução é mero produto do acaso não deixa de ser também uma posição dogmática. A ciência vai respondendo ao "como" da evolução, mas não responde ao "porquê", concretamente ao porquê e para quê da existência do Homem e de tudo: "Porque há algo e não pura e simplesmente nada?" Como escreveu o cientista Francisco J. Ayala, na conclusão da sua obra Darwin e o Desígnio Inteligente, "a evolução e a fé religiosa não são incompatíveis. Os crentes podem ver a presença de Deus no poder criativo do processo de selecção natural descoberto por Darwin".

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

O Fio do Tempo

McCain, saída em Unidade
1. A grandeza humana diária é colocada fortemente à prova em horas como a que McCain terá vivido no final do processo eleitoral. De muitas realidades que transpareceram para todos da democracia americana nestes dias, valerá a pena salientar o sentido inconfundível da unidade de todos em torno de ideais que, afinal reflectem a vontade do povo. Sabe-se que nos países democráticos já existe o bom hábito adulto das saudações de apreço mútuo do vencedor e do vencido. Mas quantas vezes essa saudação é absolutamente torcida, arrancada a ferros, pois, sejamos francos, não será fácil ao fim de tantos meses de duro combate entre candidatos! 2. Numa necessária análise isenta dos factos, nem pró nem antiamericana, seja dito que a agilidade e verdade da democracia também se reflectem quando os primeiros discursos pós-eleições manifestam um pendor intocável no sentido do bem comum como o bem maior de todos. Valerá a pena reter como exemplo os pedidos comunitários sublinhados nas primeiras mensagens. Aquele momento em que McCain convida os republicanos a associarem-se a ele na saudação e nos votos de boa presidência a Obama tem muito de autêntica “transcendência”: os apoiantes republicanos começam aos assobios ao nome Obama e McCain abre os braços reconciliadores e orienta todo o discurso no bem maior da nação e do mundo. Momentos grandes que são escola de vida e de sabedoria. 3. A democracia, como modelo possível na história, enriquece-se nesta nobreza de gestos, a que vale a pena juntar as palavras de Obama que pede ajuda a McCain na resolução dos grande problemas a enfrentar. Ficou patente que, após uma campanha aguerrida, não se tratava simplesmente de pró-formes ou de simpatias de cumprir o protocolo mas de um verdadeiro sentido da política como serviço à comunidade, esta a palavra “mágica” que formou Obama no amor e na educação. A sociedade democrática aprecia estes sinais!

ARADAS: Empresário oferece lar de idosos

GESTO MUITO BONITO
"Manuel Madaíl, empresário e ex-autarca, está a construir um lar de idosos para oferecer à população de Aradas, uma freguesia de Aveiro. O apoio deverá estender-se aos estudantes e às mães solteiras. Um empresário de Aveiro vai oferecer um lar da terceira idade à população de Aradas, a freguesia onde nasceu e onde foi presidente da Junta de Freguesia, entre 1976 e 2001. Manuel Madaíl, 75 anos, o mecenas de que falamos, está a investir 1,5 milhões de euros num equipamento inexistente em Aradas. Quarenta idosos vão beneficiar da nova infra-estrutura, dotada de lar, centro de dia e apoio domiciliário, já visível junto ao cemitério de Aradas."
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Democracia, projecto parado ou lentidão interessada?

Um passo democrático positivo dado nos últimos dias foi, sem dúvida, o alargamento da representação partidária na assembleia regional dos Açores, com a alegria de se votar livremente. Sempre que haja mais vozes a ouvir-se, desde que o bem do povo açoriano seja o interesse de quem fala, a democracia aparece como benefício de todos. 
“Não há bela sem senão” e mais de 50% de abstenções em dia de sol, é de mais. Amanhã já não se falará disso, mas o facto provoca interrogações à espera de resposta. Nenhum partido pode cantar vitória, e muito menos o que governa com maioria, quando cresce o desinteresse do povo por um acto central do regime democrático. Assim nos Açores, no continente, em qualquer autarquia. Lá e cá, o povo que, no seu conjunto, festejou a liberdade do voto e o acesso alargado às urnas, quando se omite, não age sem razões. Há que tentar percebê-las. 
Muitas se devem, por certo, ao modo como se vive a política partidária e como actuam os seus profissionais neste jogo habitualmente, mais ainda por altura de eleições. Não se pode deitar a culpa só para o comodismo e da irresponsabilidade cívica dos faltosos, embora também estes existam em muitos casos. O facto, porém, tem mais a ver com o comportamento dos políticos da ribalta e dos que lhes fazem corte, pelo modo como se relacionam uns com os outros, pelos objectivos porque se batem, pela escandalosa contradição nas suas palavras, atitudes e juízos, consoante se está no governo ou na oposição. 

Biblioteca Municipal de Ílhavo

Utilizador do Pólo de Leitura
Pólo de Leitura da Gafanha da Nazaré quer mais leitores
Não sei se todos os gafanhões sabem que na Gafanha da Nazaré há um Pólo de Leitura, da responsabilidade da Biblioteca Municipal de Ílhavo. Se não sabem, sugiro que passem por lá, para o verem com os próprios olhos. O Pólo de Leitura está no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, na ala voltada para a Extensão de Saúde. Trata-se de um espaço arejado, com boa luz e com ofertas diversificadas. Há ali bons livros, vídeos, computadores e acesso à Internet. Para todos os gostos e para todas as idades.
Cláudia Rodrigues no espaço de acolhimento
Cláudia Rodrigues, técnica de biblioteca, adiantou-me que há cerca de 300 leitores por mês e que a esperança de que esse número cresça faz parte da programação da Biblioteca. Nessa linha, quando aparecem crianças em número suficiente, organiza-se a Hora do Conto ou a Hora da Leitura, e todos os meses é promovido um autor, com a apresentação das suas obras mais representativas. Os leitores, possuidores de cartão de utilizador, têm liberdade para requisitar livros para ler em suas casas, pelo período de 15 dias, período esse que pode ser alargado, se tal for necessário. Reconhecendo que há horas mortas, coincidentes com os horários escolares, Cláudia Rodrigues sugere que os adultos passem a frequentar o Pólo de Leitura nas suas horas livres, já que o ambiente é acolhedor. Se pensarmos bem, há muitos aposentados e reformados que poderiam criar hábitos de leitura, pois não faltam livros novos e mais antigos que vão chegando ao Pólo, de acordo, decerto, com as solicitações. Aquela responsável ainda lembrou que o Pólo de Leitura pode beneficiar de dádivas de bons livros, se houver gente generosa com vontade de colaborar. Basta pegar neles e entregá-los no Pólo. O Pólo de Leitura da Gafanha da Nazaré funciona às segundas-feiras, das 14 às 18 horas, e de terça a sexta-feira, das 10 às 12.30 horas e das 14 às 18.30 horas. FM

