domingo, 10 de junho de 2018

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades portuguesas

Portugal é  um dos 10 países mais antigos do mundo



Sabia que Portugal fez em maio 839 anos? Pelo menos aos olhos da Igreja, pois não nos referimos ao Tratado de Zamora – existe outro documento que foi igualmente importante para a História do nosso país.
O manifestis probatum foi uma bula emitida pelo Papa Alexandre III a 23 de maio de 1179. Esta declarava o Condado Portucalense independente do Reino de Leão e D. Afonso Henriques o seu soberano.
Este documento veio assim reconhecer a validade do Tratado de Zamora, assinado a 5 de outubro de 1143, através do qual o rei de Leão reconheceu a independência do Condado, que passou a denominar-se Portugal.
No entanto, só 35 anos depois é que a Igreja Católica, através do Papa Alexandre III, reconheceu o reino de Portugal como território independente e D. Afonso Henriques como monarca. 
Hoje, Dia de Portugal, celebramos um dos países mais antigos do mundo - sim, Portugal é um dos 10 países que conquistaram a independência mais cedo. Veja abaixo a lista:


Japão - Unificação dá-se em 660 a.C.

China - Unificação dá-se em 221 a.C.

França - Independente desde 843

Inglaterra - Independente desde 927

Dinamarca - Independente desde 958

Áustria - Independente desde 976

Hungria - Independente desde 1000

Portugal - Independente desde 1139

Mongólia - Independente desde 1206

Tailândia - Independente desde 1238

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Sugestão do Google

Notas do meu Diário: A chuva na Primavera



Antes da aurora, a Lita disse-me que choveu toda a noite. Acreditei. Não ouvi nada porque sou meio surdo, um bem para dormir descansado. Um mal porque tenho de usar próteses auditivas. Aberta a janela, pouco depois, confirma-se a triste Primavera que nos coube na roda da vida. Como diz um conhecido cronista, nunca vi uma Primavera assim, mas decerto já passámos por outras semelhantes. Confiadamente, esperamos que o Verão corresponda ao que desejamos. Muito sol, quentinho quanto baste, mas não tão forte que possa estimular os incêndios. 
Por casa, joelhos quentes por manta que afugenta o frio, salamandra apagada porque a lenha se foi com o fumo pela chaminé, a leitura e a escrita são o meu refúgio. Sentado, com o portátil sobre os joelhos, dou uma volta ao imaginário em busca de futuros destinos. Mar à vista, mas a serra como experiência para novos olhares. 
Por perto, o Totti, o velho cão já centenário e agora muito dorminhoco, mal que se tem intensificado desde que a sua companheira, a Tita, deixou este mundo. De vez em quando, levanta a cabeça para saber quem está e volta a passar-se para o mar da tranquilidade que o sono oferece. 
“A vida no Campo”, de Joel Neto, é um livro tranquilizante. Um diário que se lê com muito gosto sem cansar. Joel Neto, que foi jornalista em Lisboa (ainda é cronista no DN), deixou tudo para voltar às suas origens: Ilha Terceira, lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã. Vive com a mulher e dois cães, em casa com jardim e horta. Na contracapa lê-se: «Rodeado de uma paisagem estonteante, das memórias da infância e de uma panóplia de vizinhos de modos simples e vocação filosófica, descobriu que, afinal, a vida pode mesmo ser mais serena, mais barata e mais livre. E, se calhar, mais inteligente.» 

Fernando Martins 

Nota: Joel Neto é autor de ARQUIPÉLAGO e MERIDIANO 28, duas obras que aguardam vez de leitura. 

Futebol, o espelho do mundo que temos construído




Adriano Miranda 

O doido da família

Frei Bento Domingues

«Em nome do cristianismo, em nome da sua exclusiva posse da verdade, foram muitas vezes condenadas as outras religiões, pois a verdade e o erro não merecem o mesmo respeito.
Do anátema passou-se à tolerância. Não eram igualmente verdadeiras mas, para superar as guerras de religião, o melhor era suportá-las. Mal menor.
O pluralismo humano e cultural apontava para algo mais positivo. Nasceu a teologia sobre as outras religiões, baseada na pergunta: qual a significação que a diversidade religiosa pode ter no plano de Deus?»


