quarta-feira, 13 de abril de 2016

Moliceiros na Ria de Aveiro


Vão no longe moliceiros
De asas brancas, a voar,
Ao vento, leves, ligeiros,
Por sobre a ria a singrar.
Vão no longe moliceiros
De grandes velas a arfar.

Andam na faina do dia,
Desde a manhã ao sol-pôr.
Buscam nas águas da ria,
O moliço — verde cor.
Andam na faina do dia,
Colorido, encantador.

Vogam num lago de prata,
Circundado de cristal,
Qual sonho de serenata
Numa noite sensual!
Vogam num lago de prata
Sob o céu celestial.

Cortam as ondas de espuma
Pelas águas a boiar,
E essas vagas, uma a uma,
Vão mais longe desmaiar.
Cortam as ondas de espuma
Erguidas na preia-mar.

Parecem os bandos de aves,
Que no céu vão a subir,
E depois voltam, suaves,
Muito leves, a cair.
Parecem os bandos de aves,
A luz do sol a fugir.

Descrevem curvas serenas,
Como talhada magia,
Umas maiores, mais pequenas,
Duma estranha bizarria.
Descrevem curvas serenas
Nas transparências da ria.

As proas são rendilhadas
Por coloridas pinturas,
Com frases adequadas
A populares formosuras.
As proas são rendilhadas,
São ornadas de figuras.

Vão no longe moliceiros,
De asas brancas a voar...
Singram na ria, altaneiros,
À luz do sol, ao luar,
Vão no longe moliceiros,
— Majestoso deslizar!

Amadeu de Sousa

Fonte: Boletim Municipal de Aveiro
Ano III, 1985,n.º 6

terça-feira, 12 de abril de 2016

Gafanha da Encarnação — A Bruxa

Um local pitoresco
Recanto da Bruxa (foto do meu arquivo)

Café dos petiscos
Já me questionei sobre o assunto e não há documentos, mas do que tenho percebido da tradição oral dos meus conterrâneos, apresento a explicação seguinte: se mudarmos o nome para Lugar da Bruxa ou simplesmente A Bruxa, haverá outro entendimento do nome. Aquele local tão pitoresco, defronte ao antigo ancoradouro das barcas que, noutros tempos, fazia a passagem para a Costa Nova era o ponto de encontro dos antigos pescadores. Estes aí afluíam para uma pausa na dura labuta da pesca ou um simples bate-papo entre colegas de trabalho. Ora para acompanhar um jogo de sueca, nada melhor que uma boa cachacinha....que segundo reza a história se chamava "bruxa". Com a evolução dos tempos passou a tomar-se a parte pelo todo.
A expressão "Ir à bruxa" significava ir saborear a tal bebida, na tasca que passou a assumir esse nome.
É esta a versão que tenho dos factos.
Apesar das modestas condições do espaço, ainda continua a atrair clientela para os petiscos que aí serve, nomeadamente "a empalhada" que consiste numa cestinha com amendoins, tremoços e azeitonas. Com um fino ou um panaché a acompanhar....é um pitéu...
Estamos na idade de desfrutar destes mimos da vida...

Maria Donzília Almeida

NOTA: Venham outras versões, por favor 

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Gafanha da Nazaré celebra aniversário de elevação a cidade

Jardim Oudinot
A Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré realizam, nos próximos dias 19, 23 e 24 de abril, um conjunto de ações que assinalam o 15.º Aniversário da Elevação da Gafanha da Nazaré a Cidade, com um programa condigno, que é, sem dúvida, um convite à participação de todos, já que foi concebido para todos os gostos e idades. 

Ver programa aqui 

Associações de Pais fundem-se na Gafanha da Nazaré


«No decorrer do presente ano lectivo, as associações de pais das escolas Básica e Secundária da Gafanha da Nazaré, após um processo de fusão, deram origem à Associação de Pais e Encarregados de Educação das Escolas Básica e Secundária da Gafanha da Nazaré. Assim, encontra-se, actualmente, a desenvolver o seu trabalho “na prossecução dos supremos objectivos de promover uma comunidade escolar cada vez melhor”, explica o seu presidente, Hugo Coelho. Nestes pressupostos, a associação tem vindo a realizar diversas acções que, em conjunto com os seus parceiros - Agrupamento de Escolas da Gafanha da Nazaré, Câmara de Ílha­vo e Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, têm procura­do “contribuir para um univer­so educati­vo focado no futuro, na inovação e no empreendedorismo, procurando envolver o sistema educativo, tecido empresarial, comunidade e agentes autárquicos, seguindo as políticas educativas e territoriais”.»

