quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

III ENCONTRO DE ANTIGOS CATEQUISTAS






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Como se chegou a esta vergonha?

Um texto de António Marcelino
No Correio do Vouga


Os factos e os números são escandalosos e preocupantes: idosos sozinhos que morrem sem que ninguém dê por isso; assalto a casas de pessoas idosas com o objetivo de roubar e em que qualquer resistência é castigada selvaticamente, por vezes até à morte; idosos em lares, muitos deles votados ao abandono pelos filhos e pelos netos; magreza de reformas que não chega, nem de longe, para as coisas indispensáveis, assaltos em plena rua, antes à noite, agora a qualquer hora do dia…
A GNR, em alguns locais, presta atenção e faz companhia; apesar de pequena, a reforma dá sempre jeito, mesmo dando para pouco. Os grupos locais de solidariedade são ainda o maior apoio e companhia… Mas as preocupações permanecem. Pobre país se nele escasseia amor e lugar os idosos! Muitos não se sentem amados e julgam-se um peso para a família que os rejeita e para a sociedade que os suporta. Nos meios rurais a vizinhança ativa conta, mas a pecha do desinteresse e do incómodo está a contagiar.
Comunidades locais e paróquias têm de se sentir procuradoras dos idosos mais sofridos e isolados. Têm de amar, ajudar, gritar, denunciar, bater à porta e abanar filhos e netos, vizinhos e instituições, governo e autarquias. Os idosos são uma riqueza, deve-se-lhes respeito, gratidão e amor gratuito. Uma dívida nunca paga. Sem a sabedoria dos velhos e o amor que lhes é devido, o mundo torna-se triste e insuportável.

Indícios do Divino na poesia portuguesa do século XX

Isabel Allegro de Magalhães
Professora catedrática da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
da Universidade Nova de Lisboa
In Para lá das religiões,
ed. Chiado Editora
09.02.12




(...) Na literatura do século XX e do início deste século em Portugal, é possível identificar, mesmo se a multiplicidade impede que dela se fale em geral, uma intuição intelectual, uma sabedora pergunta pelo Transcendente, latente ou explícita. Traços de preocupação pelo religioso, o divino ou Deus, enquanto Presença outra – procurada, negada, acolhida, debatida, velada ou abertamente configurada – são visíveis em muita da poesia e da narrativa ficcional.

É verdade que, na cultura portuguesa, em parte devido à forte herança de um sentido messiânico, de raiz judaica, o sentido de um “descontentamento” ou de um “desassossego”, ou então de nostalgia ou saudade, é uma constante em vários autores, traduzindo-se na consciência de um irremediável ficar aquém ou no adro, e na constante busca de um além inatingível, que são elementos matriciais da nossa cultura. O “mito sebástico” parece dar sequência, imaterial mas intensa e constante, a essa antiga expectância perante “outra coisa ainda”, essa que será mesmo “linda”, como no poema ‘Isto’, de Fernando Pessoa, se diz:

«[...]
Tudo o que sonho ou faço,
O que me falha ou finda
É como um terraço
Sobre outra coisa ainda.
Essa coisa é que é linda.»
(PESSOA: “Cancioneiro”, ‘144’)

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Na VISÃO de hoje




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Queda do Governo?


