sexta-feira, 8 de junho de 2018

S.O.S. cristãos

Anselmo Borges

1 "A perseguição é um pouco "o ar" do qual o cristão vive ainda hoje, porque também hoje há muitos, muitos mártires, muitos perseguidos por amor a Cristo. Em muitos países os cristãos não têm direitos. Usar uma simples cruz (crucifixo) leva à cadeia. E há pessoas na cadeia; há hoje pessoas condenadas à morte por serem cristãs. Houve pessoas assassinadas e o número hoje é maior do que o dos mártires dos primeiros tempos. São mais. Mas isto não é notícia. Isto não tem lugar nos noticiários, nos jornais, eles não publicam estas coisas. Mas os cristãos são perseguidos."
Quem, mergulhado em tristeza, fez estas declarações foi o Papa Francisco no dia primeiro deste mês de Junho.

2 Como é o Papa, poderia não dar-se muita atenção. "Afinal, está a defender os seus", dirão muitos. Mas há uma jornalista catalã, Pilar Rahola, bem credenciada, que acaba de escrever uma obra de grande investigação, com o título desta crónica - S.O.S. Cristians - e o subtítulo: "A perseguição dos cristãos no mundo de hoje, uma realidade silenciada." Tanto mais credenciada quanto escreve: "O meu racionalismo militante impede-me de acreditar em Deus, mas a minha ética não me impede de respeitar os crentes", "o livro não aborda a moral de um grupo religioso, mas a ética de toda a humanidade. Precisamente por isso, não fala dos cristãos pela sua condição religiosa, mas pela sua condição de vítimas. E é neste ponto que o livro assume um compromisso solidário, uma vontade de arrancar o véu que oculta o sofrimento de centenas de milhares de pessoas perseguidas, maltratadas e assassinadas em pleno século XXI só pelo facto de seguirem a Cristo". Tratando-se de uma perseguição com objectivos de extermínio em vários países, é uma questão de decência ética acabar com o muro do silêncio que se abateu sobre esta tragédia. Como disse o prémio Nobel da Paz, Elie Wiesel, judeu sobrevivente dos campos de extermínio nazis, "O contrário do amor não é o ódio, é a indiferença. O contrário da fé não é a heresia, é a indiferença. E o contrário da vida não é a morte, mas a indiferença entre a vida e a morte".

A nova família de Jesus

Georgino Rocha

"E vem a pergunta crucial: Para mim, quem conta realmente na vida? De quem me sinto mais próximo? Seria muito útil elaborar uma lista de nomes e, por cada um, louvar o Senhor que nos une e aproxima."

Jesus está em Cafarnaúm. Vem da sua terra natal, percorre a Galileia e faz-se hóspede em casa de Simão. Entretanto, chama discípulos, cura doentes, entusiasma tantas pessoas que deixam tudo, o acompanham e acorrem a Ele. Está a ponto de nem sequer poder comer. (Mc 3, 20-35). É impressionante este início da missão em público. A novidade surpreendente mobiliza e interpela. A Nazaré, chegam ecos desta actividade e os familiares põem-se a caminho para O deter, “pois diziam: está fora de Si”. Mais tarde, Jesus volta à sua terra natal e nela é recebido de forma tão hostil que querem lançá-lo por um precipício. Estranha reacção esta, a de O considerarem sem juízo, em vez de se abrirem à novidade, à interrogação, à busca de sentido oculto nas aparências. E eu como me sinto? Qual a minha reacção face à novidade de Jesus? Não podemos nós correr um risco semelhante? Convém estar atentos, lúcidos e abertos.
“A hostilidade e o duro juízo dos familiares de Jesus, anota Manicardi, p. 107, iluminam um dos aspectos das suas escolhas: a sua vida itinerante e celibatária com uma pequena comunidade de discípulos, prejudica economicamente a família, que se vê privada não só de um dos seus membros, mas também das vantagens económicas e do prestígio social que a aliança com outro grupo familiar, garantida por um casamento, teria trazido”

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Festival Rádio Faneca abre portas dia 8 de junho

Festival Rádio Faneca regressa de 8 a 10 de junho 
com lançamento de disco e livro da Orquestra da Bida Airada


E se um festival fosse uma rádio, uma odisseia, 
uma orquestra e também um disco?