Sabia que...

O EURO chegou no dia 1 de Janeiro de 2002
Se calhar, já poucos se lembram que o EURO, "um pedaço da Europa no bolso de cada um", como sublinhou Eduardo Lourenço e o PÚBLICO divulgou, viu a luz do dia em 1 de Janeiro de 2002. Na altura, os arautos da desgraça anunciaram um mar de confusões e dificuldades sem conta para nos adaptarmos à nova moeda. Enganaram-se todos. Não há ninguém por aí, julgo eu, que não domine a moeda da Europa que quer ser unida. Mais de 300 milhões de cidadãos andam com o EURO no bolso, neles se incluindo dez milhões de portugueses.

BAR DO TEATRO AVEIRENSE: Conversa sobre Educação

Júlio Pedrosa reflecte sobre sistemas educativos
Júlio Pedrosa, antigo reitor da Universidade de Aveiro, ex-ministro da Educação e actual presidente do Conselho Nacional da Educação, conduz uma “Conversa sobre Sistemas Educativos”, hoje, 6 de Novembro, às 21 horas, no Salão-Bar do Teatro Aveirense. A iniciativa é promovida pela Plataforma Cidades, um grupo de aveirenses que se reúne periodicamente para debater questões da cidade de Aveiro. Integram o grupo, além de Júlio Pedrosa, Pompílio Souto, José Mota, M. Oliveira de Sousa e Maria da Glória Leite.

Semana dos Seminários

Mensagem de D. António Francisco dos Santos
Seminário, campo a semear e barco de amarras soltas
Ao abrir o coração da multidão e a inteligência dos discípulos para o mistério da vocação, Jesus falou de campos a semear, recordou viagens de outros tempos e apontou a desconhecidos pescadores da Galileia o mar alto, convidando-os a soltar as amarras. As viagens que fazem partir da terra e abandonar tranquilos projectos para abraçar estranhas promessas de Deus, os campos a semear onde o semeador pacientemente aguarda a colheita esperada e as amarras soltas dos barcos no mar de Tiberíades em horas de faina sem êxito, lembram-nos misteriosos convites de vocação que decidiram e decidem projectos felizes de tantas vidas. É de viagem que se trata quando falamos da vocação. Uma viagem única e irrepetível. Uma viagem realizada em passos de peregrino, em campos a semear ou em rotas desconhecidas de pescadores e marinheiros, sempre de olhos colocados em longínquas paragens aonde nos conduz o chamamento de Deus. Assim aconteceu em Abraão. Assim acontece em tantos outros ao longo de tão belas histórias de vocação e de generosidade.
Ler toda a Mensagem aqui

Porto de Aveiro: Concurso de Blogues

Caminho Azul vence concurso BLOGMAR
“Caminho Azul”, de Bruno Martins, venceu o concurso de blogs BLOGMAR, iniciativa desenvolvida pela Comissão das Comemorações do Bicentenário da abertura da Barra de Aveiro, em parceria com o “Diário de Aveiro”. O segundo lugar coube a “Gaivota da Ravessa”, de Sónia Neves, com “Barramar”, de Carla Ferreira, ocupando o terceiro posto. O júri deste concurso foi constituído por Fernando Martins, Júlio Almeida e Carlos Oliveira, este último em representação da organização. O vencedor vai receber 1.000 euros, o segundo classificado 500 euros e o terceiro 300 euros. A entrega dos prémios será efectuada no próximo dia 15 de Novembro, integrada na inauguração da exposição de fotografias “Porto de Encontro” (Casa da Cultura de Aveiro, a partir das 16 horas). Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

Um Poema de Madona

Denúncia O Doutor foi um algoz, Pois um crime perpetrou E eu clamo, de viva voz, Essa horrenda cena atroz: Dois cravos decapitou! Foi crime premeditado Com requintes de malvadez! Pois de bisturi empunhado, E sobre os ditos debruçado Actuou com altivez! Sem se comover do pranto Que os pobres derramaram, Avançou p’ra meu espanto, Mas eu achei nisso encanto, Pois suas mãos actuaram! Mas houve cumplicidade, Nesse crime planeado! Na dona houve crueldade Por só ver deformidade, No cravo ali plantado! Contratou um “profissional” No meio do seu desatino, Que executou por sinal E fez limpeza radical, Nesse “jardim” clandestino! Foi um crime ternurento E ao seu executor, O meu agradecimento E todo o contentamento Por ter sido este Senhor! Madona