No Diário de Notícias de hoje

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Menino Tonecas

Um texto de Maria Donzília Almeida

Menino Tonecas - séc XXI

Foi caloroso aquele aperto de mão! Duas mãos de texturas opostas: uma de pele macia, bem cuidada, unhas tratadas, a outra áspera do trabalho árduo e cheia de calosidades. 
O “Menino Tonecas”, como fora, carinhosamente, apelidado pelos filhos e netos, voltara à escola. De mochila às costas, nos finais da sua década de sessenta, há meia dúzia de anos atrás. O bichinho da aprendizagem, no gosto pelo saber, dificultado pelas vicissitudes da vida, voltara a reacender-se e lá aparecera, nas fileiras da frente. Apareceram-lhe professores mais novos, mais uns do que os outros, incluindo uma teacher, como ele pronunciava, que teve a veleidade de querer ensinar-lhe uma língua estrangeira! Apesar da repetição do velho provérbio que, eufemisticamente transcrevo: “A pessoas velhas não se ensina línguas!”, o Sr JC, não se amedrontava com o vaticínio. Já Camões dizia: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” e hoje, até se recomenda o estudo duma língua estrangeira, na passagem da vida ativa, para a reforma. Dizem ser uma boa forma de manter o cérebro, em funcionamento e assim afugentar um alemão, pronto a atacar os mais incautos e sedentários. Não me refiro ao tirano Hitler, que já está a fazer tijolo, há muito, mas a um seu conterrâneo, que lhe herdou a virulência, o tão temível, Alois Alzheimer, nascido em 1906. Do Alemão, basta-me a língua, para satisfazer a minha sede de conhecimento! Já marquei encontro, com a língua de Dante, que sempre me fascinou pela sua musicalidade!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

O que pode uma pessoa fazer pela cultura



Manuel Serafim mostra as suas coleções

Manuel Serafim é um gafanhão muito dado à cultura, sob várias formas,  aliando a esse dom a arte de fazer amigos,  a generosidade de se dar e o gosto de se envolver nas mais diversas iniciativas comunitárias.
Agora na reforma descobriu tempo para valorizar o amor pelo colecionismo, amor esse que lhe vem de longa data. Mostra, por esta forma, como podemos continuar a ser úteis, numa altura da vida em que muitos, reformados como ele, se quedam por aí com a cabeça cheia de nada, alimentando conversas de café estéreis.
Daqui felicito o meu amigo Manuel Serafim que, com a vida cheia, ainda consegue tempo para tantos gostos que nos podem elevar a todos.

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Charles Dickens: nasce a 7 de fevereiro

Um texto de Maria Donzília Almeida


Charles Dickens nasceu no dia 7 de fevereiro de 1812, assinalando-se hoje, o bicentenário do nascimento do reputado escritor britânico.
Nome eterno na sua arte, Charles Dickens, foi considerado o mais popular romancista da era vitoriana, conquistando fama mundial com os romances e contos que escreveu. A sua escrita retrata a realidade do seu tempo e contribuiu decisivamente para a crítica social, na literatura inglesa, da forma como a conhecemos na atualidade.
A primeira formação foi-lhe dada pela mãe, em demoradas lições de Inglês e de Latim. Na sua infância e juventude, tinha como principal passatempo ler livros de Tobias Smollett, Daniel Defoe, Goldsmith, Henry Fielding, alguns dos seus autores preferidos.

O Espírito e a geografia curial


Um texto de João Aguiar Campos

 
Creio, sobretudo, que o Espírito continua a ser capaz de entrar em todas as salas, estejam ou não abertas as portas, suscitando impertinências que nunca O deixam prisioneiro

Realiza-se, dentro de dias, o IV Consistório do papado de Bento XVI. Nele serão criados 22 novos cardeais.
Em Portugal olhamos para o acontecimento com um misto de alegria nacional e eclesial, pois entre os eleitos está o vimaranense D. Manuel Monteiro de Castro.
É normal este regozijo. É, aliás, compreensível que, especialmente em momentos de crise, todos os pretextos sejam bons para levantar o ego e fazer festa. Com uma ressalva, porém: que não se esqueçam, nas dobras do bairrismo, os méritos do eleito - uma vez que a sua escolha pressupõe uma vida pautada por sã doutrina, costumes, piedade e prudência.

Efeméride: falecimento do poeta Sebastião da Gama


7 de fevereiro



Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924 — Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor do Ensino Secundário.
Sebastião da Gama licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em 1947, e exerceu a docência em Escolas Industriais e Comerciais.
A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia, bem retratada no livro Serra-Mãe, de 1945, e à sua tragédia pessoal motivada pela tuberculose.
O seu Diário, editado postumamente, em 1958, é um belíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino. Trata-se de uma obra cuja leitura devia ser obrigatória para todos os candidatos à missão de ensinar. E ainda para os professores no ativo.