«“Mais que um festival de música, o Rádio Faneca é um festival de projetos muito especiais que têm um grande legado de Ílhavo e uma história para contar”, quem o diz é Luís Ferreira, diretor do projeto cultural da Câmara Municipal de Ílhavo, 23 Milhas, que organiza a sexta edição do festival, que decorrerá de 8 a 10 de junho, em Ílhavo. É pela importância de organizar o arquivo, que um dos projetos comunitários âncora do festival, a Orquestra da Bida Airada, sob a coordenação artística da ondamarela, lança um CD com os seus maiores sucessos musicais e um livro que, além de reunir sete músicas do repertório original da Orquestra, reflete e partilha o processo de trabalho em comunidade de cinco anos em território ilhavense.
Durante as várias edições da Orquestra, mais de 300 músicos, com ou sem formação musical, juntaram-se à ondamarela e a artistas como Peixe, António Serginho ou os Crassh para criar um cancioneiro pleno de referências, expressões e tradições ilhavenses.»

Texto e foto da CMI.»
Ler mais e ver programa aqui 

Museu Vista Alegre celebra aniversário



Uma boa razão para visitar o Museu Vista Alegre nos dias 16 e 18 de junho. 

Vai começar a guerra ao plástico



A luta contra o “plástico” parece que vai começar. Fala-se muito das garrafas de plástico, cujo retorno pode traduzir-se numa tara paga, mas temo que tudo fique na mesma. Já pensaram bem na quantidade de plástico que envolve quase tudo o que compramos? 
Sabe-se que o uso do papel poderá contribuir para a redução do plástico, mas há tantos produtos impossíveis de embrulhar no papel… Por exemplo: vamos ao talho comprar carne e a uma peixaria comprar uns robalinhos. Qual será a tara que substitui o plástico? 
Vamos então esperar que alguma cabeça iluminada nos dê umas dicas… Mas a solução não será fácil. Não será mesmo.

45% dos alunos não situam Portugal no mapa da Europa

Dificuldade em usar rosa-dos-ventos, em prova de aferição do 5.º ano, 
ilustra problemas para analisar e interpretar informação


«É apenas um indicador analisado, entre centenas, num relatório que abrange dois anos de provas de aferição - 2016 e 2017 - de várias disciplinas e anos de escolaridade. Mas não deixa de ser preocupante. Pelo menos do ponto de vista simbólico. Entre os mais de 90 mil alunos que realizaram as provas de aferição de História e Geografia do 2.º ciclo, no ano passado, 45% não conseguiram localizar Portugal continental em relação ao continente europeu utilizando os pontos colaterais da rosa-dos-ventos. Ou seja: não conseguiram localizar o país no Sudoeste da Europa.
Utilizando os pontos cardeais, acrescenta o relatório, apenas 45% dos estudantes localizaram corretamente "o continente europeu em relação ao continente asiático, o continente africano em relação ao continente europeu e Portugal continental em relação ao continente americano".»

Nota: Algo vai mal no Ensino em Portugal? Não estou habilitado a responder a esta questão por já estar retirado  do ensino há muitos anos. Mas choca-me saber que as nossas crianças não sabem saltar à corda e nem conseguem localizar Portugal no mapa. Quem é que me explica isto?

Li aqui

quarta-feira, 6 de junho de 2018

A visita ao bispo e outras histórias



Só hoje tive oportunidade de ler Maria João Avillez, no Observador. A crónica tem data do dia 5 de junho e, como sempre, está muito bem escrita. É, também como sempre, oportuna e desta vez com notas da nossa história recente ou de tempos mais recuados. A oportunidade do que escreve, contudo, é evidente, sobretudo para mim, que gosto de refletir sem me limitar nas minhas opções de leitura. 
Maria João Avillez escreve sobre D. António Marto, que vai ser cardeal por decisão do Papa Francisco. Depois, vem com o tristíssimo espetáculo que se está a viver no Sporting e com a história de vida de José Manuel de Melo,  que regressou a Portugal a convite de Mário Soares, depois de um exílio provocado pela revolução dos cravos.  E a jornalista finaliza com Júlio Pomar, com quem aprendeu «a decifrar as suas telas e papeis» e «a mudez eloquente com que depois se quedava a contemplá-las».

