terça-feira, 21 de outubro de 2008

ÍLHAVO: Concurso Literário Jovem

Com o objectivo de fomentar hábitos de leitura nas camadas jovens, criar e consolidar hábitos de escrita, valorizando a expressão literária, a Câmara Municipal de Ílhavo vai realizar a oitava edição do Concurso Literário Jovem. Este concurso é dirigido aos alunos das Escolas do 1.º, 2.º e 3.º Ciclos, assim como do Ensino Secundário, podendo participar alunos de qualquer estabelecimento de ensino do Município de Ílhavo, até ao 12º ano de escolaridade, que poderão concorrer nas modalidades de texto narrativo e texto poético. A todos os autores será entregue um certificado de participação, cabendo, ainda, aos três primeiros classificados de cada categoria, prémios sob a forma de material didáctico. O prazo de entrega dos trabalhos decorre até ao dia 13 de Março de 2009, devendo os mesmos ser entregues por mão própria ou enviados por correio, com aviso de recepção e endereçados para a Câmara Municipal de Ílhavo - VII Concurso Literário Jovem - Avenida 25 de Abril -3830-044 Ílhavo.

AJUDAS AOS POBRES E AOS BANCOS

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Regata dos Grandes Veleiros

NOTA DE EXCELENTE PARA O CONCELHO DE ÍLHAVO
;
A Regata dos Grandes Veleiros, integrada na celebração dos 500 anos da fundação da cidade do Funchal, também passou pelo nosso concelho, como é por demais sabido. No relatório da Câmara Municipal de Ílhavo (apresentado hoje em reunião do executivo), que apostou em trazer até nós a regata, com veleiros oriundos de 13 países, salienta-se o facto de este evento ter contribuído para a afirmação do nosso município no contexto nacional, “mas sobretudo internacional, enquanto terra marinheira”, que tem “O Mar por Tradição”. O relatório lembra que pelo nosso concelho passaram mais de 350 mil visitantes, nacionais e estrangeiros, numa clara demonstração da “capacidade de concretizar do nosso Município”. Por ofício dirigido à autarquia ilhavense, o STI ( Sail Training International) tece rasgados elogios à organização. E o director da Regata, Bernard Heppener, considera mesmo: “de todos os Portos/Municípios de acolhimento de Regatas STI que conheço, classifico Ílhavo como um dos melhores, na categoria de Excelente…”

Um livro de Júlio Cirino

FUNDAMENTOS GERAIS 
DO TREINO PARA LANÇADORES


Nós, os gafanhões, às vezes andamos distraídos e nem nos apercebemos dos valores que temos na Gafanha da Nazaré. É o caso do Júlio Cirino, um homem que tem dedicado a sua vida ao Atletismo, especialmente ao treino de lançadores. Ponto alto da sua acção nesta área está na multicampeã Teresa Machado, a quem me referi há dias. O Júlio lançou há tempos um livro, em que revela técnicas por si postas em prática há muitos anos. Tem por título FUNDAMENTOS GERAIS DO TREINO PARA LANÇADORES e poderá ser muito útil a quem gostar de continuar, entre nós ou em qualquer parte do mundo, as suas meritórias actividades de treinador de lançadores. Mas é preciso que se diga que o Júlio tem sido, ao longo da vida, um “caçador” de talentos.
Um dia destes, comentando o inevitável fim de carreira da Teresa Machado, porque o atleta de alta competição tem de ter consciência de que tem de haver tempo para tudo, até para sair pela porta grande, o Júlio lá me foi dizendo que há outros na calha. Jovens promissores, por ele descobertos, estarão a merecer a sua sábia atenção. E sobre o trabalho de treinador, ele sublinha, com conhecimento de causa, no seu livro, que se assemelha “à obra de um pintor”, quando expressa, “na tela, toda a sua arte”. É através das suas ‘obras’, construídas dia a dia na pista, “que vamos burilando a forma dos atletas que treinamos até ao cometimento de proezas extraordinárias”, disse-me o Júlio.
O trabalho deste treinador, com responsabilidades a nível regional e até nacional, destina-se, fundamentalmente, a “esclarecer grande parte das dúvidas que preocupam os treinadores menos experientes” e a “lançar novos desafios àqueles que já tenham larga experiência na modalidade”. O Júlio lembra ainda, com oportunidade: “Para se alcançar o êxito, em qualquer situação da nossa vida, não basta ter ideias. É preciso, antes de mais, pô-las em prática, trabalhando diariamente sem nunca nos desviarmos um milímetro do rumo previamente traçado.” Portanto, aqui sugiro, aos que estão ligados ao Atletismo, a leitura desta obra do Júlio Cirino.

 Fernando Martins

O Fio do Tempo

A construção do optimismo
1. O ser humano pode ir à lua mas a mais decisiva viagem não precisa de tantas distâncias. As mudanças de época, o “fin de siècle”, como dizem os especialistas, são tempos prodigiosos mas perigosos em que a velocidade dos acontecimentos não permite o tempo necessário para os amadurecimentos devidos. Nestes contextos, vai-se gerando um ambiente psico-social em que quando todos querem chegar primeiro os que chegam em segundo sofrem o impacto da insatisfação. Por isso, não é por acaso que às grandes mudanças de época corresponde habitualmente um certo pessimismo humano (antropológico). Também pela fugidia ilusão de, finalmente, um tempo de total prosperidade… 2. Nos grandes saltos que o mundo dá, outrora como na actualidade, espera-se tudo das novas condições criadas, até de ciência, tecnologia e desenvolvimento humano; mas o “depois” é catarse de crise pois que esse projecto não alcançou a sua meta desejada. Para contrariar os pessimismos, muitas vezes em diversos fóruns, diz-se que nunca se viveu tão bem como na actualidade, com condições de saúde, educação, ciência e tecnologia, pão, água; na generalidade, é verdade! Então vale a pena perguntar: porquê os pessimismos? Talvez na raiz desse pessimismo persistente esteja a verdade perturbadora de que com todas essas condições que temos poderíamos estar bem mais acima em termos de Humanidade… 3. O mais desconcertante, ainda, é o facto de que o optimismo mobilizador ou o pessimismo paralisante não dependem da lógica do ter ou do dominar mas do ser, sentir. No mundo actual onde o pessimismo mais reina é nas sociedades habituadas a todas as mil e uma condições e regalias. Torna-se um imperativo o aprender a viver com optimismo especialmente nas circunstâncias mais adversas. Não existe a fórmula da esperança nem da motivação. A perseverança, sendo valor que também se aprende, cultiva-se no mais profundo do ser.

ÍLHAVO: Semana da Educação

Ao assumir a importância da educação na vida das crianças, a Câmara Municipal de Ílhavo promove a Semana da Educação, de hoje até ao dia 26. Vários serão os temas a debater nessa linha e diversas serão, também, as iniciativas, tudo em prol das crianças do município.
Ver programa em CMI

O belo deve ter sempre lugar em cada um de nós

Para começar a semana, com os desafios de um sol que tudo torna mais claro, esta fotografia, registada há dias num momento certo, é um bom prenúncio de tranquilidade interior. As árvores apontam para um céu límpido, azul, e a folhagem, com tonalidades que inebriam, convida-nos a uma vida serena, onde o belo deve ter sempre o seu lugar em cada um de nós.

domingo, 19 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

Pastores do ser e do agir
1. A feliz expressão “Pastor do Ser” provém de Martin Heidegger (1889-1976), autor da grande obra metafísica “O Ser e o Tempo” (1927) e, já no contexto de Europa destruída a restaurar, autor da magistral “Carta sobre o Humanismo” (1947/49). Todos sabemos que não há agir consciente e consistente sem antes ser levado ao pensamento, à ordem do Ser; e todo o pensamento acabará por ter reflexos na acção. Quando determinadas acções manifestam superficialidade e precipitação será porque o Ser, vivendo pela rama, vai secando... A lógica do ter e do parecer tem avançado por territórios destinados ao Ser. Facto este que se manifesta em esperanças desfocadas e projectadas mais na linha do poder e da afirmação do ter que da generosidade em Ser. 2. Valerá a pena perguntarmos sobre “quem nos ensina a Ser?” A noção de “Pastor do Ser” não é impositiva mas baseia-se na proposta livre e fundamentada no patamar de uma racionalidade dialogal. “Pastor” não significa dominador, antes pelo contrário: representa aquele que propõe de tal maneira aliciante algum horizonte que, na liberdade, este é seguido pelos que se identificam com o seu projecto. Assim, a decisão está sempre do lado de quem escuta e não vem de cima, por imposição. O desenvolvendo desta dinâmica, num carácter insubstituível do discernimento e da opção de quem quer seguir este ou aquele ideal, tem como pano de fundo uma comum busca da Verdade para a Humanidade, na qual o pensar a vida é tarefa andante, pastoreante... 3. Quanto mais o pragmático inundar os “lugares” do Ser mais difícil será a garantia da responsabilidade da liberdade. Os ambientes das educações na sua pressuposta pluralidade de visão crítica – do Ser ao agir – quererão gerar despertadoras oportunidades vivas, dinâmicas, responsáveis, reflectivas, racionais e emocionais, diante da diversidade de caminhos… Mas que lugar é dado ao pensar para melhor optar/agir?