1. A Catalunha continua a ser notícia por vários motivos, sobretudo por razões de ordem política. Os meios de comunicação portugueses não foram excepção, mas esqueceram a grande homenagem à figura marcante da cultura catalã actual e de significação universal.
A Generalitat de Catalunya i l'Ajuntament de Barcelona estão a celebrar, em 2018, o Ano de Raimon Panikkar (1918-2010), centenário de um sábio do nosso tempo [1]. Filho de pai indiano e hindu e de mãe catalã católica romana, nasceu em Barcelona, viveu na Índia e morreu rodeado da beleza em Tavertet.
Era padre, cientista, filósofo, teólogo e místico. Sem deixar de ser católico integrou, na sua identidade, vários elementos de outras crenças religiosas. Como diz Ignasi Moreta, editor das suas Obras Completas, das quais já saíram dez volumes, "era uma ponte entre o Oriente e o Ocidente, entre as Letras e as Ciências, entre as expressões do Cristianismo, do Induísmo, do Budismo e do Pensamento Secular".

sábado, 9 de junho de 2018

Aveiro: Ponte Laços de Amizade




No canal,  junto ao Forum,  há uma ponte com nome curioso, no mínimo. Chama-se "Ponte Laços de  Amizade - Poema a Aveiro" e liga aquele espaço comercial ao outro lado. As proteções laterais da ponte estão cheias de fitas assinadas, que traduzem, decerto, a ideia de que as grandes amizades tanto são espontâneas como resultam de pontes que estabelecem ligações de proximidade, que  perduram pela vida fora. Gostei de ver, sim senhor. Mas não pude conhecer as motivações que levaram ao batismo desta ponte, com data de 10-12-2016.

Requalificação da Av. Lourenço Peixinho é uma urgência



«Para além do Rossio, outra zona central da cidade que esteve em discussão na reunião de Câmara de ontem foi a Avenida Dr. Lourenço Peixinho, onde a coligação PSD/CDS que governa a edilidade também pretende intervir. A sétima versão do estudo prévio foi apresentada em traços gerais por Ribau Esteves. De acordo com a descrição do autarca, a nova versão do documento mantém os dois passeios laterais mas com o dobro da largura (cinco metros cada) e com uma linha de árvores em cada um, à custa do separador central, que ficará apenas com um metro. Haverá duas faixas de rodagem em cada sentido, uma das quais será reservada a transportes públicos e bicicletas. Cada uma das margens da principal artéria da cidade terá ainda estacionamento longitudinal.»


Nota: Com o tempo, tudo passa. O que ontem era moda, vai hoje para o caixote do lixo. Sou do tempo em que a Av. Lourenço Peixinho era a sala de visitas de Aveiro, Tudo para ali confluía e tudo ali se celebrava. O comércio da moda concentrava-se naquela avenida e era por ela que passeávamos. Também tomávamos café a apreciar o trânsito de veículos e pessoas. E ao domingo era certo e sabido que lanchávamos num dos cafés ou pastelarias da avenida com a família. 
Depois vieram as grandes superfícies com o Forum à cabeça e tudo se alterou. A sala de visitas mudou-se de armas e bagagens para ambientes mais atrativos e a velha avenida envelheceu. Cá para nós, contudo, ainda será possível rejuvenescê-la. Não voltará aos tempos de ouro, mas poderá ser uma alternativa válida às grandes superfícies. 