Ler crónica aqui 

terça-feira, 5 de junho de 2018

Festival de Sopas na Gafanha da Nazaré




Estou convencido de que o nosso povo vai provar as sopas que se hão de apresentar com sabores diversos, ou não houvesse, em cada gafanhão, um jeito especial pela sua confeção. Tenho comido imensas sopas ao longo da minha vida e posso afiançar que nunca comi duas iguais. Uma curiosidade: Antigamente, era famoso o caldo de feijão, enriquecido pelas diversas carnes do porco, incluindo os enchidos. Às 16 horas haverá atividades diversas e as sopas estarão prontas por volta das 19 horas.

NOTA: Esta informação foi alterada hoje, dia 6, por ter havido lapsos no  cartaz.


ADERAV lança Patrimónios e distingue Mons. João Gaspar


Mons. João Gaspar

No passado dia 26 de maio, na Igreja de Jesus do Museu de Aveiro-Santa Joana, a ADERAV — Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro, em colaboração com a Câmara Municipal de Aveiro, procedeu ao lançamento da revista PATRIMÓNIOS, n.º 11, e à homenagem a Mons. João Gonçalves Gaspar, com a atribuição do título de Sócio Honorário. Razões mais do que suficientes para estar presente, uma vez que sigo, com a regularidade possível, a ação da ADERAV, o mesmo acontecendo com a vida e obra, multifacetadas, de Mons. João Gaspar, um sacerdote e homem da cultura, com inúmeros livros publicados, sendo sócio correspondente da Academia Portuguesa de História. 
O presidente da ADERAV, Lauro Marques, sublinhou que a homenagem a Mons. João Gaspar se ficou a dever ao seu expressivo contributo no âmbito da cultura, sendo colaborador e consultor daquela associação, sempre que solicitado, e muito para além dessa função. 
O presidente da Assembleia Geral da ADERAV, Luís Souto de Miranda, adiantou que Mons. é  «uma referência» para Aveiro e Ribau Esteves, autarca aveirense, frisou que o título de Sócio Honorário se traduz em mais um estímulo para o académico João Gaspar prosseguir na «promoção da nossa história». 
A apresentação do homenageado foi feita pelo vigário-geral da Diocese, P.e Manuel Joaquim Rocha, que referiu possuir Mons. João um conhecimento da cidade e diocese de Aveiro que nos deixa, muitas vezes, de «boca aberta». 
Na hora dos agradecimentos, Mons. João adiantou que não se sentiria bem se não se dedicasse a Aveiro e às suas gentes. 
A revista PATRIMÓNIOS, com edições de periodicidade irregular, apresenta-se sempre com dignidade, variedade e utilidade, enquanto se presta ao papel de repositório do que de importante se faz, ou deve fazer, em prol do estudo, da denúncia do que urge fazer e da promoção do que de muito importante existe no distrito de Aveiro. 
Se olharmos para o sumário, reconheceremos o que afirmo: Além do Editorial e das referências ao homenageado, Mons. João Gaspar, os leitores terão ao seu dispor artigos tão diversos como:

Notas do meu Diário: Agora, com outros olhares

Depois de um interregno justificado e necessário, cá estou de novo com outros olhares. Passei pela experiência de não conseguir ler os carateres mais pequenos, os usuais nos livros e jornais, que os gordos não ofereciam obstáculos, até voltar ao prazer da leitura. Não poder ler, foi um drama que me marcou, apesar de saber que mais tarde ou mais cedo tudo seria normalizado, como me garantiu o meu oftalmologista, Mário Santos, do Hospital da Luz, cuja sensibilidade, disponibilidade e amabilidade bastante me cativaram. Não é todos os dias que encontramos um médico que nos telefona a indagar do nosso estado de saúde, antes e depois da intervenção cirúrgica. Estou-lhe muito grato. 
E agora volto com a boa disposição de sempre ao dia a dia, procurando estar com os meus amigos, de perto e de longe, nesta troca de mensagens que o FB proporciona, livremente, transformando o mundo numa aldeia global que nos torna próximos, embora nos afaste, por vezes, de quem nos rodeia. 
Foram muitas as mensagens que me chegaram por diversas vias com palavras estimulantes. A todos o meu muito obrigado. 
Um abraço para todos. 

