Mostrar mensagens com a etiqueta Maria Donzília Almeida. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Maria Donzília Almeida. Mostrar todas as mensagens

sábado, 13 de maio de 2017

O fim de linha

Crónica de Maria Donzília Almeida



É uma verdade tacitamente aceite que a vida é uma viagem. Tem o seu início após o nascimento, isto é, a entrada neste planeta azul em que vivemos e vai-se desenrolando em sucessivas estações e apeadeiros, onde deixamos um pouco de nós, como trazemos um pouco dos locais e das pessoas com quem privámos.
Não há duas viagens iguais, apesar de haver muito de comum entre as pessoas, os lugares e as circunstâncias. Cada pessoa tem o seu próprio percurso de vida.
Quando se é criança, jovem ou até adulto, vislumbra-se um longo caminho à frente, em que o tempo parece dilatar-se até ao infinito. Ilusão da juventude, dizem os mais velhos.
Quando se atinge a idade da reforma, impõe-se uma paragem mais prolongada, para uma reflexão profunda. Começa a ter-se a perceção de que o percurso já vai adiantado e provavelmente, mais de 2/3 já percorridos. Sente-se a vida estremecida! Se durante o período de atividade, o tempo era escasso para a multiplicidade de tarefas que preenchiam o nosso dia-a-dia, eis chegada a oportunidade para a pausa que se impõe.
As pessoas aposentadas, ainda com energia para saborearem a vida e rentabilizá-la, procuram preencher o seu tempo, da forma que mais lhes agradar e que lhes traga um sentimento de gratificação. Das múltiplas ofertas disponíveis, há uma que parte de cada um de nós e que traduz um sentimento de partilha e pertença à sociedade em que vivemos – o voluntariado.
Pode revestir-se de variadas formas, desde lecionar, transmitir saberes numa Universidade Sénior, até à mais frequente, como visitar doentes nos hospitais ou utentes em lares de idosos.
Já que tenho um tempo alargado e o posso gerir como me aprouver, optei pela última modalidade. Uma vez por semana tenho encontro marcado numa casa de acolhimento de idosos, de ambiente familiar, onde cada um é tratado mediante as suas especificidades. Ali, não há a massificação que é a característica das instituições.
Aproveito para fazer uma caminhada, respirando o ar puro que ainda existe na nossa vila e deliciando o ouvido com a sinfonia dos grilinhos, numa orquestra sempre bem afinada.
O ambiente acolhedor e amistoso desta “Casa de Hóspedes” cria uma atmosfera de bem-estar que a todos contagia. A dona faz disso questão, pretendendo recriar ali, o ambiente familiar que ficou para trás
Sou sempre recebida, com certo alvoroço e ouço, essencialmente, o que os idosos têm para contar. Encontrando-se numa fase descendente da vida, vivem agora do passado, já que não se podem projetar no futuro. Vivem de memórias, sobretudo de boas memórias, da sua luta pela vida, que se vai aproximando do fim. Contam repetidamente as mesmas histórias, os episódios de vida em que foram protagonistas; as alegrias e tristezas, as vitórias e as derrotas, enfim o tecido das suas vidas.
Passando ali o dia inteiro um a seguir ao outro, apreciam a lufada de ar fresco de quem os visita. Ser bom ouvinte é qualidade de quem ouve com o coração e não só com os ouvidos. Ouvir e escutar são coisas diferentes. Eu escuto pacientemente, tudo o que têm para me contar, ainda que pela enésima vez.
“O que está a fazer é apostolado” disse já uma senhora, em tom de reconhecimento. Sem pretender ser “o bom samaritano”… reservo uma fatia do meu tempo para dar aos outros. “Volte sempre que puder” é a frase que ouço à despedida.

