segunda-feira, 20 de abril de 2015

Grandes veleiros



Tenho saudades dos grandes veleiros. São espetáculo raro entre nós, mas quando chegam ou zarpam, rumo a outras paragens, deixam saudades. Multidões, de perto e de longe, sabem apreciá-los e a romaria estende-se a todos os que se abrem aos olhares de curiosos e entendidos. O porte e o colorido são desafios para a nossa imaginação. Neles, seriam viagens de sonhos ímpares que guardaríamos vaidosos. Que haja motivos fortes para que demandem a barra de Aveiro e ancorem nos cais do nosso porto. São os meus votos.

Naufrágios e mortes no Mediterrâneo



Somos bombardeados frequentemente pelas notícias de naufrágios e mortes no Mediterrâneo. Tristeza, revolta, hipocrisia, crime, desespero, fome, desemprego, miséria, tráfico de pessoas, clandestinos, guerras, perseguições e políticas desumanas são palavras que me ocorrem. 
O Papa Francisco bem protesta, bem diz que a palavra que lhe ocorre é vergonha, mas tudo continua na mesma. Há leis e políticas de imigração e de emigração, há reportagens e mobilização de algumas instituições humanitárias para acudir aos sobreviventes e decerto para enterrar os mortos. Mas os desastres continuam e os políticos europeus permanecem atentos ao seu umbigo. Agora parece que vão reunir-se numa cimeira de emergência para tentar encontrar uma saída. Pode ser que daqui nasça uma comissão para estudar o assunto.

domingo, 19 de abril de 2015

Miguel Torga para refletir


Uma carta à Diretora do PÚBLICO


Miguel Torga actual

Partilho um pedaço da boa prosa de Miguel Torga, escrita em Chaves e publicada no seu Diário XIII. Escrita em 12 de Setembro de 1978? Não será gralha? Parece que Torga ressuscitou - para ver, com olhos tristes e cansados, os meninos a brincarem, chamando-se nomes e mais nomes feios, a candidato a candidato a Presidente da Res Publica (?) - e escreveu isto ontem... "com oitocentos anos de História, parecemos crianças sociais. Jogamos às escondidas nos corredores das instituições." Senhora directora, caros jornalistas, amigos leitores, leiam e reflictam, por favor, sobre este texto tão actual porque vos fará bem, ainda hoje, ainda hoje! “Bem quero, mas não consigo alhear-me da comédia democrática que substituiu a tragédia autocrática no palco do país. Só nós! Dá vontade de chorar, ver tanta irreflexão. Não aprendemos nenhuma lição política, por mais eloquente que seja. Cinquenta anos a suspirar sem glória pelo fim de um jugo humilhante, e quando temos a oportunidade de ser verdadeiramente livres escravizamo-nos às nossas obsessões. Ninguém aqui entende outra voz que não seja a dos seus humores. É humoralmente que elegemos, que legislamos, que governamos. E somos uma comunidade de solidões impulsivas a todos os níveis da cidadania. Com oitocentos anos de História, parecemos crianças sociais. Jogamos às escondidas nos corredores das instituições.”

Nelson Bandeira, Porto

A ressurreição não pode ser adiada (2)

Crónica de Frei Bento Domingues 

Frei Bento Domingues

1. Creio que a nossa ressurreição depois da morte é tarefa exclusiva do Deus dos vivos. Está bem entregue.
É a ressurreição dos mortos-vivos, dos sem rosto, dos mais pobres, dos mais desfavorecidos, dos não rentáveis, dos ejectados do círculo virtuoso do liberalismo económico, que constitui o desafio lançado a todas as pessoas de boa vontade. A peça de teatro de Jean-Pierre Sarrazac, O Fim das Possibilidades - uma Fábula Satânica –, encenada por Nuno Carinhas e apresentada nos TNSJ e TNDII [1], mede-se precisamente com o que há de mais arcaico e persistente no livro de Job, confrontado com as características da crise actual, aprofundando, em parábola, o seu conhecimento, a partir de muitos afluentes. 
Temos de enfrentar a desesperança, mas sem recorrer à publicidade enganosa: “o futuro está de volta”. José Silva Lopes era considerado um dos maiores economistas do país, mas não confundia a esperança com ilusões. Recebeu o Expresso [2] para uma entrevista, dois meses antes de morrer. Temos, agora, acesso à sua opinião sobre algumas questões incontornáveis da nossa actualidade.