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

O Fio do Tempo

Obama, a força das ideias
1. Não há dúvidas que o passo histórico dado na eleição de Barack Obama merecerá grandes estudos. A democracia americana, com os seus valores e limites (como todas as democracias) dá uma grande prova de vitalidade. É verdade que a conjuntura se foi proporcionando para o refrão «we can, we change». São muitas, hoje, as revistas no escaparate que proporcionam o entender a vida de Obama e donde provém a sua força co-responsável como líder de ideias. Mesmo acima de toda a poderosa máquina do marketing político ou da lógica coisificante económica, a verdade é que as ideias estão vivas e deram uma enérgica resposta ao serem coroadas de êxito… 2. O retrato da vida da família de Obama e a sua eleição como 44º presidente dos EUA encarnam quase uma face mitológica. O triunfo dos simples do novo líder tocará semelhanças com o libertador Martin Luther King ou com o Kenedy que deixou órfã a América. A eleição da sabedoria deste homem afro-americano deixa antever que será seguido passo a passo, e mesmo com toda a legitimidade democrática da razão política, será sempre estreita a sua porta no patamar da emoção sociocultural… Obama soube tornear muitas questões; campanha é campanha, governar será diferente. Os seus primeiros discursos deixam transparecer um claro realismo, como quem diz que o caminho não será nada fácil. Este discurso faz baixar à terra a euforia dos seus apoiantes e quer ser promoção e empenho de todos… 3. A sua matriz intercultural, do ADN às ideias geradoras de pontes comunitárias, é um admirável sinal para os tempos de globalização. Este mundo, em ansiosa busca de regulação, não se compadece com o isolado unilateralismo que ficará como imagem de marca Bush. A «força das ideias» tem conduzido Obama e conduziu-o ao poder. O mesmo povo que havia eleito a «força das armas» aposta na mudança. Que nenhum «11 de» perturbe o «sonho» comunitário de Obama. O mundo saiba acolhê-lo!

Vitória Histórica nos EUA

OBAMA na Casa Branca Hoje é um dia histórico para os EUA e para o mundo. Obama deu um estrondoso pontapé no racismo e vai sentar-se na Casa Branca. Não para se deliciar em cadeiras de luxo, mas para mostrar aos seus concidadãos e aos demais povos da Terra que a construção de um mundo melhor é possível e necessária. E urgente, face às nuvens negras que o liberalismo desenfreado provocou nos últimos tempos. Uma nova ordem social se impõe e se espera. Os filhos dos escravos que receberam carta de alforria há cerca de 100 anos nos EUA viram-se retratados nesta vitória de Obama. Também os oprimidos e os famintos, os refugiados e os perseguidos devem ter sorrido, na convicção de que dias melhores hão-de surgir. Será o novo presidente da maior nação da globo capaz de cumprir todas as promessas que fez durante a extraordinária campanha eleitoral, ganha passo a passo, degrau em degrau? Não creio. Mas creio que Obama vai conseguir encetar novos caminhos de mais justiça e de mais paz. Todos os povos de todos os quadrantes têm os olhos nele. Porque Obama é, indubitavelmente, um sinal de muita esperança.
FM

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Recomendações do Papa há um ano

A propósito da visita Ad Limina que os bispos portugueses fizeram ao Papa Bento XVI, há um ano, D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, diz que na Igreja, em Portugal, tem havido um "activismo pouco centrado no essencial e dificuldade de leitura actual". E sublinha que, "Enquanto houver algum predomínio do clericalismo, aos diversos níveis, e do individualismo pastoral, que parece satisfazer cada um na autonomia do seu território, não será possível abrir caminhos novos para uma Igreja Comunhão, suporte de uma Missão que a identifica com o projecto de Jesus Cristo".

Noite de expectativa

Esta noite vai ser, para muitos, de longa expectativa. O mundo ocidental e até o outro estão de atalaia, com a curiosidade de saber quem será o próximo presidente dos EUA. Não é por acaso que isto acontece, pois trata-se da eleição do presidente da mais poderosa nação da Terra. Quer queiramos quer não, esta expectativa prende-se com o facto de muitos esperarem, ansiosamente, uma mudança radical na política americana. Deseja-se, praticamente, desde a tomada de posse do presidente Bush, que dos EUA venha uma política mais condizente com o mundo de paz que imensa gente sonha. Um mundo mais fraterno e sem guerras. Afinal, os homens e mulheres do nosso mundo, sobretudo os que amam a liberdade em paz, acreditam que o terrorismo e a violência não se combatem com as mesmas armas. Querem, no fundo, um presidente que proponha uma nova ordem social, que conduza toda a gente nos caminhos da felicidade. É este sonho, a meu ver, que provoca esta expectativa. Se os povos da Terra votassem, por aquilo que tenho lido e ouvido, Obama seria o vencedor. Mas como os norte-americanos é que escolhem o seu presidente, vamos acreditar que o eleito, Obama ou MacCain, seja capaz de oferecer ao mundo a esperança num futuro melhor. Um futuro de paz, de progresso e de fraternidade para todos.
FM

O Fio do Tempo

O vulcão dos bairros-de-lata
1. A mobilidade populacional, na procura de uma vida melhor, foi-se e vai-se concentrando nas cidades. Quantos postais denunciadores das desigualdades mostram as grandes torres ao fundo e as barracas e favelas da pobreza ao perto. A prestigiada revista Além-Mar (já no seu ano 52 – http://www.alem-mar.org/) traz no rosto da última edição (nº 575, Novembro 2008) uma dessas imagens do estendal da pobreza nos subúrbios da grande cidade. O título perplexo diz: Bairros-de-lata, vulcões prestes a explodir. Vem, assim, um complexo conjunto de problemáticas, em difícil conjuntura, desinstalar aqueles que vivem instalados numa concepção de bem-estar só para alguns… 2. O acentuado êxodo rural (do abandono da interioridade), as calamidades naturais que arrastam populações na luta pela sobrevivência, as guerras e perseguições que ainda existem em muitos países do mundo e que geram multidões de refugiados, a grave crise económica e financeira actual que aumenta tremendamente o fosso, o decrescer para a pobreza das classes médias… conjunturas de um renovado (e velho) mapa de preocupações. O avolumar das incertezas, das precariedades, a ausência de oportunidade justas como trampolim para o auto e heterodesenvolvimento trazem para a praça pública das ideias e cidades o desafio da sobrevivência que, no fundo, se transforma numa nova aprendizagem do exercício da subsidiariedade (do ensinar/aprender a pescar) e da solidariedade (do pão e água da sobrevivência diária). 3. Sente-se, também diante da conjuntura de crise financeira (que espelha a crise e a necessidade reguladora de ética mundial), que são necessários novos paradigmas globais de resposta para as novas problemáticas universais. Os múltiplos mecanismos sociais (da ciência às religiões, das economias às políticas) haverão de saber mais construir o fortalecer do “dar as mãos” na busca de inspiradas e humanísticas soluções. Ou teremos de aguardar até às reuniões dos G7, G8, 10… terem de fugir para a lua?!

