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sábado, 15 de dezembro de 2012

Repartir é a palavra de ordem



QUE DEVEMOS FAZER?
Georgino Rocha

Pergunta simples que manifesta a vontade da coerência de atitudes com a descoberta da verdade. Pergunta feita, não individualmente mas em conjunto, por multidões, publicanos e soldados que se dirigem a João Baptista. Pergunta que desvenda a eficácia do anúncio da Boa Nova, a força do testemunho de João e a acutilância da sua palavra.
A resposta, segundo narra Lucas, sai pronta e assertiva: repartam os bens, pratiquem a justiça, amem e promovam a paz. Ontem, como hoje. Àqueles que a ouvem nas categorias apresentadas segundo a organização social de então ou em linguagem mais do nosso tempo: os homens da violência e da guerra, os profissionais da máquina administrativa e da fiscalização legal, os reguladores dos circuitos comerciais e respectivos produtos. 

sábado, 17 de novembro de 2012

APRENDEI A LIÇÃO DA FIGUEIRA

Georgino Rocha

A figueira constitui o recurso pedagógico a que Jesus “lança a mão” nos seus ensinamentos sobre o que irá acontecer no final dos tempos. Os discípulos estão habituados a observar o que acontece com ela nas várias estações do ano. Sabem que é a última árvore a desabrochar os rebentos nos ramos e a cobrir-se de folhas, deixando a letargia da hibernação e abrindo-se às novas aragens dos começos do Verão. E sabem também que só depois virão os figos apreciados e saborosos. Antes, porém, passa por fases de total despojamento, fustigada pelas forças agressivas e devastadoras de vendavais e chuvas intensas. Paciente, o agricultor observa os sinais da evolução do ritmo normal da vida “congelada” e, confiante, aguarda a hora promissora da nova estação.

Um padre polémico

Anselmo Borges
No DN

1 As únicas relíquias que Jesus deixou são comunidades cristãs vivas. Não há outras. E comunidades cristãs vivas assentam em três pilares fundamentais, que se co-implicam.
O primeiro tem a ver com a fé, a entrega confiada ao Deus de Jesus, que se revelou como amor: "Deus é amor", escreveu São João. Esta fé tem de ser esclarecida, segundo o princípio "crer para entender, e entender para crer".
Outro pilar diz respeito à caridade e à justiça. Os discípulos agiam de acordo com o que Jesus tinha vivido e feito, de tal modo que os pagãos diziam: "Vede como eles se amam."
O terceiro diz que a vida cristã segundo a fé e o amor deve ser celebrada em liturgias belas. Não se trata, pois, da prática ritual vazia, mas de celebrar, na fraternidade e na beleza e fazendo memória de Jesus na sua vida, morte e ressurreição, o que se vive no quotidiano da existência. Na celebração, é a vida toda que está presente, e sai--se de lá com nova luz e ânimo para a vida toda e esperança para lá da morte.

sábado, 10 de novembro de 2012

Só a coerência humaniza

SENTADO A OBSERVAR
Georgino Rocha

“Em frente à arca do tesouro” é o local escolhido por Jesus para observar as atitudes dos que se aproximavam para fazer a sua oferta. Sentado é a posição normal do corpo que, nestas circunstâncias, adquire um simbolismo cheio de riqueza humana: escuta atenta, acolhimento solícito, reflexão profunda, discernimento lúcido, sabedoria interiorizada, autoridade moral, transmissão da mensagem assimilada. A ilustrar este simbolismo, que pode facilmente ser ampliado, estão os episódios de Jesus no monte das bem-aventuranças, de Maria ao ouvir os magos e os pastores em Belém, de certas parábolas dos Evangelhos, de Abraão junto ao carvalho de Mambré, e tantos outros.

sábado, 27 de outubro de 2012

Da nossa vida podemos fazer uma obra de arte ou um desastre

Luto(s). Por quem os sinos dobram

ANSELMO BORGES

Várias vezes me perguntaram por que é que não escrevia algo sobre o(s) luto(s). Aí fica então a tentativa (hoje e no próximo sábado) de satisfazer esses pedidos. E faço-o nesta ocasião, porque, num tempo em que a morte se tornou tabu - o último tabu -, as nossas sociedades permitem que os mortos nos visitem nestes dias, concretamente 1 e 2 de Novembro.
O dia 1 será este ano feriado nacional pela última vez. Permita-se-me, neste contexto, que manifeste a minha total discordância pelo facto de, na negociação do fim de dois feriados religiosos, a Santa Sé - o Vaticano, na linguagem corrente - ter optado por cortar o dia de Todos os Santos em vez do dia 15 de Agosto, Assunção de Nossa Senhora. Afinal, já havia uma festa dedicada a Nossa Senhora, a Imaculada Conceição, no dia 8 de Dezembro. E os dias 1 e 2 de Novembro são mais universais, pois são os dias da Memória e da Interrogação.

