sábado, 10 de fevereiro de 2018

Senos da Fonseca defende pólo museológico na Gafanha da Nazaré



POSSO?

Venho insistir: o espólio de Manuel Bola merece um espaço condigno para ser mostrado ao público.Não pode, de modo algum, perder-se no tempo.
Hoje ao passar junto de um edifício (frigorífico?), sito no porto de pesca longínqua, edifício inaugurado com pompa e circunstância, mas em que não entrou, nem um bacalhau (!), totalmente abandonado, lembrei-me do seguinte:
Porque não aproveitar o edifício soberanamente colocado, no local certo, e nele construir um pólo museológico para memória futura que, integrasse:

1- Uma antiga seca de bacalhau (em escala apropriada).
2- Um sala (ou cais) onde se mostrasse a construção naval em madeira (recordando os "Mónicas" e muitos outros)
3- Uma sala em que o espólio do gafanhão Manuel Bola (e quem sabe outros..) pudesse ser mostrado e preservado .

A localização do edifício, impossível é, encontrar outro mais apropriado.Na mouche...
O edifício,parece-me, poder ser facilmente adaptável.E diga-se bonito...
A Gafanha da Nazaré ficava, assim, com um apelativo e atrativo local,de grande interesse na preservação de memória da indústria da pesca do bacalhau: a montante e jusante . De um ineditismo flagrante.
A fazer jus a homens geniais na arte de construir navios; e a mulheres que labutaram na feitura dos "sóis" necessários, para nos darem o bom fiel amigo.E porque não ali depositar os arquivos das Empresas que deram corpo à história.
Porque a Faina Maior não foi feita apenas por capitães,nem é privilégio,único, de Ílhavo.
Deixo mais este recado.Haja vontade e espírito de inovação e criatividade.

SF

Sobre Manuel Mário Bola ler mais   aqui 

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Mudança da hora tem os dias contados?


Li no Diário de Notícias que o "Parlamento Europeu questionou a necessidade de adiantar e atrasar relógios e convidou a Comissão Europeia a estudar os efeitos da mudança". Acho bem que se questione a obrigação de todos os anos sermos obrigados a alterar, atrasando ou adiantando, a caminhada dos nossos relógios. Nunca achei graça a esta lei que exige a nossa adaptação às circunstâncias. Cá para mim, preferia que voltássemos, definitivamente, ao chamado horário de verão. 

ONDE A TERRA SE ABRE AO MAR

FOTO DE RICARDO VILAVERDE


Vi no Porto de Aveiro e copiei para o meu blogue, com a devida vénia, porque divulgar o que é bonito é muito importante. 

AS MULHERES NA IGREJA E NA SOCIEDADE

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges 


1- Devemos a vida a uma mulher, à mãe. Claro que também ao pai, mas a nossa mãe poderia ter-nos rejeitado e não nasceríamos. Se alguém se sacrificou e nos amou e ama é a mãe. Dá, pois, que pensar o modo como as mulheres são tratadas ao longo da história e, nessa história, também as religiões são acusadas, pois, com excepção do taoísmo, tendem para a misoginia. Ficam aí alguns textos universais significativos. "A mulher deve adorar o homem como a um deus" (Zaratustra). Um texto antigo budista diz que "a filha deve obedecer ao pai; a esposa, ao marido; por morte deste, a mãe deve obedecer ao filho". "A natureza só faz mulheres quando não pode fazer homens. A mulher é, portanto, um homem falhado" (Aristóteles). "Toda a malícia é leve, comparada com a malícia da mulher" (Bíblia, Ben Sira). "Dou-te graças, Senhor, por não ter nascido mulher" (oração dos judeus ortodoxos). "As mulheres estão essencialmente feitas para satisfazer a luxúria dos homens. Não permito à mulher ensinar nem ter autoridade frente ao homem, mas estar em silêncio" (São João Crisóstomo). "A ordem justa só se dá quando o homem manda e a mulher obedece" (Santo Agostinho). "Nada mais impuro do que uma mulher com a menstruação. Tudo o que toca fica impuro" (São Jerónimo). "No que se refere à natureza do indivíduo, a mulher é defeituosa e mal nascida, porque o poder activo da semente masculina tende a produzir um ser perfeito parecido, do sexo masculino, enquanto que a produção de uma mulher provém de uma falta do poder activo " (Santo Tomás de Aquino). "Os homens têm autoridade sobre as mulheres em virtude da preferência que Deus deu a uns sobre outros" (Alcorão, que permite desposar duas, três ou quatro mulheres e também bater nas que se rebelem).