13.05.2017

domingo, 26 de março de 2017

A galinha

Crónica de Maria Donzília Almeida



Estava eu com as mãos na massa, no sentido literal do termo, quando toca a campainha. Não estava a amassar o pão, em concorrência desleal com o diabo que já amassou muito, algum do qual lhe tenha tomado o gosto.
Estava apenas a dar uma ajudinha à massa, antes de a pôr na máquina de fazer pão. Uma volta à massa evita que a farinha aglomere nos cantos redondos da cuba e o pão ficando por cozer. Com os avanços da tecnologia, houve uma redução drástica no trabalho das donas de casa, que agradecem, restando-lhes assim mais tempo para a família.
Há uma diversidade de eletrodomésticos que facilitam, agilizam e economizam tempo e dinheiro, revertendo a morosidade e fadiga das tarefas domésticas em tempo de exercício e convívio familiar.
Tiro as mãos da massa e vou à porta ver quem chamou. Para meu grande espanto, deparo com algo tão insólito quão inesperado: um jovem, cheio de piercings e tatuagens e um corte de cabelo que está na berra – com um rabicho no alto da cabeça. Uma personagem de telenovela foi o modelo e logo ditou a moda. A juventude permeável a estas inovações segue-as logo, numa pura imitação.
Pouco dada a preconceitos e a juízos apriorísticos, confesso que o meu pensamento pecou um pouco, mas assumo-o — mea culpa! 
A minha estupefação não se ficou por ali, quando observei que o jovem trazia uma galinha debaixo do braço. O que estará ele aqui a fazer, naquele preparo? Foi o primeiro pensamento que aflorou ao meu espírito.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

Visita à base Aérea de S. Jacinto

Crónica de Maria Donzília Almeida

Capela

Entrada - Prof. Carlos

Avião

Mancebos

Paraquedistas 

Os aviões sempre me fascinaram, desde os meus tempos de menina, em que os ouvia atroando os ares, nas nossas Gafanhas, em acrobacias aéreas, vindos da Base de S. Jacinto. Era para a minha tenra idade, um mistério como aquela grande máquina se segurava no ar, qual gaivota de asas abertas sulcando o céu.
Tal como Ícaro que quis voar com asas de cera, também eu tinha voos altos e os aviões seriam um meio de os concretizar. Lembro, até, uma fuga clandestina à capital, para quebrar a monotonia da vida académica de Coimbra. A irreverência da juventude que protagoniza destas proezas! No programa desse fim de semana, para além do convívio com amigos conterrâneos e duns passeios por Lisboa, também houve uma visita ao aeroporto, simplesmente para mirar os aviões…e os pilotos.
Neste dia, integrei um grupo de seniores da US, para uma visita guiada ao Regimento de Infantaria N.º10.
A viagem foi feita numa lancha que ia à pinha, num dia soalheiro, quase primaveril. À nossa espera, num restaurante local, havia uma soberba caldeirada de peixe, que só os nossos conterrâneos sabem fazer. Estava um pitéu!

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Visita ao Planetário: Estar na lua

Crónica de Maria Donzília Almeida 

Zi astronauta

Centro do Universo

Estação Espacial

“Estar na lua” é algo que já aconteceu com qualquer um de nós, e eu sinto-me incluída nesse rol, nomeadamente no meu papel de aluna/formanda. É um local de evasão, ao alcance de qualquer pessoa. Ir à lua, uma façanha mais arrojada, foi realizada pelos astronautas americanos, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, de 38 anos de idade, na nave Apollo 11, em 1969.
Fazer uma viagem virtual pelo espaço sideral foi privilégio de um grupo de formandos da Universidade Sénior do CSPNSN, liderado pelo Professor João Silva.
No âmbito da disciplina de História/Comunicação houve mais uma visita de estudo, desta vez, ao Planetário do Porto, situado na Rua das Estrelas, nome bem sugestivo, por sinal.
Antes de entrarmos, propriamente no espaço do planetário, uma cúpula que simulava a abóbada celeste, à noite, toda a gente quis meter-se no corpo de Neil Armstrong e dar o seu rosto para a fotografia. Aqui, sim, pode verificar-se que nós, os séniores, ainda temos aquela alegria genuina e a irreverência das criancinhas…e que bom!
Confortavelmente refastelados, em poltronas reclináveis, para olharmos o céu, sem ficarmos com torcicolos, de luzes apagadas, lá encetámos viagem pela nossa galáxia, a Via Láctea.
De olhos bem abertos a observar tudo, à nossa volta, ouvíamos a voz bem timbrada do nosso guia, que discorria numa cadência suave. A informação foi muito densa, mas pudemos relembrar alguns conceitos aprendidos na nossa formação académica, nomeadamente no que concerne à formação do Universo.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Aula de Fotografia com Zé

Crónica de Maria Donzília Almeida


Costa Nova em grande plano 








“A fotografia é a poesia da imobilidade: 
é através da fotografia que os instantes 
se deixam ver tal como são.” 