sábado, 29 de setembro de 2012

Escolher a Vida

Por Georgino Rocha


A escolha da vida é a opção certa. Se um membro do corpo humano constitui ameaça séria à vida, tem de ser amputado; de contrário, os riscos de morte podem ser iminentes. A sabedoria popular e as ciências médicas confirmam este modo de proceder: salvar a vida, ainda que se percam bens muito valiosos e apreciados.
Jesus quer transmitir aos discípulos a importância de saber escolher o melhor. E para que entendam bem o alcance do seu ensinamento, recorre a imagens fortes, expressivas e hiperbólicas. A mão, o pé, o olho são partes do corpo humano com um grande valor simbólico: o desejo incontrolado de domínio e poder, de ambição e cobiça, de sedução e posse. Quem não se liberta do “cerco” em que se encontra aprisionado por eles, fica impedido de descobrir a novidade que Jesus anuncia e de entrar na sua comunidade. E constitui também um mau exemplo para os outros, sobretudo os “pequeninos”, os que não têm consistência nas convicções, os pouco esclarecidos na fé.

sábado, 16 de junho de 2012

Um homem livre pode crer em Deus?

Por Anselmo Borges,

 no DN



«Deus é uma questão livre. Porquê? Deus não é objecto de demonstração científica e, portanto, não sendo possível demonstrar a sua existência, fica entregue à liberdade. Se se pudesse demonstrar a sua existência, não se estaria no plano da fé, do crer, mas do saber. Uma vez que Deus não é demonstrável, é possível acreditar ou não acreditar. Como dizem aliás as próprias palavras crença, que vem de credere, crer, crédito, dar crédito, e fides, fé, confiança, ter confiança.»

sábado, 5 de maio de 2012

Ética de mínimos e ética de máximos

Por Anselmo Borges, 

no DN

Adela Cortina

Para lá da síntese que aqui apresentei, na semana passada, do estudo sobre "Identidades Religiosas em Portugal: Representações, Valores e Práticas - 2011", da Universidade Católica, há outros dados significativos sobre os quais é importante reflectir.
Apesar da descida de 7,4% nos últimos 12 anos, 79,5% da população continua a afirmar-se católica em Portugal (quatro em cada cinco portugueses). Quanto à prática religiosa, 31,7% dizem que vão à missa pelo menos uma vez por semana. Somando os 14% que dizem ir pelo menos uma ou duas vezes por mês, o total perfaz 45,7%. Esta percentagem, por razões que a sociologia explica, deve ser exagerada. Seja como for, quase metade dos católicos considera-se não praticante (43,9%).
Quanto às práticas orantes, a sondagem mostra que, juntando os que dizem rezar todos os dias e os que rezam algumas vezes na semana, obtemos o total de 59,7%.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

VENCER A TENTAÇÃO

Uma reflexão de Georgino Rocha



É impressionante o que acontece a Jesus, após o baptismo. Imediatamente, se dirige ao deserto. Sem prestar contas a ninguém. Fá-lo “empurrado” pelo Espírito Santo. Abdica dos laços familiares de sangue. Fica entregue a si mesmo e à novidade que vai surgir.
É esclarecedor e provocante o motivo que o leva ao deserto: ser tentado por Satanás, a figuração por excelência das forças do mal. A tentação assalta-o ao longo de quarentas dias, o tempo da sua estadia entre animais selvagens. Marcos, o autor da narrativa não diz mais. Mas, não é difícil – como aliás fazem Mateus e Lucas – ir mais longe e ser mais pormenorizado.