Fernando Martins

domingo, 3 de junho de 2018

Apostar no génio

Bento Domingues

1. Os dominicanos franceses, A. Couturier e P. Régamey, directores da famosa revista L’ Art Sacré (dos anos 50 do século passado), impuseram a si próprios, como critério nas escolhas dos artistas a convidar para as encomendas de novas igrejas, o de apostar no génio! Este critério deveria ser anterior às considerações de ordem confessional. Partiam da convicção de que, numa grande obra de arte, está inscrita uma abertura à transcendência. Os resultados da aplicação concreta deste critério foram admiráveis e inspiradores. O Movimento de Renovação da Arte Religiosa (MRAR) em Portugal, no século XX, foi profundamente influenciado por essas exigências [1]. A bela exposição no Convento de S. Domingos (Alto dos Moinhos) para celebrar os 800 anos da presença dominicana em Portugal (1216-2016) testemunha a importância dessa lucidez religiosa [2]
Alegra-me que o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Conselho Pontifício da Cultura, tenha assumido as preocupações inscritas na metáfora do padre Alain Coutourier: apostar no génio. Já deu muitas provas dessa esclarecida visão. Agora, marcou a presença do Vaticano na Bienal de Arquitectura de Veneza, na ilha San Giorgio Maggiori, um bosque com vista para o mar, com a construção de dez capelas de dez arquitectos de vários países e continentes. Entre eles está o arquitecto português Eduardo Souto de Moura. A encomenda da Santa Sé não lhes exigia um templo cristão. Tinha apenas de ter uma mesa para pousar um livro. Isabel Salema apresentou, neste jornal, a história da encomenda das capelas e, especialmente, a realização e as convicções de Souto de Moura [3].

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Palabras co bento no leba


Pessoas e animais

Anselmo Borges 

"Com base na neotenia, o homem tem como tarefa na vida fazer-se a si mesmo: fazendo o que faz, está a realizar-se a si próprio. Por isso, está sempre inconcluído, numa abertura ilimitada, produzindo o novo. O homem nunca está satisfeito (de satis-factus: suficientemente feito), acabado."


Uma das ameaças para o humanismo é a tese animalista que pretende que entre o ser humano e os outros animais não há uma distinção qualitativa, mas apenas de grau. É claro que, no quadro da evolução e uma vez que aparecemos dentro dela, não admira que encontremos já nos chimpanzés, gorilas, bonobos e outros, antecedentes, indícios do que caracteriza os humanos. Pergunta-se: se, como eles, o ser humano também sente, recorda, procura, espera, joga, comunica, aprende e inventa, quais são as notas especificamente humanas que podemos observar no desempenho dessas actividades por parte do ser humano, mostrando que é qualitativa e essencialmente distinto dos outros? Aponto algumas dessas características observáveis.
Na história gigantesca da evolução - o big bang foi há uns 13 700 milhões de anos e muito recentemente foi-se dando o processo da hominização -, sabemos que há ser humano, quando encontramos rituais funerários, diferentes segundo as culturas, mas sempre presentes. Aí, temos o sinal indiscutível de que já estamos em presença de alguém. A consciência da mortalidade, gastar tempo com os mortos, a sepultura, são acções especificamente humanas, essencialmente distintas das do animal.

A celebração do domingo humaniza a sociedade

Georgino Rocha

"A lei ao serviço da vida e de tudo o que a qualifica na sua dignidade inviolável. Sem referência à pessoa e ao seu bem maior (o bem comum), a lei corre o risco de ser desajustada e, por vezes, iníqua."

Jesus enfrenta, desde o início da sua missão pública, a desconfiança fria e distante dos fariseus que o vigiam atentamente e fazem provocações acusatórias. Marcos escreve o seu texto após a perseguição de Nero que dizimou muitos cristãos e a comunidade precisava de alento e confiança. O que havia acontecido a Jesus constituía um apoio espiritual reconfortante.
O confronto apresentado na leitura de hoje, Mc 2, 23-28 e 3, 1-6, é o último de uma primeira série que havia ocorrido: ora com os escribas a respeito do perdão dos pecados ao paralítico, ora com os publicanos e pecadores por estar sentado com eles à mesa, ora com discípulos de João e os fariseus por questões ligadas à prática de jejum, ora com os espias a propósito da observância do Sábado. A partir deste último, os opositores de Jesus tomam a decisão de o matar e elaboram um plano com este objectivo.
O confronto com os fariseus-espias ocorre ao sábado e desenrola-se em dois episódios, sendo o primeiro o das espigas apanhadas na seara do campo e comidas pelos discípulos porque tinham fome; e o segundo, o da mão ressequida curada na sinagoga. E a novidade de Jesus afirma-se cada vez mais: O amor de Deus que não faz acepção de pessoas, prefere os esquecidos da sociedade e quer que tudo, sobretudo as instituições e as leis, esteja ao serviço da vida na sua integralidade. Que mensagem oportuna e interpelante! Que mensagem luminosa e encorajante para todos/as os/as que lutam por causas nobres e irrenunciáveis! Que mensagem centrada no essencial para não nos perdermos em pormenores que, sendo importantes como as folhas das árvores, comportam o risco de esconder o tronco e a seiva que lhes dão suporte e vida!