JESUS COMPADECIDO CURA O LEPROSO. APRECIA

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

Um leproso vem ter com Jesus. Ousa transgredir regras muito rigorosas de higiene pública. Expõe-se e corre riscos de morte. O contágio era fácil e perigoso. A sociedade protegia-se. Além disso, a lepra como outras doenças, tinha conotação religiosa. Fazia a pessoa impura, com uma relação negativa com Deus, culpada por algo que tivesse feito, amaldiçoada. Devia ser evitada a todo o custo.
Que experiência dolorosa e humilhante! Apesar disso, expõe-se e transgride, avança no desejo de recuperar a dignidade perdida e a liberdade cerceada. Ousa o inacreditável e, cheio de coragem e confiança, aproxima-se, ajoelha e suplica: “Se quiseres, podes curar-me”. Que força interior move as suas energias e alenta a sua esperança. Que firmeza de convicções manifesta e transmite. Que expectativas alimenta nos passos que dá para realizar o seu sonho: Ser alguém com nome próprio, ir ao culto religioso na sinagoga, ser membro da sociedade e poder andar em público sem restrições.
O leproso é também um símbolo de grandes maiorias humanas que se arrastam na vida por carências sem conta: desnutrição por fome, migrações forçadas por guerras impostas e alterações climáticas, falta de água e de outros bens indispensáveis à saúde, conflitos e violências, perseguições étnicas e religiosas. Ou ainda nas sociedades de “bem-estar” o isolamento e a solidão, as desigualdades irritantes, o individualismo egoísta, a exclusão e marginalização das minorias, a “ditadura” das ideologias e, por vezes, da opinião publicada. Tudo isto, e muito mais, apesar dos avanços admiráveis em tantas áreas da nossa humanidade.
Marcos, o autor do relato (Mc 1, 40-45), adopta um estilo diferente do habitual na narrativa. Deixa em aberto a identidade do leproso. Não se sabe quem é, nem donde vem, nem o local do encontro. Para ele, o importante é a atitude de Jesus, a força sanadora que possui, a compaixão que sente e o gesto que faz. Para ele, o importante é que os discípulos saibam que a lacuna não é esquecimento, mas oportunidade, para cada um fazer o encontro pessoal com Jesus, nas situações mais sofridas da vida, sem medo prudente a “sujar as mãos”, nem a perigos de contágio.

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

P.e TOLENTINO VAI PREGAR AO PAPA

P.e  Tolentino (Foto do meu arquivo)

“Todo o ser humano tem sede. Sede de amor, sede de reconhecimento, sede de relação, sede de dignidade, sede de diálogo, sede de encontro, sede de Humanidade, e muita sede de Deus” 

O P.e José Tolentino Mendonça, poeta, biblista, escritor, cronista e vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, vai pregar exercícios espirituais, nesta quaresma, ao Papa Francisco e seus colaboradores. Congratulo-me com o convite feito ao P.e Tolentino, porque tive já, várias vezes, o privilégio de o ouvir, sendo leitor assíduo dos seus livros e das crónicas que publica semanalmente no EXPRESSO.
Do que conheço do P.e Tolentino, sei, dentro das minhas capacidades de análise, que se trata de um padre de uma cultura multifacetada e profunda, capaz de se pronunciar sobre os temas mais diversos, com saber e arte. Mas também sei que se trata de uma pessoa capaz de enfrentar desafios, por mais exigentes que se apresentem. 
O tema das suas reflexões, segundo admito, está sintetizado no texto, entre aspas, que abre esta minha mensagem.

Ler entrevista aqui 

FM

NOTAS DO MEU DIÁRIO: Hoje acordei assim...