Dia Mundial das Missões

É preciso coragem para agir em favor de quem nada tem
O mundo católico celebra hoje o Dia Mundial das Missões. Hoje, como desde a primeira hora do cristianismo, a missão é um compromisso de todo o baptizado. Sempre de missão se falou e neste dia, em especial, a Igreja Católica não deixará de o fazer de novo em todas as frentes. Fundamentalmente, porque esse foi o mandato do Mestre. Depois, porque a Igreja acredita e defende que a Boa Nova de Jesus Cristo é passo importantíssimo para a construção de um mundo melhor. Sem apostar no proselitismo, os crentes têm à sua frente o campo do testemunho como forma indeclinável de propor o Evangelho como código de vida com capacidade de criar uma nova humanidade. Nessa linha, a missão é projecto dos fiéis para todos os dias de todos os anos. A comunicação social não deixará, por certo, de nos mostrar exemplos concretos de muitos que deixam tudo, temporária ou permanentemente, para testemunhar o Evangelho, na prática diária da caridade e da promoção social, educativa e cultural. Alguns exemplos até nos comovem. Porém, o importante não é ficarmos simplesmente comovidos com tanta doação. Mais do que isso, é urgente que cada um sinta que é indispensável apoiar, por variadíssimas formas, quem dela precisa em terras onde as populações de tudo estão carentes. Não vale a pena falar desses casos. Eles são suficientemente conhecidos. O que é necessário é conseguirmos coragem para agir em favor de quem nada tem. Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 99

OS TRABALHOS DE CASA
Caríssima/o: Quando agora ouço falar nos TPC, escangalho-me a rir, com o devido respeito, pois claro. E sabeis porquê? Vem-me logo à cabeça a imagem de um pimpolho deitado na eira, de rabo para o ar, com as pernas dobradas para cima como que a fazerem o pino, mas muito concentrado na resolução dos problemas ou na execução da cópia marcados pelo Professor... Neste caso era o Oliveiros, sortudo que até tinha eira!... Mas agora a sério, que o caso não é para menos: no nosso tempo eram habituais os trabalhos de casa marcados, dia a dia, e dia a dia, corrigidos... Verdade seja que não tenho ideia de os meus professores exagerarem: uma cópia, um ou dois problemas ou uma conta ou redução, e temos falado. Mesmo assim havia alguns de nós que se esqueciam, de tão ocupados que estavam com a brincadeira. Era o bom e o bonito! Ajudas dos nossos Pais? Como, se eles, por vezes, nem o seu nome conseguiam escrever?! Imaginemos quando aparecia um com uma cópia feita com letra diferente? Sarilho do grosso... e não me perguntem como é que fazia a habilidade. Nós só perguntávamos como é que o Professor adivinhava que a letra não era do «autor»!... Muitas vezes os trabalhos eram feitos e apresentados na lousa, pois claro! Quando se aproximavam os exames é que tinha de tudo ser executado nos cadernos que bem caros nos ficavam. Pois um dia, para casa veio um problema que me deu cabo da cachimónia: nem sei quantas vezes é que apaguei a lousa. Era de torneiras e aparecia pela primeira vez, sem qualquer explicação. Por fim, passei as indicações e a resposta para o caderno de problemas... e fui dormir. No dia seguinte, quando cheguei à Escola e antes do Professor vir na sua bicicleta, comecei a compará-lo com o dos companheiros... estava diferente de todos, apaguei-o e, rapidamente, anotei uma outra resolução. Entrados, quadro e correcção do problema... O Professor a rir foi observando que apenas um tinha feito bem o tal (mas não nos admirou que sua mãe era Professora...). - Mas eu sei fazê-lo! - Ai sabes?... Anda ao quadro! Resolução rápida e certeira... - Então, isto aqui no caderno? Engano explicado e desfeito... Agora, vede se tenho ou não razão: Trabalhos de casa? Poucos e cada um que faça a sua parte! Manuel

Para os professores

Os professores e os não professores podem ler este poema de um anónimo. Às vezes, ou sempre, estas achegas dão que pensar. E já agora, permitam-me que preste as minhas homenagens a todos os que ensinam a descobrir. Mais: a todos os que gostam de aprender com os próprios alunos, apesar de tantas dificuldades e incompreensões.
FM

sábado, 18 de outubro de 2008

Teresa Machado abandona a alta competição



Os campeões vivem sempre
Resolvi escrever umas linhas a lembrar a Teresa, mulher forte por fora, mas muito grande por dentro. Recuo 25 anos e vejo-a treinar num terreno quase defronte à sua casa, sob a ordens do Professor Júlio Cirino. Ele anda com um trabalhão em mãos, a recolher memórias, para que não se apaguem. Precisamos muito delas. Estas linhas são por isso. Tudo o que é terreno termina, porque assim houvera de ser. Os campeões, esses raros aceitantes de desafios, não desaparecem de todo. Podem mudar o seu futuro, mas nada lhes apaga o passado, com muitos sacrifícios, à chuva, ao frio, ao sol abrasador, e «em tantos climas experimentados», ficam para sempre. O desporto, mesmo o de alta competição, dá sempre grandes virtudes a quem dele faz vida. E não conheço nenhum atleta que deixe de partilhar a sua experiência, quando dele se abeiram todos os que os respeitam, porque dedicados à mesma causa que é o desporto. 
A Teresa Machado é uma pessoa ideal para lançar desafios de partilha das suas experiências adquiridas por esse mundo fora. Os jovens da Gafanha da Nazaré precisam de olhar para os bons exemplos. Ela merece, sem engano algum, uma pista de atletismo melhor que aquela em que ficou a do Complexo Desportivo. A placa com seu nome não é suficiente para a lembrar nas pistas, em qualidades de atleta humilde e sensata que sempre foi. E será, porque o futuro, com maior ou menor peso, lançado desde muito cedo, deve ser devidamente reconhecido nos seus méritos. Os campeões vivem sempre. Ainda lhe envio um poema, inspirado nos livros e na leitura - esse fermento que transforma gente em sabedoria.

Quando leres 
Prefere as folhas em branco 
Prontas a preencher de azul 
As quimeras lindas nos céus 
Redondos que olham para ti 
Em figuradas perfeições que 
As páginas aconselham livres 
Traça as linhas da tua vontade 
Que emerge da pura realidade 
E avalia o sangue a apossar-se 
Dos trechos do fim da história 
Que namora em casta placidez 
A razão que preenche a nudez 
Das folhas que foram brancas 

Hélder Ramos

NOTA: O Hélder Ramos é professor de Língua Portuguesa na Escola Secundária c/ 3º ciclo de Júlio Dinis e autor do livro de poesia «Ao Pé das Palavras». Um abraço para o Hélder, que não vejo há muito. Mas também aqui ficam os meus agradecimentos pela suas oportunas considerações sobre a Teresa Machado. A Gafanha da Nazaré deve-lhe, sem dúvida, uma digna homenagem.

FM

Os Cricos eram do povo

Antigamente, os cricos eram do povo. Os cricos eram (e são) os berbigões. O povo, com toda a naturalidade, ia apanhá-los à ria. A ria, noutros tempos, era também do povo. O povo pegava num cesto ou num balde, arregaçava as calças ou as saias, e num instante arranjava que comer. Os cricos comiam-se crus, abertos numa chapa aquecida ao lume, cozidos ou com cebolada. Lembro-me como se fosse hoje. Os tempos passaram e a ria começou a ser alugada para nela “semearem” cricos e amêijoas. Que eu saiba, ainda não a venderam a ninguém. E o povo começou a ficar limitado na apanha desse conduto. Mas o povo era sábio. Os cricos não se podiam comer em meses sem “r”. Os que arriscavam podiam ter que andar com as calças na mão. Que eu saiba não morreu ninguém. Depois foram fechando a ria ao povo da Gafanha da Nazaré. Cais, portos, fábricas e estradas reduziram o acesso a quem gostava de apanhar cricos, amêijoas, mexilhão, navalhas. E de pescar uns peixitos. Inventaram as licenças para quase tudo. E o povo ficou, em parte, sem liberdade para usufruir em pleno da sua laguna. Havia, como hoje, quem vivesse da apanha de bivalves. Mas leis são leis e as análises de vez em quando acusam a presença de toxinas. Vai daí, proíbe-se a apanha porque é perigoso. Em toda a ria. Como se toda ela estivesse contaminada. E como se não houvesse processo de matar as ditas toxinas. Claro que há o defeso, que todos aceitam, para regular o crescimento dos bivalves. Os mariscadores, como são conhecidos, protestam com frequência. Se calhar têm razão. Talvez não tenham sido suficientemente esclarecidos. Talvez fosse bom criar um equipamento para matar as toxinas, garantindo a qualidade alimentar dos bivalves. Talvez… Talvez… Desculpem este desabafo. É que hoje senti saudades da liberdade com que entrávamos na ria. Para molhar os pés, para nadar, para pescar, para apanhar cricos. Fernando Martins

