quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Um artigo de D. António Marcelino

O APAGAR DA MEMÓRIA


A memória, porque nela se guarda o repositório da história vivida, com êxitos e fracassos, fidelidade e desvios, é uma faculdade indispensável e do maior interesse em relação ao presente e futuro das pessoas e da sociedade. Os que, a pretexto de serem doutos e actuais, a baniram ou dispensaram no processo educativo ou mesmo no seu dia a dia, poderão ver o malogro em que caíram. 
A revolução de Abril, para além do que trouxe de bem, escreveu, também, pela acção imediata e impensada de alguns dos seus mentores e executores, uma página triste e lamentável, ao apagar a memória de séculos de história. Numa euforia emocional queimaram-se livros e documentos, apagaram-se sinais, implementaram-se projectos, exorcizaram-se factos. Assim se empobreceram os mais novos na sua formação e aos mais velhos se retiraram importantes referências. 
Recordo, como nos fins de 1975, numa escola primária que pude visitar na zona de Alcobaça, ao falar às crianças, por qualquer razão de momento, da importância da história, a professora interrompeu-me, com a autoridade de mestra sabedora, para dizer que isso de estudar história era uma perda de tempo. Agora só se falava, dizia ela, de coisas passadas há mais tempo se houvesse na região algum monumento famoso que o justificasse. Se não houvesse, não fazia falta e era perder tempo. Tal qual assim. Menos mal que alunos presentes viviam na zona de um grande monumento. Pena ser um mosteiro frades, mas era o que havia… 
Vejo agora, com interesse, que nasceu uma associação com nomes sonantes, empenhada em que não se apague a memória. Mas qual? A do fascismo salazarista, com todos os horrores das prisões, perseguições, pides, tarrafais e caxias… É preciso que as gerações jovens, de hoje e de amanhã, saibam o que durante quarenta anos de travas se passou em Portugal, para se prevenirem de desvios futuros. Tudo bem. Mas Portugal não começou como nação, nem como país, na década de trinta do século XX, nem em Abril de 1974. Parece, porém, não haver igual solicitude para defender a memória de uma história nacional, longa de séculos, com grandes portugueses como protagonistas e em que aconteceram muitas coisas boas e outras menos boas, que é preciso não esquecer. 
A história não é mestra da vida só quando nos traz factos do nosso agrado ou colados a uma ideologia que nos é querida e simpática. História é história e há que saber lê-la sem preconceitos, para que nos possa ensinar transmitir não apenas cultura, mas também valores e sentido para a vida. Ora vê-se um apagamento programado de valores e uma ignorância crassa de pessoas e de acontecimentos que nos empobrecem cada vez mais.. 
Assiste-se à destruição de instituições, como a família, que constituíram e constituem a fibra resistente do tecido social e humano. Assistimos ao esvaziamento humano e relacional da escola, espaço e tempo indispensáveis como alfobre das gerações que deram alma ao país. Ridiculariza-se o conceito de Pátria, destruindo laços de esperança e de compromisso social. Faz-se contraponto desafinado à acção secular da Igreja, que ainda ninguém igualou na sua diária e decisiva missão humanizadora e espiritual. 
Salvo melhor e mais justificada opinião, tudo isto comporta uma memória que não se pode apagar e é preciso avivar, para que a comunidade tenha alma e alargue os horizontes do saber e do viver. O apagamento da memória, tal como a memória curta, empobrece sempre. Normalmente andam atrelados a interesses que denunciam mais teimosia que sabedoria, e só persistem mais tempo se o vento da história sopra a favor. Mas, até o vento muda…

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

UM POEMA DE ORLANDO FIGUEIREDO

SE MORRER Se morrer num dia de chuva cantai a chuva Se morrer num dia de sol cantai o sol cantai as nuvens as estrelas cantai cantai Se morrer e houver luar fazei do mundo uma planície verdejante com estrelas penduradas nas árvores todas as manhãs

