terça-feira, 19 de maio de 2009

Universitários italianos conhecem a gastronomia regional na visita a Ílhavo

Após a visita às regiões do Minho, Trás-os-Montes e Douro, alunos da Universidade de Ciências Gastronómicas de Pollenzo, Itália, estiveram na região, em visita de estudo, com o patrocínio da Slow Food Internacional, com sede em Bra, Itália, e que tem mais de 90 000 associados espalhados pelo mundo. Esta universidade recebe alunos de diversos países e neste grupo estiveram jovens do Japão, Áustria, Quénia, Equador, Suíça e Itália. Esta foi a quinta vez que alunos daquela universidade visitaram Ílhavo, tendo estado no Museu Marítimo (instituição que, em 2006, recebeu, da Universidade Italiana, o título de “Sede Didáctica”), onde foram recebidos por dois funcionários do Museu e por uma delegação da Confraria Gastronómica do Bacalhau, com quem confraternizaram durante o dia, tendo-lhes sido oferecido, no bar Bela Ria, na Gafanha d’Aquém, um almoço da responsabilidade do cozinheiro Jorge Pinhão, que os brindou com bolos de bacalhau, carinhas fritas, pataniscas e Bacalhau à Confraria. Seguiu-se uma visita às instalações da empresa de pesca António Ribau, na Gafanha da Nazaré, onde os jovens Italianos puderam apreciar as diversas transformações por que passa o bacalhau, desde o desembarque dos navios para a seca até à distribuição. O navio Santo André e o Jardim Oudinot foram outros locais da visita, terminando o dia em Aveiro onde estiveram nas salinas e na Apoma (ovos moles), antes de seguirem viagem para a região da Bairrada. Carlos Duarte

PORTO DE AVEIRO: Comboios já operam na plataforma de Cacia

O Pólo de Cacia da Plataforma Logística Portuária de Aveiro recebeu ontem o primeiro comboio, tendo sido descarregados 34 contentores com destino ao Porto de Aveiro, para posterior exportação por via marítima. A CIMPOR (cliente) e a TAKARGO (operadora ferroviária), inscrevem assim o seu nome na história da ligação ferroviária da Linha do Norte ao Porto de Aveiro. Para as próximas semanas está prevista a operação de um comboio por dia. Representando um investimento público de 12 milhões de euros, a Plataforma Logística Portuária de Cacia visa assegurar o encaminhamento eficiente das mercadorias com origem e destino no porto de Aveiro, assim como contribuir para um alargamento do seu hinterland natural até à região de Castela e Leão.Tem uma área total de nove hectares, sendo seis destinados à fixação de actividades logísticas e à realização de operações ferroviárias de carga/descarga.
Fonte: Porto de Aveiro
Foto: RP/APA

Férias para mães de pessoas com deficiência

Santuário de Fátima retoma
pelo quarto ano esta iniciativa
Em Agosto e agora também em Setembro, pelo quarto ano consecutivo, o Santuário de Fátima, através do Serviço de Doentes (SEDO) e com apoio do Movimento da Mensagem de Fátima (MMF), proporcionará férias para mães de pessoas com deficiência que cuidam dos seus filhos em casa. Nesta iniciativa solidária, o Santuário cuida dos filhos deixados ao seu cuidado para que as mães possam ter um momento de descanso. As inscrições estão abertas, até 30 de Junho.
A actividade desenvolver-se-á em três períodos com a duração de uma semana. No primeiro poderão participar deficientes com idades compreendidas entre os 7 e os 20 anos. Na segunda e terceira semanas aqueles que têm entre 21 e 40 anos de idade.

Santa Teresa de Calcutá

Santa Com três riscas de azul em alvo manto, Face materna em figura minguada É assim que será sempre lembrada Aquela a quem o mundo deve tanto. Vidas famintas viram que era santo O pão, o gesto, a fala segregada, Matando a fome ou guiando essa jornada Para o mundo em que não existe o pranto. Mais alto que a voz gritam os exemplos, Mesmo por terra os homens valem templos E a caridade é mais do que se dá. Nesses humanos templos se vergou E por tudo o que não demos rezou Santa Madre Teresa de Calcutá! Domingos Cardoso

segunda-feira, 18 de maio de 2009

PROJECTO “TORGA EM SMS” DESENVOLVIDO NO INSTITUTO SUPERIOR MIGUEL TORGA

“DIÁRIO XII”, de Miguel Torga,
em versão integral para telemóvel ou Messenger
São 27.882 palavras, 114.796 caracteres que pretendem provocar a discussão em torno do futuro da Língua Portuguesa, numa época em que os jovens escrevem cada vez mais, mas talvez estejam a escrever cada vez pior
O “Diário XII”, de Miguel Torga, foi integralmente convertido para “linguagem SMS”. A “proeza” tem a autoria de duas alunas da Licenciatura em Comunicação Social do Instituto Superior Miguel Torga (ISMT), de Coimbra. Micaela Andreia Neves e Márcia Arzileiro, entretanto já licenciadas, não chegaram a converter a totalidade da obra, tendo a parte sobrante sido entregue a duas jovens de 14 anos, Mariana Alves e Laura Sobral, ao tempo frequentando o 8.º ano da Escola EB 2 3 Eugénio de Castro.
A conversão foi efectuada da 3.ª edição revista do Diário XII, composto e impresso nas oficinas da Gráfica de Coimbra em Julho de 1986. O Diário XII, com 204 páginas, inclui 251 entradas, de 17 de Maio de 1973 a 22 de Junho de 1977. 46 dessas entradas são constituídas por poemas.A versão em sms compreende 27.882 palavras, 114.796 caracteres (sem espaços), encontrando-se disponível, na íntegra, em http://diarioxii.blogspot.com/
Ao blog continente da versão integral do “Diário XII” em “linguagem SMS”, juntam-se outros três. Em http://torgaemsms.blogspot.com/ disponibilizam-se dezenas de notícias sobre o tema, do mixuguês à taquigrafia, dos etnolets às palavras em vias de extinção.
Por seu turno, o blog “Sítios” (http://mapastorga.blogspot.com/) georeferencia o itinerário do escritor na edição XII do seu “Diário”. São ao todo 62 mapas e fotos, publicação com recurso ao “Google Maps”. Por último, referência para o blog “TORGA EM SMS – OPINIÕES QUE CONTAM” (http://torgaemsms2.blogspot.com/).
A coordenação do projecto solicitou a vários especialistas opinião sobre a iniciativa, pedindo-lhes também que se pronunciem sobre os desafios que se colocam à Língua Portuguesa, tendo por base a generalização da "linguagem SMS" entre os jovens.
Fonte: Informações prestadas por Dinis Alves

5.ª Jornada da Pastoral da Cultura: «Elogio à liberdade»

Em Fátima, 5 de Junho
No grande debate teológico – e por maior razão! – cultural que São Paulo travou com os Gálatas, a liberdade emerge como chave da existência cristã: «Foi para a liberdade que Cristo nos libertou» (Gal 5,1)! O cristianismo das origens viveu de forma apaixonada essa reivindicação. Face às limitações que os particularismos de vária índole ditavam (fossem eles étnicos, sociais, económicos, religiosos...), o anúncio cristão expressa-se como uma inconformada aspiração de liberdade. Os textos do Novo Testamento são também um elogio à liberdade de pensamento e de palavra. O cristianismo começou inclusive por ser um delito de opinião, que custou aos seus protagonistas a prisão e a morte. Mas o “delito cristão” não cessou de ser, como sabemos, um extraordinário impulso para a libertação do Homem e da História. Na atenção que a Igreja dedica à Cultura (ela sabe que aí, de forma prática, se joga a construção do humano) pretende-se afirmar a liberdade como valor inegociável, mas necessariamente articulado com a Verdade, o Bem e a Beleza. Temos de perguntar: “que liberdade é que buscámos e vivemos?”; ou então: “para que serve, para que tem servido a nossa liberdade?”. A cem anos da Implantação da República (importante efeméride a que a Igreja se associa), reflectir sobre Portugal é olhar para a liberdade e averiguar o seu grau de pureza.

Dia Internacional dos Museus

Celebra-se hoje o Dia Internacional dos Museus. Por todo o País, vamos ter actividades sem conta, todas voltadas para as fontes de cultura que são os espaços museológicos. Quando se fala de museus, logo os associamos a coisas do passado, fora de uso. Mas não será assim, se quisermos. Podemos olhar para os museus como espaços de reencontro com as nossas raízes. Neles, se lá formos, há em permanentes exposições motivos para nos sintonizarmos com a nossa cultura ou com culturas de outros povos, a que podemos estar ligados, directa ou indirectamente. Os museus dos nossos dias, quando bem orientados, não são espaços estáticos, mortos, frios. São, isso sim, espaços vivos, dinâmicos, em constante actualização, com funções pedagógicas e culturais, fazendo uma excelente ligação entre o passado e o presente e projectando-nos para um futuro mais consistente, enquanto mantêm em nós os princípios essenciais das nossas raízes. Hoje, apesar de segunda-feira, os Museus Portugueses estão de portas escancaradas, para gratuitamente nos mostrarem as suas riquezas. Entremos, amigos, em qualquer um. Celebremos, assim, o Dia Internacional dos Museus. Fernando Martins

domingo, 17 de maio de 2009

Dia da Marinha celebrado em Aveiro

O Dia da Marinha está a ser celebrado em terras aveirenses, em homenagem aos 250 anos da elevação de Aveiro a cidade. Até ao dia 24 de Maio há uma oferta diversificada de eventos, desde exposições a desfile naval, este no canal da Barra. No dia 24, pelas 9.30 horas, na Igreja da Santa Casa da Misericórdia, será celebrada uma eucaristia em sufrágio dos militares, militarizados e civis da Marinha falecidos. Às 11 horas, junto ao Centro Cultural de Congressos, terá lugar uma cerimónia militar e às 15 uma demonstração naval, na Praia da Barra. Logo a seguir, e para finalizar, será a vez do desfile. Navios a Visitar: Navio-Escola “Sagres” Submarino “Barracuda” Lanchas de Fiscalização “Centauro” e “Pégaso” Patrulha “Cacine” Fragatas “Álvares Cabral” e “Bartolomeu Dias” Navio Reabastecedor “Bérrio” Corveta “Baptista de Andrade” Lancha de Desembarque “Bacamarte” Lancha Hidrográfica “Andrómeda”

Bento XVI deixa mensagem por ocasião dos 50 anos do Cristo Rei

Papa apela a um «Portugal melhor"
Bento XVI deixou este Domingo uma “súplica” ao Cristo Rei por “um Portugal melhor”, assinalando os 50 anos da inauguração do monumento, em Almada. O Papa, que falava depois da recitação da oração mariana do Regina Coeli, na Praça de São Pedro pediu que o nosso país seja “fiel na fé católica, fértil na santidade, próspero na economia, justo na partilha da riqueza, fraterno no desenvolvimento, alegre no serviço público”. “Quero saudar os cristãos de Portugal que neste dia se reúnem com todo o Episcopado para celebrar - sob a presidência do meu Enviado Especial, o Cardeal Dom José Saraiva Martins - o cinquentenário da inauguração do Santuário de Cristo Rei em Almada, na diocese de Setúbal”, disse, no Vaticano. Para Bento XVI, “lá erguido bem alto, bem visível, o Redentor divino com o coração e os braços abertos é oferta de paz à humanidade”. “Bem o sabe o povo português que, há cinquenta anos, se uniu para levantar aquele memorial da paz, por graça recebida em atenção à sua consagração ao Imaculado Coração de Maria”, acrescentou. Em conclusão, o Papa exortou “a perseverar na referida consagração à Virgem Mãe, que arrasta os corações, como ninguém mais sabe fazer, e lança-os nos braços da misericórdia do Senhor”. Bento XVI abordou, neste encontro com os peregrinos, a sua recente viagem à Terra Santa e a situação no Sri Lanka.

