quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Jornalismo?!



Há uns anos a esta parte, ao ler certas notícias, apetece perguntar: onde está o Jornalismo feito com rigor e independência, que muitos de nós aprendemos, não só a escrever, mas também a ler e a ver o mundo de outra forma, para além das notícias da rádio ou dos familiares emigrantes?
Mas hoje indignei-me e por isso aqui estou, neste espaço de Liberdade, a desabafar sobre algo que devia encher de vergonha não só quem escreveu mas também quem deixou que se escrevesse:
Às 13.30 horas, nas notícias do Sapo, como título, podia ler-se: “Tropas finalmente reunidas para o ataque à Bósnia.” Em seguida, fazia-se "enter" e vinha o corpo da noticia: A selecção nacional treinou esta manhã...
Senhores jornalistas, estamos a ficar loucos ou é impressão minha?!

Carlos Duarte

O Fio do Tempo: Quem alimenta a digna e necessária promoção valorativa da família?




O inverno demográfico

1. É recente a confirmação de que a «população portuguesa é a que envelhece mais depressa na União Europeia». A notícia alarma e subscreve as teorias de que a Europa caminha para um grande inverno demográfico em que, afinal – em termos comparativos –, já se encontra. O relatório conclusivo desta matéria foi apresentado nesta semana no Parlamento Europeu, em Bruxelas, pelo Instituto de Política Familiar. São muitos os dados a pensar e repensar, um deles é o facto de Portugal ser apresentado como o país que oferece menos assistência às famílias. É certo que todas as crises podem justificar o não apoio como seria o ideal (poder-se-á dizer); também pode ser questionável que o estado como referência social geral não deverá determinar naquilo que é de foro privado como a família (pode-se acrescentar); mas…

2. Por «assistência às famílias» entender-se-á uma noção de família e uma visão daquilo que poderão ser as conjugações de valores a apostas – no respeito pela plena liberdade pessoal e familiar – que vão no sentido de estímulo até em termos da imagem social da família… O relatório apresentado pelo referido Instituto descreve que a Europa está «imersa num nunca visto Inverno Demográfico» ao recordar tanto o défice anual de nascimentos como o aumento dos abortos e a «explosão» dos divórcios. No caso das tendências se confirmarem, em 2050 a população europeia perderá 27,3 milhões de pessoas, sendo a Alemanha a mais afectada; uma em cada três crianças nasce fora do casamento, em especial na França e Reino Unido; há mais de um milhão de divórcios, o que «equivale a um colapso de casamento a cada 30 segundos.»

3. Passemos aos finalmentes: se a sociologia nos apresenta as representações, as psicologias os estudos tipológicos, as políticas a linha de rumo social geral… afinal, quem efectivamente propõe horizontes valorativos de apostas que respondam ao observado «inverno demográfico»? Quem alimenta a digna e necessária promoção valorativa da família?

Reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja




IGREJA,
uma preocupação ou um gesto de esperança?



É hoje frequente depararmos, em jornais e revistas, e até em grupos ou encontros mais alargados, com reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja, normalmente a partir de pessoas que conhecem a sua missão e se interrogam sobre a sua forma de estar e de agir numa sociedade que parece ter perdido o norte.
De algum modo, não se trata tanto de reflectir sobre a natureza da Igreja, bem explicitada no Vaticano II, mas antes do diálogo indispensável que ela deve ter com o mundo actual, espaço do Reino, e dada a missão humanizadora da mensagem cristã.
A Igreja está consciente da secularização da sociedade, para ela um desafio e uma oportunidade, dado que se trata de uma aquisição legítima, a da conquista da autonomia das realidades profanas, em relação à premência histórica do poder religioso.
É verdade que ainda há gente no seio da comunidade cristã, que continua a olhar o mundo de soslaio, saudosa dos anátemas de tempos idos, sobretudo quando se vê perante o negativismo de certas medidas sociais e o alastrar de um laicismo corrosivo e destruidor. Porém, o caminho não será mais o das condenações, mas sim o diálogo construtivo, que pode passar, se for caso, por formas de denúncias fundamentadas.
A Igreja não é nem pode ser estranha a medidas políticas e económicas que não respeitam a pessoa humana e a sua dignidade natural e passam ao lado das exigências éticas e morais. Aqui se põe à Igreja o problema de como andar, ao mesmo tempo, o caminho do anúncio e da proposta, do diálogo e da denúncia, da defesa e da interpelação, do respeito e da frontalidade. Certamente que não é o de se intimidar ou de se refugiar no templo. Mas, também não é, por certo, o da arrogância histórica ou da pretensão de usufruir só ela a posse total da razão e do saber.
O Povo de Deus não é a hierarquia. Mas sem a hierarquia, poder sagrado traduzido em serviço humilde e disponível a todos os membros do Povo de Deus, também não haverá Igreja que se possa reclamar de mãe e mestra, de serva e pobre, de fermento social, vivo e activo. A Igreja tem assim de se esforçar por não ser, dentro de si mesma e com os de fora, que hoje são muitos, um espaço de concorrência, de lutas e incompatibilidades, quaisquer que sejam as razões. Antes, se deve assumir-se aquilo que é, ou seja, um “oásis de liberdade”, aquela liberdade com a qual todo o homem foi liberto por Cristo.
Radica aqui a exigência do respeito mútuo, do reconhecimento e promoção dos dons de cada um, da libertação de preconceitos, da abertura às iniciativas que não partiram dela, mas são a favor da verdade e da justiça, da capacidade de colaborar com os que outrora foram vistos com indiferença, ou mesmo tidos por inimigos.
Um coração lavado como o de João XXIII, um humanismo evangélico sadio como de Paulo VI, um sorriso rápido, mas significativo e marcante, como o de João Paulo I, um zelo corajoso e sem fronteiras como o de João Paulo II, uma clarividência espantosa ante a história e o mundo da cultura como a de Bento XVI, são caminho aberto à Igreja, com presente e com futuro.
A renovação da Igreja, como instituição religiosa e a dos seus membros, não tem sido global e harmónica. Há sempre um peso que a liga ao passado e uma diversidade de oportunidades que não favorecem uma renovação imediata, nem uma conversão fácil da mentalidade, individual e colectiva. Torna-se necessário saber o que se é e se quer e orientar a caminhada, ainda que a passo e passo, sempre e em tudo nesse sentido.
As críticas à Igreja, por parte da sociedade, denunciam o valor que se lhe reconhece e o que dela se espera. A Igreja tem de saber conviver, positivamente, com as preocupações e com os gestos de esperança. Fazem parte da sua vida e da sua missão no mundo, o espaço necessário para que ela exprime a sua vida e deixe o rasto de Cristo na história.

António Marcelino

Efeméride para não esquecer: Massacre de Santa Cruz, em Timor



12 de Novembro de 1991

Todos nós, portugueses, bem como os povos civilizados do mundo, ficámos chocados com as notícias e imagens que nos chegaram de Timor, no dia 12 de Novembro de 1991. As tropas indonésias, de braço dado com alguns cúmplices timorenses, dispararam contra a população que se refugiou no cemitério de Santa Cruz, em Dili. Ainda hoje retenho na retina o sofrimento de um povo que reza em Português, e que lutou, heroicamente, pela sua independência. E foi esse massacre, exibido nas televisões, que convenceu o mundo democrático da justeza das reivindicações daquele povo. Aqui fica o registo para que não caia no esquecimento..

Uma boa pergunta para começar o dia: Para que serve a Bíblia? Para que serve o Livro?



Boa pergunta de Francisco José Viegas
e a sua resposta:

"Para ler. Para que a sabedoria e o conforto se encontrem algum dia, independentemente das nossas crenças, da nossa fé ou da nossa ausência de fé. Esta Bíblia [Edição Temas e Debates / Círculo de Leitores / Sociedade Bíblica] não é apenas o resultado de um esforço ecuménico num mundo em que as religiões  têm servido mais para desunir do que para unir. É uma iluminação milagrosa. Nós, os leitores da Bíblia, somos os servos da dúvida. Os servos voluntários da dúvida e da beleza. Porque servem a palavra que sobreviveu."

