quinta-feira, 14 de julho de 2016

Homenagem ao Padre Artur Sardo

Homenagem ao Padre Artur Sardo

Na sexta-feira, 24 de junho, foi prestada uma justa homenagem ao Padre Artur Sardo no Centro Social Paroquial Nossa Senhora da Nazaré, com o descerramento da sua fotografia e de uma placa, onde se lê:

“Padre Artur Ferreira Sardo
(1912-2000)
Homenagem e gratidão do Centro Social
Junho de 2016”

No momento próprio, o Padre César Fernandes, pároco da Gafanha da Nazaré e presidente da direção do Centro Social, referiu que «esta homenagem de gratidão para com o Padre Artur Sardo é de toda a justiça», pois veio dele a iniciativa de «oferecer o terreno para a construção do Lar, sendo à data da inauguração (maio de 1991) membro da mesma direção».
O Padre César fez questão de sublinhar que «estamos a reconhecer publicamente» o gesto do Padre Artur, enquanto desejou que se perpetue no futuro «a sua dedicação à instituição com a doação do terreno onde está implantado o Centro Social Paroquial».
O Padre Artur Ferreira Sardo, natural da Gafanha da Nazaré, onde viu a luz do dia em 21 de março de 1912, trabalhou durante a sua juventude na agricultura e noutros serviços. Na altura adequada, alistou-se no exército, enquanto estudou de noite na Escola Comercial de Aveiro. Em 15 de outubro de 1935 sentiu o chamamento de Deus e ingressou no Seminário Regional de Évora, porque a Diocese de Aveiro ainda não havia sido restaurada.
Quando a Diocese de Aveiro foi restaurada, em 1938, optou por continuar em Évora, tendo sido ordenado presbítero no Carmelo de Fátima, no dia 30 de julho de 1944.
Desempenhou inúmeras tarefas como sacerdote, sempre como padre de Évora, mas um dia foi em missão até Moçambique, passando depois pelo “Gil Eanes”, como capelão da frota bacalhoeira, dando a seguir um grande salto para a Austrália, onde andou «de cidade em cidade à procura da nossa gente», que ajuda de diversos modos, quer no âmbito religioso quer ao nível escolar, lecionando os ensinamentos básicos aos filhos dos nossos emigrantes.
O Padre Artur, porventura cansado de tanto andar em missão pelo mundo, ao saber que sua irmã se encontrava muito doente, regressou à sua e nossa terra, mantendo-se fiel à sua Diocese de Évora. Decidiu então oferecer a sua casa para o lar a construir na Gafanha da Nazaré.


Fernando Martins


Nota: Dados biográficos colhidos no livro “Gafanha — N.ª S.ª da Nazaré” de Manuel Olívio da Rocha e Manuel Fernando da Rocha Martins.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

376 milhões de euros para ligação ferroviária Aveiro-Vilar Formoso

UE dá luz verde a 376 milhões de euros 
para obra de ligação ferroviária 
Aveiro-Vilar Formoso


«Os Estados-membros da União Europeia deram 'luz verde' a uma injeção de 393 milhões de euros para o financiamento de oito iniciativas no âmbito das infraestruturas de transporte em Portugal, dos quais se destaca o projeto de execução da obra de ligação ferroviária entre Aveiro e Vilar Formoso (Linha da Beira Alta), por um montante aproximado de 376 milhões.
Os Estados-Membros da UE aprovaram formalmente na sexta-feira uma lista de 195 projetos no setor dos transportes, que receberão 6,7 mil milhões de euros de financiamento ao abrigo do convite à apresentação de propostas de 2015 do Mecanismo Interligar a Europa (MIE).
Esta lista - que tinha sido apresentada a 17 de junho pela Comissão Europeia - deverá permitir a libertação «de cofinanciamento suplementar, público e privado, num montante total combinado de 9,6 mil milhões de euros e criar 100 000 postos de trabalho até 2030» salienta uma nota da Comissão Europeia.»

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terça-feira, 12 de julho de 2016

“Os últimos marinheiros” — Um livro de Filipa Melo


Fotografia de Miguel Sobral Cardoso 
“Há três espécies de seres:
os vivos, os mortos 
e os que andam no mar.” 