Sabia que...

O GPS nasceu em 1995
O GPS (Global Positioning System), hoje tão em moda, nasceu apenas há 13 anos, concretamente, em 1995. Graças à conjugação de diversos satélites lançados pelos EUA, desde essa altura o planeta que habitamos tornou-se mais pequeno. O GPS guia Aviões, barcos, automóveis ou simpesmente um normal cidadão nos caminhos da vida, levando-o, com rigor, ao ponto desejado.

Efeméride aveirense

João Jacinto de Magalhães
No dia 4 de Novembro de 1722 nasceu em Aveiro e aqui foi baptizado em 22 deste mês, na igreja de São Miguel, o ilustre aveirense João Jacinto de Magalhães, que professou na Congregação dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, no Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, com o nome de D. João de Nossa Senhora do Desterro. Secularizado, fixou-se na Inglaterra, onde faleceu. insigne pelo saber, pela independência de espírito e pela nobreza de carácter, foi um dos mais famosos cientistas do século XVIII, considerado em todo o mundo culto. Há em Aveiro uma Fundação que o tem por patrono.
Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

Gafanha do Carmo – reabilitação da engrenagem de uma moagem

Foi restaurada uma Mó que se encontra no Jardim Central da Gafanha do Carmo, junto à Igreja Matriz, num investimento de cerca de 3300 euros, mais a mão-de-obra oferecida pela Câmara Municipal de Ílhavo. Esta Mó foi pertença de Silvino da Silva Troca, antigo proprietário do terreno onde a mesma se encontra. Foi nos anos 60 que Silvino da Silva Troca, ourives de profissão, mandou construir uma moagem industrial para processamento do centeio, milho e trigo, que depois vendia. Há cerca de nove anos, a Câmara Municipal de Ílhavo adquiriu o terreno aos herdeiros de Silvino Troca e transformou-o em Jardim, um espaço privilegiado de encontro para a população da Gafanha do Carmo, preservando a Mó como memória da moagem tradicional.

O remendo em pano novo

É surpreendente como toda a liturgia dos mortos se envolve na esperança da vida para além da vida. Dir-se-ia que é a coragem máxima perante o maior dos obstáculos e a mais cruel das objecções. Vencida a morte nada derrota definitivamente o homem. Os sobressaltos da história com o seu somatório de injustiças, as acumulações do mal como que se diluem diante dessa realidade proclamada por Jesus, repetida pelos Apóstolos, levada ao extremo por Paulo:”Eu sou a ressurreição e a vida…” “Aquele que ressuscitou Jesus, também nos há-de ressuscitar.” Depois disto nenhum desespero tem cabimento nos que professam a fé cristã. E não apenas para a morte de cada um, mas da própria humanidade. Por isso cada momento tem de ser lido com este olhar. Que não esconde a crueza do real mas não admite a derrota como desfecho da vida. Quando toca a nossa vez o mundo do passado e do futuro parece desabar sobre toda a lógica da esperança. Isso quer apenas dizer que podemos ter depositado as nossas esperanças num imediato fútil, insignificante, num agora sem passado nem futuro. Ao querermos uma solução imediata para a crise financeira e económica que sobre todos se abate, podemos perder-nos deixando o essencial para último plano. A cultura, a arte, as humanidades, os grandes valores patrimoniais, a própria expressão de fé como significação última da vida, podem ser eternamente adiados em troca do urgente. Como se apenas de pão vivesse o homem. Como se todas as premências se resumissem na aquisição de meia dúzia de objectos que adornam o nosso estatuto e que a moderna orquestra do ter propôs como imprescindíveis, invertendo o sentido das prioridades, salvando as finanças, a economia, os teres e haveres, com esquecimento total do grande ser. Importa pois perceber que não é qualquer solução que interessa para a crise. Precisa ter a dimensão do homem no seu todo muito mais que um receituário breve para ficar tudo como dantes. Também aqui o cristianismo, recentrando tudo no homem, separa o trigo do joio. Se a morte foi vencida, as pequenas mortes são como que insignificantes. Para que não fiquemos com remendo novo em pano velho.
António Rego

Solidariedade

No dia 23 de Outubro de 2008, teve lugar, aqui, numa das Escolas da Gafanha, um encontro de pessoas, unidas pelo mesmo objectivo: prestar homenagem a uma colega. Acometida por uma doença insidiosa, teve que se retirar do serviço e por força das circunstâncias vai viver para longe da nossa terra. Nisto há a salientar o factor humano que se sobrepôs a tudo o resto. Cansados das suas lides docentes, que os absorvem até à exaustão, souberam renunciar ao seu descanso e à comodidade dos seus lares, para estarem perto e confraternizarem com a colega demissionária. Sentia-se algum pesar pela situação inesperada da colega em destaque, mas vivenciou-se uma transmissão de carinho e afecto numa onda de calor humano, que de todos emanava. Ainda estamos todos vivos e é importante que estas manifestações não se percam. No fim, foi entregue, em nome de todos, uma lembrança composta por objectos de bricolage, num apelo directo à vida e a uma vida nova que a colega vai ter na sua nova casa. Eram utensílios de jardinagem, com que irá ocupar-se, nos longos tempos livres, que irá ter pela frente e que se augura sejam longos. Estava emocionada, comovida com a adesão em massa, pela resposta ao chamamento feito pelos promotores da iniciativa. E das profundezas do meu ser pensante e reflexivo tirei estas notas. Por mais prepotentes que sejam as forças políticas, sociais e outras que nos condicionam, nos atrofiam, nos anulam, nada há que consiga fazer estiolar a nossa força anímica, de professores, de pessoas, de seres humanos sensíveis, altruístas e solidários. Muita energia, muita vida, muita alegria... te desejam todos os teus colegas e amigos. E… vai-nos dando o feedback da utilização que vais dando à nossa prendinha. Queremos sabê-la… profusamente rentabilizada, usada… e sê ousada a tirar partido da vida, com ela! Nós cá estamos à espera!
Madona