O deserto e a tentação surgem como metáforas da realidade humana. Hoje, revestem as formas da nossa situação histórica e social, da nossa cultura fragmentada e subjectivista, da nossa economia precária e subjugada, da nossa religião predominantemente pendente do gosto do “cliente” e das tradições.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Uma em cada três pessoas no mundo é cristã


JESUS NÃO ERA CRISTÃO? 
Anselmo Borges 

Uma "notícia", proclamada alto e bom som na televisão e nos media em geral: "Jesus não era cristão." O seu arauto: José Rodrigues dos Santos. 
Afinal, em que ficamos: Jesus era cristão ou não? Se por cristão entendermos um discípulo de Jesus Cristo, então Jesus não era cristão, pois ele não foi discípulo de si mesmo. Se entendermos por cristão aquele movimento histórico que chegou até nós com esse nome e que tem na sua base a fé em Jesus, o Cristo, então Jesus era cristão, na medida em que a sua pessoa e o que ele anunciou e fez constituem o fundamento do cristianismo. Foi em Antioquia, que, pelo ano 48, pela primeira vez, os discípulos receberam o nome de cristãos, como pode ler-se nos Actos dos Apóstolos. 
Infelizmente, entre nós, o saber sobre a religião e as religiões é primário. A razão está em que o estudo do fenómeno religioso tem estado ausente da Universidade. Depois, há alguma má vontade, por vezes justificada, contra a Igreja, e esta não se tem esforçado suficientemente para esclarecer os cristãos e as pessoas em geral.

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Alguns católicos vivem fora de um tempo plural


Escândalo de alguns 
"católicos atentos na fé"
António Marcelino

A caixa de correio electrónico enche-se, repetidamente, de um manifesto anónimo de alguns católicos que se dizem ”atentos na fé”, falam de um laicismo entranhado na Igreja e atacam o clero pela sua infidelidade a Deus ao admitirem que alguns dias santificados, que também são feriados nacionais, possam agora deixar de o ser.
E dizem, reportando-se à Mãe de Deus, que Jesus revelou, não sabemos a quem, nem quando, estas palavras: “Quem Me adora, terá de adorar a minha excelsa Mãe e quem adora a minha excelsa Mãe, a Mim adora”… Falam ainda de “promoção de Deus e despromoção de Deus” e “denunciam o comportamento laico do clero, manifestado no desvelo e instruções banalizadas com que defendem as causas de Deus, as únicas que eles devem defender”. Tudo por causa do feriado de Nossa Senhora da Assunção, que o do Corpo de Deus parece merecer menos atenção.

sábado, 10 de dezembro de 2011

A Igreja tem de regressar ao Evangelho

Hans Küng

A IGREJA: OBSTÁCULO PARA A FÉ? 
Anselmo Borges 

O título em forma interrogativa desta crónica foi sugerido por uma afirmação cuja autoria não pertence a nenhum teólogo perigoso, mas ao próprio Papa Bento XVI, quando era simplesmente Joseph Ratzinger: "Hoje, a Igreja converteu-se para muitos no principal obstáculo para a fé." Afinal, apenas uma constatação. É verdade que, sem a Igreja, como se teria ouvido falar de Jesus e do Deus de Jesus? Mas, por outro lado, lá está o teólogo J. I. González-Faus a dizer que a Cúria é responsável por mais ateus do que Marx, Nietzsche e Freud juntos. 
Já aqui apresentei as ideias fundamentais da mais recente obra de Hans Küng: Ist die Kirche noch zu retten? (A Igreja ainda tem salvação?). Retomo a questão, partindo de uma entrevista sua à SWR2, a propósito do livro. 
A quem o acusa de ressentimento responde: "Não. Julgo que continuo a ser capaz de falar muito bem com o Papa pessoalmente. Continuamos a manter correspondência e ele sabe que a minha preocupação é simplesmente a Igreja, mas que tenho uma concepção diametralmente oposta à sua no que se refere ao caminho a seguir. Interessa-me ressaltar que não chegámos a esta situação através do Papa Ratzinger, mas como evolução a partir do século XI." Aliás, enviou o livro a todos os bispos alemães, e as reacções foram "cordiais", e também a Bento XVI, com "uma carta cortês", na qual expunha como a sua intenção é ajudar a Igreja. E Ratzinger, num "gesto positivo", fez-lhe chegar o seu agradecimento.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

BENTO XVI proclama Ano da Fé





Anúncio foi feito perante cerca de oito mil responsáveis e leigos na homília da missa celebrada hoje na basílica de São Pedro. O Ano da Fé assinala quinquagésimo aniversário da abertura do Concílio ecuménico Vaticano II.
Ler aqui

sábado, 1 de outubro de 2011

Bento XVI:«... não há nada a dizer quando a manifestação se exprime de modo civilizado»