Anacársis, 
filósofo cita

Acabei de ler um livrinho de Filipa Melo, com edição da Fundação Francisco Manuel dos Santos. Faz parte da coleção “Retratos da Fundação” e tem apenas 70 páginas, que se leem num fôlego. Trata-se de trabalho muito bem escrito, edição de bolso, que toca fundo na sensibilidade de quem carrega, como eu, no seu ADN, o mar e a pesca do bacalhau, mas também navios, mastros e velas, ondas, botes, redes, ausências, naufrágios, caldeiradas, partidas dolorosas e regressos felizes. 
Diz a autora na Introdução que, «Em Portugal, os homens do mar estão em vias de extinção ou quase», sendo eu sou testemunha disso. Vai já longe o tempo em que o Porto de Pesca de Aveiro era um viveiro de navios para todos os mares e para todas as pescas, com gentes da costa de Norte a Sul do país. A história é por demais conhecida e Filipa de Melo é clara e oportuna quando diz: «Inclinados perante a Europa, virámos as costas ao mar.» E acrescenta: «A atualidade do nosso imaginário mítico marítimo dissolve-se no desprezo coletivo pelo mar. Estendidos nas praias, vemos passar navios, ao longe, cada vez mais longe. O mar não existe nem sequer como conceito do poder da nação.»
A autora frisa, ainda na Introdução: «O que o leitor tem nas mãos é uma tentativa de retrato de alguns portugueses cuja principal fonte de sustento ainda é a navegação no mar».
E vamos ao livro que levou a autora a embarcar no navio de pesca de arrasto Neptuno, da praça da Figueira da Foz, em março de 2015. Jornalista experimentada e corajosa, usufruiu do prazer de sentir ao vivo o trabalho duro dos homens do mar. E da reportagem com que nos brindou ofereceu-nos, para nossa enlevo, ramalhetes poéticos que emprestaram cor e vida ao que ouviu e sentiu. 
Descobrimos apelidos que nos soam como familiares, a paixão e a fatalidade atraídas pelas ondas, o saber de experiência feito, a coragem e o respeito pela bravura do mar. Matias, Caçador, o nosso Santo André, o Museu Marítimo de Ílhavo, os canais da ria, a devoção dos marinheiros e oficiais na hora de arriar — “Seja louvado e adorado nosso Senhor Jesus Cristo”. E o bacalhau, sempre o fiel amigo presente, a pesca à linha, os veleiros, os navios a motor, os dóris (botes), o fim da pesca à linha em 1974 e a entrada dos arrastões. Mais nomes de gente nossa: O Mário Alberto Caçoilo, o Alberto Oliveira e Silva, o Arménio Pata entre outros.
Hora de um bom naco de poesia, de José Quitério, que eu sempre li, com inaudito prazer, nas páginas do EXPRESSO, dedicado ao bacalhau:

«Esquecendo a tortura que a todos infligiste na infância — ai, o malfadado óleo do teu fígado! — deram-te o aconchego das batatas, beliscaram-te com o grão, meteram-te entre fofos cobertores de farinha, coroaram-te com hortaliças, cebolas e ovos, como um rei. Segmentaram-te em bolinhos e até te pediram que fosses sonhos. Cozeram-te, grelharam-te, assaram-te, guisaram-te fritaram-te, albardaram-te, rechearam-te, arrozaram-te, exigiram-te consolos de consoadas, e só não te negaram três vezes porque, desalienado e simples como és, recusaste a dimensão divina.»

Acrescenta Filipa Melo: «No final, esqueceram-se da tortura de quem te pescou, durante tanto tempo, à custa de tanto sacrifício. Há quem diga que é preciso ir para o mar, para aprender a rezar. E tenha razão.»
A autora embarcou num dos navios da Portline, o porta-contentores Port Douro, e teve o privilégio de entrevistar Cristina Alves, «uma das duas primeiras mulheres a formarem-se em Pilotagem marítima, que lhe garantiu: «Ao fim das primeiras viagens, descobri que era mesmo o mar o que eu queria.» Fico-me por aqui, não sem antes recomendar: A nossa gente, que sente como poucos que o mar que sustenta também mata quando enlouquece, precisa de reavivar memórias. E este livrinho dá-nos um retrato muito fiel dos bravos homens do mar, que alguém um dia tratou por  lobos do mar. Aliás, a primeira citação deste trabalho de Filipa Melo reza como verdade expressiva: “Há três espécies de seres: os vivos, os mortos e os que andam no mar.” Anacársis.

Fernando Martins

Acordo Ortográfico: Onde andastes, que vos não vi?




NOTA: Não sou, nem pretendo ser, especialista em matérias relacionadas com a Língua Portuguesa, falada ou escrita. Sou apenas um leitor que gosta de ler e de escrevinhar umas coisas simples. Adotei o Acordo Ortográfico porque foi aprovado legalmente depois de muitos estudos, reflexões e debates. Sei que a questão é complexa, que as línguas vivas não podem ficar agarradas teimosamente ao passado, que há e haverá sempre novos vocábulos, e que em algumas situações deveria ter havido mais cuidado. Também admito que, mais tarde ou mais cedo, teremos acertos. 
Concordo com o que Francisco José Viegas diz neste texto que escreveu para a Revista LER e que aqui reproduzo, sublinhando a questão expressa no título: ONDE ANDASTES, QUE VOS NÃO VI? 
Pois é. Nós, os portugueses, somos assim. Andamos entretidos, por vezes, com ninharias, e atiramos os trabalhos e ideias para cima de outros. E depois da casa roubada trancas à porta. 