Nota: Texto e foto do  Diário de Aveiro

domingo, 10 de abril de 2016

Nós, os homens, somos assim...

Tempo muito triste
O tempo está assim, de mal a pior. Mas afinal que fazemos nós de mal para a primavera nos fugir como enguias acabadas de apanhar? Dizem que são abusos de produtos poluentes, gases dos motores, indústrias às carradas que não respeitam as leis ambientais, lixeiras a céu aberto, destruição de florestas, poluição das águas do mar e dos rios, desperdícios de produtos sem conta, peso e medida... Etc. Pois é. Nós, os homens, somos assim... E depois gritamos por uma primavera anunciadora de um verão quentinho. Bom domingo para todos, apesar de tudo!

O bem e a paz cansam

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO

«Fazer aos outros aquilo que gostamos
que os outros nos façam»

1. Segundo o mito bíblico, a Criação [1] é uma vitória sobre o caos. Deus viu tudo o que tinha feito e era muito bom. Um paraíso. Os antigos próximo-orientais faziam um balanço da história da humanidade diametralmente oposto ao dos modernos ocidentais. Contrariamente à ideia do progresso irreversível, os antigos pensavam que o mundo começou perfeito, mas degradou-se progressivamente. Os mitos mesopotâmicos também expressam essa convicção. No mundo grego, esta ideia esquematizou-se no mito das cinco idades do universo [2]. Esses mitos veem no dilúvio a principal fronteira dos primórdios da humanidade. Na versão bíblica, é uma descriação [3].
No entanto, quando parece que se chegou à degradação sem remédio, surge sempre uma esperança. A título de exemplo, cito o Profeta Isaías [4]: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz (…) porque um menino nos nasceu, um filho nos foi dado que anuncia uma paz sem fim”. A IV Bucólica de Virgílio [5] parece copiada desse profeta. No seu poema há também um Menino que vai deixar o mundo livre do medo, governando a terra em paz.

Nossa Senhora de Fátima entre nós

Seis paróquias unidas 
na receção à Mãe de Deus


Ontem, sábado, a Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima foi venerada pelo povo do Arciprestado de Ílhavo, numa Eucaristia celebrada no Jardim Oudinot, pelas 16 horas, antes da sua partida para o arciprestado da Murtosa. À Eucaristia, presidiu o nosso Bispo, D. António Moiteiro, tendo com ele concelebrado os párocos e demais sacerdotes que trabalham nas seis paróquias: S. Salvador, Gafanhas da Nazaré, Encarnação e Carmo, Costa Nova do Prado e Praia da Barra.
A Imagem Peregrina, que anda a percorrer o nosso país, entrou em terras ilhavenses na sexta-feira, vinda de Vagos. Foi recebida na Vista Alegre, seguindo depois para S. Salvador, terminando a sua estada entre nós com a passagem pelo ferry-boat, com destino à Torreia, Murtosa. Depois, rumará à Diocese do Porto.
Com o tempo bom que se fez sentir, «tempo encomendado para cada um de nós, para podermos celebrar os louvores a Deus e honrar a Sua e nossa Mãe», no dizer de D. António Moiteiro, foi muito agradável sentir o palpitar das nossas gentes, muito devotas de Nossa Senhora de Fátima. Foi aí, no meio do povo, que tivemos a oportunidade de perceber quanto a Mãe de Deus é venerada como protetora de cada um dos seus filhos.