Do meu quintal

Hoje acordei tarde. Incómodos de saúde próprios da idade. O sol coado pela vidraça e pelas cortinas inundou o meu quarto, voltado para o astro rei, desde o despontar da aurora até ao seu mergulho no oceano. 
Uma volta pelo quintal, galinhas à cata de tudo, árvores de folha caduca ainda adormecidas, um sol acalentador, nada de ventanias, enfim, tudo dentro da normalidade esperada, mostrando que a vida, bonita quanto baste, me enche a alma, animando-me para a luta quotidiana. 
É muito agradável cirandar por aqui, sem preocupações de maior, ouvindo cães a ladrar como que a avisar que gostariam da liberdade plena, que isto de morar numa varanda fechada não dá alegria a ninguém, nem mesmo aos animais. 
A liberdade é uma sensação muito bonita, que os homens souberam conquistar ao longo de séculos, mas ainda há quem lute por ela sem êxito. Os tiranos, sádicos por natureza, ainda hoje bloqueiam os sonhos de quem quer voar para lá das fronteiras, físicas ou ideológicas, criadas com muros intransponíveis. 

08-II-2018

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

Gestão de resíduos do Porto de Aveiro

Plano de Receção e Gestão 
de Resíduos do Porto de Aveiro 
2017-2019 



No respeito pelo artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 165/2003, de 24 de julho, a APA (Administração do Porto de Aveiro) efetuou mais uma revisão do Plano de Receção e Gestão de Resíduos do Porto de Aveiro. que tornou público. 
Quem gosta de viver num ambiente sadio, obviamente sem poluição, tem de ficar satisfeito com a decisão da APA. Ficamos na certeza de que os responsáveis pelas estruturas portuárias saberão estar atentos, porque as pessoas e a natureza precisam mesmo de viver tranquilas.

Ler planos aqui 

A ALMA DE SEBASTIÃO DA GAMA



Minha alma abriu-se...
Que linda janela
que é a minha alma!
Não!, linda não é ela:
lindas são as vistas
que se avistam dela.

Que ouvidos tão finos
que tem a minha alma!
Não!, finos não:
finos são os cantos
que os pássaros cantam,
meus ouvidos ouvem.

Como são tão belas
as coisas lá por fora!
Minha alma em tudo,
em tudo se demora.

Que ouvidos tão finos!
Que linda janela!
Quem me compra a alma?
Quanto dá por ela?

Sebastião da Gama,
in"Cabo da Boa Esperança"

Sebastião da Gama faleceu a 7 de fevereiro de 1952, com 27 anos de idade. Recordo-o com este poema tão simples e tão belo.

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018

Ditos populares e estufa de chicória

Chaminé da antiga estufa

Do espaço ajardinado da ANGE (Associação Náutica da Gafanha da Encarnação), registei há bons meses esta imagem, que hoje encontrei, quando buscava motivo para me animar neste dia de frio de cortar à faca, como se dizia na minha meninice. Penso que hoje pouca gente haverá que utilize ditos populares. Novos tempos, novas influências, novas formas de dizer, que não condeno, mas até aprecio.
Houve tempo em que se falava do linguajar dos gafanhões, um linguajar sadio que curiosos e estudiosos vão debitando nas redes sociais, porventura com vontade de o preservar, ouso sugerir agora que se inicie a compilação de palavras e termos caídos em desuso. Os vindouros agradecerão.
Ora, a fotografia que reproduzo mostra a chaminé da antiga estufa de chicória da Gafanha da Encarnação de que sabemos pouco. Seria interessante que alguém desse passos no sentido de mostrar à saciedade como nasceu aquele edifício, quem foram os proprietários e por que fases passou até chegar a restaurante. 
Aqui ficam, portanto, duas propostas de trabalho. 

FM

domingo, 4 de fevereiro de 2018

JUSTIÇA E JORNALISMO NO ESGOTO

Vicente Jorge Silva 


«Sim, é saudável que deixe de haver espaço para a impunidade e que rigorosamente ninguém se considere acima da lei. Mas é triste que, simultaneamente, sejam casos desses que fazem prosperar o jornalismo de sarjeta — até ao dia, porventura ainda longínquo, em que o verdadeiro jornalismo de investigação, autónomo de todos os poderes, se imponha à opinião pública como única fonte credível de informação. Por enquanto, infelizmente, o culto nauseabundo da porcaria que faz salivar a avidez populista, fora e dentro das redes sociais, terá ambiente para medrar.»

BABEL, BÊNÇÃO OU MALDIÇÃO?