Avião "pousado" na Universidade de Aveiro

Espectacular fotografia de avião "pousado" na Universidade de Aveiro. Enviada, gentilmente, pelo João Marçal.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 131

BACALHAU EM DATAS - 21


TOCA A MARCHAR!...

Caríssimo/a:

Seja-me permitido interromper a cronologia; curta pausa para recordações gratas e saudações um pouco desajeitadas a uns senhores que por estas águas têm navegado e, a propósito, trazer para junto de nós a nossa Aveiro e o caro Timoneiro. Estive para recortar o texto, mas ficaria como batatas sem sal!
Então no Timoneiro, de Setembro/90, na série dedicada a «ETNOGRAFIA & COOPERAÇAO» podemos ler:

 «TOCA A MARCHAR 

Conforme ficou prometido, continuamos neste número a republicar letras de marchas sanjoaninas da Gafanha da Nazaré. Desta feita, calha a vez a Cale da Vila. Parece o nome derivar do lugar estar situado junto a uma cale ou caminho de água, canal fundo, esteiro, que conduzia à vila, talvez a vila de Aveiro, elevada a cidade em 1759, no tempo do Marquês de Pombal, o que faz remontar as origens da Cale da Vila pelo menos no nome· a antes da segunda metade do século XVIII. São referidas habitações sazonais, isto é precárias ou apenas existentes em períodos de trabalho, como as fainas da recolha do sal ou da pesca de companha, desde o tempo de D. Dinis, havendo documento de seu filho Afonso IV, o do reconhecimento das Canárias, que refere construção de barcas, barinéis ou caravelas para a pesca e comércio. 
Também se sabe da importância de Aveiro e decerto das suas redondezas gafanhosas, mesmo "avant la lettre», resultantes da primeva exploração da TERRA NOVA DOS BACALHAOS, que se seguiu a descoberta dessa costa do nordeste americano. Mas o que já é menos discutível e confirmado por documentos e testemunhos de vivos de provecta idade é, por exemplo, a construção do navio ADÍLIA nos terrenos marginais da Cale da Vila pelo pai do celebrado Mestre Mónica, em 1890. 
Claro que nunca será demais realçar o facto de ser na Cale da Vila que existiram as primeiras indústrias, mesmo que algo artesanais, como era possível e costume na época, sobrelevando a todas a indústria da secagem de peixe, as famosas secas do bacalhau, bem como a construção de barcos de madeira do também famoso Estaleiro Mónica. 
O que já não será muito conhecido pela grande maioria dos leitores são alguns dos seguintes curiosos eventos: se na Cambeia havia um moinho de vento - o do Conde - para moer o milho dos lavradores, o que é certo é que Mestre Mónica também tinha nos seus estaleiros uma grande moagem, em que aproveitava a força motriz dos mesmos motores que ajeitavam a madeira para os seus lugres. Deve ser conhecido de alguns o facto de haver um senhor Chico que foi durante a sua vida o chefe da dita moagem, como prova de reconhecimento e pedido de desculpas do patrão. 
Também na Cale da Vila, depois do Casqueirita, nasce o teatro, o cinema mudo, depois o sonoro, algumas cegadas do senhor José Melro e de Júlio d'Aveiro, este um, autêntico poeta popular. É, aliás, de sua autoria a bonita letra da marcha hoje divulgada. E de recordar ainda uma certa vaidade, ou natural ou devida ao desenvolvimento económico,que muitos dos mais velhos recordam em relação aos do lugar de que estamos a falar. Parece que a Cale da Vila era a Gafanha por antonomásia, sendo os outros lugares da Gafanha simplesmente a Nazaré. 
Outros informadores têm-me dito que a Cale da Vila era mesmo a Cale da Vila e do resto pouco se falava, metendo-se todos os outros lugares no mesmo saco. O que é verdade é que aquando da elevação desta nossa Gafanha total à categoria de vila, em 1969, teria havido polémica sobre o que é que deveria ser vila e o que não, mas tudo se resolvera a contento de todos, podendo afirmar-se que mesmo autarcas desta freguesia que poderiam puxar a brasa à sardinha da VILA apenas na Cale ... lutaram para que a Gafanha da Nazaré fosse por inteiro considerada mais importante que aldeia.
Um dos vereadores da Gafanha que lutaram ao lado da Junta a favor desta solução era habitante desse importante lugar. Mas lutou por todos. Um outro do mesmo recanto chegou a fazer a oferta de 500 contos - ao tempo uma pequena fortuna ­ para a grande festa do acontecimento (pois tudo foi organizado) mas parece que a ordem de se fazer essa festa está ainda por chegar. Resta desejar a todos os daquele lugar da Gafanha as maiores felicidades e a continuação de grandes venturas na aventura do progresso económico. Mas não só. 
Para que o homem não «viva só de pão», mas se alimente também de outros valores é que publicamos estas marchas populares. A letra foi, como dissemos, feita por Júlio de Aveiro, sendo a música da autoria do senhor Dionísio Marta, tão de todos conhecido. Trata-se do ano .. folclórico de 1967. 
I S. Pedro S. João, lá das alturas Venham ver a Cale da Vila saltitar Esqueçam, como nós as amarguras Da nossa marcha venham partilhar A festa, só p'ra vós foi preparada Reparem como é bela a tradição Fogueiras e balões, festa animada Em honra de S. Pedro e S. João ESTRIBILHO Tudo cintila Com luz e cor A Cale da Vila, mostra todo o seu valor Com todo o ardor Só mais pedia PAZ E AMOR para a sua freguesia 
II As secas com o seu esplendor A Cale da Vila tem ao seu abrigo Onde os raios de sol, com o seu calor Preparam para nós FIEL AMIGO Se vissem, ó S. Pedro e S. João O quanto é bela a nossa marginal Veriam como aqui se ganha o pão Honrando o nosso querido Portugal! ESTRIBILHO Tudo cintila, etc. etc. 
III Fazem.-se os navios nos estaleiros Traineiras, Arrastões, sua beleza São nossos, muito nossos seus obreiros Orgulho desta faina Portuguesa S. Pedro, S. João abençoai O povo desta aldeia tão modesta Que sabe trabalhar, mas hoje vai Trazer a freguesia toda em festa ESTRIBILHO Tudo cintila etc. OLlVEIROS LOURO e MARCOS CIRINO» 

Aqui fica a minha homenagem e o meu abraço

Manuel

sábado, 16 de maio de 2009

Pintura a óleo na Galeria do Artesanato

Na Galeria do Artesanato, junto ao Café Calisto, na Gafanha da Nazaré, vai realizar-se um workshop de pintura a óleo, nos dias 13 e 14 de Junho, com a colaboração do pintor Levi Reis. A iniciativa é de Helena Ferreira, que participou, há tempos, numa experiência semelhante, de que gostou imenso. De tal forma, que decidiu avançar agora com esta oferta a todos os que gostam de artes decorativas, de colaboração com Madalena Ferreira, da Galeria do Artesanato, com quem mantém uma parceria saudável. 
O workshop vai funcionar com um mínimo de oito pessoas, pelo que os interessados devem inscrever-se quanto antes, na Avenida José Estêvão, n.º 243, Gafanha da Nazaré. 

CUFC - SOCIEDADE E DIREITOS HUMANOS

20 Maio, quarta-feira, 21 horas

Pessoas, problemáticas e respostas

Painel sobre Retrato de Problemáticas Sociais Moderação:Padre João Gonçalves, coordenador da Pastoral Social Diocesana e coordenador nacional da Pastoral das Prisões Intervenções: Belmiro Couto – Ceia com Calor: apoio aos sem-abrigo, das Florinhas do Vouga; Lyudmila Bila – Associação de Apoio ao Imigrante; Hélder Santos – Unidade de Desenvolvimento Social da Segurança Social Aveiro Organização: CUFC, Cáritas Diocesana de Aveiro e PANGEA ong

Crónica de um Professor...