O nosso povo (Foto de Vítor Amorim)
O nosso Bispo, numa oportuna referência ao Evangelho deste domingo (Jo 21, 1-14), sublinhou que «todos somos convidados para a pesca; todos somos chamados a lançar a rede para anunciar o Reino de Deus». E adiantou que «o convite à pesca é feito para toda a humanidade; é feito para que o Evangelho chegue a todos; é feito para que o Ressuscitado nos ponha em comunhão com o Pai e nos dê o seu Espírito». 
Dirigindo-se a Nossa Senhora, suplicou-lhe que nos abençoe e proteja, bem como as nossas famílias e paróquias, em especial aqueles que mais precisam: os doentes, os que sofrem, os desempregados, mas ainda os que fugiram das suas terras por causa da guerra.
Por sua vez, o Arcipreste de Ílhavo, Padre António Cruz, dirigiu palavras de gratidão a todos os que colaboraram nesta receção à Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima, aos convidados e autoridades, cuja presença «é para nós motivo de grande alegria». Referiu que «a visita da Mãe foi uma experiência maravilhosa, que nunca mais esqueceremos», frisando que o «Arciprestado de Ílhavo é também terra de Santa Maria».
O Padre Cruz concluiu afirmando que «é hora de gratidão e de compromisso, mas também de despedida», ficando connosco a certeza do amor de Nossa Senhora, «farol e caminho», que nos conduzirá «ao único Porto Seguro — Deus Misericordioso».

Fernando Martins

sábado, 9 de abril de 2016

A Atividade Física




Foi comemorado no dia 6 de abril, o Dia Mundial da Atividade Física. Segundo dados da OMS, a inatividade física é o quarto principal fator de risco de morte no mundo e aproximadamente 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano em consequência disso.
Fazendo jus à efeméride, retomei o exercício físico, depois de uns meses largos de letargia, a que um longo inverno me obrigou. Como privilegio o exercício aeróbico em contacto com a natureza envolvente, fiz uma incursão na minha horta, com a benção do astro-rei. Ele é, aliás, o meu cúmplice nestas deambulações pela mãe natura. Pus de novo, o corpo a mexer, o que não foi pacífico para as articulações e toda a máquina em geral.

Gastronomia: “Prato à Casa Gafanhoa”

Bom apetite


Ingredientes:

1 posta de bacalhau 
4 batatas 
120g de feijão verde 
1 cebola 
2 dentes de alho 
Vinho Branco 
Pimento verde 
Pimento vermelho 
Louro 
Azeite 
Polpa de tomate

Preparação:

Passe a posta de bacalhau previamente demolhada pela farinha, frite em azeite e retire. 
Aproveite a fritura e coloque a cebola às rodelas, o alho picado, os pimentos às tiras, o louro, a polpa de tomate e, por fim, o vinho branco. 
Regue a posta de bacalhau com o molho e leve ao forno a gratinar. Sirva com batata cozida e feijão verde. 
Decore a gosto.

Receita gentilmente cedida pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, Associação participante no Concurso Gastronómico do Festival do Bacalhau 2015.

Fonte: Agenda "Viver em..." da CMI


Laicidade e laicismo

Crónica de Anselmo Borges 

«A laicidade do Estado é essencial 
para garantir a liberdade religiosa de todos»

1 O Papa Francisco, na visita ao Brasil, deixou uma mensagem fundamental sobre a laicidade: "A convivência pacífica entre as diferentes religiões vê-se beneficiada pela laicidade do Estado, que, sem assumir como própria nenhuma posição confessional, respeita e valoriza a presença do factor religioso na sociedade."
A laicidade do Estado, isto é, a sua neutralidade confessional, é essencial para garantir a liberdade religiosa de todos: ter esta ou aquela religião, não ter nenhuma, mudar de religião. Aliás, a laicidade é exigida pela própria religião. Porque confundir religião e política significa ofender a transcendência de Deus, e também porque só homens e mulheres livres podem professar de modo verdadeiramente humano uma religião.
Mas, para compreender o alcance da afirmação de Francisco, impõe-se a necessária distinção entre laicidade e laicismo. Uma distinção que, refere o teólogo José María Castillo, é reconhecida pelo Dicionário de Língua Espanhola da Real Academia Espanhola na sua última edição. O laicismo rejeita toda a influência ou presença religiosa nos indivíduos e nas instituições, públicas ou privadas. A laicidade admite esta influência, mas, atendendo a que há várias confissões religiosas, impede que o Estado aceite como própria uma só confissão e respeita-as a todas por igual. Se aceitasse alguma como própria e oficial, acabaria com a igualdade de todos os cidadãos.
Mas não haverá hoje cada vez mais uma deriva para confundir laicidade e laicismo?