Fernando Martins

Férias à porta de casa

Grandes Veleiros
e Festival do Bacalhau em agosto
 
Festival do Bacalhau

Grandes Veleiros
O próximo mês de agosto vai ser um mês cheio, com dois acontecimentos que são outras tantas festas, daquelas que nos enchem os olhos e a alma. Para quem não pode gozar férias, por variadíssimas razões, tem aqui, na nossa Gafanha da Nazaré, duas grandes festas. A festa dos Grandes Veleiros e o Festival do Bacalhau. Os Grandes Veleiros entre 5 e 8 de agosto; o Festival do Bacalhau de 17 a 21 de agosto.
 Estas festas são tão expressivas que até ganham em estar separadas. Assim, dá para nos deliciarmos com os veleiros imponentes e carregados de história que nos visitam, qual deles o mais belo e harmonioso, e a seguir, uma semana depois, todos teremos a oportunidade de saborear os acepipes que à volta do “fiel amigo” o povo e os cozinheiros souberam criar com gosto: a posta do bacalhau de mil maneiras, as caras de bacalhau fritas, as línguas de bacalhau à maneira de cada imaginação, as pataniscas com os seus segredos, e a feijoada de samos, mas de samos mesmo, que se vejam claramente. E temos cá um palpite que há de surgir uma ou outra surpresa, porque haverá concursos que, por regra, espicaçam a criatividade dos cozinheiros em prova e das instituições que são parte integrante do festival.
Mas o Festival do Bacalhau não é só comer e beber. Estão agendados concertos de música para todos os gostos, exposições relacionadas com o bacalhau e outras que, de alguma forma, possam complementar a festa. Lembramos, por exemplo, a “corrida mais louca”, entre outras iniciativas que fazem do Festival do Bacalhau uma das mais participadas festas populares da região.
 Uma sugestão: Se puderem, façam férias em agosto cá dentro, na nossa Gafanha da Nazaré. E para os que vêm de longe, garantidamente amantes do bacalhau, só têm que seguir o GPS, indicando: Gafanha da Nazaré — Jardim Oudinot.

Fernando Martins
 

domingo, 10 de julho de 2016

As trapalhadas do Crisma

Crónica de Frei Bento Domingues 

“Será o recém-ungido que abandona a Igreja ou a Igreja que já não tem mais nada a dizer-lhe?”

1. Rui Osório, jornalista e pároco da Foz do Douro, na sua pertinente coluna na Voz Portucalense (2016.06.29) revela preocupações que não são exclusivas: “Se a minha confidência de pastor vos parecer pessimista, peço-vos desculpa, mas deixem-me desabafar: a prática do Crisma é uma das experiências pastorais mais frustrantes que tenho encontrado.
“Em tempos primitivos, os catecúmenos, depois de um longo crescimento na fé, entravam na piscina e eram lavados; saíam e eram perfumados com óleo do crisma; e acediam à mesa eucarística para serem alimentados.
“Hoje, não é tanto assim e andamos, na longa e agitada onda da cristandade sociológica, a surfar um pouco aturdidos entre o cansativo cristianismo de tradição e o sedutor cristianismo de opção.
“Pastoralmente, parece-me que, em vez da iniciação à fé cristã, o Crisma está em risco de se tornar no sacramento que marca o fim de uma certa educação e de pertença cristã construídas na areia.
“Já lhe chamaram a 'festa do adeus'! Os cristãos encontram-se no cais em despedida para outras andanças que não acertam no norte do cristianismo!
“Tenho boas razões para confirmar a «festa do adeus» de tantos a quem acompanhei na preparação para o Crisma, sobretudo jovens que completaram com assiduidade os seus dez anos de catequese e se despediram da Igreja ou a Igreja não lhes deu um novo porto de abrigo.

sábado, 9 de julho de 2016

Travessia da Ria de Aveiro a nado

17 de julho 
Gafanha da Encarnação - Ponto de partida
Costa Nova - Chegada
Está a decorrer, até ao dia 14 de julho, o prazo de inscrições para a IX Travessia da Ria a Nado/IV Aquatlo, que vai ter lugar no próximo dia 17 de julho, com organizada pela Câmara Municipal de Ílhavo através do Fórum Náutico do Município de Ílhavo, esta iniciativa já conquistou uma significativa relevância regional. 
A prova tem início (concentração pelas 13h45 e partida 14h35) no Largo da Bruxa, Gafanha da Encarnação, e termina no Relvado da Costa Nova, perfazendo uma distância total de 750 metros. Os mais audazes terão ainda a oportunidade de realizar o IV Aquatlo (travessia + corrida). 
te evento permite aos participantes testar a sua capacidade física e aos apoiantes, familiares, amigos e interessados assistir a uma prova única na região. 
Mais informações em www.cm-ilhavo.pt 
ou pelo e-mail forum.nautico@cm-ilhavo.pt.

