quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Gafanha da Encarnação – Vila


Árvore do Outono

Escola Básica da Gafanha da Encarnação

Havia o sentido comunitário da partilha

Comemora-se no dia 9 de Dezembro, quase na mesma altura em que o Universo (!?) proclama o aniversário desta criatura, a elevação a vila, da Gafanha da Encarnação.
Quem atravessou já dois séculos de existência e recorda a vida pachorrenta destas gentes, tem na memória cenas bucólicas dum enorme pitoresco. Carros de vacas a chiarem sobre o asfalto da rua principal, a rua de cima, em que o condutor da viatura lhe seguia o ritmo, às vezes com a pessoa mais velha esparramada no estrado da carroça, eram um espectáculo recorrente. Os excrementos eram lançados na via pública sem que ninguém se importasse com isso, pois não havia a concorrência dos automóveis que hoje enxameiam nas artérias da vila. Eram poucos os proprietários de automóveis e quem os possuía era detentor de um estatuto económico-social privilegiado.
As casas de habitação eram modestas, poucas delas possuindo água sanitária canalizada e por consequência as instalações sanitárias eram quase inexistentes. O banho era um ritual de fim-de-semana, antes do dia do Senhor e não consta que tivesse havido alguma epidemia, muito menos pandemia, com esta parca higiene.
O comércio reduzia-se a meia dúzia de mercearias/tabernas, onde o povo se aviava e os homens passavam o tempo excedentário dos seus empregos, tagarelando, jogando as cartas, bebericando uns copitos! Quase todos ligados à agricultura e pesca.
Havia o sentido comunitário de partilha, em que o forno que cozia a boroa dava para mais de uma família e as pessoas vizinhas cooperavam nos momentos altos da faina agrícola –as sementeiras, as colheitas e a matança do porco.

Para preparar o Natal




Advento

Nem medo nem recusa perturbaram
A graça que em Ti cumpre a sua obra:
Ofereceste a Deus aquele silêncio,
Onde habita a Palavra.

Em Ti desponta a aurora da justiça,
O mistério do reino que há-de vir;
A sombra do Espírito que desce
Teu coração preserva.

Por Ti, Maria, Mãe imaculada,
Ao Céu se eleve o nosso humilde canto:
Louvor e glória a Deus três vezes santo,
Por toda a eternidade.

Liturgia das Horas

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Efeméride:Concílio Vaticano II encerrou a 8 de Dezembro



Começa a fazer falta o Vaticano III

O Concílio Vaticano II, iniciado por João XXIII e concluído com Paulo VI, revolucionou a Igreja Católica, que entrou no mundo com outros olhares. Foi em 1965, na Praça de S. Pedro, que os trabalhos conciliares foram  dados por encerrados. A partir daí, as constituições, decretos e declarações passaram a ser lei a seguir por todos os católicos do mundo. Porém, há quem diga que o Vaticano II ainda não entrou, em força, em muitos sectores da Igreja e mesmo da vida dos crentes. E também se diz, decerto com alguma lógica, que começa a fazer falta o Vaticano III.

Papa Bento XVI em Portugal: 11 a 14 de Maio de 2010





D. Carlos Azevedo em entrevista
à Agência Ecclesia sobre a visita do Papa

D. Carlos Azevedo é o coordenador, a nível eclesial, da visita de Bento XVI a Portugal, cujo programa foi apresentado esta Segunda-feira. Em entrevista à Agência ECCLESIA, destaca os momentos fundamentais da estadia papal no nosso país e sublinha a “responsabilidade” que a Igreja tem no acolhimento do Papa.


Agência ECCLESIA (A.E.) – No próximo mês de Maio, Bento XVI visitará o nosso país. Um momento de festa para os católicos portugueses?

D. Carlos Azevedo (C.A.) – A visita do sucessor de Pedro a uma Igreja particular é sempre momento de festa e uma grande responsabilidade. É um júbilo sentir perto de nós aquele que tem a missão na Igreja de presidir à caridade e de confirmar na fé. Sentir que ele está perto das comunidades. É uma responsabilidade porque a vinda dele obriga-nos, certamente, a fazer um exame de consciência e acolher uma mensagem que nos mobilizará como igrejas.

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Achado arqueológico na Ria de Aveiro: navio ainda sem data de nascimento

As notícias sobre mais um achado arqueológico na Ria de Aveiro, mais concretamente no Rio Boco, na Gafanha da Nazaré, já andam nas bocas dos mais curiosos por estas coisas.

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No i de hoje: Subida do mar. Parte de Portugal pode desaparecer até ao final do século


Costa aveirense

Saiba o que ficará debaixo de água!

Viana do Castelo, Aveiro, Vila Franca de Xira, linha de Cascais. O mapa de Portugal pode mudar nos próximos anos com a subida do nível médio do mar. Novos cenários publicados ontem na revista científica "Proceedings of the National Academy of Sciences" (PNAS) revêem em alta as últimas previsões do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), numa semana em que as atenções estão viradas para as negociações da cimeira de Copenhaga.
No pior cenário - que tem em conta as actuais dinâmicas da camada de gelo do planeta e o aumento das emissões de gases com efeito de estufa - o planeta aquece 4.º C até 2100 e o mar sobe 1,90 metros. Desaparecem dezenas de pequenas ilhas e a Baixa de Manhattan, em Nova Iorque, encolhe consideravelmente. Trindade e Tobago e parte da costa brasileira são engolidos pela água. O Sul do Vietname deixa de estar no mapa.
O impacto de uma subida desta magnitude sente-se ao longo de toda a costa portuguesa, com maior intensidade na zona Oeste de Lisboa e na Península de Setúbal. Através de uma ferramenta da Universidade do Arizona - disponível em geongrid.geo.arizona.edu -, é possível ver as zonas onde o mar poderá galgar a terra nos próximos anos, caso não sejam feitas adaptações, como a construção de novos diques ou barragens, ressalvam os investigadores.

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O milagre do Natal universal

Para que seja Natal

1. Já há longas semanas que os brilhos típicos da quadra de Natal estão nas ruas e avenidas por onde correm as gentes. Esta corrida reveste-se também da preocupação preparadora das festividades que se aproximam… Em termos de efemérides, o próprio mês de Dezembro mostra-se sensibilizante em termos de causas e valores natalícios a assumir: dia 3 de Dezembro foi dia (para que o seja todos os dias) dedicado à pessoa com deficiência, dia 5 enaltecedor dos Voluntários (Dia Internacional dos Voluntários) e dia 10 será o grande dia dos Direitos Humanos, também em Aveiro assinalado com um conjunto de iniciativas e sensibilizações. Já em finais de Novembro, início de Dezembro, havia ocorrido a campanha do Banco Alimentar contra a Fome.

