domingo, 14 de dezembro de 2008

Santa Maria Manuela

Ilustração do convite para a visita
Maqueta do "Santa Maria Manuela", ainda no estaleiro. Plano original
A empresa Pascoal, armador do SPS* ”Santa Maria Manuela”, com sede na Gafanha da Nazaré, apresentou ontem o navio a um grupo de interessados inscritos antecipadamente para o efeito. Esta disponibilidade foi oferecida e divulgada através do blogue do navio. Apesar da chuva, ao evento compareceram pessoas das mais variadas procedências e que têm acompanhado os trabalhos de recuperação do navio pelo citado blogue. Entre estes encontravam-se antigos tripulantes, membros da Aporvela, fotógrafos, mas sobretudo apaixonados por esta arte que se vai extinguindo. O armador começou por mostrar uma maqueta do navio segundo o seu plano original, informando que já está em elaboração outra de igual dimensão mas respeitando a actual configuração do navio. Seguiu-se uma exaustiva descrição das profundas alterações internas do navio, sistema propulsor e aparelho vélico, bem como da integração das novas tecnologias nos sistemas de comunicação e lazer. Foi ainda explicada a futura funcionalidade desta unidade e a sua interacção com organismos de ciência, turismo de aventura, intercâmbio cultural, seminários, congressos e até banquetes. Um factor que despertou muita curiosidade foi a notícia da possibilidade do navio passar pelos antigos pesqueiros dedicando algum tempo à pesca de bacalhau, apenas como motivo de lazer e recriação do seu passado. Ainda este mês o navio seguirá a reboque para Marín, Espanha, onde sofrerá os acabamentos internos e externos. Espera-se estar pronto em Outubro.
*Special Purpose Ship (navio com finalidade especial) João Marçal

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial da Paz - 1 de Janeiro

Combater a pobreza, construir a paz
"Em tal perspectiva, é preciso ter uma visão ampla e articulada da pobreza. Se esta fosse apenas material, para iluminar as suas principais características, seriam suficientes as ciências sociais que nos ajudam a medir os fenómenos baseados sobretudo em dados de tipo quantitativo. Sabemos porém que existem pobrezas imateriais, isto é, que não são consequência directa e automática de carências materiais. Por exemplo, nas sociedades ricas e avançadas, existem fenómenos de marginalização, pobreza relacional, moral e espiritual: trata-se de pessoas desorientadas interiormente, que, apesar do bem-estar económico, vivem diversas formas de transtorno. Penso, por um lado, no chamado « subdesenvolvimento moral » 2 e, por outro, nas consequências negativas do « superdesenvolvimento ».3 Não esqueço também que muitas vezes, nas sociedades chamadas «pobres», o crescimento económico é entravado por impedimentos culturais, que não permitem uma conveniente utilização dos recursos. Seja como for, não restam dúvidas de que toda a forma de pobreza imposta tem, na sua raiz, a falta de respeito pela dignidade transcendente da pessoa humana. Quando o homem não é visto na integridade da sua vocação e não se respeitam as exigências duma verdadeira «ecologia humana »,4 desencadeiam-se também as dinâmicas perversas da pobreza, como é evidente em alguns âmbitos sobre os quais passo a deter brevemente a minha atenção."
Ler toda a Mensagem aqui