In revista Ler

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Verão de S. Martinho


Não há sempre o Verão de S. Martinho?

Poesia, castanhas e vinho, mais alegria, encheram o primeiro convívio da Universidade Sénior (US) da Fundação Prior Sardo, esta tarde, para celebrar S. Martinho, o santo que os portugueses continuam a recordar. A lenda que a sua generosidade consagrou, de partilha e de entrega à causa dos pobres e perseguidos, recriada desde o séc. IV, ali esteve representada na partilha das castanhas, do vinho e da boa disposição.
Directora, funcionários, alunos e animadores de grupos da US deram corpo a este encontro, onde não faltou a componente cultural, que servirá de modelo, pelo empenho de todos, a próximas actividades. Foi desejado e aplaudido pelos participantes, conforme me testemunharam.
Jorge Neves disse poesia de José Régio e António Boto, com a arte que se lhe conhece. A história do vinho, com tudo o que ela tem de poético, bem caldeada com a mitologia greco-romana, foi momento muito agradável, a abrir o Dia de S. Martinho. Música a seguir, em jeito de ensaio, a que todos aderiram, cantando como quem gosta de andar afinado na vida.
Fogueira acesa no espaço circundante do edifício-sede da Fundação, no lugar de Remelha, e as castanhas assadas ocuparam o lugar de honra. À volta da mesa sentiu-se o calor humano que S. Martinho nos deixou como exemplo, quando partilhou a capa com um pobre.
Tempo agradável, sem chuva nem vento nem frio. Não há sempre, segundo reza a lenda, o Verão de S. Martinho?

FM

 

Há um Evangelho da Beleza que só a Beleza pode anunciar


Capela Sistina

A Igreja ao encontro dos Artistas

No próximo dia 21 de Novembro, no extraordinário cenário da Capela Sistina, o Papa Bento XVI vai encontrar-se com uma ampla embaixada do mundo artístico. Já confirmaram a sua presença alguns dos protagonistas fundamentais da criação contemporânea, nos seus diversos âmbitos: das Artes Visuais (Anish Kapoor e Bill Viola), da Arquitectura (Mario Botta, Calatrava, Gregotti, Zah Hadid), da Literatura (Piero Citati, Franco Loi, Claudio Magris), da Música (Arvo Part, Ennio Morricone), do Cinema (Peter Greenaway, Philip Groning, Nanni Moretti, Sokurov, Zeffirelli)… Este encontro, que vem sendo descrito como ocasião histórica, pretende assinalar dois aniversários: os 10 anos passados da Carta que João Paulo II endereçou aos Artistas e os 45 anos do encontro que em 1964, também na Capela Sistina, o Papa Paulo VI manteve com grandes figuras deste campo para, como ele dizia, «restabelecer uma aliança nova entre a inspiração divina da fé e a inspiração criadora da Arte».

José Tolentino Mendonça

Nota: Clique no título para ler todo o texto

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Dia de São Martinho, com castanhas e vinho



Hoje celebra-se o São Martinho. Segundo a tradição, com castanhas e vinho. Com alegria, onde o calor da fogueira assa as castanhas, que nos aquecem o corpo. O vinho ajuda à festa, destruindo barreira e ajudando a elevar o calor humano, de que todos precisamos. Mais do que outros calores quaisquer. A lenda de São Martinho, que é um santo da Igreja Católica, fala-nos precisamente desse calor humano, que nos convida a olhar para os outros, sobretudo para os mais carentes de afecto e de pão. A caridade e a solidariedade vêm daí. E o seu exemplo, que perdura desde o séc. IV, não pode ser menosprezado. Por isso, o povo não esquece este santo que nos propõe a partilha. E a festa,  com castanhas e vinho, ou mesmo sem eles,  vai continuar.

Professores. Uma espécie de acordo logo na primeira reunião

"Ministra concordou em mudar as regras até Dezembro. É tudo o que os sindicatos queriam ouvir." Garantia do jornal i.  Até que enfim, vai haver diálogo entre Ministério da Educação e os Sindicatos dos Professores. Pergunta-se: Por que razão o Governo não fez isto há mais tempo? Os nossos políticos não percebem que sem diálogo se cai na guerra? E que em guerra nada de positivo se constrói?  

Um poema para começar o dia




A luz nos guie do teu rosto


A luz nos guie do teu rosto. Apenas
ela nos seja, mesmo à noite, dia.
E a abundância de dias enriqueça
esta velhice desprendida,
de forma a os frutos lúcidos da terra
dispensarem maior sabedoria.
E reunirem. Serem porta aberta
que a chegada dos outros endominga.
Como o domingo se endominga à mesa
com os frutos polícromos do dia.
E sobre todos esses frutos se erga
o teu rosto de luz, mesmo que o enigma
da sua claridade ainda só seja
a que há-de vir. E já desponta. E vinga
como o esplendor, depois da noite hesterna,
que recupera terra mais antiga.

Fernando Echevarría (n. 1929)

Uma riqueza dos nossos patrícios açorianos


Vacas leiteiras na pastagem


 Pastos verdinhos dão bom leite

Quem aprecia bom queijo, como eu, não pode deixar de saborear, com a frequência possível, o que nos vem dos Açores. Tenho tido a oportunidade, graças ao meu filho João, de degustar os mais diversos queijos de outras tantas ilhas, qual deles o melhor. Pois o João enviou-me hoje esta foto, onde não podiam faltar as vacas leiteiras da Terceira. Numa pastagem, bem demarcada,  o verde, fruto das chuvas frequentes, está na origem do excelente ouro branco que dá apreciados queijos. Aqui, ao que julgo, o leite não vem tanto das rações, mas da erva fresquinha. É, sem dúvida, uma grande riqueza dos nossos patrícios açorianos.

Maria Filomena Mónica: Andam a brincar connosco



Precisamos de políticos sem peias

Maria Filomena Mónica, em entrevista na SIC Notícia, disse esta noite a Mário Crespo, a dado passo, a propósito da discussão do casamento de homossexuais, que ocupa os nossos políticos e parlamentares, que andam a brincar connosco. Para Filomena Mónica, que não alinha muito em casamentos, as pessoas que se casem se quiserem e como quiserem, porque isso não a preocupa. Mas não acha graça que os nossos políticos andem tão empenhados com este problema, quando Portugal tem tantas urgências para resolver.
Confesso que muitas vezes fico desiludido com os nossos políticos e com as nossas políticas. Também com os nossos partidos, que procuram o poder pelo poder e não para levar o país a encetar caminhos de progresso, de forma a acabar com a fome e com o endémico atraso social, económico e cultural. Não haverá forma de alterar o sistema para que os eleitos, que conhecemos pelo nome, nos representem sem peias?




terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma curiosidade: D. Afonso Henriques pode ter origens no concelho de Sever do Vouga

A minha amiga Marieke oferece-nos, de vez em quando, temas interessantes. Hoje, por exemplo, gostei de ler o texto em que ela situa, no seu Ponto de Encontro, a possível naturalidade do nosso primeiro rei no concelho de Sever do Vouga. Leiam aqui.



O nono centenário do nascimento do nosso primeiro rei assinala-se este ano. D. Afonso Henriques pode ter tido as suas origens no lugar da Senhorinha, no concelho severense

"Assinala-se este ano (desconhece-se o mês e o dia) o nono centenário do nascimento do nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, que, curiosamente, pode ter tido as suas origens em Sever do Vouga, mais concretamente no lugar da Senhorinha.
São apontados vários locais como berço do seu nascimento. Terá o rei “Conquistador” nascido em Guimarães? Ou em Viseu? Ou em Ribadouro, concelho de Baião? Ou mesmo em Coimbra?
O principal argumento em favor de Guimarães fundamenta-se no peso da tradição, que defende que D. Afonso I nasceu nesta cidade e foi baptizado na pequena capela existente perto do castelo. Porém, está provado documentalmente que esta capela não é do tempo do nosso rei fundador, mas bastante posterior."

