quinta-feira, 21 de julho de 2005

PIÓDÃO: o drama oito dias depois




A minha solidariedade 


Há oito dias fui conhecer, mais de perto, a Serra do Açor e algumas das suas aldeias. Saí de Arganil e parti ao encontro da Aldeia Histórica de Piódão, como neste espaço dei conta. Deliciei-me com o prazer de tocar as casas típicas, de calcorrear caminhos seculares, de falar com as pessoas, de ouvir histórias, de ler testemunhos. 
Ontem à noite e hoje não pude deixar de ficar perplexo e até comovido por sentir o drama vivido pelos moradores de Piódão, com o fogo a abafar e a querer devorar tudo e todos. Quem conhece os caminhos difíceis para lá chegar, quem recorda a impossibilidade de andar pelas encostas para defender as casas, construídas há séculos em sítios quase inacessíveis, compreende facilmente o drama vivido pelos 60 habitantes daquela Aldeia Histórica. 
Daqui, das margens da Ria de Aveiro, com o oceano à vista, solidarizo-me com o povo de Piódão, alegrando-me por não haver vítimas mortais. 

Fernando Martins

POUPAR ÁGUA É PRECISO

Posted by Picasa Água, um bem a conservar
Começou hoje uma campanha, no sentido de levar todos os portugueses a pouparem água. A grave seca que afecta o País a isso obrigou o Ministério do Ambiente a alertar toda a gente para os riscos da mesma e para a importância de poupar água. A não ser assim, estará em perigo o fornecimento desse precioso e indispensável bem.
Até ao final do mês começarão também a chegar às caixas de correio postais que aconselham a população a ter cuidado com os gastos de água durante as férias. Por isso, ninguém pode deixar a mangueira aberta enquanto lava o carro, sendo necessário evitar regar o jardim nas horas de sol. Estes são alguns dos conselhos escritos no verso dos postais. A falta de chuva nos últimos meses mostrou a todos os portugueses a fragilidade que existe na gestão da água no nosso País.
A ideia errada de que a água é um recurso abundante e barato tem levado a que seja utilizada de uma forma irresponsável. A campanha agora em curso é apoiada com fundos comunitários, pelas cinco comissões de coordenação regionais e pela Águas de Portugal. Os postais contam com o apoio dos CTT.

Um artigo de D. António Marcelino

Um coração à medida do oceano
Encantam-me as pessoas com esperança, sonhos e projectos. Deixam-me triste as pessoas que desaprenderam de olhar mais longe e de se olhar a si próprias, perdendo a consciência da riqueza que lhes vai dentro e das capacidades à espera de um investimento que nunca chega. Na vida há de todos e cada um lá vai vivendo a seu jeito.
Fomos criados para ultrapassarmos cada dia a mediania de quem se contenta com pouco e a rotina de quem se dá por instalado.
Não vejo a educação a acordar a gente nova para horizontes sem fronteiras, nem a cultivar a vontade de ir sempre mais além, com a serenidade de quem sabe esperar e a alegria de quem sabe aproveitar.
Caiu-me debaixo dos olhos um poema de Marie-Annick Retif, que é uma leitura maravilhosa da vida, identificada com barcos de histórias diferentes. Uns que não saem do porto e aí enferrujam; outros que se esquecem de zarpar, com medo do mar tumultuoso; ainda outros tão amarrados que já nem sabem olhar apara além de si e apenas marulham para se sentirem vivos e seguros; barcos ao lado de outros que afrontam o temporal e se arranham nas rotas oceânicas onde os levam os seus manejos; barcos que regressam amassados, mas dignos e fortes e sempre iguais, ainda que o sol de anos os não tenha poupado…
A poetisa conclui, olhando barcos velhinhos, mas ainda e sempre vivos: “Conheço barcos que transbordam de amor quando navegaram até ao seu último dia, sem nunca recolherem suas asas de gigantes, por terem o coração à medida do oceano.”Num fim de um domingo de muitos contactos e trabalhos, uns que traduziam sonhos realizados e outros desejos de renovar o que o tempo pode ter envelhecido, parei num lar de pessoas idosas. Familiares saíam leves e apressados de uma visita de amor ou apenas de obrigação. Entrei. Veio-me ao espírito o poema dos barcos.
Aquele salão pareceu-me, então, um porto amplo onde muitas vidas se haviam ancorado com o mistério que cada uma traduz, guarda e recorda, no silêncio de quem espera. Espera, de novo, uma visita que se repetirá daí a oito dias, um olhar que comporte afecto, um gesto que acorde vida, uma palavra que exprima amor…ou, apenas, mais uma noite longa cheia recordações e insónias, que aviva muitas dores que nunca se irão confidenciar.
Mas há sempre gente que nunca recolhe as suas asas de gigante, que teima em viver e continua a respirar o ar puro da esperança, que dá ao coração a medida dos oceanos. Vivos, sempre vivos, quaisquer que sejam os anos, as dores, as desilusões. Será sempre indecifrável o mistério que se aninha silencioso no coração de alguém que alarga a vida sempre mais e empurra, para mais longe, os anos e os trabalhos que a desgastam.
Temos necessidade de penetrar, com proveito, no mundo dos idosos que sabem viver no outono da vida, em clima e ritmo ascendente! São vidas que transbordam de amor e enchem o mundo de sabedoria e de coragem.

quarta-feira, 20 de julho de 2005

Rosto de CRISTO

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Descubra o que há neste
desenho do Rosto de Cristo

Diocese de Aveiro: nomeações para o serviço da Igreja

O Bispo da Diocese torna públicas, por este meio, algumas nomeações, ligadas ao serviço pastoral, diocesano e paroquial. Outras nomeações e indicações serão ainda feitas, a seu tempo, antes do início do ano pastoral.
Padre Francisco José Oliveira Martins, Pastoral Familiar e ISCRA.
Padre Rui Jorge Neves Barnabé, Equipa do Seminário e Pastoral Vocacional, mantendo a Pastoral Juvenil.
Padre João Paulo Sarabando Marques, pároco de Macinhata do Vouga, acumulando com Valongo do Vouga. Terá a coadjuvá-lo um diácono permanente.
Padre Manuel Mário Ferreira, pároco de Lamas do Vouga, acumulando com Trofa e Segadães.
Padre Abílio Manuel Ferreira Araújo, pároco de Torreira e S. Jacinto.
Padre Augusto Fernandes da Costa, pároco de Talhadas, Cedrim e Paradela.
Padre Alberto Nestor Camões R. Sobral, colaborador habitual das paróquias de Esgueira e Cacia, mantendo os serviços da Cúria Diocesana.
Padre António Graça da Cruz, pároco de Monte, acumulando com Murtosa e Pardelhas.
A realidade sociológica e pastoral, em ordem ao melhor aproveitamento dos agentes pastorais existentes na zona, e a tentativa de organização de uma pastoral orgânica ou de conjunto, levam à constituição de algumas unidades pastorais, integrando, para já, presbíteros, diáconos e religiosas consagradas. Unidade Pastoral de Águeda: Águeda, Barrô, Borralha, Castanheira do Vouga, Macieira de Alcoba, Préstimo, Recardães, a cargo dos Padres José Camões Rodrigues Sobral (moderador) Padre António Martins Costa Leite, que manterá a seu cargo a paróquia de Fermentelos, Padre Jorge Manuel Matos Fragoso, párocos “in solidum”, ordinando José Carlos Gabriel Pereira e diáconos permanentes Afonso Henrique Campos de Oliveira, Augusto Manuel Gomes Semedo e Francisco Cravo e Irmãs Doroteias, comunidade religiosa de Recardães.
Unidade Pastoral de Sever do Vouga: Dornelas, Rocas do Vouga, Sever do Vouga e Silva Escura, a cargo dos Padres Licínio Manuel Figueiredo Cardoso (moderador) e Carlos Shimura (Instituto dos Padres de Schoenstatt) e Irmãs da Apresentação de Maria, comunidade de Sever do Vouga.
Por motivos de idade e de saúde, foram dispensados da paroquialidade, ficando disponíveis para a ajuda pastoral que lhes for possível:
Padre António Nunes da Fonseca, a completar 85 anos em Setembro, deixa a paróquia do Monte.
Padre Joaquim Martins de Pinho, a completar 82 anos em Outubro, deixa a paróquia de Sever do Vouga.
Padre Manuel Marques Dias, a completar 77 anos em Dezembro, encontra-se, em sua casa, a recuperar de doença grave. A paróquia de Cacia, foi entregue, pelo tempo necessário, à responsabilidade do Pároco de Esgueira e de quem o coadjuva.
O Padre Ângelo Manuel Pereira da Silva, até agora pároco da Torreira e de S. Jacinto, foi autorizado, a seu pedido, a fazer, durante um ano, um experiência de discernimento, em ordem à vida monástica.

Prémio Literário Vasco Branco

Posted by Picasa Vasco Branco, artista multifacetado, patrono do Prémio Literário que tem o seu nome
A obra premiada será editada
pela Casa das Letras O “Prémio Literário Vasco Branco”, com organização da Câmara Municipal de Aveiro, destina-se a galardoar, anualmente, o melhor inédito em Língua Portuguesa apresentado a concurso até às 18.30 horas, do dia 15 Agosto. A obra premiada receberá cinco mil euros e será editada pela Casa das Letras. Os interessados devem enviar os seus trabalhos para “Prémio Literário Vasco Branco”, Biblioteca Municipal de Aveiro, Largo Jaime Magalhães Lima, Apartado 1074, 3800-156 Aveiro. Para mais informações, telefonar para 234 400 320.