A 'BÍBLIA': 73 LIVROS

A palavra Bíblia vem do grego e significa livros, no plural. Em latim e, por derivação, em português, transformou-se num singular feminino: a Bíblia como "O Livro". Quem não estiver atento pensará que se trata de um livro como os outros. Na realidade, é, segundo o cânone católico, o conjunto de 73 livros - uma pequena biblioteca -, e a sua redacção e formação prolongaram-se por mais de mil anos. Assim, como reconhece o Sínodo dos Bispos, reunido em Roma até 26 deste mês, para tratar precisamente da Bíblia, o magno problema bíblico é o da interpretação. De tal modo foi possível, com base na Bíblia, fazer leituras díspares que o filósofo Hegel tem o dito famoso de que ela é como um nariz de cera, expressão que já vem de Alain de Lille, no fim do século XII. Dou exemplos, um pouco ao acaso, apenas para mostrar, perante o emaranhado de textos, a urgência da tarefa gigantesca da exegese e da hermenêutica. No primeiro livro - o Génesis -, há duas narrativas da criação, que não são coincidentes. Logo por aí se vê que não podem ser tomadas à letra. Sobre o amor, encontra-se na Bíblia um dos livros mais eróticos da história da literatura: o Cântico dos Cânticos é um poema que canta o amor de um homem e de uma mulher, com a sua expressão sexual, e não são casados. Mas, no Levítico, lê-se: "O homem e a mulher adúlteros serão punidos com a morte"; "Se um homem coabitar sexualmente com um varão serão os dois punidos com a morte". Na Bíblia, ao lado de uma ética sexual do amor, da justiça e da bondade, encontramos éticas da pureza e da propriedade. No salmo 137, está: "Cidade da Babilónia, feliz de quem agarrar nas tuas crianças e as esmagar contra as rochas!" Mas Jesus mandou amar os inimigos e, do alto da cruz, rezou: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Jesus disse que Deus e a Mamona (a riqueza divinizada) são incompatíveis, mas também se lê no Evangelho o que ficou conhecido como "o efeito de Mateus": "Ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado. Sobre as mulheres, diz São Paulo que "já não há homem nem mulher, pois todos são um em Cristo". Mas, no Eclesiástico, lê-se: "Pela mulher começou o pecado e por sua culpa todos morremos." Os livros dos Profetas constituem uma revolução na história da consciência religiosa da Humanidade, pois, contra a corrente sacerdotal, reivindicam a moralização da religião, cujo núcleo está na justiça e não nos sacrifícios, dos quais Deus diz que "fedem". Job, esmagado pela dor na sua inocência, ousa convocar Deus para um tribunal independente. Frente à morte, diz-se que o Homem morre como o gado. Mas São Paulo escreve que a fé cristã tem o seu fundamento na ressurreição dos mortos: "Sem ressurreição, é vã a nossa fé." Com a Bíblia, justificou-se a teocracia e também a laicidade, matou-se, cometeram-se crueldades sem fim, fizeram-se as cruzadas, mas também se ergueu, como nunca tinha acontecido, a dignidade divina da pessoa humana. Deus é o Deus dos exércitos e da vingança, mas também é o Libertador, e a única tentativa de definição diz: "Deus é amor." Afinal, a Bíblia escreve sobre a história dos homens, no seu melhor e no seu pior, na busca do absoluto. É preciso entender que ela é um livro religioso e não científico e só no seu todo é que se reclama da verdade. Ora, se toda a religião tem como ponto de partida e de "definição" a pergunta essencial: o quê ou quem traz libertação, salvação, sentido final?, então, quando se pergunta pelo fio hermenêutico essencial e decisivo para a interpretação correcta dos livros sagrados, ele só pode ser o do sentido último, da libertação-salvação total. Só a esta luz é que são verdadeiros. Em tudo o que neles se encontra de menos humano ou até de desumano, revela-se o que Deus não é e o que o Homem não deve ser. Lídia Jorge disse de modo iluminante: "A Bíblia é o poema colectivo mais longo criado até agora pela Humanidade. Nele se espelham as várias batalhas que os homens engendram na sua demanda pelo amor absoluto." Anselmo Borges

Campeã deixa a alta competição

Teresa Machado, a multicampeã que quer esquecer o atletismo
Teresa Machado, atleta portuguesa com mais títulos nacionais, recordista de Portugal dos lançamentos do peso e disco, e finalista olímpica, terminou esta temporada, aos 39 anos e com as cores do FC Porto, a sua longa carreira competitiva de 24 anos. Presente em quatro Jogos Olímpicos (Barcelona, Atlanta, Sidney e Atenas), foi finalista do lançamento do disco nos Mundiais de Atenas 97, com um sexto lugar. Com um recorde de 32 medalhas de ouro em campeonatos de Portugal de ar livre e 19 em pista coberta, é a mais internacional das atletas portuguesas, com 46 presenças em competições de pista. O adeus às competições aconteceu esta temporada, depois de algumas ameaças anteriores não consumadas. "Competi esta época pelo FC Porto e dei uma ajuda nos campeonatos nacionais de clubes", recorda a lançadora natural da Gafanha da Nazaré, que um dia foi descoberta pelo seu treinador de sempre, tinha então apenas 14 anos.
Leia todo o texto no DN

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

OBJECTIVOS ATÉ 2015 Erradicar a pobreza extrema e a fome; alcançar o ensino primário universal; promover a igualdade de género; reduzir a mortalidade infantil; melhorar a saúde materna; combater o VIH/SIDA, a malária e outras doenças; garantir a sustentabilidade ambiental; e fortalecer uma parceria mundial para o desenvolvimento.
Foram estas oito propostas que os Chefes de Estado e de Governo traçaram como Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, a alcançar até 2015. A Campanha dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio apoia os esforços dos cidadãos para exigir junto dos seus líderes que cumpram os compromissos assumidos quanto à erradicação da pobreza extrema, até 2015.
A nossa indiferença deixará que tudo fique na mesma.

Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza

AMI alerta para o aumento da pobreza em Portugal
A Fundação AMI - Assistência Médica Internacional considera que "o empobrecimento das famílias em Portugal é uma realidade", assinalando que "tendo em conta a análise da AMI, nestes primeiros seis meses de 2008, registou uma tendência para o aumento deste tipo de casos". Estas conclusões decorrem da análise do número de pessoas que recorreram de Janeiro a Junho de 2008, aos equipamentos de apoio social da AMI espalhados por todo o país e da sua comparação com igual período de 2007. No Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza, a Fundação portuguesa sublinha que "a pobreza persistente agravou-se e os elevados números de novos casos continuaram ao longo do primeiro semestre de 2008, com 1400 pessoas a recorrer pela primeira vez ao apoio social da AMI". O principal motivo verbalizado de recurso aos centros Sociais "Porta Amiga" é a "precariedade financeira". "O serviço que maior procura registou neste período de tempo foi o de distribuição de géneros alimentares, roupa e medicamentos. De salientar que a quantidade de alimentos é cada vez menor, enquanto aumenta o número de famílias apoiadas", refere comunicado enviado à Agência ECCLESIA. Segundo o documento, este é "um balanço que retrata uma situação preocupante no que respeita à capacidade da AMI e de outras ONG/IPSS darem respostas que impeçam o alastrar da pobreza em Portugal". Fonte: Ecclesia

Porto de Aveiro

Foi o melhor Setembro de sempre no Porto de Aveiro, que registou 292 257,4 toneladas de mercadorias movimentadas. Facto a assinalar, tanto mais que Setembro é, tradicionalmente, o mês mais fraco do ano. Pelo Porto de Aveiro passaram 85 navios com 296.690 de GT.

DIREITO E DEVER DE COLABORAR E RESPEITAR

Sartre dizia, na sua visão da vida e das relações humanas e sociais, que “o inferno são os outros”. Há gente entre nós, por si e pelos movimentos que representa ou apoia, que quer impor ao país, ante os problemas graves que surgem numa sociedade plural que não se compadecem com uma leitura, ética e culturalmente unívoca, que a Igreja e quem não pensa segundo a “clave progressista e laica” de alguns, são agora o inferno dos políticos, apresados e dogmáticos, que tudo querem resolver por força das maiorias em campo. Assim se esconjuram e difamam, por todos os meios, esses críticos incómodos que é preciso calar, se possível por caminhos legais, ou ir impedindo que usufruam do lugar a que ainda têm direito, na mesma praça pública, onde se pode ver quem são os verdadeiros democratas e qual o estilo de democracia praticado por gente que o diz ser. Reconhecemos e afirmamos o legítimo lugar de cidadania de diversas confissões religiosas sediadas no país, e o direito à sua acção, legalmente legitimada. A Igreja Católica, porém, por muitos políticos a mais atacada e desconsiderada por ser a mais incómoda presença actuante, merece, frente aos problemas que se levantam cada dia no país e sobre os quais sente ela o direito e o dever de intervir, uma reflexão especial e cuidada, pois também aí tocam as exigências de um Estado de direito. Pela acção histórica e realidade actual, apoiadas em actos concretos de grande serviço à comunidade, e pelo acordo internacional, assinado, por justificadas razões, entre a Igreja e o Estado, no qual se estabelece uma relação pública de colaboração leal e de cooperação respeitosa, a Igreja não pode ser tratada pelos políticos oficiais, no governo ou na oposição, como instituição impertinente ou indesejável, quando usa do seu direito de intervenção e age, legitimamente, no campo da sua missão e competência. Ignorar a história, desprezar a realidade, fazer tábua rasa de acordos legítimos existentes não se pode considerar atitude sensata, nem acção positiva, por parte de quem deve intervir, publicamente e por ofício, na consecução do bem comum da comunidade e no manter do respeito devido aos cidadãos e instituições, que operam na vida da sociedade. Os preconceitos servem sempre para confundir e atacar, quando a ideologia é redutora, o campo de visão cultural limitado e os interesses imperam. O verdadeiro pluralismo e o regime de separação legalmente acordado não passam por esses caminhos. São formas de construir, não de marginalizar, minimizar ou destruir. Nas relações abertas entre a Igreja e o Estado, e é como tal que estão reguladas em Portugal por acordo, a Igreja respeita a autonomia e independência do Estado, este reconhece a liberdade e independência da Igreja, a mútua cooperação é regra de acção, e a primazia da pessoa humana, na sua integridade, é o principio orientador comum. Tudo isto, traduzido na prática de uma normal de convivência e acção respeitosa, não dá, nem pode dar lugar a lutas ou desconfianças. Por isso, deve imperar o diálogo construtivo, a partilha serena dos valores próprios ante os problemas em causa, mormente quando são problemas que tocam em direitos fundamentais das pessoas e instituições que as apoiam, como a família, a escola, a saúde e o bem estar moral. Ora, em tudo isto, o lugar de intervenção da Igreja é na praça pública e não apenas no interior do templo, como pretendem alguns grupos laicos. O Estado, como os cidadãos, não têm que ter medo da Igreja. Pelo contrário. Também esta não tem que desconfiar do Estado, nem minimizar a sua acção, reconhecendo a complexidade dos muitos problemas a enfrentar. Quando os responsáveis lutam pelos interesses de todos há que reconhecer que, por vezes, não se pode ir além do bem possível, que acaba por ser o mal menor.
António Marcelino