Sentido de humor
Era uma aula de 90 minutos, uma óptima oportunidade de se fazer uma boa preparação para o teste próximo. Tinha planificado as actividades, minuciosamente, com o objectivo de uma boa “refrescadela” da matéria leccionada. Os trabalhos foram decorrendo com a espontaneidade e a irreverência próprias desta faixa etária - dez aninhos frescos e hiperactivos! A teacher rejubilava, quando por artes mágicas (!?) conseguia “ouvir” o silêncio... passe o paradoxo... É uma realidade que sabe a música, especialmente aos ouvidos torturados de um docente e que no seu ambiente de trabalho, é cada vez mais, algo de virtual, quase utópico! Mas, neste dia, a estas horas da matina, os ânimos estavam ainda entorpecidos pelo sono dilatado do fim-de-semana. Aproveitando esta pseudo apatia e para espevitar os sonolentos, a teacher inicia a aula com uma breve nota humorística. Também se insere na pedagogia, já que predispõe as mentes para um trabalho mais frutífero; descontrai, retempera e estimula. Assim pensa a mestra e foi neste pressuposto que se aventurou a iniciar aquela aula com uma “gracinha”. - O que faz um magalinha debaixo de uma janela? Claro que o vocabulário desta tirada, em Língua Materna, não integra o léxico destes moradores do século XXI. O magalinha que namora a sopeira, são arcaísmos que precisam de actualização na gíria estudantil que incorporou como linguagem corrente, boé, Ya... etc... A teacher ainda não domina este dialecto, apesar da sua atracção por línguas estrangeiras e do seu contacto permanente com os falantes do referido linguajar! A piada só foi entendida por alguns alunos com sentido de humor mais exacerbado e que já apreenderam as marcas do discurso humorístico. A elisão usada na dicção do falante, traz a ambiguidade do humor... que só alguns entenderam. Os trabalhos decorreram dentro da normalidade, tendo a teacher sido forçada a refrear alguns alunos vocacionados para futuros “entertainers” e concorrentes dos afamados Herman José, Mr Bean...etc Queriam estes contar também uma anedota, uma brincadeira, um dito jocoso! Ah! Que bom haver alguém que tem por vocação, alegrar, tirar do torpor depressivo em que está mergulhada esta sociedade hodierna! Com tanta miséria por aí a olho nu, com tanto desemprego a aumentar cada dia que passa, com a violência a recrudescer nos nossos meios urbanos, há que dar apoio e incentivo a quem quer ser humorista!!! Fazer rir um povo... que só tem motivos para chorar... é uma obra de misericórdia!!! Mestres do verdadeiro humor! E... se rir é a melhor terapia para a depressão... deixemos vir ao de cima, o sentido de humor! Foi neste contexto, que no fim da aula quando os alunos já tinham começado a sair, o RPT, não confundir com RTP, qualquer semelhança é pura coincidência, se abeirou sorrateiramente da teacher e lhe perguntou: - Sabe por que a água foi presa? A teacher estava boquiaberta e... aguardava, ansiosa, a emissão daquele “programa humorístico!” - Porque matou a sede! Ah! Viva o humor, viva a boa disposição, viva a genuína alegria e... viva eu... que tenho o privilégio de aprender com esta gente de palmo e meio! Cogita a teacher atirando uma estrepitosa gargalhada, como a súmula da sua boa disposição. E o recado que tencionara enviar, na caderneta do RPT, pelo seu humor... sempre à flor da pele... ficou no tinteiro... pois não queria coarctar a tendência inata dum humorista promissor !
Mª Donzília Almeida 11.05.09

Os cardeais no casino

Cardeais no casino - no caso vertente, no Casino da Figueira - é já por si notícia. Quem imaginaria, há poucos anos ainda, cardeais a falar sobre religião no casino? Mas porque não? Não poderão os casinos abrir-se também à cultura? Também aceitei ir lá, para uma conferência sobre Religião, Religiões e o Diálogo Inter-religioso. Primeiro, foi o patriarca de Lisboa, cardeal José Policarpo. No decorrer descontraído da conversa, saiu a famosa advertência às portuguesas quanto a possíveis amores com muçulmanos: "Cautela com os amores! Pensem duas vezes em casar com um muçulmano, pensem muito seriamente, é meter-se num monte de sarilhos que nem Alá sabe onde é que acabam." Eu estava lá e pensei logo no monte de sarilhos em que ele próprio estava a meter-se. Quando me perguntaram, respondi que os termos do pronunciamento não tinham sido de modo nenhum os mais adequados. Mas que estava de acordo quanto à substância, pois conheço casos dramáticos na Suíça e na Alemanha. Aliás, o cardeal referia-se sobretudo à ida para os países deles, onde as mulheres podem ficar sujeitas à lei islâmica. Aqui está a importância da separação da Igreja e do Estado. Apesar de tudo, no mundo ocidental, há a lei civil e a sua protecção. Não foi a Igreja que concedeu, por exemplo, a possibilidade do divórcio. No mês seguinte, foi o cardeal José Saraiva Martins. Desta vez, o clamor foi sobretudo por causa do pronunciamento sobre os homossexuais. A "homossexualidade não é normal, temos que o dizer. Não é normal no sentido de que a Bíblia diz que, quando Deus criou o ser humano, criou o homem e a mulher. É o texto literal da Bíblia, portanto, esse é o princípio sempre defendido pela Igreja". Interrogado sobre o tema, digo em síntese: não deve haver discriminação dos homossexuais e não vejo porque é que o Estado não há-de reconhecer para eles uma forma de união, com consequências jurídicas semelhantes às dos casados. A questão reside em saber se há-de chamar-se-lhe casamento. A palavra não é indiferente nem a questão é religiosa. Como disse o filósofo ateu Bertrand Russell, "o casamento é algo mais sério do que o prazer de duas pessoas na companhia uma da outra; é uma instituição que, através do facto de dela provirem filhos, forma parte da textura íntima da sociedade, e tem uma importância que se estende muito para além dos sentimentos pessoais do marido e da mulher". Foi também no casino que, no mês de Fevereiro, Saraiva Martins, antigo Prefeito da Congregação dos Santos, anunciou a canonização para breve - aconteceu, no Vaticano, no passado dia 25 de Abril - de Nuno Álvares Pereira, o Santo Condestável. Por causa dos milagres exigidos para uma canonização, perguntam-me frequentemente se acredito em milagres. Respondo que só acredito nos milagres do amor. Quanto aos "milagres" no sentido estrito - aqueles que Deus faria sobrenaturalmente, suspendendo as leis da natureza -, mantenho razoável cepticismo. "Então, não acredita que Deus pode tudo?" Não, não acredito, pois a maior parte das vezes fala-se da omnipotência divina de modo infantil. Deus não pode, por exemplo, fazer com que dois mais dois sejam cinco nem cometer suicídio. A razão do meu cepticismo é, porém, mais funda. Acredito em Deus infinitamente bom e poderoso, criador dos céus e da terra, como diz o Credo. Se acredito em Deus criador a partir do nada - sublinhe-se que a criação não se opõe ao evolucionismo -, creio nele enquanto continuamente criador. Deus não está fora do mundo - ele é infinitamente presente ao mundo. Ora, os milagres pressupõem que Deus está fora do mundo e que, de vez em quando, de modo arbitrário, vem ao mundo, interrompendo as leis da natureza. Porque acredito que Deus está dentro e não fora, pois é Força criadora infinita, não acredito nos tais milagres. Porque creio nos milagres do amor, pergunto muitas vezes porque é que ainda não foi canonizado o Padre Américo, modelo de amor cristão, em generosidade sem limites, inteligente e eficaz, no quadro de uma pedagogia para a liberdade e autonomia. Anselmo Borges

sexta-feira, 15 de maio de 2009

VOZES DO MUNDO

(Clicar na foto para ampliar)

Bento XVI concluiu viagem ao Médio Oriente

Com o constante apelo à paz e à concórdia, mas também com a proclamação do direito à constituição do Estado Palestino, o Papa Bento XVI concluiu a visita apostólica ao Médio Oriente. Lamentou a construção de mais um muro, que urge derrubar, bem como todos os muros que existem nos corações das pessoas, mas não deixou de alertar para a necessidade de se pôr fim ao terrorismo e à guerra, ao mesmo tempo que condenou o holocausto, que não deve ser esquecido nem negado.

A Justiça continua a envergonhar-nos

Em Portugal, a Justiça continua a envergonhar-nos e ninguém reage. Diariamente assistimos ao descalabro, com toda a gente a falar sem conseguir dizer BASTA. Li hoje no jornal i que, com o País a discutir o caso Freeport, “os juristas garantem que Portugal nunca deu tão má imagem de si”. António Barreto afirmou, um dia destes, na TVI24, que “a nossa Justiça é má porque não há alternativa”. E como não há alternativa, digo eu, não há competição, nem concorrência, fazendo só ela o que quer e o que lhe apetece. Pelo que se vê e ouve, não há hipótese de a Justiça se dignificar a si própria, dignificando o País. Com o agora Sindicato dos Magistrados, passamos de mal a pior. Lembra António Barreto que sindicatos em Órgãos de Soberania não fazem nenhum sentido. Com eles, os magistrados querem pressionar quem? Querem reivindicar o quê? Por sua vez, um dos fundadores do PS, António Arnaut, questionou-se ontem sobre a idoneidade de magistrados que foram capazes de denunciar uma conversa privada, ao que parece, entre amigos e colegas. Quer isto dizer que já não podemos conversar com amigos, sob pena de as nossas afirmações começarem a voar por aí fora? Se calhar é isso. Então já não podemos confiar em ninguém? Se entre os magistrados é assim… Afinal o que é que eu gostaria que acontecesse? Gostaria que os processos em investigação ou em tribunal fossem resolvidos com celeridade. Que toda a gente fosse tratada por igual, quer fosse rica ou pobre. Que o acesso à Justiça fosse compatível com as capacidades económicas de cada português. Que os agentes da Justiça trabalhassem como se do outro lado da rua houvesse uma “Justiça” alternativa ou concorrente. Que o Estado desse meios técnicos e humanos à Justiça, para que os processos ficassem concluídos em prazos curtos, para não deixarem traumas nos inocentes. Que as autoridades do nosso País chamassem à responsabilidade os magistrados e demais agentes judiciais incompetentes ou preguiçosos, julgando-os pelos eventuais prejuízos causados aos portugueses. Enquanto não houver uma reforma, com princípio, meio e fim, a Justiça em Portugal continua a fazer uma triste figura. A Justiça tem de se comportar como Órgão de Soberania, sendo independente, célere e responsável pelos seus actos. Fernando Martins