Regata de Moliceiros

Beleza do Moliceiro e da Ria em destaque 

Moliceiros no Canal Central

No último sábado de Julho, dia 30, vai realizar-se a já tradicional Regata de Moliceiros, integrada na Festa da Ria. Trata-se de uma organização da Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, com sede na Murtosa, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Aveiro e da Região do Turismo Rota da Luz. Mais de três dezenas de Moliceiros deverão participar nesta Regata, que é, também, uma festa e um convívio de muitos que cultivam o gosto pelo barco típico da laguna aveirense e, ainda, de quantos apreciam a beleza da Ria de Aveiro. 
A Regata de Moliceiros inicia-se na Torreira, estando a concentração dos participantes marcada para as 9 horas. Segue-se uma missa de acção de graças pelas 10.30 horas, na Praia da Torreira, após o que haverá animação com sardinhada e jogos tradicionais. A partida, com destino a Aveiro, será pelas 14.30 horas, estando a chegada prevista para as 16 horas. 
Depois, será a corrida de Bateiras, no Canal Central, o arraial com porco no espeto e a entrega dos troféus e lembranças. Os interessados em participar devem inscrever-se na Associação dos Amigos da Ria e do Barco Moliceiro, Cais da Ribeira, Pardelhas, 3870-168 Murtosa, até ao próximo dia 25. 
A inscrição para o almoço e lanche, a que ninguém deve faltar, custa 15 euros. 

F.M.

Entrevista de Freitas do Amaral ao DN

Diogo Freitas do Amaral, ministro de estado e dos negócios estrangeiros: "Não seria estranho se saísse do Governo para ser candidato"
Num hotel de Lisboa, ao fim da manhã do passado domingo, Diogo Freitas do Amaral deu ao DN a sua primeira grande entrevista na qualidade de ministro de Estado, falando mais de política nacional do que de política externa. Mas foram os Negócios Estrangeiros que "emolduraram" a conversa de pouco menos de uma hora, que começou atrasada porque o ministro estava reunido com o seu homólogo de Cabo Verde e acabou pressionada pelo tempo, pois Freitas tinha que apanhar um avião daí a pouco.
Ao aceitar o convite para fazer parte do Governo de José Sócrates colocou definitivamente de parte a hipótese de poder ser candidato às próximas eleições presidenciais?
Eu acho que uma coisa não tem a ver com a outra. E que, portanto, o facto de ter aceite o convite para integrar o Governo não me impede a mim, como não impede nenhum outro membro do Governo, de eventualmente ser candidato a esse ou outros cargos electivos. Agora, não lhe posso adiantar mais nada sobre a questão presidencial, porque acho que não devo ser o único cidadão português a falar antes daqueles que se sabe que estão pessoalmente muito interessados em ser candidatos presidenciais. Quando esses ficam calados, acho que os outros têm o direito de também continuar calados.
Tem consciência que com essa resposta abre caminho a todas as especulações, nomeadamente a de poder daqui a um mês ou dois deixar o Governo para ser candidato presidencial.
Não abro nenhum caminho a nenhuma especulação, estou muito bem onde estou, estou a fazer uma coisa que gosto muito. Desde a última eleição presidencial, que foi a da reeleição de Jorge Sampaio, que eu decidi e tornei público que não faria nada para uma candidatura presidencial. Não fiz diligências, não fiz iniciativas, não publiquei autobiografias, não convoquei jornalistas para conversar sobre o assunto, não fiz contactos com independentes, não me reuni com antigos governadores civis, não fiz rigorosamente nada. Portanto, salvo o devido respeito, parece-me que é excesso de especulação estar sempre a pensar que eu tenho esse objectivo escondido, quando a verdade é que eu não faço rigorosamente nada para atingir o tal objectivo. Há outros que o fazem, mas eu não faço e isso quer dizer que não estou empenhado na corrida às presidenciais.
(Para ler a entrevista toda, clique aqui)

Um artigo de António Costa Pinto, no DN

"PORTUGAL HOJE"
Com Portugal, Hoje. O Medo de Existir, publicado no final do ano passado, o filósofo José Gil transformou-se numa referência do nosso Pensar Portugal durante este Inverno de todas as crises. Que melhor frase expressa a conjuntura dos últimos tempos do que esta? "Perdemos - estamos a perder uma oportunidade única. E o nosso frágil tecido económico esboroa-se dia após dia. Portugal arrisca-se a desaparecer"(p. 71).
A esta ameaça do "desaparecimento" de Portugal, tema recorrente das elites intelectuais portuguesas pelo menos desde o século XIX, junta-se talvez a mais dramática das análises que alguém pode fazer sobre uma sociedade a tentativa de encontrar no passado factores de bloqueamento a qualquer mudança. José Gil não deixa grande margem de manobra a actores sociais, políticos e económicos. As heranças culturais, que a longa duração do salazarismo consagrou, armadilham qualquer "inscrição" da mudança e impedem-nos de ser uma democracia moderna, como as outras. "Em Portugal nada se inscreve, quer dizer, nada acontece que marque o real, que o transforme e o abra. É o País por excelência da não inscrição" (p. 43).
José Gil apresenta um retrato pessimista da sociedade portuguesa que quadra como uma luva no senso comum de uma parte importante das elites. Retirando alguma das suas dimensões conjunturais (o santanismo já não é Governo), a obra filia-se numa tradição ensaística que estava arredada do campo universitário. O autor acha que se aproxima da História das "Mentalidades", mas diz que o campo é indefinido. Ensaísmo, no melhor sentido da palavra, parece-me mais apropriado para caracterizar a obra e aqui começam os problemas. A grande alavanca de identificação com este Portugal Hoje é a facilidade com que qualquer leitor adere a muitas das características que Gil apresenta dos "portugueses" e das "inércias" herdadas do passado "irresponsabilidade, medo que sobrevive a outras formas, falta de motivação para a acção, resistência ao cumprimento da lei, etc., etc." (p. 43). Mas o facilitismo discursivo que atravessa algumas partes do ensaio e a ausência de alternativas merecem crítica, até pelo respeito intelectual que tenho pelo autor.
A primeira crítica é a da quase total ausência da integração no ensaio da já extensa produção das chamadas "ciências sociais" sobre a mudança social e política de Portugal. Era possível ignorá-la 20 anos atrás, mas não hoje. Sabemos agora muito mais sobre o que mudou e não mudou na sociedade portuguesa. O que foi "inscrito" e "não inscrito". Quais a consequências de não ter sido decidido isto ou aquilo. O que é que as elites são e que pensam disto e daquilo, o que bloqueou o desenvolvimento e o que o abriu. Ora quase nada deste património é integrado neste pessimismo culturalista de Gil e os exemplos abundam os portugueses vivem ainda com "o medo" herdado do salazarismo, "que sobrevive com outras formas"; e é este medo "que impede a crítica". Quem é que lhe disse isso? Qualquer estudo de opinião não o confirma, antes pelo contrário. "Portugal conhece uma democracia com baixo grau de cidadania e de liberdade" (p. 41). Sem dúvida, sobretudo no primeiro caso, mas que factores é que a caracterizam, e explicam? Já sabemos muito mais do que Gil escreve e a mera constatação ajuda pouco.
A segunda é a ausência de relativismo comparativo na análise. A obsessão com Portugal fá-lo cair num estranho "nacionalismo analítico". Tudo é diferente em Portugal. Aqui até o falar é diferente. "Os portugueses não sabem falar uns com os outros, nem dialogar, nem debater, nem conversar", saltitam de um assunto para o outro e não sabem ouvir. E onde é que ouvem todos? Qual é a referência? Mais, menos, um bocadinho mais, um bocadinho menos? Sem comparação mergulhamos no absoluto.
A terceira crítica remete para a quase inexistência de autonomia das decisões que provocam uma "inscrição". No pessimismo de Gil não há lugar para variações. Ainda há poucos dias na sua crónica neste jornal, só para dar um exemplo, o eng. João Cravinho salientava um estudo que correlacionava alfabetização no século XIX com o sucesso económico no seguinte. Um tema clássico da nossa História Contemporânea porque é que o nosso liberalismo nos fez chegar a 1900 com 80% de analfabetos e que impacto essa decisão teve?
Um conhecido politólogo norte-americano, Robert Putman, escreveu um livro fascinante, onde tentava responder ao clássico problema da profunda divergência económica Norte-Sul em Itália. O seu ponto de partida foi a regionalização aprofundada em 1970. Porque é que com os mesmos fundos as municipalidades do Sul continuaram mal e as do Centro Norte bem. Putnam recua alguns séculos para explorar a hipótese segundo a qual o Centro Norte, por razões que não cabe aqui explicar, já tinha no século XVI uma rica sociedade civil e um grande capital social, e isso não se cria em 20 anos com fundos estruturais.
Aqui a História condiciona para bem e para mal, mas para Gil ela é uma canga que não dá margem a mudança. Ainda que muito do diagnóstico de José Gil seja fascinante, o método parece-me representar um recuo preocupante para um ensaísmo sem ancoragem analítica no que de melhor tem sido escrito sobre a sociedade portuguesa.

