O meu presépio |
O meu presépio
O presépio foi, durante muito tempo, o ícone da cristandade. No meio rural, onde nasci e cresci, foi, em grande parte do século passado, uma grande manifestação de religiosidade popular e da imaginação, arte infantil.
Quando chegava Dezembro, apareciam, à janela da sala do Senhor, em cascata são-joanina, as principais figuras evocativas do nascimento de Jesus, em Belém. Montado em palanques, para que pudesse ser avistado, do exterior, expressava a crença do povo, num Menino que nascera em palhinhas e seria o salvador da humanidade.
Fiel às tradições que incorporei, na meninice e preservando a beleza que acompanha esta arte popular, também eu faço, todos os anos, o meu próprio presépio.
Ali, mesmo à entrada da casa, no jardim, a sagrada família contempla o Menino, envolvido pelo bafo dos animais. Não está debaixo de telha, como reza a tradição, num estábulo, sobre terra batida. Passados vinte e um séculos sobre o acontecimento, houve necessidade de adaptar ao nosso tempo, as condições desse precário alojamento. Assim, a alcatifa de musgo, muito abundante nas Gafanhas e causadora de problemas para a saúde, como o desenvolvimento de fungos, (!?) foi substituída por um pavimento de cerâmica, mais higiénico, de fácil lavagem e refractário ao aparecimento de germens. Não teria aqui, ponta por onde pegar, a ASAE, se cá viesse meter o nariz!