2. Torna-se importante, no mundo especializado em tantas ligações tecnológicas, ligar o que de humano e bom existe; promovê-lo e enaltecê-lo para que cresça cada vez mais e diminua aquilo que são as “ervas daninhas” de qualquer comunidade social. As referências de iniciativas em rede multiplicam-se e procuram interpretar o mês do Natal como um eco para todos os dias dos meses e dos anos. Querendo esta quadra no plano das ideias, a partir da raiz única do Natal de há 2000 anos, gerar a vivência da igualdade em termos de dignidade humana (que reflecte a divina), a verdade é que a persistência prática das desigualdades faz com que o contraste se avolume na época do Natal. Todos os gestos tão sensibilizantes para tantas situações de “frio social” acabam por ser sempre pequenos para problemas tão grandes e problemáticas…

3. Verificam-se nestes dias essas preocupadas corridas de preparação do Natal gordo em que não há tempo para o gesto (seja global!) que suavize e promova para a autonomia e dignidade a magreza do sem lar, sem pão, … A autenticidade do Natal verdadeiro será sempre desconcertante; este tem mais dificuldades em conseguir fazer passar a mensagem. Quem dera que a grandeza de tantos gesto de tanta gente fosse o milagre do Natal universal. Preparemo-lo, melhor, sejamo-lo! É essa a maior luz!

Para preparar o Natal




AVE, MARIA

– Ave, Maria! Estrela matutina,
Porta do céu, Jardim Fechado: ó pura,
E delicada e angélica menina!

Cheia de graça! Tímida brandura
Mais forte do que o sol e a neve linda
Que nem o sol derrete a arder na altura!

É contigo o Senhor. Ele há de, ainda,
– Pois foi castigo, – ser perdão também:
O Pai nos dá seu Filho… E a hora é vinda.

Bendita és tu, entre as mulheres. – Mãe:
Bendito o Fruto do teu ventre, agora,
E por todo o sempre, e por Jesus. Amém.

António Correia d’Oliveira

In Verbo Ser e Verbo Amar



segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Universidade Sénior visita a Casa Gafanhoa









Azulejos da Casa Gafanhoa

A Casa Gafanhoa precisa de mais apoios


Um grupo de pessoas que frequentam a Universidade Sénior visitou hoje a Casa Gafanhoa, onde foi possível recordar vivências de tempos que já lá vão. Uns conheceram os antigos proprietários, Vergílio Ribau e Maria Merendeiro, e outros deles ouviram falar. Mas todos preservam na memória estórias do viver antigo, de gente que fez a Gafanha, com tenacidade indesmentível.



Alunos da Universidade Sénior

O fundador e presidente da direcção do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, Alfredo Ferreira da Silva, teve a gentileza de acompanhar os visitantes, prestando os esclarecimentos que se impunham, para quem gosta de saber. Em cada compartimento da Casa Gafanhoa sublinhou o que era de sublinhar, mas não escondeu que este espaço museológico precisa de ser mais dinamizado e acarinhado por toda a gente.
Apontou as peças expostas pela casa que vieram do tempo dos proprietários, referiu as que foram adquiridas e lembrou as que foram oferecidas. Há algumas que, por falta de espaço, aguardam que o Grupo possa usufruir de outro edifício, anexo à Casa Gafanhoa ou outro, para as apresentar aos que apreciam o que resta do tempo dos nossos avós.



Pintura das paredes (interior)

Durante a visita foi sublinhado que esta iniciativa da Universidade Sénior da Fundação Prior Sardo se apresenta como estímulo para novos desafios, à volta da identidade dos nossos avoengos, que o mesmo é dizer, dos actuais gafanhões.

FM

Papa deixa apelos para a Cimeira de Copenhaga



Bento XVI recordou no Domingo a Cimeira da ONU sobre as mudanças climáticas, que se hoje se inicia em Copenhaga, destacando a necessidade de uma acção concertada da comunidade internacional para fazer face ao fenómeno do "aquecimento global", sem prejudicar as populações mais pobres nesse esforço.

Após a recitação do Angelus, na Praça de São Pedro, o Papa deixou votos de que “os trabalhos ajudem a encontrar acções respeitosas da criação e promotoras de um desenvolvimento solidário, fundados na dignidade da pessoa humana e orientada para o bem comum”.
“A salvaguarda da criação postula a adopção de estilos de vida sóbrios e responsáveis, sobretudo em relação aos pobres e às geração futuras”, prosseguiu.
Segundo Bento XVI, para garantir o pleno sucesso da Conferência, “todas as pessoas de boa vontade” devem “respeitar as leis colocadas por Deus na natureza e a redescobrir a dimensão moral da vida humana”.

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Para preparar o Natal



A Virgem, Terra Bendita

Hoje, a Virgem, Terra bendita,
deu à luz o Filho de Deus.
Deus, hoje, fê-la riso,
porque dela nasceu o nosso riso.

Anuncio-vos uma enorme alegria,
porque nasceu o riso,
nasceu Cristo.

Hoje, os campos enchem-se de flores.
Hoje, os anjos cantam harmoniosos.
Hoje, reina a paz no mundo inteiro.
Tudo se regozija, tudo ri.

Toca pois a rir e a folgar com a Virgem,
porque Deus nos deu o riso,
isto é, razões de sobra para rirmos
e rejubilarmos com Ela:
Nasceu, hoje, o Salvador.

Assim pregava Santo António de Lisboa,
num dia de Natal

Nota: Enviado pelo meu amigo Manuel

domingo, 6 de dezembro de 2009

Dinis Alves no Diário de Notícias de hoje: A lei do menor esforço é um motor da evolução...



“A lei d mnor sforç
e 1 mtor essncial
d evlção d lngua”


?A lngua n e 1 qstao fexad. Ms tms d tr norms?, ?A língua não é uma questão fechada, mas temos de ter normas?

“A sferografik Bic foi trokd pl tekld”, “A esferográfica Bic foi trocada pelo teclado”
“N tard mt a ser prcis dar auls d kligrfia aos adolscnts”, “Não tarda muito a ser preciso dar aulas de caligrafia aos adolescentes”

Chamaram-lhe Tecla 3? Tem toda a razão para ficar chateado. Ninguém gosta de ser tratado de atrasado mental. Se está com a sensação de que lhe está a escapar qualquer coisa, dê uma espreitadela ao seu telemóvel, que não serve apenas para receber e fazer chamadas. DEF, as iniciais de deficiente, são as letras da tecla 3.
A nossa língua está a mudar a uma velocidade vertiginosa e o novo acordo ortográfico está inocente. O culpado é o telemóvel, mais concretamente as SMS, palavra hermafrodita – a maior parte das pessoas atribui-lhe o sexo feminino (que vai buscar a mensagem), mas o masculino seria o mais correcto, pois é a abreviatura de Serviço de Mensagens Escritas.
“A lei do menor esforço é um motor essencial da evolução da língua”, reconhece Dinis Manuel Alves, filho de um guindasteiro do porto do Lobito, onde nasceu há 51 anos, e que agora é o responsável pela licenciatura em Comunicação Social do Instituto Miguel Torga, de Coimbra.
A bem dizer, não é o responsável pela licenciatura, porque as SMS e o MSN não são os únicos agentes de mudança da língua. O “correctês” dá uma ajuda: o 1º ciclo é a antiga licenciatura minguada por Bolonha, o 2º ciclo respondia