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 107

O EXAME DA ADMISSÃO
Caríssima/o: Bem, entramos num assunto muito difícil para as actuais gerações; fazem lá ideia que para continuar na escola para além da quarta classe ou quarto ano era preciso outro exame, não era suficiente o que se tinha feito em Ílhavo! É lá possível?, perguntarão surpresos e com espanto. Mas era assim e muitos de nós, à cautela, fazíamos dois: um ao liceu e outro à escola industrial e comercial. Pois é!..., podia acontecer chumbar num e ficava a possibilidade de continuar os estudos no outro... Quer isto dizer que havia um grupo muito razoável que fazia três exames sobre as mesmas matérias, de princípios de Julho a meados de Agosto! A preparação para este exame, ou exames, era feita pelo Professor da 4.ª classe a pedido dos pais, mediante uma quase simbólica retribuição, e algumas vezes era o próprio Professor que «pedia» aos pais para deixarem que o filho continuasse a estudar, 'que era uma pena, o rapaz ou a rapariga, era bom aluno e esperto... seria bom que fizesse a admissão...', 'mas a vida está difícil; onde vamos arranjar...?', 'não se preocupem com nada, e eu ajudo em tudo o que puder'... E assim foi comigo e com tantos outros que ficámos a dever aos nossos Mestres mais este grande favor de motivarem os nossos Pais e de os convencerem numa época de fome a apertar ainda mais o cinto para que o filho fosse estudar! Bem hajam! Só depois da Páscoa é que começava a preparação a sério... e prosseguia depois do exame da 4.ª, continuando os alunos juntos na Escola da Ti Zefa. As provas tinham um grau de dificuldade mais exigente e o critério de classificação também mais apertado, pelo que a reprovação era encarada com alguma naturalidade e batia a muito boas portas. Na escrita lá estava o famigerado ditado, mas o número de erros permitido era muito menor e a redacção que se fazia na segunda página era como um discurso com um número mínimo de palavras; a aritmética e a geometria também puxavam bem mais pelos conhecimentos e pelas capacidades dos alunos; ainda o desenho não era a brincar... Curiosamente é desta última prova que me recordo com um sorriso de complacência: o meu Professor Salviano até arranjou um espião que foi espreitar qual o modelo e logo ali o esboçou e exemplificou para mim, que visse como era fácil... Não consigo explicar, mas o lado direito do jarro que estava empoleirado até ficou jeitoso com as curvas todas direitas, agora o lado esquerdo... eu inclinava-me para ver se ficava igual ou parecido com a outra metade, mas qual quê, fazia apagava fazia apagava... cansado e qual artista cubista, puxo do lápis e zás! Um traço a direito como que a dizer a quem corrigisse a prova que pelo espelho que era esse traço visse a outra metade! Mas escapei e fui à oral, onde apareceram três senhores doutores que depois conheci muito bem: Rocha, Patrício e Orlando. O do meio, também em Geografia e História, ouviu, ouviu e no fim sai-se: “p'rò ano temos que falar para esclarecer umas coisas!” (sempre a duvidarem do que tinha aprendido no tal quarto!...) Esta oral foi no Liceu Velho, no Zé 'Stêvão, na Praça, numa sala esquisita, com escadas; vim a saber no ano seguinte que era o Anfiteatro! Lá estava o quadro preto onde foi proposto e resolvido um problema com seis operações! Creio que fica bem aqui um aparte: houve no Liceu um professor famoso em Matemática, o Doutor Carneiro; na Escola Industrial não lhe ficava atrás o Doutor Damas. Para verem a capacidade dos alunos pespegavam-lhe com a tabuada dos 11 (depois ensinavam-lhes o truque!...) e com problemas fáceis mas... “Vais daqui até à Barra e dás, por hipótese, 1001 passos. Quantos passos dás numa viagem de ida e volta?” “2002!...” “Errado!” “Errado? Então 1001+1001...” “Pois é, mas esqueceste-te que tens de atravessar a rua!...”
Manuel

