sábado, 11 de março de 2006

AVEIRO: Feira de artes e ofícios

FEIRA ARTES E OFÍCIOS
12 DE MARÇO DE 2006
A Feira das Artes e Ofícios vai ter lugar no próximo Domingo, dia 12 de Março de 2006, das 8 às 19 horas, nas Praças 14 de Julho e Joaquim Melo Freitas.
De realçar que a Feira das Artes e Ofícios tem por objectivos reavivar tradições e mostrar o que de melhor se faz em artesanato, transmitindo cultura e saberes às gerações mais novas.

Presidente da CNIS aplaude José Sócrates

Rede Nacional de Equipamentos Sociais
vai ser alargada O Presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS) está satisfeito com as medidas hoje anunciadas por José Sócrates, para o Programa de Alargamento da Rede Nacional de Equipamentos Sociais (PARES). Este Sábado, o primeiro-ministro apresentou, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, o programa que prevê um investimento de 450 milhões de euros, verba a aplicar nos próximos quatro anos, e que irá criar mais de 15 mil postos de trabalho e 45 700 vagas em creches, centros de actividades ocupacionais, lares residenciais, serviço de apoio domiciliário a pessoas com deficiência, centros de dia, lares de idosos e serviço de apoio domiciliário a idosos.
Para o presidente da CNIS, Pe. Lino Maia, “estas medidas são muito oportunas”, disse à Agência ECCLESIA, sublinhando que “serão estas as áreas em que é mesmo preciso apostar”.
O Programa PARES vai-se realizar através de parcerias com as câmaras municipais e com as instituições particulares de solidariedade social (IPSS) e também com os privados.
Segundo o Pe. Lino Maia, não se trata de “apoio a instituições lucrativas” que, faz questão de salientar, “têm também um trabalho grande a desempenhar na área” mas, explica, “o que está em agenda é apoiar fundações que têm intervenção na área social e que não são propriamente lucrativas”. Esta foi, pelo menos, a explicação que o presidente da CNIS obteve do ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, num encontro que tiveram recentemente, revelou. “Do encontro que tive com o senhor ministro fiquei agradado e acho que está no caminho certo”.
O programa que José Sócrates hoje apresentou foi referenciado pelo próprio a 24 de Fevereiro no Parlamento, e sobre este o Pe. Lino Maia tinha manifestado à Agência ECCLESIA dúvidas em saber se os apoios anunciados para os equipamentos sociais contemplavam, ou não, as instituições com fins lucrativos. “Foram feitas afirmações que pareciam indiciar a disponibilidade para apoiar organizações lucrativas. Não houve um esclarecimento do que se pretendia de facto dizer”, comentou hoje o Pe. Lino Maia.
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Fonte: Ecclesdia
Foto de Dinis Alves, do Solidariedade

As minhas escolhas

No DN, pode ler "O Iraque e a revolução falhada", um artigo deFranc isco Sarsfield Cabral. No mesmo jornal, sugiro a leitura de mais este texto: "O que vai mudar nas nossas cidades" .
No Diário de Aveiro, há este texto que vale uma reflexão: "Sócrates pede a Aveiro para 'puxar pelo país'".

Desemprego não pode deixar-nos tranquilos

Consciências não podem sossegar perante a falta de emprego
O presidente da Comissão Coordenadora das Semanas Sociais Portugueses considera que as consciências não podem ficar sossegadas perante o drama do desemprego, que afecta pessoas de todas as idades.«Por respeito para quem está em situações dramáticas de falta de colocação, não é sério ficarmos agarrados a ideias feitas ou atribuindo responsabilidades a quem, com realismo, não pode resolver todos ou a maior parte dos problemas», afirmou Manuel Porto.
Este responsável manifestou algumas inquietações, ao falar do «orgulho » com que os europeus falam do seu modelo social. «Temos o direito de o manter sem nenhuma alteração quando as estatísticas mostram que na “eurolândia” a taxa de desemprego é de 8,3 por cento, com uma taxa de crescimento que se queda por 1,6 por cento? », interrogou.
Em contraponto, apontou o bloco norte- -americano «criticável a muitos propósitos, “desconhecendo” incompreensivelmente carências básicas de tantos cidadãos, mas com índices de crescimento anual muito mais elevados – 3,6 por cento – e uma taxa de desemprego de 4,9 por cento, quase metade da “eurolândia”». «Talvez o caminho correcto esteja de permeio, numa sociedade com uma ampla cobertura social que permita, por isso mesmo, uma flexibilidade e uma participação maiores», afirma.
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Fonte Ecclesia

A foto do dia

Praia da Barra
O mar é sempre reconfortante. Quando o stresse nos invade, com o corre-corre da vida, vale sempre a pena deixar tudo, por uns simples momentos, e procurar a paisagem marítima que nos leva, quantas vezes em sonhos, para paraísos tranquilizantes. Neste fim-de-semana sugiro esta experiência, que não custa dinheiro.

sexta-feira, 10 de março de 2006

4º Lugar para padres futebolistas portugueses

2.º Liga Europeia de Padres Católicos em Futsal Sacerdotes futebolistas oferecem troféu
ao Santuário de Fátima A selecção portuguesa de sacerdotes futebolistas ofereceu ontem, 9 de Março, ao Santuário de Fátima o troféu obtido pela participação no campeonato europeu de padres futebolistas, realizado em Zabreb, na Croácia, a 7 e 8 de Fevereiro. Recorde-se que a selecção portuguesa trouxe de Zagreb um honroso 4.º lugar, após uma competição entre dez países europeu, e com o troféu a ficar em casa, para a equipa croata. A taça e um quadro com uma fotografia da equipa portuguesa foram entregues ontem ao Reitor do Santuário de Fátima, Mons. Luciano Guerra, na presença do Bispo de Diocese de Leiria-Fátima, D. Serafim de Sousa Ferreira e Silva, após um almoço/convívio oferecido pelo Santuário aos sacerdotes futebolistas. Durante a tarde, os sacerdotes visitaram a exposição “Fátima Luz e Paz”, mostra representativa das ofertas feitas ao Santuário ou a Nossa Senhora de Fátima. No local, puderam apreciar outras ofertas de devotos desportistas, como as camisolas do futebolista Romário e do campeão de ciclismo Joaquim Agostinho. O grupo dirigiu-se depois à Capelinha das Aparições, para uma oração individual, e visitou o local onde estão sepultados dos três Videntes de Fátima, na Basílica do Santuário.
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Fonte: Santuário de Fátima

Enciclopédia de Fátima

Mais de cem artigos na Enciclopédia sobre Fátima
O próximo volume da Documentação Crítica de Fátima sairá no próximo mês de Maio. Em declarações à Agência ECCLESIA, D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Científica para a Documentação Crítica de Fátima, referiu também que em relação à Enciclopédia sobre Fátima “os artigos estão todos entregues e metade da colaboração já chegou”. Ao todo esta obra terá mais de uma centena de artigos.
Em 2007, publicar-se-á também uma bibliografia e cronologia de Fátima.Com muita documentação, o próximo volume abrange cinco anos (1922-27): “do processo canónico até à criação da capelania” – realçou. O primeiro tomo do volume abrange de 4 de Maio de 1922 até 12 de Outubro de 1922. “Há muita documentação nesta fase porque há a primeira grande peregrinação onde vão cerca de 40 mil pessoas e dá muito brado na imprensa” – disse D. Carlos Azevedo.
Na reunião da Comissão Científica para a Documentação Crítica de Fátima ficou também decidido que o Santuário iria contratar um técnico superior de arquivo para ajudar na preparação do trabalho para a beatificação da Irmã Lúcia. “Recolher todas as cartas e catalogá-las para ser mais fácil o acesso aos documentos” – salientou.
Como serão digitalizados os primeiros mil números do jornal a «Voz da Fátima», no próximo dia 22 de Março haverá uma reunião com a participação da Biblioteca Nacional (BN), o Santuário de Fátima e a empresa responsável pela digitalização.
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Fonte: Ecclesia

Citação

"Os ventos não parecem favoráveis, mas o novo Presidente vislumbra 'brisas propícias', como Cabral quando partiu para o Brasil num mesmo dia de Março."
António José Teixeira, no "Diário de Notícias" de hoje
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(Para ler todo o editorial do director do DN, clique aqui)

As minhas escolhas

No DN, pode ler um artigo de Maria José Nogueira Pinto, intitulado "De ser mulher". No semanário Voz Portucalense, há uma boa entrevista ao padre Victor Melícias, intitulada "Multiculturalidade, unidade nas diferenças", na secção Especial.