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Os meus livros antigos



«Verbo Ser e Verbo Amar», de António Correia d' Oliveira, da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Brasileira de Letras, é um poema religioso. Foi impresso e composto na Tipografia da Empresa do Anuário Comercial - Praça dos Restauradores, 24 - Lisboa- MCMXXVI. Edição das Livrarias Aillaud & Bertrand - Paris - Lisboa

Efeméride: Morte de D. Afonso Henriques


O Fundador de Portugal
morreu neste dia

D. Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal e responsável, destemido, pela nossa existência como povo que se orgulha da sua História, morreu faz hoje 824 anos. Lutou incansavelmente com o apoio de quantos sonharam ser autónomos, face aos poderes que os cercavam. Para recordar o que foi a sua vida e a sua política, não faltam livros, mas, já agora, vejam aqui, para fixarem o seu exemplo de tenacidade e de visão de futuro.

Para preparar o Natal



O MEU NATAL

A noite de Natal. Em meu país, agora,
O que não vai até ao romper do dia, a aurora!
As mesas de jantar na cidade e na aldeia,
À luz das velas, ou à luz duma candeia,
Entre risadas de crianças e cristais
(De que chegam até mim só ais, só ais)
Dois milhões de almas e outros tantos corações,
Pondo de parte ódios, torturas, aflições,
Que o mel suaviza e faz adormecer o vinho:
São todas em redor duma toalha de linho!

António Nobre

 

Para este Domingo II do Advento, uma reflexão de Frei Bento Domingues


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sábado, 5 de dezembro de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 160

BACALHAU EM DATAS - 50




O RAINHA SANTA

Caríssimo/a:

1955 - ASSISTÊNCIA SANITÁRIA: «A sua [do primitivo Gil Eanes ] última campanha fez-se em 1954 [vd. 1942] , sendo substituído no ano seguinte por um novo e moderno navio construído em Viana do Castelo, herdeiro de toda a riqueza da sua tradição de apoio humanitário e até do seu nome de baptismo – GIL EANNES.» [vd. 1974] [HDGTM, 43]

1958 - «A campanha de 1958 foi aquela que contou com maior número de unidades – 77.» [Oc45, 93]

«A pesca com veleiros puros parara em 1958.» [Oc45, 91]

1960 - «Só nas campanhas de 1960 e de 1967 mais de metade dos navios bacalhoeiros de artes de anzol (veleiros puros, lugres com motor e navios-motor) já eram construídos em ferro.» [Oc45, 99]

1961 - «O último navio a ser armado para a pesca com dóris foi o RAINHA SANTA, navio-motor de madeira concluído em 1961 nos estaleiros de Benjamim Bolais Mónica, na Gafanha da Nazaré, para a empresa Pascoal e Filhos, L.da..» [Oc45, 106 n. 26]

«De 1961 em diante os arrastões jamais deixarão de constituir mais de um terço do total de navios da frota bacalhoeira. Começou nesse ano a execução de um apressado programa de desmobilização e transformação de boa parte dos navios-motor de pesca à linha cujo rendimento se tornara insustentável, em parte porque a abundância de peixe nos bancos da Terra Nova começou a mostrar os seus limites.» [Oc45, 95]

1962 - «Em resultado da desmobilização de alguns navios-motor de pesca à linha, de 1962 em diante o potencial de pesca dos primeiros [arrastões] já ultrapassou o dos segundos [navios de pesca à linha]. O pulsar da produção nacional de bacalhau dependia cada vez mais das capturas do arrasto. [...] Em 1967 os arrastões compõem 50,7% do total de navios da frota, mas garantem 56,4% da capacidade de pesca disponível.» [Oc45, 101]

Manuel

Peço desculpa por este desabafo...

Portugal não pode continuar a ser isto!

Confesso, sinceramente, que tenho muitas dificuldades em perceber o que está dentro da cabeça de muitos dos nossos políticos. Devem ter nascido numa família onde ninguém se entendia ou onde era impossível viver com serenidade. Ou então, fora da casa paterna e materna, desenraizados, transfiguram-se e deixam vir lá de dentro, da cabeça, ódios, raivas, complexos, recalcamentos e nem sei que mais. Completamente transtornados, esquecem as razões da missão em que estão investidos, e o fel, escapando-se, boca e olhos fora, em jactos purulentos, atinge toda uma sociedade que não pode rever-se no espectáculo a que ontem assistimos. Uma vergonha!

Em vez de reflectirem sobre o tema da reunião magna do Parlamento, deputados e governantes envolveram-se numa disputa execrável, relegando para terceiríssimo plano a questão da crise económico-financeira que mantém o País à beira da bancarrota.
Zapatero, o primeiro-ministro da vizinha Espanha, disse, em entrevista ao i, na quarta-feira, que “alguns países da União Europeia estiveram à beira da bancarrota”. Tenho para mim que Portugal estaria nessa situação. Estaria, não. Estará, isso sim. E ninguém neste país cuida de se preocupar com essa realidade.
Há políticos que passam a vida a brincar com coisas sérias. Dá vontade de fugir desta gente. Mas como somos portugueses e patriotas, temos de ficar. Ficar para gritar, bem alto, que é preciso descobrir, ou redescobrir, uma forma democrática de acabar com a bagunçada em que nos deixámos cair. Portugal não pode continuar a ser isto!

Fernando Martins

Deus faz o mundo fazer-se e fazer o ser humano


Teilhard de Chardin

O Homem na evolução

A tese da evolução não colide de modo nenhum com a fé. Desde que não vão além dos seus limites e se coloquem na respectiva perspectiva de leitura da realidade, ciência e religião dialogarão com proveito mútuo. Foi assim que o famoso jesuíta Teilhard de Chardin, paleontólogo de renome, pôde, apesar da incompreensão da Igreja oficial da altura, reler a sua fé cristã no quadro da evolução. E também Darwin não viu incompatibilidade entre a criação e a evolução. Termina assim A origem das espécies: "O resultado directo desta guerra da natureza que se traduz pela fome e pela morte é, pois, o facto mais admirável que podemos conceber, a saber, a produção dos animais superiores. Não há uma verdadeira grandeza neste modo de encarar a vida com os seus poderes diversos atribuída originariamente pelo Criador a um pequeno número de formas ou mesmo a uma só? Ora, uma quantidade infinita de belas e admiráveis formas, saídas de um começo tão simples, não cessou de se desenvolver e desenvolve-se ainda." E, em A origem do homem, reconhece que este, a partir de um certo grau de desenvolvimento, foi dotado da "nobre fé na existência de um Deus omnipotente", de um "Criador e Governador do Universo", cuja realidade foi "afirmada por algumas das mais altas inteligências que alguma vez existiram".