Marieke

O Fio do Tempo: A qualidade da sabedoria virá ao de cima


Responsabilidade
partilhada

1. Os tempos que correm, dos cenários sociopolíticos nacionais às conjunturas internacionais, despertam-nos para uma consciência de que na equipa reside o futuro. Quanto mais soubermos harmonizar as diversidades melhor será o resultado final. Se a década de quarenta, com o final da II guerra já havia decretado o fim dos nacionalismos e por isso dos individualismos, a queda do Muro de Berlim recentemente assinalada (09-11-1989) confirmou esse fim do período em que parecia que as individualidades tinham razão de existirem por si mesmas. De Europa aberta na nova conjuntura ao mundo da globalização, somos descentralizados da concepção fechada que antes parecia tudo…

2. Se os homens haviam estabelecido – e vivido essa ilusão – de que as fronteiras de estado seriam a meta definitiva, a própria transnacionalização dos problemas mundiais (da energia, do ambiente, da crise financeira…) que estão na ordem do dia mostram cabalmente que o fechamento corresponde ao paradigma passado. Abrem-se novas dimensões à percepção dos valores, aos diálogos entre as culturas e as religiões, ao saber partilhar a opinião do outro, lendo as suas diferenças numa linha de complementaridade e não de contraposição onde o ter e o poder não podem ser mais as ideias força. Mas um problema de fundo persiste: não se pode nem obrigar todos a convergir para a mesma noção de responsabilidade (nada se consegue impor desse modo), como também uma nova libertinagem desordenada não pode tomar conta da praça social.

3. Avizinham-se anos e décadas, na alta rodagem e mobilidade das gentes e das modas de pensar (ou do não pensar!), em que virá ao de cima a qualidade de sabedoria de cada um e de todos. As tendências para a liberdade sempre mais aberta poderá conduzir ao “caos”, não é novidade esta afirmação. Talvez a contextualização das liberdades numa óptica de responsabilidades partilhadas seja a via essencial. Como a Escola e a Família a conseguem ensinar?

Alexandre Cruz

Portugal tem excelentes elites universitárias...

"Portugal tem hoje excelentes elites universitárias, científicas, culturais, técnicas e artísticas que, raramente, surgem nos meios de comunicação social, aos quais só interessa a politiquice rasteira, as intrigas, as desgraças e os pequenos e grandes escândalos".

Mário Soares, no DN

Efeméride: Clube Stella Maris

10 de Novembro


Neste dia, em 1985, a Obra do Apostolado do Mar inaugurou a primeira fase do edifício do Clube Stella Maris, para acolher e apoiar, na Gafanha da Nazaré,  sob as mais variadas formas, os marítimos que demandam o Porto de Aveiro, ou nele se ocupam. O Clube continua em actividade, estando o seu restaurante aberto a toda a gente, sendo fornecidas refeições a preços módicos.

Semana dos Seminários: 8 a 15 de Novembro




Tempos de Escuta

Está a decorrer, até ao dia 15, domingo, a Semana dos Seminários, fundamentais à formação dos futuros presbíteros. Durante esta semana, e para além dela, urge que os católicos se debrucem sobre a importância dos Seminários e sobre a necessidade de os apoiarem. Porque, na verdade, não podemos conceber uma Igreja sem padres, que nos ajudem, pelo seu exemplo e pela sua palavra, a seguir os ensinamentos de Cristo, em ordem a uma sociedade mais fraterna.
D. António Francisco dos Santos, Bispo de Aveiro, na Mensagem que escreveu para a Semana dos Seminários, diz que os seminários são “tempo de escuta” e “espaço onde ressoa a voz do Mestre”. E acrescenta que “Na escuta atenta da Palavra de Deus, rezada, celebrada, vivida e testemunhada, e no acolhimento dócil da voz do Mestre sentimos que é Jesus que nos chama a segui-l’O, como outrora aos primeiros discípulos, e nos envia a testemunhar com fidelidade e ousadia as razões da nossa esperança e a alegria da Boa Nova do Reino”.

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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O FIO DO TEMPO: Da abertura de novos muros

A importante memória do Muro de Berlim derrubado apura a grandiosa responsabilidade de repensar os muros a derrubar

1. Foi dos dias mais esperados do século XX, mas foi dos dias que o mundo das ideias humanas fez com que tivesse razão de existir. Sejamos claros, o ideal seria não ter sido necessário o 11 de Novembro de há 20 anos atrás. Quando não há evolução contínua é porque se podem criar as condições de desumanidade que abrem portas para a revolução. A absolutização de ideias humanas que ficara consagrada nas ideologias totalitárias do séc. XX conduziu a que cada bloco de betão desse muro significasse o desinvestimento na maturidade humana. Com olhos de ver, parece que esta memória já é muito mais longínqua do que na realidade é. A verdade é que há duas décadas atrás o mundo acordou para uma nova abertura na era da globalização, pois que a cortina de ferro fora derrubada.

2. Nestes dias revisitou-se a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental. Mesmo que seja para não esquecer, não repetindo… Derrubada a separação dos 66,5 km de gradeamento metálico, as 302 torres de observação, as 255 pistas de corrida para cães de guarda…viu-se por dentro das fronteiras do muro a “verdade” da ideologia. A honestidade intelectual terá de reconhecer que a ideia do absolutismo que foi derrubara com o muro não tem pernas para andar. Mas, como em todas as guerras, sendo certo que sempre triunfa a liberdade humana – ainda que conquistada com muito sangue –, a verdade profunda é que “ninguém” vence e todos saem com feridas e em todos cresce a responsabilidade. Ninguém duvida que as pesadas sanções de 1918 impostas à Alemanha geraram terreno fértil ao nacionalismo que alimentou a II grande guerra.

3. A história do século XX regista que veio da Polónia mutilada o homem da paz e reunificação que decreta o fim da guerra fria: João Paulo II. A importante memória do Muro de Berlim derrubado apura a grandiosa responsabilidade de repensar os muros a derrubar. Em todos os quadrantes da actividade humana, do universal ao local, do longínquo ao perto. No fundo do ser, nas ideias, onde o “betão” nasce…

Bispos Portugueses não querem conflito com o Governo na questão do Casamento Homossexual

Vários bispos católicos, que a partir de hoje reúnem em Fátima para a sua assembleia plenária, relativizam a opção do Governo na defesa do casamento homossexual e a provável aprovação, pelo Parlamento, de legislação sobre o testamento vital - que, de acordo com as críticas dos bispos em Julho, deve evitar abrir as portas à eutanásia.

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Muro de Berlim foi derrubado há 20 anos


Muro de Berlim

Liberdade no respeito pela liberdade dos outros

Os noticiários dos mais diversos órgãos da comunicação social têm hoje, como pano de fundo, a evocação do derrube do histórico muro de Berlim. As imagens mostram o vigor da conquista da liberdade, protagonizado por multidões que não sabiam o que isso era realmente.
Não vale a pena filosofar sobre o porquê das tiranias em pleno século XX. A história se encarregará de mostrar que há ideologias difíceis de compreender e de aceitar, sobretudo as que aprisionam gente, aprisionando-lhe o direito de falar e de respirar o ar puro das sociedades livres.
Mas também é importante referir que há outros muros, físicos e mentais, que continuam a bloquear o ser humano, limitando-o a seguir, apenas e só, os passos e as ideias de outros. Muros entre povos e nações, muros entre classes sociais, muros entre vizinhos, muros dentro da própria família.
O homem não foi criado para as prisões, mas para a liberdade, no respeito pela liberdade dos outros.

FM

Marés e Marinheiros


Marés e marinheiros


A vida hoje afastou-nos da natureza: as paisagens urbanas, com as suas florestas de betão, encerram a vida entre paredes eficazes, super-cómodas, é certo, mas o ar que respiramos por alguma razão se chama “ar condicionado”.
O que acredito é que precisamos de amplitude, de campos vastos a perder de vista, de viagens mais profundas que as da rotina. Precisamos perceber o silêncio das coisas, cúmplice do silêncio da nossa alma.
Precisamos da liberdade leve dessas horas inapreensíveis que passamos junto ao mar.
Há um poeta que diz: “Deus anda à beira d’água”. Não me admiro nada. A imensidão, o nome límpido, a alegria azul do mar são luares onde Deus deixou o Seu toque.
Os caminhos marítimos para os outros continentes estão descobertos. Falta, talvez, (re)descobrir o caminho marítimo para o porto secreto de cada coração.