PONTE DA GAFANHA

QUEM SE LEMBRA
DA ANTIGA PONTE?
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Quem se lembra da antiga ponte da Gafanha, que nos ligava a Aveiro? E do que a circundava? Quem se lembra de caminhar por ela, sentindo-a tremer toda com a passagem de um ou outro carro mais pesado? Quem se lembra de ter de sair do autocarro, passar a pé, para depois voltar a entrar no mesmo ou noutro autocarro, porque o peso de tudo era muito?
Quem se lembra do seu envelhecimento e do receio que havia com medo de ela cair? Quem se lembra da sua substituição por uma de pedra e cimento, e da alegria que isso trouxe ao povo? E quem se lembra de essa mesma, a de pedra e cimento, ter caído com o peso de um camião?
Coisas para recordar. Porque recordar é viver.
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Fernando Martins
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Foto cedida por Ângelo Ribau

ROTEIRO PARA A INCLUSÃO

Cavaco Silva
enaltece trabalho voluntário
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O Presidente da República, Cavaco Silva, iniciou o seu terceiro Roteiro para a Inclusão, percorrendo a cidade de Lisboa para realçar a im-portância do voluntariado e mostrar casos de exclusão entre idosos, prostitutas e sem-abrigo. O Roteiro, dedicado ao "Volun-tariado e Exclusão Social em Meio Urbano" e que se prolonga por três dias, arrancou com a visita a uma instituição sedeada em Alcântara - a Entreajuda - que apoia outras instituições ao nível da organização e gestão, com o objectivo de melhorar o seu desempenho e eficiência. Da "modernização" do voluntariado, o périplo prosseguiu com a exclusão social extrema quando o Chefe de Estado visitou o Centro de Apoio Social de São Bento, uma instituição da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa que se dedica à reinserção de sem-abrigo. Na Serafina, onde almoçou, o Chefe de Estado foi conhecer a actividade do Centro Social Paroquial de S. Vicente de Paulo, cujo presidente é o cónego Francisco Crespo, ex-líder da CNIS, e mostrar boas soluções práticas para melhorar a qualidade de vida em bairros sociais antigos que se foram degradando. À tarde, o Chefe de Estado visitou uma idosa com dificuldades de locomoção, que vive no último andar de um prédio degradado de Lisboa sem elevador. Na visita, com que pretende chamar a atenção para os casos de idosos isolados nas grandes cidades, Cavaco Silva é acompanhado por voluntários de uma associação, a Coração Amarelo. Ao terminar o primeiro dia do Roteiro presidencial, o Chefe de Estado desloca-se ao Intendente e Alto de São João para visitar instituições que prestam apoio a prostitutas - Lar da Associação O Ninho e Obra Social das Irmãs Oblatas. O Roteiro para a Inclusão teve início em Maio, no Algarve e Alentejo, e foi dedicado às "Regiões Periféricas, Envelhecimento e Exclusão". Em Julho, o roteiro percorreu os distritos de Porto e Aveiro, sob o tema "Crianças em Risco e Violência Doméstica". ::