terça-feira, 19 de julho de 2005

Descobertas de férias

Posted by Picasa Livro do Dr. Vasco de Campos
O João Semana da Serra do Açor As férias, para além de tudo o que nos oferecem, ainda nos podem levar à descoberta de curiosidades. Tenho por hábito descobrir gente que escreve e outros artistas não tão conhecidos como mereciam. Longe dos grandes centros e das tertúlias culturais, quantos escritores, por exemplo, não chegam aos escaparates das livrarias e às apostas das grandes editoras. Mas nem por isso deixam de mostrar as suas artes, que são reflexos de vidas plenas entre o povo anónimo que servem ou serviram. Na Serra do Açor, que atravessei em dia de férias, como já assinalei, encontrei um escritor desses, que se mantém na memória das gentes a quem se deu, como médico, qual João Semana que Júlio Dinis tão bem cantou nas “Pupilas do Senhor Reitor”. É ele Vasco de Campos, natural da Ponte das Três Entradas, concelho de Oliveira do Hospital, onde viu a luz do dia em 2 de Julho de 1904. Faleceu na mesma freguesia no dia 17 de Julho de 1991, mas ficou sepultado na vila de Avô, onde trabalhou como médico municipal. Poeta sensível, Vasco de Campos também legou à literatura páginas bonitas das suas vivências como médico do povo perdido pelas serranias de Açor. Ao jeito de “Retalhos da vida dum médico” do também escritor Fernando Namora. Dele diz o antigo Presidente da Assembleia da República António de Almeida Santos, que “morre, com o Dr. Vasco de Campos, a mais perfeita incarnação do médico de família. (…) Ele foi o verdadeiro apóstolo do bem que se faz e não do bem que se prega. E do bem que se faz sem alarde e do sacrifício que se aceita, sem queixume, antes com alegria. Nessa medida, imagino-o, por entre as dores com que a sorte tão duramente o puniu, um homem em paz consigo.” E a terminar o seu depoimento sobre o médico da Serra do Açor, Almeida Santos conclui deste modo: “São homens destes que justificam a esperança no futuro do Homem. Semeemos a sua memória nos nossos corações e confiemos numa boa colheita de bondade.” Fernando Martins Um poema de Vasco de Campos SERRA! A minha despedida Serra do meu destino, Por onde andei Entre urzes em flor E giestais doirados! Altar alpestre Onde rezei A via-sacra Dos meus cuidados! Ínvios caminhos Que percorri Em missão de amor; Cireneu do povo, Estranho sonhador! Moléstias que curei… Dores que aliviei… Lágrimas que evitei… Eis o penhor Que irei depor Aos pés de Cristo, Pedindo perdão Por Lhe dar só isto!

Enciclopédia sobre Fátima

Posted by Picasa Santuário de Fátima Antes da celebração dos 90 anos das aparições
Antes da celebração dos 90 anos das aparições de Fátima (em 2007) será editada uma enciclopédia sobre Fátima. Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa e um dos directores da obra, referiu que a publicação já está em “elaboração há alguns meses” e “terá cerca de 100 entradas sobre o tema central”. A enciclopédia terá, também, como director o Pe. Luciano Cristino, que abordará vários áreas: lugares, personagens, arquitectura, pintura....
Editada pela «Principia» e com cerca de 500 páginas, a enciclopédia contará com a colaboração de algumas dezenas de especialistas: D. José Policarpo, Manuela de Carvalho, Luciano Guerra, Paulo Fontes, Peter Stiwell etc.
Ainda no âmbito das publicações, o quinto volume sobre a Documentação Crítica de Fátima sairá durante o presente ano. Este volume incluirá a documentação do período de 5 de Agosto de 1920 (entrada do bispo D. José Alves Correia da Silva na diocese de Leiria) a 3 de Maio de 1922 (início do processo canónico diocesano sobre os acontecimentos de Fátima).

Um artigo de Francisco Sarsfiel Cabral

Insustentável
Antes e depois de terem ganho as eleições, os socialistas multiplicaram-se em declarações salientando a importância da economia e o mero carácter instrumental do problema do défice das contas públicas. Após as primeiras medidas de contenção orçamental, decorrentes da "surpresa" do relatório Constâncio, surgiu o anúncio de grandes investimentos, para animar a malta. Ora a economia está de novo em foco, não por causa da Ota ou do TGV (que não parecem suscitar grande entusiasmo, pelo contrário), mas pelos piores motivos o Banco de Portugal traçou na semana passada um quadro negro da economia portuguesa.
Não são apenas as revisões em baixa do crescimento económico. Crescimento que se aproxima do zero, depois da recessão e da falhada retoma. O pior está na incapacidade para produzir e competir. As exportações de bens perderam 4% de quota de mercado em 2004. O consumo das famílias aumentou muito no primeiro semestre do ano passado, descendo a poupança. Mas a produção interna não respondeu. Resultado subida em flecha das importações. Depois o consumo esmoreceu e economia estagnou.
Entretanto, o rendimento disponível dos portugueses lá vai subindo alguma coisa, apesar de ter abrandado o crescimento dos salários. As transferências do Estado (pensões, subsídios de desemprego, comparticipações em medicamentos, etc.) já representam 28% desse rendimento (nada menos de 46% das despesas públicas são transferências). E depois há o endividamento, que, com o actual juro baixo, tem permitido muitos gastos. Quando os juros subirem será um aperto. E se a produção nacional não for capaz de se tornar competitiva, será o empobrecimento gradual. O nosso nível de vida é insustentável sem um grande salto na produtividade. Para já, não se avista qualquer luz no fundo do túnel.

Um artigo de António Rego

A sopa de pedra mal misturada
A Europa precisa voltar ao sofá e recapitular as histórias mágicas da sua infância. Sem saltos nem subterfúgios. Reconhecendo o que de glória e grandeza compôs a sua história, bem como o que marcou ao rubro os seus maiores erros. Foi uma civilização, uma cultura, uma fé, uma viagem de irradiação para o resto do planeta que alterou a configuração da terra. E um choque, quase sempre saudável, com culturas e expressões de fé que levaram ao mundo o melhor que era e tinha, e recebia uma espécie de retorno híbrido das ideias e factos mais marcantes do planeta. Oriente e Ocidente por ela se cruzaram. Sul e Norte daqui partiram e aqui reaportaram. Duas guerras no século XX puseram o mundo inteiro à bulha com os mais vergonhosos holocaustos de que há memória.
É o despertar desta letargia pós - traumática que inspira os maiores esforços de união na Europa, ainda que em princípio se tenha parecido mais com um acordo de mercado. Mas não se tratou apenas duma pura parceria económica. Foi talvez mais um rebate de consciência perante os destroços difíceis de juntar e reciclar num Continente velho, rico e complexo, cruzado com todo o mundo e com contratos assinados com meio mundo para a “construção civil” que se tornava imperiosa.
Os “trolhas” vieram, instalaram-se, primeiro em pocilgas periféricas, depois comparam casas, tiveram filhos e são hoje cidadãos de pleno direito. Tudo certo. Pura justiça, elementar direito. Só que o emigrante nunca esquece a sua terra, a sua cultura e o xadrez em que joga os seus valores. Torna-se, por vezes, um híbrido nem sempre do melhor que os pólos do longe e do perto, passado e do presente, facultam.
Os atentados de Londres não estão longe desta história. Não pertencem apenas a um longínquo vago. Podem ter eclodido a partir duma sopa de pedra mal misturada onde o melhor de cada história e cultura foi deitado fora. Quem atira a primeira ?

segunda-feira, 18 de julho de 2005

CÁRITAS DIOCESANA DE AVEIRO PROMOVE COMUNIDADE CIGANA

Posted by Picasa Diácono José Alves NOVAS SENDAS abrem novos horizontes
"NOVAS SENDAS" é um projecto dinamizado pelas Cáritas Diocesana de Aveiro e destinado à promoção das comunidades ciganas dos três Bairros do lugar de Ervideiros, às portas da cidade. Insere-se no Programa Operacional de Emprego, Formação e Desenvolvimento Social e propõe-se "ir ao encontro das populações locais em situação de dificuldades e de exclusão social", garantiu ao SOLIDARIEDADE o diácono permanente José Alves, presidente da Cáritas Diocesana.
(Para ler toda a entrevista, clique SOLIDARIEDADE)

Nas férias, dê espaço a Deus

As férias, de ricos e de pobres, não podem ser apenas diversão e descanso
As férias, de ricos e de pobres, não podem ser apenas diversão e descanso. Nem só cultura, com leituras, música, convívio com a natureza e conversas com amigos e familiares. O encontro com Deus também pode e deve ser uma opção para os crentes e até para os indiferentes e não crentes que ainda não desistiram de O descobrir. A pastoral de férias, dinamizada pelo Bispo de Aveiro nas praias e termas da área diocesana, pode ser uma excelente oportunidade para sentir Deus e para com Ele se dialogar, com mais serenidade, no sentido de O associar à vida. D. António Marcelino, que há muitos anos vai até junto dos veraneantes, sejam eles seus diocesanos ou de outras dioceses, sabe e sente, decerto, que há sempre alguém disposto a ouvi-lo e a conversar com ele, precisamente em tempo de férias, altura em que, se todos quiserem, há horas para tudo. Também para Deus. F.M.
D. António Marcelino Bispo de Aveiro anima
pastoral de Verão O Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, vai animar, no mês de Agosto, à semelhança dos anos anteriores, a pastoral de Verão, nas praias e termas da área diocesana. O tema a desenvolver neste Ano da Eucaristia será, naturalmente, “Depois da Eucaristia, o que se espera do cristão que nela participou?”. Valores que comporta, atitudes que inspira e propósitos que suscita também serão motivo de reflexão e de diálogo com D. António Marcelino, esperando-se a participação de muitos veraneantes e residentes, nos dias indicados a seguir: TORREIRA - Celebração da Eucaristia: 6 e 7 de Agosto - Encontro de reflexão: 10 de Agosto S. JACINTO - Celebração da Eucaristia: 7 de Agosto PRAIAS DA BARRA E COSTA NOVA - Celebração da Eucaristia: 13 e 14 de Agosto - Encontro de reflexão: Praia da Barra, 17 de Agosto; Costa Nova, 18 de Agosto TERMAS DA CURIA (Junta de Turismo) - Encontro de reflexão: 11 de Agosto e 25 de Agosto PRAIA DA VAGUEIRA
- Celebração da Eucaristia: Igreja da Boa Hora, 20 de Agosto, 19 horas - Encontro de reflexão: Praia, 24 de Agosto NB: As celebrações são às horas habituais; os encontros são às 21.30 horas.