sábado, 13 de dezembro de 2008

Gafanha da Nazaré e Costa Nova com Unidade de Saúde Familiar

A Gafanha da Nazaré e a Costa Nova vão passar a ter em funcionamento, a partir de segunda-feira, uma Unidade de Saúde Familiar (USF), para servir dez mil utentes. Foi baptizada com o nome “Beira-Ria” e não vai funcionar em edifício próprio, como seria de esperar, mas nas já existentes Extensões de Saúde. Segundo Humberto Rocha, coordenador da Sub-Região de Saúde de Aveiro, este novo serviço conta com uma equipa de seis médicos, sete enfermeiros e cinco administrativos, trabalhando todos os dias úteis, das 8 às 20 horas, para consultas normais e ambulatório. Aquele responsável garante que serão atendidos “casos agudos, sendo que as situações de gravidade extrema continuarão a ser enviadas para o Hospital de Aveiro”. E acrescenta que esta USF pretende contribuir para que “todos os utentes sejam vistos no dia em que forem à consulta”. Este novo serviço obrigou a algumas adaptações, ao nível de uma redistribuição de espaços no Centro de Saúde da Gafanha da Nazaré, em ordem a uma melhor funcionalidade, com a criação, nomeadamente, de duas novas secretarias e gabinetes. No Posto da Costa Nova também houve algumas alterações, informou Humberto Rocha à comunicação social.

Ano Novo

Os votos de Ana Maria Lopes vieram assim, desta forma tão expressiva. Que o barco da vida continue a alimentar sonhos bonitos, são os meus desejos sinceros.
Fernando Martins

DEUS ESTÁ CONNOSCO

O Natal está à porta. Este é sempre um tempo em que a luz, a alegria e a proximidade estão mais presentes no nosso dia-a-dia. O Natal é isto mesmo: LUZ. A luz de Cristo, com a sua proposta, o seu jeito de viver que pode dar um sentido seguro à vida e capaz de iluminar os tantos sem-sentido da nossa existência. O Natal é ALEGRIA. A de Maria, de João Baptista e de tantos homens que sentem em Cristo a presença e a realização de uma esperança que não engana. No meio das contrariedades, dores e sofrimentos da vida, aí está esta alegria da presença de Cristo que se torna a estrela da esperança. O Natal é PROXIMIDADE. Isto é, Emanuel, que quer dizer Deus connosco. Em Cristo podemos sentir o carinho, proximidade de Deus. Em Cristo experimentamos a paixão de Deus por cada um de nós e pela humanidade inteira. Jesus Cristo é o presente de Deus à humanidade. Celebrar o Natal é construir no coração de cada um o presépio vivo que fará Cristo nascer na vida de cada um de nós. Desejo a todos um feliz e Santo Natal. Que o ano de 2009 seja repleto das graças de Deus. Francisco Melo, Prior da Gafanha da Nazaré

Efeméride: Falecimento de Egas Moniz

Egas Moniz recordado no Hospital de Aveiro
13 de Novembro de 1955
Nesta data, faleceu em Lisboa o Prof. Doutor Anónio Caetano de Abreu Freire Egas Moniz, insigne cientista de fama mundial, galardoado em 1949 com o Prénio Nobel da Fisiologia e da Medicina, que, em 29 de Novembro de 1874, nasceu em Avanca, actual concelho de Estarreja, Distrito de Aveiro.