Hoje apeteceu-me silêncio

Dunas na Praia da Barra

Há dias assim. Hoje apeteceu-me silêncio. Porta fechada às saídas, descoberta de um  recanto mais tranquilo, leituras sem pressas que me conduzissem para longe da minha rua que, também ela, não alimenta grande trânsito nem ruídos. 
Rentes de Carvalho, um escritor de quem lera uns textos apenas no seu blogue Tempo Contado e em publicações periódicas, guiou-me boa parte do dia por Trás-os-Montes, com o seu livro "Ernestina", um romance autobiográfico com boa dose de ficção a enriquecê-lo. Que delícia. Depois, para descomprimir, a leitura da entrevista de fundo da revista E do Expresso com Umberto Eco, feita pelo jornalista Luciana Leiderfarb. Umberto Eco, com os seus 83 anos, senhor duma cultura impressionante, é uma referência a ter em conta. Lê-lo é um prazer. De permeio, umas conversas com filhos e neta. A minha Lita sempre presente, mesmo que ausente.
A agenda registava tarefas programadas há dias. Tive mesmo de evitar segui-la. 
A chuva, de vez em quando, carregava o ar e a nostalgia aconchegava a minha desejada serenidade. Sem preocupações, sem tarefas escravizantes, sem barulhos exasperantes, sem horários que me manietassem. Todo eu e as minhas leituras. Agora  já é outro dia. Um bom domingo à medida de cada um. 

sábado, 18 de abril de 2015

Reconhecer Jesus Ressuscitado

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha

Os discípulos de Emaús, após terem reconhecido Jesus, partem apressados e cheios de alegria para a cidade, encontram o grupo dos apóstolos reunido e narram a experiência gratificante vivida durante a caminhada. É a primeira vez que estão todos em comunidade. É a primeira vez que o “partir do pão” surge como momento especial de reconhecimento do Ressuscitado. É a primeira vez que se evoca a releitura da Sagrada Escritura como critério para a compreensão da história e reposição da verdade,
O acesso à experiência da ressurreição de Jesus dá-se, segundo Inácio de Loyola, pelo reconhecimento dos seus “santíssimos efeitos”. São estes que constituem a “janela” do espírito humano iluminado pela fé. São estes que provocam o encontro feliz que abre o entendimento do crente e o leva a identificar o Senhor. São estes que alargam os horizontes e lançam em maior profundidade as razões da esperança pascal.

Gafanha da Nazaré celebra 14 anos de cidade

19-IV-2015




Criada freguesia em 23 de Junho de 1910 e paróquia em 31 de Agosto do mesmo ano, a Gafanha da Nazaré é elevada a vila em 1969. A cidade veio em 2001, por mérito próprio. O seu desenvolvimento demográfico, económico, cultural e social bem justifica as promoções que recebeu do poder constituído no século XX, a seu tempo reclamadas pelo povo.
A Gafanha da Nazaré é obra assinalável de todos os gafanhões, sejam eles filhos da terra ou adotados. De todos os pontos do País, das grandes cidades e dos mais pequenos recantos, muitos chegaram e se fixaram, porque não lhes faltaram boas condições de vida.
A Gafanha da Nazaré é, hoje, uma mescla de muitas e variadas gentes, que, com os seus usos e costumes e muito trabalho, enriqueceram, sobremaneira, este rincão que a ria e o mar abraçam e beijam com ternura.
O Decreto-lei n.º 32/2001, publicado no Diário da República de 12 de Julho do mesmo ano, foi aprovado pela Assembleia da República em 19 de Abril de 2001, registando em 7 de Junho desse ano a assinatura do Presidente da República, Jorge Sampaio.
O povo comemorou a elevação a cidade com muita alegria, precisamente no dia da aprovação, pelo Parlamento, do desejo das autoridades e de quantos sentem esta terra como sua. A legitimidade popular consagrou essa data, 19 de Abril, como data de festa, sobrepondo-se à assinatura do Presidente da República. 
Este título de cidade colocou a nossa terra com mais propriedade nos mapas e roteiros. Mas se é verdade que o hábito não faz o monge, temos de reconhecer que pode dar uma ajuda. Como cidade, passou a reivindicar infraestruturas mais consentâneas com esse título, podendo os gafanhões assumir este acontecimento como marco histórico da sua identidade, como cidadãos de pleno direito.