Bourdain ficará na memória de muitos



«Um outro dia, anos mais tarde, num zapping televisivo, reapareceu-me Anthony Bourdin. A agilidade fílmica da CNN dava outro enquadramento e ritmo a esta sua nova experiência televisiva. O modelo era diferente: menos intimista, mais cosmopolita, no limiar da antropologia cultural. Era muito interessante ver uma figura saída da cozinha convencional a passear-se por cenários quase “radicais”, das tascas de rua aos locais mais simples e estranhos. Devo confessar, para que não sobrevivam dúvidas, que raramente aquela exploração de culinárias raras me excitou os sentidos, particularmente ao ver Bourdain testar alguns produtos cuja bizarria fazia presumir sabores estranhos.»

Ler mais aqui 

Nota: Confesso que apreciei imenso  Anthony Bourdin nos seus programas televisivos, pela naturalidade na apresentação, pelo apetite que ele nos  suscitava, pela cultura  gastronómica que irradiava, mas não só, e por tudo o que nos ofereceu um pouco de todo o mundo. Não quis continuar a viver e foi pena, porque teria ainda muito mais para nos ensinar. E tenho para mim que o seu estilo dificilmente será  ultrapassado. 

sexta-feira, 8 de junho de 2018

S.O.S. cristãos

Anselmo Borges

1 "A perseguição é um pouco "o ar" do qual o cristão vive ainda hoje, porque também hoje há muitos, muitos mártires, muitos perseguidos por amor a Cristo. Em muitos países os cristãos não têm direitos. Usar uma simples cruz (crucifixo) leva à cadeia. E há pessoas na cadeia; há hoje pessoas condenadas à morte por serem cristãs. Houve pessoas assassinadas e o número hoje é maior do que o dos mártires dos primeiros tempos. São mais. Mas isto não é notícia. Isto não tem lugar nos noticiários, nos jornais, eles não publicam estas coisas. Mas os cristãos são perseguidos."
Quem, mergulhado em tristeza, fez estas declarações foi o Papa Francisco no dia primeiro deste mês de Junho.

2 Como é o Papa, poderia não dar-se muita atenção. "Afinal, está a defender os seus", dirão muitos. Mas há uma jornalista catalã, Pilar Rahola, bem credenciada, que acaba de escrever uma obra de grande investigação, com o título desta crónica - S.O.S. Cristians - e o subtítulo: "A perseguição dos cristãos no mundo de hoje, uma realidade silenciada." Tanto mais credenciada quanto escreve: "O meu racionalismo militante impede-me de acreditar em Deus, mas a minha ética não me impede de respeitar os crentes", "o livro não aborda a moral de um grupo religioso, mas a ética de toda a humanidade. Precisamente por isso, não fala dos cristãos pela sua condição religiosa, mas pela sua condição de vítimas. E é neste ponto que o livro assume um compromisso solidário, uma vontade de arrancar o véu que oculta o sofrimento de centenas de milhares de pessoas perseguidas, maltratadas e assassinadas em pleno século XXI só pelo facto de seguirem a Cristo". Tratando-se de uma perseguição com objectivos de extermínio em vários países, é uma questão de decência ética acabar com o muro do silêncio que se abateu sobre esta tragédia. Como disse o prémio Nobel da Paz, Elie Wiesel, judeu sobrevivente dos campos de extermínio nazis, "O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. O contrário da fé não é a heresia, é a indiferença. E o contrário da vida não é a morte, mas a indiferença entre a vida e a morte".

A nova família de Jesus

Georgino Rocha

"E vem a pergunta crucial: Para mim, quem conta realmente na vida? De quem me sinto mais próximo? Seria muito útil elaborar uma lista de nomes e, por cada um, louvar o Senhor que nos une e aproxima."