terça-feira, 5 de abril de 2016

Morreu a nossa gatinha Gutti

Uma gata independente e solitária

A Biju deitada e a Gutti em pé
Hoje de manhã não fui abrir a janela do salão nem a porta que dá acesso ao sótão onde viviam as nossas gatinhas. A Biju morreu há precisamente um mês e hoje foi a vez da sua filha Gutti. Ambas de cancro, mal tão odioso que nem as pessoas o querem pronunciar, substituindo-o por “doença que não perdoa”.
A Gutti era uma gatinha filha de pai siamês, extremamente independente e solitária. Tal como todos os gatos, mas de forma mais acentuada. Não era gata de andar por aí, nem de correr a casa toda. Tinha o seu espaço, apenas dando alguma importância à dona, a Lita, que havia acolhido as duas há uns 15 anos, tratando-as como "princesas",  no dizer justo de um dos meus filhos. Foi durante muito tempo saudável, mas a idade, como nas pessoas, não perdoa. Foi operada, cuidadosamente tratada, alimentada com parcimónia, escovada frequentemente e sobretudo acarinhada. 
Na hora da escova, deitava-se tranquilamente numa mesa, no sótão, ao jeito de quem recebe massagens, mostrando o gosto que sentia com as escovadelas. Era meiga quando lhe apetecia e todas as manhãs, quando sentia a porta aberta, descia, senhora do seu nariz, atenta mas sem medo do Totti e da Tita, o cão e a cadela que têm sensivelmente a mesma idade. Postava-se à janela, previamente aberta, deliciando-se com o ar fresco e o sol a aquecê-la. Assim toda a sua vida. Olhava a paisagem e de vez em quando enchia-se de coragem, dava um salto para a figueira e outro para a cobertura do alpendre. E ali ficava indiferente ao mundo agitado dos homens.
Em pequena era um pouco ladina. E um dia, sem se saber como, saiu de casa e perdeu-se. A Lita espalhou um edital, com endereço e número de telefone, por cafés, lojas e esquinas, apelando à descoberta da gatinha. E seguimos para a Figueira da Foz como estava combinado. Dias depois, alguém telefona a informar que tinha encontrado provavelmente a Gutti. O meu filho Pedro foi confirmar se era a nossa gatinha. E era. Pegou nela, agradeceu à senhora e comunicou-nos que a Gutti já estava em casa a recompor-se da aventura. Talvez por isso, nunca mais saiu. E a Lita, nesse mesmo dia, não resistiu e veio visitá-la à Gafanha. Hoje ficou debaixo de uma laranjeira ao lado de outros animais que morreram de velhice na nossa casa. 

F.M.

A nossa gente — Diogo Lourenço



Neste mês de abril, em que se assinala do Dia Mundial do Livro (dia 23) e em que se realiza a Cerimónia da entrega dos prémios do XV Concurso Literário Jovem (dia 22), promovido pela Câmara Municipal de Ílhavo, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a Diogo Lourenço, um jovem de 16 anos que começou já a dar os seus passos no mundo da escrita. 
Nascido a 16 de julho de 1999, Diogo Lourenço vive na Gafanha da Nazaré, onde se encontra a frequentar o Curso Profissional de Receção (11.º ano) na Escola Secundária e joga basquetebol há cinco anos no G.D. Gafanha. 
O gosto pela escrita sempre existiu, intensificando-se após um desgosto amoroso. Foi quando viveu esse período “menos bom” da sua vida, que se apercebeu de quão magnífica a escrita podia ser. A vontade de se exprimir de outra forma para além da verbal levou-o a refugiar-se na escrita. Começou a redigir textos pessoais e, mais tarde, após o incentivo de algumas pessoas, decidiu criar o seu blogue, iniciando aquilo que chama de “Viagem de volta à felicidade”. 

segunda-feira, 4 de abril de 2016

Nossa Senhora de Fátima no Arciprestado de Ílhavo

8 e 9 de abril


A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima vai estar no Arciprestado de Ílhavo nos dias 8 e 9 de abril. Vem de Vagos e às 21 horas será o acolhimento na Vista Alegre, seguindo em procissão de velas para a igreja matriz de S. Salvador. No dia seguinte, agora em procissão automóvel, vem para o Jardim Oudinot, passando pelas Gafanhas da Encarnação e Nazaré, onde será celebrada uma Eucaristia, pelas 16 horas, presidida pelo Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro. No final da Eucaristia, a Imagem Peregrina seguirá em procissão com todo o povo do Arciprestado até ao ferryboat até S. Jacinto. Depois, na  Torreira, 10 de abril, será o Dia da Igreja Diocesana e entrega da Imagem de Nossa Senhora de Fátima à Diocese do Porto.
Os devotos de Nossa Senhora terão uma boa oportunidade para manifestarem a sua alegria pela visita da Mãe que nos conduzirá a Jesus.