UNIDOS PELA EUROPA

Precisamos de uma Europa preparada para o futuro
“Por estes dias terão já começado as férias de Verão em muitos países. Muitos de nós desfrutamos as belezas da nossa Europa, sem controlos fronteiriços e, em muitos casos, sem sequer ter de trocar divisas. Não será esta porventura uma ocasião prática para avaliarmos como todos podemos beneficiar com a União Europeia? Eis uma coisa a que não queremos, seguramente, renunciar. Temos de aproveitar a oportunidade que nos oferece esta Europa comum e unida, para assumir as nossas responsabilidades para com as gerações vindouras.” Os Presidentes de Portugal, Jorge Sampaio; da Alemanha, Horst Köhler; da Áustria, Heinz Fischer; da Finlândia, Tarja Halonen; da Itália, Carlo Azeglio Ciampi; da Letónia, Vaira Vike-Freiberga; e da Polónia, Aleksander Kwasniewski subscreveram, em conjunto, de forma inédita, um texto sobre a União Europeia, que foi publicado nos respectivos países. Os Presidentes reconheceram que a maioria apoia o projecto europeu, mas “está descontente com a forma como este se tem vindo a desenvolver”, sentindo-se “excluída não só das decisões mais relevantes para o seu futuro, como das que têm incidência directa no seu dia-a-dia”. Dizem que os principais assuntos europeus “não são suficientemente debatidos antes de as decisões serem tomadas”, enquanto denunciam que “os altos níveis de desemprego e o fraco crescimento económico levam a que muitos cidadãos estejam preocupados com o seu futuro”. Reclamam que a nossa prioridade deve ser “a de melhorar a confiança nas políticas europeias”, assegurando que “são claros para todos os cidadãos os benefícios que a integração encerra, o funcionamento da União Europeia, as suas realizações, o rumo que segue e a sua razão de ser”. O texto conjunto lembra os momentos difíceis que a Europa atravessa, mas assegura que “não há nenhum motivo para duvidar da bondade do projecto europeu”. Por isso, sublinha que a “União Europeia trouxe aos Estados e aos povos que congrega: uma crescente prosperidade e uma força económica que permitem influenciar a globalização, mas também a liberdade, variadíssimos direitos e, acima de tudo, a segurança, longe da guerra e da opressão”. Depois de referirem que a União Europeia é mais do que uma zona de comércio livre, os Presidentes frisam que chegou o momento de ponderar serenamente sobre a forma de dar rumo ao navio europeu, pelo que precisamos: - de uma União Europeia mais democrática, mais transparente e mais eficiente, não só no nosso próprio interesse, mas também para afirmarmos o nosso lugar na globalização; - de mecanismos que promovam a participação dos cidadãos no projecto europeu, associando-os à sua concretização e aos seus progressos; por conseguinte, devemos reflectir sobre a forma de possibilitar aos cidadãos europeus exprimirem-se em conjunto sobre as questões europeias; - de uma cooperação mais estreita em matérias de segurança e do combate ao terrorismo, como os recentes ataques terroristas vieram demonstrar uma vez mais; - de uma maior disponibilidade para fazer concessões e de nos mostrarmos mais solidários. Aqui reside a pedra angular do projecto europeu, que, também ela, interessa a cada um dos Estados-membros; - de uma Europa preparada para o futuro, através do investimento no que faz a força da Europa: inovação, comunicação, educação e investigação. Há que examinar as nossas contribuições para Bruxelas e a forma como são gastas. É necessário – e consegui-lo-emos – obter um acordo atempado nesta matéria. Aproveitemos o período de reflexão e não percamos a coragem, dando ao invés provas de tenacidade e de engenho. Fernando Martins

Um livro de Maria de Lourdes Pintasilgo

“PALAVRAS DADAS” Não tenho por hábito falar ou escrever sobre livros (ou do que quer que seja) que não conheço. Porém, não resisto à necessidade que sinto de escrever sobre uma MULHER (com letras maiúsculas, como se vê) que muito admirei: Maria de Lourdes Pintasilgo. Hoje e só porque foi lançado um livro, “PALAVRAS DADAS”, que inclui textos por si escritos antes da sua morte.
A obra foi apresentada em Lisboa, como revela António Marujo, no “PÚBLICO”, e merece, decerto, ser lida por toda a gente que cultiva e vive o gosto pela justiça, pela solidariedade e por uma nova ordem social, que ela tanto proclamou e defendeu, ao longo da sua vida, quer entre nós, quer em grandes organizações internacionais, que liderou ou nelas se empenhou vivamente. “PALAVRAS DADAS” é, no fundo, um conjunto de temas diversos, nomeadamente: ética, religião e teologia; problemas sociais, económicos e políticos; engenharia, música ou poesia, “lutas, conseguimentos e inquietudes”; países visitados e revelações históricas contemporâneas. No dizer de Rui Vilar, presidente da Fundação Gulbenkian, que apresentou a obra, “PALAVRAS DADAS” mostra o “desassombro da franqueza” de Maria de Lourdes Pintasilgo. Mas ainda sublinhou que a antiga primeiro-ministro de Portugal soube “viver este tempo de mudanças rápidas e profundas”, conciliando “energia e lucidez perante a pressão das escolhas”, e antecipando “novos caminhos e novas alternativas para os problemas que persistem”, pôde ler-se no “PÚBLICO” de sexta-feira. Fernando Martins

Quem marca a agenda dos media?

Quem marca a agenda dos jornais, rádios e televisões? Por que é que as notícias são tão semelhantes em todos os media? E o que explica que as mesmas notícias sejam tantas vezes repetidas em diversos espaços informativos, nos mesmos canais de televisão? Por que é que o jornalismo de investigação quase desapareceu das redacções? Este é o tema central do próximo CJ na TV, a transmitir 2.ª feira, dia 18, às 23 e 30, com repetição na 5.ª feira, dia 21, às 15 horas. O debate, moderado por Estrela Serrano, conta com a presença do jornalista e investigador Dinis Alves, do editor da RTP Fernando Barata e do editor do "Jornal de Notícias" Paulo Martins. Em depoimentos gravados juntam-se ao debate, Ricardo Costa, director de Informação da SIC Notícias, e António Pratas, chefe de Redacção da TVI. Marcar a agenda dos media constitui, nas sociedades mediatizadas dos nossos dias, uma forma de poder, porque se os media não nos dizem como pensar dizem-nos, pelo menos, sobre o que pensar. Com base em casos concretos, de notícias tratadas por jornais nacionais e regionais, retomadas depois pelas televisões, por vezes sem menção da fonte, são discutidos os critérios que orientam as escolhas dos jornalistas sobre o que é notícia. O funcionamento das redacções, as rotinas na produção de notícias, constrangimentos de tempo, redução de custos, mobilidade das audiências são algumas das razões apresentadas como podendo explicar os mimetismos verificados nas agendas dos media. Opiniões de jornalistas de televisão sobre esses mimetismos e sobre a maneira como vêem o seu trabalho, as críticas que recebem, a sua origem e a atenção que lhes dedicam, a capacidade de iniciativa no tratamento de temas e o papel das chefias, são outros aspectos do problema, analisados no debate.

sexta-feira, 15 de julho de 2005

FOTOS DE FÉRIAS - 11

Museu do Piódão: Gerador eléctrico 

Gerador movido a vento 

No Museu do Piódão, pode ser apreciado um gerador para produção de energia eléctrica, movido pela força do vento. Foi um antepassado das modernas torres eólicas, que já se vêem pela Serra do Açor e por muitas outras. Diz-se que servia no Piódão para alimentar as poucas telefonias que existiam na aldeia.

FOTOS DE FÉRIAS - 10

Posted by Picasa Piódão: Igreja Matriz Igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição
A igreja matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, ostenta uma fachada principal muito original, com quatro torres, encimadas por cones, que lhe emprestam uma beleza rara. Com senão, o facto de não ser visível o material da região, o xisto, bem patente nas demais construções da aldeia.

FOTOS DE FÉRIAS - 9

Piódão: Casa imponente com vários pisos


Casas imponentes

O casario de Piódão não se limita a casas simples. Por aqui e por ali há casas imponentes de vários pisos, que indiciam uma classe mais abastada da aldeia.

