Mostrar mensagens com a etiqueta Religião. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Religião. Mostrar todas as mensagens

domingo, 15 de dezembro de 2013

O advento da terceira Igreja

A Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO de hoje

Frei Bento Domingues


1. Nasci numa época em que muito do clero português cultivava mais o medo do pecado do que o amor da virtude. A sua pregação – sobretudo a dos padres da vinagreira – estava centrada na ameaça do inferno e a confissão oscilava entre um precário alívio, a tortura e o escrúpulo.
As insólitas atitudes do Papa Francisco, a forma e o fundo da sua Exortação Apostólica recusam fazer da fé cristã uma tristeza. Estão a irritar não só a alta finança, mas também os movimentos que tentam recuperar esse tipo de práticas religiosas – contra o Vaticano II –, com o auxílio de eclesiásticos vestidos e calçados a preceito.
Estamos no Domingo da Alegria, como se todos os Domingos não fossem para celebrar a Páscoa, a vitória sobre a morte. Não foi por acaso que o Papa sentiu necessidade de recordar o que esquecemos e está escrito para sempre, em S. João: isto vos escrevemos para que a vossa alegria seja completa 1) – Evangelii Gaudium.


segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A família: a felicidade controversa?

No PÚBLICO de hoje

A Pastoral da Família não se destina a restaurar 
uma herança em ruinas e algo idealizada, 
por isso é ainda mais necessária e urgente.


1. Não há só um modelo de família. Ao longo dos tempos e segundo a diversidade de povos e culturas, os historiadores e os antropólogos podem testemunhar tanto a pluralidade das suas formas como a sua presença constante.

Mesmo hoje, em Portugal, apesar da maior fragilização dos laços conjugais, o aumento dos divórcios, a diminuição dos casamentos e dos filhos, a família apresenta-se, do ponto de vista da realização e da estabilidade emocional, a grande referência. Mais de 70% dos portugueses continua a associar a felicidade à vida em casal. O fim de uma relação não põe em causa esse ideal, embora seja vivido em novos cenários (1). É sugestiva a descrição que alguns sociólogos espanhóis fizeram do ciclo vital dos nascidos no ano 2000. Antigamente, o ciclo vital constava de três ou quatro etapas, agora, de modo mais complexo e diluído, pode estender-se a nove.

sábado, 23 de novembro de 2013

Festa de Cristo Rei


HOJE ESTARÁS COMIGO NO PARAÍSO


Georgino Rocha

Jesus responde com esta certeza/promessa à súplica do condenado à morte que está crucifixado à sua direita. A súplica brota do reconhecimento da inocência de Jesus, injustamente sentenciado. Não assim ele e o seu parceiro de aventuras malfeitoras. “Lembra-te de mim quando vieres com a tua realeza”, pede confiante, após ter censurado o colega pelos insultos e imprecações que vociferava.

“Lembra-te de mim” é prece que tem sentido profético e ecoará por todo o tempo, fruto dos corações silenciados pela violência torturante, pela fome e pelas doenças esgotantes. Os países mais pobres do mundo ou mais fustigados pelos cataclismos ocupam, hoje, o lugar e erguem a voz daquele condenado: Somália, Sudão do Sul, Haiti, Bolívia, Filipinas, República Centro Africana; a onda dos imigrantes indocumentados, dos sem trabalho nem quaisquer garantias sociais, dos doentes sem apoio médico e medicamentoso, dos idosos descartáveis, dos escravizados, das crianças sujeitas às mais vis sevícias e tantos outros “perseguidos” pela indiferença de muitos e pelas garras do poder. Escutar e dar resposta é respeitar a humanidade, viver a solidariedade, potenciar a fraternidade. E está ao alcance de todos, sobretudo de quem, autorizado pelo povo, detém o poder. Sejamos humanos, escutemos os gemidos dos nossos irmãos! 

sábado, 16 de novembro de 2013

O ENIGMA DA PERGUNTA E A RELIGIÃO


Anselmo Borges



O ser humano é constitutivamente o ser da pergunta, não podendo deixar de perguntar. Mas o próprio perguntar é enigmático. Se perguntamos, é porque não sabemos, mas sobre aquilo de que nada sabemos não perguntamos. Então, o que é que sabemos quando perguntamos? Sabemos sempre de modo imediato e atemático sobre o ser. É sempre no ser que estamos, numa experiência originária.