Jesus está em Cafarnaúm. Vem da sua terra natal, percorre a Galileia e faz-se hóspede em casa de Simão. Entretanto, chama discípulos, cura doentes, entusiasma tantas pessoas que deixam tudo, o acompanham e acorrem a Ele. Está a ponto de nem sequer poder comer. (Mc 3, 20-35). É impressionante este início da missão em público. A novidade surpreendente mobiliza e interpela. A Nazaré, chegam ecos desta actividade e os familiares põem-se a caminho para O deter, “pois diziam: está fora de Si”. Mais tarde, Jesus volta à sua terra natal e nela é recebido de forma tão hostil que querem lançá-lo por um precipício. Estranha reacção esta, a de O considerarem sem juízo, em vez de se abrirem à novidade, à interrogação, à busca de sentido oculto nas aparências. E eu como me sinto? Qual a minha reacção face à novidade de Jesus? Não podemos nós correr um risco semelhante? Convém estar atentos, lúcidos e abertos.
“A hostilidade e o duro juízo dos familiares de Jesus, anota Manicardi, p. 107, iluminam um dos aspectos das suas escolhas: a sua vida itinerante e celibatária com uma pequena comunidade de discípulos, prejudica economicamente a família, que se vê privada não só de um dos seus membros, mas também das vantagens económicas e do prestígio social que a aliança com outro grupo familiar, garantida por um casamento, teria trazido”

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Festival Rádio Faneca abre portas dia 8 de junho

Festival Rádio Faneca regressa de 8 a 10 de junho 
com lançamento de disco e livro da Orquestra da Bida Airada


E se um festival fosse uma rádio, uma odisseia, 
uma orquestra e também um disco?

«“Mais que um festival de música, o Rádio Faneca é um festival de projetos muito especiais que têm um grande legado de Ílhavo e uma história para contar”, quem o diz é Luís Ferreira, diretor do projeto cultural da Câmara Municipal de Ílhavo, 23 Milhas, que organiza a sexta edição do festival, que decorrerá de 8 a 10 de junho, em Ílhavo. É pela importância de organizar o arquivo, que um dos projetos comunitários âncora do festival, a Orquestra da Bida Airada, sob a coordenação artística da ondamarela, lança um CD com os seus maiores sucessos musicais e um livro que, além de reunir sete músicas do repertório original da Orquestra, reflete e partilha o processo de trabalho em comunidade de cinco anos em território ilhavense.
Durante as várias edições da Orquestra, mais de 300 músicos, com ou sem formação musical, juntaram-se à ondamarela e a artistas como Peixe, António Serginho ou os Crassh para criar um cancioneiro pleno de referências, expressões e tradições ilhavenses.»

Texto e foto da CMI.»
Ler mais e ver programa aqui 

Museu Vista Alegre celebra aniversário



Uma boa razão para visitar o Museu Vista Alegre nos dias 16 e 18 de junho. 

Vai começar a guerra ao plástico



A luta contra o “plástico” parece que vai começar. Fala-se muito das garrafas de plástico, cujo retorno pode traduzir-se numa tara paga, mas temo que tudo fique na mesma. Já pensaram bem na quantidade de plástico que envolve quase tudo o que compramos? 
Sabe-se que o uso do papel poderá contribuir para a redução do plástico, mas há tantos produtos impossíveis de embrulhar no papel… Por exemplo: vamos ao talho comprar carne e a uma peixaria comprar uns robalinhos. Qual será a tara que substitui o plástico? 
Vamos então esperar que alguma cabeça iluminada nos dê umas dicas… Mas a solução não será fácil. Não será mesmo.

45% dos alunos não situam Portugal no mapa da Europa

Dificuldade em usar rosa-dos-ventos, em prova de aferição do 5.º ano, 
ilustra problemas para analisar e interpretar informação


«É apenas um indicador analisado, entre centenas, num relatório que abrange dois anos de provas de aferição - 2016 e 2017 - de várias disciplinas e anos de escolaridade. Mas não deixa de ser preocupante. Pelo menos do ponto de vista simbólico. Entre os mais de 90 mil alunos que realizaram as provas de aferição de História e Geografia do 2.º ciclo, no ano passado, 45% não conseguiram localizar Portugal continental em relação ao continente europeu utilizando os pontos colaterais da rosa-dos-ventos. Ou seja: não conseguiram localizar o país no Sudoeste da Europa.
Utilizando os pontos cardeais, acrescenta o relatório, apenas 45% dos estudantes localizaram corretamente "o continente europeu em relação ao continente asiático, o continente africano em relação ao continente europeu e Portugal continental em relação ao continente americano".»