Fonte: SOLIDARIEDADE

Um artigo de António Rego

Questão de vida ou de morte
O que mais enfureceu os ocidentais na reacção do mundo muçulmano à publicação das caricaturas de Maomé foi a ameaça de cercear a liberdade dos artistas e pensadores. Ou, melhor ainda, o risco que corre quem escreve o que pensa sobre qualquer matéria. A liberdade de expressão sentiu-se ofendida por aqueles que se ofenderam com a expressão da liberdade. Estamos num aparente jogo de palavras. Mais que isso, de interesses, que se refugiam nas palavras para imporem os seus pontos de vista. Assim a ética vai ganhando colorações circunstanciais como o bailarino vai rodando e ritmando o corpo consoante a música o exige.
O debate sobre o referendo ao aborto, em Portugal, está a tomar alguns contornos bizarros. Existem áreas sociais e políticas que não têm o mais pequeno rebuço em propagandear o seu ponto de vista e o seu terreno claro de luta, com um inequívoco sim ao aborto. Dessas tribunas emerge a sugestão de que a Igreja mudou de opinião e não faz qualquer campanha contra o aborto. E intercala nessa oratória o pressuposto de que a Igreja se não deve pronunciar sobre a matéria, por não ser religiosa. O político na tribuna partidária, parlamentar ou ministerial, pode confessar-se publicamente sobre o tema - com isso fazendo opinião - quando a sua posição é sim. Na Igreja, o presidente duma celebração está "proibido" de dizer o que pensa e o que pensa a Igreja porque isso é fazer campanha. (Há já escritos com essa teoria).
Tanto dum lado como do outro há regras de decência e linguagem que devem pautar os discursos, na apresentação honesta de argumentos e razões pró ou contra. Mas não se pode pedir aos que dizem não ao aborto uma linguagem doce e dúbia para não ferir a opinião dos que vigorosamente o defendem até ao absurdo. A vida concede direitos e argumentos inquebrantáveis. E ninguém que apoie o aborto até às nove semanas e. seis(?) dias, pense que está a apoiar a vida. Chame-se o que se chamar estamos perante uma questão de vida ou morte. Nunca a Igreja em dois mil anos hesitou sobre esta matéria. Reconhecendo, embora, que a questão não é religiosa mas humana. Tal como a pobreza, a violência, a guerra, o racismo não são questões religiosas. Mas têm a ver com o Decálogo.
A liberdade não pode ser coarctada em nome duma imaginária mudança de óptica da Igreja em matéria tão vital.

terça-feira, 10 de outubro de 2006

PHAROL DA BARRA

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PHAROL DA BARRA AÍ ESTÁ

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PHAROL DA BARRA, assim mesmo, com ph com valor de f. Esta é mais uma foto de um postal que circulou pelo País e quiçá pelo estrangeiro, em nome das nossas belezas. Estou convencido de que há pelo concelho de Ílhavo, e não só, outras fotos sugestivas que vale a pena partilhar. Esta que hoje vos mostro veio do Ângelo Ribau, um amigo que noutros tempos se dedicava à fotografia com paixão, fazendo gala de utilizar, para ver como era, as primitivas técnicas fotográficas. Mas ainda hoje mantém o mesmo gosto, nem que seja nas muitas fotos que guarda com carinho.

POBREZA

MANUELA SILVA, PRESIDENTE DA COMISSÃO NACIONAL DE JUSTIÇA E PAZ:
"ERRADICAR A POBREZA
É UMA TAREFA OBRIGATÓRIA"

Comissão Nacional de Justiça e Paz (CNJP) é um órgão laical da Conferência Episcopal Portuguesa. As comissões de justiça e paz nasceram na sequência de um apelo feito pelo Papa Paulo VI, em 1967, na sequência do Concílio Vaticano II, com o objectivo de contribuírem para a difusão e aprofundamento da doutrina social da Igreja e para constituírem uma ponte visível entre a Igreja e a sociedade civil. Em Portugal, a primeira comissão nacional só aparece em 1982, em Lisboa, quase 20 anos depois do Concílio. Um atraso que, provavelmente, ficou a dever-se ao período difícil que se vivia no país, com a Guerra Colonial e o salazarismo. Existem vários grupos de trabalho permanentes na CNJP, dois deles com grande representação. O Grupo de Reflexão sobre Economia e Sociedade tem-se debruçado, fundamentalmente, sobre a questão do emprego/desemprego, da globalização e dos seus efeitos, da sociedade civil, da necessidade de uma cidadania responsável e participativa para fazer face aos grandes desafios que se colocam nas sociedades contemporâneas e na área da responsabilidade social das empresas e da ética empresarial. O Observatório sobre a Produção, Comércio e Proliferação das Armas é um grupo mais recente, com cerca de dois anos. Tem um estatuto próprio, trabalha sob a sua inteira responsabilidade, embora em estreita colaboração com a comissão. Foi nessas condições que organizou desde Novembro de 2005 até Maio de 2006 uma audição pública que teve por tema “Por uma sociedade segura e livre de armas”. Foi aprovada uma lei [Lei nº 5/ 2006, de 23 de Fevereiro] sobre o uso e porte de armas que responde às necessidades de segurança que a CNJP defende e que prevê a recolha facultativa. Essa lei dá possibilidade às pessoas que têm em seu poder armas ilegais de legalizarem essa posse ou de se desfazerem delas, entregando-as voluntariamente. “A comissão está interessada em contribuir para difundir essa informação e motivar as pessoas para que cumpram a lei e aproveitem a amnistia que a mesma prevê.” :
Leia a entrevista no SOLIDARIEDADE