Pode ler sobre outras visitas de Nossa Senhora

domingo, 3 de abril de 2016

Caminhos cristāos para a ressurreição da Europa?

Crónica de Frei Bento Domingues 


«O dia do culto que não seja o da celebração 
da alegria e da liberdade é um insulto a Deus»

1. Alguns amigos insistiram comigo para não voltar à pergunta: “Será possível ressuscitar a Europa?”. Este continente, dentro e fora de portas, antes, durante e depois do regime de Cristandade, viveu quase sempre em guerra e assim continuará. Um interregno de 60 anos de paz foi mais fruto do cansaço do que da virtude. A política, como Aristóteles viu, é o reino do instável para o qual não existe ciência certa, apenas palpites e raciocínios mais ou menos prováveis.
O que eu deveria questionar, segundo dizem, era o estado lamentável em que se encontra a liturgia da Igreja, nomeadamente a da Semana Santa. Não enche as igrejas nem as almas. A pergunta que os padres não deveriam evitar seria esta: porque será que os feriados de cariz religioso e os próprios domingos servem sobretudo para umas miniférias dos laicos e dos católicos não praticantes, cada vez mais numerosos?
Um dia abordarei o que há de interessante e falacioso nesta pergunta. Se os feriados religiosos servem para um merecido “descanso”, já não é mau. A mítica e bela narrativa da Criação coroa de humor um Iavé feliz e fatigado:Deus concluiu no sétimo dia a sua obra e descansou (Gn 1-2).

sábado, 2 de abril de 2016

Os direitos de todos na Constituição

A Constituição da República Portuguesa 
completou  40 anos 


Direitos de todos

1) Todos têm direito, nos termos da lei, à informação e consulta jurídicas, ao patrocínio judiciário e a fazer-se acompanhar por advogado perante qualquer autoridade.
2) Todos têm direito a que uma causa em que intervenham seja objecto de decisão em prazo razoável e mediante processo equitativo.
3) Todos têm direito à liberdade e à segurança.
4) Todos têm direito ao trabalho.
5) Todos têm direito à segurança social.
6) Todos têm direito à protecção da saúde e o dever de a defender e promover.
7) Todos têm direito, para si e para a sua família, a uma habitação de dimensão adequada, em condições de higiene e conforto e que preserve a intimidade pessoal e a privacidade familiar.
8) Todos têm direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado e o dever de o defender.
9) Todos têm direito à educação e à cultura.
10) Todos têm direito ao ensino com garantia do direito à igualdade de oportunidades de acesso e êxito escolar.
11) Todos têm direito à fruição e criação cultural, bem como o dever de preservar, defender e valorizar o património cultural.
12) Todos têm direito à cultura física e ao desporto.

Sobre o radicalismo islâmico

Crónica de Anselmo Borges 

«Só um Estado não confessional 
pode garantir a liberdade religiosa de todos»

1. Face aos ataques terroristas que se têm multiplicado, a condenação tem de ser inequívoca. O próprio Papa Francisco não tem poupado nas palavras: "Violência cega dos atentados", "estes cruéis actos abomináveis, que só causam morte, terror e horror", "a violência e o ódio homicida só conduzem à dor e à destruição", "atentado execrável", "crime vil e insensato"...
Depois de tudo quanto foi dito e escrito, não sei o que poderia acrescentar, mas há uma questão que não pode ser evitada: se há relação ou não entre o islão e a violência. Como disse Michael Walzer, consciência crítica da esquerda americana, à revista Philosophie Magazine (Fev. 2016), "são muitos os intelectuais de esquerda que, preocupados com evitar toda a acusação de islamofobia, não ousam qualquer crítica ao islamismo radical. Preferem insistir no facto de que a causa do fanatismo religioso não é tanto a religião como a opressão do imperialismo ocidental e a pobreza que criou. Não é completamente falso. O Daesh não teria nascido no Iraque sem a invasão americana em 2003. No entanto, o Califado não é produto dos Estados Unidos, mas fruto de um retorno do religioso, hostil aos valores ocidentais."