O FÓRUM CATÓLICO-MUÇULMANO

Após a tragédia da Índia, em Bombaim, ganha urgência maior o princípio de Hans Küng: não haverá paz entre as nações, sem paz entre as religiões; não haverá paz entre as religiões, sem diálogo entre elas e sem um novo ethos - uma nova atitude ética - global. Lembro, pois, pela sua importância, o encontro inédito e histórico entre 29 muçulmanos, representando várias correntes do islão, e igual número de católicos, que teve lugar no Vaticano entre 4 e 6 de Novembro passado. Quem não se lembra do célebre discurso de Bento XVI em Ratisbona, em Setembro de 2006, e da indignação por ele causada no mundo islâmico por alegadamente associar islão e violência? Foi assim que, em Outubro de 2007, um ano depois, 138 académicos, clérigos e intelectuais islâmicos do mundo inteiro, numa Carta a Bento XVI, com o título Uma Palavra Comum entre Nós e Vós, declararam que, apesar das suas diferenças, o islão e o cristianismo - as duas maiores religiões: juntas, representam mais de 55% da população mundial -, partilham a mesma Origem Divina, a mesma herança abraâmica e os mesmos mandamentos essenciais: o amor a Deus e o amor ao próximo. Também afirmavam que, se não houver paz entre os cristãos e os muçulmanos, não haverá paz no mundo. A esta mensagem respondeu o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal T. Bertone, em Novembro de 2007: "Sem ignorar nem diminuir as nossas diferenças, podemos e portanto deveremos olhar para o que nos une." Os contactos entre as autoridades católicas e muçulmanas conduziram, em Março deste ano, à instituição do Fórum Católico-Muçulmano e à organização do referido encontro no Vaticano. No fim do Seminário, houve uma Declaração comum, em 15 pontos. Logo no primeiro, mostra-se como a concepção de um Deus, fonte de amor, é partilhada pelas duas religiões. Afirma-se depois que "a vida humana é o dom mais precioso de Deus a cada pessoa. Portanto, deveria ser conservado e honrado em todas as suas etapas". A pessoa requer "o respeito pela sua dignidade original e a sua vocação humana". Defende-se, por isso, uma legislação civil que assegure "a igualdade de direitos e a plena cidadania" de todos, e há o compromisso conjunto de "assegurar que a dignidade humana e o respeito se estendam a uma igualdade de base entre homens e mulheres". O respeito da pessoa e suas opções em assuntos de consciência e religião "inclui o direito de indivíduos e comunidades praticarem a sua religião em privado e em público". Também "as minorias religiosas têm direito a ser respeitadas nas suas convicções e práticas religiosas". "Nenhuma religião nem os seus seguidores deveriam ser excluídos da sociedade." A criação de Deus na sua pluralidade de culturas, civilizações, línguas e povos é "uma fonte de riqueza e portanto não deveria nunca converter-se em causa de tensão e conflito". É necessário promover uma informação exacta sobre as religiões e proporcionar uma "sã educação em valores humanos, cívicos, religiosos e morais aos seus respectivos membros". Católicos e muçulmanos estão chamados a ser "instrumentos de amor e harmonia entre crentes e para a humanidade em geral, renunciando a qualquer tipo de opressão, violência agressiva e terrorismo, sobretudo quando se cometem em nome da religião". Sem justiça para todos, não haverá paz. Por isso, a Declaração apela aos crentes para que trabalhem em ordem a criar "um sistema financeiro ético no qual os mecanismos reguladores tenham em conta a situação dos pobres e deserdados, tanto indivíduos como nações endividadas". No termo do Seminário, Bento XVI recebeu os participantes, apelando veementemente a que as religiões se tornem artífices da paz e a liberdade religiosa seja respeitada "por todos e em todos os lados". Certamente, pensava também nas minorias cristãs perseguidas em países de maioria muçulmana. A Declaração conclui com o compromisso de realização de um segundo Seminário do Fórum dentro de dois anos "num país de maioria muçulmana". Oxalá! Anselmo Borges

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Borboletas vão fugir para o Norte?

Uma notícia de hoje, publicada no PÚBLICO, diz que as alterações climáticas na Europa vão obrigar borboletas a migrar para o Norte, por causa do calor. "A maioria das espécies vai ter de alterar radicalmente a sua distribuição. A forma como as borboletas mudam vai indicar a possível resposta de muitos outros insectos, que em conjunto totalizam dois terços de todas as espécies", diz um comunicado, baseado num atlas de Josef Settele, do Centro de Helmholtz para a investigação do Ambiente, na Alemanha. Todos sabemos que este fenómeno não deixará de ter impacto no ecossistema, pelo que se torna necessário pensar em tudo o que possa provocar danos na natureza. Ela não perdoará.