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

JUSTIÇA EM PORTUGAL

A LEI É IGUAL PARA TODOS?
Na tomada de posse do novo Procurador-Geral da República, Fernando Monteiro, o Presidente da República lembrou que, “sendo a lei igual para todos, a todos deve igualmente ser aplicada”. Isto já toda a gente sabe. Como toda a gente também sabe que uma coisa é o que se diz no papel e outra o que acontece na prática. Veja-se o famoso processo da Casa Pia. Em circunstâncias normais, com gente normal, isto é, com gente de pouco dinheiro, o caso há muito estaria resolvido. Como aconteceu, aliás, nos Açores, em que uns pedófilos foram condenados, em pouco tempo, enquanto outros acusados foram absolvidos. No fundo o que é que eu quero dizer? Quero dizer que, apesar de a lei ser igual para todos, é mais igual para uns do que para outros. Quem tem dinheiro move montanhas à sombra de lei, legitimamente, diga-se de passagem, porque nos códigos há sempre pontas por onde se lhes pegue, e quem não tem dinheiro tudo vê resolvido sem rodeios, sem requerimentos, sem grandes advogados que ganham bem. Resta saber se uns e outros são tratados com a mesma justiça.
Será que em Portugal a lei é mesmo igual para todos? F.M.

Um poema de António Pina

A Canção dos Adultos Parece que crescemos mas não. Somos sempre do mesmo tamanho. As coisas que à volta estão É que mudam de tamanho. Parece que crescemos mas não crescemos. São as coisas grandes que há, O amor que há, a alegria que há, Que estão a ficar mais pequenos. Ficam de nós tão distantes Que às vezes já mal as vemos. Por isso parece que crescemos E que somos maiores que dantes. Mas somos sempre como dantes. Talvez até mais pequenos Quando o amor e o resto estão tão distantes Que nem vemos como estão distantes. Então julgamos que somos grandes. E já nem isso compreendemos.
Manuel António Pina,
a fechar a colectânea poética
"O Pássaro da Cabeça"
(1985; 2ª ed. – 2005).

Apresentação de livro na Biblioteca de Aveiro

Em 18 de Outubro, às 21.30 horas
"Lavrar o Mar",
de Daniel Sampaio
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Doze anos depois da publicação do seu conhecido livro "Inventem-se Novos Pais", Daniel Sampaio actualiza as questões de relacionamento entre pais e filhos adolescentes. "Lavrar o Mar" propõe um novo olhar sobre o quotidiano das famílias: é tempo de responsabilizar os jovens pelos seus comportamentos, é o momento para deixarmos de os considerar seres imaturos a quem não podemos pedir contas.
Nesta obra, salienta-se a decisiva importância de uma infância organizada à volta do amor e da disciplina, como garante de uma adolescência saudável; estimulam-se novas formas de diálogo entre pais e filhos, sem esquecer que a decisiva palavra tem de caber aos mais velhos; e são dados numerosos exemplos de possíveis conflitos quotidianos como os horários, os dinheiros, os prémios e os castigos, a Internet, o sexo, o álcool e as drogas. Em correspondência com Eulália Barros, o tema da escola é revisitado e são apontadas novas linhas de reflexão sobre o ensino e a aprendizagem. Escrito de forma clara e acessível, mas sedimentado numa vasta experiência do autor no trabalho com adolescentes, "Lavrar o Mar" é uma obra indispensável a pais e educadores e um oportuno momento de reflexão para os mais jovens.
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Fonte: Biblioteca Municipal de Aveiro