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Informação necessária


Os meus leitores e amigos hão de estranhar a minha ausência no ciberespaço, nos últimos tempos. Duas intervenções aos olhos (cataratas) impedem-me de ler e de escrever, o que é um drama para mim. Agora, só falta acertar os óculos para ler e ver ao perto. Mais uns dias e retomarei a vida com a disponibilidade de sempre. 
Até um dia destes, se Deus quiser. 

Fernando Martins

Diz Jesus - Fazei isto em memória de mim

Para a festa do Corpo de Deus 

Custódia da Igreja Matriz

Jesus vê chegar a hora do triunfo dos seus inimigos. E não quer deixar de estar presente junto dos amigos. Criativo como é, sonha uma forma especial de realizar o seu desejo. Não o quer fazer sozinho. Chama os discípulos que, preocupados, querem saber onde fazer os preparativos para a ceia pascal. E diz a dois deles: “Ide à cidade. Virá ao vosso encontro um homem com uma bilha de água. Seguí-o”. E eles foram, encontraram tudo o que Jesus havia dito e prepararam a Páscoa.
Que maravilha: A liberdade em acção; a iniciativa por antecipação; o envolvimento como processo de intervenção e crescimento; o seguimento como via de realização; a alegria como leveza de missão e élan de prontidão. Faz-nos bem contemplar a atitude de Jesus que se manifesta na convergência de factores, na sintonia de vontades, na concórdia de actores intervenientes. Talvez nos sirva como referência para a preparação da celebração da Eucaristia, especialmente a dominical.
Uma vez à mesa e enquanto comiam, “Jesus toma o pão, dá graças, parte-e e reparte-o pelos discípulos, dizendo: “Tomai: isto é o meu Corpo”. O mesmo faz com a taça de vinho, de que todos beberam enquanto Jesus afirmava: “Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens”. E acrescenta que só voltará a beber “do vinho novo no reino de Deus”, encarregando os comensais de prosseguirem a sua missão, dizendo: “Fazei isto em memória de Mim”.

terça-feira, 29 de maio de 2018

Congresso Eucarístico - Maria, Nossa Senhora da Esperança

ESPERANÇA, EUCARISTIA, MISSÃO 



«Uma Igreja de rosto materno nunca está feita. Mas contemplando Maria sob o paradigma da graça e da esperança, a Igreja sabe donde vem e para onde vai, renova a sua fé no Deus Criador e Salvador, sabe-se acompanhada no seu caminhar na história em direcção à plenitude esperada.»

Borges de Pinho

O povo cristão reza na Salvé Rainha: “Mãe de misericórdia, vida doçura, esperança nossa”. Faz uma leitura correcta da função de Maria no processo da salvação que Jesus, seu Filho, realizou. Indica o seu rosto materno como estrela a brilhar que ilumina os nossos caminhos.
E reza também: “Bendito e louvado seja o Santíssimo Sacramento da Eucaristia - Fruto do ventre sagrado da Virgem Puríssima Santa Maria”. A sua sabedoria crente contempla o vínculo indissociável entre a Eucaristia e a Mãe de Jesus. Vínculo feito louvor e adoração, repassado de memória agradecida e de profecia confiante. Vínculo que é aliança definitiva selada num amor incondicional pelo bem de todos.

domingo, 27 de maio de 2018

Terceira Rosa de Ouro para Fátima?