ESTEJA EM VÓS A MINHA ALEGRIA

A alegria é o melhor lenitivo do coração humano: espelha a saúde orgânica, manifesta a qualidade dos afectos, dá nobreza aos sentimentos, revigora a generosidade da doação, alarga ao Infinito os horizontes das aspirações. O testemunho mais eloquente do que acaba de ser afirmado é dado por Jesus de Nazaré, testemunho recordado no evangelho: “Disse-vos estas coisas para a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.” 1. E que coisas são essas? – pode perguntar-se. A resposta é clara: o amor que se faz doação, a verdade que liberta, a sabedoria que atrai, a comunhão nas diferenças que enriquece, o serviço aos outros que humaniza. Esta resposta tem rosto humano, sempre que cada pessoa assume atitudes e cultiva sentimentos como os de Jesus Cristo, sempre que os grupos sociais e as organizações políticas e culturais se regem pelos valores da solidariedade e pela ética da responsabilidade. 2. Há pessoas que, nestes dias, se destacam no anúncio das “coisas” que geram alegria, lançam sementes de paz e apontam caminhos concretos de humanização da sociedade e das relações entre os seus membros e as suas organizações. Bento XVI abre a lista destas pessoas. Na Terra Santa, faz gestos e deixa mensagens cheias de realismo sadio e esperança confiante. O seu núcleo principal pode condensar-se no apelo ao “derrubar muros”, não apenas os materiais, mas os do coração que separam, segregam, discriminam, marginalizam. “É necessário abater os muros que construímos em redor dos nossos corações, as barreiras que levantamos contra o nosso próximo”. Também o presidente da Caritas Internacional, Cardeal Maradiaga, mantém o tom do anúncio que interpela e abre horizontes de nova humanidade. Em Fátima, onde preside à peregrinação de 13 de Maio e em entrevistas aos meios de comunicação, não se cansa de afirmar: Estamos a tratar a crise de forma superficial, o dinheiro é preciso, mas o mundo perdeu o norte, está vazio e desorientado. “O homem precisa de um GPS (sistema de orientação por satélite) espiritual”, de “coisas” que dão consistência, alegria e saúde ao coração humano e à sua nova relação com os bens. Georgino Rocha

quinta-feira, 14 de maio de 2009

BÊNÇÃO DE BENTO XVI À CIDADE E DIOCESE DE AVEIRO

Aveiro: Canal Central
Em carta dirigida ao Bispo de Aveiro, o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcísio Bertone, informa que Bento XVI concede Bênção Apostólica à Cidade e à Diocese no Dia de Santa Joana. Excelentíssimo e Reverendíssimo D. ANTÓNIO FRANCISCO DOS SANTOS Bispo de Aveiro sabendo que terá lugar, no próximo dia 12 de Maio (festa litúrgica da Beata Princesa Joana, celeste Padroeira dessa cidade e diocese), uma solene acção de graças pelos duzentos e cinquenta anos da elevação a cidade dessa Sede Episcopal, o Santo Padre associa-Se de bom grado a tal preito de gratidão pela benevolência divina manifestada a Aveiro na pessoa de quantos fielmente têm guiado e servido os seus destin os e cuja memória permanece viva nas suas obras e no coração sensível e justo dos que delas beneficiam. Queira Deus fortalecer cada vez mais a alma da cidade, ou seja, o amor recíproco entre os seus habitantes, para que cada família, cada rua, cada bairro se torne uma comunidade, onde ninguém se sinta sozinho, indesejado, rejeitado, desprezado ou odiado. A corroborar tal prece, Sua Santidade o Papa Bento XVI concede à cidade de Aveiro com todo o seu povo fiel a implorada bênção Apostólica. Vaticano, 28 de Abril de 2009. Card. Tarcísio Bertone Secretário de Estado de Sua Santidade

CONFUSÕES GRAVES QUE PERSISTEM

A Igreja, o Papa e alguns bispos vêem-se, com crescente frequência, na praça pública, em virtude do que dizem e até do que não dizem. Tanto a palavra como o silêncio são ocasião de apreciação e de julgamento público, de acolhimento e de rejeição. Agora, foi-se mais longe. Na Bélgica e na Espanha, países de tradição cristã, mas de há muito sob a influência de um laicismo mortífero e arrasador, que não se priva de nada para destruir tudo e todos quantos, no mundo de hoje, falam de Deus ou apelam aos valores transcendentes da vida, foram os parlamentos, nacional e regional, que decidiram, por votação de maioria, fazer com que o Papa se retractasse e pedisse perdão ao mundo pelas intervenções dissonantes, de ordem ética e moral. Nada menos. A opinião pública é progressivamente manipuladora. As pessoas ouvem e repetem sem reflectir. Minimizam-se ou desconhecem-se as razões contrárias, mesmo se expressas por gente não afecta à Igreja, mas aberta ao bom senso e a exigências éticas normais. Neste contexto, a Igreja e os seus mais responsáveis são ditos a expressão pública do que é ser reaccionário e o obstáculo maior a que o mundo vá para a frente… Esta rejeição do cristianismo, e do que ele significa e ensina, não é novidade. Não acabará, e o clima social actual até a fará aumentar. Não se muda por via de decretos, cruzadas ou influências. Faz parte da mensagem cristã ser sinal de contradição, num mundo em que a verdade e os valores morais essenciais não favorecem os seus objectivos. Aumentam os intolerantes que exigem respeito, mas não sabem respeitar. A Igreja, servidores e comunidades, não pode alhear-se a esta realidade e terá de aprender a confrontar-se com as críticas e a saber discernir o seu significado e o apelo que comportam à sua purificação e acção, bem como à sua linguagem habitual. Para o crente não há muros a separar praticantes e não praticantes, amigos e inimigos. Há gente que Deus ama e quer salvar, fazendo da sua Igreja, tal como ela se entende a si própria, mediadora deste projecto. Em tudo, por isso mesmo, ela deve acolher e discernir os “sinais dos tempos”, que são o novo modo de Deus se revelar. Deve acordar e advertir, no complexo mundo actual, onde é enviada em missão, que é este o seu mundo, e não aquele já passado, que parece ainda encher cabeças paradas e corações nostálgicos. A história da Igreja, vivida, por séculos, em países e continentes, está repleta de acções permanentes e sérias, ao serviço das pessoas e da sociedade. Chamada a agir num mundo dominado por uma nova cultura, pelo diálogo necessário com uma sociedade marcada por vazio e ansiedades, a Igreja depara com sérias dificuldades, na sua comunicação e acção. Porém, não pode regredir em relação ao caminho traçado pelas suas raízes evangélicas, retomado, com nova sensibilidade e vigor, pelo Concílio Vaticano II. A exigência de caminhos novos num mundo plural, levam-na a assumir, sempre mais, a sua identidade de Povo de Deus, peregrino na sociedade e na história. Um Povo humilde de servidores, com todos os seus membros a gozar da mesma dignidade e a realizar uma missão comum: Um Povo que tem de mostrar vontade e coragem para não se identificar, nem aparecer como uma sociedade à maneira humana, desligando-se, por isso, de atitudes e roupagens históricas, que nunca foram fundamentais à sua vida e acção, e que constituem, hoje, um peso que prejudica e dificulta a sua imagem e missão. Caminho novo é desejar que o magistério do Papa, sem que perca a dimensão pessoal própria, se torne mais colegial; é contar, em questões importantes e decisivas para a missão, com os bispos, com o saber e experiência de quem conhece e sente os desafios que tocam a vida dos que lhes foram confiados; é dar mais valor às Conferências Episcopais de cada país, estruturas necessárias, mas pouco aproveitadas; é tentar que os seus servidores a tempo inteiro, clérigos e consagrados, se assumam como dom de Deus à Igreja e à sociedade, centrando a sua vida e acção no essencial, e investindo os seus talentos, pessoais e comunitários, na causa permanente da evangelização, e no que esta exige, em testemunho de vida, marcado pela unidade, comunhão e coerência; é dar aos leigos, que vivem a sua fé no meio das contradições e da dureza da vida, mais formação adequada, mais tempo para os escutar, mais respeito pelas suas opiniões, intervenções e autonomia no que lhes é próprio; é escutar os jovens, penetrar no seu coração, perscrutar-lhes os sonhos, adivinhar-lhes os seus desejos e projectos… Então, o rosto e a linguagem da Igreja irá mudando e o mundo que é chamada a amar começará a entendê-la e apreciá-la. A renovação ou vem de dentro ou nunca se dará. É preciso que quem se sente Igreja o entenda e o assuma. Não há outro caminho. António Marcelino

Um poema de Domingos Cardoso

Sorriso Naquele fim de tarde tu não viste Nascer a madrugada no meu peito E, se o mundo era belo e tão perfeito, Tive o sol na mão, quando me sorriste. Foi sorriso tão doce que resiste Ao vil correr do tempo e ao seu efeito E então, de alma curvada eu rendo preito Ao amor que, entre nós, ainda existe. Mas Deus, que quer consigo quem Ele ama, Levou-te do calor da nossa cama Que, sem ti, ficou seca de alegrias. Abriga-te num Céu sem dor ou penas Mas, sofrendo e descrente, eu sei apenas Que Jazemos os dois em campas frias. Domingos Freire Cardoso

Papa convida a uma convivência pacífica na Terra Santa

Bento XVI dedica dia à cidade de Nazaré, centrado na comunidade cristã
Bento XVI visita esta Quinta-feira a cidade de Nazaré, na Galileia, que os Evangelhos identificam como a terra de Jesus. Neste lugar simbólico para a comunidade cristã, o Papa deixou apelos em favor de uma “convivência pacífica” entre os fiéis das várias religiões. “Nazaré sentiu, em anos recentes, tensões que feriram as comunidades muçulmana e cristã. Insto as pessoas de boa vontade de ambas as comunidades a repararem o mal cometido e, fiéis à sua crença comum em Deus, Pai da família humana, actuarem para construir pontes e para encontrar caminhos de convivência pacífica”, disse na homilia da Missa celebrado no Monte do precipício. “Que todos ponham de lado o poder destrutivo do ódio e dos preconceitos, que ainda antes de matar o corpo, mata a alma”, acrescentou, perante cerca de 40 mil fiéis. Em Nazaré, o Papa terá esta tarde um encontro com o primeiro-ministro de Israel, Benjamim Netanyahu, e visitará vários locais ligados à vida de Jesus.
Fonte: Ecclesia