Fernando Martins

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Celebrações Oficiais 

A Câmara Municipal de Ílhavo e a Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré realizam, nos próximos dias 19 e 20 de abril, um conjunto de ações que assinalam o 14.º Aniversário da Elevação da Gafanha da Nazaré a Cidade, dando especial atenção às obras em curso na Gafanha da Nazaré.
Neste âmbito, vimos por este meio convidar V. Exa. a participar nas Comemorações, com o seguinte programa:

19.ABR | Domingo
09h30
Hastear das Bandeiras na Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, com a presença da Filarmónica Gafanhense

20.ABR | Segunda-feira
14h00
Concentração para início da visita (junto à sede da Junta de Freguesia)
14h15
Visita à futura pista ciclável para as praias
14h30
Visita à obra de requalificação da Rua D. Manuel Trindade Salgueiro
15h00
Visita à obra do Ecomare (Laboratório de Ciências Oceanográficas)
16h00
Visita à obra de requalificação e ampliação do Mercado da Barra
17h00
Passagem pelo Eco-Drive
17h15
Visita à obra de Saneamento Básico da Gafanha da Nazaré
18h00
Balanço do dia, com ponto de situação da obra de saneamento básico pela AdRA (Salão Nobre da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré)

Fonte: Foto e programa da CMI

A barbárie e a indiferença

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges



O direito à liberdade religiosa é um direito fundamental garantido pela Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Mas acaba por ser um dos menos respeitados. De facto, o cristianismo já esteve do lado dos perseguidores, hoje é a religião mais perseguida. Os dados são verdadeiramente trágicos, a ponto de o Papa Francisco ter feito um apelo à comunidade internacional para que não permaneça "silenciosa e inerte". Na via-sacra de Sexta-Feira Santa foram lembrados todos os que presentemente são perseguidos, nomeadamente na Síria, no Iraque, no Egipto, na Nigéria, no Quénia, na Coreia do Norte: "Os nossos irmãos são perseguidos, decapitados, crucificados por causa da sua fé, sob o nosso silêncio cúmplice." O secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros espanhol, Ignacio Ybáñez, também reconheceu nesta semana que "presentemente a situação é dramática", atingindo o seu auge com o Estado Islâmico: "Em cada hora que passa um cristão é morto."

Dia Internacional de Monumentos e Sítios — 18 de abril

Conhecer, Explorar, Partilhar



Sob o lema “Conhecer, Explorar Partilhar”, celebra-se hoje o Dia Internacional de Monumentos e Sítios, iniciativa que completa 50 anos. Os municípios mais vocacionados para o património cultural e natural não deixarão de programar projetos interessantes, visando despertar o interesse para o que há de importante a nível de Monumentos e Sítios. 
Em qualquer região, mais antiga ou mesmo moderna, tem sempre que visitar e que ensinar. Contudo, entendo que muitas vezes ficamos indiferentes às belezas e riquezas que possuímos, procurando outras terras para as nossas deambulações turísticas, recreativas e culturais, ignorando por sistema o que nos envolve.
Propositadamente, não indico nada para os nossos conterrâneos comemorarem condignamente este Dia Internacional, tanto mais que acredito na curiosidade e inteligência das nossas gentes. Todavia, sempre digo que há muitos museus, monumentos, edifícios de interesse histórico, paisagens, rios e ilhotas, ria e mar, jardins, floresta e parques de lazer, ruas com história e apenas com nomes que são outras tantas homenagens a figuras de relevo das nossas freguesias e do nosso concelho. Só os nomes dariam para imensas conversas  Mexam-se à cata de curiosidades. 