Há uma pergunta que o ser humano inevitavelmente põe e a que a ciência não pode responder, pois tem a ver com o fundamento e o sentido último da realidade: porque há algo e não nada? E, para ela, em última análise, só há duas respostas em alternativa.

1. Esse fundamento é a própria natureza na sua força criadora de seres que podem ter ideias de todas as coisas, inclusive da natureza, como escreve o filósofo M. Conche: não a "natureza oposta ao espírito ou à história ou à cultura, mas a natureza omni-englobante, a physis grega, que inclui o Homem nela. Essa é a Causa dos seres pensantes no seu efeito". Nesta linha, Edgar Morin, depois de reconhecer o nosso "duplo estatuto" - transportamos em nós a vida, a sua história e as suas tragédias, mas, por outro lado, desenvolvemos a originalidade da cultura, da linguagem e do pensamento que nos tornam estrangeiros, de tal modo que somos filhos e órfãos da natureza -, apresenta a metáfora do matemático Spencer Brown: para conhecer-se, o universo deveria estabelecer uma distância; portanto, "faria sair de si um braço no termo do qual instalaria conhecimento, consciência. Quando este braço o olhasse, o universo teria ganho e perdido. Porque este braço se tornou demasiado estranho para ser o universo tendo consciência de si mesmo". Somos ao mesmo tempo inseparáveis e separados do universo.

2. Sem colidir com a natureza em processo nem com a evolução, o crente religioso afirma Deus transcendente, pessoal e criador, como fundamento último da realidade, que é contingente. É evidente que o cientista, com o seu método científico, não o encontra, pois Deus, no mundo, é transcendente ao mundo e a criação não é o primeiro elo da cadeia da evolução, mas o nome desta em perspectiva metafísico-religiosa.

Qual é então o lugar do acaso e da necessidade? No quadro de leis totalmente rígidas, só poderíamos contar com a repetição, sem novidade; se houvesse só acaso, reinaria o caos, nenhuma forma ou organização poderia perdurar para atingir identidade e o universo não seria susceptível de indagação racional. Da interacção de ambos - lei e acaso - surge a possibilidade da emergência de modos novos de existência. Para os crentes, no jogo do acaso realizam-se potencialidades inscritas na criação pelo desígnio divino. Assim, se, como escreveu o bioquímico e teólogo A. Peacocke, da Universidade de Oxford, "Deus é o fundamento e a fonte última tanto da lei (necessidade) como do acaso", não é necessária uma intervenção especial divina para o aparecimento do Homem: Deus faz o mundo fazer-se e fazer o ser humano.

Anselmo Borges
 
In DN

Um pensamento útil para começar o dia

Ele tinha a força perante a qual os outros se dobravam: a calma

Romain  Rolland 

Nota: Este pensamento é hoje dirigido aos nossos políticos e a todos os que querem impor a sua razão aos berros.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

LIMPAR PORTUGAL: reunião, hoje, em Ílhavo





Hoje, 4 de Dezembro, às 22 horas, na Junta de Freguesia de São Salvador, em Ílhavo, vai realizar-se uma reunião, tendo em vista a constituição de um grupo de voluntários, interessados e empenhados em divulgar o projecto LIMPAR PORTUGAL.
A iniciativa visa também angariar parcerias, que implementam intervenções nas nossas comunidades.

Para conhecer melhor o projecto, visite http://www.limparportugal.org

AVEIRO: Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos


(Clique na imagem para ampliar)

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Teremos de ir mesmo pela estrada da tempestade e do medo?


Ban Ki-moon


A fuga ao fracasso?

1. Aproximam-se os dias da verdade sobre o que queremos (ou não queremos) em relação ao futuro da Humanidade. Já há muito que as questões ambientais deixaram de ser uma “moda” de modernidade ou tidas como algo de “esquisito” em relação à normalidade; aliás, para haver normalidade e futuro respirável cada cimeira ou encontro sobre as alterações climáticas vão sendo passos que se afirmam decisivos e inadiáveis. Decorrerá de 7 a 18 de Dezembro a Cimeira de Copenhaga, de onde se espera que saia o novo acordo global sobre as questões ambientais, vindo substituir o Protocolo de Quioto (1988). A pressão cresce em todos os quadrantes. Sublinha o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que seria «moralmente indesculpável» o fracasso da Cimeira que está a chegar. A-ver-vamos…!

2. É verdade puríssima que os índices de responsabilidade cresce à medida que a ciência e o conhecimento vão demonstrando a evidência dos factos; é «verdade inconveniente» (Al Gore, 2006) que não se poderá ver com olhar simplista um processo de mudança de comportamentos e atitudes, mas que urge mudar estabelecendo padrões de vida sustentável, o que se vai confirmando como a única tábua de salvação. As alterações climáticas, no dizer de Ban Ki-moon «são a questão dominante da geopolítica e economia mundiais do século XXI, uma questão que afecta a equação mundial do desenvolvimento, da paz e da prosperidade.» Diremos que se não vamos lá (por um humanismo saudável e) pela via “razão”, teremos de ir mesmo pela estrada da tempestade e do medo.

3. Desconcertante é a afirmação do “pai” dos alertas das alterações climáticas, James Hansen, quando ele diz em entrevista ao The Guardian que «é preferível que a Cimeira de Copenhaga falhe». Talvez Hansen diga isto para alarmar, sabendo como são as boas (mas estéreis) intenções; ele considera este ser «o desafio moral do século». Tem razão, ou não dê a própria sobrevivência (em causa) razões para repensar a vivência!

Alexandre Cruz

Copenhaga: Por um acordo global pós-2012




Entre 7 e 18 de Dezembro, os ministros do Ambiente vão reunir-se em Copenhaga para a conferência do clima das Nações Unidas. O objectivo é tentar alcançar um novo acordo que substitua o Protocolo de Quioto, que termina em 2012.
A cimeira vai ter lugar no maior centro de conferência da Dinamarca, o Bella Center e vai durar duas semanas. Esta é a última de uma série de reuniões, que tiveram a sua origem na Cimeira do Rio em 1992.
Os países em desenvolvimento, como a China e a Índia, defendem que países ricos como os Estados Unidos e o Reino Unido devem dar um "claro exemplo" na redução de emissões de gases como efeito de estufa. O próprio Bento XVI afirmou, este ano, que que os países industrializados devem cooperar "com responsabilidade pelo futuro do planeta e para que não sejam as populações mais pobres a pagar o preço maior pelas mudanças no clima".
Os Estados Unidos da América não ratificaram o Protocolo de Quioto, argumentando que a redução exigida (menos 5% de emissões) iria "arruinar a economia dos Estados Unidos", além de não exigir reduções aos países emergentes.
Já em Agosto, Bento XVI enviava uma mensagem de apoio à Cimeira de Copenhaga, afirmando ser fundamental que “a comunidade internacional e cada governo enviem os sinais certos aos seus cidadãos e consigam travar as formas prejudiciais de tratar o ambiente”.
"Os diversos fenómenos de degradação ambiental e as calamidades naturais, que a comunicação social regista várias vezes, lembram a urgência do respeito pela natureza, recuperando e valorizando na vida de cada dia uma relação correcta com o ambiente”, disse.
Na Dinamarca, os líderes mundiais têm a oportunidade de entrar na história, por ocasião da maior conferência sobre Alterações Climáticas desde Quioto. O dossier da Agência ECCLESIA apresenta, esta semana, um olhar especial sobre o futuro do planeta e a defesa do ambiente, antecipando a Cimeira.