Mas essa experiência é a do ser na sua ambiguidade, causando-nos, por isso, espanto positivo e negativo e levando-nos à pergunta: o que é? Outra experiência fundamental, explicitando esta, tem que ver com o aparente e o real. Há sempre aquele encontro com o que nos parecia real e era apenas aparente: alguém, por exemplo, parecia cheio de saúde e, afinal, estava doente. Daqui, a pergunta: o que é verdadeiramente? Qual é a realidade última? Como escreve o filósofo Carlos João Correia, a religião é, numa primeira abordagem essencial, "um fenómeno cultural, de natureza pessoal e social, que engloba um conjunto de crenças, acções e emoções organizadas em torno da ideia do que se poderia designar, em termos filosóficos, "como uma realidade última e fundamental"".

Sementes de um mundo novo


PELA PERSEVERANÇA, ALCANÇAREIS A VIDA PLENA

Georgino Rocha

Jesus e os discípulos estão nas imediações do templo de Jerusalém, termo da sua caminhada missionária iniciada na Galileia, Conversam sobre a majestade, a beleza e a consistência do que vêm. Estão maravilhados e cheios de confiança. Contemplam a afluência de pessoas devotas que vão lançar as suas ofertas nas caixas do tesouro. Sentem um orgulho compreensível pela história e funcionalidade do centro de peregrinação “nacional” aonde todos acorrem.

Jesus, bom observador e insigne pedagogo, aproveita este cenário para fazer um dos seus ensinamentos mais expressivos sobre o valor do tempo presente numa perspectiva do futuro definitivo, sobre a atitude fundamental a cultivar na esperança activa e perseverante, sobre os comportamentos corajosos, alicerçados não na fragilidade humana, mas na convicção consistente de que o Espírito de Jesus estará presente e actuante.

sábado, 9 de novembro de 2013

Para Deus, todos estão vivos

Georgino Rocha


Afirmação clara e conclusiva que desmonta a armadilha que os saduceus lançaram a Jesus e que visava ridicularizá-lo em púbico. Alegre notícia, portadora de fé e de esperança, para o coração humano inquieto com o futuro da vida. Mensagem encantadora que desvenda o rosto autêntico de Deus, o Senhor da vida, no qual todos vivem para sempre. Resposta feliz e apelo solícito que partem de Jerusalém e, ao longo da história, se prolonga por todo o mundo, despertando energias adormecidas em toda a humanidade abrindo-lhe horizontes novos e definitivos.

sábado, 12 de outubro de 2013

Viver em atitude de gratidão

Elogio a quem agradece


Georgino Rocha


O elogio surge da boca de Jesus numa povoação onde passava a caminho de Jerusalém. Com ele, iam os discípulos desejosos de colher os seus ensinamentos. Sai-lhe ao encontro um grupo de dez leprosos que, em voz alta, imploram a sua compaixão. Jesus põe-nos à prova, encaminhando-os, de acordo com a Lei judaica, para os sacerdotes. E não diz, nem faz mais nada. No percurso, acontece a maravilha da cura. O grupo continua a viagem; mas um não, e regressa junto de Jesus para lhe expressar a gratidão pelo benefício alcançado. E este era estrangeiro, samaritano, de outra etnia cultural e religiosa, excluído das bênçãos prometidas aos Judeus.