Peregrinação

Nesta época do ano, Maio, mês dos lírios e das rosas e de tantas flores multicores, depara a nossa vista, para além da beleza que os jardins nos oferecem, com um outro espectáculo sazonal – ranchos de peregrinos que calcorreiam as nossas estradas, de mochila às costas e a alma cheia de devoção. São os peregrinos portugueses que se dirigem a Fátima para a 1ª grande peregrinação, do ano, a Nossa Senhora. Desde os princípios do século passado, que esta localidade, na serra de Aire, acolhe milhares de forasteiros, vindos dos mais recônditos lugares do país e estrangeiro. Movidos todos pela fé que move montanhas, segundo a Bíblia, percorrem distâncias enormes, fazendo sacrifícios, às vezes sobre-humanos... em súplica ou gratidão à mãe de Jesus. É, na verdade, comovente ver com que desprendimento, as pessoas abandonam temporariamente os seus afazeres para cumprir promessas ou simplesmente dar graças por algum benefício concedido. Durante toda a minha vida, me debrucei sobre esta questão. Nunca tive a coragem de me pôr ao caminho e querer alcançar uma graça que muito desejasse... a Providência dá-nos aquilo de que precisamos para nos realizarmos e o que no fundo é o melhor para nós. A única peregrinação que fiz foi ao local onde a Nª Sra deu à luz o seu filho e onde Este percorreu as estações duma jornada que viria a ser considerada santa – a via-sacra. Aí, sim, experimentei o peso de uma cruz de madeira que os peregrinos carregaram, por uns instantes. Eram muitos e a cada um cabia só uma fracção de tempo, para que todos comungassem no espírito desta via-sacra dos tempos modernos e deste circuito turístico. Imitando a cena bíblica em que Jesus foi ajudado pelo Cireneu, também, ali, na Palestina, eu “carreguei” o madeiro, com uma pessoa amiga... Ali, tive a ajuda de alguém, ao contrário do que muitas vezes acontece na nossa terra natal, em que nem sempre há uma alma caridosa que dê um jeitinho a aliviar o peso da nossa “cruz”. No final dos escassos minutos em que a transportei, saiu-me espontaneamente esta constatação: Aqui, na Terra Santa, esta cruz é tão leve… parece uma peninha... Lá em Portugal... ui... aí é bem mais pesada! Claro que naquele circuito, na Terra Santa, os agentes turísticos conservaram o simbolismo religioso nas cerimónias vivenciadas, mas encomendaram uma cruz de madeira, grande sim, com espectacularidade, mas simplesmente oca, cheia de ar... por dentro! E... foi esta a única peregrinação em que participei com espírito devoto, de sã camaradagem e sobretudo pela alegria de poder vivenciar as agradáveis sensações de percorrer os locais onde o meu Modelo assinalou a sua passagem. E... para cumular de sentido esta minha viagem às origens, senti nascer-me uma alma nova, uma nova vida se iniciou ali! Fui “baptizada” no rio Jordão, tal como todos os outros companheiros de viagem, numa brincadeira simbólica, em que o padre alinhou; baixámos a cabeça, ajoelhámos nas águas correntes e mornas do rio Jordão e, num misto de religiosidade e desportivismo, o prelado aspergiu-nos com essa bendita água, quando por lá passávamos no nosso périplo por terras de Israel. As temperaturas elevadíssimas que se faziam sentir depressa secaram as vestes encharcadas, daquele banho de águas santas! Ninguém se constipou! Graças a Deus! Ainda hoje, recordo com alguma nostalgia os momentos agradáveis que passei numa terra conturbada, mas em que não senti o mínimo de hostilidade. Com alguma ousadia e muito atrevimento, inquiri a um Palestiniano, na zona oriental de Jerusalém, se eles se davam bem com os vizinhos Israelitas! Foi surpreendente a resposta! Eles dão-se muito bem... os responsáveis pelos conflitos armados... são os Chefes! Sentia-se ali, bem presente, o espírito pacífico, conciliador e humanista dum grande Homem, por quem tenho o maior respeito e veneração – Jesus – do qual herdei, generosamente, o nome!
M.ª Donzília Almeida

Alunos dão aulas de socorrismo na Secundária da Gafanha da Nazaré

Na Secundária da Gafanha da Nazaré segundo notícia lida no Diário de Aveiro, alunos elucidam colegas e funcionários sobre socorrismo. São eles Pedro Matos, Rafael Santos, João Monteiro e José Figueira, do 12.o ano da Secundária da Gafanha da Nazaré. O trabalho insere-se no âmbito da disciplina Área de Projecto.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

PAPA em Belém

Bento XVI defende Estado palestino
e pede fim do embargo em Gaza
Bento XVI chegou esta manhã a Belém, na Cisjordânia, onde voltou a defender a existência de um Estado palestino. O Papa foi acolhido no palácio presidencial da autoridade palestina. Junto de Mahmoud Abbas, que denunciou a "ocupação israelita", Bento XVI manifestou o seu apoio ao estabelecimento de uma "pátria palestina soberana" e assegurou aos habitantes de Gaza a sua solidariedade. “A Santa Sé apoia o direito do seu povo a uma pátria palestina soberana, na terra dos vossos antepassados, segura e em paz com os seus vizinhos, dentro de fronteiras reconhecidas internacionalmente”, disse a Abbas. O Papa pediu ainda aos palestinos que resistam à tentação do terrorismo. Em seguida, deslocou-se para a Praça da Manjedoura, onde presidiu a uma Missa nesta cidade, 10 quilómetros a sudeste de Jerusalém. O sítio principal em Belém é a Igreja da Natividade, situada na referida Praça e construída sobre a gruta onde Jesus nasceu. Na sua homilia, Bento XVI expressou pesar pelos sofrimentos das famílias e comunidades que perderam entes queridos no conflito e enfrentam dificuldades quotidianas.
Fonte: Ecclesia

Rádio Terra Nova: a sua história não pode ficar esquecida

Mesmo fora da Gafanha da Nazaré, terra que me viu nascer há décadas, não esqueço as suas gentes e instituições. Há dias lembrei-me da Rádio Terra Nova, uma emissora que vive, desde a primeira hora, para servir o povo, sobretudo o sem voz nem vez. Vai daí, fui à cata da sua história e encontrei este texto, publicado no Timoneiro, escrito pela Maria do Céu, à altura a trabalhar na Terra Nova. Tinha ela, como ainda tem, uma voz inconfundível, quer pelo timbre, quer pelo ritmo e dinâmica expressiva, que impunha ao que lia ou dizia. Leia aqui o que a Maria do Céu escreveu, em 1989.
FM

Bairro da Bela Vista: Lição para todos nós

O que eu vou dizer é óbvio. Toda a gente conhece a teoria. A prática é que é um problema. Segregar é sempre um convite à revolta, à violência. O Bairro da Bela Vista, igual a tantos outros no nosso País (fala-se em 50), está a dar-nos lições, com vista a um futuro mais justo e mais solidário. A ideia de arrumar num canto da cidade minorias étnicas, desempregados, famílias de baixos recursos, estrangeiros, desadaptados e parecidos não resulta. Nunca resultou. Os guetos são sempre focos de desconforto, de insatisfação, de contestação, de revolta e de violência. Ninguém gosta de ser segregado. Ser segregado é ser marginalizado. A segregação leva inevitavelmente à criminalidade e à guerra. E se tudo isto é verdade, por que razão se teima em construir bairros para neles se encaixotarem os desprotegidos da sorte? Todos sabem que bairros para minorias não dão bons resultados. Então, por que motivo se insiste nisso? Não seria melhor integrá-los como pessoas normais? Julgo que sim. E agora? Repressão? O ideal não será dar condições de vida dignas a tanta gente do bairro? Criar instituições com os habitantes e para eles? Os sociólogos, psicólogos, técnicos sociais e políticos já devem estar em campo. Ficamos a aguardar as melhores soluções. Fernando Martins

O Segredo de Fátima

À medida que o tempo passa, acredito mais no Segredo de Fátima. Nesse Segredo que desassossega, que nos arranca de casa, dos livros, da cidade e nos lança, anualmente, para a imensidão das estradas. Eu acredito num «não sei quê» que esse Segredo derrama em nós: uma porção de confiança, de abandono e de aventura. Uma vontade de tornar a vida mais que tudo verdadeira. De tornar generosos os projetos e fecundos os laços que nos ligam aos outros. De tornar absoluta a nossa sempre frágil Esperança. À medida que o tempo passa, vou conhecendo pessoas cujo tesouro interior foi descoberto, ampliado nos caminhos de Fátima. Pessoas que contam histórias simples, misturadas com sorrisos e lágrimas. Histórias de um Encontro tão parecido ao que teve uma rapariga da Judeia, de nome Maria. Que têm os peregrinos de Fátima? Têm o vento por asas e a lonjura por canto. Têm a conversão por caminho e a prece ardente por mapa. São filhos de uma promessa que se cumpre dentro da vida. Gosto dessa frase de Vitorino Nemésio que diz: “em Fátima, a Humanidade inteira passou a valer mais”. Gosto, porque nos caminhos longos, imprevistos e profundos de uma peregrinação isso nos é ensinado como uma evidência humilde e apaixonante. José Tolentino Mendonça

terça-feira, 12 de maio de 2009

O melhor lugar para se avistar o Cristo-Rei

Diz-se, no Brasil, que «ser carioca é… procurar em cada janela se há uma vista para o Cristo que está no monte». Facto que uma conhecida canção de Tom Jobim dedilha assim: «Muita calma pra pensar/ e ter tempo pra sonhar,/ da janela vejo o Corcovado, o Redentor, / que lindo!». Talvez ainda não se tenha conseguido, em Lisboa ou Setúbal, a mesma centralidade afectiva e simbólica que a imagem de Cristo-Rei conhece do outro lado do oceano. Ela ali funciona como ícone de força indesmentível! Mas há 50 anos que, entre nós, o Cristo-Rei se avista (e nos avista). E as comemorações que, esta semana, a Igreja portuguesa promove, dão que pensar. O Cristo-Rei, plantado junto do Tejo, surge-nos desde muito longe na paisagem, e podemos fazer quilómetros e quilómetros com ele no horizonte. Calculamos por ele a distância que nos separa do nosso destino, e esse facto tem ressonâncias que não são apenas geográficas e exteriores. Olhamos e o tempo parece mais interior e lento. A imagem de Cristo está ali. Os seus braços abertos ensinam-nos pacientemente uma largueza que ainda não temos e uma arte do acolhimento que as nossas gramáticas soletram com dificuldade. Mas o seu gesto constitui, só por si, uma alavanca da nossa realidade. Reabilita as histórias que escrevemos, empresta-lhes uma intensidade súbita, um toque divino. Podemos estar sempre a vê-lo duma janela de casa, do corredor envidraçado do prédio onde trabalhamos, do alto da rua que entra nas nossas rotinas. Ou ao contrário: podemos só avistá-lo ao longe, ou de quando em quando, se nos calha andar por certos lados. Mas se perguntarmos: «qual é o melhor lugar para avistar o Cristo-Rei?», apercebemo-nos depressa que o lugar ideal, o que oferece um retrato mais fiel é sempre o coração humano. É verdade que há miradouros notáveis e horas e estações mais privilegiadas do que outras. Mas o essencial é invisível aos olhos. E o Cristo-Rei pede-nos para ser visto com o coração! José Tolentino Mendonça