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Ruas da Gafanha da Nazaré: Rua S. Francisco Xavier


Rua S. Francisco Xavier



O Apóstolo das Índias que todos recordamos


Na Gafanha da Nazaré não podia faltar uma rua dedicada a São Francisco Xavier, o Apóstolo das Índias, como desde criança ouvimos chamar-lhe. Parte do cruzamento das Caçoilas, como é conhecido, perto da igreja matriz, e leva-nos até à Gafanha da Encarnação, ligando as duas freguesias mais antigas da região das Gafanhas.
Ainda sou do tempo em que esta rua era de saibro, cheia de covas, sobretudo no Inverno, provocadas pela água, com a ajuda dos automóveis e camionetas, que sempre foram muitos, fruto do desenvolvimento demográfico, social e económico. Por ela, podemos seguir para as Gafanhas da Encarnação, Carmo, Boa Hora, continuando depois até Mira e outras povoações.
A estrada que liga as duas Gafanhas, da Encarnação e da Nazaré, foi construída, segundo o Padre Rezende, na década de 20 do século passado. Refere o primeiro prior da Gafanha da Encarnação que na sessão da Câmara de Ílhavo, de 21 de Julho de 1928, sob a presidência de Dinis Gomes, foi autorizado o pagamento da despesa com a construção dessa estrada. Mais pagamentos foram autorizados na sessão de 15 de Agosto de 1931, ficando assim “estabelecida a comunicação viária entre as duas freguesias”.
E posto isto, vamos ver um pouco quem foi São Francisco Xavier, um santo que ficou na memória de todos nós e dos indianos, que veneram o seu corpo, sendo actualmente patrono da Arquidiocese de Goa e Damão.
Nasceu no Castelo de Xavier, em Navarra, em 7 de Abril de 1506. Estudou em Paris e torna-se amigo de Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, a que adere.
A pedido do nosso Rei D. João III, que solicitara ao Papa autorização para enviar um grupo de jesuítas para missionar no Oriente, vem para Lisboa. Chega a Goa em 1542, mas em 1546 segue como missionário para as Molucas, Temate, ilha de Moro e Malaca.
Regressa a Goa entre 1547 e 1549, mas ainda vai para o Japão, onde assume hábitos e trajes japoneses, voltando definitivamente para a Índia em 1551. Finalmente, parte para a China no ano seguinte, mas, ao chegar à ilha de Sanchoão, adoece, acabando por morrer em Dezembro de 1552.

Fernando Martins

A Igreja Católica celebra hoje S. Francisco Xavier



O Apóstolo das Índias


Nasceu no castelo de Xavier, em Navarra (Espanha) no ano de 1506. Quando estudava em Paris, juntou-se ao grupo de S. Inácio. Foi ordenado sacerdote em Roma no ano de 1537 e dedicou se a obras de caridade. Em 1541 partiu para o Oriente. Evangelizou incansavelmente a Índia e o Japão durante dez anos, convertendo muitos à fé. Morreu em 1552 na ilha de Sanchoão, às portas da China.

Lançamento do livro "Intervenção da Igreja na sociedade portuguesa contemporânea"



(Clicar para ampliar)

Dia Mundial dos deficientes: 3 de Dezembro



TODOS DIFERENTES, TODOS IGUAIS

Um dia, ao fazer uma visita ao interior de um Hospital Psiquiátrico, o seu Director depara com esta cena bizarra: um doente, ali internado, transportava um carrinho de mão, de pernas para o ar. Interpelado sobre as razões da sua atitude, respondeu, prontamente: - É que... se eu o voltar ao contrário, carregam-no com tijolos.
A interpretação do facto ficará a cargo de cada um, não me competindo a mim, entrar em divagações.
Vem isto a propósito de muitos cidadãos com quem nos cruzamos no nosso dia-a-dia, por qualquer particularidade no seu comportamento, serem rotulados de “anormais”, com toda a displicência e arrogância. Não encontrei, ainda, a bitola para classificar as pessoas, medindo-lhes as capacidades intelectuais e outras, o que talvez permitisse estabelecer claramente a barreira entre a normalidade e a insanidade mental. Quando ouço os peritos na matéria, fico cada vez mais perplexa, pois em vez de me ajudarem a “rotular” as pessoas, fico com a sensação que a loucura anda por aí a espreitar em pessoas que se intitulam de muito sãs!
As entidades oficiais adoptaram a política de inclusão dos cidadãos deficientes, no meio da grande massa dos alunos ditos normais, numa perspectiva de desenvolvimento, da aceitação do outro e da tolerância.
Se aprofundarmos bem esta questão, veremos que anda por aí muita gente com “pancas” bem declaradas, sob a capa de respeitáveis cidadãos. Chamar anormal a uma pessoa comum, apenas porque não se rege pelos parâmetros da maioria iluminada, é algo de muito perigoso e até arriscado. Chovem de cima os exemplos de anormalidade, em todos os campos de acção, sendo o político aquele donde são recrutados os maiores exemplares.
Se a imoralidade, o despudor, a par com a violação dos valores e princípios que deveriam nortear a vivência em sociedade, grassam em campo aberto, quem sou eu para olhar o meu próximo com olhos discriminadores?
Prefiro quedar-me com a frase feita: Todos diferentes, todos iguais.

M.ª Donzília Almeida

03.12.09

Efeméride: Capela de Nossa Senhora dos Navegantes


1862

Neste dia, em 1862, iniciou-se a construção da capela de Nossa Senhora dos Navegantes, junto ao Forte da Barra de Aveiro. Ainda hoje ao culto, carateriza-se pela sua arquitectura acastelada e muito simples, ao jeito do Forte que lhe fica quase em frente. Torna-se mais badalada por alturas dos festejos em honra da padroeira, venerada pelos pescadores e marinheiros. É o mais antigo templo das Gafanhas, permanecendo de pé e ao serviço da comunidade. 

Poesia para começar o dia




HOSSANA!