FOTOS DE FÉRIAS - 8

Posted by Picasa Piódão: casas dispersas Casas dispersas
Para além do aglomerado, há casas um pouco dispersas que mantêm a mesma originalidade. A aldeia não se limita ao aglomerado histórico.

FOTOS DE FÉRIAS - 7

Posted by Picasa Piódão: rua estreita Rua estreita
As ruas, por onde o visitante pode e deve circular, são estreitas e empedradas. Onde é possível, a vegetação consegue nascer e viver no meio das pedras.

Núcleo Museológico do Piódão

Posted by Picasa Um aspecto do museu As raízes de um povo entroncam
na sua memória colectiva Fazer turismo, para mim, é passar obrigatoriamente, com olhos de ver e ouvidos para ouvir, pelos museus, é visitar e apreciar monumentos, é conhecer a história das povoações, é indagar das suas raízes. No Piódão, não podia deixar de visitar o Núcleo Museológico e de contemplar todo o seu acervo, como quem saboreia delicioso petisco. “As raízes de um povo entroncam na sua memória colectiva”, lê-se no desdobrável promocional do Núcleo Museológico, e é verdade. Quem não entender isto não vai longe no seu amor à terra em que nasceu. Mas o povo de Piódão sabe que, para construir o seu presente e o seu futuro, não pode prescindir do seu passado colectivo. E para mostrar a importância desse passado, tem o seu Museu, que a Câmara Municipal de Arganil ajudou e ajuda a manter, com todo o rigor etnográfico. O Núcleo Museológico fica logo à entrada da povoação, no Largo Cónego Manuel Fernandes Nogueira, que foi pároco e em Piódão fundou um colégio, que funcionou entre 1886 e 1906. Este colégio, que muitos consideram ter sido também um Seminário, foi um grande centro cultural que serviu toda a região. O espaço museológico está organizado em três núcleos temáticos: “ Olhar dos Outros”, isto é, o modo como os artistas (pintores, escritores, escultores, entre outros) sentiram e sentem estas terras e estas gentes, a serra e os seus recantos; “Uma História cheia de Estórias”, onde mouros e bandidos, médicos e mestres barbeiros, ali são recordados; e “Vida Quotidiana (A casa e a terra)”, com as tradições, os usos e costumes e o modo de vida das pessoas, como testemunho de tempos distantes e … também não muito distantes. No mesmo desdobrável, leio que “uma cultura só permanece viva enquanto houver um conjunto significativo de actos, objectos e histórias reconhecíveis por todos como pertencendo a um legado comum. Esta herança identitária (…) é a base da coesão comunitária, o cimento sobre o qual se podem, com segurança, erguer os alicerces que estão para vir”. Concordo. Fernando Martins Dois registos, patentes no Museu: Piódão, 7 de Abril de 1991 “Com o protesto do corpo doente pelos safanões tormentosos da longa caminhada, vim aqui despedir-me do Portugal primevo. Já o fiz das outras imagens da sua configuração adulta. Faltava-me esta do ovo embrionário” Miguel Torga, in Diário XVI
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E agora Que o frio Deixou vazio Todo o espaço… O traço do tempo Que vejo e vedes Fica mais claro Por detrás destas paredes Agora Deuses da montanha Adormecidos Sem lamentos Dizei-nos da vossa luz Soprai-nos dos vossos ventos Hélio Gomes (Poeta e escultor)

PIÓDÃO: Aldeia Histórica que merece uma visita

Aspecto da aldeia

Passagem obrigatória 
para turista que preza a cultura

De Arganil, rumei a Piódão, uma Aldeia Histórica que é uma referência nacional. Foram 41 quilómetros, por estrada que serpenteia a Serra do Açor, do cimo da qual se pode apreciar um panorama único, pela verdura que o enche e pelos desfiladeiros que atemorizam o viajante mais destemido. Por aqui e por ali, casebres abandonados, de xisto, e, lá no alto, as torres que aproveitam a energia eólica. Nem vivalma pelo caminho. Apenas a serenidade e a beleza do ambiente, o ar puro que desentope os brônquios e a alma a sentir-se livre e a querer voar para chegar ao infinito. Depois, ao longe, ao virar de uma esquina serrana, meta à vista, com o casario da aldeia, como um bloco único de xisto.
Piódão é uma aldeia que não pode deixar de fazer parte de qualquer roteiro turístico para quem busca raízes ancestrais. A fundação do povoado data de 1676 e mantém, ainda hoje, as características da região, com uma fidelidade que impressiona. Povoamento concentrado de montanha, numa encosta e em ladeira, casas de xisto, ruas pedestres estreitas e tortuosas, regatos que escorrem por leito de pedra, flores e hortas em recantos aproveitados, tudo nos mostra o labor harmonioso de gente que através de séculos e séculos ali se fixou.
Hoje, Piódão tem apenas 60 moradores, seis dos quais são crianças com idades compreendidas entre os 2 e os 4 anos. A Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico, que no presente ano lectivo teve um só aluno, filho do próprio professor, dali natural, vai encerrar. Mas a vida continua na aldeia, com gente que emigra e que volta, com gente que a visita, que o turismo, agora, é uma das principais fontes de receita.
Nesta aldeia histórica, servida por ligações rodoviárias, há alojamentos, cafés e restaurantes, onde ainda é possível apreciar o cabrito assado e a chanfana, tendo a tigelada, o pão-de-ló, as filhós e os coscoréis como boas sobremesas. O licor de mel e a aguardente de medronho, que dizem ser bons digestivos, e o mel, de produção regional e local, são excelentes.
Durante os percursos turísticos, feitos por ruas e ruelas, de empedrados irregulares, podemos apreciar, para além do casario que domina tudo, a Capela das Almas (1852), a Capela de São Pedro (1838), padroeiro da povoação, a Capela de São João (da primeira década do século XVII), e a Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, edifício setecentista, que foi reconstruída no século XIX, tendo como autor do projecto o Cónego Manuel Fernandes Nogueira. Junto à matriz há casas datadas de 1869.
Como curiosidade história, aponta-se o facto de Diogo Lopes Pacheco (estes apelidos ainda hoje existem na aldeia), conselheiro de D. Afonso IV e que contribuiu para o assassínio de D. Inês de Castro, se ter refugiado em Piódão. Também se diz que o célebre salteador e assassino João Brandão, que atacava de noite os povos da região, se escondia de dia em casa do pároco.
O Núcleo Museológico do Piódão, que merece um texto à parte, é lugar de passagem obrigatória para o turista que preza a cultura.

Fernando Martins


quinta-feira, 14 de julho de 2005

FOTOS DE FÉRIAS - 6

  
Aspecto do "Consultório" do Dr. Adolfo Rocha

No Hospital de Arganil procurámos o “Consultório” do Dr. Adolfo Rocha. Não foi difícil. Já sabíamos que ele estava lá, mas não sabíamos em que espaço. À nossa pergunta, uma transeunte respondeu logo: "No portão de ferro, lateral, logo à entrada, lá encontra o “Consultório” de Miguel Torga." E assim foi. Quem conhece a obra de Miguel Torga, sabe que ele trabalhou em Arganil alguns anos e que sempre ficou indelevelmente ligado à terra e suas gentes. A foto mostra o possível e na base, em placa explicativa, pode ler-se: 

“Material doado pelo Doutor Adolfo Rocha (Miguel Torga) 
ao Hospital de Arganil, onde trabalhou muitos anos.”

FOTOS DE FÉRIAS - 5

Posted by Picasa Busto do Dr. Fernando Vale
O Dr. Fernando Vale, falecido, no ano passado, com 104 anos, foi fundador do PS e seu presidente honorário. Médico respeitado por todos, foi também lutador antifascista e arauto de causas justas, o que fez dele um símbolo da dignidade e da frontalidade cívicas. O seu busto recebeu uma frase cheia de significado do também médico e escritor Miguel Torga, que reza assim: “Nenhuma prepotência o vergou e desviou do recto caminho cívico da justiça e da liberdade.”