ROTA DA LUZ CONSOME-SE A SI PRÓPRIA

Sede da Rota da Luz

Novo presidente da Rota da Luz, em entrevista ao Diário de Aveiro "A Rota da Luz tem um lado
autofágico e consome-se a ela própria"
Sente que é presidente de uma instituição fragilizada, já que os municípios têm dado sinais de descontentamento com o funcionamento da Rota da Luz e falam até na necessidade de criar outra entidade?
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Este é o momento em que os municípios, as administrações regionais e a administração central estão a pensar na reformulação do modo de encarar o turismo. Não é um exclusivo das autarquias – todos estamos a pensar quais os novos modelos adequados. É um momento importante porque os modelos se estão a definir. As regiões de turismo, por força de novas entidades que surgem mas também por causa dos novos paradigmas, têm de repensar a sua maneira de intervir. Estamos todos de acordo quanto a isso. O turismo é cada vez mais uma componente importante do PIB e percebemos que este modo de agir tem de ser muito mais bem organizado do que o foi até hoje.
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(Para ler toda a entrevista, clique aqui)

quinta-feira, 9 de março de 2006

CAVACO SILVA toma posse como Presidente da República

Presidente da República reafirma disponibilidade para cooperar com o Governo
O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, reafirmou hoje, durante a cerimónia de tomada de posse, que está a decorrer no Parlamento, a sua total disponibilidade para cooperar com o Governo de José Sócrates. Cavaco Silva propôs cinco desafios à sociedade portuguesa. O primeiro é a criação de condições para o crescimento mais rápido da economia, com o objectivo de proporcionar mais emprego aos portugueses e aproximar Portugal dos parceiros europeus.
O segundo desafio compreende a qualificação dos recursos humanos, tanto ao nível da educação dos jovens como da qualificação dos trabalhadores.
A terceira proposta feita por Cavaco Silva reside no reforço da credibilidade do sistema de justiça, com o intuito de criar um sistema de justiça "mais eficaz, credível e responsável".
O quarto ponto é a sustentabilidade do sistema social e a necessidade de se encontrar uma fórmula que permita manter o actual apoio social aos mais desfavorecidos, aos desempregos e aos reformados.
Por último, Cavaco Silva apontou a credibilização do sistema político como o quinto desafio a que Portugal tem de responder. "Os agentes políticos têm de ser um exemplo de cultura da honestidade, de transparência, de responsabilidade, de rigor na utilização dos recursos do Estado, de ética do serviço público, de respeito pela dignidade das pessoas, de cumprimento de promessas feitas", sublinhou.
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(Para ler mais, clique PÚBLICO)

Um artigo de Bagão Félix, no Correio do Vouga

SER E TER
Fazem parte dos verbos fundamentais da nossa existência. Andam de mãos dadas e de pés atados: o ser e o ter. Às vezes sós, muitas vezes acompanhados do saber, do fazer, do dar, do amar. O nosso viver confronta-se invariavelmente entre a liberdade de se ser, a necessidade de se ter, a responsabilidade de se dar, a capacidade de se fazer, a exigência de se saber, o impulso de se amar. Mas, num tempo impulsionado cada vez mais pelas tecnologias poderosas e pela obsessão da circunstância, é entre o ser e o ter que nos vemos constantemente desafiados. É de tal modo assim, que na linguagem corrente nos deixamos aliciar pela hegemonia do ter, mesmo se com isso apenas estamos a ser. Usa-se e abusa-se do ter, para se expressar uma acção, um movimento, um processo, um estado de alma até. Já não sói dizer-se “penso”, mas “tenho uma ideia”, “quero” mas “tenho vontade”; ou um “tenho um desejo”, quando nos bastaria tão simplesmente a conjugação do verbo desejar. E, não raro, até nos damos conta de que, em vez de “sermos”, dizemos que “temos uma vida”… Este tipo de linguagem denuncia a supremacia quase inconsciente e perigosamente alienante do ter sobre o ser, no nosso quotidiano. Até os problemas que nos consomem em cada dia já não são do domínio do ser mas do ter. Por isso, dizemos “Eu tenho um problema” o que significa que transformamos a percepção do problema em qualquer coisa que passamos a possuir: o próprio problema!... E este vinga-se passando de possuído a possuidor. :
(Para ler mais, clique aqui)

ROTA DA LUZ VAI MUDAR DE NOME

A Região de Turismo da Rota da Luz deverá mudar a sua designação, revelou o novo presidente da instituição, Pedro Silva. Em entrevista ao Diário de Aveiro, a publicar nos próximos dias, o responsável adiantou que está em marcha um projecto de renovação da imagem institucional do organismo, de que faz parte a alteração do nome. «As regiões de turismo no país foram mudando o seu nome para que pudesse haver uma maior identificação geográfica», afirmou, acrescentando: «Qualquer pessoa em Espanha ou França percebe onde está Leiria-Fátima, ou o Alto Tâmega, ou a Serra da Estrela... São referências geográficas». «A Rota da Luz deve ser a única no país que não tem uma referência geográfica específica. Para melhor identificar a região, temos de mudar», salientou ao Diário de Aveiro, advertindo que a alteração da designação carece de aprovação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro. O novo nome – que Pedro Silva não revela – será encontrado em conjunto com as autarquias que integram a Região de Turismo da Rota da Luz, de quem terá partido a ideia de alterar a designação da instituição. «Estamos a fazer contactos com as câmaras municipais e tenho encontrado muita sensibilidade», finalizou. Águeda, Albergaria-a-Velha, Arouca, Aveiro, Castelo de Paiva, Estarreja, Ílhavo, Murtosa, Oliveira de Azeméis, Oliveira do Bairro, Ovar, Sever do Vouga, Vagos, Vale de Cambra e São João da Madeira são os municípios que integram a Rota da Luz.

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Fonte: Um texto de Rui Cunha, no Diário de Aveiro

Um artigo de D. António Marcelino

COMPAIXÃO,
GRANDEZA
DE UM SENTIMENTO
FRATERNO Aqui há uns anos, quando disse, perante uma situação, então ainda dolorosa e difícil de compreender e de aceitar, que o sentimento mais respeitador e estimulante era a compaixão, rasgaram-se as vestes pelo escândalo de uma tal opinião. Tratava-se de um programa de televisão, preparado com grande publicidade, na qual não faltava pimenta suficiente para estimular, convidar a ver e a não perder. A compaixão não é nem dó nem pena, mas sintonia interior com a situação e os sentimentos do outro ou dos outros, que leva ao gesto fraterno de fazer o que é possível para ajudar, a fim de que a pessoa não se sinta só e perceba que há sempre um ombro amigo que se pode encostar ao seu, dividir o peso da sua cruz e convidar a prosseguir. O Deus de Israel teve compaixão do povo, escravizado no Egipto. Jesus Cristo mostrou a sua compaixão para com a multidão que, no deserto, estava esvaída de cansaço e de fome, sem meios para responder à sua necessidade. Este sentimento divino encontrou resposta para um e outro caso. A mensagem quaresmal do Papa fala deste sentimento de compaixão, porque, no mundo de hoje, há multidões famintas de pão, de saúde, de alegria, de paz, de amor, de respeito, de justiça, de apreço. Onde não houver atenção a esta realidade e consideração pelo que ela tem de doloroso, nada muda, a não ser para pior, no sentimento e na dor de quem se sente marginalizado, desatendido, não amado nem respeitado. Um irmão sente a dor do irmão e partilha-a, é cireneu de quem se verga ao peso da cruz e, como o samaritano da parábola, muda projectos pessoais para ser alívio consolador e eficaz. Um irmão não passa ao lado de quem sofre, nem é indiferente aos esforços de quem vai avançando na vida com confiança e esforço Um irmão não julga nem condena, antes compreende e ama. É esta a grandeza e a beleza da compaixão fraterna, da solidariedade aberta para com aquele, de perto ou de longe, que precisa de estima e de apoio. A pobreza da nossa sociedade está no egoísmo que torna estéril o espaço das relações pessoais, mata os sentimentos nobres, capazes de compaixão e de partilha, e estabelece, a partir de critérios pouco honestos e falíveis, que não reconhecem dignidade, nem direitos e deveres, a todos por igual. O calor da fraternidade, afectiva e efectiva, humaniza a sociedade. A frieza egoística que só tem lugar para os interesses pessoais, satisfeitos a qualquer preço, é um vendaval selvagem que destrói a justiça, mina a verdade, levanta muros de divisão e discórdia, torna impossível os sentimentos gratuitos. O amor compassivo traduz a procura serena do bem do outro, mormente quando ele já o não consegue por si ou encontra fechadas todas as portas de acesso para o poder alcançar e desfrutar. Para um crente, o projecto de Deus, revelado em Jesus Cristo, é um desafio que o leva a pôr os pés na terra de todos os que sofrem e a cultivar um coração fraterno. Ao crente, verdadeiro e sincero, amarga o pão da abundância, quando cruza os seus olhos com os olhos incómodos e o rosto desfigurado do faminto. A compaixão, expressão de amor e de caridade efectiva, não dispensa nem ilude a justiça. Porém, a vida do dia a dia vai-nos mostrando como é difícil a justiça para um coração que não sente a dor do próximo e é incapaz de compaixão e de sintonia com quem quer que seja, tanto nos momentos de sofrimento, como das pequenas alegrias. A Quaresma, bem compreendida e vivida, molda o coração ao bem, um coração de carne não de pedra. No respeito sem condições e na partilha generosa, permite e alimenta relações fraternas, as únicas que humanizam o mundo das pessoas e dão gosto à nossa vida em sociedade.