CONSERVADORES

Uma sociedade democrática é, normalmente, enriquecedora. Os cidadãos, directa ou indirectamente, tomam parte nas decisões que lhes dizem respeito. De tempos a tempos escolhem quem possa tomar posições por eles, mas nem sempre estão de acordo. Vêm, então, os protestos, as manifestações, as acusações, enfim, os sinais de desagrado. E surgem, necessariamente, as promessas de que, no futuro, ninguém os engana. Claro que isto são, por norma, desabafos de ocasião. Na hora de votar, nós, os portugueses, somos reconhecidamente conservadores. Os partidos dos Governos chamam-se PS e PSD. Os outros vivem a sonhar que talvez um dia o povo resolva fazer a experiência, numa atitude drástica, de mudança radical. Tenho dúvidas de que isso alguma vez possa acontecer. Isto porque somos, de facto, conservadores. Outro sinal de conservadorismo está na manutenção de regalias ou privilégios, que ninguém quer perder. Há professores que talvez não estejam de acordo com as avaliações, porque é melhor atingir o topo da carreira por antiguidade, há militares que lutam pela manutenção de um estatuto especial, há médicos que contestam qualquer alteração ao statu quo, enfim, a comunicação social está cheia de profissionais que clamam, constantemente, a urgência de se fazerem reformas no País, porque precisamos de deixar a cauda da Europa, desde que não se mexa nos seus interesses, por mais inadequados que estejam numa sociedade democrática, que se quer justa e solidária. Fernando Martins

COMO SANTO ANTÓNIO FOI VISTO COM O MENINO JESUS

Quando certa vez Santo António entrou numa cidade em serviço de pregação, o senhor fidalgo que lhe deu poisada, assinou-lhe aposentos retirados, a fim de não o perturbarem no estudo e oração. Ora, estava o Santo recolhido e só em seus aposentos, estando o senhor fidalgo, discorrendo pela casa a tratar da sua vida, adregou passar perto, e levado por devota curiosidade espreitou para dentro, a escondidas, por uma fresta que abria mesmo no lugar onde o Santo descansava. E o que haviam de ver seus olhos! Um Menino mui formoso e alegre nos braços de Santo António, e o Santo a contemplar-lhe o rosto, a apertá-lo ao peito e a cobri-lo de beijos. Ficou maravilhado o fidalgo com a formosura do Menino, e todo se espantava não atinando como explicar donde teria vindo para ali criança tão graciosa e bela. E o Menino que outro não era senão o Senhor Jesus, revelou a Santo António que seu hospedeiro o estava espreitando. Pelo que Santo António depois de findar a longa oração, chamando o senhor fidalgo humildemente lhe pediu e instou que, enquanto ele vivo fosse, a ninguém descobrisse a visão que espreitara. E só depois da morte do Santo, o senhor fidalgo com lágrimas santas contou o milagre que seus olhos indiscretos haviam contemplado. Em louvor de Cristo. Ámen. Florilégio Antoniano
Neste Natal Neste Natal de 2008 gostaria de me colocar na posição do hospedeiro a espreitar o presépio do mundo... e ver os meus Amigos/as a brincar com o Menino. Manuel Olívio

Festas Felizes

Olá Professor
Como o prometido é devido, aqui vai o nosso postal de Natal 2008, do outro lado do rio grande, nas terras do tio Sam, com votos de Festas Felizes e um Ano Novo cheio das maiores venturas, para o meu amigo professor e toda a familia, e também para todos os meus amigos que frequentam este cantinho. Um abraço de fraternidade para todos.
Nelson e Teresa Calção
NOTA: Se há leitores amigos e fiéis, daqueles que nos acompanham momento a momento, o Nelson e a Teresa ocupam um lugar muito especial no meu coração. Pelas gentilezas tantas vezes manifestadas, pela felicidade que irradiam nos contactos pessoais que com eles mantenho, pela alegria contagiante de viver a vida com harmonia e bondade. Deste meu recanto, vai esta nota pessoal, extensiva a todos os seus familiares. E para o Nelson e para a Teresa, vão ainda os meus votos de que venham depressa até cá, porque tenho saudades de os ouvir.
FM