Fernando Martins

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Efeméride — Estrada de Aveiro à Gafanha

17 de abril de 1855 

Ponte da Cale da Vila

«Principiou o lanço de estrada de Aveiro à Gafanha, depois continuado até ao Forte da Barra; a obra ficou toda completa em 30 de Abril de 1861 (padre João Vieira Resende, Monografia da Gafanha, pg. 181) – J.»

Fonte: "Calendário Histórico de Aveiro" 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar


Na cidade…

Crónica de Maria Donzília Almeida




Foi na procura de uma mesa para colocar o tabuleiro, que entabulámos conversa com aquele jovem. Estávamos na zona da restauração de um centro comercial da nossa cidade de Aveiro e todas as mesas estavam ocupadas por casais, grupos, etc. Só aquela, mesmo defronte ao balcão de atendimento tinha apenas aquele jovem, que estava agarrado ao seu telemóvel.
Mais um a engrossar a multidão daqueles para quem o dispositivo de comunicação é um bem de primeiríssima necessidade e sem o qual a sua vida perde o significado. Foram estes os pensamentos preconcebidos, numa primeira abordagem visual da situação.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Feira de Março em Aveiro



A Feira de Março não estaria este ano à minha espera por razões pessoais. Acabei por aparecer, de fugida, com direito a duas farturas regadas com água de Luso, porventura a melhor água do mercado, segundo o meu gosto. Este abuso estragou-me o jantar, mas lá me aguentei com garantias de mais juízo por estes dias. 
A Feira de Março, por repetitiva, não me despertou grande interesse, mas acredito nas promessas do presidente da Câmara de Aveiro, Ribau Esteves, de que no futuro haverá inovações, em resposta aos desafios do tempo que vivemos. Fico a aguardar.
Desta visita registo alguns pormenores. Encontrei uma colega que não via há uns 40 anos e que me reconheceu, apesar das barbas. Ela está com a mesma fisionomia e sorriso, mas apoiava-se numa canadiana, por ter sofrido um percalço A idade é assim. Saía das farturas quando nós (eu e a Lita) entrávamos. Também registei que à tarde os interesses de quem vai à Feira se concentram no convívio. Vários grupos, na casa de sempre (Farturas da Família Armando), brindavam ao encontro e à vida, decerto, que ainda permite comer o doce frito, carregado de açúcar e canela, dito de Lisboa. Depois foi o regresso com a ajuda do guarda-chuva a substituir a bengala que ficou no carro. Até para o ano, se Deus quiser.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Bispos próximos — D. António Moiteiro e D. António Francisco



Esta foto, que saquei da Agência Ecclesia, mostra bem a proximidade que existe entre o Bispo de Aveiro que foi e o Bispo de Aveiro que é. D. António Francisco dos Santos, à direita, e D. António Moiteiro, à esquerda. Sobre a proximidade que demonstram, não há dúvidas e nem outra coisa seria de esperar. D. António Francisco foi para o Porto, mas mantém Aveiro no coração. D. António Moiteiro já tem Aveiro no coração, admito eu sem rebuço. Ambos vieram de Braga. O povo de Aveiro, desde o mar e ria até à serra, é um povo que sabe receber e se dá sem limites a quem o ama. É o caso. E esta imagem, que apreciei sobremaneira, veio mesmo a calhar e vai ficar nos meus arquivos para eventuais publicações nos meus recantos  do ciberespaço.