O Papa alemão na Alemanha
Anselmo Borges

A relação com a religião na Alemanha é diferente. Por exemplo, nas universidades públicas, há Faculdades de Teologia (católica e protestante), com o mesmo estatuto das outras faculdades, e é natural a religião e o seu debate estarem no espaço público.
Percebe-se, assim, por exemplo, o apelo de Angela Merkel à união dos cristãos frente ao abandono da religião: "A religião é a base sobre a qual eu e muitos outros contemporâneos contemplamos a dignidade sagrada do ser humano. Vemo-nos como a criação de Deus, e isso guia as nossas acções políticas." A visita do Papa fará lembrar as raízes cristãs da Alemanha e da Europa. E, filha de um pastor protestante, rezou e cantou na missa celebrada pelo Papa em Berlim.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

A CLASSE MÉDIA

Um artigo de António Rego


(...) mais que um enfraquecimento económico, foi debilidade de alma com dependência viciosa da banalidade, mau gosto, futilidade de vida e perda de valores humanos e patrimoniais.
E cada vez mais se vão vendo e ouvindo notícias, debates, declarações, sentenças avulsas, sobre uma crise que desaba sobre todos, e onde todos parecem querer fugir na hora de assumir gestos concretos para a solução. Os verdadeiramente pobres já não sabem que dizer e fazer. Os chamados ricos não sentem alteração apreciável. Tal como está a impatrialidade do dinheiro, facilmente se arranja um colchão anónimo em qualquer recanto do planeta e aí se faz descansar em paz os milhões, escapando ao mais rigoroso sistema fiscalizante. Assim ignoram a crise dos outros aquietando a consciência com doações ou fundações que pouco remendam os andrajos ou saram as feridas. A crise, mais cedo ou mais tarde, vai passar e tudo continuará como dantes.

domingo, 4 de setembro de 2011

Uma reflexão para este domingo




O PERDÃO DAS OFENSAS, 
ATITUDE SUBLIME
Georgino Rocha

O agir humano é o nosso espelho mais polido, reflectindo capacidades e limitações. Sobretudo na relação com os outros, fora da qual perde vigor e acaba por se esvaziar a humanidade que nos qualifica. Surge então a desconsideração do outro como pessoa, em gestos e palavras, que traduzem sentimentos negativos, de distanciamento, de crítica amarga e ostensiva, de ofensa infundada.
Como refazer a relação de modo integral? Só a resposta positiva, ainda que penosa, nos repõe a dignidade ferida, supera o fosso aberto, vence as distâncias criadas. Outras atitudes mantêm e podem agudizar o sentimento negativo e ser tolerante passivo, agravar a emoção sentida e alimentada, pagar na mesma “moeda”, retaliar com vingança, excluir o indesejado do círculo de relações, deixar “cair os braços” e esperar que uma crosta se imponha e gere a indiferença. Ou pura e simplesmente, recorrer ao tribunal civil que, apesar da sua nobre função, não resolve questões de consciência.

sábado, 3 de setembro de 2011

O homem religioso faz a experiência do Sagrado



Que se entende por religião?
Anselmo Borges

Quando se fala em religião em sentido estrito, é necessário começar por distinguir um duplo pólo: a religião refere-se ao pólo subjectivo, isto é, ao movimento de transcendimento e entrega confiada a uma realidade sagrada, que é o pólo objectivo - o Sagrado ou Mistério. O religioso diferencia-se, pois, do profano, já que indica o modo concreto e peculiar de assumir a existência na perspectiva do Sagrado. Todas as religiões têm em comum o facto de estarem referidas a um âmbito de realidade que é o Sagrado, e são um sistema organizado de mediações - crenças, práticas, símbolos, lugares... - nas quais o Homem religioso exprime o seu reconhecimento, adoração, entrega à Transcendência enquanto fonte de sentido e salvação.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

A Igreja continuará sempre necessitada de purificação



Livres ou facciosos e intolerantes? 

António Marcelino 


Compreende-se que alguns acontecimentos da Igreja, e a própria Igreja, em si mesma, provoquem incómodos aos laicos ateus e a às instituições que andam por esses caminhos. Quem quiser viver como cidadão livre num país democrático tem de fazer um esforço pessoal que lhe permita uma coabitação respeitadora e pacífica, incompatível com facciosismos e intolerâncias. Trata-se de uma exigência de bom senso e de lucidez, que o agir de alguns contraria a cada passo. 
Fátima incomoda, as jornadas mundiais de juventude incomodam, as centenas de jovens voluntários que dão as suas férias à promoção de países com reduzidos meios de desenvolvimento incomodam, as instituições privadas de solidariedade social, que se desdobram, gratuitamente, na ajuda aos mais carenciados incomodam, a coragem do Papa ao denunciar os malefícios do relativismo intelectual e moral e ao apontar aos jovens caminhos de libertação interior incomoda… Mas tudo isto, porquê?