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

GRITOS DE DOR E OPINIÕES MAIS OU MENOS ENFEUDADAS

Embora só ouça na estrada, sigo sempre, com grande interesse, o fórum da TSF, com as muitas intervenções de rádio ouvintes, que pedem a palavra para dar a sua opinião sobre o tema anunciado. A situação social, a crise que se instalou no país, os problemas do desemprego, da escola, da família, as leis mais discutíveis, o divórcio injusto e compulsivo, as falências de bancos e de empresas, o futebol, tudo por ali passa. Vou acolhendo quer os gritos de dor, que são os dos eternos atingidos por todas as crises e acontecimentos sociais mais preocupantes para as pessoas individuais, as famílias, os trabalhadores e as pequenos empresários, quer as opiniões coloridas dos simpatizantes e dos partidários, políticos e sindicais, que tanto atacam e desprezam, como louvam e defendem. Há ainda a opinião dos cidadãos sabedores e sensatos… Não há lugar para responder a opiniões contrárias, nem para polémicas. Todas as opiniões valem como expressões livres e desabafos incontidos. O moderador mantém-se sereno, deixa que cada um se exprima com igual direito, apenas controla o tempo. É verdade que, também ali, as razões se sobrepõem às opiniões, porque exprimem vida e não teorias. Por outro lado e para além do programa, fica, normalmente por cima, o poder de quem manda e decide e raramente tem tempo para ouvir a voz do povo e lhe pesar as razões. Por baixo, e além do programa, permanece o sofrimento de quem mergulha no duro da vida, na insegurança do presente e do futuro e na dor de quem se sente marginalizado nas opiniões que lhe respeitam e excluído das decisões que o afectam. Há dias, o tema era a actual crise social e suas consequências que ocupava o espaço e as atenções dos ouvintes e dos participantes. O tempo esgotou-se sem que todos se pudessem fazer ouvir. Surgiu, obviamente, o confronto entre o litoral e as grandes cidades, zonas que mais beneficiam, e o interior do país, carente de muitas coisas fundamentais, com aldeias esquecidas de benefícios, que não do pagamento de impostos. Surgiu o confronto entre as grandes empresas sem rosto, que a um pequeno espirro logo lhe acorrem políticos locais e governantes centrais com paninhos quentes, e as pequenas empresas, que produzem, dão trabalho e geram emprego local, asfixiadas, a pouco e pouco, com leis iguais e atenções e oportunidades diferentes. Empresas que, por mais que gritem, raramente se fazem ouvir. E, mais ainda, milhares de lares sem casa de banho, milhares de famílias com ordenados de miséria, idosos com reformas de igual ordem, milhares de pais sem poderem ajudar os filhos ir mais longe, milhares de pessoas desanimadas e sem saída para problemas prementes, um mundo de jovens sem perspectivas de futuro e de gente que não acolhida, nem respeitada e estimulada. Hoje as pessoas podem falar e desabafar. Mesmo que exagerem - quando o coração se solta isso acontece com todos nós - há sempre um pano de fundo a espelhar que as coisas não estão bem e que a realidade é dura para muitos, todos os dias, dia e noite. Estranho é ver como se cala e distorce a realidade conforme os interesses e as conveniências, e como se esquece que, mesmo tendo o país, nas últimas décadas, melhorado em muitos aspectos, há problemas que persistem e outros surgiram, não menos graves que os de ontem. A destruição das famílias, a corrupção nos negócio e na vida diária, a insegurança em tantos meios, a ilusão dos supérfluos e a míngua de pão, aí estão, ao lado de tantos outros, a confirmar que problemas não faltam. A verdade, moeda rara e pouco corrente, é um direito de todos. Pode abalar prestígios, mas não custa dinheiro. Apenas exige coragem, dignidade e respeito, para que todos, a seu modo, saibam o porquê das crises e se tocam a todos ou apenas e sempre aos mesmos. A verdade é dever de todos mesmo à mesa do café.
António Marcelino