Precisamos de deputados em exclusividade

Anda por aí muita gente enfurecida contra a ideia de os deputados da nossa Assembleia da República não poderem acumular com as suas profissões. A proposta avançou agora com o Bastonário da Ordem dos Advogados, Marinho Pinto, que não gosta de ver os deputados-advogados ou advogados-deputados ligados a uma e a outra actividade. Acha que são tarefas incompatíveis. Também acho. Quem se dispõe a servir o povo deve pôr tudo de lado, ficando, exclusivamente, com a tarefa para a qual foi eleito. Ninguém pode servir a dois senhores ao mesmo tempo. Ou se está num lado ou no outro. Com a cabeça no Parlamento, não é possível estar a pensar em questões profissionais. E se está a pensar nos clientes, não pode estar a servir, em pleno, a causa pública. Sei que há quem pense que sim, obviamente por conveniência. Não vejo o Presidente da República e o primeiro-ministro a acumularem. O mesmo se diga dos ministros. Dir-me-ão que não têm tempo para isso. Também os deputados, sejam eles advogados, médicos, engenheiros ou arquitectos, jornalistas ou professores, deviam deixar tudo para servir a sociedade, em espírito de missão, que é muito nobre. Este princípio aplica-se, naturalmente, aos presidentes de Câmara, Governadores Civil, presidente da Assembleia da República, Magistrados, etc. Um deputado dizia há anos que tinha responsabilidades profissionais que não podia abandonar. Que não abandonasse, estava bem de ver. Não faltaria nem faltará quem esteja disponível para assumir em pleno os cargos políticos ou públicos, de relevante interesse nacional. Agora, isso de quererem estar em vários sítios ao mesmo tempo, é que não. Não há por aí tanta gente desempregada e à espera de um único posto de trabalho? Fernando Martins

Aveiro celebra Santa Joana, padroeira da cidade e diocese

O POVO DE AVEIRO  JÁ CANONIZOU A BEATA PRINCESA 

Tenho para mim que o povo nem sempre segue o Vaticano, quando o Santo Padre canoniza um cristão ou uma cristã, para nos servirem de exemplo. Com frequência deparamos com situações interessantes, que demonstram que o povo tem as suas razões e intuições, ao “declarar” quem são os seus predilectos no seio de Deus. E a Igreja, atenta à acção do Espírito no Povo de Deus, não deixará de canonizar os que foram escolhidos pelos crentes. Mas às vezes demora. Ainda espero, por isso, que a Beata Joana, Princesa de Portugal, venha a ser canonizada pela Igreja, porque em verdade já o foi pelo povo aveirense. 
Aveiro está hoje em festa. A partida para o seio de Deus da Princesa Joana, como cremos, aconteceu a 12 de Maio de 1490, como reza a história. Tinha apenas 38 anos de idade. Foi beatificada em 1693 pelo Papa Inocêncio XII. Como é padroeira da cidade, a autarquia engalana-se e promove diversos festejo. Os discursos políticos, tenham eles as cores que tiverem, não ignoram o exemplo da filha de D. Afonso V, que escolheu um modestíssimo convento dominicano de Aveiro para viver, sem esquecer os mais desvalidos da sorte, que a laguna aveirense mais desvalidos tornava, com as suas águas apodrecidas. 
Diz a lenda que o seu féretro, ao passar pelos claustros do convento, a caminho da sepultura, contemplou a tristeza das flores que se deixaram cair em homenagem à princesa. O povo, que ela tantas vezes socorreu, em horas de dor, decerto também chorou a sua benfeitora. Hoje, como todos os anos, as ruas da cidade mostraram quanto Aveiro gosta da sua Joana. 
A Irmandade, que tem o seu nome, continua a valorizar o culto a Santa Joana. E o povo agradece, enchendo as ruas para a ver no andor e nos rostos de crentes que vestem os trajes com uma dignidade notória. Depois, no final da procissão, o seu túmulo, com os restos da Princesa, volta a ficar rodeado de devotos. Em silêncio. Apenas podemos adivinhar as conversas entre eles e a Santa Princesa. 


Fernando Martins

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Peregrinação a Fátima: 12 e 13 de Maio

Peregrino
Amanhã e no dia a seguir vamos ter momentos altos na Cova da Iria. Para os crentes e devotos de Nossa Senhora de Fátima e também para muitos que nada têm a ver com a frequência da missa dominical. Nossa Senhora, afinal, guarda estes segredos que suscitam devoção mesmo entre os que nada querem, ou querem muito pouco, com o culto católico. Durante dias, pude ver peregrinos que caminhavam em direcção a Fátima, com pés doridos e rostos cansados. As bermas das estradas testemunham a fé de milhares de pessoas, nem sempre compreendidas pelo comum dos mortais. Há, realmente, forças que se manifestam para além do entendimento humano. Peregrinações de todos os quadrantes de Portugal e muitas do estrangeiro. Orações fervorosas sem respeitos humanos, promessas capazes de levar joelhos a sangrarem, lágrimas de agradecimento que comovem. Olho tudo isto com muita compreensão. Que Nossa Senhora então os receba com todo o carinho de Mãe, ou ouça e os ajude a enfrentarem as suas dificuldades com coragem e determinação. São os meus votos. É que Ela, decerto, não vai substituir-nos nas nossas obrigações de lutar pelo nosso futuro. Mas poderá "aconselhar-nos" os melhores caminhos, que são os caminhos da verdade, da justiça social, da fraternidade, da paz e do amor! FM

Uma ideia para Portugal. Cuidados Paliativos

“Cuidados Paliativos acessíveis a toda a população! Existem apenas 17 equipas de Cuidados Paliativos em Portugal e precisávamos, de pelo menos 100, para assistir um universo de cerca de 200 mil pessoas. O sofrimento provocado pela doença grave, progressiva, incurável ou terminal tem sempre impacto nas famílias.”
Laurinda Alves
Citada pelo novo jornal i

Conferências Primavera na Gafanha da Nazaré

Da pobreza à esperança: responsabilidade social
Reflectir sobre pobreza, esperança e responsabilidade social é uma urgência em tempo de crise. Para ajudar nessa reflexão, a paróquia da Gafanha da Nazaré convidou um especialista na matéria, Alfredo Bruto da Costa, que merece escutado. Não é todos os dias que uma autoridade em assuntos de pobreza se desloca à nossa terra. Na quinta-feira, 14 de Maio, pelas 21 horas, no salão Mãe do Redentor, com entrada livre. Haverá, a abrir, um momento musical.

Bento XVI já está em Israel para uma visita histórica

Bento XVI chegou esta Segunda-feira ao areporto de Telavive, Israel, onde foi recebido pelo presidente israelita, Shimon Peres, e pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O Papa apelou a uma reconciliação entre israelitas e palestinianos que permita a cada povo “viver em paz no respectivo país”. Bento XVI fez votos para que “reais progressos de paz e estabilidade” possam ser conseguidos e destacou o papel que as famílias têm enquanto “veículos de paz”. "Rezo para que todos os responsáveis que considerem o caminho para uma justa resolução das dificuldades, para que ambos os povos possam viver em paz nos seus respectivos países, com fronteiras seguras e reconhecidas internacionalmente", pediu. “Rezo por paz e reconciliação”, assumiu. Bento XVI afirmou ainda que o “anti-semitismo é totalmente inaceitável”.
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domingo, 10 de maio de 2009

Papa destaca coragem dos cristãos na Terra Santa

Missa na Jordânia
Bento XVI presidiu este Domingo a uma Missa no Estádio Internacional de Amã, o maior evento da sua viagem à Jordânia, iniciada no passado dia 8. O Papa deixou uma palavra de encorajamento à comunidade cristã da Terra Santa, que desafiou a “construir novas pontes com pessoas de diferentes religiões e culturas”, e destacou o carisma particular das mulheres na Igreja. "Quanto deve a Igreja nestas terras ao testemunho de fé e de amor de inúmeras mães cristãs, freiras, educadoras e enfermeiras, de todas aquelas mulheres que, de diferentes maneiras, dedicaram sua vida à construção da paz e à promoção do amor”, indicou, na homilia da celebração. Diante de 50 mil pessoas oriundas da Jordânia e de comunidades cristãs dos países vizinhos, inclusive do Iraque, o Papa admitiu que esta dignidade e esta missão das mulheres nem sempre foram inteiramente “compreendidas e estimadas”. Apesar disso, acrescentou, “é com o testemunho público de respeito pelas mulheres que a Igreja na Terra Santa pode dar uma importante contribuição ao desenvolvimento de uma cultura de verdadeira humanidade e à construção da civilização do amor”. Aos presentes, Bento XVI disse que “a comunidade católica está aqui profundamente tocada pelas dificuldades e incertezas que afligem todos os habitantes do Médio Oriente. Nunca se esqueçam da grande dignidade que deriva da sua herança cristã". O Papa falou da rica diversidade da Igreja Católica na Terra Santa e lembrando a sua visita ao Monte Nebo, disse que rezou para que a Igreja nestas terras “possa ser confirmada na esperança e fortificada no seu testemunho ao Cristo Ressuscitado, o Salvador da humanidade”.
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Eleições Europeias

Depois queixem-se
Um mês das Europeias, já em plena campanha eleitoral, sinto que os portugueses, na sua grande maioria, estão divorciados do assunto. Não por culpa própria, mas por culpa dos partidos políticos, mais preocupados com os problemas internos e com as guerrilhas entre eles do que com os esclarecimentos de que o povo precisa. Há realmente democracia na Europa? Os deputados europeus são mesmo a expressão daqueles que representam? As leis dimanadas da Europa serão elaboradas pelos parlamentares? Quem elege os membros da Comissão europeia? E os diversos tecnocratas que decidem tudo nos gabinetes, ignorando muitas vezes as realidades dos Estados-Membros? Podia continuar a enumerar questões que põem em dúvida a democraticidade genuína da UE. O povo está a leste disto tudo. Em Portugal, habituou-se à ideia de a UE apenas tem servido para injectar dinheiro em economias débeis. Mas isso terá de acabar um dia. Entretanto, os nossos partidos, sobretudo os com assento na Assembleia da República, estão mais interessados em capitalizar dividendos para as eleições internas. Até que um dia o povo resolva virar-lhes as costas com a abstenção em massa. Depois queixem-se. Fernando Martins

Aveiro Direitos Humanos

Mendes Leite
1. Um conjunto de entidades locais parceiras da Plataforma Aveiro Direitos Humanos, despertadas pelo enquadramento de convite CMA Aveiro 250 anos, levam a efeito na segunda quinzena de Maio, um programa social e cultural que procura ser sensibilização alargada para todos. Motiva a iniciativa tanto a dinâmica de continuação de reflexão e acção gerada e lançada publicamente quando dos 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (10 de Dezembro 2008), como a efeméride de um Aveirense Ilustre, Manuel José Mendes Leite (grande lutador contra a pena de morte…), que celebra neste 18 de Maio os 200 anos de nascimento, personalidade que merecerá destaque na tarde desse dia 18 de Maio (também dia internacional dos Museus), com Sessão solene no Edifício da Assembleia Municipal (18.30h). 2. Um roteiro de iniciativas percorrerá a cidade em diversos locais e com variadas temáticas que são o desdobramento do espírito da declaração universal. De 15 a 29 de Maio, num programa que poderá ser seguido no blog http://aveirodh.wordpress.com/ , os convites à reflexão e acção estão lançados a todos. Uma noção de direitos humanos como «responsabilidades humanas», estas que aliam os direitos aos deveres, será o eixo que percorre o programa. A situação actual, nas conjunturas várias, do social ao político, das visões culturas a uma sociedade civil mais interventiva, e também diante do cenário da crise e pobreza emergentes justificam um interesse generalizado de quem procura gerar o empreendimento que passe do diagnóstico à acção. 3. A Plataforma Aveiro DH, caminhando numa flexibilidade que nunca atrofie a frescura da criatividade, num processo que de meio em meio ano vai tendo visibilidade pública programática, consta nesta AGENDA DH Maio 2009 de 16 entidades que actuam na área transversal dos DH. A consciência de que o trabalho em rede é sinal social. Participamos!
Alexandre Cruz

Catecismos ou roteiros?