O Ressuscitado entra em nós pelos sentidos

Reflexão de Georgino Rocha

«Jesus sai ao encontro 
de quem vence preconceitos 
e se põe a caminho 
na mais maravilhosa aventura espiritual»

Jesus ressuscitado continua a surpreender, a provocar encontros que rasgam novos horizontes de vida, a aproveitar as mais diversas circunstâncias para atestar a sua presença real no meio de nós. E o evangelista João, por meio da comunidade a que deu origem, faz a narração de modo belo e eloquente.
O medo fechava o coração dos discípulos e ameaçava matar toda a esperança. O desânimo e a inquietação provocaram um vazio de pasmo angustiante e forçaram-nos a trancar-se na sala da casa onde se encontravam. A lembrança dos últimos acontecimentos agravava a situação sofrida: a morte do Mestre, a hipótese provável de lhes acontecer o mesmo, a debandada e a procura de esconderijo, o encarar um futuro sem saída airosa e consistente.

sexta-feira, 1 de abril de 2016

Imagens com Memória

Exposição de Fotografias Antigas 
no Centro Cultural de Ílhavo


“Imagens com Memória” é uma exposição de fotografias antigas patente no Centro Cultural de Ílhavo, tendo sido inaugurada no dia 28 de março. Trata-se de uma iniciativa integrada nas comemorações do Feriado Municipal de Ílhavo, com organização e dinamização do Centro de Documentação.
A mostra, constituída por imagens, postais, gravuras, ilustrações, pinturas e vídeos, contou com a participação de munícipes que aceitaram associar-se ao projeto e pode ser visitada até ao dia 17 de abril. A partir do dia 19 do mesmo mês, a exposição será apresentada, pelas 21h15, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, no âmbito do XV aniversário da elevação da nossa terra a cidade.

Fonte: CMI

quinta-feira, 31 de março de 2016

Notas do Meu Diário: Cuidar dos pais


Não tenho a felicidade da presença física dos meus pais. Morreram há muito, mas no meu espírito eles sentam-se ao meu lado, riem e gracejam, choram e comovem-se, ralham e ficam calados. Vezes sem conta vi os seus olhos fixos nos meus e ouvidos atentos ao que eu dizia. E o contrário também é verdade. 
Vem isto a propósito de uma crónica de Laurinda Alves publicada no Observador, intitulada "Quero continuar a ser a filha dos meus pais". Recomendo  leitura. E recomendo porque nem sempre se olha para os pais idosos com o carinho que eles merecem e necessitam. Ouvem-se desculpas com o trabalho, falta de tempo, falta de dinheiro, falta de espaço em suas casas, etc. Contudo, conheço famílias que nos dão lições de dedicação a quem tanto deu  aos filhos,  netos e à comunidade. Ler a crónica de Laurinda Alves aqui. 

Deambulando pela Figueira da Foz

Forte de Santa Catarina em dia de feira Medieval
Entrada na Marina
Barquinho na Marina
História na cidade
Mãe vigilante no Jardim Municipal
Gaiteiros na Feira 
Desfile Medieval
Burros para a arte de bem cavalgar toda a sela
Carrossel a pedais 

quarta-feira, 30 de março de 2016

De regresso ao trabalho


Depois do regresso, as arrumações. Gosto de mudar de ares como de mudar o que me cerca. Às vezes arrependo-me e volto à posição inicial. Amanhã, se Deus quiser, estarei em posição de atualizar os meus blogues e de apostar no arquivo de papelada avulsa. É que frequentemente não consigo descobrir o que pretendo. 
Confesso que andava com saudades da minha tebaida. Noutro sítio, sinto-me como peixe fora de água. Nem respiro bem nem sei concentrar-me. Canso-me depressa fora da minha casa.
Ana Maria Lopes anunciou hoje no seu blogue o 4.º aniversário do Ciemar a celebrar no Museu de Ílhavo, sábado, 2 de abril, pelas 17 horas,  enquanto evocou Bernardo Santareno e o seu livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, com estórias de tripulantes de navios bacalhoeiros, colhidas durante 12 meses nos bancos da Terra Nova e da Gronelândia. Tanto bastou para reler nacos deliciosos da prosa daquele escritor, que também foi médico no Gil Eanes. Vai sair uma nova edição do livro “Nos Mares do Fim do Mundo”, melhorada, segundo li no Marintimidades.