Um conto de Natal

O tamanquinho
No 3º quartel do século XX, ainda existia um ambiente marcadamente rural, nestas terras da Gafanha. A vida fluía… ao ritmo da carroça puxada por uma vaca pachorrenta, gemendo nos gonzos a falta de lubrificação; de uma mulher que carregava um taleigo de milho à cabeça, até à moagem próxima, para o trocar por farinha de milho; de uma lavadeira que transportava para a “fonte”, cavada nas dunas da mata nacional, a bacia de roupa encaixada na banca, mais a enxada e o cabaço com que tirava a água do lençol freático; duma porca ou de uma vaca que percorriam o caminho do prazer, até ao posto de cobrições da freguesia; de um albitar que vinha em socorro de alguma vaca ou porca parideiras que não conseguiam expulsar, para luz do dia, as suas preguiçosas crias; etc, etc. As mulheres e algum homem que escapara, à vida dura, da pesca do bacalhau, ocupavam-se numa agricultura de subsistência, para contribuir em casa, no magro orçamento doméstico. Por essas alturas a vida material resumia-se ao essencial e os bens de consumo não existiam com a abundância quase atentatória das bolsas mais humildes, como hoje são exibidos nas grandes superfícies comerciais. Foi neste contexto que se passou esta cena ternurenta. A Menina, na sua tenra idade e alheada da vida dos adultos, nem se apercebera da chegada do Natal. Este insinuava-se no espírito dos mais velhos que o transmitiam, subliminarmente, aos seus descendentes. Sem árvore de Natal, sem luzinhas multicores e ornamentações apelativas ao consumismo desenfreado, a Menina esquecera completamente esta efeméride do calendário religioso. O pai que lhe declamava, à lareira, os Lusíadas de Camões, que revelava uma erudição invulgar para a época, chama-a, ao dealbar do dia de Natal: - Menina, vem cá à cozinha, depressa! Vê o que está aqui no borralho! Todo o espanto do mundo inundou o olhar da garotinha, pois não compreendeu como o Menino Jesus lhe pusera lembranças no tamanquinho, sem ela o ter lá colocado. E com o ar mais cândido do mundo, rondava os 5, 6 aninhos, pergunta! - Meu pai! Como é que o Menino Jesus sabia onde eu tinha arrumado os meus tamanquinhos? Se o Menino Jesus já possuísse um GPS, no século passado, ... aquele espanto teria sido descabido!!!
Mª Donzília Almeida

Efeméride aveirense: Restauração da Diocese de Aveiro

D. João Evangelista, 1.º bispo da restaurada Diocese de Aveiro
11 de Dezembro de 1938
Com grande solenidade, D. João Evangelista de Lima Vidal deu execução à bula do Papa Pio XI, que restaurou a Diocese de Aveiro, e tomou posse do cargo de administrador apostólico da mesma Diocese. Seria Bispo de Aveiro a partir de 1940
In Calendário Histórico de Aveiro
NOTA: Ao evocar, hoje e aqui, uma data histórica referente à Diocese de Aveiro, alimenta-me o propósito de levar os meus leitores a conhecerem um pouco mais a nossa vida regional. Assim, sugiro que leia algumas informações interessantes sobre a Diocese de Aveiro. A antiga e a actual.

Manoel de Oliveira: um século de vida, com o cinema por paixão

Quando estou a fazer um filme estou a descansar. Esta frase, dita por Manoel de Oliveira, traduz bem a paixão que Manoel de Oliveira nutre pela nobre arte, que é o cinema. Completa hoje um século de vida e quer passá-lo a trabalhar, fazendo aquilo de que gosta. Com paixão, qual cântico solene à vida! Sem queixumes nem renúncias. Com amor e entusiasmo por uma arte que viu nascer e que abraçou, desde a primeira hora, para nos ensinar a reflectir emoções, sentimentos, beleza, arte. Penso que já tudo foi dito sobre este HOMEM do cinema, que não se cansa de transportar para a tela uma visão original do mundo que o ocupa. Cinema de autor. Cinema com assinatura. Que nem todos os cinéfilos entendem, mas que o mundo gosta de ver. E distingue. FM