“Em vez de catecismos, são indispensáveis roteiros culturais e espirituais para encaminhar com esperança no seio da família, na escola, na profissão, na política, no lazer e para formar comunidades de vida. No cristianismo, o divino e o humano só podem andar juntos. A busca de orientação e de sentido é tão antiga como a vida humana. Dela nasceram religiões e filosofias. A razão, porém, não é tudo nem a única instância. Também acreditamos em Deus por motivos afectivos, estéticos, vivenciais.” Frei Bento Domingues In PÚBLICO de hoje

Pesca do Bacalhau: Navio-Motor VAZ

Um filme sobre o navio-motor VAZ pode ser visto aqui. Interessante para os que viveram a Faina Maior, há anos. Há sempre espaço nos meus blogues para recordações.

Artefactos do Titanic expostos em Lisboa

Colheres do Titanic (Fonte: marintimidades)
Uma exposição com 200 artefactos recuperados do Titanic abriu em Lisboa. A reportagem veio hoje na PÚBLICA, sendo um desafio aos apaixonados por estes assuntos. Ana Maria Lopes, a “dona” do Marintimidades, publicou há tempos uns escritos sobre o seu talher do paquete que “nem Deus seria capaz de afundar”. Tenho cá um palpite que esta ilhavense, especialista em temas marítimos, não deixará de visitar esta exposição. E se assim for, teremos relato pela certa. A mostra pode ser vista no Espaço Rossio, Estação do Rossio, Lisboa, todos os dias, das 10 às 21 horas, até início de Agosto. Par mais informações, ver www.titaniclisboa.com

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 130

BACALHAU EM DATAS - 20
Iate Razoilo
OS PRIMEIROS ANOS DO SÉCULO XX
Caríssimo/a:
1904 - Segundo Rui Cascão : “A partir de 1904, a flotilha passa a contar com outro navio, o lugre LEOPOLDINA. A Figueira ocupava o segundo lugar a nível nacional, com 6 navios bacalhoeiros, a seguir a Lisboa (10 navios) e antes de Aveiro e Ponta Delgada (1 navio cada)”. [Oc45, 80] [Em 1904] o número de navios portugueses na pesca do bacalhau aumentou em mais seis unidades [em relação a 1903 passando a ser 18]. [Oc45, 81] A marinhagem de um barco da Figueira da Foz, quase toda de Ílhavo, foi dizimada por envenenamento das águas de provisão, contaminada pela decomposição do corpo de uma rela: “A água começou a ter mau sabor, mas bebeu-se à falta de melhor. Era a que havia.” [Oc45, 88] O primeiro arrastão francês a vapor que pescara na Terra Nova fizera-o em 1904. [Oc45, 95] 1905 - Os proprietários do NÁUTICO transferem a seca do bacalhau da Gafanha da Nazaré para Lisboa. [Oc45, 82] 1905 foi um ano bom para a pesca do bacalhau. [Oc45, 81] Em 1905, um pescador do lugre ARGUS perdeu-se no seu dóri, e andou, sozinho, na imensidão do oceano, durante três dias e três noites, até ter tido a sorte de ser recolhido por um vapor que ia carregar madeira no Canadá. De outros nunca mais se soube. [Oc45, 88] 1906 - O iate RAZOILO, propriedade de uma sociedade composta por Manuel Faúlho Razoilo, João Ramalheira Júnior e José Pereira Júnior, é enviado, pela primeira vez, à Terra Nova. A seca foi igualmente estabelecida na Cale da Vila, na Gafanha da Nazaré, sendo o bacalhau vendido para a praça do Porto, perante o protesto da imprensa aveirense.[Oc45, 82] Os argumentos apresentados pela imprensa local para a não adopção da pesca a vapor... O «Nauta»: “[...] porque, sendo com vapores, a despesa seria muito maior, e além disso o calor das caldeiras prejudicaria o peixe, logo que não houvesse rigoroso cuidado. Também havia o inconveniente de, no caso de qualquer inesperada tempestade, os vapores não poderem manobrar imediatamente como os navios de vela, visto as caldeiras não estarem acesas.” [Oc45, 81] Note-se que, em 1906, Portugal havia exportado 2.565.819$00 de peixe, mas, em contrapartida, havia importado 4.695.000$000 réis do mesmo produto. Os custos do bacalhau representaram, em 1907, uma enorme fatia de cerca de três quartos [do valor dispendido em todos os peixes adquiridos]. [Oc45, 83] Em 1906, a imprensa local noticia o incêndio a bordo do iate SANTIAGO. Por um descuido do cozinheiro, perdeu-se o navio com todos os seus aprestos e as soldadas dos tripulantes, não tendo havido perdas humanas. O iate, como escreve o capitão Francisco Gonçalves Moreira, num esclarecimento publicado na imprensa, possuía meios elementares para apagar o incêndio (bomba, baldes, etc.), mas, apesar da ajuda das tripulações de outros barcos, não foi possível salvá-lo. O fogo “tinha chegado às latas de petróleo que estavam no rancho e ao carvão que estava no pique também começando a arder o mastro do traquete por baixo da inora e cujo pé do mastro vinha assentar na sobrequilha por dentro do rancho”. Além dos “papéis” pouco mais se salvou. [Oc45, 88]
Afinal, desde sempre, «além dos papéis pouco mais se salva»! E é curioso que os Homens estão incluídos n'«o pouco mais»!
Manuel

sábado, 9 de maio de 2009

Como devem os pais proteger os filhos?


No âmbito da Semana da Vida, que decorre de 10 a 17 de Maio 2009, enquadrando o dia 15 de Maio, constituído, universalmente, como Dia Mundial da Família, a Paróquia de Nossa Senhora da Glória – Sé de Aveiro promove uma conferência sobre “Como devem os Pais proteger os filhos?” 
A conferência vai ter lugar no dia 15 de Maio, pelas 21.30 horas, no Centro Paroquial Nossa Senhora da Glória, na Rua Batalhão Caçadores Dez, 67, com entrada livre. Como convidados, vão intervir o Prof. Freitas Gomes, director da Clínica do Outeiro e professor no Instituto Superior da Maia, Faculdade Lusófona do Porto, e no Instituto Superior de Serviço Social do Porto; e o dr. Rui Nunes, Coordenador de Investigação Criminal da Polícia Judiciária.

"Noite" na Barra vai ter aviso contra drogas

Jesus Zing, jornalista, diz, em artigo publicado no JN, que a “Noite” na Barra vai ter aviso contra drogas. Trata-se de uma iniciativa da Fundação Prior Sardo, da Gafanha da Nazaré, dirigida aos frequentadores dos espaços recreativos na Praia da Barra, durante a época balnear .

Os cristãos do Oriente

Quando se fala nos cristãos do Oriente, pensa-se geralmente nos "ortodoxos", que, em 1054, cortaram os laços com o Papa de Roma. Aqui, porém, refiro-me aos cristãos do Médio Oriente e do Egipto, incluindo os arménios, e também os do Iraque, Irão, Turquia, Etiópia. Na sua visita à Jordânia, Israel e Territórios Palestinianos, o Papa encontrará alguns deles, pois também há comunidades católicas. Embora o cristianismo tenha lá o seu berço, o número de cristãos no Médio Oriente é hoje minoritário, rondando os 6 milhões, uns 4% da população da região. Em Israel, são uns 500 000 (8% da população); na Palestina, 54 000 (1,5%); no Líbano, 40% (1 milhão e 400 mil); na Síria, 4% (750 000), no Egipto, 4 a 5 milhões (6%). Segundo a revista l'Histoire (Dezembro de 2008), há 4 milhões na diáspora (Europa, Estados Unidos e Austrália) e uns 6 milhões de cristãos siríacos na Índia. Estas Igrejas, que remontam muitas vezes aos inícios do cristianismo - foi em Antioquia, então capital da província romana da Síria, hoje, na Turquia, que aos discípulos de Jesus foi dado pela primeira vez o nome de cristãos -, caracterizam-se pela língua (frequentemente, o aramaico) e rituais litúrgicos especiais. A sua diversidade deve-se a múltiplos factores: históricos, políticos, teológicos. As controvérsias teológicas e a História - lembrar o Império bizantino, a irrupção islâmica, as cruzadas (a quarta teve efeitos dramáticos, com o terrível saque de Constantinopla), a conquista otomana, a Primeira Guerra Mundial, a queda do Império otomano, o imperialismo europeu, o estabelecimento do Estado judaico em 1948, a invasão do Iraque...) - criaram um mosaico de comunidades para as quais não é fácil traçar linhas claras de identificação. De qualquer modo, ainda hoje, quando por lá passamos, fica-se impressionado com divisões que podem chegar a agressões físicas por causa da ocupação dos "Lugares Santos". Os debates teológicos tiveram lugar nos primeiros séculos, concretamente IV e V, na tentativa de compreender o mistério de Cristo. Como é que Jesus pode ser Deus e homem? O arianismo negou a divindade de Jesus e foi condenado no Concílio de Niceia, convocado pelo imperador Constantino em 325. Os nestorianos reclamam--se de Nestório (381-451), patriarca de Constantinopla, que deu origem ao nestorianismo: afirma que Maria é mãe de Cristo-homem e não mãe de Deus (theotokos). Os coptas são monofisitas, afirmando que Cristo tem uma só natureza - a natureza divina. O monofisismo foi condenado em 451, no Concílio de Calcedónia, que formulou a definição da fé de que em Cristo há duas naturezas - a natureza divina e a natureza humana - que subsistem numa só pessoa, e teve como consequência a formação de Igrejas independentes: coptas, jacobitas, arménios, nestorianos. Nesta história complexa, estão presentes as controvérsias teológicas, mas não se pode esquecer a conquista muçulmana nem as cruzadas. De qualquer forma, os cristãos, cujo estatuto, no Império otomano, estava subordinado à lei islâmica, que os discriminava, mas não os impediu de ocupar cargos importantes, representariam, aquando da Primeira Guerra Mundial, 25% da população total na grande Síria otomana (Síria, Líbano, Palestina actuais). Depois, o século XX trouxe tempos mais sombrios - hoje serão, como disse, uns 4% -, do genocídio arménio ao êxodo em massa do Iraque. Mas, como escreve C. Mayeur-Jaouen, atenção para não reduzi-los a um "estatuto de eternas vítimas"! Têm de ser denunciadas a prática quotidiana de desigualdade e a perseguição a que estão sujeitos, mas também se não pode esquecer as consequências do fim do império otomano nem o "discurso de cruzada" do invasor americano no Iraque. Para o decréscimo do seu número contribuíram também razões demográficas e até mais possibilidades de saída para o Ocidente - 25 000 caldeus (ramo católico) vivem em França. É esperável um contributo positivo da viagem, difícil, de Bento XVI. A paz e o futuro destes cristãos dependem também da capacidade que os Estados da região e a comunidade internacional tenham para formar sociedades pluralistas e democráticas. Anselmo Borges