Fonte: CMI

Lar da Gafanha do Carmo com capacidade criativa

De um Lar da Gafanha do Carmo
para um vídeo promocional do FCP



«O FC Porto acaba de dar início à campanha de vendas de lugares anuais 2016/17 no Estádio do Dragão e o vídeo promocional da campanha, partilhado nas redes sociais do clube, está a ser recebido com grande satisfação pelos adeptos azuis e brancos e não só. Já com perto de 400.000 visualizações, o vídeo, com pouco mais de dois minutos (2.18') aproxima diferentes gerações da mesma paixão: o Clube. De um lado um bebé, o Tomás Castanho, que se tornou sócio este ano e do outro António Marcolino, sócio do FCP desde 1949»

Fonte: Texto e foto do Diário de Aveiro

NOTA: A criatividade e as boas ideias surgem frequentemente na vida de cada um de nós e das sociedades, mas raramente são conhecidas. O Lar da Gafanha do Carmo, como é sobejamente sabido, é fértil na criação e divulgação de projetos que transcendem os horizontes da nossa região. Os meus parabéns, com votos de que continuem na senda de outros êxitos, sempre com inovadoras propostas que mexam com a comunidade e sigam para além dela.

As dez heresias do catolicismo atual (3)

Crónica de Anselmo Borges 


Concluo a apresentação das dez heresias do catolicismo actual, segundo J. I. González Faus. 
7. "Apresentar a Igreja como objecto de fé". Que se entende por Igreja? É decisivo responder adequadamente a esta pergunta, para afastar o perigo em que caiu o Papa Pio IX, que se negava a renunciar aos Estados Pontifícios, alegando que "aqueles territórios não eram seus, mas de Cristo". A Igreja não é Deus, é comunidade de comunidades formadas por homens e mulheres que acreditam em Jesus e no Deus que Jesus revelou. Homens e mulheres que acreditam no Deus de Jesus formam a Igreja e é em Igreja que acreditam em Deus. Temos, pois, um erro quando "a Igreja se apresenta como objecto de fé, equiparando-se ao Deus trino e esquecendo que só em Deus, e em mais ninguém, é possível crer, no sentido pleno da palavra". Percebe-se também que a autoridade na Igreja só como serviço se pode compreender.
8. "A divinização do Papa". "Confessamos que o Papa romano tem poder para mudar a Escritura e aumentá-la ou diminuí-la de acordo com a sua vontade. Confessamos que o santíssimo Papa deve ser honrado por todos com a honra devida a Deus e com a genuflexão maior devida a Cristo." Estas "palavras incríveis" provêm da profissão de fé que os jesuítas propunham aos protestantes húngaros para passarem à Igreja Católica nos finais do século XVII. O Papa Bento XVI, quando era professor, denunciou esta profissão como "monstruosa", reconhecendo depois que o magistério nunca a condenou.

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré

Espaço da "Casa Gafanhoa" vai ser melhorado e ampliado 

Ferreira da Silva na abertura do festival
Ana Abrantes com o GEGN
Ana do Grupo Etnográfico, Miguel Almeida e Ana Abrantes

Paulo Costa com o grupo Cantarinhas de Triana
Fernando Martins com o grupo de Pevidém
Vasco Lagarto com os Camponeses de Vale das Mós
Carlos Rocha com o Rancho de Parada de Gonta
Realizou-se no sábado, 2 de julho, no Jardim 31 de Agosto, o XXXIII Festival Nacional de Folclore, com organização do Grupo Etnográfico da nossa terra, não faltando a habitual presença do público, sobretudo do que se revê com gosto nestas manifestações que trazem até ao presente vivências, usos e costumes dos nossos antepassados.
Na abertura do Festival, na Casa Gafanhoa, o vereador da Cultura, Paulo Costa, em representação da Câmara Municipal de Ílhavo, afirmou, referindo-se à Casa Gafanhoa, que a Gafanha da Nazaré tem «a caraterística ligação à terra e ao mar», sublinhando que somos hoje a Capital do Bacalhau, estando nesta terra «o maior património nacional relacionado com a pesca e transformação do fiel amigo».
Referiu que foi com muito gosto que há uns anos atrás foi membro do grupo, desempenhando o papel de jornaleiro, «andando com o malho às costas». Disse que «não fazemos nenhum favor aos grupos etnográficos», sendo certo «que são eles que muito nos dão a nós». E garantiu que o GEGN é para a CMI «um parceiro de excelência, tendo a autarquia trabalhado com ele desde a sua fundação». 
Paulo Costa informou que a Casa Gafanhoa vai sofrer obras «a médio prazo», para que o museu se apresente «com mais qualidade» para receber o espólio que o GEGN tem conseguido juntar. «O espaço vai ser melhorado e ampliado, com novas condições», disse. Ao desejar as boas-vindas aos grupos convidados, manifestou o desejo de que fiquem com vontade de voltar ao nosso concelho, que muito tem para oferecer.