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

João Paulo II, há 30 anos
1. Com o passar do tempo aprecia-se melhor a grandeza das pessoas. É normalmente assim. O tempo e as memórias ajudam a apurar o verdadeiro significado dos gestos e das palavras. Há 30 anos, a dia 16 de Outubro, iniciava o seu pontificado o homem de Cracóvia. João Paulo II é, indubitavelmente, uma das maiores personalidades da Humanidade do séc. XX. Afirmam-no, também agora que a distancia crítica é maior, gente dos variados quadrantes religiosos e sociopolíticos. Karol Woityla, na sua vida inteiramente doada, ajuda-nos a compreender a grandeza de um homem simples que soube cada dia viver com os pés na terra mas ancorado nas ideias dos “céus”. 2. A abertura do mundo (explicitamente) à era da globalização assinalado em Berlim (1989, queda do Muro de Berlim), a sua visão crítica e ética tanto do comunismo como do capitalismo, o acompanhar os progressos das comunicações (o primeiro Papa global), a mensagem da insistência pela Paz como desígnio e o diálogo ecuménico e inter-religioso como tarefa (Encontros de Assis), entre tantos outros, são factos que elevam João Paulo II; mas importa ir à raiz da sua acção. É a escola do serviço como exercício inalienável (fermento discreto e tolerante) do ser humano, do ser pessoa, do ser cidadão, do assumir uma filosofia e uma religião, do professar fé personalizada, do ser cristão. 3. Não há incompatibilidades entre religiões, sociedades, políticas e sistemas sociais quando se procura, efectivamente, a Verdade da Humanidade. Já as cegueiras unilaterais são o fim… Os sistemas fechados, bloqueadores ou aniquiladores da liberdade de pensar e agir foram desafiados à completa superação pelo homem de fé inteiramente livre que foi João Paulo II. Com o passar do tempo e a percepção de novos fechamentos (e mesmo de neoconservadorismos religiosos) pós-11 de Setembro, os anais da história ditarão em João Paulo II o autêntico profeta a seguir, peregrino da esperança e da paz na (Verdade da) Humanidade.

CUFC: Carreira das Neves fala de São Paulo

Ontem à noite tive o privilégio de assistir a mais uma Conversa Aberta, do Fórum::UniverSal, no CUFC. Digo privilégio porque não é todos os dias que temos entre nós um homem com larguíssimos conhecimentos da Bíblia. O padre franciscano Joaquim Carreira das Neves é um conceituado biblista e Prof. Catedrático, jubilado, da Universidade Católica Portuguesa. Tem, ainda, uma característica importante: apesar de retirado do ensino superior, continua a actualizar-se, em Portugal e no estrangeiro, porque a Bíblia é um desafio permanente à sua capacidade de estudar e de descobrir. Quem dera que fosse assim para muitos de nós. Carreira das Neves veio falar de “Paulo de Tarso e os Desafios do Cristianismo”, num tom que lhe é peculiar, explicando, de forma simples, questões por vezes complicadas. Ouvi-lo é aprender sempre muita coisa. De São Paulo, de quem se fala tanto, mas nem sempre com a profundidade que “o apóstolo” merece, ainda há imenso que aprender. Sabe-se, hoje, que Saulo, depois Paulo, nasceu na Palestina, mas não em Tarso. Para Tarso terá emigrado com a família, e ali terá sido um judeu extremista, um “Talibã”, no dizer de Carreira das Neves. Daí os registos de que andou a perseguir os cristãos. Depois veio a sua conversão, cujos moldes, históricos, ainda estão por esclarecer. Sabe-se, segundo palavras suas, que foi “apanhado” pelo mestre. Depois desse “encontro”, assumiu-se, a si próprio, como “apóstolo de Cristo”, embora nunca tenha estado com Ele. Por isso mesmo, e porque não fazia parte dos doze, chegou a ser perseguido. O Paulo do Evangelho é um apóstolo nada interessado nas tradições que vinham de Moisés, porque só Jesus lhe bastava. Por essa razão, foi incomodado inúmeras vezes. Mas nunca abdicou do princípio de que “a nova humanidade começou com Cristo”. E quanto mais sofria, “mais se animava”, lembrou o biblista convidado do CUFC. Segundo o conferencista, Paulo foi “um fenómeno da esperança”, pregando que Jesus é o Senhor e que a salvação vem por Ele, e só por Ele, e pela Sua ressurreição. Carreira das Neves falou com paixão da paixão de Paulo pela causa do Evangelho; da força que o impeliu a percorrer 20 mil quilómetros, de burro e de barco; das “lutas” que teve de travar com as Igrejas da escola de Jerusalém, onde pontificava Pedro; e do primeiro concílio para se chegar a um entendimento, para bem do Evangelho. No final, acabou por sair vencedora a sua tese, de que, com Cristo, já não há judeu nem grego, não há servo nem livre, não há homem nem mulher. A nova humanidade está, pois, assente na fé em Jesus Cristo, que veio, até nós, de forma gratuita.
Fernando Martins

Dia Mundial da Alimentação

Celebrar o Dia Mundial da Alimentação, em termos de quem sempre teve pão em abundância, implica duas formas de ver a questão, no meu entendimento: a de quem tem muito que comer e a de quem deve pensar nos que estão no pólo contrário. A primeira diz-nos que, quando há possibilidades de comer o que se quiser e quando se quiser, devemos ter cuidados com o excesso. Os excessos são, como é sabido, prejudiciais. Comer apenas o necessário, procurando uma alimentação sadia e adequada à idade, tendo em conta que mais vale prevenir do que remediar, é o que se propõe. A segunda questão deve levar-nos a pensar que, se uns têm tudo, outros não têm nada. E se passamos a vida a reclamar a construção de uma sociedade global e solidária, então há que contribuir, de forma positiva, para que tal aconteça. Em Portugal, toda a gente sabe, dez por cento da população passa fome e outros tantos estão no limiar da pobreza. E se não podemos ajudar os que estão longe de nós, ao menos olhemos para o lado da nossa porta, para matar a fome a quem precisa. Esse será o primeiro passo. O segundo é lutar, por todas as formas ao nosso alcance, para que haja políticas que ajudem a resolver o problema da falta de pão em muitas famílias. Se fizermos alguma coisa disto, já não será mau. Não apenas neste Dia Mundial da Alimentação, mas todos os dias do ano. FM

JORGE GODINHO E A ALEGRIA DE VIVER

Ana Maria Lopes na apresentação do seu livro
Professor fascinante que tinha por amante uma guitarra
Quando uma pessoa, pelos seus méritos, deixa memórias entre os que a conheceram, é bonito confirmar que se mantém viva no meio de nós. Isso mesmo senti ontem, no ISCA-UA, na apresentação do livro “Jorge Godinho”, da autoria de Ana Maria Lopes, como já aqui disse noutros registos. O ISCA-UA quis prestar, muito justamente, um tributo ao seu antigo docente, falecido há 36 anos. E então, tanto tempo depois, foi muito bom ouvir Joaquim Cunha, ex-presidente daquela escola superior, a trazer até nós, num tom intimista e por vezes emocionado, o colega e amigo, com quem privou de perto. Um jovem que tinha “uma guitarra por amante”, que foi um “professor fascinante”, que nunca deixou de cultivar a alegria e que jamais perdeu “a capacidade de sonhar”, apesar da doença que ele sabia irreversível. Joaquim Cunha revelou que a fatídica doença – leucemia – nunca impediu Jorge Godinho de leccionar, acabando por morrer “no fim da Primavera” de 1972, sem poder concretizar alguns sonhos que tinha entre mãos. A biografia do nosso Nobel da Medicina, Egas Moniz, que lhe havia sido sugerida por Vale Guimarães, ao tempo Governador Civil de Aveiro, era um desses sonhos, que ele alimentou até ao fim dos seus dias terrenos. O ex-presidente do ISCA-UA testemunhou quanto a doença do seu amigo fez de si “um homem mais sereno”, confirmando que a certeza de que Jorge Godinho está entre nós se manifesta, de forma muito clara, “quando lhe roubamos as suas frases e recordamos a sua alegria de viver”.
Fernando Martins