Nota: Algo vai mal no Ensino em Portugal? Não estou habilitado a responder a esta questão por já estar retirado  do ensino há muitos anos. Mas choca-me saber que as nossas crianças não sabem saltar à corda e nem conseguem localizar Portugal no mapa. Quem é que me explica isto?

Li aqui

quarta-feira, 6 de junho de 2018

A visita ao bispo e outras histórias



Só hoje tive oportunidade de ler Maria João Avillez, no Observador. A crónica tem data do dia 5 de junho e, como sempre, está muito bem escrita. É, também como sempre, oportuna e desta vez com notas da nossa história recente ou de tempos mais recuados. A oportunidade do que escreve, contudo, é evidente, sobretudo para mim, que gosto de refletir sem me limitar nas minhas opções de leitura. 
Maria João Avillez escreve sobre D. António Marto, que vai ser cardeal por decisão do Papa Francisco. Depois, vem com o tristíssimo espetáculo que se está a viver no Sporting e com a história de vida de José Manuel de Melo,  que regressou a Portugal a convite de Mário Soares, depois de um exílio provocado pela revolução dos cravos.  E a jornalista finaliza com Júlio Pomar, com quem aprendeu «a decifrar as suas telas e papeis» e «a mudez eloquente com que depois se quedava a contemplá-las».

Ler crónica aqui 

terça-feira, 5 de junho de 2018

Festival de Sopas na Gafanha da Nazaré




Estou convencido de que o nosso povo vai provar as sopas que se hão de apresentar com sabores diversos, ou não houvesse, em cada gafanhão, um jeito especial pela sua confeção. Tenho comido imensas sopas ao longo da minha vida e posso afiançar que nunca comi duas iguais. Uma curiosidade: Antigamente, era famoso o caldo de feijão, enriquecido pelas diversas carnes do porco, incluindo os enchidos. Às 16 horas haverá atividades diversas e as sopas estarão prontas por volta das 19 horas.

NOTA: Esta informação foi alterada hoje, dia 6, por ter havido lapsos no  cartaz.


ADERAV lança Patrimónios e distingue Mons. João Gaspar


Mons. João Gaspar

No passado dia 26 de maio, na Igreja de Jesus do Museu de Aveiro-Santa Joana, a ADERAV — Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, em colaboração com a Câmara Municipal de Aveiro, procedeu ao lançamento da revista PATRIMÓNIOS, n.º 11, e à homenagem a Mons. João Gonçalves Gaspar, com a atribuição do título de Sócio Honorário. Razões mais do que suficientes para estar presente, uma vez que sigo, com a regularidade possível, a ação da ADERAV, o mesmo acontecendo com a vida e obra, multifacetadas, de Mons. João Gaspar, um sacerdote e homem da cultura, com inúmeros livros publicados, sendo sócio correspondente da Academia Portuguesa de História. 
O presidente da ADERAV, Lauro Marques, sublinhou que a homenagem a Mons. João Gaspar se ficou a dever ao seu expressivo contributo no âmbito da cultura, sendo colaborador e consultor daquela associação, sempre que solicitado, e muito para além dessa função. 
O presidente da Assembleia Geral da ADERAV, Luís Souto de Miranda, adiantou que Mons. é  «uma referência» para Aveiro e Ribau Esteves, autarca aveirense, frisou que o título de Sócio Honorário se traduz em mais um estímulo para o académico João Gaspar prosseguir na «promoção da nossa história». 
A apresentação do homenageado foi feita pelo vigário-geral da Diocese, P.e Manuel Joaquim Rocha, que referiu possuir Mons. João um conhecimento da cidade e diocese de Aveiro que nos deixa, muitas vezes, de «boca aberta». 
Na hora dos agradecimentos, Mons. João adiantou que não se sentiria bem se não se dedicasse a Aveiro e às suas gentes. 
A revista PATRIMÓNIOS, com edições de periodicidade irregular, apresenta-se sempre com dignidade, variedade e utilidade, enquanto se presta ao papel de repositório do que de importante se faz, ou deve fazer, em prol do estudo, da denúncia do que urge fazer e da promoção do que de muito importante existe no distrito de Aveiro. 
Se olharmos para o sumário, reconheceremos o que afirmo: Além do Editorial e das referências ao homenageado, Mons. João Gaspar, os leitores terão ao seu dispor artigos tão diversos como:

Notas do meu Diário: Agora, com outros olhares

Depois de um interregno justificado e necessário, cá estou de novo com outros olhares. Passei pela experiência de não conseguir ler os carateres mais pequenos, os usuais nos livros e jornais, que os gordos não ofereciam obstáculos, até voltar ao prazer da leitura. Não poder ler, foi um drama que me marcou, apesar de saber que mais tarde ou mais cedo tudo seria normalizado, como me garantiu o meu oftalmologista, Mário Santos, do Hospital da Luz, cuja sensibilidade, disponibilidade e amabilidade bastante me cativaram. Não é todos os dias que encontramos um médico que nos telefona a indagar do nosso estado de saúde, antes e depois da intervenção cirúrgica. Estou-lhe muito grato. 
E agora volto com a boa disposição de sempre ao dia a dia, procurando estar com os meus amigos, de perto e de longe, nesta troca de mensagens que o FB proporciona, livremente, transformando o mundo numa aldeia global que nos torna próximos, embora nos afaste, por vezes, de quem nos rodeia. 
Foram muitas as mensagens que me chegaram por diversas vias com palavras estimulantes. A todos o meu muito obrigado. 
Um abraço para todos. 

Fernando Martins

domingo, 3 de junho de 2018

Apostar no génio

Bento Domingues

1. Os dominicanos franceses, A. Couturier e P. Régamey, directores da famosa revista L’ Art Sacré (dos anos 50 do século passado), impuseram a si próprios, como critério nas escolhas dos artistas a convidar para as encomendas de novas igrejas, o de apostar no génio! Este critério deveria ser anterior às considerações de ordem confessional. Partiam da convicção de que, numa grande obra de arte, está inscrita uma abertura à transcendência. Os resultados da aplicação concreta deste critério foram admiráveis e inspiradores. O Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR) em Portugal, no século XX, foi profundamente influenciado por essas exigências [1]. A bela exposição no Convento de S. Domingos (Alto dos Moinhos) para celebrar os 800 anos da presença dominicana em Portugal (1216-2016) testemunha a importância dessa lucidez religiosa [2]
Alegra-me que o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, tenha assumido as preocupações inscritas na metáfora do padre Alain Coutourier: apostar no génio. Já deu muitas provas dessa esclarecida visão. Agora, marcou a presença do Vaticano na Bienal de Arquitectura de Veneza, na ilha San Giorgio Maggiori, um bosque com vista para o mar, com a construção de dez capelas de dez arquitectos de vários países e continentes. Entre eles está o arquitecto português Eduardo Souto de Moura. A encomenda da Santa Sé não lhes exigia um templo cristão. Tinha apenas de ter uma mesa para pousar um livro. Isabel Salema apresentou, neste jornal, a história da encomenda das capelas e, especialmente, a realização e as convicções de Souto de Moura [3].

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Palabras co bento no leba


Pessoas e animais

Anselmo Borges 

"Com base na neotenia, o homem tem como tarefa na vida fazer-se a si mesmo: fazendo o que faz, está a realizar-se a si próprio. Por isso, está sempre inconcluído, numa abertura ilimitada, produzindo o novo. O homem nunca está satisfeito (de satis-factus: suficientemente feito), acabado."