AVEIRO: Palácio da Justiça

Efeméride 
1962 
8 de julho 
Tapeçaria de Almada Negreiros
Neste dia, em 1962, «Foi oficialmente inaugurado o novo edifício do "Palácio da Justiça", na Praça do Marquês de Pombal, com a presença do Professor Doutor João de Matos Antunes Varela, ministro da Justiça.»  (Correio do Vouga, 7-7-1962 e 14 -7-1962)

No "Calendário Histórico de Aveiro" 
de António Christo 
e João Gonçalves Gaspar

Crónica. Sansões e Dalilas

Crónica e foto do Observador


«Nem o Governo tem a força de Sansão para enfrentar as instituições europeias, nem a direita foi uma Dalila traidora que entregou o poderoso Sansão aos filisteus porque não cumpriu o défice de 2015. Na Europa hoje só há poderes moderados – não há Sansões – com a exceção da Alemanha, da França que é a França, e dos que se vão embora, os britânicos. Como Portugal é Portugal – e António Costa não tem super-poderes para enfrentar Bruxelas –, o debate de hoje foi a cantiga do tempo que volta para trás. “O tempo não volta para trás”, disse o primeiro-ministro a Passos Coelho. “Desista de se manter em 2015 porque o mundo está em 2016”. Assistimos a uma bela sessão de passa culpas.»

NOTA: Sou dos que estão cansados de ouvir a lengalenga do costume nos debates sobre o Estado da Nação. É sempre o mesmo. Uma pasmaceira sem nada de novo com vista ao futuro deste recanto à beira mar plantado. Quem governa acusa sempre o passado e quem está na oposição acha que Portugal não tem legitimidade para escolher os seus governantes. Vai daí, surge o insulto, a grosseria, a mesquinhez, o berro, o ataque gratuito. Só conseguem ver nos adversários políticos inimigos a abater, a qualquer preço. E ninguém se lembra que o país e o povo precisam que se olhe, com coragem, para a frente. O passado é passado. Enterrem-no, por favor. E governem melhor, se souberem. Nas próximas eleições o povo tirará as suas ilações. 

VAI E FAZ O MESMO

Reflexão de Georgino Rocha


Esta exortação assertiva, clara e interpelante, surge na parábola do samaritano narrada por Jesus como resposta ao mestre de leis preocupado com o sentido da vida e com os meios a usar para alcançar a vida eterna; decorre, como consequência lógica e coerente, do amor a Deus e ao próximo, síntese de todos mandamentos, como bem acentua o jurista inquieto e desejoso de acertar na solução do futuro; comporta uma orientação fundada e constitui um guia seguro de atitudes e comportamentos para o relacionamento das pessoas em sociedade, sobretudo em situações de especial necessidade; destaca a importância da rede de cuidados e da cooperação entre os intervenientes; apresenta um dos traços mais fortes da identidade dos discípulos/cristãos e define a marca mais vigorosa do seu testemunho público.
Vai e faz o mesmo porque o amor de Deus envolve necessariamente aqueles que Deus ama, sem distinção de género ou de raça; percorre os seus caminhos de aproximação e serviço; reveste os seus sentimentos de ternura e misericórdia; faz-te voluntário e envolve-te em todas as causas dignas da condição humana; doa-te, por inteiro, com os teus bens, o teu tempo, as tuas capacidades de relação e influência.

Caprichos da natureza


Arte natural. Curvas e contracurvas. Horror ao linear. A natureza sem linhas direitas. Gaudí respeitou essa regra. A beleza está no torto. O que nasce torto tarde ou nunca se endireita. A vida  quer liberdade. Com a força da natureza não se brinca. O belo horroroso. O horroroso belo. A beleza também está nas curvas. Desafio: podem sugerir…

quinta-feira, 7 de julho de 2016

Papa pede aos pobres para rezarem pelos culpados da pobreza


«Assim como Ele disse aquela bela palavra, “felizes”, aos pobres, aos esfomeados, àqueles que choram, àqueles que são odiados e perseguidos, disse uma outra, que dita por Ele faz medo. Disse: “ai de vós”. E disse-a aos ricos, aos sábios, àqueles que agora riem, àqueles que gostam de ser adulados, aos hipócritas. Dou-vos a missão de rezar por eles, para que o Senhor mude o seu coração.»