Frei Bento Domingues

«O Papa não precisa de aumentar o número de cardeais que resistem, de forma activa e passiva, às reformas que ele anunciou desde a primeira hora e que procuram que essas reformas não lhe sobrevivam. A Igreja precisa de cardeais que ajudem este Papa e que sejam uma garantia de que estas reformas se tornem, de forma criativa, irreversíveis.
Não se pode deixar de realçar as declarações do bispo António Marto: O Santo Padre conhece bem o que eu penso e sabe que tem em mim um apoiante.»

1. No Concílio de Trento (1545-1563), frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo de Braga, teria afirmado que os eminentíssimos cardeais precisavam de uma eminentíssima reforma. Esta custou muito a chegar e, no nosso tempo, foi o papa Francisco que se empenhou na reforma da Cúria com uma coragem e desenvoltura que não fica nada a dever à do nosso bracarense. Perante as resistências activas e passivas que encontrou, já terá desistido? Há quem assim julgue e há quem assim espere. Creio que estão enganados.
Em 2017, pelo quarto ano consecutivo, Bergoglio voltou a usar a mensagem de Natal à Cúria Romana para sublinhar, com muita dureza: para servir a missão da Igreja na sociedade continuam a ser indispensáveis mudanças profundas na assembleia dos cardeais e na mentalidade de muitos elementos da hierarquia eclesiástica.
Destacou que alguns dos que formam o aparelho burocrático do Vaticano usam-no para formar grupos de pressão e de intriga, para impedir as reformas que ele próprio desencadeou. São um cancro que gera egoísmo e está infiltrado nos organismos eclesiásticos e nas pessoas que lá trabalham. A permanente denúncia que o Papa faz do clericalismo e do carreirismo destina-se a libertar a criatividade das comunidades cristãs, frutos da graça do Pentecostes, em saída para todas as periferias existenciais e prontas para todos os socorros como um hospital de campanha.

sexta-feira, 25 de maio de 2018

Festival da Sardinha

Ainda falta muito tempo, 
mas a notícia serve para aguçar o apetite 
e registar na agenda 


«A APARA , Associação de Pesca Artesanal de Aveiro, está já a preparar a segunda edição do Festival da Sardinha da Costa Nova.
O certame decorre nos dias 19, 20, 21 e 22 de Julho, no relvado daquela praia do concelho de Ílhavo, e promete superar os números e a qualidade da edição do ano passado. A única coisa que se irá manter passa pela aposta em servir apenas sardinha fresca e de qualidade.»

A morte: irreversível

Anselmo Borges

«É claro que esta questão [eutanásia] configura uma mudança civilizacional. E não se pense em progresso, pois é de retrocesso que se trata. A eutanásia significa uma derrota: o que o Estado tem para oferecer às pessoas em extrema dificuldade é conceder-lhes o direito de pedir que as matem? De facto, se a eutanásia fosse aprovada, ficaria em vigor uma lei que concede o direito de pedi-la e o Estado teria mais um dever: concretizar esse direito, nos casos aceites, matando. Não se fuja às palavras, pois é de homicídio que se trata, ainda que a pedido.»



1. No passado dia 6, Jürgen Habermas, que continua a ser o filósofo vivo mais influente do mundo, deu uma longa entrevista ao El País. Logo de entrada, estando de acordo com a afirmação de que há a decadência da figura do intelectual comprometido, diz: "A pergunta nostálgica "porque é que já não há intelectuais?" está mal feita. Não pode havê-los, se já não há leitores aos quais continuar a chegar com argumentos." Se foi "determinante uma esfera pública", o que se passa é que "as suas frágeis estruturas estão agora a sofrer um processo acelerado de deterioração". A esfera pública liberal na sua configuração clássica vivia de bases culturais e sociais, "principalmente da existência de um jornalismo desperto, com meios de referência e uma imprensa capaz de dirigir o interesse da grande maioria da cidadania para temas relevantes e a formação de opinião política. E também da existência de uma população de leitores que se interessa pela política e tem um bom nível de educação, acostumada ao processo conflitual de formação de opinião, dedicando tempo a ler imprensa independente de qualidade. Hoje, esta infra-estrutura já não está intacta. O efeito de fragmentação da internet deslocou o papel dos meios de comunicação tradicionais, sobretudo nas novas gerações. Antes de entrarem em jogo estas tendências centrífugas e atomizadoras dos novos media, a desintegração da esfera cidadã já tinha começado com a mercantilização da atenção pública. Agora os novos meios de comunicação praticam uma modalidade muito mais insidiosa de mercantilização".