Uma das ameaças para o humanismo é a tese animalista que pretende que entre o ser humano e os outros animais não há uma distinção qualitativa, mas apenas de grau. É claro que, no quadro da evolução e uma vez que aparecemos dentro dela, não admira que encontremos já nos chimpanzés, gorilas, bonobos e outros, antecedentes, indícios do que caracteriza os humanos. Pergunta-se: se, como eles, o ser humano também sente, recorda, procura, espera, joga, comunica, aprende e inventa, quais são as notas especificamente humanas que podemos observar no desempenho dessas actividades por parte do ser humano, mostrando que é qualitativa e essencialmente distinto dos outros? Aponto algumas dessas características observáveis.
Na história gigantesca da evolução - o big bang foi há uns 13 700 milhões de anos e muito recentemente foi-se dando o processo da hominização -, sabemos que há ser humano, quando encontramos rituais funerários, diferentes segundo as culturas, mas sempre presentes. Aí, temos o sinal indiscutível de que já estamos em presença de alguém. A consciência da mortalidade, gastar tempo com os mortos, a sepultura, são acções especificamente humanas, essencialmente distintas das do animal.

A celebração do domingo humaniza a sociedade

Georgino Rocha

"A lei ao serviço da vida e de tudo o que a qualifica na sua dignidade inviolável. Sem referência à pessoa e ao seu bem maior (o bem comum), a lei corre o risco de ser desajustada e, por vezes, iníqua."

Jesus enfrenta, desde o início da sua missão pública, a desconfiança fria e distante dos fariseus que o vigiam atentamente e fazem provocações acusatórias. Marcos escreve o seu texto após a perseguição de Nero que dizimou muitos cristãos e a comunidade precisava de alento e confiança. O que havia acontecido a Jesus constituía um apoio espiritual reconfortante.
O confronto apresentado na leitura de hoje, Mc 2, 23-28 e 3, 1-6, é o último de uma primeira série que havia ocorrido: ora com os escribas a respeito do perdão dos pecados ao paralítico, ora com os publicanos e pecadores por estar sentado com eles à mesa, ora com discípulos de João e os fariseus por questões ligadas à prática de jejum, ora com os espias a propósito da observância do Sábado. A partir deste último, os opositores de Jesus tomam a decisão de o matar e elaboram um plano com este objectivo.
O confronto com os fariseus-espias ocorre ao sábado e desenrola-se em dois episódios, sendo o primeiro o das espigas apanhadas na seara do campo e comidas pelos discípulos porque tinham fome; e o segundo, o da mão ressequida curada na sinagoga. E a novidade de Jesus afirma-se cada vez mais: O amor de Deus que não faz acepção de pessoas, prefere os esquecidos da sociedade e quer que tudo, sobretudo as instituições e as leis, esteja ao serviço da vida na sua integralidade. Que mensagem oportuna e interpelante! Que mensagem luminosa e encorajante para todos/as os/as que lutam por causas nobres e irrenunciáveis! Que mensagem centrada no essencial para não nos perdermos em pormenores que, sendo importantes como as folhas das árvores, comportam o risco de esconder o tronco e a seiva que lhes dão suporte e vida!

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Informação necessária


Os meus leitores e amigos hão de estranhar a minha ausência no ciberespaço, nos últimos tempos. Duas intervenções aos olhos (cataratas) impedem-me de ler e de escrever, o que é um drama para mim. Agora, só falta acertar os óculos para ler e ver ao perto. Mais uns dias e retomarei a vida com a disponibilidade de sempre. 
Até um dia destes, se Deus quiser. 