Um poema de Domingos Cardoso

POVO Cai o sol às chapadas sobre a aldeia E a procissão se alonga, lentamente, Entre a gente apinhada, pura e crente, Olhos no andor que o santo bamboleia. Embalada p’la banda que estrondeia Marca passo a irmandade reluzente Nas suas brancas opas, penitente, Remindo, quase sempre, culpa alheia. São homens que da terra se alimentam E, em suas mãos, os calos representam A nobre identidade... o seu brasão! O orgulho que em mim cresce é grande, é imenso Por ver que a este povo eu já pertenço Desde que ao mundo vim, sobre este chão!... Domingos Freire Cardoso

Crónica de um Professor

IRREVERÊNCIA
A aula iniciara às 8:30, como era a rotina, de mais uma 2.ª feira do seu horário lectivo. Era um bloco de 90 minutos… para começar bem a semana! Depois de um break prolongado do fim-de-semana, para recobrar forças, preparava-se a teacher parar um profícuo trabalho. Apresenta o material da aula, tenta cativar a atenção dos mais obstinados na dispersão mental, envolve-os nos skills que pretende desenvolver, nomeadamente no Speaking e a aula segue o seu ritmo habitual. Observa, com alguma estranheza, que o L.P. se dispersava, se perdia em gestos e movimentos pouco habituais. Era um aluno dedicado, participativo, com alguma puerilidade excedentária para a sua faixa etária e nível escolar. Várias vezes o interpela, no sentido de o chamar à ordem, no intuito de o fazer apreender e aprender os conteúdos daquela lição. Mas… o L.P., evocando na teacher o movimento de longa duração dos discos de vinil do século passado, teimava em manifestar a sua irrequietude. Estava agitado, aos olhos da mestra que já fora até, noutra circunstância, alvo de um seu rasgadíssimo “piropo”! Era uma “música” que não parava de “tocar”, insistente, insistente. Estranhava este inusitado comportamento! Era um modus operandi atípico, nesta criança dócil, viva, só um nisquinho irreverente, mas nada com que uma paciente e experiente professora não pudesse lidar. - Estranho! Cogitava a mestra falando com os seus botões! Noutro aluno, até teria achado normal, não num discente que sabia, até, ter um fraquinho por ela! No fim da aula, sorrateiramente, abeira-se dela e revela o segredo. - Setôra… hoje… portei-me mal… tenho consciência disso! Costumo portar-me bem e como já não me portava mal, há muito tempo… quis recordar o que era isso! A teacher fica desconcertada e um sorriso malicioso aflorou-lhe ao rosto… desvanecendo qualquer indício de irascibilidade. O que lhe perpassou, num relâmpago, foi a expressão muito utilizada pelas mães da Gafanha, no século passado, quando se deslumbravam com as gracinhas dos seus rebentos! - Apetecia-me roê-lo todo! Sem qualquer conotação pedófila (!?)… o que a teacher quis manifestar foi o gozo, o humor que aquela tirada do L.P., havia provocado nela. E… perante isto... que para a teacher é apenas mais uma das suas inúmeras peripécias docentes, resta a sugestão: a próxima canonização a integrar a Hagiografia Portuguesa, logo a seguir ao beato Nuno, deverá ser de um Professor! Merecem, não acham? Não se candidata, pela simples razão – tem o martírio (!!!), mas nem sempre a resignação de santo! E… mais acrescenta… até se disponibiliza a formar a comissão ad hoc, tal como aconteceu para a comemoração do Dia Mundial do Homem. As mulheres… trabalham!!!
Mª Donzília Almeida 08.05.09

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Bento XVI e rei Abdallah II reforçam necessidade de diálogo na promoção da paz e respeito pelos lugares santos

Bento XVI sublinha as suas intenções de “peregrino da paz”, de quem quer “venerar os lugares santos que têm desempenhado uma parte tão importante em alguns dos principais acontecimentos da história bíblica”. No discurso de chegada, o Papa evidenciou a sua motivação espiritual e pastoral na viagem à Terra Santa. O Papa expressou um “profundo respeito pela comunidade muçulmana” e saudou o papel de liderança do rei Abdallah na promoção “de uma melhor compreensão das virtudes do Islão”. Bento XVI recordou a mensagem de Amman (2004), uma das “nobres acções” para “promover uma aliança de civilizações entre o Ocidente e o mundo muçulmano”, contrariando “as previsões daqueles que consideram a violência e os conflitos inevitáveis”. Também o rei Abdallah II, no seu discurso de boas vindas, apontou os esforços para promover a paz no Médio Oriente e no mundo, “incentivando o diálogo inter-religioso, apoiando os esforços para encontrar uma solução justa, evitando o extremismo”. O Papa relembrou ainda os esforços de paz desenvolvidos pelo antigo rei Hussein, pai de Abdallah II. “Que o seu empenho em resolver os conflitos na região continuem a dar frutos num esforço para promover uma paz duradoura e verdadeira justiça para todos aqueles que vivem no Médio Oriente”.
Fonte: Ecclesia

Conferências Primavera: Carlos Borrego falou sobre ambiente

Carlos Borrego, Alexandre Cruz e Francisco Melo, prior da Gafanha da Nazaré
É POSSÍVEL POUPAR ENERGIA SEM PERDER QUALIDADE DE VIDA
Depois de justificar que as areias depositadas na área do Porto de Aveiro resultaram de dragagens necessárias para a manutenção da Ria, Carlos Borrego, professor catedrático da universidade aveirense e presidente do Conselho Directivo do Departamento do Ambiente e Ordenamento, garantiu que há, “efectivamente”, zonas próximas do porto “que têm concentrações de partículas na atmosfera um pouco mais elevadas do que deveriam ter”, mas isso “não é genérico para toda a Gafanha”. O antigo ministro do Ambiente e Recursos Naturais de um Governo de Cavaco Silva abriu o 1.º Ciclo de Conferências da Primavera, ontem, no salão principal da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, por iniciativa da paróquia, abordando o tema “Questões Ambientais: Moda ou Urgência?” Antecedendo a intervenção do Prof. Carlos Borrego, actuou o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que apresentou alguns números do seu reportório, com o natural agrado dos que aderiram ao convite da paróquia.
Aspecto da assistência
Sobre a questão das areias depositadas na zona portuária, Carlos Borrego lembrou que a Ria precisa de ser dragada, para não correr o risco de desaparecer. Disse que tem conhecimento dos esforços desenvolvidos pela APA (Administração do Porto de Aveiro), mas não deixou de frisar que, por vezes, os benefícios de uns podem trazer prejuízos a outros. Reclamou o bom senso de saber “até onde é que nós devemos andar sem criar problemas ambientais complicados de resolver”. A propósito de algumas críticas sobre a instalação de certas unidades fabris, Carlos Borrego referiu que temos de olhar os assuntos sem o “fundamentalismo” que muitas vezes as questões ambientais suscitam. Contudo, salientou que “há limites, mas também há muito progresso que pode continuar a existir, desde que adequadamente sejam feitas as intervenções, sem criar problemas ao ambiente”. “Há hoje uma componente tecnológica que tem vindo a reduzir os efeitos que as indústrias têm, quer sobre a humanidade propriamente dita, quer relativamente a alguns recursos que temos disponíveis.” Na opinião do conferencista, se não houver respeito pela natureza, dentro de um século, 67 por cento da costa portuguesa poderão desaparecer, chegando “as praias a Coimbra”, tendo em conta que as temperaturas irão sofrer um aumento até sete por cento. O professor da UA afirmou que “a pobreza é o verdadeiro problema do ambiente, porque o número de pobres não pára de crescer”. Em 2007 havia no mundo 854 milhões de pessoas a passar fome, adiantou. Entretanto, enfatizou o facto de as catástrofes naturais estarem a crescer, década após década, naturalmente pelas ofensas que são feitas à natureza. Nessa linha, sugeriu que os consumidores devem rejeitar os produtos inimigos do ambiente, nunca descurando a obrigação de poupar energia. Sobre a poluição, que temos “o hábito de atribuir sempre aos outros”, o conferencista lembrou que uma simples e pequena pilha, atirada para o solo, pode poluir mil litros de água, se atingir o nível freático.
Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré
Mostrou, com exemplos práticos, que é possível diminuir os consumos “sem perder a qualidade de vida”. Desperdiçamos água e energia eléctrica, poluímos o ar e os solos, ignorando que são bens escassos, esclareceu. “Só perdemos qualidade de vida se não formos criativos”, referiu. Considerou importante e urgente promover campanhas de esclarecimento sobre a poupança nos consumos. Disse que as energias eólica, solar e das marés “não resolvem os problemas da sociedade”, acabando por anunciar que, dentro de 50 anos, a fusão nuclear será a mais viável “alternativa às actuais formas de energia”. As Conferências prosseguem nas restantes quintas-feiras de Maio, pelas 21 horas. Fernando Martins