Junquem de flores o chão do velho mundo:
Vem o futuro aí!
Desejado por todos os poetas
E profetas
Da vida,
Deixou a sua ermida
E meteu-se a caminho.
Ninguém o viu ainda, mas é belo.
É o futuro...
Ponham pois rosmaninho
Em cada rua,
Em cada porta,
Em cada muro,
E tenham confiança nos milagres
Desse Messias que renova o tempo.
O passado passou.
O presente agoniza.
Cubram de flores a única verdade
Que se eterniza!

Miguel Torga

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Gustavo Dudamel é hoje sinal do poder que a música pode ter


Gustavo Dudamel

O fenómeno Dudamel

1. Não é nenhum jogador de futebol genial, mas vive a música como se de um jogo admirável se tratasse. Vale a pena parar diante deste maestro venezuelano de 28 anos apenas que tem o mundo a seus pés. Gustavo Dudamel é hoje sinal do poder que a música pode ter no que se refere às virtualidades de transformação social que a arte transporta. Criador do que ele chama o «sistema» musical na Venezuela, viu que para as crianças dos bairros mais pobres o carregar do violino e clarinete, o estar em ensaios de saber ouvir em grupo, o acolher a inteligência emocional da melodia, tudo isto poderia ser um pólo de motivação sem precedentes para a própria vida diária, em ordem à implementação da confiança no futuro. O nome de «Dudamel» já é uma poderosa imagem de marca que se vai estendendo por muitos países do mundo inteiro...

2. Tendo Dudamel neste 2 de Novembro estado em Portugal, na Fundação Gulbenkian para dirigir a Orquestra Juvenil Ibero-Americana, o maestro vive os seus dias entre a visibilidade mediática de Los Angeles, o “retiro” de Gotemburgo e a sua casa natal da Venezuela, que nunca abandonará. No mundo musical todos os querem pela sua energia única; aclamações são imensas: de personalidades que dizem que casos como Dudamel «surgem em cada cem anos», até ao próprio génio maestro Daniel Barenboim para quem «Gustavo tem um talento sem limites». A sua chegada em Setembro último para dirigir a prestigiada orquestra de Los Angeles marca o ponto sem retorno que deixará na história da música gravado o nome Dudamel.

3. À nossa cultura musical, ao potencial que a música poderia ser para aprender matemática, ao lugar dado às personalidades com capacidade de influência nas opções pela música no mundo da escola formal ou informal, a todos os têm capacidade de se deixarem sensibilizar com a arte, a poética e a música... faz bem conhecer histórias de vida em «Sol +» como Dudamel, não só pelo génio pessoal, mas pela capacidade (trans)formadora social.

Pobreza preocupa mais os portugueses do que as alterações climáticas

Pobreza, falta de alimentos e de água potável são os principais problemas da actualidade, na opinião dos portugueses, que relegam as alterações climáticas para sexto lugar, depois dos conflitos armados, segundo uma sondagem hoje divulgada em Bruxelas.


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Câmara de Ílhavo aprova Férias Divertidas Natal 2009



Para a formação de crianças e jovens

 
Na sequência de boas experiências anteriores de ocupação dos tempos livres dos jovens, através da realização de actividades de carácter pedagógico, desportivo e lúdico, a Câmara de Ílhavo aprovou a realização do Programa Municipal Férias Divertidas Natal 2009. Trata-se de uma mais-valia para a formação integral dos jovens do nosso município.
Esta acção destina-se a crianças e jovens com idades compreendidas entre os seis e os 15 anos e tem por base a generalização da prática desportiva, factor essencial de melhoria da qualidade de vida e fundamental na formação pessoal, social e desportiva dos participantes.
As inscrições, limitadas ao número de vagas, serão aceites nas Piscinas Municipais de Ílhavo e da Gafanha da Nazaré até uma semana antes do início do Programa.

O Tratado de Lisboa prevê um diálogo aberto entre as Igrejas e a União Europeia




Menino à janela


Não é iniciativa oficial da Igreja nem de Espanha nem de Portugal. A ideia surgiu entre nós no Facebook. E propõe uma operação simples: colocar na janela ou na varanda um pequeno estandarte vermelho com a imagem do Menino Jesus. Apenas isso, na época do Natal. Para dar visibilidade ao Menino de Belém que anda substituído por tantos símbolos que nada são e nada dizem a não ser que há abundância de quinquilharias à venda em esquina próxima.

Não é de agora esta mistura do Natal com o comércio. Até se pode compreender, como se entende a proximidade de lojas junto dos santuários e que isso constitua uma oportunidade de as pessoas terem as suas lembranças e de quem vive do comércio possa recompor-se de eras difíceis como a que atravessamos.

Mas parece que de há uns anos a esta parte o problema tem outros contornos: algum silenciamento programático, ideológico, do religioso no espaço público. Empurrando-o exclusivamente para o privado e o individual, riscando-o mesmo da história. Os suíços acabam de referendar a proibição de construir no território minaretes (torres de mesquitas). Os crucifixos receberam ordem de expulsão dos lugares públicos, foi chumbada, no início, a referência ao cristianismo na “Constituição Europeia”.

Deve afirmar-se, para bem da fé e da sociedade, o Estado laico, o respeito pelas diferentes Confissões religiosas, os direitos das crenças minoritárias, a total ausência de proselitismo ou de intromissão religiosa na consciência das pessoas. Bem como uma informação aberta sobre os diversos credos, com um total respeito pela liberdade de cada um. Mas à sombra desse legítimo cuidado não se pode riscar da história o património dum povo, a afirmação de grandes valores assentes na natureza e nas aquisições históricas e religiosas - sem se negar a evolução, a inovação, os desafios novos do presente e do futuro.

É aqui que se situa a nobreza dum povo como o nosso que não destrói os Jeró-nimos para realçar a Torre de Belém, nem retira dos seus museus preciosidades de arte religiosa que são uma riqueza profunda de espiritualidade.
É este todo que precisa ser entendido para que o nosso futuro não seja cons-truído sobre um acrílico parecido com cristal. O Natal entra neste património espiritual.

E uma vez que se esconde o nascimento de Jesus como facto central da história – da nossa história – pois que venha para a janela um estandarte que na sua humildade recorda a forma como, a contra corrente nasceu em Belém há 2000 anos, o Messias, o Filho de Deus, o Redentor, Aquele, sem o qual não entendemos a nossa história.

Na entrada em vigor do Tratado de Lisboa, não podemos deixar de saudar o seu capítulo XVII que “reconhece o contributo específico das Igrejas na integração europeia, bem como o contributo vital que prestam à vida social e cultural dos diferentes Estados membros”. E prevê um diálogo “aberto, transparente e regular entre as Igrejas e a União Europeia”.