José Tolentino Mendonça

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Racismo e Xenofobia

9 de Novembro

DIA MUNDIAL CONTRA O RACISMO

Consubstanciado no poema “Lágrima de preta” de António Gedeão, está o tema em epígrafe, em que o poeta escalpeliza a essência do ser humano. Independentemente da cor da pele, no seu íntimo, nas suas células, no seu ADN, está gravada a informação genética que há-de nortear os destinos do homem. A cor da pele é o mero make-up, com que a Natureza caracterizou a geografia do nosso nascimento, que em nada condiciona os destinos do Homem!
Se recuarmos na história, haveremos de concluir que nem sempre foi assim e nem precisamos de ir para além do século XIX. Foi nos seus finais, entre 1861 e 1865 que decorreu um dos conflitos bélicos sangrentos na história dos Estados Unidos, que ilustra o tema, a Guerra da Secessão.
Por alguns historiadores chamada de Guerra Civil Americana, teve a sua génese na divisão económica entre o Norte industrializado e o sul mais agrário que pugnava pela manutenção da escravatura. As grandes plantações de algodão eram o suporte económico duma sociedade esclavagista que garantia a mão-de-obra barata para a exploração e comercialização da matéria-prima. Com a subida ao poder de Abraão Lincoln e os seus propósitos abolicionistas, mais se agudizou o conflito armado entre brancos e negros. A obra literária de Margaret Mitchel, “E tudo o vento Levou”, adaptada ao cinema, com sucesso retumbante, retrata de forma magistral essa luta de classes entre Nortistas e Sulistas e foi uma obra de referência.
Mas não se circunscreveu ao continente americano, este flagelo do racismo, tendo alastrado os seus tentáculos, um pouco por todo o mundo. Aliado à xenofobia, teve o seu expoente máximo na era nazi, em que milhares de Judeus foram sacrificados em nome da hegemonia da raça ariana.
Na África do sul, foi mantida, durante décadas, uma luta interna protagonizada por Nelson Mandela, que mercê da sua convicção e tenacidade, conseguiu abolir o vergonhoso Appartheid!
Foram inúmeros os fenómenos declarados de racismo, a envergonhar a nossa civilização, e que ficaram para a história como nódoas indeléveis.
O tema tem sido inspiração recorrente para escritores e poetas, ao longo dos tempos.
E...se iniciei esta reflexão com a alusão ao poema, “Lágrima de preta”, vou concluir com uma citação de Gabriel Garcia Marque: “... só admito que um ser humano olhe, de cima, o seu semelhante...se for para o ajudar a levantar-se”.

Comungo e corroboro!

M.ª Donzília Almeida

domingo, 8 de novembro de 2009

Presépios


Clique no cartaz para ampliar

A família pode criar o espaço para o sobrenatural crescer





O amor dos pais
deve ser o reflexo do amor de Deus

Começou a funcionar, na paróquia da Gafanha da Nazaré, uma escola para formação dos pais dos catequizandos do 1.º ano. Trata-se de um projecto inovador, criado por três casais da nossa comunidade atentos às questões educativas e à importância do envolvimento dos pais na catequese dos seus filhos. Foi de imediato aceite pelo nosso prior, Padre Francisco Melo, que considerou pertinente a proposta. Tem por título “Nós, Deus e os Filhos” e como objectivo máximo contribuir para que o amor dos pais pelos seus filhos seja o reflexo do amor de Deus.

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Não há dinheiro, mas há sentimentos




Há tempos, Portugal foi apontado como um país exemplar no acolhimento dispensado aos imigrantes. Gostei de saber que, apesar das dificuldades por que passamos, temos tempo para repartir com os imigrantes a nossa generosidade.
O Público de hoje entrevistou quatro imigrantes. Revelaram as dificuldades que encontraram, mas um não deixou de dizer, em Portugal “não há muito dinheiro, mas há sentimentos”. Ao menos isso.

Para este domingo, com votos de boas leituras...

Num mundo pluralista,
a viagem é comum a laicos e religiosos,
interpretada de formas diferentes

"Durante muito tempo, o enjoo causado por péssimas 'vidas de santos' fez-nos perder de vista que a santidade é uma viagem de permanente transformação até encontrar o essencial da vida,  segundo as características de cada um. O Reino de Deus está dentro de nós, se nos tornarmos lugares de escuta do Espírito, no íntimo da consciência e na beleza e agonia do mundo."

Frei Bento Domingues,

In Público de hoje

sábado, 7 de novembro de 2009

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 156

BACALHAU EM DATAS - 46
.

Primeiro Navegante

O NAUFRÁGIO
DO PRIMEIRO NAVEGANTE

Caríssimo/a:

Já vimos algumas imagens trágicas deste naufrágio.
Contudo, Deus louvado, há sempre outra imagem da mesma realidade – agora até no futebol nos dão sempre o ângulo oposto. Ora, nem mais: vamos mudar a máquina de filmar e captemos outros cenários.
A Dra. Ana Maria Lopes, no seu blogue, mas a 2 de Agosto de 2008, sobre este mesmo tema, escrevia:

«Contava-me o meu Pai que, nesse ano, bacalhaus escalados, espalmados e salgados tal como são acamados no porão do navio, após a salga, deram à costa, a boiar, chegando a aparecer na própria ria.
Nesse ano, é que houve, pelos vistos, festival do bacalhau, a sério, sem encenações.»

Pois bem, continuemos com a mesma perspectiva e divaguemos:
Num «Postal do Porto», publicado no Timoneiro de Novembro de 1983, escrevia (há um preâmbulo que não suprimi porque está ligado ao contexto...):

1. Vamos hoje partilhar este bocadinho de prosa que vinha no Gaiato, assinada pelo Padre Moura:
«Naquele mesmo dia demos um saltinho à Gafanha da Nazaré, a uma empresa de pesca ligada ao bacalhau. Fomos lá buscar dois fardos, oferecidos.
Um dia, nos fins de Setembro, em Paço de Sousa, recebemos a visita da família que administra a empresa. Até nos foram oferecidos, para além de outros valores, dois fardos de bacalhau bem cada mês do ano!
Deus seja louvado pelo Homem que dá o que é seu! Pelos pescadores de rosto queimado, habituados a subir e a descer as ondas do mar, tão longe da sua terra! Pelo mar, sinal de vida, um movimento para o Infinito!... E pelos peixes, escondidos na profundeza das águas, que são uma maravilha para os olhos e alimento para nós. Por tudo, a nossa gratidão!»


2. Esta oferta de BACALHAU recordou-me uma outra que o mar fez aos «pobres» da zona onde vivia, deve haver para aí uns trinta e tantos anos.
Foi o caso... Afundou-se, ali à boca da Barra, um navio – O PRIMEIRO NAVEGANTE, salvo erro.
O bacalhau libertou-se dos porões e, levado pela corrente e «atraído» pelas pedras, foi refugiar-se nas rochas da Meia Laranja, nas tocas. Era meter-se lá, fugir às ondas, e vir a pingar bacalhau e a escorrer água e areia.
Aquilo foi uma fartura! Trazia-se para casa às carradas.
Chegado aí – cada casa era uma seca e cada família, uma empresa -, era lavado e limpo da areia e posto a secar. Nenhum se estragou, que, enquanto havia bacalhau fresco a secar, não mais se provou outro conduto. E afinal nenhum peixe chegou a secar nem se guardou de reserva... a não ser na «barriga».

Felizmente neste naufrágio não houve vítimas a lamentar e talvez por isso o bacalhau era tão saboroso com o pequeno (!) senão de um ou outro grão de areia fazer música nos dentes.

Manuel

A questão da homossexualidade...