Fernando Martins

Diz Jesus - Fazei isto em memória de mim

Para a festa do Corpo de Deus 

Custódia da Igreja Matriz

Jesus vê chegar a hora do triunfo dos seus inimigos. E não quer deixar de estar presente junto dos amigos. Criativo como é, sonha uma forma especial de realizar o seu desejo. Não o quer fazer sozinho. Chama os discípulos que, preocupados, querem saber onde fazer os preparativos para a ceia pascal. E diz a dois deles: “Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Seguí-o”. E eles foram, encontraram tudo o que Jesus havia dito e prepararam a Páscoa.
Que maravilha: A liberdade em acção; a iniciativa por antecipação; o envolvimento como processo de intervenção e crescimento; o seguimento como via de realização; a alegria como leveza de missão e élan de prontidão. Faz-nos bem contemplar a atitude de Jesus que se manifesta na convergência de factores, na sintonia de vontades, na concórdia de actores intervenientes. Talvez nos sirva como referência para a preparação da celebração da Eucaristia, especialmente a dominical.
Uma vez à mesa e enquanto comiam, “Jesus toma o pão, dá graças, parte-e e reparte-o pelos discípulos, dizendo: “Tomai: isto é o meu Corpo”. O mesmo faz com a taça de vinho, de que todos beberam enquanto Jesus afirmava: “Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens”. E acrescenta que só voltará a beber “do vinho novo no reino de Deus”, encarregando os comensais de prosseguirem a sua missão, dizendo: “Fazei isto em memória de Mim”.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Congresso Eucarístico - Maria, Nossa Senhora da Esperança

ESPERANÇA, EUCARISTIA, MISSÃO 



«Uma Igreja de rosto materno nunca está feita. Mas contemplando Maria sob o paradigma da graça e da esperança, a Igreja sabe donde vem e para onde vai, renova a sua fé no Deus Criador e Salvador, sabe-se acompanhada no seu caminhar na história em direcção à plenitude esperada.»

Borges de Pinho

O povo cristão reza na Salvé Rainha: “Mãe de misericórdia, vida doçura, esperança nossa”. Faz uma leitura correcta da função de Maria no processo da salvação que Jesus, seu Filho, realizou. Indica o seu rosto materno como estrela a brilhar que ilumina os nossos caminhos.
E reza também: “Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia - Fruto do ventre sagrado da Virgem Puríssima Santa Maria”. A sua sabedoria crente contempla o vínculo indissociável entre a Eucaristia e a Mãe de Jesus. Vínculo feito louvor e adoração, repassado de memória agradecida e de profecia confiante. Vínculo que é aliança definitiva selada num amor incondicional pelo bem de todos.

domingo, 27 de maio de 2018

Terceira Rosa de Ouro para Fátima?

Frei Bento Domingues

«O Papa não precisa de aumentar o número de cardeais que resistem, de forma activa e passiva, às reformas que ele anunciou desde a primeira hora e que procuram que essas reformas não lhe sobrevivam. A Igreja precisa de cardeais que ajudem este Papa e que sejam uma garantia de que estas reformas se tornem, de forma criativa, irreversíveis.
Não se pode deixar de realçar as declarações do bispo António Marto: O Santo Padre conhece bem o que eu penso e sabe que tem em mim um apoiante.»

1. No Concílio de Trento (1545-1563), frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga, teria afirmado que os eminentíssimos cardeais precisavam de uma eminentíssima reforma. Esta custou muito a chegar e, no nosso tempo, foi o papa Francisco que se empenhou na reforma da Cúria com uma coragem e desenvoltura que não fica nada a dever à do nosso bracarense. Perante as resistências activas e passivas que encontrou, já terá desistido? Há quem assim julgue e há quem assim espere. Creio que estão enganados.
Em 2017, pelo quarto ano consecutivo, Bergoglio voltou a usar a mensagem de Natal à Cúria Romana para sublinhar, com muita dureza: para servir a missão da Igreja na sociedade continuam a ser indispensáveis mudanças profundas na assembleia dos cardeais e na mentalidade de muitos elementos da hierarquia eclesiástica.
Destacou que alguns dos que formam o aparelho burocrático do Vaticano usam-no para formar grupos de pressão e de intriga, para impedir as reformas que ele próprio desencadeou. São um cancro que gera egoísmo e está infiltrado nos organismos eclesiásticos e nas pessoas que lá trabalham. A permanente denúncia que o Papa faz do clericalismo e do carreirismo destina-se a libertar a criatividade das comunidades cristãs, frutos da graça do Pentecostes, em saída para todas as periferias existenciais e prontas para todos os socorros como um hospital de campanha.