Peter Urmenyi

“Uma imagem vale por mil palavras” foi o slogan que durante muito tempo preencheu o meu cotidiano docente, nomeadamente com o advento dos audiovisuais aplicados ao ensino. A imagem era um recurso educativo muito usado, em sala de aula, como suporte à explicitação e consolidação de conteúdos programáticos.
Dada a sua importância, havia bancos de imagens como precioso material auxiliar do professor.
Com o avanço das novas tecnologias, houve uma significativa poupança de tempo e esforço na obtenção desse recurso.
Considerando a força e eloquência da imagem, há uma forma de a obter que vai somando adeptos – a Fotografia. Colecionar imagens tornou-se uma atividade aliciante e desafiadora, na sociedade contemporânea, mercê da tecnologia e da instantaneidade, por vezes, da informação. Dia a dia, nos movemos mais pelas imagens que traduzem uma linguagem autoral, ou uma forma de comunicação, seja nas artes, na política, no domínio familiar ou como forma de comunicação global. 
Quando a disponibilidade de tempo vem associada à vontade de empreender coisa novas, na idade madura, embarca-se na aventura da Fotografia como hobby.
Assim aconteceu com um grupo de seniores que, à 6.ª feira, assistem, religiosamente, à aula de Fotografia como oferta pedagógica na Universidade Sénior.
Um jovem irreverente fotógrafo e apaixonado professor quis transmitir-nos o bichinho da sua arte, aliando conceitos abordados na sua simplicidade com a sua exequibilidade prática. Há uma diversidade de equipamentos fotográficos presentes entre os seniores, desde as câmeras fotográficas compactas até às câmeras fotográficas reflex.

sábado, 28 de janeiro de 2017

Senescência ou senilidade?

Crónica de Mª Donzília Almeida

Cartaz 

Presidente da CMI aprecia trabalhos dos Maiores 

Na hora de saborear o bolo

A idade está na mente 
Nós temos a idade que pensamos. 
Assim, teremos somente 
Aquela que vivenciamos.

“Se envelhecer é uma inevitabilidade, só é velho quem quiser.” Foram estas as palavras proferidas, na festa de encerramento do ano letivo de uma Universidade Sénior, pelo poeta/escritor, engenheiro Domingos Cardoso. 
Na verdade, a temática do envelhecimento da população tem merecido a reflexão por parte da sociedade, de modo a encarar a transição da vida ativa para a aposentação, de forma digna e saudável. 
O próprio termo velhice ou velho têm sido preteridos em favor da palavra idoso, com uma conotação mais abrangente e menos depreciativa. O sufixo oso confere à palavra um sentido de quantidade e não de qualidade. Vejamos, por analogia, as palavras formoso, habilidoso, maldoso, ardiloso, etc. Há em todas, um sentido de quantidade. Logo, um idoso é aquele que somou já muitos anos ao seu CC (cartão de cidadão) e não sinónimo de caduco. 
Será uma interpretação facciosa, talvez por formação/deformação profissional. Que seja, mas é a minha própria visão do assunto em epígrafe. 

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Natal 2016: Somos portadores da alegria

Crónica de Maria Donzília Almeida 



Com a entrada de dezembro, começa a sentir-se o ar impregnado do cheirinho a Natal. Os primeiros sinais bem visíveis e apelativos começam nos mass media, com particular incidência na caixinha mágica que entra em casa e nos seduz. Aí, a publicidade de tão insistente começa a impor-se de forma subliminar, chegando a ser agressiva. Os perfumes, por exemplo, que têm um alvo específico, ocupando largo tempo de antena, metem-se pelos olhos dentro a quem quer impressionar pelo olfato. 
Sendo o 67.º Natal que eu vivencio, se Deus quiser e me der saúde, como dizia a minha mãe, é com algum distanciamento que assisto a este materialismo. 
Recordo, com saudade, os natais da minha infância, que tinham a magia e a candura da idade da inocência. Com os parcos recursos das famílias, a mesa de Natal era pobrezinha, mas à volta dela reunia-se a família, que na altura ainda era uma instituição de peso. 
Pai e mãe presidiam à celebração e os filhos, sem as pretensões das crianças de hoje, aguardavam a chegada do Menino Jesus. No imaginário pueril, aquela criaturinha diáfana era o centro das atenções, pois lhes trazia as prendinhas tão ansiosamente esperadas. 
Os pais, que viam no Menino Jesus a personificação do filho de Deus que nascera nas palhinhas, também lhe confiavam a sua saúde, o que lhes permitia serem os intermediários entre Deus e os filhos. O Menino Jesus era uma criação romântica que reluzia e inspirava numa sociedade pouco industrializada, quase rural. 
Hoje, com a laicização da sociedade, esbateu-se essa criação e apareceu a figura bizarra do pai natal, empoleirado nos telhados a fazer uma escalada interminável. 