Frei Bento Domingues 

Frei Bento Domingues

1. Para os meios de comunicação, a moda mais recente é a preocupação com as divisões na Igreja católica que me parecem coisa de pouca monta. Vencer a separação entre as igrejas do Oriente e do Ocidente e entre católicos e protestantes tem sido a beleza do horizonte do movimento ecuménico, nas suas diversas expressões. Quem conhecer o movimento cristão sabe que, desde o começo, esteve sempre exposto a divisões. Os apelos a que todos sejam um significam a dificuldade em conseguir uma unidade plural. O cristianismo continua a ser uma Sinfonia Adiada [1].
O que custa não é a comunhão, não é a diversidade, nem a liberdade. O que custa é manter estas três atitudes em simultâneo. Quem insiste apenas na comunhão tem problemas com a diversidade e com a liberdade. Quem, pelo contrário, exalta a diversidade e a liberdade é porque, em nome da comunhão, sente a ameaça da unicidade.
O mito da Torre de Babel [2] não é de fácil interpretação. Supõe-se que Deus se sentiu ameaçado por uma Torre que chegava aos céus, obra da unicidade linguística: “Em toda a Terra, havia somente uma língua e empregavam-se as mesmas palavras [...]. Vamos, pois descer e confundir de tal modo a linguagem deles que não consigam compreender-se uns aos outros. E o Senhor dispersou-os dali por toda a Terra.”

sábado, 3 de fevereiro de 2018

IDE VER QUANTOS PÃES TENDES

Reflexão de Georgino Rocha



A exortação de Jesus aos discípulos é dirigida à Igreja de todos os tempos. Também às paróquias, espaços locais mais próximos às pessoas onde se tece o viver quotidiano cristão. É fruto da compaixão que sente pelas multidões famintas e cansadas. Que contraste tão interpelante com a atitude dos que o acompanham e pretendem ser seus seguidores. Estes querem desfazer-se do problema, evitar complicações, silenciar a consciência, “lavar” as mãos. Longe da vista longe do coração. A sorte das pessoas pouco lhes importa. Mesmo que morram de fome. É a sensibilidade desviada, a indiferença ostensiva, o conselho da fuga às situações difíceis. Como se torna urgente educar a compaixão, reorientar o olhar, reganhar a confiança, promover a empatia! Como ficará enriquecido o nosso agir pastoral com esta “seiva” que brota da missão pública de Jesus!
“Manda-os embora, para irem aos campos e aldeias comprar de comer” (Mc 6, 34-36). Abandonadas e sem forças, entregues a si mesmas, com a noite a chegar, que esperança pode dar alento aos seus esforços. Jesus ignora o conselho e sintoniza com o ritmo do coração faminto prestes a perder o ânimo. Enche-se de compaixão e provoca a “reviravolta” indispensável e sensata. Envolve os discípulos na procura da solução. Nem fuga à realidade por facilidade, nem recurso ao seu poder singular; nem partir do zero como se nada existisse ou as pessoas fossem destituídas, nem esperar que resolvam o problema com recurso apenas às capacidades próprias. Todos, em acção concertada, assumem a situação e dão-lhe resposta convincente.

A ARTE DO RIDÍCULO

Crónica de Joana Petiz no DN


«Há não muito tempo assistíamos ao derrube de estátuas alusivas à Confederação norte-americana e por cá chegou a discutir-se a sério - o que é incrível - a possibilidade de mandar retirar a estátua do padre António Vieira, a quem já se chamava criminoso, racista, vil promotor da escravatura. É uma pena que só tentemos copiar os exemplos mais estúpidos do mundo - mas admirável como ninguém se lembrou de que a ponte sobre o Tejo, mandada construir e inaugurada por Salazar, de quem chegou a ter o nome durante muitos anos, também devia ir abaixo...»

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

FRANCISCO - Um Papa sem papas na língua

«Que não nos aconteça olhar mais para o ecrã do telemóvel do que para os olhos do irmão»

Li aqui 

NOTA: A afirmação em epígrafe foi proferida pelo Papa Francisco, quando se dirigiu aos consagrados, mas, no fundo, os destinatários somos nós todos. Todos os que, nas mais diversas situações, temos sempre à mão, ou na mão, o telemóvel, uma das mais revolucionárias invenções das últimas décadas. Esta tecnologia, que nos permite contactar com toda a gente, de perto ou de muito longe, conhecidos ou desconhecidos, torna-nos próximos, ao jeito dos vizinhos do lado, a quem pedíamos lume para acender a nossa fogueira. Contudo, quando o utilizamos por tudo ou por nada, para telefonar ou ler notícias, para apreciar paisagens ou assistir a batalhas campais, para brincar ou para nos afastarmos de quem a nosso lado está, o telemóvel gela a proximidade e destrói a convivência. O telemóvel impede-nos, realmente, de olhar para os irmãos. 