João Paulo II foi eleito há 30 anos

UM PAPA QUE MUDOU A HISTÓRIA
O dia de hoje assinala a eleição do Papa João Paulo II, há precisamente 30 anos. Muito se tem dito e escrito sobre o papel do Papa que veio da Polónia para dirigir os destinos da Igreja Católica, numa época de sonhadas mudanças, mas julgo oportuno recordar esta data. Para mim, que vivi grande parte da minha vida sob a imagem tutelar do Papa do diálogo ecuménico e inter-religiosos e da capacidade de perdoar e de pedir perdão, João Paulo II foi um exemplo preclaro de como é preciso denunciar as injustiças, mas também da urgência de a Igreja se abrir ao mundo. Foi um Papa da proximidade e do saber estar com todos, das multidões que o aplaudiam e o escutavam, das encíclicas e outros documentos que propunham a reflexão. João Paulo II foi um Papa que defendeu, em inúmeras circunstâncias, a dignidade das pessoas e os direitos humanos, tantas vezes espezinhados. Foi um Papa com uma coragem rara de perdoar e de pedir perdão pelos erros e injustiças praticados pela Igreja e pelos católicos, ao longo dos tempos. João Paulo II foi o Papa de Nossa Senhora de Fátima e da celebração do Novo Milénio, projectando iniciativas que mexeram com o mundo. Foi o Papa que assumiu o seu papel até ao fim da vida, com uma dignidade impressionante. E na sua morte recebeu as homenagens de todos os grandes e de todos os humildes da Terra. O Papa do diálogo e da concórdia, da paz e do amor universais, já foi, há muito, canonizado pelo povo. Resta à Igreja a missão de oficializar a vontade de todos os homens e mulheres que o souberam escutar e que o seguiram, directa ou indirectamente. Fernando Martins

Um Poema de Maria Donzília Almeida






Ao Dr Laranja Pontes...

“Com mãos se faz a paz, se faz a guerra,

Com mãos tudo se faz,” diz o poeta.

Mas as mãos que eu contemplo como asceta,

São as mãos de um artista aqui se encerra!

Lavram campos, semeiam os trigais,

Desbravam selvas, constroem, orientam.

Esp’ranças pequeninas acalentam,

Quase inventando em nós, seres imortais! 

São as mãos de um homem especial,

Que por vezes parece divinal,

Pois lhe presto aqui veneração.

Não são mãos, são tesouros bem à vista,

P’rás quais a vida é um dom, uma conquista

E que merecem esta exaltação!

Maria Donzília Almeida

17-Julho-1999

DIA CHEIO

Ontem foi um dia cheio. Recebi contactos de portugueses de vários cantos. Todos com as suas histórias. Um deles tocou-me particularmente. Veio do Brasil, de um vaguense ali radicado há 52 anos, mas com um apego especial às suas raízes, que perduram no seu coração, alimentando nele as saudades. Prometeu dar notícias que terei muito gosto em publicar no meu blogue. Que outros o imitem, são os meus desejos.
Durante a tarde tive a dita de participar na homenagem que o ISCA-UA prestou ao seu docente, de há 36 anos, Jorge Godinho. À noite ouvi um biblista famoso, Joaquim Carreira das Neves, no CUFC, que fez o retrato possível de Paulo de Tarso, que afinal não era de Tarso. Destes dois momentos darei conta, aqui no meu blogue, possivelmente ainda hoje. Conforme as forças. De permeio, recebi um livro de Georgino Rocha, um amigo que muito prezo, que não pára de me surpreender com a sua capacidade de trabalho e de um raro sentido de oportunidade. Do livro, quando o ler, ficará por aqui a minha opinião.
Entretanto, ao arrumar papéis, veio-me à mão um jornal de 1940, com o discurso do Padre João Vieira Rezende, que foi pároco da Gafanha da Encarnação, proferido na inauguração do Cruzeiro daquela vila, com sublinhados interessantes. Estou a transcrevê-lo, para publicação no meu outro blogue, Galafanha, quando puder, já que não consigo escrever tudo o que gostaria.
Tarde, muito tarde, deitei-me cansado, mas satisfeito. Afinal, por mais limitadas que sejam as nossas forças, temos ainda muito para dar. Não se diz que o homem, no seu trabalho diário, consome, apenas, 12 por cento das suas capacidades?
FM

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

A roda da Alimentação
1. Temos o privilégio de nos alimentarmos com regularidade neste lado do mundo. Tal facto também quer ter um rosto apreciador e cooperante dos que muito têm para os que nada têm para comer. Se nunca sentimos fome jamais compreenderemos o grito da angústia faminta. Pura e crua verdade! Desde 1981 que o dia 16 de Outubro é o Dia Mundial da Alimentação, efeméride celebrada em mais de 150 países do mundo. É uma rica ou pobre oportunidade para reflectir sobre os excessos e a escassez dos alimentos na vida das populações. Cada ano a FAO – Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura apresenta relatórios e propõe soluções. 2. Faz-nos bem a nível local apercebermo-nos da problemática global. Um novo conceito «glocal», que alia as duas, dinâmica provinda do grito ecológico «pensamento global, acção local» gera oportunidade de despertar, logo a partir das mais tenras idades, para o valor dos alimentos e o privilégio da alimentação. O que se desperdiça nos «restos» de comida dá para garantir VIDA a muita, muita gente… Sabermos desta realidade não pode soar a qualquer “moralismo” vazio pois o que está em causa não são ideias mas é própria sobrevivência. Também o facto de não termos as soluções todas à mão e da distância geográfica ser muita não pode desmobilizar nesta causa de todos. 3. Diz-se, volta e meia, que em Portugal há mais de 200 mil pessoas que passam fome, e que na conjuntura de crise a pior fome continua a ser camuflada. Na possibilidade discursiva do relativo das estatísticas também se ergue o absoluto de mais se sensibilizar para se viver pessoal e socialmente uma certa «nobreza» simples e generosa, evitadora dos milhentos supérfluos que até fazem mal à saúde. Saber-se alimentar bem não condiz com aquele anúncio publicitário em que uma criança no intervalo da escola deitava a sandes fora e comia o chocolate «kinder». Não (nos) enganemos!

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Um livro de Rosário Sarabando

"Quero ver o meu filho crescer"
Ainda não estou totalmente refeita do choque emocional de domingo passado. Com efeito, isto deveu-se a um evento que teve lugar na Biblioteca Municipal de Ílhavo, concretamente, a apresentação dum livro de Rosário Sarabando, intitulado, “Quero ver o meu filho crescer”. A apresentação de um livro à estampa não teria nada de anormal, não fosse o caso de a autora ser uma mulher com características especiais. Na verdade, o que chocou profundamente o auditório daquela Biblioteca, naquele dia, foi a constatação da extrema tenacidade duma mulher, perante o infortúnio que a acometera. Portadora duma doença rara, degenerativa, que lhe foi minando a saúde progressivamente, esta mulher é exemplo ímpar duma vontade, duma resistência, dum heroísmo que nos tocam bem lá no fundo. Havia comoção, na assistência; lágrimas mais ou menos silenciosas, corriam livremente e desaguavam num mar de compaixão! O ambiente era pesado! Muitos testemunhos de pessoas que têm ajudado a Rosarinho, ao longo da evolução da sua doença, foram dados, ressaltando as provas de coragem desta Mãe Coragem! Evoco aqui o Bertolt Brecht e rendo toda a minha homenagem a esta grandiosa mulher! Grandes, não são só os que fazem grandes empreendimentos! Grande é esta mulher, que apesar de todo o infortúnio que a assolou, tem para nós, pessoas cheias de saúde, aquilo que nós esquecemos muitas vezes! A Rosarinho deixou-me a mim e a todos uma grande dádiva: o seu SORRISO! Obrigada, Rosarinho! Acho que não mereço!
Madona

REGATA DOS GRANDES VELEIRO


Há prazeres que só imaginados. Os vividos por alguns a bordo do Creoula (navio português integrado na Regata dos Grandes Veleiros, comemorativa dos 500 anos da fundação da cidade do Funchal, com as celebrações dos 200 anos da abertura da Barra de Aveiro de permeio) devem ficar para a história pessoal de cada um. Imagino sem medo de errar... Estas fotos, enviadas pela Joana Oliveira, fazem parte do album de Luís Costa, um dos felizardos. No Funchal, num local que já conheço, ainda houve tempo para passear pela cidade que já tem meio milénio de vida, com marcas indeléveis do esforço de tantos dos nossos antepassados que por ali se radicaram.