domingo, 20 de novembro de 2016

Cabazes / berços

Crónica de Maria Donzília Almeida



No tempo em que as terras das Gafanhas eram amanhadas, vivia-se numa sociedade quase matriarcal. Com efeito, com os maridos embarcados para a pesca do bacalhau, a mulher ficava encarregada de quase todas as tarefas: domésticas e agrícolas. Até, quando nasciam os filhos, havia apenas uma “curiosa” que dava uma ajudinha aos bebés, para entrarem neste mundo cruel.
Quando as jovens mães iam para “a terra” trabalhar, eram obrigadas a levar consigo os seus rebentos. Na altura, não havia as babysitters, os infantários, as creches. Nem tampouco as amas particulares, já que todas as mulheres tinham a mesma ocupação. A esse tempo, não havia diferenciação profissional, nem sindicatos para defender (?) os direitos dos trabalhadores! Nada iria reduzir para 8 horas de trabalho, a jorna diária, àqueles que trabalhavam de sol a sol. No Inverno, o astro-rei, compadecia-se destas mulheres heroínas, retirando-se um pouco mais cedo.

Não havendo, na altura, estruturas sociais de apoio às jovens mães e à criança, deparava-se-lhes um problema: onde deixar os bebés? Usando dum pragmatismo, tão peculiar nestas mulheres do campo, a solução brotava tão límpida como água que jorra da fonte. Os cabazes, cestas grandes comprados às ciganas, utilizados para os mais diversos fins, passavam a ter uma utilidade acrescida. Uma alcofinha redonda, de verga, revestida dos mais finos lençóis de cambraia (!?) nascia da imaginação destas corajosas mães. Enquanto trabalhavam, na freima, do campo, os seus rebentos, na extrema da terra, à sombra do milho alto, eram embalados pela sinfonia dos passarinhos. Que felizes eram essas crianças! O seu soninho angelical não era perturbado pelo ruído, às vezes ensurdecedor, das nossas cidades e vilas. Ali, só se ouviam acordes musicais, no chilreio das avezinhas. Quem não dorme ao som da música? Poder-se-á dizer, com toda a propriedade, que bebés e às vezes adultos, numa sesta roubada ao horário de trabalho,…dormiam o sono dos justos! 

Foi assim, embalada desta maneira, que a autora destas linhas ganhou amor à natureza e à vida bucólica!

03.10.08

quarta-feira, 9 de novembro de 2016

O Encontro

Crónica de Maria Donzília Almeida


Ser órfão! 

Não ter na vida aquilo que todos têm! 
É como a ave sem ninho... 
É qual semente perdida que, 
ao voltar do seu eirado, 
o lavrador descuidado 
deixou tombar no caminho.

Guerra Junqueiro

Estava de saída, num restaurante local, onde paro de vez em quando para satisfazer as necessidades do corpo e ao mesmo tempo apreciar a gastronomia das Gafanhas. 
Como é comum, no meu percurso docente, eu ter lecionado a meia Gafanha, inteirava-me da situação escolar do filho dos donos, meu ex-aluno. Qualquer professor gosta de saber a evolução dos seus alunos, quando são lançados no vasto mundo. 
Aquele, um native speaker, ia bem no prosseguimento de estudos. Fora uma criança dócil, para quem o cumprimento de regras não constituiu qualquer dificuldade. 
Quando me dirigia para a porta, fui intercetada de forma desabrida, por um adolescente, que me pespegou dois beijos na cara e continuou a cirandar ali, à minha volta. 
Estava naquele momento a frequentar um curso com a componente prática, numa empresa local – informou ele, com despacho. 
A imagem que guardo do T. é a de uma criança que a vida atirou para o mundo, sem um berço para o acolher. Andara ao sabor da maré, que nem sempre fora a seu favor. Denotava um abandono profundo no que toca aos laços afetivos que lhe haveriam de estruturar a personalidade. Essa carência fez dele uma criança instável, irrequieta e com poucas perspetivas de futuro. Causava dó! Qualquer migalha de afeto, que lhe dessem, era para ele sustento. Migalhas é pão…diz o refrão popular.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Maria da Fonte