OBSERVATÓRIO SOCIAL

A Cáritas quer conhecer
a situação da pobreza
em Portugal
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A Cáritas Portuguesa está a preparar o lançamento de um Observatório Social, organismo que terá como objectivo fazer o ponto de situação da pobreza em Portugal, anunciou, em Fátima, o presidente naci-onal da Cáritas. Segundo Eugénio Fonseca, que falava aos jornalistas à margem da reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, este Observatório visa obter dados, por amostragem, sobre a pobreza no nosso país. Numa fase inicial, que deve estar em funcionamento no primeiro trimestre de 2007, vão fornecer dados para o Observatório cinco paróquias de cada uma das 20 Dioceses, esperando a Cáritas ter dados actualizados, no período de uma década, de 25 por cento das paróquias nacionais. De acordo com o presidente nacional da Cáritas, o Observatório permitirá obter dados sobre «as causas dos problemas sociais que afectam os portugueses, quantos portugueses são pobres, que idades são mais atingidas pelo fenómeno da pobreza e que tipo de pobreza existe». «No fundo, vai permitir ter recursos de leitura social », disse Eugénio Fonseca, admitindo que «hoje não se sabe, por exemplo, quantas pessoas é que a Igreja apoia em Portugal». O Observatório deverá ter dados actualizados semes-tralmente. Entretanto, da reunião da Comissão Permanente da Cáritas Portuguesa, que decorreu ontem em Fátima, saíram algumas propostas para linhas de acção da Cáritas para os próximos anos, das quais se destaca a necessidade de existir, em cada paróquia, um grupo de acção social organizado, a par da tomada de consciência de que os cristãos devem ser chamados a partilhar o que têm. A definição do lema “Igualdade de oportunidades para todos” para o Dia Nacional da Cáritas, em 11 de Março do próximo ano, foi outra das propostas saídas do encontro. Estas orientações deverão ser confirmadas na próxima reunião do Conselho Geral da Cáritas Portuguesa, a realizar em Novembro nos Açores.
: Fonte: Diário do Minho, citado pela Ecclesia

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NOTA: Penso que esta proposta da Cáritas Portuguesa é de grande interesse social. Por ela, vamos ficar a saber que tipo de pobreza existe no nosso País, meio caminho andado para se actuar com consistência e oportunidade. Fala-se muito dos muitos pobres que temos, um pouco por todo o lado, e também se diz que há bastantes pobres envergonhados. Mas a verdade é que não se conhece qualquer estudo, actualizado, que nos diga onde estão eles, com realismo. Ora este projecto, que promete uma actualização semestral, vai servir, disso estou certo, para respostas atempadas, no sentido de se evitar a miséria e o desespero. Oxalá a Cáritas possa contar com a contribuição de todos, Estado, instituições, autarquias, Igrejas e pessoas, para se ficar a saber onde estão os pobres, quem são e do que necessitam.

F.M.

GAFANHA DA NAZARÉ ANTIGA

QUEM A VIU E QUEM A VÊ
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Esta, por estranho que pareça, é a Avenida José Estêvão, a principal avenida da Gafanha da Nazaré. Tal qual. Mas isto foi há muitos anos, era eu menino e jovem. A foto, tirada, possivelmente, de cima da igreja matriz, mostra-nos uma avenida sem trânsito e com pouquíssimas casas de habitação. O que sobressaía era a terra de cultivo que, naquele tempo, era o ganha-pão da maioria dos gafanhões.
Contudo, a foto já mostra alguns edifícios de primeiro andar, símbolo de algum desenvolvimento deconómico. Há os Correios e casas que ainda existem. Ao fundo, à esquerda, há até um prédio que acolhe vários inquilinos e que ainda pode ser visto. Era conhecido, ao que julgo, pelo nome da sua proprietária, a D. Ermelinda, se não estou em erro. O marido era marítimo e, talvez por isso, ficou a esposa a dar o nome ao prédio de rendimento.
Quem souber mais, que diga...
Fernando Martins