O Deus em quem eu creio. E tu?

Georgino Rocha
Santíssima Trindade

"Quando o amor é o caminho, a pobreza torna-se história. Quando o amor é o caminho, a Terra será um santuário. Quando o amor é o caminho, vamos baixar as espadas e os escudos junto ao rio para não estudarmos mais a guerra. Quando o amor é o caminho, existe muito espaço para todas as crianças de Deus. Porque quando o amor é o caminho, tratamo-nos uns aos outros como se fôssemos verdadeiramente uma família"

Michael Curry's, 
bispo da Igreja Episcopal dos Estados Unidos.


A Igreja celebra hoje a festa da Santíssima Trindade, insondável no seu ser, acessível no seu agir. Tudo na vida cristã começa e termina nesta realidade admirável. “Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” abre e fecha toda a celebração; está presente e actuante, de modo singular, na Eucaristia; acompanha e guia a Igreja na sua missão no mundo; anima os seres humanos no cuidado da natureza e da criação; abre-lhes horizontes de beleza nas obras de arte e de músca; atrai-os com a harmonia do universo.

Os sábios de todas as culturas descobrem os seus vestígios e dão-lhe nomes diversos; os profetas intuem o seu mistério e apontam possíveis vias de acesso; os estudiosos deixam-se seduzir pelo insondável e lançam-se na aventura da investigação; filósofos e teólogos ponderam o Infinito que os atrai, fazem reflexões ousadas e formulam doutrinas que visam dar alguma explicação. O magistério da Igreja alicerça as suas certezas na Escritura e na Tradição e codifica-as em verdades que, por vezes, são definidas como dogmas em linguagens culturais próprias da época. E para segurança doutrinal, celebra concílios e sínodos que definem com rigor o que se deve crer. Sirva de exemplo os do século IV (Niceia e Constantinopla) e que ainda hoje rezamos na missa. Será tremendamente difícil aos fiéis cristãos atingirem o alcance desta profissão da fé.
Apesar disso, vamos seguir de perto os seus enunciados fundamentais no que se refere à Santíssima Trindade, procurando o rosto humano de Deus nas pessoas divinas e no seu agir histórico, em cada um de nós e em todos os seres humanos. E façamos o nosso pequeno credo.

quarta-feira, 23 de maio de 2018

Notas do meu diário – O tempo e a passarada

Relvado e arvoredo 

Água para a passarada beber e tomar banho
Diz-se que só do tempo falamos (ou escrevemos) quando não temos assunto. Não será o caso de hoje, que assuntos não faltam, mas ao ouvir o chilrear da passarada nas árvores e arbustos do meu quintal, onde têm morada certa e água fresca diária e à discrição, pelos cuidados extremosos da minha Lita, terei mesmo de falar do ambiente que me cerca, com sol quanto baste.
Nunca fui dado ao cuidado dos passarinhos, nem mesmo na idade em que muitos amigos tinham palmas para os apanhar e gaiolas para se deleitarem com os seus variados cantares, que muitos interpretavam como desafios que uns aos outros se impunham, à semelhança dos cantadores de feiras e romarias, com versos brejeiros de respostas e remoques que nunca mais acabavam. 
Os pintassilgos da minha meninice prestavam-se para os seus donos, também meninos, se iniciarem nos negócios da troca, compra e venda dos mais cantadores, artes que, segundo se dizia, eram adquiridas nas prisões aramadas. Agora, até me dou ao luxo de admitir que os seus trinados seriam gritos de desespero pela liberdade a que aspiravam. 
O sol está quente, não há vento e da relva regada ontem vem uma frescura sadia, mais sentida quando caminho sobre ela, sempre com o trinado de aves cujos nomes desconheço. Admito, contudo, que a beleza do que ouço só pode ser dos pintassilgos, os tais que valiam mais dinheiro, que de canários pouco se discutia. 
Muito mais tarde, já maduro, soube apreciar os criadores de canários, com gaiolas bem equipadas e tratamento a condizer. Não faltavam misturas de sementes enriquecidas com vitaminas e seleção de aves a partir de pais com provas dadas para se preservarem qualidades raras, nas penas, na cor e no cantar. 

Fernando Martins