Crónica de viagens 
de Maria Donzília Almeida 



Espigueiro

Masseira

Oficina do ouro 

Vilarinho das Furnas

Ter vivido no coração do Minho, nos verdes anos, foi um privilégio. Agora, no entardecer da vida, sem o espartilho do tempo, cresceu a vontade de revisitar esses locais onde a nossa história se foi escrevendo. 
As origens da Nação Portuguesa estão intimamente ligadas à região do Minho, por onde passaram Celtas, Romanos ou Árabes e foi aqui que teve origem o Condado Portucalense. 
Desde cedo se fixaram ordens religiosas que trouxeram novos conhecimentos arquitetónicos, artísticos e culturais bem presentes no vasto património religioso da região. 
Por aqui passaram viajantes, tais como peregrinos a caminho de Santiago de Compostela, marinheiros, ou emigrantes que partiram para o Brasil ou para a Europa. 
Quem parte anseia um dia voltar. O regresso é, ainda hoje, sinónimo de festa e alegria bem presentes nas inúmeras romarias e arraiais minhotos que ocorrem ao longo do ano. 
Foi este apelo de uma região tão rica em património natural e arquitetónico que nos fez escolher o Minho neste outono, em época de colheitas, em que a natureza se oferece à contemplação, como um lauto banquete em festa. 
Rumámos a terras de Maria da Fonte, figura grada em Póvoa de Lanhoso, com o seu nome espalhado por vários locais, desde a restauração à hotelaria.

sexta-feira, 30 de setembro de 2016

À descoberta… de Portugal

Crónica de férias de Maria Donzília Almeida

À sombra
Madona
Espreguiçadeiras em setembro
Vilamoura
Seaguls
Entardecer
“E setembro chegou, vamo-nos separar…” rezava assim a canção do Duo Ouro Negro nos tempos da juventude em que o tempo fluía pachorrentamente. Era o tempo dos sonhos, das ilusões, dos amores do verão que viam chegar o seu termo… como castelos na areia.
O par romântico Johny Halliday e Sylvie Vartan era o ícone da canção ligeira dos anos sessenta, com que os jovens se identificavam e lhes povoava o imaginário, em tempos de lazer.
O mês de setembro fazia a transição entre o período mais ou menos longo das férias e o início das atividades em vários setores da vida do país – La Rentrée.
Hoje, na senioridade, mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades. Férias podem ser sempre que o homem quiser…ou quando a mulher decidir…

sábado, 10 de setembro de 2016

Uma aventura no Metro de Moscovo

Crónica de viagem de Maria Donzília Almeida 





Quatro aspetos do Metro de Moscovo 

Uma visita, ao Metro de Moscovo, constitui por si só, uma aventura na capital da Rússia. 
Entrar no metro é como entrar num palácio subterrâneo, ou numa imensa galeria de arte. Invade-nos um sentimento de admiração, perante a grandiosidade desta obra. Construído em pleno domínio soviético por Estaline, é um hino de glorificação ao regime e uma eficaz forma de propaganda do Politburo soviético. 
Com 188 estações, mais de 313 km de comprimento e com uma profundidade que chega aos 84 metros em algumas estações, o metropolitano de Moscovo encetou um desenvolvimento grande e progressivo desde a sua abertura, em 1935. Nele está bem patente a cultura soviética num rasto de imperialismo. 
Faz parte do conjunto de metropolitanos mais antigos do mundo e permanece sendo o terceiro metropolitano mais usado pelos passageiros, logo a seguir ao metro de Tóquio e ao metro de Seul. 
Os primeiros planos de construção de uma rede metropolitana remontam, na prática, ao período pós-I Guerra Mundial, pós-Revolução Russa e pós-Guerra Civil e os primeiros estudos datam dos anos 20 do século passado até ao início dos anos 30. 