: Nota: Foto gentilmente cedida por Ângelo Ribau

domingo, 8 de outubro de 2006

FESTA DE MÚSICA

ESPECTÁCULO MUSICAL NO SEMINÁRIO DE AVEIRO
O Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, vai oferecer um espectáculo musical a todos os amigos, no próximo dia 14, sábado, no seu anfiteatro, pelas 21.30 horas. Três coros infantis (Um de Victória – Espanha, um de Portalegre e outro de Espinhel) vão decerto mostrar como se pode ajudar o Seminário, que tem andado em obras de restauro e de manutenção. Esta festa da música está integrada num festival promovido pelo Coral de Espinhel, de que faz parte um antigo aluno desta casa de formação. As entradas são livres, embora se espere que cada um dê o seu contributo, espontaneamente, para as despesas das obras do Seminário de Santa Joana Princesa.

Filarmónica Gafanhense celebra aniversário

170 anos a ensinar
e a difundir
a arte musical
A Filarmónica Gafanhense está em festa, com a celebração dos seus 170 anos de existência. Não foi baptizada com este nome, nem nasceu na Gafanha da Nazaré. Nasceu em Ílhavo e ali recebeu o nome de Filarmónica Ilhavense, passando à história com o epíteto de Música Velha de Ílhavo. Depois, por vontade dos homens, foi adoptada pela Gafanha da Nazaré e aqui recebeu um novo baptismo, para evitar uma condenação à morte. Com o nome de Filarmónica Gafanhense, esta banda tem levado bem longe a cidade que a acolheu, como antes o fizera com a terra que a viu nascer. No sábado, andou pelas ruas a mostrar-se, tocando músicas que habitam a nossa memória, enquanto os seus dirigentes foram explicando ao povo que a banda precisa de ser auxiliada. Em troca dessa ajuda, vai oferecendo a arte que cultiva e ensina nas suas escolas. Mas também foi dizendo que nos dias 13 e 14 de Outubro vai proporcionar aos amantes da música, pelas 21 horas, no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, dois espectáculos musicais.
No primeiro dia, actuarão o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, o Grupo de Violas e Guitarras, com Fados de Coimbra, e a Orquestra Jovem da Banda Nova de Fermentelos. No dia seguinte, para além do concerto com a Filarmónica Gafanhense, exibir-se-ão os Alunos da Escola de Música Gafanhense e o Grupo Coral do Pessoal da APA. A presença do povo nestes espectáculos será a melhor prenda que poderá ser oferecida à Filarmónica Gafanhense. F.M.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Cristianismo e bioética (2)
A palavra bioética foi usada publicamente pela primeira vez pelo oncologista Rensselaer van Potter, em 1970, num artigo emblemático, "Bioethics: The Science of Survival", e repetida, no ano seguinte, no seu livro Bioethics: Bridge to the Future.
Para ele, a nova disciplina tem o propósito de contribuir para o futuro da humanidade, procurando proporcionar o "conhecimento de como usar o conhecimento" para "a sobrevivência do homem e a melhoria da qualidade de vida".
Há a percepção de que a bioética é a ciência da sobrevivência, concretamente quando ela é compreendida como ética global, portanto, como ética médica e ética ecológica, abrindo para a urgência do debate sobre o que se chama cidadania mundial, que implica um conjunto de valores universais para um desenvolvimento sustentável. A cidadania mundial é um requisito para a sobrevivência, pois leva a compreender que, se sou cidadão do mundo, os problemas são do mundo, a comunidade verdadeira é toda a humanidade, os seres humanos fazem parte da natureza, impondo-se, portanto, que é preciso atender às necessidades universais de todos, incluindo as gerações futuras, e respeitar a biosfera.
Reflectir sobre esta abertura da bioética a um horizonte de cidadania mundial não foi dos menores contributos do XXVI Congresso dos Teólogos e Teólogas João XXIII, em Madrid, de 7 a 10 de Setembro passado.
Este debate sobre ética, justiça e ecologia, que coloca a questão difícil da particularidade e da universalidade dos valores, foi lançado por Lidia Feito, da Universidade Rey Juan Carlos. Neste enquadramento, Begoña Iñarra, religiosa do Congo, denunciou o comércio internacional organizado para benefício dos ricos, nomeadamente com os subsídios aos seus produtos agrícolas, e pediu que se facilitasse o comércio africano mediante o alívio das barreiras alfandegárias. Marcelo Barros, monge beneditino brasileiro, acentuou a dimensão social da bioética e propugnou uma espiritualidade macroecuménica cósmica.
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Gotas do Arco-Íris – 34