ARGANIL: um pedaço do nosso passado

Rua de Arganil
Arganil, com registo de nascimento anterior à nacionalidade portuguesa (o seu primeiro foral data de 1114 e foi-lhe concedido por D. Gonçalo, Bispo de Coimbra), é um pedaço do nosso passado colectivo e da nossa cultura. A sua beleza é indiscutível, ou não fosse a vila envolvida por serranias a perder de vista, com penhascos de recorte caprichoso a oferecerem-lhe e a oferecerem-nos paisagens inesquecíveis. 
Da sua história, respigamos a necrópole megalítica da Lomba do Canho, que uma guarnição romana ocupou muitos séculos depois, o Mosteiro de Arganil, de que se fala desde 1086, as festas e inúmeros monumentos de épocas diversas, e a gastronomia, de sempre: o cabrito assado, o arroz de miúdos, o pão caseiro e a tigelada, decerto criada no Mosteiro de Folques, no século XVII. 
Logo à entrada, recebe-nos a capela de S. Pedro (dos finais do século XIII), verdadeira jóia do Gótico. Fechada ao público, só pudemos apreciar o seu exterior, o mesmo tendo acontecido com a matriz. Já a igreja da Misericórdia, pequena e bonita, com o seu altar e trono a surpreenderem-nos pela singularidade da beleza que ostentam, encantou-nos. Um órgão de tubos, enorme em relação ao templo, afinado e com óptimo som, como nos testemunhou uma devota residente, e o púlpito de antanho exibem o cuidado com que tudo ali é tratado. 
Arganil foi, para nós, terra de passagem, em busca de aldeias históricas. Mas nem por isso quisemos deixar de apreciar o possível. Vimos, então, na zona mais antiga, ruas estreitas, como mandavam as exigências dessas épocas, com gente que ciranda, por aqui e por ali, como nós, que compra e vende, que descansa em esplanadas olhando o burburinho e o corre-corre de muitos, cruzando pequenas mas acolhedoras praças. 
Passagem obrigatória para quem gosto de coisas do nosso passado colectivo é o Museu Etnográfico de Arganil, paredes-meias com o posto de turismo e integrando a Casa Municipal da Cultura. Este projecto nasceu na Câmara Municipal e teve como finalidade “salvar do esquecimento e do pó (para benefício das gerações futuras) as raízes culturais desta região – os hábitos e os objectos que formam a memória colectiva dos povos da Beira Serra”, como se lê em folheto promocional. 
O espaço museológico é preenchido por diversos temas: O Ciclo da Subsistência (Agricultura e criação de gado), A Vida Familiar (A casa), A Sobrevivência económica (Artes e profissões tradicionais) e Últimas décadas (A agonia da Serra). Existe, ainda, uma área destinada a exposições temáticas temporárias. Depois, e sempre a correr, fomos à cata do Dr. Fernando Vale e de Miguel Torga. 

Fernando Martins

Para que acreditem e tenham a vida

Orientações para a catequese actual da Conferência Episcopal Portuguesa
1. INTRODUÇÃO: A RENOVAÇÃO DA CATEQUESE.A renovação dos catecismos que, neste momento, se torna urgente, leva-nos a tomar consciência da necessidade de esclarecer a identidade da catequese que pretendemos pôr em prática. Os catecismos são instrumentos para fazer catequese. Para definir as características dos catecismos, precisamos de esclarecer também a obra que queremos realizar com eles e o contexto em que devem situar-se, ou seja, a educação da fé que conduza ao crescimento da vida cristã.
A catequese encontra-se, há várias décadas, num processo de renovação de forma a responder às profundas mudanças do contexto cultural. Como declarou o Sínodo de 1977: “A renovação da catequese é um dom do Espírito Santo concedido à Igreja nos dias de hoje” (CT3). Verificou-se, primeiramente, a nível pedagógico, integrando os métodos activos, procurando uma relação mais forte com a vida, adoptando os áudio - visuais, prestando maior atenção à dinâmica do acto catequético. Depois, sobretudo com o Concílio Vaticano II, renovaram-se também os conteúdos doutrinais, seguindo a perspectiva da história da salvação e acompanhando o ritmo do ano litúrgico. A catequese torna-se mais bíblica e mais ligada à experiência dos catequizandos e das comunidades. Como regista o Directório Geral de Catequese: “Os trinta anos decorridos desde a conclusão do Concílio Vaticano II até aos umbrais do terceiro milénio constituem, sem dúvida, um tempo extremamente rico de orientações e propostas para a catequese. Foi um tempo que, de alguma maneira, recuperou a vitalidade evangelizadora da primeira comunidade eclesial; foi um tempo que relançou oportunamente o ensinamento dos Padres e favoreceu a descoberta do antigo catecumenado” (DCG 2).
(Para ler o texto na íntegra, clique aqui)

Um artigo de D. António Marcelino

Este país onde tudo chega mais tarde…
Tudo, isto é, a feira internacional da pornografia, o desfile público dos homossexuais e das lésbicas e o casamento dos mesmos, o aborto “a la carte”, a informação sexual sem tabus, os jornais mais respeitáveis a fomentar a prática da prostituição fina e segura…
O que pode passar sem lei ou torneando a lei, não se atrasa. O que se julga ser exigência de uma modernidade arbitrária e sem regras, vai aparecendo, mais ou menos como facto consumado. O que tem interesses a explorar de qualquer ordem, se tarda, já vem a caminho.
Entretanto, os pobres aumentam, os casamentos desfazem-se mal nascem, o aproveitamento escolar não melhora, a tentação do supérfluo leva a perder o necessário, as relações sociais encrespam-se e edificam-se, por todo o lado, estátuas com pés de barro.
Entre nós, a diferença vai deixando de ser riqueza. Rico passou a ser o que é igual ao de lá de fora, e chegou aí por força de um mimetismo empobrecedor, das misérias que destroem pessoas e já desagregaram povos. Cada vez se faz mais importação daquilo que não presta, e se deixa, sem préstimo, o que, de seu natural, é bom.Em relação ao que afecta as pessoas por dentro, pensa-se cada vez menos e cresce o número dos que vão fugindo ao incómodo de ser livres e de reflectirem e optarem por si. Alguns meios de comunicação social ajudam, cada dia, este empobrecimento colectivo, calando o que vale e dando valor ao lixo. Muitos dos que escrevem, também já não pensam. Parecem autómatos teleguiados, dependentes de quem lhes dá o pão a ganhar. Ou, se pensam, é sempre e só numa direcção.
Há actividades em que a liberdade é cada vez mais cara e a subserviência mais evidente. O plano está muito inclinado e o deslize, ainda que imperceptível, é permanente e inevitável.
Quem comanda o processo? Os papagaios do regime, que dizem, desdizem, contradizem e dançam conforme a música; os grupos de pressão, normalmente minoritários, comandados por interesses que já são mais do que conhecidos; os dirigentes de organizações de classe, que perderam o sentido do conjunto nacional e só olham para dentro; os “videirinhas” que se sabem aproveitar das situações para subir ou acumular bens. Há ainda os instalados que não querem perder nada e estão sempre de acordo com quem os favorece. Por fim, os críticos profissionais, que nada fazem para dar novo rumo ao “sistema” de que fazem parte e os vai minando.As consequências desastrosas de tudo isto são abafadas, o bem comum deixa de ter sentido, o que resta de bem vai-se a pouco e pouco esfumando, os incompetentes ganham terreno, os mais capazes emigram, a gente nova prefere o mais fácil, os adultos encostam-se onde parece mais seguro e ninguém os cala, quando o seu encosto começa a oscilar.
É preciso pintar o quadro com pouca luz, que também não tem muita, para ver se as pessoas acordam, se organizam e assumem um papel activo em relação ao rumo deste país, onde há “mais problemas para além do deficit”. Não falta gente capaz, inquieta e séria, mas são poucos os que se dispõem a lutar na linha da frente.

terça-feira, 12 de julho de 2005

AUSENTE, MAS SEMPRE PRESENTE

De viagem, não estarei por cá, amanhã, em princípio. Quando chegar direi do que vi e li. F.M.

Um artigo de António Rego

Pobreza e Ozono
Medo, propaganda, paternalismo, branqueamento da má consciência dos ricos e poderosos? De tudo pode ter surgido um pouco na última reunião do G8 voltada, em boa parte, para os continentes e países mais pobres do planeta. Mas não só. Importa olhar para uma nova consciência de direitos fundamentais de todos os povos que muitas vezes têm riqueza humana e material, mas não têm autorização para processar o seu próprio desenvolvimento. Estamos, pois, numa questão de fronteira de importância decisiva para a própria história. Com gestos de atenção e reflexão mundial sobre estes temas e numa nova perspectiva de solidariedade a humanidade vai dando passos lentos que, inicialmente, parecem concessão de favores mas na verdade se tornam reconhecimento de direitos.
E entramos, assim, na curva subtil do direito de todos aos bens essenciais, mesmo quando circunstâncias históricas, políticas ou outras, mantiveram grande parte da humanidade no usufruto mínimo dos bens, abaixo da sobrevivência.
O G8, instância, de si, arrogante e elitista, pode converter-se numa consciência da mundial dos direitos dos países mais pobres muito para além do paternalismo em que se pode converter a urgente solidariedade dos povos. Desta vez foi lançado um olhar técnico sobre os países mais endividados sem deixar de reconhecer que a “solidariedade” não é uma palavra vaga ou um gesto ocasional.
Com o reconhecimento consequente que uma ajuda paternalista e desprogramada apenas agravará o fosso da pobreza. Com a certeza que o problema da pobreza e do desenvolvimento é um problema global. E não fica mal colocado ao lado das preocupações com o ambiente, a defesa da terra, nomeadamente nas alterações climáticas. Estamos perante duas chagas planetárias que, por igual, dizem respeito a todos: a pobreza que sufoca a maioria e o buraco do ozono que nos pode sufocar a todos.
Ambos têm a ver com o presente e o futuro de todos.“Estamos - como escrevem os bispos portugueses em Nota Pastoral – num momento em que é preciso realçar as exigências do bem comum, isto é, a prevalência do bem de toda a colectividade sobre interesses pessoais ou corpo-rativos”. Palavras certas para o momento nacional e internacional que vivemos.

FOTOS DE FÉRIAS - 4

 
A poesia junto à praia
 
Quem andar pela marginal da praia da Figueira da Foz, não deixará de notar a homenagem que a cidade prestou a um seu filho ilustre. É ele João de Barros, notável cidadão que muito deu ao País. As suas ideias e ideais, que nada tinham que ver com os fundamentos familiares (monárquicos, católicos, conservadores), já que se dizia e era republicano, maçónico e anticlerical, levaram-no a lutar pelo respeito cívico e democrático. 
Foi também político, amigo da liberdade, pedagogo e escritor. A poesia também passou por ele, ou ele por ela, deixando-nos um jogo de palavras, carregado de harmonia.