Francisco no Chile e no Peru

Anselmo Borges 
Anselmo Borges

1 Por ocasião da visita do Papa Francisco ao Chile e ao Peru, fui confrontado, lendo José Manuel Vidal, que cita um estudo de Latinobarómetro, com estatísticas temíveis quanto à situação da Igreja na América Latina. Os números mostram uma forte queda da Igreja Católica latino-americana devido à saída para as igrejas protestantes, no contexto da religião evangélica, e, num processo acelerado de secularização, para o agnosticismo e o ateísmo, como afirmou Marta Lagos, que dirigiu o estudo.
Os países com maior número de pessoas que se declaram católicas são Paraguai (89%), México (80%), Equador (77%), Peru (74%), Colômbia (73%) e Bolívia (73%). 65% dos inquiridos nos 18 países da América Latina dizem confiar na Igreja, sendo as nações onde tem mais crédito Honduras (78%), Paraguai (77%) e Guatemala (76%). No Chile, o número baixa para 36% e, segundo Marta Lagos, a quebra deve-se sobretudo aos abusos sexuais perpetrados pelo influente padre Fernando Karadima: antes desse escândalo, a confiança dos chilenos rondava os 69%, descendo abruptamente em 2011 para 38%.
O número de latino-americanos que se declaram católicos caiu paulatinamente nas duas últimas décadas: se em 1995 os católicos representavam 80%, esta percentagem baixou para 59% em 2017. Há sete países onde a população católica já representa menos de metade da população: República Dominicana (48%), Chile (45%), Guatemala (43%), Nicarágua (40%), El Salvador (39%), Uruguai (38%) e Honduras (37%). "A esta velocidade, daqui a dez anos os países da América Latina que terão a religião católica como religião dominante serão uma minoria." A eleição de Francisco em 2013 teve um "efeito positivo" e uma prova é que 60% dos chilenos reconheceram como "positiva" a visita que acaba de fazer ao país.

JESUS QUER CURAR-TE. ACEITA E COLABORA

Reflexão de Georgino Rocha 

Georgino Rocha

Jesus está no início da sua vida pública. Como bom judeu, vai à sinagoga onde fala abertamente da novidade que traz em nome de Deus e “limpa” os espíritos de pessoas que manifestavam sinais de forças estranhas e maléficas. Participa na oração oficial, assume o direito à palavra e prega com autoridade. Da sinagoga, espaço religioso, desloca-se para a casa de Simão e André. Deslocação indicativa das suas preferências pela vida quotidiana: encontros no lago, em casas de família, nos caminhos públicos, em refeições, em diálogos pessoais e locais silenciosos. Deslocação que se mantém como referência para os discípulos: conjugar a oração como relação com Deus Pai e a acção de bem-fazer como rosto do querer deste bom Deus. Jesus, desde o início, deixa-nos este belo exemplo.
A casa de Simão Pedro é “uma vivenda de tipo clã, onde habitavam várias famílias com parentesco próximo, distribuídas por quartos/salas em torno a dois pátios interiores com comunicação entre si… Neles, decorria a vida do clã… Quantas imagens bebeu Jesus dessa vida cheia de colorido para ilustrar as suas catequeses sobre o Reino de Deus!”. Sirva de referência o fermento que leveda a massa e a moeda perdida que é encontrada e provoca grande alegria. (Guia de Tierra Santa, História-arqueologia-bíblia, Verbo Divino, p. 325).
Ao regressar a casa, Jesus ouve falar da doença da sogra de Pedro. Vai ao seu encontro, aproxima-se da doente, toma-a pela mão e levanta-a. Não diz palavra. O gesto fala por si e constitui um modelo de relação sanadora. Parece um ritual de curas, sem magias nem exorcismos. O guia de acção está bem delineado por Marcos (1, 29-39): Ir aonde a se encontra a pessoa doente, colocar-se ao seu nível, sobretudo da disposição com que vive o sofrimento e a dor, tocar-lhe como quem comunica a saúde integral de que é portador, agarrar a mão para a erguer na vida, ajudando-a recuperar a dignidade de poder desempenhar as suas funções normais. O que faz à sogra de Pedro, faz Jesus a tantos outros, como bem registam os Evangelhos.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