quarta-feira, 8 de março de 2006

SEMANA SOCIAL, EM BRAGA, de 9 a 12 de Março

Carta Aberta aos cristãos e «a todos os homens de boa vontade» a propósito das Semanas Sociais Portuguesas
"Uma Sociedade
Criadora
de Emprego"
Vai realizar-se em Braga, de 9 a 12 de Março, nova edição das Semanas Sociais Portuguesas, uma iniciativa da Conferência Episcopal Portuguesa, através da sua Comissão do Laicado e Família.
Em boa hora, a organização decidiu debater nesta edição o problema do emprego - um tema da maior importância e da maior actualidade, particularmente para Portugal. A este propósito, tenham-se em presença, pela preocupação que provocam, as mais recentes estatísticas publicadas por diversos organismos públicos nacionais e internacionais.
Na senda da inspiração do Papa João XXIII, este fórum destina-se certamente aos cristão e «a todos os homens de boa vontade» que, por exigência de consciência, estão preocupados com as implicações éticas, políticas e sociais do problema em causa no cumprimento da missão do Homem.
Estimula-se, pois, a viva participação de todos! Esta participação concretiza-se certamente pela presença nas sete sessões programadas, que contam com reflexões de várias personalidades com mérito reconhecido nacional e internacionalmente. Entre elas estão Renato Cardeal Martino, Jacques Delors, António Guterres, António Borges, Victor Constâncio, Jorge Braga de Macedo, Augusto Mateus, Daniel Bessa, Manuel Braga da Cruz, Eduardo Marçal Grilo e Roberto Carneiro. Concretiza-se, também, pelo posterior testemunho vivo da participação, nos diversos contextos da realidade social e da realidade eclesial.
Para esse efeito, mais que a discussão no âmbito das análises puramente científicas, instrumentos sempre exigíveis para o esboço de soluções possíveis, o fórum procurará criar, também, espaço para uma dinâmica de responsabilidade e de iniciativa, podendo cada um dar contributo relevante - pelo menos motivar os demais.Portanto, para além do convite que vos é dirigido, solicita-se que divulguem esta iniciativa e seus resultados nos contextos das vossas vivências, motivando as pessoas das vossas relações a participar no desenvolvimento e divulgação das soluções que aí se gizem para a questão do emprego, para bem de todos.
Com o maior empenho e que haja uma grande participação do vosso meio, junto os meus melhores cumprimentos,
Braga, 8 de Março de 2006
Pedro da Cunha-Sottomayor
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Um artigo de José Tolentino Mendonça

Bíblia, literatura e beleza
Quando Santo Agostinho, no seu De Doctrina Christiana, escrevia que quem folhear a Bíblia «encontrará muitos géneros de locução de tanta beleza», ousava temerari-amente equiparar os Livros Sagrados à excelência literária dos textos clássicos, reconhecendo que a qualidade espiritual é também enunciada por uma qualidade estética. Para Agostinho, a Bíblia era, claro, fonte de experiência religiosa, mas também, e de um modo irresistível, uma escola de escrita e de leitura. O seu século, porém, estava encravado num estreito cânone de beleza: se um jovem quisesse aprender a surpresa e perfeição do estilo devia unicamente beber na tradição retórica ou poética tradicional, que é como quem diz greco-latina. A Bíblia era apenas um suporte religioso. Uma língua de trapos acusada de ‘rusticitas’. As coisas que contava tinham um sentido, mas descritas de um modo irrelevante numa sociedade que se amotinava em torno aos filósofos, aos dramaturgos ou aos tribunos. As palavras de Agostinho falando de «tanta beleza» a propósito da Bíblia representariam, aos ouvidos do seu tempo, não um juízo, mas uma provocação. Hoje não sei bem o que são.
O entendimento da Bíblia, como repertório avulso de verdades, leva a que ainda um grande número de abordagens ao texto bíblico se interesse mais pelas ideias de homem, de alma ou de escatologia, negligenciando as ditas ‘palavras’, isto é, os dados da expressão, muitas vezes considerados como aspectos menores ou estranhos ao estudo de um documento essencialmente religioso. Embora, nos últimos anos, se vá consolidando a verificação de que a verdade bíblica é solidária com o seu suporte estético expressivo, pois fé e linguagem intrinsecamente se reclamam. E esteja a alterar-se uma certa conjuntura intelectual que remetia a Bíblia para o restrito domínio do religioso, esquecendo que a condição teológica da Bíblia é inseparável da sua natureza propriamente literária.
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(Para ler todo o artigo, clique aqui)

Dia Internacional da Mulher

Já não é sem tempo... em dois mil anos de civilização cristã
Em princípio, nada tenho contra os Dias Mundiais ou Internacionais. No mínimo, eles servem para chamar a atenção, levando-nos a reflectir, para a importância de pessoas, factos, propostas e projectos universais, ideias e sonhos, desafios e efemérides. O Dia Internacional da Mulher, contudo, revela, à saciedade, que as mulheres continuam, nas civilizações conhecidas destes tempos, numa situação de menoridade social, profissional, religiosa e cívica. Por mais que lutem, por mais que mostrem, claramente, que em nada são inferiores aos homens, em qualquer campo, elas sofrem, na grande maioria dos casos, uma discriminação ridícula e injusta. É certo que as mulheres já ocupam cargos e funções onde a condição do género não encontra obstáculos. Mas também é verdade que aos lugares de topo, sobretudo nas actividades privadas, raramente conseguem chegar. Os homens, por norma, não encontram essas dificuldades, em confronto com as mulheres. As mulheres estão em maioria nas universidades, nas escolas, nos serviços de enfermagem. As mulheres estão em maioria nas Igrejas, nas missões, no voluntariado social e nos trabalhos que exigem habilidade manual. As mulheres, que mantêm, no dia-a-dia, duas profissões, a que lhes paga um ordenado e a que elas têm de desenvolver na educação dos filhos e na lida da casa, nem sempre são remuneradas, no meio empresarial privado, em pé de igualdade com os homens. As mulheres, que são a maioria nas Igrejas, também merecem mais responsabilidades. E nessa linha, o Papa Bento XVI já prometeu, há dias, debruçar-se sobre o assunto, esperando-se alguns avanços no seio da Igreja Católica. As mulheres não estão na política em número suficiente para humanizarem, com a sua sensibilidade, as leis que nos governam. Mas estão nas artes, na cultura, na educação dos filhos, na solidariedade e na disponibilidade, onde mostram a riqueza do seu sexto sentido e a importância de ocuparem o lugar a que têm direito nas sociedades contemporâneas. Já não é sem tempo, em dois mil anos de civilização cristã.
: Fernando Martins

Um artigo de António Rego

Reinventar fogueiras
As ideias não nascem do chão. Nem do abstracto. Surgem – supõe-se – da cabeça das pessoas. Que está no corpo, que tem uma história, que passa pelo circuito do coração e, como hera teimosa, envolve o todo a partir da experiência acumulada no tempo. Quem diz ideias, diz ideologia ou mesmo crença. Obviamente que o ser ou não ser crente tem tudo a ver com Deus e tudo a ver com o homem.
Os crentes vivem a fé como dom e herança. Há ateus que, bem espremidas as razões, se afastaram da Igreja por motivos mais paroquiais que filosóficos ou teológicos. Nada em nós se explica sem o enquadramento ground, ou do contexto, que compõe todos os nossos discursos e sustenta muitas das nossas decisões.
Claro que voltamos ao tema da liberdade e da forma como esta aborda o sagrado que para os crentes está acima de tudo, inclusive da liberdade… sacralizada. A homilia de Cinzas do Cardeal Patriarca não podia ser mais límpida nesta matéria, revelando um respeito profundo pelos não crentes (a sua não crença é quase religiosa) e pedindo apenas que o mesmo respeito seja compartilhado pelo sagrado dos que acreditam. E, sobretudo, na convicção de que Deus continua imperturbável, seja qual for a sanha do pensar ou dizer do homem. Não estou a citar, e certamente nesta referência envolvo o meu todo de ser crente com o meu sacerdócio, profundamente marcado pelo mundo hodierno, na procura perseverante de sinais de Deus no universo dos crentes e descrentes.
Distinguindo a blasfémia da heterodoxia, a procura sincera da arrogância dogmática em qualquer direcção. Como aprendi do Concílio. O debate detonado pela bomba dos cartoons não deixa de ter utilidade, ao trazer para a ribalta um tema que tinha, como falta maior, o esquecimento ou aniquilação de Deus por via da indiferença.Mas preocupa que algumas opiniões exaltadas tenham por base uma ignorância supina (sem distinguir, por exemplo, o Carnaval das Cinzas) o que leva a crer que outra coisa está latente nesta questão: ir atrás dum carro que dá créditos no ringue dos intelectuais urbanos e azedos, e das minorias iluminadas que só mergulham no povo quando a temperatura das águas lhes convém.
Os intelectuais são a indispensável vanguarda duma sociedade e duma civilização. Mas não pensam apenas com a cabeça. Estão limitados também pela teia dos conceitos e preconceitos que os seus percursos pessoais acumularam. E muito do que dizem é mais fruto de sentimentos e ressentimentos que de brilhantes ideias que se acenderam numa noite escura visitada por minúsculos pirilampos. Não vale, por isso, a pena, reinventar fogueiras.

