sábado, 26 de setembro de 2015

O Papa Francisco é católico?

Crónica de Anselmo Borges 
"Onde há misericórdia, 
aí está o espírito de Jesus. 
Onde há rigidez, 
estão apenas os seus ministros."


1. "O Papa é católico?" Esta é a pergunta que a revista Newsweek, pensando na sua visita aos Estados Unidos, pôs na capa por cima de uma imagem pouco nítida de Francisco. E, para se perceber melhor a revolução que Francisco está a fazer - "lavou os pés a presos, muçulmanos e mulheres; recusou vestimentas esplendentes; quis como carro um Ford Focus com cinco anos, e uma casa modesta; dirigiu-se aos católicos divorciados e até sugeriu que não lhe competia julgar os gays; criticou o aquecimento global e a desigualdade de rendimentos" -, compara-o com o arcebispo de São Francisco, Salvatore Cordileone, favorável à Missa em latim e que continua num "tradicionalismo sexual que vai contra o tom de tolerância de Francisco", afirmando, por exemplo, que a erosão do casamento tradicional desembocaria num "regresso ao paganismo de outrora", e que o sexo gay e a masturbação, comportamentos sexuais não procriativos, são "males graves, demoníacos". Até parece não pertencerem os dois à mesma Igreja. Mas não se pense que Francisco vai mudar a doutrina do catolicismo: "A mudança é pastoral, não doutrinal."

Comunidade aberta e tolerante

Reflexão de Georgino Rocha

«Há quem faça o bem 
e não pertença 
à comunidade eclesial»


A formação dos discípulos é, nesta fase da missão de Jesus, a sua grande preocupação. Acompanha sempre o ensinamento que lhes faz com as acções que pratica: assumir a cruz da vida e segui-lo sem condições – diz a Pedro, acolher a sua proposta de serviço humilde e confiante – responde aos aspirantes ao primeiro lugar, destacando a criança como figura exemplar, adoptar atitudes de compreensão e grandeza de ânimo face ao inesperado e diferente – declara a João ciumento e indignado com o que estava a observar. Pois, conclui, “quem não é contra nós é a nosso favor”. Mc 9, 38-43.

Esta afirmação de Jesus faz parte da resposta dada àquele discípulo, porta-voz do grupo apostólico – que se havia queixado de alguém andar a expulsar os demónios sem licença nem qualquer vínculo de pertença; queixa amargada pelo falhanço de uma tentativa levada a efeito por eles. O Mestre, bom pedagogo e profundo conhecedor do coração humano aproveita a oportunidade e pronuncia uma série de sentenças que Marcos – o autor do relato – compendia e a Igreja nos apresenta.

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Alegria

"A alegria evita mil males e prolonga a vida.".

William Shakespeare (564-1616)

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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Os heróis de Marcelo Rebelo de Sousa

Li na Revista E do EXPRESSO

O homem que hoje nunca dorme "menos de três horas e meia por dia" e "raras vezes mais de cinco e meia", ou seja, "mais do que há dez ou vinte anos", respondeu assim à jornalista Inês Maria Meneses, do Expresso, que lhe pôs a seguinte questão:

Qual é o último herói de que se lembra?

O do gesto heróico do próprio dia ou da véspera. O doente que enfrenta corajosamente o seu desafio dito quase terminal. O mais idoso que sofre a sua pobreza tantas vezes envergonhada. O jovem que tem de fazer tudo menos aquilo para que se preparou anos a fio. O desempregado que tem de começar de novo o seu caminho, mais desamparado, mais angustiado, amiúde mais velho.
Encontro, encontramos, desses heróis todos os dias na realidade aparentemente mais anónima. Banalizando os heróis da ficção, da televisão, dos cortejos da fama.


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Papa Francisco nos EUA

«O diálogo é o nosso método», 
«somos defensores da cultura do encontro», 
aponta Papa Francisco



«O diálogo é o nosso método, não por astuciosa estratégia, mas por fidelidade àquele que nunca se cansa de passar e repassar pelas praças dos homens até às cinco horas da tarde a fim de lhes propor o seu convite de amor.»
A abertura à diferença - «somos defensores da cultura do encontro» - constituiu uma das linhas de ação mais sublinhadas pelo papa Francisco na intervenção que proferiu hoje na catedral de S. Mateus Apóstolo, em Washington, durante a oração litúrgica da Hora Média, que recitou com os bispos dos EUA.