NOTAS DO MEU DIÁRIO – O MEU PAI


No silêncio natural da minha tebaida, ouve-se o zumbido do vento a confirmar o inverno que persiste. Já choveu com frio à mistura, e as notícias afiançam que é imperioso aquecimento para o corpo e para a alma. À minha frente crepita a lenha que arde na salamandra. As chamas aquecem o ambiente enquanto alinhavo esta nota, mas também iluminam sonhos e recordações da minha meninice. Parece-me que é sina da velhice que se instala no meu ser. E imaginei o meu pai sentado à conversa comigo, cigarro entre os dedos amarelecidos pela nicotina, sorriso sóbrio permanente, olhar perdido por vezes, decerto a reviver interiormente momentos  de mar bravo que tantas vezes enfrentou. 
O meu pai não era pessoa de grandes falas, gostava mais de ouvir, mas quando encontrava uma nesga ditava sentenças. Sinto a falta dele, sim senhor, porque a sua serenidade me impressionava, deixando marcas indeléveis na minha personalidade. Se aqui estivesse, como eu gostaria!, era ele que ateava a fogueira, que aconchegava a lenha, que alimentava a conversa, mesmo falando pouco. E até gostava que ele tivesse a minha idade. Seria o parceiro ideal para estas noites à lareira. 

FM

quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

Processo de canonização de Santa Joana em curso

Beata Joana
Túmulo de Santa Joana


Está em curso o processo de canonização de Santa Joana, padroeira da cidade e diocese de Aveiro. Na sequência disso, o Correio do Vouga iniciou esta semana a publicação de uma separata que deve ser recortada, lida e guardada, para poder ser consultada quando necessário. A publicação será semanal, sempre no semanário diocesano. Contém informação variada e outros textos para todos acompanharem de perto o progresso do processo, que não sabemos quando terminará. 
Neste primeiro número da separata pode ser lido um apontamento biográfico, a cronologia da Princesa Santa Joana, um testemunho, a relação dos mais diretamente responsáveis pela organização do processo, sendo postulador da causa Mons. João Gonçalves Gaspar. Na primeira página, o P.e Fausto Oliveira, pároco da Glória (Sé de Aveiro), lembra que o culto de Santa Joana, «confinado há muitos anos à Celebração Eucarística e Procissão solene no dia 12 de maio, verifica, desde junho de 2017, novo fôlego». E acrescenta: «a 12 de cada mês, os cristãos enchem a igreja de Jesus, às 9 horas, bem perto do túmulo de Santa Joana, para celebrar a eucaristia e agradecer o dom que foi e é para a Igreja, e, sobretudo, para Aveiro, a vida da Padroeira da nossa cidade e diocese.»

FM

Humor inteligente


 «Um humorista levou a sério a tarefa de falar como escritor a quatro dezenas de adolescentes e a conversa serviu para quebrar um mito. Afinal, fazer rir dá muito trabalho, exige muito estudo, muita leitura, “muita consistência”. Ricardo Araújo Pereira não o disse assim, mas se os alunos da Murtosa que o foram ouvir ao Palácio de Belém esta terça-feira iam com as gargalhadas prontas a disparar, o humorista deu-lhes um banho de água fria. Pô-los a pensar ao contrário, como fazem os humoristas.»

Ler mais aqui 

NOTA: Alunos da Murtosa tiveram o privilégio de ouvir  e ver um humorista culto e inteligente que, em vez de os fazer rir, apenas, os pôs a pensar, segundo  li  no PÚBLICO.
Eu gosto, sempre gostei, dos humoristas inteligentes e cultos que nos ajudem a pensar. Dos outros não rezará a história. Ricardo Araújo Pereira faz parte dos meus favoritos. Tal como Raul Solnado continua na minha memória. E pelo que li, o seu encontro com os jovens da Murtosa, podia muito bem ser apreciado pelos adultos, que de humoristas sem graça inteligente estamos fartos.

A sentença antes do julgamento



«Os arguidos não são acusados e os acusados não são culpados. Num dia como o de ontem em que ao final da manhã as redações foram inundadas com notícias de buscas, detenções e acusações existe o risco facilitista de julgar tudo pela mesma bitola.»