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A Nossa Gente: Leonardo Marques

Leonardo Marques
Neste mês de julho, em que a Câmara Municipal de Ílhavo promove a segunda edição do Marolas, uma iniciativa feita para e por jovens, dedicamos “a nossa gente” a Leonardo Marques. 
Natural de Ílhavo, Leonardo nasceu a 29 de setembro de 1995, revelando-se curioso desde muito cedo e com um feitio muito peculiar, como o próprio diz “muito próximo do dramático”. Estudou na Escola Primária da Légua e, mais tarde, frequentou a Escola Básica José Ferreira Pinto Basto, tendo tido sempre o seu horário preenchido com atividades extracurriculares, entre as quais natação, escutismo, ginástica e aulas de teatro. 
A paixão pela representação é intrínseca à sua personalidade: desde peças de teatro com apenas três anos, quando ainda frequentava o pré-escolar, ao clube de teatro no terceiro ciclo, aquando da sua entrada no GRAL - Grupo Recreativo Amigos da Légua, com a direção de Zé Mário Catão, e onde se divertiu a encarnar várias personagens, desta vez com a importância de ter um guião escrito. 
Tudo seguia um caminho normal, as suas boas notas pareciam antever um futuro certo, sem surpresas, mas o destino não o decidiu assim. No início de 2010 e, com apenas catorze anos, a sua vida mudou quando, depois do seu primeiro casting, foi escolhido para se juntar a um dos elencos mais acarinhados pelos jovens em Portugal. Nesse ano, Leonardo iniciava o seu grande sonho e os “Morangos com Açúcar” foram o primeiro tijolo na sua edificação. Mudou-se para Lisboa e começou a gravar a sua série preferida. Foram meses de grande alegria e, mesmo com uma agenda carregada, não sentia o cansaço, sendo mesmo distinguido como um dos melhores alunos do ano. Depois disto, seguiram-se dois telefilmes RTP e TVI. Iniciou um projeto de videoclips com David Carreira, finalizando-o com o concerto “Don’t stop the party”, no Coliseu dos Recreios. 

Festa do Crisma na Gafanha da Nazaré

A vida é para a gastarmos ao serviço dos outros




«Se alguém quiser ser como Jesus, ser seu discípulo, tem de tomar a sua cruz todos os dias para O seguir”. Assim falou o nosso Bispo, D. António Moiteiro, na parte final da homilia, na Eucaristia das 19h, dia 18 de junho,  onde ministrou o sacramento da Confirmação a 39 jovens e 11 adultos.
D. António sublinhou que «a vida é para ser dada, para ser oferecida, para a gastarmos ao serviço dos outros». E referindo-se ao Padre Danny Santos Rodrigues, com origens nas Gafanhas da Nazaré e Carmo, que no domingo seguinte celebraria a Missa Nova na nossa igreja matriz, o prelado aveirense disse que «também ele um dia sentiu que Jesus o chamou para ser seu discípulo». 
Aos jovens e adultos que iam ser crismados, D. António salientou que também «Jesus passou hoje por aqui e está no meio de vós» para perguntar a cada um se quer ser seu discípulo, pegando na cruz de cada dia para O seguir. E para concretizar, lembrou que a cruz pode ser a do estudo, da incompreensão dos amigos, das dificuldades do trabalho, da própria família. 
O Bispo de Aveiro formulou o desejo de que, «se Jesus passa por vós e diz vinde comigo, vós deveis fazer com que o Espírito que ides receber e que enche o vosso coração seja fonte de vida nova para trabalhar na paróquia, fonte de vida nova para vos comprometerdes no lugar onde vos encontrais, fonte de vida nova para serdes também agentes para transformar o mundo em que vivemos». 
D. António Moiteiro disse que o Crisma não pode ser apenas uma celebração, uma festa, devendo ser, sobretudo, «um compromisso de viver a nossa fé e a nossa vida cristã, como dom para os outros». «Ser discípulo implica sempre duas realidades: o anúncio do Evangelho e o testemunho da nossa vida que somos chamados a dar cada dia».

terça-feira, 5 de julho de 2016

S. Miguel: Gatos


Sesta nos penedos. Mãe e filhote. Mar à vista. Sem programa marcado ou desejado. Sós. Nós, os estranhos, perturbámos o seu sossego. Ergueram-se desconfiados. Que querem de nós? Deixem-nos em paz. Saímos apressados e a sesta porventura continuou.