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

AVEIRO: Poesia na Biblioteca Municipal

No próximo dia 7 de Novembro, sexta-feira, pelas 21.45 horas. Se puder, não falte. Entrada livre.

O Fio do Tempo

Magalhães: O antes e o depois?
1. Talvez o magalhães resista ao choque ou à água, mas não resistirá ao utilizador. Qualquer dia alguém escreve uma peça teatral e dá-lhe o nome “no princípio era o Magalhães”! Entre o mérito e o excesso, entre a oportuna aposta estratégica no futuro das tecnologias e uma “magalhenite” vai muita distância. Está provado que os portugueses agarram facilmente as novidades das tecnologias, que o diga a rápida massificação que o telemóvel atingiu. Por isso, mais que o publicitar até ao rubro da nova conquista tecnológica lusa, terá de haver lugar para a formação do seu utilizador. Para já não falar de qualquer dia a imagem de marca de um país ser o magalhães novo numa escola onde chove ou há frio que congela os dedos e os teclados. 2. Compreende-se, para nós que estamos habituados ao pessimismo de velhos do restelo, um certo puxar para cima apologético como eixo de motivação ou distracção. Mas, vale a pena perguntar pelo antes e pelo depois, e se o que está em causa é mesmo consistente ou é passo maior que a perna educativa. Seja claramente dito que uma boa parte da percentagem da crise financeira actual (para já não falar da última de um banco português apanhado em falsos negócios…), verdadeiramente, provém de áreas sábias no manusear das mil e umas tecnologias virtuais da comunicação. Como todas as coisas, o magalhães pode ser óptimo ou péssimo. Como em todos os instrumentos, tudo depende do utilizador e a verdade é que há uma desproporção como se de uma falésia se tratasse. Investe-se tudo na máquina, pouco no Ser. 3. É incontornável que o futuro passa pelas comunicações em processo de megamassificação. Mas esta, antes que seja tarde demais, para um dignificante futuro verdadeiramente humano, precisa do grande investimento numa rede humanista onde o utilizador assim como cresce rapidamente na aprendizagem da “coisa” cresça no patamar das responsabilidades. Ainda vamos a tempo? Sejamos realistas, atentos em prevenção…

O Riso de João Paulo II

Será que os Papas também sabem rir? Veja o riso de João Paulo II. Proposta do meu amigo Manuel Olívio.

Estado tem de ser pessoa de bem

“O Conselho de Ministros de 2 de Novembro aprovou medidas para o pagamento, a curto prazo, de dívidas do Estado a empresas, no valor de 2450 milhões de euros, sendo 1200 milhões de dívidas da Administração Central, e 1250 milhões da Administração Local. O Ministro de Estado e das Finanças, Teixeira dos Santos, declarou que as dívidas da Administração Central serão pagas «nos próximos três meses», e que as da Administração Local serão regularizadas depois de ouvidas as suas entidades representativas, para estabelecer a forma do pagamento.” In Portal do Governo NOTA: Toda a gente já sabia que o Estado tem sido mau pagador, justificando a fama de que não se trata de pessoa de bem. Tem exigido o que não cumpre, no que diz respeito às suas obrigações para com os fornecedores. Tem pago quando quer e quando lhe apetece. Agora vem prometer que esse comportamento vai mudar, passando a pagar o que compra e a quem o serve a tempo e horas. Penso que se trata de uma excelente medida. E se cumprir, assumindo o papel de pessoa de bem, então já poderá exigir que os contribuintes o imitem.

Governo nacionaliza BPN

Onde está a sociedade justa e solidária?
O Governo de José Sócrates decretou a nacionalização do BPN, garantindo que os clientes não serão afectados nos seus depósitos. A CGD vai controlar a situação, depois de terem sido descobertas graves irregularidades, com negócios paralelos e à margem das leis. Que se saiba, os administradores fraudulentos ainda não terão sido incomodados. O Banco de Portugal, que tinha por missão estar atento à vida do banco e de todos os bancos, não deu por nada, ao longo dos anos. A onda avassaladora do liberalismo económico, sem alma e sem regras, deu nisto. O que virá a seguir? Quando se fala de nacionalizações, em áreas fundamentais da vida económica, muita gente grita que estamos a cair numa sociedade colectivista, que ofende a liberdade e a propriedade privadas. Agora, face à crise que o liberalismo sem regras gerou, pondo em risco os bens, as poupanças das pessoas e até as suas pensões de reforma, todo o mundo se cala, achando bem que o Governo nacionalize o BPN. Não sei, ninguém sabe, onde está a sociedade justa e solidária. O comunismo real e o capitalismo selvagem faliram. Os economistas não encontram soluções credíveis. Estamos todos suspensos de alguém que nos indique o sistema político-económico que promova o bem comum, a justiça social e a liberdade. E como já vai sendo hábito, os administradores habilidosos e fraudulentos continuarão por aí impunes. Um desgraçado qualquer que seja apanhado a roubar um pão para matar a fome corre o risco de cair na cadeia, sem apelo nem agravo. FM