terça-feira, 29 de março de 2016

"Tempos de Pesca em Tempos de Guerra"

Um livro de Licínio Amador


"Tempos de Pesca em Tempos de Guerra", que ainda não li, mas cujo teor conheço por informações do autor, diz muito a muita gente da nossa terra e região, por abordar um assunto que não pode cair no esquecimento. Trata este trabalho do afundamento do “Maria da Glória”, onde pereceram alguns gafanhões, entre outros. Também se salvaram alguns, e de todos, os que morreram e os que sobreviveram, dá nota Licínio Amador, um ilhavense apaixonado pela temática marítima. Sei do seu esforço para se documentar sobre aquele naufrágio provocado, em tempos da Segunda Guerra Mundial, por um submarino alemão, que não respeitou a posição neutral de Portugal naquele conflito bélico de grande e dolorosa dimensão.

segunda-feira, 28 de março de 2016

Será possível ressuscitar a Europa?

Crónica de Frei Bento Domingues
no PÚBLICO


«O que importa 
é a ressurreição da Europa. 
Como? Veremos.»

1. Não tenho nenhuma competência para me juntar à torrente de discursos sobre os modos de enfrentar os actuais movimentos terroristas, quer nos seus desígnios globais, quer europeus. Destaco a lucidez do Editorial do PÚBLICO [i]:Enquanto se financiar sem limites, o terrorismo continuará a matar. É preciso secar-lhe as raízes.
É sempre possível dizer que as raízes do terrorismo não são financeiras e que o dinheiro, sempre à disposição, é apenas um recurso instrumental. Seja como for, as discussões sobre as suas raízes metafísicas, sociais, éticas e religiosas não podem servir para esquecer a urgência em lhe cortar as bases e os percursos financeiros. Haverá vontade firme de executar esta operação, quando os bem conhecidos circuitos do comércio de armas e de seres humanos continuam, ano após ano, à solta, a crescer e a matar?

domingo, 27 de março de 2016

Notas do Meu Diário: Figueira da Foz


Forte de Santa Catarina 
A Figueira estará a mudar? Penso que sim. Há anos, nas férias da Páscoa, a Figueira da Foz era positivamente invadida por turistas nacionais e estrangeiros. Não tenho dados estatístico, mas é essa a minha perceção. Os restaurantes não enchem, o trânsito flui com regularidade, os estacionamentos não oferecem dificuldades. Junto da minha residência, nas Abadias, tudo parece calmo. Os apartamentos não dão sinais de moradores. 
Num restaurante que costumo frequentar, uma responsável dizia, para quem a queria ouvir, que o turismo tem merecido pouca atenção dos autarcas. Daí, dizia, o reduzido afluxo de visitante.
Este fim de semana, contudo, a Feira Medieval, que decorreu junto ao Forte de Santa Catarina, com tendas a condizer, desde artesanato a “cousas para beber” e comer, ofereceu alguma animação à cidade. Registos históricos, música, danças, gente vestida à moda de tempos de há séculos, burros de carga para miúdos aprenderem a arte de bem cavalgar toda a sela, teatro e cenas do quotidiano da Idade Média. 
Também por lá passámos, não para matar saudades, que somos desta época da União Europeia, agora de crise económica, social e política, mas que outrora se massacrava com guerras intestinas, com razões complicadas para o entendimento do pensar dos nossos dias. Se calhar, as mesmas razões dos conflitos de hoje, pautadas por interesses pessoais, regionais, invejas, ódios, vinganças, ânsia de poder, “glória de mandar” e “vã cobiça”, da tal  "vaidade a que chamamos fama”, como disse Camões.

Páscoa de 2016

RESSURREIÇÃO

Garantia de eternidade


Ressurreição é primavera florida, é vida nova renovada e renovadora, é alegria contagiante, é renascimento sempre desejado, é início da era cristã, é porta que se abre à partilha, é bondade libertadora, é projeto de mudança, é reconciliação com o outro, é anúncio de paz universal, é ânsia de fraternidade, é escolha de caminhos que conduzem a portos de abrigo, é luz que ilumina sem cessar, é partida para rumos sadios, é meta de ternura a alcançar, é conquista do amor no dia a dia, é sentido de proximidade com todos, é descoberta de horizontes mais largos, é atingir o cume da montanha, é experiência de perdoar a cada momento, é garantia de eternidade.