No monumento, junto ao mar da Figueira, pode ler-se um naco poético que vale a pena ler e reler. Aqui fica

 ... aquele mar da minha infância 
bom camarada e meu irmão...

eu sorrirei, calmo e contente 
se ouvir e vir, perto, 
bem perto o mar fraterno, 
o mar eterno, 
o livre mar...

FOTOS DE FÉRIAS - 3

Figueira da Foz não é só praia

  
Prof. Doutor Joaquim de Carvalho

Ao contrário do que muitos pensam, a Figueira da Foz não é só praia. Tal como outras cidade e vilas, e até muitas aldeias, há sempre sinais de vida, de cultura, de valores e de tradições que merecem ser conhecidos e compreendidos.
Tenho o hábito de procurar, nas terras por onde passo, esses sinais que, no fundo, fazem a história das povoações. E confesso, até, que imensas vezes fico surpreendido com o que encontro nas deambulações que faço. Os monumentos, os nomes das avenidas e ruas, as estátuas, as lápides em casas antigas, entre outros vestígios do passado, deixam-me encantado.
Hoje, mostro a homenagem que a cidade prestou a um dos seus maiores. É ele o Prof. Doutor Joaquim de Carvalho, uma personagem da cultura nacional, que viveu entre 1892 e 1958.
A lápide, que celebrou o 1º centenário do seu nascimento, em 10 de Junho de 1992, lembra que a sua terra não o esqueceu. E junto ao monumento, lá se diz que ele escreveu a História das Instituições e Pensamento Político, a História da Filosofia, a História da Cultura e a História da Literatura e da Ciência.
Quem por lá passar e olhar com olhos de ver, sempre pode ficar a saber mais alguma coisa, para além da bonita praia da Figueira da Foz.

Fernando Martins

Os portugueses e a Matemática

Posted by Picasa Os alunos precisam de ser estimulados pelos professores De quem será a culpa
da aversão à Matemática? Tenho dificuldades em crer que os portugueses sejam, geneticamente, avessos à Matemática, apesar de, há muito, se falar disso. Também os resultados dos exames nos vão dizendo que algo vai mal no reino desta disciplina, que é fundamental à vida. Não há nada do nosso dia-a-dia que possa existir à margem da Matemática. Tudo gira à volta de números e contas, de cálculos e percentagens, de estimativas e problemas, de compras e vendas, em suma, à volta de uma ciência que acompanha o mundo desde o seu nascimento. Por tudo isto, e já não é pouco, temos de estranhar a aversão da maioria dos alunos por esta disciplina. Sei de muitos que não escondem um certo terror por esta cadeira que faz parte da vida académica, em qualquer parte do mundo. Mas não sei se nos outros países também é assim. Ora, se os alunos, por norma, gostam da generalidade das disciplinas e conseguem bons resultados, por que razão detestam a Matemática? Será que já foram feitos inquéritos para ver a causa desta atitude? Onde estão eles? Nos últimos exames do 9º ano, sete em cada dez alunos tiveram negativa a Matemática, isto é, 70 por cento mostraram à evidência que detestam esta disciplina. E não se venha agora dizer que isto aconteceu só este ano, porque estes resultados são frequentes. Então, de quem será a culpa? O normal é acusarem os alunos de falta de estudo, de desinteresse, de serem originários de meios familiares nada favoráveis à aplicação curricular, de ausência de motivações, etc. Ainda se diz que a mudança sistemática de professores cria problemas ao regular ensino/aprendizagem da Matemática, que as turmas têm muitos alunos (o que dificulta um ensino individualizado) e que há falta de material didáctico apropriado. Mas será só isso? Cá para mim, a culpa não será apenas dos alunos nem dessas carências e situações. Também deve haver nas escolas alguns professores sem qualquer vocação para o ensino, sem arte para cativar alunos, sem habilidade para descobrirem os melhores caminhos para os estudantes partirem ao encontro da beleza da Matemática. Sei que tem havido iniciativas interessantes nessa linha. Mas será que não se ficam só por uma ou outra escola, ficando quase todas as outras à margem do que de bom se faz? Gostaria de conhecer outras opiniões. Cá fico à espera. Fernando Martins

Fotografias no Estabelecimento Prisional de Coimbra

Iniciativa do Projecto BlogAveiro, do ISCIA

(Com o devido respeito pelo autor da foto)

Esta terça-feira, dia 12 de Julho, são inauguradas, no Estabelecimento Prisional de Coimbra, sete exposições fotográficas do Projecto Blogaveiro. Iniciativa dos alunos de Fotojornalismo do Instituto Superior de Ciências da Informação e da Administração (ISCIA), conta com o apoio desta instituição de ensino, da Fundação para o Estudo e Desenvolvimento da Região de Aveiro (FEDRAVE), e da direcção do Estabelecimento Prisional de Coimbra. 
Expressões, de Ilda Marques ; FrutaCores (vários autores); Gotas, de Fausto Correia; Palcos da Bola, de José Carlos Sá; Sinais do Mar, de Isabel Silva e Sara Agudo; Texturas, de Luciana Alcaide, e Voz do Silêncio, de Isabel Henriques são as exposições que ficarão patentes, por uma quinzena, na entrada, parlatório, acesso ao recreio, refeitório, biblioteca e alas da prisão, fotografias para usufruto dos reclusos e funcionários. Esta série de exposições pretende sensibilizar os reclusos interessados para a arte e técnicas da fotografia. 
Recorde-se que no Estabelecimento Prisional de Coimbra decorre, presentemente, um atelier de fotografia. O Projecto BlogAveiro pretende ser ponto de encontro de todos os que gostam de Aveiro e gostam de fotografia também. Gerado na turma de Fotojornalismo 2004/2005 do ISCIA, não se esgota na cidade de Aveiro , galgando o distrito, a região; não se ancora unicamente nas "fotos das terras", nem sequer abomina tudo o que não seja fotografia. Constitui-se, já, como uma bojuda Galeria Virtual de Fotografias, distribuídas por mais de 30 blogs, ultrapassando as 1.500 imagens, captadas por 30 repórteres fotográficos.

O directório principal do BlogAveiro mora em http://blogaveiro.blogspot.com

Viagens encantatórias pelas aldeias perdidas da Serra da Freita, retratos das gentes do Caramulo, mail’o Senhor Manuel, as moreias mais as pedras-parideiras; gotas que se contam e outras que se esparramam pixéis fora; fotos-miradouro para delícias paisagísticas várias, e outras brotando de espelhos-de-água; fotos pintadas com luz, penumbras e neblina; mordendo o chão para fotografar o repuxo, engolindo poeira para abocanhar a cratera, voando sobre carris, acariciando as nervuras do desenho azulejado; genuflectindo perante o farol medonho de bonito. E fotos com sal, e fotos com um sorriso, estados d’alma; provas de contraste entre o opulento Estádio de Aveiro e o parque de jogos da FIDEC, descidas aos cemitérios, registos de um mundo grafitado. De hoje e de antanho, passeio da Escola Masculina ao Canal dos Santos Mártires, roteiro errático pela cidade bela. E também, agora de mais longe, a neve da Serra da Estrela e a forasteira, o xisto forte do Piódão, apontamentos gandareses, o Douro. E há fotos dentro da máquina da água, e um livro, uma flor, o mar, muitas pérolas a desfiar... 
Para além da presença na internet, o Projecto BlogAveiro, coordenado por Dinis Manuel Alves, materializa-se também através de outras iniciativas, como, por exemplo, exposições em sala.

segunda-feira, 11 de julho de 2005

FOTOS DE FÉRIAS - 2

Posted by Picasa Visita obrigatória para quem gosta de museus
O Palácio Sotto Mayor, na Figueira da Foz, é um museu que vale a pena visitar. Direi até que deve ser visita obrigatória para quem passa por esta cidade. o Palácio foi mandado construir pelo banqueiro Joaquim Sotto Mayor, que fez fortuna no Brasil.
O Palácio, tipo francês, mostra bem o viver da alta burguesia do princípio do século XX, com data de 1920. Foi restaurado em 1980 e é pertença da Sociedade Figueira-Praia, sendo utilizado, presentemente, para eventos sociais e culturais.
Se por lá puder passar, faça perguntas aos cicerones, porque eles têm muitas e saborosas histórias para contar, da vida vivida por uma família abastada, cujos apelidos ainda soam nos nossos ouvidos.
As visitas podem ser feitas, de 1 de Julho a 15 de Setembro, das 14 às 18 horas, e de 16 de Setembro a 30 de Junho, aos sábados e domingos, das 14 às 18 horas.