Auto de abertura da Barra de Aveiro

15-IV-1808

Barra de Aveiro (1934)


«Lavrou-se neste dia o auto de abertura da barra nova de Aveiro, que se realizou em 3 de Abril, subscrito por Miguel Joaquim Pereira da Silva. Depois de referir os trabalhos preparatórios de abertura e a maneira como se deu o rompimento, acrescenta: – «As águas que cobriam as ruas da praça, desta cidade, e os bairros do Albói e da Praia, abaixaram três palmos de altura dentro de vinte e quatro horas e outro tanto em o seguinte espaço, e em menos de três dias já não havia água pelas ruas e toda a cidade ficou respirando melhor ar por estas providências com que o Céu se dignou socorrê-la e a seus habitantes com esta grande Obra da Barra» (Aveiro e o seu Distrito, n.º 6, pg. 45) – A»

Fonte: "Calendário Histórico de Aveiro" 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

segunda-feira, 13 de abril de 2015

À conversa com Manuel Amândio Soares dos Santos




A arte não escolhe idade 
nem condição social


A arte não escolhe idade nem condição social. Brota espontaneamente quando sente que é chegada a hora de se manifestar ou quando encontra ambiente para desabrochar. Foi precisamente isso que constatámos na visita que fizemos um dia destes ao nosso conterrâneo Manuel Amândio Soares dos Santos, 80 anos, reformado há 15, três filhas e três netas, com a esposa, Maria Aldina Nunes Estanqueiro, de 77 anos, acamada e cega, a exigir cuidados permanentes. 
Nas horas vagas, «quando a ideia ajuda», esculpe peças decorativas, usando cimento branco, rede de arame e ferro, que vai encontrando e às vezes, «com a pressa de acabar a obra», comprando.
Estranhou a nossa visita e curiosidade, pela pessoa humilde que é, sem nunca ter feito qualquer exame da instrução primária, por preferir trabalhar, apesar de ter por mestre o professor Carlos, que na altura lecionava numa escola no lugar onde hoje está o Lar Nossa Senhora da Nazaré.

domingo, 12 de abril de 2015

A ressurreição não pode ser adiada (1)

Crónica de Frei Bento Domingues 

Frei Bento Domingues


1. Encontrei-me, nesta Páscoa, com um grupo de antigos alunos que me veio convidar para um colóquio sobre os novos caminhos da cristologia.
Alguns deles situam-se nas trajectórias de nomes famosos como os de G. Vermes, Sanders, Theisen, Meier, Piñero, Torrents, S. Vidal e outros, mais ou menos alinhados na “terceira busca” ou investigação, do Jesus histórico. É inegável o valor extraordinário dessas reconstruções, embora para alguns comecem a ser entediantes.
A maioria segue os resultados dos importantes Colóquios organizados por Anselmo Borges, no Seminário da Boa Nova, em Valadares, entre os quais Quem foi/quem é Jesus Cristo?. Conhecem as múltiplas iniciativas editoriais de Tolentino de Mendonça, coroadas pela bela colecção Biblioteca Indispensável. J. Carreira das Neves é, desde há muito e para todos, a abelha incansável da Bíblia. Nenhum tinha ainda lido, por óbvias dificuldades de comunicação, O rosto humano de Deus, de A. Cunha de Oliveira, sobre o qual espero vir a escrever, com o vagar que o conjunto da obra deste autor merece.

sábado, 11 de abril de 2015

Efeméride — Sé de Aveiro reaberta ao culto

1976 - 11 de abril



«Depois de profundas obras de ampliação, de solidificação e de restauração, foi solenemente reaberta ao culto, com o rito litúrgico da dedicação, a Sé de Aveiro – a secular igreja de S. Domingos (Correio do Vouga, 23-4-1976) – J.»