Ribeira Grande vista por Raul Brandão e por mim

Matriz ao longe
«A estrada sobe, a estrada desce, e a vegetação é cada vez mais impetuosa e forte. Já ao longe reluz uma brancura — Ribeira Grande. O panorama alarga-se, mas as nuvens começam a forrar o céu e o cheiro da humidade a entrar-me pelas ventas. Todo este ar lavado e amplo se emborralha. O calor amolece. Mais um lanço de estrada que sobe, e tenho diante de mim a rica planície da Ribeira Grande, largo quadro de tons variados, desde o loiro do trigo até ao verde-escuro do milho. Ao fundo, a toda a largura do céu, uma nuvem recortada e imóvel, estendida como um toldo, deixa um feixe de sol iluminar o oceano, enquanto o campo se conserva envolto em claridade esbranquiçada e magnética até à linha cinzenta dos montes.»

Raul Brandão, 
1924, 4 de agosto

Matriz de outro ângulo. Árvore secular marca presença
Jardim anexo à ribeira
Outro aspeto da ribeira
As árvores com idade avançada
As nuvens, sempre as nuvens
Na ponte, os nossos interlocutores

Ao volante do seu carro, que chiava a cada curva apertada e roncava em cada subida íngreme, com montes teimosamente no horizonte e mar em múltiplas esquinas, o meu João Paulo não se cansava de nos indicar povoações, miradouros, culturas e gentes. Trigo e milho jamais. Casas bonitas, bem caiadas e asseadas, flores e verdura a ornamentarem a paisagem. Vacas aqui e ali. E nas aldeias, de ruas estreitas desafiando a perícia dos condutores, lá estavam monumentos singelos com evocações histórias.
As nuvens de Raul Brandão a forrarem o céu e a humidade abafada a envolverem-nos eram presença assídua e incomodativa. Depois o largo, a Ribeira Grande, a maior da ilha, segundo o testemunho de três ribeirenses que cavaquearam connosco na ponte. De conversa simpática. A Ribeira Grande afinal trazia pouca água. E explicaram. — Quando chove bem, a água escorre dos montes e o caudal cresce bastante e com força; depois vem a normalidade, mas nunca seca.
E continuaram: — As árvores enormes são como monumentos; ninguém as pode cortar; quando éramos meninos já cá estavam e gostamos muito de as ver sempre bem tratadas. 
Depois falaram da prisão que estava num lado do largo, numa espécie de torre quadrangular. E orgulharam-se das ruas ajardinadas e limpas, das casas pintadas sob fiscalização da Câmara, dos jardins com arte. E um acrescentou: — Um dia um morador abusou, pintando a sua casa com uma cor esquisita; a Câmara resolveu o problema; as leis são para ser cumpridas.

segunda-feira, 4 de julho de 2016

Faleceu o meu amigo Plínio Ribau Teixeira

Plínio Ribau Teixeira
Inesperadamente, como acontece com todas as mortes, faleceu o meu amigo Plínio Ribau Teixeira, 76 anos, que conheci desde a infância, quando nos intervalos da escola brincávamos, imensas vezes, na eira dos seus pais. Filho de Manuel Teixeira, o Tio Elviro, e de Madalena Ribau, Tia Madalena Ruça, era membro de uma família numerosa, muito conceituada na terra. Irmão do Manuel, do Ângelo, do Diamantino, do Josué e da Maria de Fátima, viu partir para Deus, para além dos seus pais, os seus irmãos Ângelo e Josué. Ambos, tal como ele, ainda longe da velhice.
Curvo-me perante a sua memória, dirigindo a toda a família, para mim muito querida, palavras de esperança e de certezas de que a vida continuará no seio maternal de Deus. «… porque nos criastes para Vós e o nosso coração vive inquieto enquanto não repousa em Vós», no dizer sábio de Santo Agostinho. Isto nos consola e há de consolar de forma especial a família do meu amigo Plínio.
Da sua juventude, permitam-me que evoque o trabalho que o envolveu desde cedo. Na agricultura ao lado do pai, depois durante bom tempo na marinha de que Tio Elviro, seu saudoso pai, era marnoto, avançou a seguir com ânsia para mudar de vida. Estudou, tendo eu acompanhado a sua vontade de vencer, orientando-o em estudos de contabilidade. Havia de singrar, porque o Plínio queria realmente vencer. Como de facto venceu.
Casou com a Fátima, tendo-me convidado para o casamento a que fui, com gosto, com minha esposa. Emigrou e da Venezuela trouxe um filho, o Juan Carlos, que foi meu aluno. A seguir nasceu o Paulo Jorge, também meu aluno. E assim se foram cruzando as nossas vidas. De vez em quando lá nos encontrávamos e o Plínio nunca se me mostrou triste, nem preocupado, nem doente. Sempre de sorriso nos lábios, com uma ou outra recordação de tempos idos, de que ríamos a bom rir.
Em casa do avô, Manuel Ribau Novo, o homem que foi a alma da construção da nossa Igreja Matriz, mesmo ao lado da casa paterna, os domingos eram passados à volta da música. O Manuel com o seu violino era o maestro, o Ângelo com a viola, o Plínio com o banjo ou bandolim e o Diamantino com a guitarra. A Maria passava leve como uma pena, olhava, ria-se, e seguia. E o Josué alheio às melodias musicais. Mais tarde, este mesmo, o Josué, apaixonou-se pela teoria musical e pelo colecionismo de instrumentos. 
Em pouco tempo três Ribaus nos deixaram. Mas deles guardo, na gaveta sagrada das minhas memórias, histórias sem fim que dão cor à minha existência. 
O seu funeral realizar-se-á amanhã, 3.ª feira, 5 de julho, às 11 horas, para o cemitério da Gafanha da Nazaré.