Ler mais aqui 

NOTA: Penso que muitos caem facilmente no facilitismo de condenar seja quem for na praça pública, antes de qualquer julgamento. É um erro crasso. Direi mesmo que é um crime. Importa que a Justiça siga o seu caminho e no fim, quando a condenação ou absolvição surgirem, poderemos tecer os nossos comentários. Eu sigo esse caminho. Sobre Sócrates, por exemplo, estou à espera que os tribunais se pronunciem. Até lá, ele está inocente. 

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

PORTUGAL NÃO É UM PAÍS DE CORRUPTOS



Confesso que tenho andado espantado com as notícias que todos os dias nos chegam com denúncias de corrupções ou de eventuais corrupções. Não escapa ninguém, como se Portugal fosse um país sem norte, sem dignidade, sem gente honesta. Os agentes de investigação andam numa roda viva à cata de provas. Ministros, juízes, agentes desportivos, jogadores, advogados, padres, políticos, empresários, etc., etc., etc. E o mais estranho está no facto de os investigadores levarem à ilharga a comunicação social, que tudo relata ao pormenor, desde os passos dados até às gavetas, computadores, documentos, arquivos pessoais e nem sei que mais. Tudo à franca, aos olhos de todos. E daí as especulações, à medida de quem conta um conto acrescenta um ponto. 
De um dia para o outro, aqueles que vestiam a pele de gente séria passam a suspeitos de eventuais criminosos, de desonestos sem remissão, de corruptos descarados, de usurpadores de bens alheios, de pessoas repugnantes, de vigaristas irrecuperáveis. E não será assim; eu não quero crer que Portugal esteja cheio de homens e mulheres sem princípios, sem moral, sem regras de honestidade a toda a prova, sem vergonha. Não pode ser!
E tudo isto porquê? Porque os investigadores não agem discretamente, permitindo, por desleixo ou por inconfessadas razões, que a comunicação social os “acompanhe”, por artes mágicas ou outras artes, no negócio das notícias que podem manchar para o resto da vida gente séria. E se tudo for falso, se não for como se noticia? Quem lava a mancha execrável que caiu sobre os investigados?

Fernando Martins

EUGÉNIO DE ANDRADE - O SAL DA LÍNGUA


O SAL DA LÍNGUA

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém – mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar.
Para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.

Eugénio de Andrade
In "O Sal da Língua"

O HOMEM È COLOSSAL E... MINÚSCULO


Diz Abbé Pierre,
para quem o quiser ouvir,
ainda hoje,
em o TESTAMENTO:

“O homem de hoje é colossal pela enormidade das responsabilidades que pesam sobre ele e minúsculo perante a imensidão das tarefas que em toda a parte o chamam. Mas não podemos, a pretexto de que nos é impossível fazer tudo num dia, não fazer coisa nenhuma! Conservemos no coração a impaciência de fazer. E a indignação na acção.”

domingo, 28 de janeiro de 2018

Andróides, professores de Teologia?

Frei Bento Domingues 


1. Hiroshi Ishiguro é um académico japonês, de 54 anos, professor da Universidade de Osaka, que desenvolve robôs inteligentes com aparência humana. Veio a Lisboa fazer uma conferência na Universidade Católica. João Pedro Pereira, do PÚBLICO, conversou com este criativo [1].
Hiroshi desejou ser pintor para entender a humanidade. Mudou-se para a área da robótica e da inteligência artificial. Ao verificar que a inteligência artificial precisava de um corpo apropriado, criou, nos últimos anos, vários andróides. Trabalha com diversas empresas no Japão para desenvolver múltiplas aplicações práticas. Toda a gente consegue interagir com robôs semelhantes a seres humanos. No ambiente de laboratório, a aparência e os movimentos dos andróides têm vindo a ser aperfeiçoados. A inteligência artificial torna-se cada vez mais sofisticada e permite que as máquinas possam ter conversas razoáveis com pessoas. Contudo, na construção de robôs que funcionam como humanos a consciência será, provavelmente, a última barreira.
Ishiguro acredita que um dia, não hoje, esta dificuldade será ultrapassada. Talvez demore duas ou três décadas. Julga que o que já pode dizer, com clareza, é que os investigadores, os neurocientistas e os cientistas de robótica estão muito interessados na consciência. Depois da inteligência artificial, a próxima meta é a consciência artificial.