António Rego

Os caminhos da educação não são os caminhos mais certos nos tempos de egoísmo que correm




Escola para a vida e contacto com a realidade



“Recordo-me que meu pai nos levava nos fins-de-semana, a mim e aos meus irmãos, todos ainda muito novos, a visitar as zonas mais “agradáveis” de Lisboa, como era o caso do famoso caneiro de Alcântara com as suas furnas (ou grutas naturais) habitadas, em regra, por pessoas marginalizadas pela sociedade; aproveitava essas ocasiões para nos falar das famílias e das crianças pobres e com fome, das desigualdades, das injustiças, da caridade, etc”.

Assim conta João Moura, reconhecido economista e cristão comprometido, na Nota Prévia do seu livro “Doutrina Social da Igreja vista e vivida por um leigo”, publicado já este ano de 2009, de leitura obrigatória e de estudo cuidado, para acordar para sectores de vida de onde a luz de uma fé activa não pode estar ausente, não faltando ensinamento lúcido e actual para que assim aconteça. Limito-me, por agora, a recomendar o livro, sem outros comentários a propósito, que poderão ser feitos a seu tempo.

O que no momento me apraz salientar é o facto de a família ser a mais importante escola destinada a formar os filhos, desde crianças, para uma vida aberta à realidade, onde o compromisso com a justiça, a solidariedade, a prática da verdade e do amor, não são meras palavras. São gestos responsáveis e esclarecidos de cidadania activa e atitudes consequentes de assumida fraternidade, tornados hábitos libertadores, fruto da prática constante de bem fazer. Gestos que moldam o coração à solidariedade efectiva, por se ter aprendido, desde pequeno, a ver nos outros pessoas e irmãos, e sentir-se devedor para com eles, quando tocados por necessidades e dores que a sociedade gera.

É preocupante verificar como muitos pais deseducam os seus filhos, cedendo às suas exigentes impertinências, não contrariando as suas tendências egoístas, substituindo-os no esforço normal que a vida lhes vai pedindo, enfrentando, orgulhosamente, outros educadores, como os professores, se nos seus métodos cabe qualquer exigência que contraria meninos mimados.

Alguém escreveu que está a acabar-se a geração dos filhos que obedeceram aos pais, e se instala, a passos largos, a geração dos pais que obedecem aos filhos.

Educar não é contrariar por sistema, mas, também, não é ceder sem mais. O desenvolver das capacidades inatas faz-se no confronto com os desafios da vida e com o desenvolver do esforço que lhes dá resposta. Esta processo não se faz sem sacrificar gostos, sem obedecer a normas, sem experimentar o sabor dos êxitos e apelos para ir mais longe, sempre e mesmo quando surgem os fracassos normais, numa caminhada realista de aprendizagem da vida.

Não quero dizer que não se aprende nada visitando a “disneylandia”, mas que também se aprende e, por vezes, muito e de maneira marcante, vendo, com a explicação apropriada de um pai atento, as tocas onde se abrigam os marginalizados e onde os “feridos da vida” sofrem a fome e o abandono que os vão tornando excluídos sociais. A primeira aprendizagem pode dar para contar aos amigos menos afortunados, gerando, talvez, invejas de crianças. A segunda dará para dar conta de realidades que a sociedade esconde e que um pai educador não teme mostrar e explicar, na esperança de criar filhos capazes de dar o seu contributo a favor de um mundo mais justo, fraterno e solidário.

Os caminhos da educação que só premeiam êxitos escolares, por vezes discutíveis, ou ministram ensinamentos, porventura úteis para algumas coisas, mas não determinantes para dar à sociedade um rosto mais humano, não são os caminhos mais certos nos tempos de egoísmo que correm. Darão brilho às estatísticas, mas tiram fulgor à inteligência, à vontade e aos afectos que moldam o coração.

António Marcelino

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O FIO DO TEMPO: O nome do Povo é sociedade civil




1640 e a actualidade

1. Existem datas históricas que, por motivos vários (mas normalmente pela heróica capacidade superadora das limitações), fazem parte da memória viva das comunidades nacionais e/ou mesmo da própria comunidade internacional. Na história de Portugal o acontecimento da Restauração da Independência (1 de Dezembro de 1640) escreve uma página em que pelos relatos da época a heroicidade saiu vencedora da própria lógica racional pessimista, pois onde é que de um país já na altura tão “pequeno” poderia haver tanta força para superar as vizinhas armadas; quer a espanhola, quer a “armada” paralisante da pessimista visão lusitana que por esse tempo começou astronomicamente a crescer arrastando consigo os séculos seguintes.

2. Mesmo sem os providencialismos mitológicos que poderiam conduzir a outras reflexões, a verdade é que, após o desvio do planeamento estratégico que está na matriz dos portugueses – o «globalismo» – para as “areias marroquinas” que liquidaram D. Sebastião (1578) em Alcácer Quibir e abriram a Batalha da Sucessão, da crise reinante pelos tempos de 1640 as gentes do povo português souberam construir terreno fértil e tirar partido das conjunturas para ser possível a Restauração de «1 de Dezembro de 1640». Sublinham os estudiosos dessa conturbada época que: 1º, a nobreza portuguesa no geral e por razões de comodidade, estava orientada para o reinado ibérico (da fusão Portugal – Espanha); 2º, um homem providencial (Pe António Vieira) conseguiu alimentar a alma das forças vitais diante da frágil independência, esta que só se deu por formalizada após 28 anos (1668).

3. Há dias, ao ouvir o Prós-e-Contras sobre a crise das finanças nacionais, as suas questões estruturais que se arrastam, veio à memória esta história que nos precede em acontecimentos “gloriosos”, mas que nos persegue numa limitação de implementação histórica de tantas excelentes ideias (irrealizáveis). Um novo realismo social poderá salvar-nos? O nome do Povo é sociedade civil.

Alexandre Cruz

Uma curiosidade para este feriado nacional: Cartas de Soror Mariana



Veio-me hoje à mão, na minha biblioteca, uma edição de "Cartas de Soror Mariana", de 1941, em francês, com "Tentativa de texto português por Afonso Lopes Vieira". Foi-me oferecida há meses por um amigo, coleccionador de primeiras edições e de outras edições raras, trabalho que desenvolve, presentemente  em tempo de aposentado, com gosto e brio. Gostei de ver a paixão com que o meu amigo lida com a sua colecção.
Não colecciono livros, mas não posso deixar de apreciar os bibliófilos. Não colecciono, mas vou comprando o que me dá gozo, em princípio, ao sabor da bolsa. No entanto, quando encontro nas minhas estantes um livro mais antigo, sinto um fascínio especial, sobretudo agora que ando a ler "A Obsessão do Fogo",  obra que tem por tema dominante o livro através dos tempos, onde se revelam curiosidades preciosas.
Aqui fica esta edição antiga de "Cartas de Soror Mariana". Mas ainda tenho outras que de vez em quando hei-de mostrar aos meus amigos.