***
Pequeno poema

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...

Sebastião da Gama

Programa Thalassa, France TV 3, em Ílhavo

«Nos cem anos do Titanic - 1

Talheres do Titanic


Perante o andar dos acontecimentos e o «puzzle» que se tem vindo a completar, resolvi reorganizar e reescrever as minhas memórias dos talheres do Titanic existentes em Ílhavo, a que já dedicara alguns posts, em anos transactos.
Mas, como disse, a estória, longe de estagnar, avançou e tem vindo a atingir o auge, com algumas coincidências, cruzamentos de dados e interesses criados, perante o ano de comemoração do desditoso naufrágio do grande Titanic – 2012.


Opinávamos em escritos anteriores – Ílhavo na «rota» do Titanic. À primeira impressão, pareceria descabido, mas, o que é certo, é que acabámos de receber, há dias, a televisão francesa, do Programa Thalassa, France 3, que por Ílhavo permaneceu três dias, para gravar alguns depoimentos e plasmar algumas imagens acerca de artefactos (talheres) do fatídico navio, bem como acerca do fascínio que em torno dele se tem vindo a gerar.
Desde que me lembro, comecei, na juventude, a ouvir falar do Titanic, em casa dos meus avós maternos, onde hoje habito, a propósito, de umas simples, mas fortes e sóbrias colheres de sopa, de prata, com uma estrela relevada, na extremidade do cabo, logotipo da White Star Line.»

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ROMA: Abusos sexuais em debate

No Diário de Notícias de hoje




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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

PÔR DO SOL

Mais um pôr do sol enviado pelo Ângelo Ribau




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A Igreja Católica está a perder fiéis...

No JN de ontem, 5 de Fevereiro

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Efeméride: Padre António Vieira nasceu nesta data

6 de Fevereiro de 1608



Considerado um dos maiores prosadores da Língua Portuguesa, o Padre António Vieira era um homem avançado para a sua época (séc. XVII). E para além dos famosos sermões e outros escritos foi também um acérrimo defensor dos direitos humanos, numa era em que tal atitude se tornava muito perigosa. Em consequência disso, sofreu diversas perseguições e foi remetido ao silêncio. 
Ver aqui um pouco da vida e obra do célebre jesuíta. 

O Carnaval é mais importante que o 5 de Outubro?


Camilo Lourenço pergunta bem no Negócios online: «O Carnaval é mais importante que o 5 de Outubro?»... veja a resposta aqui. E eu acrescento: se a demagogia pagasse imposto, Portugal nunca estaria na situação em que está.

Manuel António Pina: Como se desenha uma casa

Sugestão de leitura para esta semana


O REGRESSO

Como quem, vindo de países distantes fora de
si, chega finalmente aonde sempre esteve
e encontra tudo no seu lugar,
o passado no passado, o presente no presente,
assim chega o viajante à tardia idade
em que se confundem ele e o caminho.

Entra então pela primeira vez na sua casa
e deita-se pela primeira vez na sua cama.
Para trás ficaram portos, ilhas, lembranças,
cidades, estações do ano.
E come agora por fim um pão primeiro
sem o sabor de palavras estrangeiras na boca.

Manuel António Pina,
"Como se desenha uma casa"

Navio-Museu Santo André vai ser tratado e melhorado nos conteúdos




O Navio-Museu Santo André irá ser rebocado, amanhã, para a doca seca dos estaleiros da NAVALRIA, onde, durante cerca de cinco semanas, será objeto de trabalhos de recuperação da infraestrutura, com relevo para os trabalhos de reparação e pintura do costado e dos mastros, assim como isolamento do convés.
Após esta intervenção, o Navio-Museu Santo André reabrirá ao público com um renovado conteúdo expositivo, de modo a valorizar a celebração dos 75 anos de vida do Museu Marítimo de Ílhavo.
O interior do navio surgirá enriquecido com novos suportes de comunicação, beneficiações em diversos espaços do circuito expositivo e roteiros temáticos de visita para diferentes públicos.