FOTOS DE FÉRIAS - 1

Posted by Picasa
Conde de Monsaraz
recordado neste palacete
Na Figueira da Foz, nas Abadias, há um palacete que faz parte da Quinta das Olaias. Quem por lá passa pode ler a inscrição que recorda o poeta Conde de Mosaraz, também recordado numa rua figueirense. Hoje, a quinta e o palacete pertencem à Câmara Municipal, que ali organiza, de quando em vez, encontros sociais, culturais e artísticos, segundo me informou uma funcionária.
Na fachada que dá para a rua, que conduz à Igreja Matriz, pode ler-se a seguinte inscrição:
:
"Nesta casa viveu e algumas obras compôs António de Macedo Papança, Conde de Monsaraz. No primeiro centenário do seu nascimento, gloriosa memória do poeta esta lápide consagrou. A Câmara Municipal da Figueira da Foz. Ano de 1952" :
Pouco consegui indagar, nestas férias de 2005, sobre a vida do Conde de Monsaraz na Figueira da Foz. Soube, contudo, por ter lido algures, que o poeta costumava receber neste palacete um outro poeta, João de Deus, com quem habitualmente passeava pela Figueira, durante longas conversas.
Também aqui não tenho qualquer poema do Conde, mas prometo oferecê-lo aos meus leitores, numa próxima oportunidade
F.M.

Parem, em nome de Deus!

Bento XVI apela ao final do terrorismo
“Parem, em nome de Deus!”. Foi este o grito com que o Papa se dirigiu ontem a todos os que “fomentam sentimentos de ódios e levam a cabo acções terroristas tão repugnantes” como os da passada quinta-feira, em Londres.
Falando aos peregrinos, reunidos na Praça de São Pedro, após a recitação do Angelus, Bento XVI manifestou a sua profunda dor pelos atentados que provocaram mais de 50 mortos e 700 feridos, afirmando que “Deus ama a vida que criou, e não a morte”, mostrando assim que a Religião não pode justificar nenhum acto terrorista.
O Papa pediu aos fiéis que rezem pelas vítimas dos atentados na capital britânica e pelas suas famílias. Bento XVI convidou também os presentes a rezar pelos autores do atentado, para que "Deus toque os seus corações".
Num telegrama enviado ao Cardeal de Westminster, o Papa já tinha manifestado o seu pesar e angústia pelo que qualificou de "actos bárbaros contra a humanidade". Ontem voltou a condenar os ataques, classificando-os como "atrozes".
Fonte: Ecclesia

Recados de Jorge Sampaio

Posted by Picasa Jorge Sampaio “Quanto mais se falar da crise,
pior será” Num intervalo da sua visita ao Chile e ao Paraguai, o Presidente da República, Jorge Sampaio, enviou alguns recados, oportunos, para os portugueses. Políticos profissionais e povo em geral. “Quanto mais se falar da crise, pior será”, sintetizou. De facto, todos gostamos muito de criticar o que (não) se faz, mas nem sempre assumimos as tarefas que urge fazer no dia-a-dia, em prol do País, directa ou indirectamente. Quem está atento ao que se escreve e diz na comunicação social facilmente pode confirmar que os colunistas e cronistas se agarram, com unhas e dentes, à crise portuguesa, assunto que dá para tudo. Para apoiar o Governo e para o criticar, às vezes doentiamente, numa clara manifestação de falta de ideias. A crise, pela sua importância, deve ser debatida, na verdade, mas penso que há outros temas que não podem ser ignorados. Realmente, não custa nada dizer bem ou mal, com frases bonitas, trocadilhos e metáforas bem engendradas, semana após semana, repetindo-se todos, até à exaustão, em jeito de competição para ver quem fala ou escreve com mais ênfase. Se a muitos recomendassem que abordassem outras questões, estou convencido de que alguns depressa perdiam a avença ou o espaço que os órgãos de comunicação social lhes reservam. Diz Jorge Sampaio, noutro momento da conversa que teve com os jornalistas, que “o que é preciso é fazer. Demoramos muito tempo a pensar no que falta fazer ou naquilo que devemos fazer”. Mas também apelou ao reforço da área da educação, onde as empresas nacionais podem ser agentes de mudança. E sublinhou: “O País precisa de uma iniciativa privada que não esteja sempre a questionar.” Fernando Martins

Preços dos medicamentos podem descer em Agosto

O “PÚBLICO” noticia hoje que o Governo tem pronta a publicação de uma portaria que pode fazer cair a pique os preços dos medicamentos até final do ano. Diz ainda que no Diploma em que concretiza a anunciada redução de seis por cento já a partir de Agosto, exige à indústria que venda abaixo dos preços praticados em Espanha, Itália e França. A indústria farmacêutica já manifestou o seu descontentamento por esta medida, alegando que este pacote governamental vai arrasar o sector, mas a verdade é que ninguém explica por que motivo os medicamentos são, em Portugal, mais caros do que naqueles países citados pelo Governo. Toda a gente sabe que os elevados preços de alguns medicamentos são incomportáveis para muitos portugueses, sobretudo para os mais idosos, sobretudo para os que vivem com pensões muito baixas. A política da Saúde, a meu ver, não pode permitir que haja compatriotas nossos que tenham de escolher entre comprar medicamentos, caríssimos, ou pão para matar a fome. Claro que o Governo vai ter de enfrentar o lóbi poderoso da indústria ligada à produção de medicamentos, no sentido de procurar um maior equilíbrio social, em que todos, industriais, proprietários de farmácias e consumidores possam viver com dignidade, isto é, sem grandes disparidades de rendimentos. F.M.

sábado, 9 de julho de 2005

BOAS FÉRIAS - 3

O prazer de sentir a natureza As férias devem ter momentos para descobrirmos prazeres. Em semanas anteriores, escrevi sobre o prazer de conviver e sobre o prazer de ler. Para esta semana proponho o prazer de descobrir e de sentir a natureza, com todas as suas tonalidades. Depois de conviver com amigos e familiares e de ler textos saborosos, acho que fica bem procurarmos a natureza que nos rodeia e que nem sempre soubemos ver e apreciar. Sair de casa, deixar os lugares fechados e olhar a vegetação, respirar o ar puro, calcorrear caminhos rurais nunca dantes andados, cheirar o mar, sentir a frescura dos campos, mirar as aves que viajam pelos céus, ouvir os seus chilreios, falar com as árvores e contemplar as flores, tudo isto pode afugentar o stresse, aliviar o espírito, dar ânimo a pensamentos positivos. Para mim, férias nunca foi andar a correr, nunca foi fazer nada, nunca foi procurar o enfado, nunca foi perder tempo, nunca foi cansar-me física e mentalmente. Porque no resto do ano temos tempo de sobra para tudo isso e para muito mais. Sugiro, pois, aos meus leitores, que experimentem descobrir novos lugares (às vezes tão perto de nós), onde Deus beneficiou a natureza com quadros talvez nunca vistos nem apreciados. As montanhas tão cheias de lendas e de horizontes a perder de vista, o mar imenso tão cheio de histórias que fizeram a nossa história pátria, os rios vagarosos ou apressados tão cheios sonhos que se deitam tranquilamente no oceano, o céu estrelado que nos desafia e descobri-lo e a lê-lo e as noites de Verão que nos ajudam a abrir a alma aos que nos enchem a vida são bons motivos para passarmos umas férias mais felizes. Fernando Martins

Dívidas de países pobres perdoadas

G8 unido contra o terrorismo
e contra a pobreza O G8 – grupo dos oito países mais industrializados do mundo (Alemanha, França, Itália, Grã-Bretanha, EUA, Canadá, Japão e Rússia) está unido na luta contra o terrorismo e contra a pobreza no mundo, mormente em África, o continente mais devastado pelas guerras fratricidas, pela corrupção e pela fome. A Declaração Final do encontro do G8, que se reuniu em Gleneagles, na Escócia, até ontem, com a participação também do presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, e do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, adianta que vai ser reforçada a cooperação na luta contra o terrorismo, enquanto vão ser adoptadas políticas que contrariem o recrutamento de terroristas, em especial nas democracias ocidentais. Ainda foi sublinhado que é preciso responder ao terrorismo no quadro do respeito pelos valores democráticos comuns. Quanto ao esforço a desenvolver para erradicar a pobreza, o G8 resolveu aumentar a ajuda aos países pobres em mais 50 mil milhões de dólares por ano, até 2010, metade dos quais para África. Entretanto, foi ratificado o perdão da dívida a 18 países dos mais pobres do mundo e prometido que haverá negociações com outros nove, no sentido de os ajudarem a combater a corrupção, mas ainda a organizarem-se para garantir políticas de desenvolvimento credíveis. F.M.

Festival de Folclore na Gafanha da Nazaré

CULTURA POPULAR A cultura popular precisa de ser mais apoiada por toda a gente. Pelo Estado, que muitas vezes só olha para as culturas eruditas, pelas autarquias e pela sociedade civil. Afinal, é a partir da cultura popular que nós podemos chegar mais facilmente às nossas raízes. Os grupos etnográficos e folclóricos, que existem espalhados por todo o País, estão na linha da frente da luta pela preservação das nossas tradições, quer pelas pesquisas e estudos que fazem e dinamizam, quer pela divulgação que fazem dos usos e costumes das suas regiões. Hoje, sábado, realiza-se o XXI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré, numa praceta da Alameda Prior Sardo, com a participação dos Grupos Folclóricos de Vila Verde, Baixo Minho; de Vila Nova do Coito, Santarém; de Passos de Silgueiros, Viseu; de Santa Maria de Cárquere, Resende; “As lavadeiras da Ribeira da Lage, Oeiras; e do Grupo anfitrião, Etnográfico da Gafanha da Nazaré. A apresentação dos grupos participantes será a partir das 21 horas, esperando-se a adesão de muitos gafanhões, e não só, a mais esta festa de Folclore, organizada pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que há mais de 22 anos investiga, promove e divulga os usos e costumes do povo das Gafanhas. F.M.