Homossexualidade e casamento


As religiões, concretamente as monoteístas, condena(ra)m, nos seus textos, por vezes sob ameaça de morte, a homossexualidade.
Assim, lê-se no Levítico: "Se um homem coabitar sexualmente com um varão, cometeram ambos um acto abominável; serão os dois punidos com a morte".
Mas, segundo M. Darnault, em Le monde des religions, o texto que está na base da homofobia cristã é o relato bíblico de Sodoma e Gomorra. Dois homens, enviados de Deus, chegaram a Sodoma e Lot acolheu-os pela noite, mas a população encolerizou-se: "Ainda se não tinham deitado, quando os homens da cidade rodearam a casa e chamaram Lot: 'Onde estão os homens que entraram na tua casa esta noite? Trá-los para fora, a fim de os conhecermos." Avançaram para arrombar a porta, mas os dois homens feriram-nos de cegueira, mandaram Lot fugir com a família e "o Senhor fez cair sobre Sodoma e Gomorra uma chuva de enxofre e de fogo", que tudo destruiu. Aquele "a fim de os conhecermos" é um eufemismo para relações homossexuais e de Sodoma proveio sodomia.
É também sobre esta narrativa do "povo de Lot" que se apoia o Alcorão para reprovar esta "acção infame" e "torpe". A suna prescreve a pena de morte, a maior parte das vezes por lapidação.
O fundamento da estigmatização teológica e canónica da homossexualidade, apoiada por especialistas da teologia moral, como São Tomás de Aquino, encontra-se no desenvolvimento do tema da depravação de práticas consideradas "contra a natureza", como já São Paulo tinha escrito na Carta aos Romanos: "Foi por isso que Deus os entregou a paixões degradantes. Assim as suas mulheres trocaram as relações naturais por outras que são contra a natureza. E o mesmo acontece com os homens: deixando as relações naturais com a mulher, inflamaram-se em desejos de uns pelos outros".
O Catecismo da Igreja Católica diz: "Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que 'os actos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados'. São contrários à lei natural, fecham o acto sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementaridade afectiva sexual, não podem, em caso algum, receber aprovação. Um número não desprezível de homens e mulheres apresenta tendências homossexuais profundas. Eles não escolhem a sua condição de homossexuais; essa condição constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á, em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta".
Parece seguir-se o princípio da condenação do acto, não das pessoas. Também o Dalai Lama, em 2001, declarou que "a homossexualidade faz parte do que chamamos 'uma má conduta sexual'", rectificando depois: "Só o respeito e a atenção ao outro deveriam governar a relação do casal, hetero ou homossexual". Na Igreja anglicana, há debates acesos por causa da ordenação de bispos gays e bênçãos de casais homossexuais.
Entretanto, em 1993, a OMS retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais.
Recentemente, houve um apelo lançado por 66 países para a despenalização universal da homossexualidade a que se associou o Vaticano. Ainda bem. E não deve haver lugar para discriminação. Julgo também que não há razões para negar a comunhão a quem tem essa orientação.
O Estado deveria encontrar uma forma de união com consequências jurídicas semelhantes às dos casados. Mas, como já aqui escrevi, a questão reside em saber se há-de chamar-se-lhe casamento. O problema é mais do que religioso e as palavras não são indiferentes, pois não pode dar-se o mesmo nome ao que é diferente. Como disse o filósofo ateu Bertrand Russell, "o casamento é algo mais sério do que o prazer de duas pessoas na companhia uma da outra: é uma instituição que, através do facto de dela provirem filhos, forma parte da textura íntima da sociedade, e tem uma importância que se estende muito para além dos sentimentos pessoais do marido e da mulher". Assim, o que a sociedade tem de resolver é se considera o casamento essa instituição ou uma mera contratualização de afectos.

Anselmo Borges

Mestre Lourenço de Sesimbra fez amizades na nossa terra


Pérola de Sesimbra

Mestre Lourenço, de Sesimbra, fez amizades na nossa terra. A sua traineira, Pérola de Sesimbra, ainda a laborar, terá sido o último barco feito pelo Estaleiro Mónica.

Carta aberta a uma mulher viúva




A VIÚVA DOS DOIS CÊNTIMOS


Permite-me, mulher viúva, que te dirija uma carta aberta. Desculpa tratar-te não pelo teu nome, mas pela tua situação na sociedade. Aceita a minha saudação de paz que é sinal de bênção do Todo-poderoso, o Altíssimo.
Sou padre católico e leio com frequência os livros sagrados, que os cristãos chamam bíblia, onde aparece o teu “caso” ocorrido no Templo de Jerusalém. Terá sido numa das vezes em que lá foste, segundo o vosso costume. A tua atitude despertou a atenção de Jesus de Nazaré. Recordas-te?! Talvez não porque foi tudo tão rápido e discreto. Mas eu vou lembrar-te e dar-te a minha opinião em público para que vejas o alcance do teu gesto simples e humilde.
À tua frente, vão homens ricos que lançam avultadas quantias nas caixas do Tesouro do Templo. Fazem coisas que dão nas vistas. O quê, não sei. Talvez o modo de vestir, de rezar ou de estar na fila e tentar alcançar o primeiro lugar.
Jesus de Nazaré, que tinha vindo à cidade para a celebração da Páscoa, observa-os atentamente. Ele não se entendia com eles, sobretudo com os que ensinavam o povo em nome do Altíssimo. Preferia a verdade à mentira, a transparência à confusão, a sobriedade à opulência e a humildade à vaidade. Este modo de proceder causa-lhes má vontade e desejos de vingança e morte. Mas não desiste e leva a sua avante.
Sentado e atento, Jesus olha também para ti. Vê que tiras da bolsa as únicas moedas que possuías e.com naturalidade as colocas na mesma caixa. Valiam pouco, bem sabes, mas eram o sinal da grande riqueza do teu coração. Depois, acompanha-te com o olhar enquanto te vais retirando e perdendo na multidão. Deixa-te partir sem dizer palavra. Sabes o que pensava nesses momentos?!
Não é difícil de descobrir pois chama o grupo que o seguia e fala-lhes de modo surpreendente. Põe frente a frente a tua dádiva e a dos homens ricos. A tua sai a ganhar. Não pelo valor da quantia, mas pela finura da qualidade. Deste o que tinhas para viver e não do que te sobrava. Ficaste sem qualquer garantia e segurança, apesar da tua situação social, enquanto a eles muito lhes restava. Posso afirmar-te que os discípulos ficam admirados pela novidade que este contraste põe a claro de forma interpelante.
Parece que Jesus de Nazaré tinha acesso aos segredos do coração e também aos teus sentimentos mais profundos, sabia em quem depositavas a confiança, conhecia as tuas convicções mais seguras e em quem descansava a tua vida. E embora não faça um elogio rasgado da tua atitude, aproveita sabiamente a oportunidade para marcar a diferença e definir critérios de vida: o valor das pequenas coisas, a grandeza da generosidade, a força das convicções, a eficácia do agir discreto, a entrega incondicional. Diferença também no apreço pela qualidade dos sentimentos, pela subordinação dos bens às pessoas, pela partilha assente na equidade e não só no supérfluo.
Sabes, mulher viúva, o teu silêncio é mais eloquente do que muitos discursos e a tua atitude mais expressiva e convincente do que tantas formas de proceder consideradas exemplares. A finura do teu gesto espelha a delicadeza de quem te observa e o alcance da mensagem que anuncia.
Aceita a minha gratidão em nome de quantos te admiram e procuram estar atentos às pessoas de hoje como, no teu tempo, esteve Jesus de Nazaré, o enviado do Deus altíssimo.