No Calendário Histórico de Aveiro,
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

Faça uma visita guiada à Sé de Aveiro

Mete a tua mão no meu lado

Reflexão de Georgino Rocha


«As feridas da paixão de Jesus continuam nos “feridos da vida” em todas as situações existenciais: em crianças violentadas e mal-amadas, em casais instáveis e amargurados, em famílias reconstruídas sem sucesso, em desempregados sem horizontes de trabalho estável, em pessoas doentes desamparadas, em perseguidos e torturados por defenderem a sua consciência e a sua fé, em espoliados da dignidade humana, silenciados à força e “varridos” da memória colectiva.»

Jesus toma a iniciativa de provar aos discípulos e, por eles, a todos nós que não é um fantasma pascal, mas um ser humano integral ressuscitado. Recorre, segundo o evangelista narrador -Jo 19, 20-31- a várias estratégias e recursos para se manifestar e deixar reconhecer: a Madalena aparece como jardineiro e tem com ela um diálogo enternecedor; aos discípulos de Emaús como caminhante anónimo e acompanha, conversa e explica de tal modo o sentido das Escrituras que lhes aquece o coração arrefecido pelos acontecimentos trágicos de Jerusalém; aos pescadores cansados no mar da Galileia como mestre que reorienta o trabalho e prepara a refeição que partilha com eles ao regressarem da faina; aos discípulos-apóstolos aferrolhados em casa com medo dos judeus como Alguém surpreendente que se identifica exibindo as cicatrizes das feridas da sua paixão e crucificação, depois de os saudar na alegria da paz e enviar em missão de perdão, depois de lhes dar o Espírito Santo do revigoramento e da misericórdia. Estes factos são mencionados para comprovar o propósito claro de Jesus; outros aconteceram e não chegaram a ser registados; e muitos outros estão a acontecer, embora nem sempre identificados e anunciados. 

A verdade nua e crua

Crónica de Anselmo Borges 


Anselmo Borges

1. Era um daqueles beatos que julgam amar a Deus por Ele, mas que apenas pedincham em vez de agradecer. Lá estava ele permanentemente diante do Cristo crucificado: "Senhor, cuida dos meus campos, dá-me saúde e faz que eu não morra." Um dia, farto, o sacristão escondeu-se por trás do crucifixo: "Filho, tens de tratar tu dos campos e da saúde e já sabes que um dia tens de morrer como todos os outros." O beato, furioso: "Porque és assim, pelo teu mau falar, é que foste, e bem, pregado na cruz."
Quem gosta de ouvir a verdade nua e crua?
Vamos supor que, num funeral, o padre se ergue a dizer: "Meus irmãos, levamos hoje a sepultar este irmão que era um estupor. Não sabe a mulher das suas infidelidades? Não sabem todos que era um corrupto? Alguém conhece um acto seu de generosidade? Como tratou os filhos? Um ateu crasso, materialista, que fugiu ao fisco, matou, e todos, lá no íntimo, consideram que era tão-só um crápula. Graças a Deus, estamos livres dele, vai hoje a sepultar."
A verdade nua e crua. Mas alguém, incluindo as suas vítimas, toleraria o discurso?
E aquele pensamento de Pascal: se se soubesse o que os amigos dizem nas costas, talvez não sobrassem no mundo mais do que dois ou três amigos.

sexta-feira, 10 de abril de 2015

Centro Social Paroquial com novos órgãos sociais

Torna-se imperioso 
fazer obras de restauro 
ou construir um edifício novo

Reunião da tomada de posse

«O Centro Social Paroquial é uma casa grande e complicada, mas sabemos que agora é uma casa mais tranquila», afirmou o nosso prior, Padre Francisco Melo, na tomada de posse dos novos órgãos sociais, que decorreu na sala da biblioteca, na igreja matriz, no dia 27 de março, pelas 20.30 horas. Marcaram presença os membros cessantes do Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Nazaré (CSPNSN) e os que tomaram posse, bem como representantes do Conselho Económico e Pastoral da paróquia.