Os meus destaques

Hoje, pode ler a entrevista que o ainda Presidente da República, Jorge Sampaio, deu ao Diário de Notícias.
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Jorge Sampaio
Nasceu em Lisboa há 66 anos
Licenciado em Direito pela Faculdade
de Direito da Universidade de Lisboa
É Presidente da República desde Março de 1996

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A 48 horas de deixar o Palácio de Belém, o Presidente da República aceitou ter uma conversa com o DN, ao pequeno-almoço, no meio da preenchida agenda com que ocupou os últimos dias do seu mandato.
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O cargo de Presidente correspondeu ao que esperava?
Isto foi mais difícil do que eu supunha. Mas acho que as minhas qualidades se adaptam a este cargo. Exerci-o sem nenhum esforço particular. Acho que interpretei o regime semipresidencialista correctamente. Diz-se que houve instabilidade, mas fui forçado ela. Pela minha parte introduzi estabilidade e governabilidade no sistema. Foi um tempo de mudanças: os pais da pátria terminaram. Tenho pena de não ter havido, na geração dos 40/50 anos, ninguém que se tenha candidatado. Acho que era fundamental essa disponibilidade para e renovação.

terça-feira, 7 de março de 2006

Um artigo de Alexandre Cruz

Educar pelo
sentido artístico 1. Tem havido no seio da comunicação e educação uma certa aposta crescente na dimensão lúdica, artística, por forma ao “rótulo” ser mais motivador. Trata-se do esforço de criar pontes para com o destinatário (que também deve ser emissor) da mensagem, procurando despertar a motivação agarrando por dentro a pessoa naquilo que se pretende transmitir. Mas, com tantos factores de dispersão para a geração dos morangos com telemóvel, quer de entretenimento social quer pessoal, é cada vez mais difícil um envolvimento coerente de toda a pessoa numa certa mensagem, conteúdo, causa. Embora os nossos tempos sejam de sublinhada inovação tecnológica, o certo é que a criatividade, como habilidade pessoal, gosto criativo, não abunda muito pela nossa sociedade fora. É, por isso, essencial uma redescoberta da educação pelo sentido artístico mas que não deixe de fora a cultura, a identidade, o envolvimento de toda a pessoa. Caso não, as pessoas do futuro tornam-se cada vez mais estranhas à própria vida colectiva… Estas são algumas das conclusões fundamentais da Conferência Mundial de Educação Artística que por estes dias recorre em Lisboa, da organização da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), iniciativa que trouxe à nossa capital centenas de cientistas, professores e artistas. 2. Nesta nossa era de globalização acelerada, com tentações de igualitarismos e unicidades que desvirtuariam a riqueza tão diversificada da Humanidade, torna-se cabalmente importante o reconhecer para preservar as tradições, culturas, símbolos, até as próprias línguas. Como é maravilhoso sabermos que existem no mundo seis mil línguas e que, por si, são instrumento artístico e cultural, com as suas danças, cantares, cerimónias! Que secura, tão diferente e monótono, seria um mundo que anulasse a diversidade num “tudo igual” sem as cores da diferença! Estes nossos tempos, e ainda mais os tempos do futuro, de vidas e pessoas agarradas à máquina informática, precisam de valorizar em proporção toda a componente humana, personalizada, de habilidade manual, de invenção a partir do nada, num despertar dos sentidos logo a partir da mais tenra idade. O director-geral da UNESCO, que defende uma educação para todos (no âmbito da Declaração do Milénio), aposta decisivamente na qualidade, o que implica a noção artística da vida como caminho de criatividade. Koichiro Matsuura, dá o seu próprio testemunho a partir do Japão, sua terra natal: “No Japão, onde nasci e cresci, há educação artística. Aí, sempre teve muita importância, o que permite às crianças e aos jovens desenvolver uma forte compreensão do que é a arte. A educação artística – desenhar, pintar, fazer escultura, cantar, … - deve estar inserida no curriculum escolar e os professores devem ter formação para a leccionar.” 3. Certamente que a arte, pelo seu poder de sensibilização e interioridade, será um caminho capaz de criar pontes de vida relacional (uns com os outros), como dimensões essenciais de profundidade. Se as pessoas fossem máquinas não faria sentido esta aposta da UNESCO; mas como à dimensão pessoal pertence a abertura à admiração, sonho, poesia, profundidade de sentido e de paz, então, nos tempos tecnológicos, esta será uma aposta decisiva em formar para a vida com valores a própria pessoa. O testemunho, entre tantos outros especialistas na área do desenvolvimento da consciência humana na sua integralidade, vem também do nosso cientista António Damásio, para quem a imaginação e criatividade implicam uma obrigatoriedade em dar mais lugar à componente artística na própria formação, logo começando pelas idades mais novas. Ainda que a ciência exacta fascine todo o cientista na conjugação de factores em ordem à experiência científica concreta, todavia, como claramente já testemunhou a Conferência Mundial, na componente do cidadão situado na pluralidade de mundo, culturas, sensibilidades e sentidos de vida, “o ensino artístico é importante para criar cidadãos responsáveis”, numa abertura da arte à ética pessoal e social. 4. Que lugar temos para esta vivência e proposta? A tecnologia, por muito importante que seja, não passa de um instrumento; o essencial serão sempre as pessoas na sua abertura ao outro, na sua consciência de ser cidadão. São, a este respeito, muitos os caminhos andados entre nós; mas são muitos mais os percursos a sabiamente construir nesta nova era da comunicação. Pelo menos o importante é manter a distância crítica em relação ao próprio ideal. Como estaremos a este respeito de criatividade e responsabilidade daqui a uns 20 anos?... Veremos o fruto criativo ou a desilusão seca e desumana do que agora semeamos. (Já agora, por vezes é muito preocupante a forma como algumas crianças ou adolescentes de telemóvel tratam seus humildes e lutadores pais…). Talvez até mesmo a própria Europa inclusiva precise de se redescobrir a partir da sua inspiradora arte… Vamos apostar mais no património da qualidade (de sentir) humana, pois com pessoas renovadas não há missões impossíveis e todas as distâncias passam a sensibilizante proximidade!

Anuário Católico de Portugal

Há quebra progressiva nos baptizados
O “guia” da Igreja Católica de Portugal confirma, na sua edição de 2006, a quebra progressiva do número de Baptismos e de ordenações sacerdotais, no nosso país.
Sendo verdade que a vida da Igreja não se limita a números, as estatísticas dos últimos anos podem ser um convite à reflexão, sobre as dificuldades, os equilíbrios necessários, as sementes de renovação e os sinais do presente e do futuro para a Igreja Católica no nosso país.
O “Anuário Católico de Portugal” chega, em 2006, à sua 20ª edição, reunindo e apresentando um amplo conjunto de dados sobre a Igreja em Portugal. “Essa Igreja, que peregrina pela história, é uma realidade em permanente transformação”, alerta o Pe. Joaquim Garrido, director do Secretariado Geral da CEP, responsável por esta edição.
Os dados apresentados referem-se a 2003, retomando o trabalho da Secretaria de Estado do Vaticano, através do seu Departamento Central de Estatística. Em Portugal, segundo o Anuário, 91,52% da população professa a fé católica.De 2000 a 2003, o número de sacerdotes diocesanos baixou de 3.159 para 3.029 (menos 130), enquanto que o clero religioso manteve praticamente o mesmo número. A situação de 2003 mostra que por cada dois padres que morrem (nesse ano foram 80), apenas um é ordenado (37 novos sacerdotes).
Apesar desta quebra no número de padres, a maioria das mais de 4 mil paróquias estão confiadas à administração sacerdotal (99,15%) e apenas 37 paróquias são administradas pastoralmente por diáconos, religiosas e leigos.
Os seminaristas de filosofia e teologia também são menos, segundo os últimos dados disponíveis: de 547, entre diocesanos e religiosos, em 2000 passou-se para 471 em 2003.
O número de Baptismo mostra uma redução de quase 10 mil pessoas, mas esse dado deve ser lido à luz da variação do número de nascimentos em cada ano. Em 2000 foram baptizadas mais de 92 mil crianças com menos de 7 anos, e em 2003 esse número ficou-se pelos 82.640. O número de Baptismos depois dos 7 anos representa, actualmente, cerca de 6% do total e chegou, em 2003, aos 5.516 (5.938 em 2000).
As estatísticas, contudo, não são mais do que uma pequena parte do que é apresentado no Anuário Católico, que oferece informações sobre o Papa, a Santa Sé, a Conferência Episcopal Portuguesa, as Diocese do país, os Institutos de Vida Consagrada, movimentos e obras.
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Fonte: Ecclesia