Georgino Rocha

Que sina a nossa…



Quando acordo de manhã, ligado o rádio, frequentemente sou confrontado com notícias tristes, que se sucedem umas às outras. A corrupção domina o panorama da vida portuguesa, com políticos, e não só, envolvidos ou indiciados como tal.
Eu sei que ninguém pode ser condenado ou absolvido na praça pública, pecado grave que muitas vezes cometemos. Mas também sei que se está a generalizar a ideia de que vivemos num país de corruptos. Há gente séria, muito séria, mas ninguém duvida da existência de oportunistas, que nem vergonha têm de exibir sinais exteriores de riqueza, quando o que ganham, nos cargos que ocupam, não é explicação para o que mostram descaradamente.
A contemplar tudo isto, temos uma Justiça incapaz de averiguar o que se passa e de condenar os corruptos que, por artes que aprenderam não se sabe onde nem com quem, vivem à tripa-forra, quando tantos trabalhadores e empregadores honestos mal têm o mínimo para sobreviver.
A classe política, que tinha obrigação de procurar resolver esta situação, bem prega que o vai fazer, mas a realidade é a que se vê a olho nu, não havendo, realmente, progressos na luta contra este cancro dos nossos tempos.
É claro que não alinho com os mais pessimistas, que chegam ao ponto de defender a suspensão da democracia, para se vencer a podridão que vai minando os projectos de uma sociedade mais justa e mais fraterna. Acredito que a democracia, com os meios de que dispõe e lhe foram outorgados pelo povo, pode muito bem ultrapassar mais esta dificuldade. Assim o queira…

FM

Para começar um sábado tristonho



Para começar um sábado tristonho, que foi o que senti esta manhã, nada melhor do que recordar, graças a uma foto, um passeio que fiz, há muito, ao Castelo de Montemor-o-Velho. O dia estava quente e lindo e ali, com toda a tranquilidade, pude usufruir do ar puro, dando um abraço ao passado do nosso povo que, com unhas e dentes, defendeu e lutou pela sua liberdade.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

História nas ruas...


Sempre gostei de ver a história de uma povoação plasmada nas ruas e praças. Quem passa, se não hoje pelo menos amanhã, terá oportunidade de ficar a saber curiosidades. Na Figueira da Foz, perto da Câmara Municipal, encontrei esta placa, com dizeres importantes. Sabe-se que os figueirenses têm tido, ao longo dos tempos, um gosto especial pelo teatro. E esta placa, de forma simples, lembra-nos isso mesmo.

O FIO DO TEMPO: Marchar para erguer a Paz



A PAZ É MESMO O ÚNICO CAMINHO


1. A própria expressão «Marcha Mundial pela Paz e Não-Violência» dá a volta às palavras no justo sentido. Ao passarmos o filme da história, a designação de «Marcha» é bem mais atribuída ao marchar para a guerra do que ao anúncio da Paz. É mesmo importante inverter esse caminho e avançar de forma pensada e amadurecida pela paz, o único caminho com futuro para todos. De Outubro 2009 a Janeiro 2010, está decretada a reflexão mundial pela paz. Talvez seja efectivamente na era global a primeira marcha unida pela paz. Sinal dos tempos, sinal de esperança, mas nobre missão e compromisso em que ninguém pode ficar de fora, especialmente os corações que persistem nas durezas da divisão e dos muros.

2. À medida que cresce a consciência universal e a convergência impressionante e “ao segundo” no encontro de culturas, etnias, religiões e filosofias de vida, aumenta a responsabilidade de orientar todas as visões de sociedade numa linha de sentido de «bem comum», este um pilar fundante do mundo melhor que se procura, repleto da generosidade que vence todo o mal. Também à medida que as intolerâncias de várias origens vão continuando a dar os seus ecos maléficos a proclamação da «não-violência» é o mínimo olímpico essencial rumo à paz. Mas não chega a paz podre… É por isso que em imensas localidades de norte a sul e do oriente ao ocidente cresce a adesão ao projecto da Marcha Mundial da unidade na riqueza da diversidade. http://www.theworldmarch.org/index.php?lang=por

3. Se a paz é mesmo o único caminho para haver futuro, então no mundo actual nenhuma área educativa, da formal à informal, poderá ficar de fora… Mas a verdade é que a violência percorre o mundo da comunicação e as consideradas melhores películas dos cinemas – factor cultural – trazem consigo armas a ferro e fogo. Do global ao local, em espírito glocal. Também em Aveiro a marcha chegou e quer mover as gentes na reflexão andante para ser VIDA na prática.
 

Para Recordar: Músicos Gafanhões

É  bom recordar. Tanto gosto eu como muitos dos meus leitores. É sempre saudável reviver rostos e projectos muito válidos. veja aqui.

Para começar o dia, uma boa ideia




“O aquecimento global é o maior desafio que a humanidade alguma vez enfrentou. As gerações vindouras exigem dos actuais líderes mundiais determinação nas políticas ambientais, para que todo o cidadão possa contribuir, a curto prazo, para um planeta sustentável e mais equilibrado.”

João Lopes
General Manager da Siemens IT Solutions and Services

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Viver e actuar numa sociedade não se pode fazer pela negativa




Um mundo sempre igual, cada dia mais diferente


Não é fácil para muita gente, mesmo da Igreja, perceber que o mundo é sempre igual, porque povoado de pessoas com a sua dignidade, direitos, deveres, aspirações e problemas. Mas é, também, um mundo cada dia diferente, dadas as mudanças culturais que se estão verificando que influem nos comportamentos e no rumo de muitas vidas, com as aquisições sociais e tecnológicas que se vão operando e generalizando, com a globalização que a todos nos aproxima mais, sem que por isso nos torne mais amigos e fraternos. Mais possibilidades e mais desencontros; mais gestos de ajuda e mais egoísmos; mais conhecimentos e mais arrogância; mais ricos e mais pobres… Mundo complexo e cheio de contradições, mundo rico de oportunidades e cheio de gente sem vez. Mundo que conquistou a sua autonomia e o seu espaço de legítima liberdade, mas que multiplica os oprimidos, os excluídos e os escravos.
A Igreja existe e coexiste neste mundo com uma missão própria em favor de todos, reconhecida por uns e não por outros que se declaram alheios a qualquer expressão religiosa. Existir e coexistir é expressão da força que a mantém acordada e activa, e tanto a poderá levar a um apreço crescente, como a perseguições claras ou encobertas. Foi sempre assim e, mesmo que a história não se repita, as pessoas marcam, em cada tempo, rumos semelhantes ou mesmo iguais aos de tempos idos, sempre que o seu mundo valores se assemelha.
A característica mais generalizada e observável é que a sociedade se secularizou, as suas opções e projectos dei-xaram de ser influenciados por forças e razões morais, o económico sobrepôs-se ao humano, o político reduziu-se a interesses de grupos, as divisões agravaram-se e o diálogo de cooperação tornou-se cada dia mais difícil.
A secularização, entendida como conquista da autonomia própria das realidades profanas e modo de as conduzir, é uma conquista legítima da cultura moderna. É também uma afirmação normal de que homem é, de pleno direito, cidadão do mundo e protagonista da sua história. Pela sua participação responsável e activa na sociedade, está ligada a si e dependente das suas acções e omissões, a história dos seus contemporâneos e, de algum modo, dos seus vindouros, dado que o presente subsiste em grande parte no passado, e não lhe são indiferentes aos projectos do futuro.
Viver e actuar numa sociedade à qual se deve respeitar a autonomia, não se pode fazer pela negativa, refugiando, por exemplo, a expressão religiosa na área do privado, fazendo juízos críticos sobre o declinar do religioso, aceitar de modo passivo a dessacralização da sociedade e o que se exprime como simplesmente humano, considerado o normal de uma sociedade moderna.
A Igreja tem de reinventar a sua presença, sem complexos de culpa no processo, nem juízos de um triunfalismo que aguarda a derrocada para fazer a festa da vitória. O projecto a Igreja é o serviço à sociedade e às pessoas, como fermento, como sal e como luz, traduzido em propostas sérias e viáveis, de livre aceitação e generoso seguimento. A história já lhe ensinou que o seu êxito não se mede por critérios profanos, que a luz não se pode colocar debaixo do alqueire, que o fermento só dá força à massa em contacto com ela, e que o sal que não cai sobre os alimentos, os deixará sempre sem sabor.
A Igreja, fiel ao Evangelho mais que qualquer força social, tem capacidade para se regenerar, para abrir e andar por caminhos novos.
Será que só os seus detractores sabem que essa é a sua força?