sábado, 5 de outubro de 2013

Crescer na fé, viver na confiança



Georgino Rocha


Os discípulos de Jesus ao verem o seu agir e a sua determinação em prosseguir a missão, apesar de todos os contratempos, sentem-se necessitados de mais fé para assumir atitudes semelhantes e de maior confiança para enfrentar adversidades parecidas, surpreendentes. Querem ser coerentes e fiéis, mas o coração segreda-lhes algo que os ultrapassa. E surge a súplica que expressa a intensidade do seu desejo: “Senhor aumenta a nossa fé”. 

sábado, 7 de setembro de 2013

Só em liberdade se pode ser cristão





«Tomar a decisão certa exige tempo de reflexão, prudência, sabedoria, recursos, determinação. A atitude do homem que pretende fazer uma construção ou do rei que quer empreender uma guerra ilustra o ensinamento de Jesus sobre as condições prévias à opção de quem se propõe ser seu discípulo.»

Georgino Rocha

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Incoerência gera indiferença


António Marcelino


«O que de mais grave se passa hoje em comunidades amorfas e a desertificar, é a incoerência de muitos, sempre contrária às exigências evangélicas e à verdade que a fé não dispensa. A incoerência gera indiferença perante o essencial e o importante, e esta tornou-se a maior calamidade, social e religiosa, da atualidade. O indiferente, nem procura, nem acolhe. Cheio de si, dispensa Deus e os outros e nem se preocupa em perceber os sinais da sua presença. Para o indiferente só ele próprio conta. 
Vemos, entretanto, gente dita religiosamente indiferente, atenta às palavras e gestos do papa Francisco. Isto quererá dizer que quando se toca o coração e se expressa verdade e coerência, a indiferença entra em solavancos. Quererá dizer ainda que um estado de total indiferença não é coisa normal numa pessoa séria e equilibrada.»

António Marcelino

sábado, 31 de agosto de 2013

Deus respeita a cultura dos povos

O que pensa Francisco: 3. sobre as religiões


«Porque há várias religiões? "Deus faz-se sentir no coração de cada pessoa. Também respeita a cultura dos povos. Cada povo vai captando essa visão de Deus, tradu-la de acordo com a cultura que tem e vai elaborando, purificando, vai-lhe dando um sistema."»


Anselmo Borges


sábado, 24 de agosto de 2013

A sabedoria da verdadeira religião



O que pensa Francisco: 
2. sobre a Igreja

«O fundamentalismo não é o que Deus quer, e ele não consiste apenas em matar em nome de Deus, o que é "uma blasfémia". "Por exemplo, quando eu era pequeno, na minha família havia uma certa tradição puritana; não éramos fundamentalistas, mas estávamos nessa linha. Se alguém do nosso círculo próximo se divorciava ou se separava, não entrávamos na sua casa; e também acreditávamos que os protestantes iam todos para o inferno, mas lembro-me de uma vez em que estava com a minha avó, uma grande mulher, e passaram precisamente duas mulheres do Exército de Salvação. Eu, que tinha uns cinco ou seis anos, perguntei-lhe se eram monjas. Ela respondeu-me: "Não, são protestantes, mas são boas." Esta foi a sabedoria da verdadeira religião."»

Anselmo Borges

A vida humana tem futuro?


Entrar pela porta estreita


«A coerência entre o que se ouve e diz e o que se faz; entre o que se convive em festas alegres e amigas e a distância de sentimentos e critérios de vida; entre a presença vistosa, provocadora e hipócrita em praças públicas e as atitudes honestas, fruto da verdade e do bem; entre os comportamentos sociais fingidos e corruptos e o testemunho honrado e corajoso, ainda que incompreendido e desvirtuado; entre as situações discriminatórias e humilhantes e os laços fraternos das pessoas entre si e as relações filiais com o Deus de todos …esta coerência vivida é expressão do reino anunciado por Jesus e tão belamente visualizado na porta estreita, na novidade do Evangelho.»