A Nossa Gente

Capitão Amantino Lopes Caçoilo
No mês em que o País e o Município de Ílhavo comemoram o Dia Nacional do Mar, a 16 de Novembro, a Câmara Municipal de Ílhavo dedica a rubrica “Nossa Gente” a um grande homem da Pesca e do Mar, o Capitão Amantino Lopes Caçoilo. Filho de António Lopes Caçoilo e de Maria da Luz Lopes, Amantino Caçoilo nasceu a 5 de Setembro de 1946, na Gafanha da Nazaré. Casado, e com duas filhas, o Capitão reside actualmente na sua cidade-natal, onde assume as funções de Técnico Superior da Unidade Operacional da Forpescas, em Ílhavo, estando a sua actividade profissional desde sempre ligada ao Mar. Após terminar o Secundário, no Liceu Nacional de Aveiro, em 1966, Amantino Lopes Caçoilo deixou a terra que o viu nasceu e rumou à Escola Náutica Infante D. Henrique, em Oeiras, onde concluiu o Curso Geral (1969) e o Curso Complementar de Pilotagem (1986), tendo, mais tarde, concluído a Licenciatura em Administração e Gestão Marítima, já em 1999. Ao seu já vasto currículo, Amantino Caçoilo acrescentou, ainda, outros Cursos de Formação, na sua maioria ligados à Pesca, mas não só. Em 1986, terminou o curso de Simulador de Radar, na Escola Náutica Infante D. Henrique, o curso Avançado de Combate a Incêndios, na Escola da Armada, e, ainda, o curso de Novas Tecnologias de Pesca, do Instituto Superior de Estudos Marítimos. Já na década de 90, o Capitão Ilhavense ainda teve tempo para se dedicar a um curso de Informática e a um outro de Aperfeiçoamento para Gestores de Formação, alargando o seu leque de especialidades. Paralelamente a vários estudos e participações em diversas conferências de âmbito nacional e internacional, Amantino Caçoilo manteve a sua vida profissional bastante preenchida. Começou por desempenhar funções de Piloto na pesca do bacalhau, em 1970, em navios da EPA – Empresa de Pesca de Aveiro, subindo de posto em 1973, onde foi Imediato até ao ano de 1979. Sempre ligado à pesca de bacalhau, foi pela Sociedade da Pesca Silva Vieira e da TAMNEV, S.A. que se tornou Capitão, em 1980, onde desempenhou funções no domínio da gestão da sua frota de navios. A sua relação profissional com o Forpescas – Centro de Formação Profissional para o Sector das Pescas teve início em 1987, contando já com quase vinte anos de vida. A partir de 1989, o Capitão Ilhavense assumiu um conjunto vasto de responsabilidades, que abrangeram quase todos os domínios técnicos da empresa, desde Navegação, Segurança, Formação, Gestão de Recursos Humanos. Em 2003, abraçou a função de Director Regional do Centro de Formação em Ílhavo, tendo sido o principal responsável pela criação do FORMAR – Centro de Formação Profissional das Pescas e do Mar, em 2008. Enquanto munícipe e cidadão activo, o Capitão Amantino Lopes Caçoilo manteve uma postura social bastante interventiva. Foi Sócio-fundador e Director da Associação para os Desenvolvimento dos Interesses da Gafanha da Nazaré (ADIG) e Vice-presidente do Grupo Desportivo da Gafanha. Foi, ainda, Vice-presidente e Presidente da Fundação Prior Sardo e Membro da Direcção da Rádio Terra Nova, da Direcção da Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré e do Concelho Pastoral da Paróquia da mesma. Ao seu longo e brilhante curriculum, Amantino Caçoilo acrescenta, actualmente, as funções de Presidente da Assembleia de Freguesia da Gafanha da Nazaré. Capitão de Mar e eterno académico das Pescas, Amantino Lopes Caçoilo é um orgulho para as gentes da sua terra e uma referência para o Município, que tem no Mar a sua Tradição.
In "Viver em" , da CMI
NOTA: Dá-me sempre um prazer especial verificar que os meus amigos são distinguidos pelas suas qualidades, no domínio da sua intervenção social, cultural ou profissional. O meu amigo Amantino, que conheço desde sempre e que tenho acompanhado ao longo da vida, é um desses. O que tem feito sob diversos pontos de vista, em resumo, aí está, bem retratado, na agenda "Viver em" da nossa Câmara Municipal. Porém, eu ouso sublinhar a sua inquietude face às injustiças que afectam as pessoas e a comunidade, levando-o a ser, quando é preciso, contundente e exigente com tudo e com todos. Não é dos que ficam calados a ver passar a carruagem. É dos que protestam com veemência. Sempre pelo que considera justo.
Um abraço para o meu amigo Amantino FM

Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação - 6

6 – Duas décadas do diaconado permanente na Diocese de Aveiro Durante estas duas décadas, os primeiros diáconos permanentes da Diocese de Aveiro exerceram a sua acção pastoral nos mais diversos domínios, de âmbito paroquial e arciprestal, mas também em serviços diocesanos. Em Julho, o Bispo de Aveiro, conforme notícia inserta no Correio do Vouga, torna público as seguintes nomeações, para além dos trabalhos pastorais a desenvolver nas suas paróquias: Afonso Henriques Campos de Oliveira, Pastoral Sociocaritativa no arciprestado de Águeda e apoio à Equipa sacerdotal de Águeda; Daniel Rodrigues pastoral dos marginais, integrada no sector da Pastoral Sociocaritativa; Fernando Reis Duarte de Almeida, membro do Secretariado das Migrações e Turismo e apoio a paróquias mais carenciadas pastoralmente; João Afonso Casal, equipa diocesana da Cáritas; José Joaquim Pedroso Simões, equipa diocesana da Cáritas; Carlos Merendeiro da Rocha, sector pastoral família-catequese (Gafanhas) e responsável pela formação espiritual e catequética do CNE (Gafanha da Nazaré); Luís Gonçalves Nunes Pelicano, pastoral familiar no arciprestado de Oliveira do Bairro e lançamento de trabalho pastoral em associações e instituições sociais de voluntariado; e Manuel Fernando da Rocha Martins, Secretariado Diocesano das Comunicações Sociais e pastoral social na zona das Gafanhas. Depois, e conforme as necessidades pastorais e as disponibilidades e carismas dos diáconos permanentes, o Bispo de Aveiro procedeu a diversas nomeações, havendo de parte de todos o sentido de serviço e a co-responsabilidade eclesial. Paralelamente às tarefas que lhes foram distribuídas, os diáconos integraram-se na formação permanente proposta pela Diocese, ao mesmo tempo que puderam contar com apoio espiritual e com acompanhamento pastoral, próprio de cada sector onde exerciam o seu ministério.
Fernando Martins