António Marcelino

O FIO DO TEMPO: A insustentável tranquilidade



1. Nos nossos dias, só o que tem futuro é que merece a caracterização de sustentável. Esta é uma ideia simples e na actualidade claramente assumida em múltiplos quadrantes da vida colectiva. Não ter sustentabilidade é não conseguir garantir um amanhã viável e promissor em ordem ao progresso. Neste sentido, a «tranquilidade» pode prejudicar se o rumo que se tem não garante a continuidade necessária. Aliar o humanismo e a serenidade com a garantia sempre urgente de futuro será, na verdade, a chave de solução mais eficiente. Lançando o olhar sobre tantas e tantas instâncias e colectividades, do mundo social ao associativo ou mesmo cultural, deparamo-nos com determinadas opções, ou ausência delas, que podem condicionar a verdade do melhor desenvolvimento para todos.

2. A coragem de mudar, no pressuposto da preocupação de implementar melhorias nos processos e nas finalidades, na procura da verdade e da justiça, é sempre caminho de profetas. Em tantas realidades são necessários impulsos positivos, estimulantes e efectivamente renovadores, não fundamentalmente na cosmética da imagem mas na essência das coisas. Também não mudar por mudar, como quem procura em tudo ler caminhos de reacção ao passado, diminuindo, por isso, a séria convicção. Quantas vezes se sabe que em imensas colectividades a abundância da tranquilidade pode significar aquela “paz podre” que poderá ter o nome de indiferença. No mundo actual uma renovada consciência existe de que cada um pode fazer a diferença, de que cada um tem um papel imprescindível na construção do bem comum. Mas, quem governa o barco, quem lidera o grupo, terá de ter essa capacidade de síntese estimulante.

3. Esta reflexão vem a talho de foice de um dia destes, ao ouvir na rádio os comentários a mais um empate do Sporting, da «tranquilidade» de Paulo Bento e do presidente leonino. De facto, também o excesso de tranquilidade «forever» pode perturbar os cordelinhos da sustentabilidade…


Alexandre Cruz

Para começar o dia, um texto de Almada Negreiros




O pensamento humano e a humanidade não são uma e a mesma coisa. O pensamento humano leva sempre uma incomensurável dianteira à marcha geral da humanidade. O que o pensamento humano quer imediatamente são exemplos pessoais. A humanidade é apenas um elemento, como a terra, a água, o ar e o fogo.
Há de facto diferença entre aqueles que têm capacidade para suportar sozinhos o peso da atmosfera e aqueles que têm capacidade para suportar sozinhos o peso da atmosfera e aqueles que apenas ombro a ombro resistiriam ao quotidiano. O pensamento humano sabe que tem o poder de restituir a alma aos apavorados.

Almada Negreiros
In NOME DE GUERRA

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Desta vez os ovos não estão todos no mesmo saco



A arte de governar


Estamos num recomeço: novo governo, novo programa, novos autarcas, novos responsáveis locais da grande cidade à pequena aldeia. Há já quem adiante que nada há de novo. Críticos e analistas afiam a pena e a palavra para descobrir apenas o mesmo.

Mas desta vez os ovos não estão todos no mesmo cesto. Sem maioria absoluta os poderes estão repartidos, e as minorias ganham outra dimensão e responsabilidade. Com novos jogos de maiorias e minorias podemos, por um lado, ser conduzidos aos indesejáveis tempos da ameaça constante da queda do governo – e com isso da permanente cilada para recomeçar sempre no dia seguinte. Mas por outro lado assumimos a responsabilidade mais repartida. De modo a estimular a procura de soluções tanto pelos que governam como pelos que estão na oposição. O País constrói-se com todos. Possivelmente mais com os pequenos empreendimentos multiplicados, do que com dependências de poucos-grandes-grupos com a decisão final em todos os momentos em que se joga o pão de cada dia.
O pão de cada dia é um conjunto de bens essenciais a que todos têm direito. Variam necessariamente com a evolução dos tempos e as novas aquisições que o desenvolvimento humano, social e tecnológico permite. E há urgência de pão para a mesa dos desempregados, de muitos idosos, dos desencantados da vida.
Mas esse pão também se define pelos valores que alimentam uma comunidade. Na cultura, na arte, nas dimensões espirituais que dão sentido à vida, na procura dum futuro aberto aos novos sinais que a ciência, as humanidades, a tecnologia, a espiritualidade oferecem.
Um programa de governo desde o nível nacional ao mais longínquo recanto dum país precisa ter em conta este todo para não reduzir o futuro a um grupo de robots sem alma nem afecto. Nenhum governo tem capacidade e autoridade para distorcer este direito fundamental dum povo. Nenhuma oposição tem direito a jogos rasteiros de perturbação política ou social deixando pelo caminho projectos de crianças e jovens, e direitos sagrados de adultos e idosos que com o seu trabalho constroem ou construíram o que nós somos.
O terreno que se abre com “novos governos” é uma responsabilidade repartida por todos. Onde ninguém tem o direito de ficar de fora ou de expulsar quem quer que seja.

António Rego

José Estêvão


1862 - "Pouco antes  da uma hora da madrugada deste dia [4 de Novembro] - e não no dia anterior, como indicam alguns - faleceu em Lisboa, numa casa da Rua de "O Século", o grande orador parlamentar e egrégio aveirense José Estêvão Coelho de Magalhães, que ultimamente também vinha exercendo o cargo de grão-mestre da Confederação Maçónica Portuguesa."

Fonte: Calendário Histórico de Aveiro

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O FIO DO TEMPO: É urgente mudar os roteiros



Rua Direita, em Aveiro

As curvas  da rua direita

1. Há ruas direitas em muitas terras e várias cidades. Umas melhor conservadas que outras, também mediante aqueles que as percorrem. Embora o nome seja «rua direita», a verdade é que as curvas acompanham esse caminho, o que exige atenção redobrada, também tendo em conta de onde se vem e para onde se vai. Se fôssemos a escrever a história de cada Rua Direita e recuássemos meio século que fosse, ficaríamos surpreendidos em como essa rua foi um autêntico eixo estruturante, um caminho que ora unia localidades ora estabelecia ligação directa e eficaz dentro da própria localidade. Mas, como é claro, com o desenvolvimento, tudo foi crescendo e nem sempre se conseguiu preservar o “direito” dessas ruas, o que obriga a conduções bem mais atentas.

2. Como em tudo quanto é conduzir toda a atenção é pouca. Quanto mais para a condução da vida por caminhos repletos de curvas. Falemos da Rua Direita que une a Estação da Luz a Aveiro. Não só em noite das bruxas, como no passado fim-de-semana, em que acidentes mortais pelas altas horas da madrugada deixam todos em estado de choque. Não se pense que existe algo contra a liberdade de entretenimento; pelo contrário, tudo quanto é diversão saudável é bem-vinda! Mas a pergunta sobre a saudabilidade das altas noitadas de discoteca, sobre as horas que abrem ou fecham, sobre os seus volumes de som, de álcool, de fumos, de… Tudo enrolado à mistura não há biologia humana que resista, já dizemos, à centésima estação de tanta luz que encandeia depois quem quer uma Rua Direita que o leve a casa.


3. É urgente mudar os roteiros: em vez de se pensar só nas consequências, pensar antes nas causas de tudo ou até nas possíveis faltas de causa que levem à cegueira na alta noite de condução. O problema é preocupante, não só pelos que ao longo dessa Rua Direita volta e meia são assustados com os estrondos da noite mas principalmente pelo acontecimento que vitimiza uns e entristece outros. É possível mudar este cenário?!