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Nascemos, nascemos, nascemos

Enganam-se os que pensam que só nascemos uma vez. Para quem quiser ver a vida está cheia de nascimentos. Nascemos muitas vezes ao longo da infância quando os olhos se abrem em espanto e alegria. Nascemos nas viagens sem mapa que a juventude arrisca. Nascemos na sementeira da vida adulta, entre invernos e primaveras maturando a misteriosa transformação que coloca na haste a flor e dentro da flor o perfume do fruto. Nascemos muitas vezes naquela idade onde os trabalhos não cessam, mas reconciliam-se com laços interiores e caminhos adiados. Enganam-se os que pensam que só nascemos uma vez. Nascemos quando nos descobrimos amados e capazes de amar. Nascemos no entusiasmo do riso e na noite de algumas lágrimas. Nascemos na prece e no dom. Nascemos no perdão e no confronto. Nascemos em silêncio ou iluminados por uma palavra. Nascemos na tarefa e na partilha. Nascemos nos gestos ou para lá dos gestos. Nascemos dentro de nós e no coração de Deus. O que Jesus nos diz é: "Também tu podes nascer", pois nós nascemos, nascemos, nascemos. José Tolentino Mendonça

Participar mais na vida comunitária

Nas comemorações da elevação da Gafanha da Encarnação a vila, foi lembrado, no encontro entre autarcas do concelho e da freguesia e forças vivas da terra, que seria importante criar mais acção no sentido de colocar os três mil habitantes a participar mais na vida comunitária. Tanto na Gafanha da Encarnação como nas demais freguesias, sente-se, de facto, um certo divórcio entre a população e a vida da comunidade. Até parece que, para o povo, a vida comunitária é monopólio de uns tantos iluminados, quando, na realidade, ela é das pessoas e para as pessoas. Penso que faltará, nesta área como em tudo, uma dinâmica de envolvimento de todos em tarefas comuns. Ninguém pode ser excluído nem excluir-se, ninguém pode nem deve ficar indiferente ao que à comunidade interessa, tanto no âmbito social e cultural, como desportivo, político e religiosos. E se é verdade que cabe a cada um assumir as suas responsabilidade na comunidade a que pertence, não deixa de ser importante começar a pensar-se, de forma programada e consistente, na melhor maneira de envolver toda a gente em acções que são de todos. Eu sei, por experiência própria, que por vezes se corre o risco de confiar demasiado nos líderes, que existem em toda a parte. Mas nem por isso podemos ficar à margem, alheando-nos dos projectos e iniciativas que dizem respeito a toda a gente. Fiquei, por isso, satisfeito por saber que na Gafanha da Encarnação se pensou seriamente nisto, no dia em que se celebrou a elevação a vila daquela freguesia vizinha. Fernando Martins

Questões da Educação

A Igreja portuguesa está “preocupada com as questões da educação e faz votos para que se encontre uma solução o mais rapidamente possível” – disse à Agência ECCLESIA D. Jorge Ortiga, Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), no encerramento do Conselho Permanente da CEP.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

NATAL - 2008

NATAL Natal. Nasceu Jesus. O boi e a ovelha deram-lhe o seu alento, o seu calor. De palha, o berço, mas também de Amor. Desce luz, desce paz de cada telha. Nem um carvão aceso nem centelha de lume vivo. A dor era só dor, até que a mão trigueira dum pastor floriu em pão, em leite, em mel de abelha. Natal. Nasceu Jesus. Dias de festa. Até o cardo é hoje rosa, giesta, até a cinza arde, como brasa. E nós? Que vamos nós dar a Jesus? Vamos erguer tão alto a sua Cruz que não lhe pese mais que flor ou asa.
Fernanda de Castro In “Natais… Natais” Antologia de Vasco Graça Moura
NOTA: Ilustração: Adoração do Menino Jesus à Beira-Mar, xilogravura de João Carlos Celestino Gomes (1899-1960)