O nosso azul

Permitam-me que comece a semana útil (o que é isto?) com este nosso azul. Céu e mar misturam-se ou completam-se, tão docemente, que até nos deixam extasiados. Dir-me-ão que este azul anda por aí à solta, por todos os cantos. Mas o nosso, perdoem-me a ousadia, é mesmo o melhor do mundo. E tenho dito. Vamos então ao trabalho.

domingo, 2 de novembro de 2008

O Fio do Tempo

Obama Multilateral
1. Estamos a horas de saber quem será o novo presidente dos EUA. Tantas eleições que existem em tantos países ao longo de todo o ano, mas, contra factos não há argumentos, o certo é que o mundo aguarda a todo o momento por esta eleição. O megaespectáculo das campanhas que gastaram mais milhões (e humor) que nunca está concluído. Toda a conjuntura pós-11 de Setembro 2001 gera, talvez como ilusão, um carácter decisivo nesta eleição. A marca registada “Bush” ao longo de oito anos é torneada até pelo candidato republicano. Das palavras-chave escolhidas por Obama talvez seja “change” (mudança) a ideia mais sublinhada, como estratégia de despertar a motivação cívica das gentes de um país de contrastes. 2. Na preparação das campanhas ao milímetro, o mundo foi surpreendido com uma obamania que, por exemplo, da Europa de Berlim, arrastou uma multidão de cem mil pessoas. Enquanto isto McCain, experiente em cenários de guerra a que sobreviveu, tem o difícil deserto de dizer que tem uma proposta diferente de Bush e que a experiência de vida vale tudo. Talvez tenha sido a entrada em cena dos vice-presidentes o momento decisivo nesta campanha. Obama convida alguém experiente em política externa consolidando-lhe amplitude de multilateralismo numa visão de mundo como busca dos grandes consensos. McCain, surpreendeu com o ar fresco de uma vice-presidente, que, de tão repentina, seria sol de pouca dura! 3. É certo que crise financeira internacional veio dar votos à “mudança” proposta por Obama. Mas não se pense que ele é um inexperiente; como alguém há dias dizia, um inexperiente não chega a este sábio patamar. Estas semanas também foram oportunidade de conhecer a vida dos candidatos. A Europa (e, no fundo, o mundo) prefere de longe a história do criador de pontes multilaterais (como Obama em Chicago...) que a guerra e a força... Daqui vimos nós! Parabéns Obama, se a mudança for esta já vale a pena!

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 101

O HINO NACIONAL
Caríssima/o: Continuando as nossas imagens rápidas, fugidias e, quiçá, um tanto desfocadas e desbotadas, não avançaremos sem nos determos um tudo-nada e falarmos de algo que muito nos dizia. Conheço pessoas da minha geração que, quando em cerimónias mais ou menos importantes, ouvem tocar e cantar o Hino Nacional ficam emocionadas, sem fala e quase lágrima furtiva lhes aflora ao canto do olho. E se os jogadores da selecção o não cantam é o bom e o bonito! Verdade seja que nessas épocas de antanho as crianças aprendiam a cantar o Hino e sempre lhes ficava a ideia de que era algo de quase sagrado; tanto que ao ouvi-lo se tirava o boné ou a boina! E levava-se muito a sério... O mesmo acontecia com a Bandeira, afinal ambos símbolos da Pátria. Não sei se os tempos são outros, o que sei é que deixou de ser assim e podemos perguntar-nos e quedar-nos a pensar que “é tudo igual ao litro”. Será, será, mas... Desculpai-me o desabafo que aí fica, mas agora como dizem que é assunto para sociólogos e psicólogos, ... As minhas imagens não me dão o direito de fazer comentários; tão-só expô-las e que outros digam de sua justiça. Pois nós lá cantávamos e repetíamos até sabermos de cor a letra que começa assim: Heróis do mar Nobre povo Nação valente E imortal!... E o Professor ia explicando o sentido de cada verso e de cada estrofe. Por vezes, ia mais longe e contava-nos como tinha surgido e até o nome... Ah, é verdade: A Portuguesa! Também nos ia dizendo que a letra era de Henrique Lopes de Mendonça e a música de Alfredo Keil... Desculpai, mas isso também vós sabeis e ainda mais e melhor do que eu... Aqui chegados não posso passar à frente sem referir que já nessa altura havia uns “engraçadinhos” que, agachados lá atrás, iam cantarolando outra letra... e nós rindo na inocência de que os 'caracóis' não podiam ir longe com tais protagonistas... E tudo ficava por ali que as Professoras davam a entender que não tinham ouvido!... Afinal brincalhões sempre os houve!... Manuel