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Kremlin de Moscovo

 Crónica de viagens de Maria Donzília Almeida


Palácio de Catarina Pushkin
Grande sala do Palácio de Catarina
Catedral dos 12 Apóstolos
Catedral da Assunção
Catedral da Anunciação
Catedral de S. Miguel
Antes de dizermos adeus a S. Petersburgo, ainda demos um passeio de barco, pelos românticos canais do rio Neva, donde pudemos ter outra perspetiva da monumentalidade desta urbe. Aqui, associei esta Veneza Russa, como lhe chamaram, à nossa Veneza Portuguesa onde os passeios de moliceiro estão a dar cartas e a rentabilizar a nossa ria de Aveiro.
Ainda visitámos o Palácio Nicolaevsky, onde assistimos a um espetáculo de folclore. Aí, sim, foi exibido o melhor do ballet russo, na performance de grandes artistas: o colorido da indumentária, a flexibilidade e contorcionismo de jovens bailarinos, arrebataram os espetadores.
Além do Peterhof, nos arredores de São Petersburgo, encontra-se uma série de residências palacianas que foram utilizadas pela nobreza czarista durante o período do Império Russo em que São Petersburgo foi capital. Dentre eles, destaca-se o chamado Palácio de Catarina situado na cidade de Pushkin, ao Sul de São Petersburgo, cujo nome é dedicado à esposa de Pedro o Grande, Catarina I.
Aquela cidade foi conhecida durante a maior parte do período imperial pelo nome de Tsarskoye Selo (Царское Село), que significa “aldeia dos czares” em russo. 
Durante o período soviético, a cidade mudou o nome para Pushkin, o principal poeta russo que, juntamente com Lemonosov, é considerado um dos pais da língua russa moderna. Apesar de ser moscovita, Pushkin passou grande parte de sua vida na cidade de São Petersburgo, onde faleceu, vítima do duelo com o nobre francês Georges d’Anthès, que havia cortejado a sua esposa. Longe vão os tempos em que a honra era um valor a defender, com unhas e dentes...aqui, com espada.

terça-feira, 6 de setembro de 2016

S. Petersburgo – Palácios e Catedrais

Crónica de viagens de Maria Donzília Almeida 

Hermitage - Colunas
Peterhof - Grande Cascata 
Graças

Catedral Sangue Derramado
Peterhof 
Peterhof - Salão Verde
Petrodvorets
O ponto alto da nossa viagem foi, sem dúvida, a visita ao Hermitage, uma das grandes atrações de São Petersburgo, considerado um dos melhores museus do mundo. Para além do gosto pela arte, com um acervo de 3 milhões de peças, como polo de atração, o Hermitage retrata alguns dos mais lindos ambientes palacianos por esse vasto mundo. É composto por cinco edifícios, entre eles o sumptuoso Palácio de Inverno, construído na então capital da Rússia, S. Petersburgo, em 1754 e residência oficial dos czares por 150 anos, incluindo Catarina a Grande e a família Romanov.
São obras de arte como pinturas e esculturas, objetos decorativos e joias, distribuídos por 1.057 salas e 17 escadarias. Disse a guia que, se uma pessoa gastasse um minuto a contemplar cada peça, levaria “apenas” 11 anos para ver tudo.
As origens do Museu Hermitage remontam a 1754, quando a imperatriz Elizabeth Petrovna iniciou a construção de uma residência em estilo barroco que deveria ofuscar todos os palácios da Europa. Cabe lembrar que a cidade de São Petersburgo havia sido fundada em 1703 por Pedro o Grande, com o objetivo de assegurar presença no Mar Báltico, mas também como uma janela da Rússia para a Europa ocidental. Daí o seu estilo opulento, para demonstrar a riqueza do país, o seu poderio e superioridade.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Viajando pela Rússia

Crónica de viagens de Maria Donzília Almeida

Escadaria do Palácio de Yusopov
Forte de S. Pedro e de S. Paulo
Palácio de Yusopov
Palácio de Yusopov - Salão
Teatro de Yusopov  Palácio se S. Peterburg.
A Rússia, um país que suscita as mais controversas emoções, foi o destino do grupo de viajantes da Vera Cruz, neste ano da Graça de 2016.
Visitar a Rússia é mergulhar nas páginas da sua história, que se abrem perante nós em cada pedra que pisamos, cada palácio que visitamos, cada catedral que admiramos.
É tão vasta a sua história, quanto a dimensão do país, que duplica a área do Brasil. Na sua imensa superfície, uma parte europeia, outra asiática, confina com países como a Coreia do Norte, a China, a Mongólia, o Cazaquistão, o Azerbaijão, a Geórgia, a Ucrânia, a Bielorrússia, a Letónia, a Finlândia e Noruega e ainda o Alasca.
Para compreender a Rússia de hoje, convém conhecer um pouco da sua história que se inicia com os eslavos do leste, um grupo étnico reconhecido na Europa entre os séculos III e VIII. Fundado e dirigido por uma classe nobre de guerreiros vikings e pelos seus descendentes, o Principado de Kiev, o primeiro estado eslavo, surgiu no século IX. Adotou o cristianismo ortodoxo do Império Bizantino em 988, dando início à síntese das culturas bizantina e eslava, acabando por definir a cultura russa.