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quarta-feira, 23 de setembro de 2015

O jovem escritor — Afonso Reis Cabral

Crónica de Maria Donzília Almeida


O dia 11 de setembro, dia de má memória, é duplamente uma data triste que eu recordo. Para além do ato terrorista que derrubou as Twin Towers no World Trade Center em 2001, nos EUA, provocando comoção em todo o mundo, evoca também a partida da nossa mãe, no mesmo dia, em 2008. Éramos todos de idade madura quando isso aconteceu, mas a perda de um ente querido é sempre irreparável.
Não devemos ser prisioneiros do passado, como convém, nomeadamente aos políticos que deixam para trás os erros cometidos, mas devemos sim, seguir em frente, concentrando-nos no presente e nos novos desafios que a vida nos aponta.

Nesta perspetiva, procuro sempre ver o lado positivo das coisas e tive neste dia a concretização do mesmo. A Biblioteca Municipal de Ílhavo comemorou, neste dia 11 de setembro de 2015, o 10.º aniversário da sua existência, com a realização de um Jantar Literário, nas suas instalações.
A minha participação neste jantar, como provavelmente a dos outros participantes, foi, acima de tudo, motivada pela curiosidade e grande desejo de conhecer o escritor que viria abrilhantar o evento.
O jantar decorreu em franca camaradagem, havendo subjacente às conversas, a partilha do gosto pela literatura e pelos livros.

Um homem que é homem...



Ser livre é ser homem!

Um homem que é homem,
acima de tudo
sorri;
sorri mesmo
quando o turbilhão do desânimo
o envolve!...

Um homem que é homem,
acima de tudo
sofre,
sofre mesmo
quando vê faces dominadas
p’la fome…

Um Homem que é homem,
em primeiro lugar
ama;
ama mesmo
quando dentro de si
alegria não existe…

Um homem que é homem,
em primeiro lugar
vive;
vive mesmo
quando p’la força da solidão
é subjugado…

Um homem que é homem,
em primeiro lugar
procura ser livre;
livre mesmo
quando é escravo
de qualquer vício!...

Um homem só é homem,
quando conseguir de facto,
Ser livre! Ser livre!... Ser homem…

Dinis Casqueira


Notas:

1. Poema publicado no Timoneiro, julho de 1975;

2. Uma explicação necessária: Encontro, frequentemente, nas minhas buscas, curiosidades que despertam a minha atenção e mexem com a minha sensibilidade. Encontrei hoje, numa dessas buscas, este poema de um amigo que partiu muito cedo para o aconchego de Deus. De forma inesperada, como todas as mortes dos nossos familiares e amigos. Publico-o com o sentimento de grata recordação do Dinis Casqueira e em sua homenagem.

OUTONO

23 de setembro
8.21 horas



O outono aí está. Logo mais, rigorosamente, às 8.21 horas. Os cientistas garantem que é assim. Nem mais um minuto nem menos um minuto. Para não desencadearmos guerras (não há guerras por tudo e por nada?), vamos aceitar as certezas dos homens e mulheres da ciência. Ponto final. Parágrafo.
O outono veio de mansinho e assim vai continuar para nos preparar para o inverno. As folhas começam a cair, as temperaturas baixam paulatinamente, as plantas preparam o sono reparador. Que descansem bem, que na primavera a vida volta. Renovada. Esperançosa. Luminosa. Bonita. Abençoada. 
Mas por agora não é assim. Tropeçamos nas folhas secas de tons castanhos e as chuvas decerto surgem apressadas. É preciso matar a sede ao nosso mundo. E a vida prossegue no seu ritmo. Mas do outono da vida, o tal das pessoas tristes e pessimistas, hoje nada digo aqui.
Bom outono para todos.

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terça-feira, 22 de setembro de 2015

Poesia para este tempo

Um poema de Miguel Torga


LAMENTO

Pátria sem rumo, minha voz parada
Diante do futuro!
Em que rosa-dos-ventos há um caminho
Português?
Um brumoso caminho
De inédita aventura,
Que o poeta, adivinho,
Veja com nitidez
Da gávea da loucura?