sábado, 1 de novembro de 2008

When the Saints Go Marching In

Por sugestão da Domingas, no Regador

Dia de Todos os Santos: Os meus santos


Hoje todo o mundo católico celebra o Dia de Todos os Santos. Os que a Igreja Católica considerou dignos das honras dos altares, mas todos os outros que, por certo, são incontáveis. Nascidos na Igreja Católica e nas outras religiões. Quiçá sem qualquer confissão religiosa. São os chamados santos laicos, os que, pelos seus méritos, Deus, com a sua infinita misericórdia, acolheu no seu seio. 
Nós, os católicos, acreditamos que os santos são todos os que, deixando a vida terrena, foram para Deus. Estão como Ele e n’Ele, gozando a felicidade plena e eterna. E também cremos que nessa situação poderão interceder por nós, numa prova de amor que nos religa, permanentemente, ao Criador. É por isso que eu, no meu dia-a-dia, me lembro com frequência dos meus santos, daqueles que conviveram comigo e eu com eles, dos que me deram exemplos de bondade e me testemunharam a ternura de Deus. Não me inclino normalmente para muitos santos que estão nos altares, porque nunca os senti, concretamente, nos meus caminhos da vida. Mas os meus santos, os que andaram comigo ao colo, que me levaram a descobrir o bem e o belo, me ensinaram a rezar, me apoiaram nos primeiros passos que dei, me ajudaram a levantar quando caí, me ensinaram a ler e a compreender o mundo, me estimularam a partilha da compaixão, me orientaram para viver a caridade, esses é que são para mim os santos que hoje e sempre recordo com muito amor. 
Eu sei que a Igreja não pode distinguir todos os santos que conhecemos, não haveria altares para todos. Também sei que a Igreja nos oferece os santos e os põe nos altares para que nos sirvam de exemplo. É verdade. Mas permitam-me que, mesmo assim, eu prefira os meus santos. Aqueles que continuam comigo, não apenas no dia 1 de Novembro, mas todos os dias do ano. 

Fernando Martins

DIAS DE ANIVERSÁRIO: 1 E 2 DE NOVEMBRO

Nas nossas sociedades tecnocientíficas e urbanas, a morte é tabu, mas permite-se que todos os anos, nos dias 1 e 2 de Novembro, os mortos regressem: são os dias dos mortos. E os cemitérios enchem-se de vivos, numa saudade sem fim. A palavra saudade talvez venha de solitate (solidão) - talvez melhor, de salutem dare (saudar). De qualquer forma, do abismo sem fundo da nossa solidão, ergue-se uma prece, mais religiosa ou mais laica, pelos mortos: estejam onde estiverem, que estejam bem! É o aniversário dos mortos, no sentido etimológico (annus+vertere): o que volta cada ano, todos os anos. Se pensarmos bem, não é o aniversário dos mortos, mas apenas dos vivos, que, cada ano, recordam os mortos. Para os mortos, precisamente porque apanhados pela morte, já não há aniversário. É por isso que, na celebração do aniversário, há algo que remete para a metafísica. Como escreve o filósofo P.-H. Tavoillot, "lembra-nos que há um princípio e um fim e que, na aparente repetição das estações, se esconde um fio cada vez mais curto e ténue". Lá está o que se encontra na maior parte das lápides dos túmulos: a data do nascimento, frequentemente com a indicação de uma estrela - ter vindo à luz do mundo - e a data da morte - entre nós, a maior das vezes, com um sinal da cruz. Daí a diferença com que as crianças e os adultos encaram a festa de aniversário: os primeiros sonham exaltados com as prendas; os outros, sobretudo com o avanço da idade, tomam consciência do cutelo do tempo. O mistério do Homem é o tempo e a morte. Foi também com Tavoillot que aprendi que a celebração do aniversário é recente. Antes, com este nome, o que se celebrava não era o dia do nascimento - aliás, antes da generalização do registo civil, a referência a esse dia nem sempre era exacta -, mas o dia da morte, concretamente dos mártires, chamado dies natalis (dia do nascimento). A Igreja opunha-se à celebração do nascimento. Para Santo Agostinho e outros Padres da Igreja, celebrá-lo significaria, por um lado, ligar-se a práticas pagãs e, por outro, lembrar a vinda ao mundo de um pecador. Ora, exceptuando Jesus, Maria ou João Baptista, não havia "qualquer razão para alegrar-se!" Aí está a razão de, ainda hoje, mais em países de influência protestante, como a Alemanha, estar presente a tradição de os católicos festejarem o dia do nome (Namenstag): nome do santo patrono a quem o recém-nascido foi confiado. O tempo efémero ficava ancorado na eternidade. Ao pôr em causa o culto dos santos, "o protestantismo abriu a via do novo aniversário": atente-se nas palavras alemã - Geburtstag - e inglesa - Birthday -, com o significado explícito de dia do nascimento. Agora, a vida do indivíduo tem consistência própria e não já em referência a uma realidade superior. Mesmo entre os católicos, lentamente a festa da celebração do aniversário natalício impôs-se, e lá estão a família e os amigos e os presentes e o bolo do/da aniversariante e as velas e o canto universal do Happy Birthday to You, cuja letra remontará a 1924, mas a música a 1893. No quadro da secularização e do individualismo, é um modo de dar sentido e consistência a uma existência que se sabe efémera e mortal: "Pelo menos uma vez por ano, o fluxo quotidiano que cada um vive tenta transformar-se em destino e até em epopeia. É uma maneira profana de dar sentido ao curso da vida." Assim, as crianças aprendem a viver; os adultos, a envelhecer; quanto aos velhos, "é um modo de os honrar", pois, num mundo de exaltação da juventude e do êxito, "a performance suprema não é envelhecer?". Para tentar explicar o espaço e o tempo como formas da sensibilidade, segundo Kant, desafio os estudantes a captar as coisas sem o espaço e a narrar a sua vida sem o tempo. Impossível! Aí está a razão por que a morte e o seu depois, porque para lá do espaço e do tempo, são completamente irrepresentáveis para nós. Depois da morte, para os mortos, já não há aniversário, porque, com a morte, sai-se do tempo e entra-se na eternidade. Na eternidade do nada ou na eternidade de Deus. Espero que na eternidade do Deus vivo e infinitamente bom.
Anselmo Borges
In DN