Georgino Rocha



sábado, 17 de agosto de 2013

Fogo abençoado




"A divisão/ruptura diz respeito a tudo o que está mal e pretende fazer manifestar a bondade e a beleza e, com a sua energia, irradiar e contagiar os laços familiares, as relações de vizinhança, os pactos de amizade desvirtuados, as regras económicas.
O fogo purificador e a divisão sanadora garantem o brotar da aurora de uma nova humanidade onde florescerá a justiça e a paz para sempre."

Georgino Rocha

sábado, 29 de junho de 2013

A entrega total


Livres para seguir Jesus



«Livres para servir, sem o peso da memória nem a angústia da profecia. Livres para seguir os passos do Mestre e pautar a vida pelos seus ensinamentos. Livres para amar Deus e o seu Reino, já presente nas situações humanas, mas em germinação constante até à maturação plena.»

Georgino Rocha


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Manifestações religiosas


Multidões, grupos e elites



«Durante os séculos de um acentuado clericalismo, o povo não passava de consumidor de uma religião tradicionalista e festivaleira, nem sempre agradável nem fácil. O fermento deve ser da natureza da massa para que a possa levedar. Sempre que não existe este cuidado de criar na comunidade um fermento vivo e ativo que ajude a preparar as manifestações religiosas, as oriente e apoie, e continue depois a prestar uma ajuda renovadora, os resultados positivos, menores se não mesmo nulos, serão sempre mais ou menos passageiros. Organizar manifestações é mais fácil e rápido do que educar na fé os que nelas participam.» 

António Marcelino

sábado, 8 de junho de 2013

Gente na cidade


JOVEM, LEVANTA-TE



«A narrativa de Lucas espelha na figura dos intervenientes no episódio de Naim o reflexo de tantas situações da humanidade: Viúvas de maridos vivos, jovens na flor da idade em cortejos de morte lenta, gente perdida na cidade e indiferente ao que vai acontecendo, multidões compadecidas e solidárias que se mantêm na expectativa de que algo pode acontecer.»

Georgino Rocha

sábado, 4 de maio de 2013

Religião

O bispo R. Williams enfrenta o ateu R. Dawkins
Anselmo Borges


Anselmo Borges



1-Não tem faltado aqui, nestas crónicas, a denúncia das patologias da religião. Como ser insensível ao sofrimento das vítimas da pedofilia do clero? Vítimas de escrúpulos, vítimas da humilhação intelectual, vítimas da intolerância religiosa, de um deus mesquinho e escravizador... O historiador católico Jean Delumeau escreveu: "As minhas investigações convenceram-me de que a imagem do Deus castigador e vingativo foi um factor decisivo para uma descristianização cujas raízes são antigas e poderosas".

Parece que, enquanto pôde, o clero controlou a vida sexual dos fiéis, a ponto de outro historiador, Guy Bechtel, afirmar que a fractura entre a Igreja católica e o mundo moderno se deu na teoria do sexo e do amor, com uma confissão inquisitorial centrada na actividade sexual.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Entre a Ciência e a Religião não há conflito


Ciência e religião: 
um desafio, não um conflito 

Anselmo Borges

Ele sabe do que fala. É o jesuíta George Coyne, director emérito do Observatório do Vaticano, onde desempenhou um papel relevante no quadro das relações entre conhecimento científico e religião, dialogando com alguns dos mais prestigiados cien-tistas contemporâneos: Stephen Hawking e Richard Dawkins, entre outros. 

Numa entrevista à US Catholic, defende precisamente que, mesmo que a Igreja nem sempre tenha sido dessa opinião, entre a ciência e a religião não há conflito, mas um desafio, ajudando ambas, desde que se trate da verdadeira fé religiosa e da verdadeira ciência, a compreender um universo dinâmico e criativo.

O universo é "um desafio incrível". Em primeiro lugar, lida-se com números avassaladores: o universo tem 13 700 milhões de anos - mil milhões é um seguido de nove zeros - e o número de estrelas existentes, nos cem mil milhões de galáxias, é um seguido de 22 zeros.