O Fio do Tempo

O umbigo da Extrema riqueza
1. As crises económicas geram sempre oportunidades de rever hábitos e processos de injustiça que se foram instalando até serem tidos como “normais”. Notícia de última hora que ouvimos agora era o caso do treinador do milionário Inter de Milão (José Mourinho) estar interessado nos serviços de Pepe, jogador do todo-poderoso Real Madrid, cuja cláusula de rescisão está num patamar de 150 milhões de euros. Neste género de escândalos (com os dias contados, esperemos!) pode-se juntar toda a novela macro-económica de Cristiano Ronaldo, dos 100 milhões de Euros dispostos a dar pelos madrilenos ou dos 150 milhões que o Manchester City disse há semanas garantir. Pode-se, ainda, juntar os milhões do petróleo de Abramovich, este que garante a vida de rico do Chelsea. 2. Tudo precisa de ser revisto. A crise destas semanas tem este lado positivo: nada pode ser como dantes, é o novo imperativo ético das sociedades actuais. Não só neste mundo das emoções do desporto ou do espectáculo mas dos próprios vencimentos de gestores e administradores de todos os sectores de actividade humana. A “mão salvadora” aplicada nestes dias, na generalidade pelos Estados provindo dos contribuintes, obriga, como refere a Chanceler Ângela Merkel, a uma revisão de todo esse processo, dos altos vencimentos às mega-reformas. Quem não se lembra há dias do escândalo das rápidas férias de luxo (até aos 300 mil euros gastos) de alguns ex-administradores da recém-falida seguradora AIG?! 3. O umbigo, qual resort, dos que crescem desmedidamente às custas sabe-se lá de quê(m) é o novo escândalo gritante. A Consciência Humanitária emergente grita aos “ouvidos” que vivem na Riqueza Extrema que parem e olhem para o lado. Se não o fizerem qualquer dia terão de fugir para habitar noutro planeta. A distribuição dos bem essenciais à sobrevivência de todos os seres humanos não é uma “caridadezinha”, é uma questão de JUSTIÇA. A (r)evolução nasce aí!

ISCA-UA: Tributo a Jorge Godinho

O Conselho Directivo do ISCA-UA, aproveitando o lançamento do livro «Jorge Godinho» da autoria da Dr.ª Ana Maria Lopes, organiza no próximo dia 15 de Outubro, pelas 18.30 horas, uma sessão pública para prestar tributo ao Professor Jorge Godinho – membro do corpo docente do instituto no primeiro ano lectivo de funcionamento como escola integrada no ensino público, e falecido em 1972.

Vidas Exemplares

Ouvi esta manhã, na Terra Nova, uma entrevista com membros da ORBIS, Carina e Pedro Neto, sobre as suas experiências de vida, no campo missionário e na área da cooperação para o desenvolvimento. O próprio entrevistador, habituado a conversar na Terra Nova com gente de todos os quadrantes, políticos, religiosos, sociais, artísticos e profissionais, deixou transparecer alguma emoção pelas histórias que ia ouvindo e estimulando. O que eu quero aqui sublinhar é o empenhamento de muitos jovens, incansáveis na luta por um mundo melhor, com sacrifício, inúmeras vezes, das suas vidas privadas. A Carina e o Pedro Neto bem procuraram sublinhar que são jovens como outros quaisquer, com gostos semelhantes a outros jovens. Mas não concordo inteiramente com eles, neste ponto. É que eles não se ficam pela vida fútil de tantos jovens que conheço. Vidas sem objectivos elevados, sem princípios solidários, sem preocupação pelos que mais sofrem, sem gosto por um mundo mais fraterno. A diferença está precisamente nisto. A Carina e o Pedro deixaram tudo para se enriquecerem no contacto com outras culturas, com pessoas que nada têm, para além do ar que respiram. Foram para se darem e acabaram por regressar mais enriquecidos. Quando olho para tantos, jovens e menos jovens, que apenas cultivam o egoísmo, que passam a vida a olhar-se ao espelho para narcisicamente se envaidecerem, esses nunca saberão o que é contribuir para um mundo novo, mais humano. Mas reclamam da sociedade mais prazeres, riqueza, divertimentos estonteantes, trabalho sem esforço, liberdades para tudo.
FM

Carta Aberta contra a Pobreza e a Desigualdade

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Museu Marítimo de Ílhavo: Exposição de fotografia

No próximo dia 19 de Outubro, pelas 17 horas, será inaugurada uma exposição de fotografia, “A Maritime Album – 50 fotografias e as suas histórias”, com selecção de John Sarkowski e textos de Richard Benson. Esta exposição, que se integra na celebração do 7.º Aniversário da Ampliação e Remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo, foi cedida pelo Mariner’s Museum, Virgínia, EUA).

O Fio do Tempo

O significado de Família
1. Uma das questões que saltam à vista nos debates sobre as pretendidas alterações legislativas para o casamento de pessoas do mesmo género é a confusão, que faz despertar a urgência, em se considerar o que é a família ou o que não o é. O aliciante táctico das temáticas ditas de fracturantes, chamando de modernidade a cada nova fractura, é o novo aliciante de algumas convicções políticas. Por trás dessa modernice está o pano de fundo ideológico da rasgada “liberdade” em desprestigiar, quando não até ridicularizar, tudo o que tem o nome de tradicional. Nas modas, novelas e cinemas, a família, comunidade primordial, sofre as maiores afrontas… 2. Chamar-se intencionalmente de «família tradicional» à família de sempre será o maior engano que se vai multiplicando. Também é estratégica a colagem à noção única de família de outras formas de contratos (ou mesmo sem estes!). Encostando-se à família como comunidade vital e consagrada, reivindica-se um conjunto de direitos (afastando-se os deveres) para assim conseguir levar a água ao moinho, até no plano legal. Se todas as formas de vida merecem o saudável e tolerante respeito, todavia, todas as opções, eticamente, quererão ser aprofundadas à luz da consciência e dignidade humana, e não ser trampolim ideológico-político ou bandeira de generalização social. 3. A família com o pai, mãe, filhos, filhas, netos, avós, tios, merece hoje uma forte apologética em sua defesa, para o bem social. As novas formas que esquecem a diversidade (até de género) são já o reflexo da ausência em fechamento das complementaridades, facto que empobrece o ideal da experiência humana. Os tempos sociais são de não pensar muito e de juntar tudo no mesmo saco, e puxar pelo nome família para reivindicar direitos. Salvo o devido respeito, em consciência recta, não será por aqui que o tecido social conseguirá garantir um conjunto de princípios e valores insubstituíveis às comunidades… A caravana passa!

(Des)compensação

Era a 1.ª aula desse dia, do início da semana. Tudo indiciava que depois de um fim-de-semana, as energias repostas, quer pela parte docente, quer pelos discentes, o trabalho escolar, fluiria como os acordes de uma melodia! Estava a “Sora”, corruptela da corruptela “Setora”, a fazer um registo escrito no quadro, ainda de ardósia preta, em vias de extinção nas escolas hodiernas, quando é interpelada por um aluno, educadamente. Interrompendo a tarefa, em que estava concentrada, consciente que a aula é um processo dinâmico em que interagem várias forças em simultâneo, escuta, atentamente, o aluno e passa a inquirir a causa daquela interpelação. Ficou surpreendida, tanto mais, por que aquele aluno era dos tais a quem apetece passar a mão pelo pêlo, isto é, fazer uma carícia no cabelo, fazer uma brincadeira, etc. Ele não era daqueles a quem, se o professor dá um dedo, arrebanha logo o braço inteiro. Era educado, dócil e… até tinha uns olhos verdes que lhe faziam renascer a esperança... à “Sora”! É importante referir que isto se passou numa aula de gente miúda, que está ainda, na 1ª década da sua existência. Diz lá J..., estou pronta a ouvir-te! Replica a Profª, brandamente. – Aqui pode-se jogar às cartas? – Já disse que não quero que aqui, na aula, se acusem uns aos outros! Mais cedo ou mais tarde, eu descubro aquilo que estão a fazer! – Não é nada disso, “Sora”! É que isto é uma seca! A Profª... que no seu mister é obrigada a falar pelos cotovelos, a Profª... que atinge o limite dos decibéis permitidos pelos ouvidos e pelas cordas vocais... emudeceu! Não sei quanto tempo, não sei que expressão perpassou pelo seu rosto... mas um pensamento pungente ensombrou aquela criatura, que falou com os seus botões: – Gastei parte do fim-de-semana, a preparar o trabalho das aulas, incluindo as diversas partes que devem compor uma aula: a didáctica e a pedagogia, sempre presentes! No final… recebo este “bouquet” de flores, como (des)compensação)! E… há, ainda, quem não compreenda, valorize, respeite o trabalho dos Professores! Madona

Carreira das Neves no CUFC

BÍBLISTA FALA DE SÃO PAULO
Na próxima quarta-feira, 15 de Outubro, o biblista Carreira das Neves, Prof. Jubilado da Universidade Católica Portuguesa, vai falar sobre São Paulo, na perspectiva dos desafios que “o apóstolo” lança ao cristianismo. O encontro, integrado no Ano Paulista, começa às 21 horas, no CUFC, e destina-se aos crentes e não crentes. Também aos não crentes, porque a cultura não tem fronteiras nem limites. Já agora, permitam-me que acrescente que se destina a gente de todas as idades, porque o conferencista sabe falar da Bíblia numa linguagem que todos entendem. Dá gosto ouvi-lo, pela profundidade dos seus conhecimentos, apresentados num tom muitas vezes intimista.