Ah Camões, que não sou, afortunado!
Também desiludido,
Mas ainda lembrado da epopeia...
Ah, meu povo traído,
Mansa colmeia
A que ninguém colhe o mel!...
Ah, meu pobre corcel
Impaciente,
Alado
E condenado
A choutar nesta praia do Ocidente...

Chaves, 11 de setembro de 1975

Diário XII

Memórias que não são só memórias

Um livro de Domingos Cerqueira



Domingos Cerqueira, que conheço há bons anos, acaba de escrever um livro — "Memórias que não são só memórias" —, cujo lançamento vai acontecer no próximo dia 2 de outubro, pelas 18 horas, no auditório do Museu de Santa Joana. Diz ele que «da ideia inicial de escrever apenas para os filhos e para os netos» nasceu este livro por «empurrão de alguns amigos», o que me parece muito bem. Afirmo isto por conhecer a intervenção cívica, social, política e religiosa do Domingos, tendo ele, naturalmente, muito que contar. 
O livro vai ser apresentado pelo padre João Gonçalves, pessoa grada e estimada na cidade e diocese, mas não só, sendo também profundo conhecedor da dedicação do Domingos Cerqueira a causas e tarefas da comunidade aveirense. Os meus parabéns com votos dos maiores êxitos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A luz da lua revela a pequenez do teu quarto



«Há pessoas que trocam pela realidade as ilusões que a televisão lhes dá com fartura ao almoço e ao jantar. Há quem imagina que a verdade é só a que está contida na sua caixa craniana e nos seus raciocínios. Há aqueles que têm sempre necessidade de um útero protetor, feito de pessoas que partilham as suas ideias, que se assemelham a elas e nunca os contradizem.»

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domingo, 20 de setembro de 2015

Festa da Senhora dos Navegantes

Procissão pela Ria 
foi manifestação de fé 
muito expressiva

Nossa Senhora no barco "Jesus nas Oliveiras" antes da partida


Hoje andei envolvido com a festa em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, que tem o seu altar no mais antigo templo das Gafanhas, no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré. Desde o meio-dia até quase ao fim da tarde, sem ter em conta as horas. Digo quase porque nem me lembrei de olhar para o relógio de tão cansado estar por permanecer de pé tanto tempo, ora caminhando, ora ficando como estaca à espera de motivos de interesse para registar. Havia-me comprometido a escrever um texto com ilustração adequada para o nosso “Timoneiro”, o que farei por estes dias. 
Tenho para mim que talvez seja esta a minha última reportagem sobre Nossa Senhora dos Navegantes, que merece e conta com a devoção de muita gente, direta ou indiretamente ligada ao mar e à ria. Digo isto por sentir que já não tenho forças para este tipo de trabalho.
Não se julgue, porém, que não gosto de trabalhar. Nada disso. Gosto mesmo de me ocupar com assuntos que me aproximem das pessoas e dos ambientes que mexem com a minha sensibilidade e com a minha fé. Nossa Senhora dos Navegantes era evocada inúmeras vezes por minha saudosa mãe, ou não fosse meu pai um marítimo que sentiu as agruras das ondas bravias desde tenra idade. 
A festa, que é enriquecida por uma procissão pela laguna aveirense, estende-se desde a Cale da Vila até à capelinha do Forte,  passa por terras de S. Jacinto e Senhora das Areias, que também dedicam merecida ternura à Mãe de Deus e nossa Mãe, permitiu-me a feliz oportunidade de reencontrar muitas pessoas que não via há anos e de falar com outras tantas com quem me cruzo frequentemente. Deu para perceber que a estes festejos da Senhora dos Navegantes não vão apenas os que têm fé, porque há quem simplesmente goste da apreciar o colorido e a alegria de quem participa com os seus barcos e barquinhos na procissão, ao jeito de quem se sente bem ao lado de Nossa Senhora nesta viagem anual.
A Eucaristia, presidida pelo nosso Bispo, D. António Moiteiro, logo depois da procissão, contou com a participação de muitos crentes e a seguir houve música pela Filarmónica Gafanhense e Festival de Folclore. Os foguetes ouviram-se longe e percebeu-se que o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré se esmerou na organização, em parceria com a paróquia e diversas entidades públicas e privadas. 
No final, cansado mas feliz, deitei-me por sugestão da minha Lita, mas não consegui dormir. E se calhar, no próximo ano, lá estarei mais uma vez. Até Deus querer e enquanto me gratificar com a saúde necessária e suficiente. 