Um poema de João de Barros

João de Barros

Invocação à terra 

Oh! terra! Oh! terra sã da minha Pátria! 
Eu ouço 
No peito, a crepitar, teu riso fresco e moço, 
No meu corpo a canção dos teus ritmos leais. 
Tudo o que em ti é vida e juventude eterna, 
Sinto-o na minha carne e em meu sangue mortais. 
Tua seiva amorosa e tua força terna 
Traz quimeras à alma e rosas aos rosais … 
Aprendi a chorar com o teu chorar de fontes, 
Aprendi a ambição olhando os horizontes 
E escutando o fragor do teu mar de epopeia! 
E, na volúpia ardente ou na divina ideia, 
No orgulho que exaspera ou na glória que vence, 
Sei que nada, afinal, criei ou me pertence: 
– Sei que triunfa em mim somente essa energia 
Que é pomar, é vergel, é canto matinal, 
É onda que palpita, é sol que me alumia, 
É brisa da manhã, é doçura e alegria 
É tudo o que tu és, terra de Portugal! : 

João da Barros (1881 – 1960), 
in “Oração à Pátria”

Os meus destaques

No DN, pode ler "Responsabilidade partilhada", um artigo do Prof. Adriano Moreira. No mesmo jornal, vale a pena ler, também, "Jorge Sampaio, o Presidente-cidadão", do Prof. José Medeiros Ferreira.

Um artigo de Francisco Perestrello, na Ecclesia

Los Angeles,
o Retrato
de uma Cidade O thriller, filme de acção e contexto geralmente policial, é hoje um dos géneros mais frequentes no cinema americano. Quando possível procura-se fugir às linhas mais batidas, de forma a que o espectador não seja levado a sentir-se a rever obras anteriores. «Colisão» é, sob este aspecto, um caso muito particular. O filme contém todos os elementos para se incluir no género referido. Tem acção, muita polícia e muitos criminosos, e vê-se bem a luta entre as duas frentes. Mas, habilidosamente, o realizador Paul Haggis evita qualquer situação de violência gratuita e limita a acção ao que se torna necessário em termos da narrativa.
Não há excessos, não há uma concentração excessiva sobre qualquer das personagens, diversificando-se a acção por múltiplas pequenas histórias que se cruzam entre si.
O que se obtém é o retrato de Los Angeles e da sua população, dos choques sociais em que se realça o racismo, seja ele da maioria sobre as minorias seja a inversa, também ela bem viva na população.
Para defesa do povo há a polícia, mas também esta tem elementos de carácter mais que duvidoso, o que torna difícil a sobrevivência dos mais fracos.Dentro de um contexto bastante sombrio o filme deixa saída para algum optimismo, mostrando inclusivamente a possibilidade de regeneração quando obtidas as condições adequadas. Aprofunda o estudo do carácter de alguns intervenientes, mesmo quando estes passam no filme em sequências relativamente breves, mas que não deixam por isso de ser muito expressivas.
«Colisão» distingue-se assim pela originalidade e eficiência na forma de tratamento e, sobretudo, por um conteúdo temático muito equilibrado, que nos dá o retrato vivo da cidade, dos seus problemas raciais e dos processos de actuação policial, que variam entre a dedicação exemplar e a defesa de interesses pessoais em prejuízo de terceiros.

Quaresma: Mensagem do Bispo de Aveiro

Levanta-te e anda!... Longo caminho te resta para andar
"É meu dever denunciar a presença, triste e ruinosa, do pecado em nós e no nosso mundo e anunciar, ao mesmo tempo, o mistério do amor misericordioso de Deus Pai, manifestado e realizado em seu Filho Jesus, para a salvação de todos. Apelar, por fim, à esperança, que é a luz que comanda a vida do espírito, neste mundo onde escasseia o amor e a paz."
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(Para ler toda a mensagem, clique aqui)

segunda-feira, 6 de março de 2006

D. José Policarpo: Nem tudo o que é legal é moral

Cardeal-Patriarca de Lisboa apela à objecção de consciência contra leis imorais

O Cardeal-Patriarca de Lisboa abordou ontem a relação da Fé com a legislação civil, criticando “uma tendência facilitante” que considera que é moral tudo aquilo que é legal.“Nem tudo o que é legal é moral. Esta é uma tendência facilitante, a de considerar que o que é legal é moral. E pode haver leis civis, que se os cristãos as aplicarem a si mesmos, pecam, ofendendo gravemente a Deus. Em certas circunstâncias devem mesmo recusar-se, através do estatuto de ‘objectores de consciência’, a participar na sua aplicação”, explicou.

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(Para ler mais, clique aqui)

Os meus destaques

No Diário de Aveiro, pode ler "Perda de regalias sociais e fiscais inviabilizam casamento católico", um texto de Eduardo Jaques.
No Diário de Notícias, vale a pena ler "A arte como ferramenta essencial da educação", um texto de Maria João Caetano Paulo Thai.

domingo, 5 de março de 2006

As minhas escolhas

1 - Um artigo de Anselmo Borges no DN Poder dominar ou criar?
"O poder pode corromper. O poder absoluto corrompe absoluta-mente. Daí, a necessidade da divisão e separação dos poderes."
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2 - Um artigo de Luís Queiró, no DN
"Há momentos em que a defesa dos nossos interesses, em particular da língua portuguesa, é simples de concretizar. Basta decidir."

PAPA CONTRA A EXPLORAÇÃO

Bento XVI deixa apelo contra a exploração a empresários católicos
Bento XVI fez ontem um apelo aos empresários e ao mundo da economia contra a exploração. O Papa pediu que se evite "qualquer forma de exploração" e que se reconheça a "importância da família e a responsabilidade pessoal", durante a audiência que concedeu na Sala Paulo VI do Vaticano, a cerca de 8 mil pessoas da União Cristã de Dirigentes Empresariais (UCID) e outras associações filiadas na UNIAPAC, incluindo a Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas (ACEGE), de Portugal. O Papa precisou que o apelo à "responsabilidade pessoal" e para evitar a "exploração” é válido inclusive “em situações económicas adversas". Bento XVI recomendou aos empresários cristãos que tenham presente a ensinamento da Igreja e em particular que examinem com atenção o Compêndio da Doutrina Social da Igreja. O Papa fez referência à segunda parte da sua encíclica “Deus caritas est”, onde fala da necessidade dos cristãos trabalharem em favor de uma ordem social justa, participando pessoalmente na vida publica, cooperando com os outros cidadãos sob a sua responsabilidade pessoal. Na audiência, um exemplar do "Código de Ética" da ACEGE foi entregue ao Papa por empresários e gestores portuguesesO respeito e a promoção do projecto de vida dos trabalhadores é uma das obrigações dos gestores e empresários que subscreveram o Código de Ética, que foi entregue ao Papa durante esta audiência pelo presidente da ACEGE, João Alberto Pinto Basto. Assinado por mais de 400 gestores e empresários portugueses, o Código de Ética recomenda a defesa da dignidade dos homens que colaboram nas empresas, o que passa pelo respeito do projecto de vida dos trabalhadores, dando especial atenção à sua felicidade familiar. Evitar práticas discriminatórias e estabelecer uma remuneração justa, ponderada pela realidade do sector económico, são outras das obrigações dos gestores e empresários que subscreveram o documento. No que se refere à economia social de mercado, o Código de Ética defende o cumprimento das leis do país, a promoção de uma concorrência leal e honrada e a luta contra todas as formas de corrupção activa ou passiva, entre outras. O Código de Ética, entregue ao Papa, define ainda que os colaboradores devem ser informados de forma adequada e honesta sobre a vida da empresa e que devem ter condições de trabalho que respeitem a dignidade e a saúde. : Fonte: Ecclesia

Um poema de João de Deus

Tendo a mãe que se ausentar Disse à filha mais velhinha: “Fica tu em meu lugar De guarda à nossa casinha; A menina está no berço, Embala-a suavemente, Entretendo a inocente Com esta cantiga em verso: Passarinhos, vinde em bando A ver anjinho tão linho Que a mana está embalando Contente de o ver dormindo.” :
NB: Hoje, por acaso, encontrei este poema que decorei na minha infância. Poema simples, é certo, mas não é de coisas simples que se faz a arte, tantas vezes?

GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 7

E SE OS DEUSES IRADOS
INVERTESSEM O ARCO-ÍRIS?!

  Caríssimo/a: 

 Caíram-me sob os olhos estas duas migalhas de prosa: 
“Quanto aos namorados, S. Gonçalo que faça o que puder. Se é que entre marido e mulher se pode meter a colher.” 
 “A reparação do navio Santo André…(que é tutelado pelo Museu Marítimo de Ílhavo)… é uma das principais iniciativas a desenvolver…” 
Então, e não tenho dúvidas que só pela acção das Musas, me ocorreu que os deuses do Olimpo mais uma vez se interessaram pela nossa Terra e transformaram o navio Santo André e a ponte das Portas de Água e da Cambeia em dois verdadeiros Mitos contemporâneos. E tão sobranceiros, … que o dedo de Cupido foi influente. Deixemo-los, pois, namorar à vontade… E vamos importunar Zeus que ordene aos Ventos e às Chuvas para que poupem as Portas de Água das suas intempéries. Caso contrário, um montão de ruínas substituirá, em breve, um dos Mitos. [Esperamos que o outro continue airoso e iluminado a inspirar e povoar a nossa Memória…., isto se a tal reparação….] Terminaria com outro sorriso, inesperado e diferente, retirado a Sebastião da Gama: 
“ Havia de olhar para tudo com uma alegria tão grande, com uma virgindade tão grande, que até Deus sorriria contente de ter feito o Mundo.” 

Manuel
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NB: Este "GOTAS DO ARCO-ÍRIS" não saiu no domingo certo, por eu ter estado ausente, como os meus leitores sabem. Sai agora, com o meu pedido de desculpas ao autor Manuel e aos frequentadores do Pela Positiva.

FM

Uma reflexão do padre João Gonçalves, pároco da Glória

Arrepender-se de quê?
Cultiva-se a permissividade, com capa de liberdade; o falso e amplo conceito de que cada um é livre, desde que não implique com a liberdade dos outros, cria espaços vazios que não dão suficiente lugar à consciência, para actos e omissões, prejudiciais ao próprio e, portanto, aos outros, ainda que de modo subtil.
A liberdade é muito mais abrangente do que apenas a dimensão do que implica com a comunidade; ela apanha a consciência e deve ajudá-la ao respeito por si próprio, pelos próprios compromissos mais íntimos e pessoais; não é só mal o que prejudica o outro.
A consciência e a apreciação moral de actos e omissões estão postas em causa; se tudo é permitido não há lugar para o reconhecimento do mal; portanto, não há razões para o arrependimento: arrepender-se, de quê?
De facto, para que haja arrependimento, é preciso uma boa dose de humildade, isto é, de verdade corajosa, para reconhecer os próprios erros. Quem, orgulhosamente, ache que nunca errou, nunca vai ter de que arrepender--se, nem nunca vai mudar de vida.
A pessoa de Fé, no confronto com Deus e com a Sua Palavra, sabe que está a fazer caminho que o convida a subir sempre, apesar das poeiras que se vão juntando.
No Baptismo, o grande banho dos Cristãos, foi iniciada a marcha e assumido o compromisso; a sua vida é acreditar no Evangelho e avançar, com coragem, em ordem a uma verdadeira liberdade.

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In "Diálogo", 1064 - I DOMINGO DA QUARESMA - Ano B

sábado, 4 de março de 2006

As minhas escolhas

No Diário de Notícias pode ler "Vencer o medo na Europa comunitária", um artigo de Francisco Sarsfield Cabral.

Empresários e gestores apresentam Código de Ética

Associação Cristã de Empresários e Gestores entrega hoje documento ao Papa
Código de Ética obriga empresários a respeitar projecto de vida de trabalhadores
O respeito e a promoção do projecto de vida dos trabalhadores é uma das obrigações dos gestores e empresários que subscreveram o Código de Ética que vai ser entregue hoje ao Papa Bento XVI, em Roma. Assinado por mais de 400 gestores e empresários portugueses, o Código de Ética recomenda a defesa da dignidade dos homens que colaboram nas empresas, o que passa pelo respeito do projecto de vida dos trabalhadores, dando especial atenção à sua felicidade familiar.
O Código de Ética, que vai ser entregue ao Papa pela Associação Cristã de Empresários e Gestores de Empresas (ACEGE), define ainda que os colaboradores devem ser informados de forma adequada e honesta sobre a vida da empresa e que devem ter condições de trabalho que respeitem a dignidade e a saúde.
Evitar práticas discriminatórias e estabelecer uma remuneração justa, ponderada pela realidade do sector económico, são outras das obrigações dos gestores e empresários que subscreveram o documento.
No que se refere à economia social de mercado, o Código de Ética defende o cumprimento das leis do país, a promoção de uma concorrência leal e honrada e a luta contra todas as formas de corrupção activa ou passiva, entre outras.
Os empresários devem ainda lutar contra a iniquidade e desperdício por parte do Estado, participar na actividade económica com independência relativamente ao Estado, lutar activamente contra as situações de fraude fiscal e não influenciar de modo ilegítimo a decisão política.
O secretário-geral da ACEGE, Jorge Líbano Monteiro, disse à agência Lusa que o Código de Ética tem como princípios essenciais o Homem, a empresa, a economia social de mercado, a ética pessoal e profissional, a excelência no trabalho e o bem comum. "A ideia é aplicar estes princípios gerais à vida das empresas", sublinhou Líbano Monteiro, acrescentando que cada empresário ou gestor vai tentar aplicá-los da melhor forma à sua empresa.
O presidente da ACEGE, João Alberto Pinto Basto, vai entregar o Código de Ética ao Papa Bento XVI, assim como uma cópia das assinaturas de todos aqueles que se comprometeram com o texto, entre os quais José Roquette, Ricardo Salgado, Paulo Teixeira Pinto, Jorge Jardim Gonçalves, Vasco de Mello e Ludgero Marques.
A audiência com o Papa Bento XVI é promovida pela UCID, congénere italiana da ACEGE.
A ACEGE é uma associação de homens e mulheres de empresa que partilham entre si valores cristãos e procuram aplicá-los no desenvolvimento da sua vida profissional.
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Fonte: PÚBLICO on-line

CUFC: Dia Internacional da Mulher

Margarida Santos
apresenta "RETRATOS
DE MULHER" No dia 8 de Março, quarta-feira, pelas 21 horas, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), vai ser celebrado o Dia Internacional da Mulher, em sessão aberta a todos os interessados. Margarida Santos, presidente da Plataforma Portuguesa para os Direitos da Mulher, é a convidada para desenvolver o tema RETRATOS DE MULHER, em jeito de conversa sobre questões de “género”. Problemáticas relacionadas com a situação da mulher, bem como desafios e esperanças que urge implementar, são boas razões para muitos participarem, como se espera. A moderação é de Isabel Segadães. Esta acção, dinamizada CUFC, foi organizada em parceria com a Associação de Antigos Alunos da Universidade de Aveiro. Integra-se no projecto Fórum::Universal, uma iniciativa do CUFC, Fundação João Jacinto de Magalhães (Editorial UA) e jornal Diário de Aveiro, e acontece todas as primeiras quartas-feiras do mês.

Quaresma: Mensagem do Papa

QUARESMA: Tempo de peregrinação interior
"... a primeira contribuição que a Igreja oferece para o desenvolvimento do homem e dos povos não se consubstancia em meios materiais nem em soluções técnicas, mas no anúncio da verdade de Cristo que educa as consciências e ensina a autêntica dignidade da pessoa e do trabalho, promovendo a formação duma cultura que corresponda verdadeiramente a todas as exigências do homem."
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(Para ler toda a mensagem, clique aqui)

sexta-feira, 3 de março de 2006

MULHERES com mais responsabilidades na Igreja

Papa admite possibilidade de dar mais espaço e responsabilidade às mulheres na Igreja
Bento XVI admitiu ontem a necessidade de “perguntar-se” se no serviço ministerial da Igreja não será possível “oferecer mais espaço e mais posições de responsabilidade às mulheres”.
A Santa Sé apenas hoje publicou a longa intervenção de Bento XVI, que durante duas horas esteve em conversa com os párocos da Diocese de Roma, respondendo a várias perguntas. O somatório das respostas resultou numa das mais extensas intervenções papais destes meses de pontificado, abordando matérias diversas, como os pontificados do século XX, o ecumenismo, a defesa da vida, a pastoral da família, os jovens e a formação dos novos sacerdotes, entre muitos outros.
Respondendo a uma questão levantada por um jovem padre, o Papa abordou a questão da ordenação sacerdotal das mulheres, reiterando que “o ministério sacerdotal do Senhor é, como sabemos, reservado aos homens”.
Este é, para Bento XVI, o “ponto decisivo” de qualquer discussão sobre a matéria.“Todavia – observou – é justo perguntar-se se, no serviço ministerial, apesar do facto de o Sacramento e o carisma serem o único binário em que se realiza a Igreja, não se poderá oferecer mais espaço, mais posições de responsabilidade às mulheres”.
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Para ler todo o texto, clique aqui