JAPÃO: Templo, Nara


domingo, 5 de fevereiro de 2012

A POLÉMICA À VOLTA DA ORTOGRAFIA VEM DE HÁ MUITO TEMPO





NOTA: Ilustração Portuguesa, 1919

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Navio-Escola Sagres comemora Bodas de Ouro


O Navio-Escola Sagres, que já tivemos o prazer de apreciar no Porto de Aveiro, na Gafanha da Nazaré, está a celebrar as suas Bodas de Ouro. Pode ler mais aqui

PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues

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SÃO CURADOS OS QUE VIVEM ATORMENTADOS

Um texto de Georgino Rocha

Cafarnaúm


Jesus anda por terras de Cafarnaúm. Vive uma jornada intensa de trabalho. Sai da sinagoga e vai a casa de Simão. Encontra com febre a sogra deste. Estende-lhe a mão e fica curada. Depois, ao cair da noite, depara-se com muitas pessoas atormentadas por diversos males. Cura umas e liberta outras. A sua fama vai aumentando. O estatuto social do carpinteiro de Nazaré começa a ter novo apreço. E ele tem de travar o “falatório” para não antecipar o ritmo normal da realização do seu projecto. Recolhe-se, por isso, em oração para verificar a sintonia com o querer de Deus-Pai. Deixa aquelas terras e vai para as povoações vizinhas. É preciso anunciar que o reino de Deus está em realização. Há que ser coerente e não parar nos primeiros passos.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 276

PITADAS DE SAL – 6



EU E AS MARINHAS

Caríssima/o:

As marinhas sempre foram para mim um irrecusável convite e um violento desafio.
Cinco-seis anitos frágeis, descalços, remelentos.
“Acorda, meu filho! Olha, vamos que o tio já está à espera!...”
Acorda, vamos... espera! Ah, já me esquecera da conversa da véspera:
"Amanhã é Domingo... Vou à pesca com o meu irmão António...Vamos de bote ..."
Então é isso: vamos de bote! Para onde não interessa... que a aventura compensa sempre!
“P'rà frente! E senta-te!”
Palavras mágicas e... não fora o frio (na altura não separava os meses, seria Dezembro... ou Janeiro?!... Mas estava frio que os pés bem o acusaram ao pisarem a geada estaladiça da areia do caminho...), pois se não houvesse frio o quadro era perfeito:
céu azul e o chap-chap da água a bater nas tábuas do barco que rápido avançava pelo Esteiro Grande para Norte, para a seca do Egas (foi o que ouvi...).
Lá vão o TiTóino e o Artur a puxar à corda!
O barco parou e eles saltaram para dentro...
Levantei o pescoço e olhei para a frente da proa e só vi água a correr velozmente...
Agora pegaram nos remos e... molharam-me todo! Risota... e a minha camisola ficou toda ensopada...
Passado muito tempo (tanto que me parece que adormeci... valeu-me um saco de sarapilheira em que me embrulhei para aquecer...) senti que o bote deu um solavanco.
Todos saíram e cada qual pegou no seu utensílio e puseram-se a andar, deixando-me o meu Pai a sua palavra:
“Anda, levanta-te e vem atrás da gente!”
Pois sim... quando atingi aquele valado por onde eles foram, o junco cortado fez-me saltar como um cabrito... e picava que tinha raios!
Lá mais em baixo, o chão era liso...Consegui chegar, mas que sensação dolorosa, umas pedrinhas brancas a reluzir picavam mais que os juncos! Eram alfinetes! Levantei os olhos para ver onde ia o meu Pai e ... 
“Ina! SAL! Um MONTE DE SAL!”

Manuel

DINAMARCA: Ilulissat, Groenlândia