Uma igreja ou um museu?

Crónica de Frei Bento Domingues 

«Na preparação da viagem aos EUA, 
o Papa lembra aos americanos 
que todos são responsáveis por todos»


1. Este Papa continua a ser visto como um provocador na Igreja e na sociedade, a nível local e global. Uns gostam muito, outros não gostam mesmo nada. Os que se alegram com a sua chegada dizem que ele anda a reabrir janelas e a arrombar portas construídas para abafar a revolução libertadora de João XXIII e do Vaticano II.
Os assustados com a sua desenvoltura teológica e canónica esperam que a idade e o cansaço se encarreguem de os aliviar deste pesadelo. Não podem com as suas manias colegiais e a sistemática teimosia em interpretar os textos dos Evangelhos em ligação com as situações actuais da vida das pessoas e dos grupos, sejam essas situações de ordem espiritual, social, financeira, económica ou política.
Porque não deixa ele os textos bíblicos dormir em paz e sossego? A sua antiguidade merece e recomenda um eterno descanso.

sábado, 19 de setembro de 2015

EXPRESSO oferece Fernando Pessoa

LIVROS DE BOLSO 
PARA OS COMPRADORES DO SEMANÁRIO



O EXPRESSO iniciou hoje a oferta da Obra Essencial de Fernando Pessoa, um do nossos mais citados, estudados e conhecidos escritores. Serão nove volumes, edição de bolso, que se leem depressa, de forma que o leitor possa deliciar-se com cada volume durante a semana, o que significa que é possível ficar com uma ideia geral do labor e sensibilidade do genial poeta e não só, apoiados nos seus heterónimos. 
A seleção e o prefácio deste primeiro volume (Mensagem e outros poemas) são de Fernando Pinto do Amaral.
Os livros que se seguem são "Poesia — Ortónima", "Livro do Desassossego", "Correspondência e Artigos de Imprensa", "Poesia de Ricardo Reis", "Poesia de Alberto Caeiro", "Poesia de Álvaro de Campos", "Prosa Crítica e Ensaística" e "Contos Policiais". 
É óbvio que a oferta se destina aos compradores do semanário EXPRESSO. 

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Refugiados: que solução?

Crónica de Anselmo Borges 


«Os entendidos prognosticam 
uma terceira onda migratória, 
devida à mudança climática 
que afectará sobretudo os países do Sul»

1. Ninguém pode ignorar. As imagens são trágicas, de horror: homens, mulheres, crianças, a correr ou encurralados, fugindo da morte e em busca de um sítio para a esperança. E sabe-se que não se pode ficar indiferente e que é preciso agir. Em nome de quê? Em nome da humanidade que a todos une, independentemente de culturas, línguas, religiões diferentes. Em nome de valores fundamentais que definem a Europa: a dignidade, a solidariedade, os direitos humanos. Em nome das raízes cristãs. Merkel disse bem: também porque somos cristãos. E há um investimento demográfico.
A afirmação mais revolucionária da história pertence a Jesus: "O homem não foi feito para o sábado, mas o sábado para o homem." A salvaguarda do sábado era um preceito que se dizia divino. Mas Jesus, transgredindo a lei, curava ao sábado, dizendo assim que o critério da sua interpretação deve ser a defesa da vida e a realização do ser humano, de todo o ser humano. E, em consequência, lá está o capítulo 25 do Evangelho segundo São Mateus com o chamado "Juízo Final", no sentido da verdade que deve percorrer a existência humana e a história: "Vinde, benditos de meu Pai, porque tive fome e destes--me de comer, tive sede e destes-me de beber, estava nu e vestistes-me, na cadeia ou no hospital e fostes ver-me." Nada se pergunta de directamente religioso ou confessional.