FM

Um sonho: Nobel para economista português



Não passamos do blá blá blá


Ontem à noite ouvi economistas portugueses no Prós e Contras da Fátima Campos Ferreira, na RTP. Não vou aqui escalpelizar o que eles disseram, para não cair em lugares comuns de quem sabe muitíssimo pouco da macroeconomia. Nem da microeconomia sei, afinal. Mas como cidadão, acho que posso sonhar. E então sonho que um dia o Nobel da Economia tem de ser atribuído a um português, pela sua extraordinária contribuição para colocar Portugal, como vencedor de crises, no cume dos países que se posicionam no grupo dos que souberam encontrar caminhos de progresso, onde todos os portugueses têm trabalho e pão.
Ouvindo os economistas, sente-se que cada um tem resposta pronta para todos os nossos problemas, soluções simples para vencer défices, receitas mágicas para tirar o nosso País do atraso endémico em que vegeta há tantos anos. Falam com convicção, como quem tem na manga a receita curativa para os males económicos e outros que nos afligem.
Se eu fosse primeiro-ministro, chamava-os a todos para, em reunião magna, ditarem o caminho certo aos nossos políticos. É que, enquanto não fizerem isto, não passamos do blá blá blá. E quem sofre é o povo.

FM

Para começar o dia, com Maria





Rezar com Maria em tempo de Advento

O que te peço, Senhor, é a graça de ser.
Não te peço mapas, peço-te caminhos.
O gosto dos caminhos recomeçados,
com suas surpresas, suas mudanças, sua beleza.
Não te peço coisas para segurar,
mas que as minhas mãos vazias
se entusiasmem na construção da vida.
Não te peço que pares o tempo na minha imagem predilecta,
mas que ensines meus olhos a encarar cada tempo
como uma nova oportunidade.
Afasta de mim as palavras
que servem apenas para evocar cansaços, desânimos, distâncias.
Que eu não pense saber já tudo acerca mim e dos outros.
Mesmo quando eu não posso ou quando não tenho,
sei que posso ser, ser simplesmente.
É isso que te peço, Senhor:
a graça de ser de nova.


José Tolentino Mendonça

Ilustração de Rui Aleixo

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Efeméride Nacional: 1 de Dezembro de 1640


Aclamação de D. João IV

A minha geração continuará
a lembrar feriados de que nos orgulhamos

Hoje, 1 de Dezembro, é celebrada a restauração da independência de Portugal. Depois do domínio filipino, durante 60 anos, um grupo de portugueses, movido por um patriotismo inabalável, resolveu escorraçar traidores e entregar a coroa a um português de lei, o então D. João, da Casa de Bragança. Veio a ser o nosso D. João IV, o Restaurador, a cuja descendência pertence o actual Duque de Bragança, D. Duarte Pio João.
Penso que este feriado nacional, como tantos outros, localizado na nossa história e com um significado muito grande, caiu no esquecimento. Decerto por culpa de todos, mas sobretudo de muitas Escolas, instituições oficiais e privadas, famílias e comunicação social, que relegam para segundo plano datas importantes da nossa identidade, matriz de um povo que soube construir uma Pátria respeitada no mundo, por feitos gloriosos.
Não me espanta, pois, a ignorância que grassa por aí, com os portugueses sem tempo nem apetites para se preocuparem com o nosso passado. E daí, as razões para num dia qualquer se acabar de vez com certos feriados, substituindo-os por outros. Estarei a ser pessimista?
De qualquer forma, a minha geração, que cultivou, pelo que sei e sinto, o amor à História Pátria, continuará a lembrar feriados de que nos orgulhamos. Como este.

FM
 

Lançamento do livro "Intervenção da Igreja na sociedade portuguesa contemporânea"


(clicar na imagem para ampliar)


Sobre este livro, ler aqui

Crónica de um Professor



Nome próprio

Com uma caterva de nomes pela frente, duma assentada, é um desafio para a memória, já fustigada pelas intempéries da vida e pelo desgaste natural da idade. Aflora à memória, selectiva agora, aquela frase que traduz tão bem a ideia – Viver todos os dias... cansa!
É o que acontece a qualquer professor, no início de mais um ano lectivo, quando lhe são atribuídas as turmas que compõem o seu horário. Tantos alunos diferentes com nomes tão variados, alguns copiados das mais diversas fontes, alguns, das telenovelas que correm, na altura do seu nascimento. Permeáveis às influências que vêm de fora, aparece uma panóplia de nomes que dariam para um estudo muito interessante.
A juntar a tudo isto, aparecem nomes estrangeiros de origem anglo-saxónica, kevin, Cindy, Nicholas, que até dão uma nota de realismo e multiculturalidade, às aulas de Língua Estrangeira.
Tudo isto convém ser memorizado pelos professores, se não querem imitar os seus colegas do século passado que, tanto nas Escolas, como noutras instituições públicas, tratavam as pessoas por números! Já lá vai esse tempo da redução das pessoas à condição de dígitos!
E, se o nome duma pessoa, é a palavra mais doce para os seus ouvidos, em qualquer idioma, como defendia Dale Carnegie, há mesmo a obrigação de ser tratada assim. Mais dizia o referido americano, patrono das Relações Humanas que todos deveríamos tratar as pessoas pelo nome, sempre que cumprimentamos alguém, ou nos dirigimos a essa pessoa por qualquer motivo É uma forma de cativar e estreitar laços que podem tornar-se muito favoráveis no relacionamento humano. Ainda recordo a forma bizzarra como se faziam entender as pessoas, noutros tempos, em que se queria interpelar alguém cujo nome se desconhecia. - Olha, tu que fumas! Claro que não se estava a nomear um fumador, nem havia nessa altura a discriminação dos fumadores, nem a sua e erradicação para lugares restritos.
Foi numa das suas rondas pelas coxias da sala, que a teacher admoestou aquele aluno e o chamou à realidade do que se passava na aula.
Não, não me chamo João! Ripostou categoricamente o RV, cioso do seu direito ao nome próprio. Para esta gente que ainda não gastou o seu nome, nas liças da vida, é uma afronta trocarem-lho! Sem ter qualquer fixação pelo nome João, apenas tem para a teacher, o valor de um nome verdadeiramente português, a par de José, António, Manuel,etc. Daí a invocação frequente do João da Esquina!
Foi difícil para a mestra levar a sério aquela reprimenda, pois a carinha laroca, redondinha como a lua cheia, num palminho de corpo que pareceu arrebatado ao recreio de um jardim-escola, não intimidava!
É uma reacção frequente, em meio escolar de gente miúda, quando o professor, no meio de tantas caras novas, lhes troca a identidade.
São pequeninos, mas muito senhores do seu nariz, ou seja do nome de baptismo pelo qual são reconhecidos no mundo dos adultos.
E... atesta Dale Carnegie, o nosso nome é música para os nossos ouvidos...especialmente quando proferido por alguém... que nos é muito querido!

M.ª Donzília Almeida

09.11.11