O DESGRAÇADO QUE COMPROU O 'LISA'

Habituámo-nos a viver na sociedade em que nascemos. E de tal modo estamos identificados com ela, que nem sequer pensamos que se torna urgente contribuir para uma nova ordem social, que nos dê segurança e nos proporcione um futuro mais feliz. As recentes crises, no entanto, acordaram-nos para a triste realidade de que vivemos numa sociedade periclitante. Ora sentimos que vivemos num paraíso de liberdade total, ora acordamos com a ideia de que a justiça social e o bem-estar pessoal e colectivo não passam, quase sempre, duma miragem. O artigo de João César das Neves no DN de hoje faz-nos pensar um pouco. “A essência do nosso sistema económico é a liberdade de iniciativa. Cada um pode apresentar no mercado os produtos que quiser e, se forem preferidos pelos clientes, terá sucesso e prosperidade. Foi este sistema que gerou o incrível desenvolvimento da humanidade nos últimos dois séculos. Mas é também este mecanismo de experiência e tentativa, risco e atrevimento, que cria a instabilidade latente e recorrente na nossa vida. O tumulto não é acidente fortuito, mas elemento nuclear. Pode dizer-se que o capitalismo só floresce à beira do abismo.”

domingo, 12 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

Martti Ahtisaari
O Diálogo Nobel da Paz
1. A mediação e o diálogo foram reconhecidos com o Nobel da Paz 2008. Teoricamente defendem-se os diálogos: ecuménicos, interculturais, inter-religiosos, e até estamos em 2008 – Ano Europeu para o Diálogo Intercultural. Na prática concreta, eles continuam a ser olhados com desconfiança, medo e mesmo mesquinhez, como se a aceitação clara do diálogo para determinados sectores da vida das sociedades significasse a perca da própria identidade. Quando tal acontece – e esse receio persiste – estamos diante de identidades fechadas; qual cegueira que impede o aprofundamento do seu essencial, este que gera pontes de entendimento e cooperação com as outras diversidades. A actualidade respira este desejo do diálogo mas também este lento impedimento bloqueador da ilusória segurança. 2. Felizmente a academia elegeu a capacidade de MEDIAÇÃO DE PAZ como digna de mérito, no sublinhar os rasgos máximos da conciliação humana. O professor, antigo presidente finlandês, Martti Ahtisaari, que ao longo de três décadas realizou numerosas mediações (re)conciliadoras em três continentes, tendo sido eleito entre 197 personalidades e organizações, é o laureado deste ano com o Prémio Nobel da Paz. Nasceu na Rússia, a 23 de Junho de 1937 e, diz-se pelo seu percurso, andou desde criança com a mala às costas, como peregrino da reconciliação dos povos e da Paz. Com 71 anos de idade, este Santo dos tempos actuais coloca no mapa dos destaques internacionais as práticas de diálogo, mediação e cooperação como o caminho… 3. Da nomeação Nobel recorda-se que Martti Ahtisaari teve uma série de sucessos nas mediações de paz tendo sofrido um importante revés, o Kosovo. Também esta mesma realidade sofrida nos ajuda a compreender que os percursos da história não são lineares mas têm recuos e que, por isso, também na complexidade das conjunturas actuais, o diálogo como plataforma de encontro superador vale mais que todo o crude do mundo! Seja! Alexandre Cruz

Portas da Cambeia

As Portas da Cambeia, chamadas antigamente, ao que julgo, Comportas da Cambeia, foram construídas em 1865. Hoje passei por ali e lembrei-me de registar a data da sua construção, para que não caia no esquecimento. Felizmente, as obras recentes do Jardim Oudinot preservaram este símbolo da nossa indentidade história.

Filarmónica Gafanhense em festa

Os mais recentes músicos da Filarmónica
JOVENS EM GRANDE MAIORIA NA FILARMÓNICA
Como havia divulgado, a Filarmónica Gafanhense celebrou ontem 172 anos de existência. A celebração revestiu-se de muito significado, pois foi uma boa oportunidade para mostrar a sua vitalidade. Para além da romagem ao cemitério para homenagear os músicos e dirigentes falecidos, a eucaristia da 18 horas, na igreja matriz, também serviu para mostrar que o Coral da Filarmónica, em fase de lançamento, está no bom caminho. À noite, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, aconteceu a festa da música, com actuação das Orquestras Juvenil e Jovem, e da Filarmónica Gafanhense, que actuou em conjunto com o Grupo Coral. Gostei do que vi. Dos números que tocaram, muitos deles melodias conhecidas que casam sempre bem com os nossos ouvidos, mas sobretudo da juventude que aprende e cultiva o gosto pela música nas escolas da Filarmónica Gafanhense. Quando muito se questionam sobre os caminhos trilhados por muitos jovens, caminhos de futilidades e muitas vezes sem horizontes credíveis de vida digna, não posso deixar de me congratular com o que contemplei. Os jovens, de ambos os sexos, estavam em grande maioria na Filarmónica Gafanhense. Parabéns para todos. FM

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 98

OS TRABALHOS MANUAIS
Caríssima/o: Da nossa vida escolar recordamos vários tipos de trabalhos: os de casa, os práticos e os manuais. Dos primeiros mostraremos algumas imagens noutro dia; os trabalhos práticos consistiam em pesagens e medições com o metro e com o litro e também com o nível de bolha de ar e com o prumo. Mas ocupar-nos-emos dos trabalhos manuais que, bem vistas as coisas, eram um passatempo que amortecia a actividade escolar; normalmente eram aos sábados e boa oportunidade para os habilidosos brilharem..., se bem que especialistas em papel podiam não ter grande jeiteira para os trabalhos com madeira. É que recortes e dobragens de papel eram o «ver se te avias» e, mais ou menos tortos e inclinados,surgiam o barco, o avião, o cisne, o fole e o «quantas queres?» (uma variação do fole). Quem há aí que não se lembre das miniaturas em madeira? E dos brinquedos? Ele era o telefone, aproveitando as caixas de fósforos vazias e uma ponta comprida de cordel; e o bufa-gatos com um botão e uma ponta de fio ou de linhas dobradas; e o catavento, ... e as castanholas, ... e os assobios e as gaitas, ... e as setas, ... e as balanças,... e as chumbeiras, ... e as adivinhas com arames, ... e as andas (ou pernas de pau), ... e por fim, a nossa favorita: a mota! Até dava para fazer recados com a saca dependurada do guiador! Alguns não esperavam pela escola para serem fabricados, mas era nessa idade que nos deliciávamos com eles e tantos outros que enchiam a fantasia do nosso mundo! Muita desta actividade manual foi-se perdendo com o rodar do tempo e o frenesim da preparação próxima para os exames, sendo certo que a maioria se terá contentado com as velhas dobragens. Contudo, para muitos será “consolador” reviver esses trabalhos, muitos deles começados e que só agora, com o rodar dos anos e da vida, puderam ser retomados e terminados... Com que brilho nos olhos me me têm sido mostradas (e até oferecidas... Não é Baltazar e Artur...?) belas e genuínas obras de arte, do artesanato que se queda em nossas casas espreitando as esquinas do tempo! Manuel

sábado, 11 de outubro de 2008

Jornal paroquial

Para ficar a conhecer um pouco a história do jornal TIMONEIRO, órgão oficial da paróquia da Gafanha da Nazaré, clique em Galafanha.

O Esplendor de Portugal

O EXPRESSO publica hoje, na REVISTAÚNICA, na capa, um excerto do Hino Nacional. Sublinhada está a expressão “O esplendor de Portugal” e dentro, à sombra dela, há o Prato Principal da revista, com uma entrevista a Saramago; Um País como nunca se viu, em fotografia; estatísticas sobre o O que dizem os números; Empresas do futuro; Ícones e outros temas interessantes. Tudo para nos fazer pensar. Tudo para nos sentirmos orgulhosos. 
Deixo aos meus leitores o prazer de ler esta revista do EXPRESSO. Aqui e agora quero, somente, lembrar que sou do tempo em que o Hino Nacional era aprendido nas escolas, desde a primeira classe. A minha geração e as que se seguiram sabiam cantar bem o Hino. Afinado e com altos e baixos aplicados com rigor. Depois veio a moda de que isso era nacionalismo serôdio e o ensino do Hino Nacional começou a ficar esquecido. Houve um despacho ministerial no sentido de se retomar o ensaio do nosso Hino, mas penso que as nossas escolas o deixaram cair para os espaços museológicos. Então, como pela força das circunstâncias importa cantá-lo, é certo e sabido que se cai na desafinação geral. Muitos só sabem a parte final, quando se apela: “Às armas, às armas! Pela Pátria Lutar Contra os canhões Marchar, marchar!” Já agora, permitam-me que alinhe com o escritor Alçada Baptista, quando um dia disse que era tempo de substituir precisamente este final, por não ser adequado aos tempos que vivemos, tempos de lutar pela Pátria, sem violência, mas com inteligência e com criatividade. 

FM

Desta vez cai no templo...