Crianças, símbolo de um mundo novo

Reflexão de Georgino Rocha



«É preciso fazer falar o silêncio das vítimas, 
repor a dignidade dos descartáveis e sobrantes, 
facilitar a inclusão de quem é portador 
de novos valores que humanizam a sociedade»


“Je suis Abou” afirma a criança refugiada que, ao ser descoberta no porta bagagens de um camião, sai espontaneamente como se estivesse em terra conhecida e se apresenta aos guardas que faziam o controle da vigilância. A sua fotografia correu mundo e a sua mensagem ainda repercute em muitos corações feridos pelo drama torturante vivido por muitas centenas de milhares de famílias e seus filhos. “Eu sou o Abou” dou o meu nome a tantos outros meninos e meninas que se vêm forçados a correr os maiores riscos para salvar a vida. Espero a vossa ajuda para poder ser feliz e dar-vos o que todas as crianças têm: alegria, ternura e confiança. E podia seguir-se Cuma conferência de imprensa promovida por Jesus de Nazaré com o Abou ao colo aberta a todos os meios de comunicação. O impacto seria enorme. Algo parecido acontece no Evangelho. Mc 9, 30-37.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Saber o que está certo



«O país não precisa de quem diga o que está errado; precisa de quem saiba o que está certo.»

Agustina Bessa-Luís

Travessa dos Bons Senhores

Gafanha da Nazaré — Ruas com História


A "Travessa dos Bons Senhores", na Cale da Vila, começa na Rua D. Manuel Trindade Salgueiro e não tem saída. Ali moravam os familiares da Tia Catrina (Catarina), entre outras pessoas. Um dia, estes foram à Junta de Freguesia requerer nome para a sua rua. Apresentaram várias propostas, com toda a naturalidade, e entre elas surgiu este nome, na sequência da afirmação de que nela morava gente boa. Os chefes de família seriam, do que não duvidamos, Bons Senhores. E foi esta designação que mais empenho mereceu dos requerentes. Não será uma travessa, mas está bem assim, apesar de tudo.

Notas:
1. Temas para recordar;
2. Aceitam-se sugestões de ruas com história.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Ser fiel às raízes cristãs

Refugiados sírios
«Ser fiel às raízes cristãs da cultura europeia não pode reduzir-se a uma proclamação formal, ou à conservação de sinais externos. É, acima de tudo, adotar comportamentos coerentes com a mensagem cristã. Não há essa coerência quando se recusa o acolhimento de refugiados por estes não partilharem a fé cristã. A defesa da identidade europeia não pode servir de pretexto para distinguir entre refugiados cristãos perseguidos por causa da sua fé (como são, na verdade, alguns deles) e outros refugiados. A novidade do cristianismo reside no amor universal, que não faz aceção de pessoas,»

Nota da Comissão Nacional Justiça e Paz 
sobre o acolhimento de refugiados. 

Quando a velhice chegar

Crónica de Maria Donzília Almeida

Falésia 
Passeio à Nazaré 
16 de setembro de 2015

«Quando a velhice chegar, aceita-a, ama-a. Ela é abundante em prazeres se souberes amá-la. Os anos que vão gradualmente declinando estão entre os mais doces da vida de um homem. Mesmo quando tenhas alcançado o limite extremo dos anos, estes ainda reservam prazeres» 

 Séneca

Sete saias
Já que envelhecer é uma inevitabilidade, só se sente velho, quem quer.
Esta evidência foi confirmada, no passeio à Nazaré, organizado pela autarquia de Ílhavo e que teve uma adesão massiva.
Hoje em dia, há um reconhecimento e valorização da idade madura e a sociedade começa a estar desperta para esta realidade.

terça-feira, 15 de setembro de 2015

Aniversário da Biblioteca Municipal de Ílhavo

10 anos de autores, 10 anos de livros
— Sexta-feira, 18, 21.30 horas — 


A Nossa Gente: Manuel Mário Bola

"O gosto pela construção de maquetas 
náuticas veio dos tempos de menino"