Fernando Martins 

Festa de Nossa Senhora dos Navegantes

17 e 18 de setembro, no Forte da Barra

Capela de N. Senhora dos Navegantes
Procissão pela Ria 
A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré, está já agendada para 17 e 18 de setembro, dela se destacando a procissão pela Ria de Aveiro, com o acompanhamento, já habitual, de barcos moliceiros, mercantéis, bateiras, lanchas e barcos de recreio. A organização é do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, em cooperação com a paróquia, autarquias, APA (Administração do Porto de Aveiro) e demais autoridades, militares, civis e religiosas. 
Pelas 11 horas do dia 18, domingo, haverá na Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré a receção aos ranchos e grupos folclóricos, nomeadamente, Rancho Folclórico “Os Marceneiros de Rebordosa”, Rancho Folclórico de S. Pedro de Roriz e Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, o grupo anfitrião.
A procissão pela Ria de Aveiro sairá do cais na Cale da Vila, pelas 14h30, passando por S. Jacinto e culminando no Forte da Barra, onde será celebrada a Eucaristia, por volta das 16h30, ficando os cânticos a cargo dos Ranchos convidados. 
Às 18h30 será dado início ao Festival de Folclore.

domingo, 3 de julho de 2016

Gostar de sofrer: mística ou doença

Crónica de Bento Domingues 


1. Só acreditas em Deus porque te dá jeito. Recebo muito bem esta velha censura de amigos agnósticos e ateus. Só me faltava acreditar porque via nisso uma desgraça.
O que torna a ideia de Deus inacreditável ou inaceitável para muitas pessoas, já foi expressa de mil maneiras. Em alguns meios, a mais corrente é esta: Deus não pode ser simultaneamente omnisciente, omnipotente e bom. Diante do sofrimento do mundo não sabe, não pode, ou não é tão infinitamente bom como se diz. Há outras razões mais sofisticadas de ateísmo. Não pretendo refutar nenhuma. Haverá sempre razões para dizer sim e razões para dizer não. Quando perguntaram a Einstein se acreditava em Deus, respondeu: primeiro gostaria de saber em que Deus está a pensar ao fazer essa pergunta.
Conheço confissões de fé em Deus que, para mim, são tão perversas que gostaria que não existissem. A Divindade foi e é invocada para fazer guerras e extermínio de populações. Na própria Bíblia há passagens, Livros e Salmos, absolutamente insuportáveis, mas não aconselharia a sua eliminação. Ao dizerem o que não se deveria nunca dizer de nenhum deus, revelam aquilo de que somos capazes: de colocar na boca de Deus os nossos interesses, mesquinhos ou detestáveis.
Por outro lado, quando, perante uma desgraça, natural ou provocada, se diz que é a vontade de Deus, sei que não acredito nessa peça do determinismo. Espero que Deus não tenha tão má vontade.

S. Miguel — Furnas



A legenda esclarece. Símbolo do primeiro laço entre as Furnas e os EUA

sábado, 2 de julho de 2016

Saloias de Colares de Helena Roque Gameiro

Saloias de Colares de Helena Roque Gameiro (Revista Ilustração)

EUROPA: Um museu do cristianismo?

Papa diz que Europa deve refletir 
se é um museu do cristianismo 
ou se ainda é capaz de inspirar a cultura


«A Europa é chamada a refletir e a questionar-se se o seu imenso património, permeado de cristianismo, faz parte de um museu, ou se ainda é capaz de inspirar a cultura e de doar os seus tesouros à humanidade inteira», considera o papa.
A interpelação de Francisco foi ouvida hoje em Munique pelos participantes na manifestação "Juntos pela Europa", que concluiu o terceiro congresso para responsáveis e membros de movimentos, comunidade, obras e iniciativas cristãs, que decorreu na cidade desde quinta-feira.»

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