Alexandre Cruz

Intervenção da Igreja na sociedade

UM MUNDO EM TRÂNSITO
E UMA IGREJA EM RENOVAÇÃO
Saiu há pouco mais um livro de Georgino Rocha, padre da Diocese de Aveiro e docente universitário, sob o título “Intervenção da Igreja na sociedade portuguesa contemporânea”, com prefácio de D. Manuel Clemente, Bispo do Porto. Trata-se de um trabalho que vem na sequência de muitos outros, em que o autor, estudioso profundo de temas eclesiais com incidência, óbvia, na sociedade, e vice-versa, nos oferece “contributos para a emergência da democracia”, com a “leitura de um percurso com luzes e sombras”.
D. Manuel Clemente sublinha que nesta obra “encontramos referências múltiplas e concatenadas que não podem ser esquecidas, para nos compreendermos como cidadãos e crentes, quase a cumprir-se a primeira década do terceiro milénio”.
Diz que todos “ganharemos então com a leitura destas páginas. E com a atenção redobrada a alguns percursos pessoais, como aqueles que o autor refere, de padres e leigos”.
Na Apresentação, que deve ser lida numa perspectiva de se ficar a saber o que se vai encontrar na leitura, serena e reflexiva, Georgino Rocha lembra que “A acção da Igreja portuguesa, designadamente a do seu Episcopado, tem sido analisada e caracterizada, a partir de ângulos muito diversos e, por vezes, contrastantes”, especialmente desde o liberalismo, atingindo “fases históricas cruciais na instauração da República, na vigência do Estado Novo, na implantação e consolidação do regime democrático”.
Afirma  que, com a entrada no III Milénio, nasce uma nova etapa, marcada pela “mudança de época” e pelo “papel da sociedade mediática e da globalização económica, deixando em aberto novas fronteiras e desafios à ética social na vida pública”.
Os textos que integram este trabalho, de teor académico mas dirigidos a todos os que sentem necessidade de conhecer as causas e as consequências das intervenções da Igreja em cada tempo da história dos homens, no nosso País e não só, apresentam-se sistematizados e mostram como é complexa a “marcha para a democracia”, no dizer do autor.
Com data de 26 de Abril, dia da canonização de D. Nuno Álvares Pereira, Georgino Rocha oferece, logo a seguir à Apresentação, um excerto da Conferência Episcopal Portuguesa sobre esse acontecimento que colocou o nosso Santo Condestável nos altares, onde se sublinha que D. Nuno “optou corajosamente por ser parte da solução e, numa entrega sem limites, enfrentou com esperança os enormes desafios sociais e políticos da Nação”.
Os dez capítulos desta obra abordam, com riqueza de pormenores e evocação de factos, inúmeros temas de diversas épocas, desde a Concordata de 1848 à Rerum Novarum e desta ao advento da República. Depois, da 1.ª República à revolta de 1926.
O Estado Novo, sua implantação, consolidação e desmantelamento; da Revolução do 25 de Abril ao fim do século XX, com a democracia em construção; e a sociedade portuguesa no início do milénio, bem como o magistério social da Igreja, entre 2000 e 2004, são assuntos que não podem nem devem ser ignorados pelos que estão empenhados na construção de um mundo melhor.
O catolicismo social português e os católicos na transição democrática (1973-1982); a pastoral social e a função da Cáritas, numa sociedade em mudança, convidam-nos a uma reflexão, sempre importante. Conclui o seu trabalho com Gaudium et Spes: o paradigma conciliar, numa perspectiva de “um mundo em trânsito” e de “uma Igreja em renovação”.

Fernando Martins

Para começar o dia: Uma marca do passado em Aveiro


Chaminé de cerâmica

Quando caminho pela cidade de Aveiro, é frequente encontrar marcas simbólicas do passado, que me ajudam a reviver momentos da azáfama fabril no meio urbano. Impensável nos tempos de hoje, em que as zonas industriais proliferam, e bem, por todo o País. Neste caso, a chaminé de uma cerâmica, que deu trabalho e arte a muita gente, está no seu sítio próprio, para ali fazer memória.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Crónica de um Professor: “O trapo faz a modelo”





Ser Modelo!


- É modelo?
A frase soou nebulosa, dentre uma chusma de alunos, tal qual a voz orquestrada por um coro de jornalistas que assediam uma pop star.
Foi no percurso para a sala de aula, quando já se preparava para entrar, que foi surpreendida por aquela abordagem insólita.
Olhou em redor, procurando vislumbrar o alvo de tão inesperada quanto estranha pergunta.
Num espaço onde se cruzam e entrecruzam as mais diversas indumentárias, algumas um tanto bizarras, haveria de encontrar o protagonista.
O coro de vozes intensificou-se e, de repente, entendeu que a pergunta lhe era dirigida.
Seria a curiosidade infantil, característica de uma faixa etária cuja espontaneidade e sentido crítico estão à flor da pele, ou haveria, na verdade algo naquelas cabecinhas ingénuas, que lhes faria associar à teacher, a imagem de uma qualquer modelo de passerelle?
Explorando o campo semântico da palavra, evocava algo semelhante a “um modelo de virtudes”, que não lhe assentaria, certamente,  como uma luva, pois a profissão docente conduz mais à categoria de mártires... do que de santos! E... modelo modelo, só o Continente na sua forma apelativa de marketing!
Que estaria a perpassar naquelas cabecitas tontas, tão observadoras e perspicazes, para atirarem aquela pergunta: - É modelo?
Após uns segundos de reflexão, repara que havia colocado na lapela uma flor retirada dos tons outonais que revestem a natureza.
Sensível às mutações cromáticas que se operam em seu redor, e transpondo para a toilette do dia, esse colorido, conjecturou que talvez fosse esse o motivo da observação.
Mas daquela gente de palmo e meio ainda a dar os primeiros passos na formação da personalidade e numa crescente adultez, saiu a observação estética sobre o vestuário da sua professora.
Durante a aula, aqueles olhitos não paravam de observar e de quando em vez, inoportunamente (!?), saltava o comentário: - A teacher, hoje, vem muito bonita!
E... pensamos nós, adultos, que as adoráveis criancinhas são indiferentes a muita coisa e nem reparam naquilo que é acessório, como o traje e a apresentação dos adultos.
Chamando a brasa à sua sardinha, como sempre num compromisso pedagógico, aproveita, ali, a circunstância, para fazer uma breve explicação do novo léxico.
- Pensei que modelos eram só as teenagers!
Essa idade lhes concede, a beleza, a elegância e a graciosidade necessárias para essa profissão e os requisitos indispensáveis para vingarem na mesma.
Constatou também como a aspiração de vir a ser modelo povoa a mente sonhadora e a fantasia de tantas adolescentes e jovens.
Quando se olham ao espelho e o narcisismo lhes acalenta a auto-estima, vão alimentando o sonho de vir a ser gente nesse mundo de competição. Mal sabem, pobrezitas, o mundo cão em que se vão meter e as decepções e frustrações que ele lhes acarreta.
No seu espírito de pessoa madura, pensa a teacher: - Afinal, se como o povo diz, “O hábito não faz o monge”, também é verdade que “O trapo faz a modelo”, na simplicidade e apreciação desta gente miúda!

M.ª Donzília Almeida
30.10.09

Uma curiosidade para começar o dia: xilofone de búzios



Na Casa-Museu Afonso Lopes Vieira, em S. Pedro de Moel, vi um xilofone de búzios, cujo som não pude apreciar. 
Vale pela originalidade, como demonstração de que a imaginação do homem não tem limites. Ontem como hoje e sempre. E o escritor e homem culto era, sem dúvida, um apaixonado pela arte-

domingo, 1 de novembro de 2009

Tempo Glorioso para a Bíblia

Na crónica deste domingo no Público, frei Bento Domingues regressa ao tema da Bíblia para se referir também a uma presença portuguesa na Escola Bíblica e Arqueológica de Jerusalém: a de frei Francolino Gonçalves.

Leia excertos do texto aqui.

Boa Reflexão do Dalai Lama



NOTA: Penso que já publiquei esta reflexão do Dalai Lama cheia de verdade. Pelo sim pelo não, aqui fica ela, por sugestão do Ângelo Ribau.

Dia de Todos os Santos



Um Botão de Rosa para cada um


Hoje, no respeito pela tradição e pelas minhas devoções, fui ao cemitério da Gafanha da Nazaré, debaixo de uma chuva miudinha, para visitar os meus santos. Nas suas campas deixei um botão de rosa, como sinal de bonitas recordações que deles guardo para a vida inteira. E como crente, num gesto da fé que todos eles me ensinaram a viver, dirigi uma prece ao Senhor Misericordioso, para que os guarde, no seu seio de amor maternal, até à minha chegada, que só Deus sabe quando será.

Fernando Martins