Manuel Mário Bola
Manuel Mário Bola, 70 anos, casado com Maria de Lurdes Cravo, dois filhos, Carlos Jorge e Luciana, uma neta e um neto, chefe de máquinas em navios bacalhoeiros e outros, tem o mar no coração. Conhece os mares gelados do Atlântico Norte e os mares quentes da costa africana, desde Angola, Moçambique, Malásia e Somália, entre outros países que cita de cor. E mesmo depois de reformado não prescinde das águas serenas da nossa Ria, onde pesca habitualmente. No dia em que o entrevistámos, tinha ido pescar «uns robalitos», decerto para mais uma saborosa caldeirada, que salsa já estava à mão.
Recebeu-nos com natural lhaneza nos seus espaços de trabalho, com máquinas para madeira e ferro prontas a funcionar, umas compradas e outras construídas por si. Um pouco por cada canto há imensas peças relacionadas com o mar e navegação. Mas nós, que apreciámos inúmeras vezes a sua célebre Nau S. Felipe em exposições diversas, queríamos olhar de perto maquetas (como lhes chama), que são, no fundo, miniaturas de navios, onde predominam os lugres, nos seus modelos variados. Lugres simples, lugres Patachos, Iates e Palhabotes, qual deles o mais bonito. E com paciência de monge lá nos foi explicando as características de cada um, a nós que somos da beira mar e  beira ria, mas pouco percebemos destas artes marinhas.

A sineta que veio do fundo do mar

Férias — S. Pedro do Sul

Espaço museológico (Foto do meu arquivo)

Todos sabemos que as termas de S. Pedro do Sul foram as preferidas das populações da nossa região, sobretudo para doenças do aparelho respiratório, reumáticas e músculo-esqueléticas, entre outras. Com frequência ouvimos dizer que as suas águas, com temperaturas que rondam os 68 graus, garantem alívio para vários meses. Sabemos até que há pessoas que frequentam aquelas termas duas épocas por ano.
Se por lá passar, nem que seja por simples passeio, visite o Museu do Balneário Rainha D. Amélia, onde pode ver, no livro de registo dos aquistas, apelidos de pessoas da nossa região. Mas não se esqueça de visitar a piscina que o nosso primeiro rei, D. Afonso Henriques, utilizou para afugentar as dores da perna que partiu no cerco de Badajoz. Mas deixem-nos dizer que, afinal, nunca se curou, sendo transportado numa padiola a partir daí. Hoje seria numa maca ou cadeira de rodas, mas haveria cura, de certeza. 


segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Festa de Nossa Senhora da Encarnação

Crónica de Maria Donzília Almeida

Para o ano, há mais

Nossa Senhora da Encarnação
Nos dias 11, 12, 13 e 14, decorrem os grandiosos festejos em honra da padroeira desta simpática e luminosa vila da Gafanha da Encarnação.
Desde os meus verdes anos de menina e moça, que a expressão “A Nossa Festa” soava como algo de mágico aos meus ouvidos. Era o quebrar da rotina, uma pausa nas lides do campo e a antevisão de alguns momentos de agradável convívio e diversão.
A Festa tinha um significado alargado que transcendia a comemoração do dia da padroeira, era uma efeméride para a população desta localidade que até atraia forasteiros.

Férias — Conhecer o nosso país

Santa Maria da Vitória (Mosteiro da Batalha)
Com as viagens pelas autoestradas, onde as houver, perdemos de vista o nosso país real. A pressa que elas permitem não nos deixa olhar para o lado para sentir o palpitar da vida nas aldeias, vilas e cidades de Portugal, quantas delas cheias de episódios históricos com marcas indeléveis do passado e até do presente. Daí que neste espaço me atreva a desafiar os nossos leitores para, quando houver vagar, circularem por recantos nunca ou raramente apreciados. As férias podem servir para isso mesmo.
Penso que ninguém duvidará da necessidade de conhecer mais de perto o nosso Portugal com tantos séculos de história, contados desde 1143, quando D. Afonso Henriques se autoproclamou rei, ou a partir de 1179, data em que o Papa reconheceu a nossa independência, ao jeito da ONU naquela longínqua era.
Felizmente, as autarquias têm desempenhado um papel preponderante ao nível do nosso património histórico e artístico, não faltando folhetos promocionais e outra literatura que nos servem de guias turísticos, fornecidos gratuitamente. Basta parar, perguntar e partir à aventura. 
Depois, há que contemplar a natureza e os testemunhos históricos, retratados em monumentos e estátuas, mas ainda na toponímia de cada povoação. Cada um deles é uma lição.