PORTO DE AVEIRO

Inscrições já se encontram abertas
Colóquio:
“PORTO DE AVEIRO:
ESTRATÉGIA E FUTURO”
As inscrições para o colóquio “PORTO DE AVEIRO: ESTRATÉGIA E FUTURO” já se encontram abertas, devendo ser efectuadas através dos contactos:
Telefone 234 393 447/335/339 ou 213 973 968
Fax: 234 393 399 ou 213 973 984
Interessados em associar-se ao evento, como patrocinadores, devem contactar o e-mail marketing@portodeaveiro.pt até ao dia 8 de Março

FOTÓGRAFOS DA VIDA SELVAGEM

Na Fábrica – Centro de Ciência Viva de Aveiro vai estar patente, a partir de amanhã, dia 4 e até 25 de Junho, a exposição “Fotógrafos da Vida Selvagem 2006”. As fotos expostas resultam do mais prestigiado concurso de fotografia da natureza em todo o mundo, organizado por duas consagradas instituições britânicas – O Museu de História Natural de Londres e a revista “BBC Wildlife Magazine”.
Associando-se ao grupo de “Empresas Amigas” da Fábrica – Centro de Ciência Viva, a APA decidiu “adoptar” uma das excelentes fotos em exposição: um casal de águias-cobreiras.Este apoio permite à Fábrica – Centro de Ciência Viva ceder gratuitamente às crianças o guia pedagógico da exposição.
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Fonte.. Site do Porto de Aveiro

Um artigo de D. António Marcelino

Preocupações que são problemas da gente nova
"Há que insistir: quem hoje lida com a gente nova tem de acender os faróis máximos para não tirar luz ao que está perto, mas mostrar horizontes largos e longínquos, capazes de fascinar e impelir a ir mais longe. E assim acontece a uns que diversificam os estudos já feitos, a outros que arregaçam mangas e deitam mão a serviços que não envergonham ninguém, ainda a outros que se decidem a fazer grupo para criarem o seu mundo de trabalho e mostrar o que são capazes. Olhos abertos para a realidade e coração disponível para querer ir mais além."
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(Para ler o artigo do Bispo de Aveiro, clique aqui)

ISCRA AVANÇA COM MAIS DOIS CURSOS

ISCRA aposta na formação permanente dos agentes de pastoral
O Instituto Superior de Ciências Religiosas de Aveiro (ISCRA) iniciou o ano 2006 com uma forte aposta na Formação Permanente dos agentes de pastoral da Diocese de Aveiro.
Esta aposta centrou-se na realização de dois cursos. O primeiro, intitulado Acolhimento/Atendimento Pastoral – Cartório, Arquivo e Inventário, é dirigido a presbíteros, diáconos, religiosas e leigos, homens e mulheres, delegados pelos párocos, que desempenhem ou venham a desempenhar o serviço de atendimento e organização do Cartório paroquial.
Este curso versa sobre assuntos tão relevantes como a importância do acolhimento, as qualidades e atitudes fundamentais de quem acolhe, a organização e o momento do acolhimento, a importância do arquivo paroquial assim como a organização dos diversos processos e requerimentos estipulados para os sacramentos da Igreja e o modo como se devem elaborar os inventários artísticos e de imóveis. O curso teve o seu início a 20 de Janeiro, nas instalações do ISCRA, no edifício do Seminário Diocesano e decorrerá até ao dia 31 de Março.
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(Para ler todo o texto, clique aqui)

quinta-feira, 2 de março de 2006

HOSPITAL DOS COVÕES – 3

Hospital dos Covões:
um hospital humanizado

 Fala-se, há muitos anos, da urgência de se humanizarem os hospitais. A eventual falta de pessoal, a vários níveis, e os diversificados serviços médicos para responder aos cada vez mais pacientes talvez dificultem aos profissionais espaço e tempo para ouvir os doentes. Por isso, em alguns hospitais e noutros Serviços de Saúde já é fácil ver os Voluntários Hospitalares, gente generosa que se presta a fazer o bem, junto de quem está doente e porventura em solidão. 
Na “Cirurgia 2 Homens” do Hospital dos Covões, a enfermaria onde estive, não vi Voluntários, mas senti que todo o pessoal de serviço, médicos, enfermeiros, outros técnicos e demais profissionais, cumpria o papel dos voluntários, tal era a riqueza do seu espírito de doação, em perfeita sintonia com a especificidade das suas opções de vida. Talvez seja assim nos outros hospitais do País, porque não podemos ignorar a evolução no campo da Saúde e, o que é sumamente importante, o progresso ao nível da humanização dos hospitais. 
Hoje e aqui falo do que vi e senti no Hospital dos Covões. De facto, jamais esquecerei a capacidade técnica, a disponibilidade, a boa disposição, o carinho e a alegria de todos os profissionais com quem contactei durante 12 dias. Médicos que ouviam os doentes e que prescreviam a medicação, quantas vezes depois de trocarem impressões com colegas, na procura das melhores soluções; técnicos delicados e com arte para receber; enfermeiros sempre prontos e atentos para que nada faltasse aos pacientes; e outros servidores que tudo faziam, mostrando permanentemente boa disposição, para amenizarem o sofrimento de tantos. Vi e ouvi, quando isso foi possível (o meu problema era de ouvidos), como os enfermeiros acolhiam os que chegavam, como os ajudavam na preparação para as intervenções cirúrgicas, como os recebiam à chegada do bloco operatório. Neste caso, com que cuidados os rodeavam, os assistiam, os olhavam. E em todos vi sorrisos francos e de todos recebi palavras amigas, explicações oportunas, conselhos importantes. 
Vi a paciência com que tratavam e acompanhavam os mais idosos e mais dependentes, a serenidade com que enfrentavam as dificuldades e contrariedades que alguns pacientes provocavam ou não sabiam evitar. Vi como passavam as noites de vigília e como trabalhavam e respondiam às chamadas, quantas vezes a correr, para que tudo continuasse bem. Vi como conseguiam estar alegres e como sabiam, nas horas mais difíceis de alguns, transmitir-lhes o sentido da esperança. 

Fernando Martins

Questões da vida: questões de humanidade e cidadania

"É uma questão de cultura e não de oposição à Igreja"
D. Manuel Clemente participou nas jornadas dos Cursilhos de Cristandade (ver página 8), em Aveiro. Uma das ideias partilhadas com os participantes foi a da não confessionalização das questões da vida. “Não são questões confessionais, nem devem ser. São questões de humanidade e cidadania”, disse o bispo auxiliar de Lisboa, acrescentando que, num debate, o interlocutor pode recusar o diálogo ao confrontar-se com alguém que toma determinadas posições por definir-se como católico, mais ou menos seguindo este raciocínio: “Tu és católico, tens as tuas posições; eu não sou, tenho as minhas”. E acaba o diálogo.
Ora, aborto, clonagem, reprodução médica assistida, eutanásia, criação de embriões, entre outras, são antes de mais questões de humanidade e cidadania. E nessa base devem ser abordadas. Claro que, “se é cristão, tem razões redobradas para ser competente”, disse D. Manuel Clemente, que acedeu a responder a estas perguntas do Correio do Vouga, no final dos trabalhos.
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(Para ler a entrevista, clique Correio do Vouga)

TEATRO AVEIRENSE

125 anos de labor cultural
Os 125 anos de labor cultural do Teatro Aveirense vão ser celebrados com diversas iniciativas, ao longo de 2006. Diz a Directora Geral, Maria da Luz Nolasco, que "os 125 anos do Teatro Aveirense serão ao longo de 2006 a expressão viva e evocativa da nossa identidade e diversidade cultural". Por isso, lança o convite a todos para que participem nas mais diversas acções artísticas.
Para já, no dia 4 de Março, sábado, haverá o primeiro momento, com a participação da Filarmonia das Beiras, em noite de gala. E no dia seguinte, dia 5, no final da tarde, terá lugar no Aveirense um concerto pela secular Banda Amizade.

Um artigo de Alexandre Cruz

Sem-abrigo, porquê?