As coisas não vão mal em todo o lado e sempre bem na Igreja. Um juízo farisaico e cego o de quem assim pensar. Todos temos telhados de vidro. Recebo, regularmente, um jornal oficial de uma das mais antigas dioceses de Espanha. Num dos últimos números, onde vêm sempre ou quase sempre coisas de interesse, dava-se nota do número de cónegos dessa diocese. 44 ao todo, nada menos. Uns são dignidades, outros cónegos comuns, outros eméritos e ainda alguns honorários. Há dias juntaram-lhe mais 5. Bem se vê que não há crise de vocações canonicais. Lá parece que também a não há de vocações sacerdotais. Não sei há alguma relação entre as duas coisas. Vi o que faziam e todos têm ocupação na catedral e nas suas capelas e ritos.Lembrei a Espanha a clamar por uma evangelização persistente. Fechei os olhos para ver ao longe e ao perto e deixei que me martelasse aos ouvidos o mandato de Cristo: “Ide, evangelizai, fazei discípulos…” E vi como lá, cá e acolá, muita gente na Igreja se ocupa, com grande zelo, em tarefas secundárias, e pouca gente na linha da frente. A lucidez manda hierarquizar as acções em função dos objectivos e os recursos em função do que é essencial, para que não se desbaratem talentos e dons, nem fiquem frentes decisivas a descoberto. Que tenho eu a ver com isto? Agora dizem-me, em documento oficial, que como emérito devo ter a solicitude de todas as Igrejas. Pois! Como conheço bem o bispo dos muitos cónegos, vou-lhe falar desta preocupação. Sei bem que o muro é alto para o poder saltar, mas pode ser que o meu desabafo lhe dê algum conforto. António Marcelino

O SÍNODO E A BÍBLIA

No domingo passado, Bento XVI inaugurou a XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, convocada para debater A Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja. Na homilia de abertura, o Papa traçou um quadro negro sobre a perda de influência do cristianismo na Europa e advertiu que a fé pode mesmo extinguir-se em certas regiões do mundo. O Sínodo, que foi criado em 1965 por Paulo VI e se reúne, de forma ordinária, de três em três anos, é, a seguir a um Concílio Ecuménico, a instância mais importante de cole-gialidade "democrática" na Igreja, ainda que o seu poder não seja de decisão, mas só de aconselhamento do Papa. A presente Assembleia, que decorre até 26 deste mês e reúne 253 padres sinodais - 90 delegados vêm da Europa, 51 da África, 62 da América, 41 da Ásia, e nove da Oceânia -, havendo ainda a presença de 41 peritos (de 23 países), 37 auditores (de 26 países) e representantes de dez Igrejas e comunidades eclesiais não católicas -, tem algumas novidades. Assim, logo na segunda-feira, o rabino Shear Yeshuv Cohen, de Haifa, foi o primeiro judeu a dirigir-se a um Sínodo. Referiu a importância dos textos bíblicos para a vida e oração dos judeus, mas, inesperadamente, reabriu a polémica sobre o Papa Pio XII, por causa da sua atitude durante o Holocausto. Explicitando, disse aos jornalistas: "Pio XII não deveria ser beatificado, porque não nos salvou nem levantou a voz, embora tenha procurado ajudar secretamente." Bento XVI veio em defesa de Pio XII, e o secretário de Estado, cardeal T. Bertone, escreveu: "Pio XII não ficou em silêncio nem foi anti-semita, foi prudente." Também num gesto inédito, no próximo dia 18, o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu I, dirigir-se-á igualmente ao Sínodo. Outra novidade é uma significativa presença de mulheres: 25, sendo seis peritas - a maior parte delas professoras de Bíblia -, e 19 auditoras, isto é, assistentes. Aliás, o movimento Somos Igreja tinha reivindicado que o Sínodo reconsiderasse a necessidade de uma mais viva participação das mulheres na Igreja, em conexão com a Bíblia. Neste sentido, há quem chame justamente a atenção para a influência que as mulheres enquanto teólogas e professoras de Sagrada Escritura acabarão agora por ter na formação dos futuros padres. Durante 20 dias, os bispos tentarão concertar estratégias para acabar com a desligação da Bíblia por parte dos cristãos católicos. Este interesse é recente, posterior ao Concílio Vaticano II. Conheço uma freira a quem a superiora tirou a Bíblia, quando, na década de 50 do século passado, chegou ao convento. Em 1713, o Papa Clemente XI condenou como errada a seguinte afirmação: "A leitura da Sagrada Escritura é para todos." Outras questões estarão sobre a mesa dos debates do Sínodo: as relações entre a religião e a ciência, a indiferença religiosa crescente, sobretudo na Europa, a relação com o judaísmo. Mas é de supor que o núcleo da reflexão girará à volta da interpretação da Bíblia. Não se pode esquecer que a Bíblia é constituída por 73 livros - 46, no Antigo Testamento e 27, no Novo - e que o processo da sua formação e redacção durou mais de mil anos. Trata-se, pois, de uma obra de muitos autores, a maior parte deles desconhecidos, tornando-se assim claro que, em ordem à sua compreensão, é necessário conhecer a história dos textos, as línguas em que foram escritos, os lugares, os tempos, os géneros literários e os contextos em que foram redigidos e os destinatários a que se dirigiam, e ainda atender à sua configuração final. O Sínodo tem consciência do trabalho ingente neste domínio. No documento que serve de introdução e preparação dos seus trabalhos, lê-se: "Não faltam os riscos de uma interpretação arbitrária e redutora, resultantes sobretudo do fundamentalismo, que faz com que, por um lado, se manifeste o desejo de permanecer fiéis ao texto, mas, por outro, se ignore a própria natureza dos textos, caindo em erros graves. E, depois de alertar para o perigo das "chamadas leituras ideológicas", conclui: "Nota-se, em geral, um conhecimento fraco ou impreciso das regras hermenêuticas." Anselmo Borges, no DN

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Dia Mundial da Saúde Mental

TEM QUE HAVER UMA FORÇA INTERIOR MUITO GRANDE...
O Dia Mundial da Saúde Mental, que hoje se comemora, permite-me recordar uma visita que fiz, há mais de 40 anos, à Casa de Saúde do Telhal, da Ordem Hospitaleira de São João de Deus. Foi uma experiência extraordinariamente enriquecedora, pois foi-me dada a oportunidade de conhecer de perto o trabalho ali feito com doentes mentais. O grupo foi recebido por um Irmão de São João de Deus, um homem que deixou tudo para trabalhar com pessoas muito doentes. E desse primeiro contacto ainda recordo o sorriso com que nos acolheu e a maneira simples como nos explicava todo o trabalho por eles realizado com aquelas pessoas. Havia doentes de todo o género, desde os apáticos aos violentos, desde jovens a idosos, desde os que se ocupavam de diversas tarefas aos que se recusavam a trabalhar, desde os indiferentes a tudo aos faladores. E para todos havia, da parte dos Irmãos de São João de Deus, uma atenção especial, por vezes redobrada, por necessidades compreensíveis. Vi ali, há tantos anos, que predominava uma pedagogia ocupacional. Uns trabalhavam na cozinha, outros na lavandaria, outros na rouparia, uns eram porteiros, alguns cuidavam dos jardins, outros ficavam simplesmente sentados a ver os que trabalhavam. E ainda recordo como um grupo coral, devidamente ensaiado, cantava melodias portuguesas, acompanhadas por instrumentos musicais que uns tantos dominavam. Num espaço amplo havia doentes violentos. Mas não cheguei a ver qualquer agressão. Uns Irmãos acompanhavam-nos com muita atenção e depressa agiam quando pressentiam agitação em qualquer dos doentes. Falo disto para enaltecer vocações raras, mas fundamentais. Estas vocações, de quem deixa tudo para trabalhar com doentes mentais, não têm explicação à luz das realidades comezinhas em que vivemos. Tem que haver uma força interior, superior, que impele pessoas para este trabalho dificílimo com doentes mentais. Para eles o meu aplauso e a minha muito grande admiração. Fernando Martins

Regata dos Grandes Veleiros

Vida a bordo é dura...

Veleiro Kaliakra

O Carlos Ramos, que teve o privilégio, como muitos outros, de participar na Regata dos Grandes Veleiros, a bordo do "Kaliakra", enviou-me algumas fotos, gentileza que agradeço, para testemunhar o empenho de toda a tripulação, incluindo os convidados. Mais: para demonstrar que o Eng. Lagarto trabalhou mesmo a bordo, como se vê na foto, a manobrar as velas lá bem no cimo. Aqui ficam para testemunhar esse facto e para mostrar como é dura, para alguns, a vida a bordo de um Veleiro. As fotos ao pôr do sol são mesmo do "Astrid" na passagem pelo cabo Finisterra, já depois da etapa da regata ter terminado.

Tampas que valem oiro

Joana Pontes já angariou mais de dez toneladas de tampas
A Joana Pontes é da Gafanha da Nazaré e é, pelo que tenho ouvido dizer, uma jovem bastante ocupada. Mas nem por isso esconde o seu lado humanitário. O Diário de Aveiro mostra que é assim, divulgando que ela já angariou dez toneladas de tampas, cujo produto reverterá para cadeiras de rodas. Como cada tonelada dá para uma cadeira de rodas, digam os meus leitores se a Joana não merece um aplauso muito forte, para que a sociedade acorde! "Desta vez, as instituições contempladas serão o CASCI, a Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo e o Banco de Ajudas Técnicas de Ílhavo. revela o Diário de Aveiro.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

PVU – Projectos Voluntariado Universitário

Bairro de Santiago
HÁ SEMPRE TEMPO PARA DEDICAR AO BEM COMUM
À sombra do CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) e da AAUAv (Associação Académica da Universidade de Aveiro) nasceu o PVU – Projectos Voluntariado Universitários, que conta com o apoio dos Serviços de Acção Social e da Reitoria da UA. Partindo do princípio de que há sempre, se quisermos, um tempo para dedicar ao Serviço do Bem Comum, espera-se que os alunos do Ensino Superior de Aveiro adiram a estas acções de bem-fazer. Há campos para o voluntariado com várias expressões e para todos os gostos: Explicações no Bairro de Santiago, Voluntariado em Instituições Comunitárias e colaborações, a nível da Capelania da Cadeia, no Estabelecimento Prisional de Aveiro. É claro que estes tipos de voluntariado pressupõem uma certa formação. Para isso, contactar o CUFC e a AAUAv