1. Sempre que o verniz estala na praça pública a sociedade inquieta-se. A realidade escondida e desumana de todos os dias em tantos subúrbios de cidades, onde a exclusão é dura realidade esquecida, coloca-se agora, de forma mais intensa pelo escândalo de casos recentes, no mapa das preocupações sociais. Todavia, ainda que nestas horas todas as reflexões de bondade venham à luz do dia, ou então nos dias e noites geladas a solidariedade seja por si capaz de mover montanhas, o certo é que a problemática social dos sem-abrigo está aí, a desafiar este mundo e sociedade da cultura, do conhecimento, da comunicação. Afinal, se não conseguirmos criar uma ambiente social mínimo de dignidade e vida capaz para todos…que lugar “justo” para tudo o resto de grandioso?!... A par das grandes cidades deste mundo, sabe-se sobejamente, caminham a existência das grandes favelas, bairros de lata, degradações, vícios, caminho repletos de sem-abrigo vagueando vida fora sem pão nem horizonte…será inevitável esta realidade? Porquê este cenário a que estamos já tão habituados que só quando rebenta a “bomba” é que nos admiramos da realidade diária? Porque, por norma ocidental, lembre-se o caso de França de há meses, o poder e o império abandonou nos bairros escuros das cidades milhares, milhões de vidas que, por incultura pessoal ou ambiente social, vão carregando o peso da degradação humana até ao limite?... 2. Não é fácil o compreender tamanha realidade, quando, até, após hábito diário, “o não fazer nada nem lutar por algo de novo e melhor” já é forma instalada de vida de muitos sem-abrigo. Todavia, ainda que pessoalmente, por circunstâncias e contextos vários a vida não tenha despertado dinamismos da construção, fará sentido perguntar: onde têm parado o mundo do poder, das instituições, do mundo intelectual (com a sua força pedagógica) diante deste grandioso desafio de “compreender” para, “servir” e “promover autonomia responsável”? O percurso da história do pensamento humano ou das grandes conquistas de invenção técnica e científica defrontam-se, hoje, talvez com este enorme desafio, que afinal, focaliza no sentido de humanidade em tudo o que se conhece. O mundo da comunicação, nos regimes de saudável liberdade, já não deixa (na generalidade) que os cancros das cidades persistam. Quer queiram quer não as instâncias de poder, os habitantes de qualquer cidade, e em qualquer parte dela, nem que seja no bairro de latas mais pobre do mundo, essas pessoas são cidadãos, pessoas, com dignidade pessoal. Este facto indesmentível e irrenunciável, consequentemente, deverá proporcionar o ir ao encontro, quanto mais cedo melhor, ajudar a curar a ferida, trazer de volta à cidade, ou pelo menos manifestar mais preocupação… 3. Um dos graves dramas dos países chamados “desenvolvidos” é que esse desenvolvimento é só para alguns, e infelizmente, em percentagens de estudo quer nacionais ou internacionais, cada vez mais é só mesmo para alguns, nas novas formas de poder económico que, tantas vezes, é uma autêntica e desumana barbárie (e não só chinesa)… Neste nosso tempo, mesmo as duras realidades não se poderão esconder. Mas também para sarar feridas de muitas décadas de vida não se tenha a pretensão de soluções à velocidade da luz. Como sempre, um dos determinantes eixos de mudança será a essencial EDUCAÇÃO. Por esta, pelo caminho de uma instrução no respeito pela diversidade cultural mas aberta a uma comum referência básica de dignidade humana, poderá ser possível uma esperança mais firme. Mas, como é claro, não serão só as boas intenções ou o decreto de papel que criará uma nova mentalidade capaz de soluções. Só no trabalho em conjugação de esforços, em rede, em parceria sensível e sensibilizante, será possível atingir actuações de autêntico serviço que crie consciência cívica, por isso sempre sem ‘bandeiras’. É esse caminho que, graças a tantos esforços conjuntos, vais estando aberto… É essa a estrada da vida, a única possível, que fermentará de tal forma no coração de todos uma vontade firme de abertura, esperança, mudança de vida. Tarefa gigante, desafio urgente, que precisa de nós mas não depende só de nós. Lembramo-nos de pelo ano 2000, os números da ONU dizerem que o mundo “produz” em cada minuto 47 novos pobres. Sem palavras estas linhas de produção do drama da desigualdade miserável… Mas, apesar de tudo, e porque é com todos que este desafio do milénio se poderá vencer, alguns sinais de uma nova consciência solidária universal vão surgindo. Quem dera, que eles se multipliquem numa linha de montagem que produza os “mínimos de dignidade humana” para cada pessoa, seja qual for o beco ou o canto da cidade em que se viva essa profunda e urgente esperança!...

quarta-feira, 1 de março de 2006

Convento das Carmelitas

PSP MUDA-SE PARA
O GOVERNO CIVIL Como foi noticiado, a PSP de Aveiro vai mudar-se para o edifício do Governo Civil por estes dias. Trata-se de uma mudança que agrada a todos, tanto à PSP como ao próprio Governador Civil. As instalações, que durante tanto tempo a PSP ocupou, já não ofereciam as melhores condições de trabalho. Ao que se diz, aquele espaço está já destinado ao Tribunal Tributário. Todos sabemos que a República nacionalizou espaços religiosos, mantendo-os ao serviço do Estado até hoje. Sem discutirmos a legitimidade dessa intervenção, que já foi fruto de amplas negociações entre os Governos de Portugal e a Igreja Católica, penso que não haveria mal nenhum em oferecer o Convento das Carmelitas, anexo à igreja do mesmo nome, à Diocese, para nele ser criado um museu que contasse a história das Carmelitas entre nós. Aqui fica a sugestão.
F.M.

HOSPITAL DOS COVÕES - 2


Homenagem ao poeta António Aleixo

Um pouco de história


A primeira impressão que o paciente regista, quando chega ao Hospital dos Covões, diz-lhe que o edifício é antigo, com traços notoriamente diferentes dos actuais Hospitais. Mas se olhar à volta, logo vê que há pavilhões novos e funcionais. Os corredores da parte mais antiga são suficientemente largos para que tudo e todos circulem sem atropelos, mas nota-se, em certas zonas, algumas correntes de ar que incomodam. Não vi isso, porém, nos novos espaços que dão enquadramento a inúmeras especialidades médicas e serviços de apoio. De qualquer forma, a parte antiga mostra sinais de arte, com pinturas e outras decorações com marcas de antiguidade, que lhe emprestam um aspecto diferente e muito bonito.
Nasceu de um projecto iniciado em 1918, mas só concluído em 1930, projecto esse que foi baptizado com o nome Escola Pró-Pátria. A iniciativa foi da Colónia Portuguesa do Brasil, ao tempo muito generosa, tendo espalhado por todo o País Escolas, Hospitais e outros edifícios de assistência e cultura. Aquela Escola destinava-se a recolher e educar os órfãos dos soldados mortos na Iª Grande Guerra, tendo a intenção de permanecer como um Asilo-Escola, espécie de "... laboratório onde a educação transformará através dos tempos as crianças pobres em trabalhadores modelo, em cidadãos exemplares", como se lê no seu historial.
Entretanto, a 5 de Fevereiro de 1931 é publicado o Decreto 19 310 em que a Assistência da Colónia Portuguesa do Brasil faz doação do seu património ao Governo Português, transformando a Escola Pró-Pátria em Sanatório Anti-tuberculoso, para indivíduos do sexo masculino. Quem entra, se olhar à esquerda, vê no jardim fronteiro um monumento simples, com uma quadra do poeta popular António Aleixo, e do lado direito um busto do médico e filantropo Bissaya Barreto, a quem Coimbra e Portugal muito devem, tal a força das causas por que lutava e os projectos em que se empenhou. Porquê a homenagem ao poeta António Aleixo?

António Aleixo nasceu em 18 de Fevereiro de 1899, em Vila Real de Santo António, e em 28 de Junho de 1943, após a morte da filha, devido a tuberculose, é internado no Hospital-Sanatório dos Covões, por sofrer da mesma doença. A sua passagem por aquele estabelecimento de saúde foi recordada com uma homenagem do Centro Hospitalar de Coimbra, em 29 de Julho de 1978, como reza a lápide. E com justiça, diga-se de passagem, porque nem sempre as pessoas simples, embora de grandes méritos, são lembradas pelas entidades oficiais e mesmo particulares. Aqui, o nosso maior poeta popular não foi esquecido.
O homem, com a simples terceira classe, que escrevia com alguns erros ortográficos, de cultura académica elementaríssima, possuía o dom de ser poeta. Foi cauteleiro e guardador de rebanhos, cantava de feira e feira e deliciava quantos o ouviam pela naturalidade com que rimava quadras carregadas de sabedoria. No monumento, modesto mas significativo, ficou registada, para quem passa, uma quadra singular, que não deixa de ser uma censura dirigida a muito boa gente dos nossos dias.
Diz assim:

Quem trabalha e mata a fome
Não come o pão de ninguém
Quem não ganha o pão que come
Come sempre o pão de alguém

Se for ao Hospital dos Covões, leia esta quadra. Se o fizer, estará a prestar, de modo muito simples, uma homenagem ao nosso maior poeta popular.

Fernando Martins

NB: Para conhecer um pouco mais António Aleixo, pode ler “Este livro que vos deixo…”