ÁGUA + COR
= POLUIÇÃO = MORTE
Caríssimo/a: E foi assim... Tudo começou numa brincadeira de caranguejos: olha ali um! Cuidado com as tenazes! Este é macho! Aquele é mais redondo, é fêmea! Este é rijo! Um mole! Guarda-se para isca!... Mas que é isto? Um fio verde? Como é bonito! Vou enrolá-lo nas mãos! Já estão verdes! ... Agora não é só um fiozinho, alargou-se... E o nosso rapaz esquece os caranguejos, despe-se e atira-se para aquela água diferente para um banho de causar inveja aos outros... Quando eles souberem até vão ficar de olhos trocados: não que de um banho em água tão especial ainda ninguém se tinha gabado!... Porém, nova mudança de cor na água - de verde passou a cinzenta escura -trouxe-lhe inquietação: a água era um caldo que até cheirava mal. Que chatice! E como é que ia tirar aquela porcaria do corpo? E do cabelo? Parecia cola... Lá se arranjou como pôde e fugiu, fugiu mesmo, a correr, afastando-se daquela água que o encantara e agora o assusta. À tarde, com o grupo lá do canto, enojou-se e virou o nariz, afastando a vista daquela mortandade de peixes. Nunca tal se vira, e quem o garante é o ti João André. Aquilo é obra de Cacia. E agora, com os peixes todos mortos, de barriga para o ar, que vai ser de nós? O que valeu ao rapaz é que a maré sobe e desce e o mar – aquele gigante!... - engole tudo, até a sujidade do homem. E vêm-me à esferográfica duas pérolas [a nós atribuir-lhe a cor]: «O problema não está na poluição, mas no que lançamos para a água e para o ar.» (Lula da Silva) «Louvado sejas, Senhor, pela nossa irmã água que é muito útil e humilde, preciosa e casta!» (Francisco de Assis) Manuel

sábado, 7 de outubro de 2006

Ao sabor da maré – 1

A MINHA RELAÇÃO
COM OS LIVROS
A minha relação com os livros é muito bonita. Não sob o ponto de vista comercial ou de coleccionador, mas afectivo, porque me recordam coisas boas. Tenho sempre uma história sobre cada livro dos que ocupam lugar de honra nas minhas estantes. Olho-os como quem olha amigos de coração, com quem se dialoga a propósito de tudo e de nada. E a muitos deles associo lugares, situações, gentes. Um dia destes, dia de limpeza e arrumação, dei de caras com uma edição antiga de um livro de Fernando Namora. Capas gastas pelo tempo, mas com as ilustrações de Manuel Ribeiro de Pavia ainda bem visíveis. Tem por título “Casa da Malta” e a 2ª edição, revista, a que eu possuo, é de 1951. Comprei-o num alfarrabista do Porto, perto da Praça Humberto Delgado, numa visita que fiz à capital do Norte. Recordo-me bastante bem. Fui de comboio e no regresso, como faltava muito para a hora da partida assinalada na estação de S. Bento, resolvi dar uma volta pela cidade. Num escaparate lá estava o livro a desafiar-me. Comprei-o. Minutos depois já me quedava num banco da praça a lê-lo, com a avidez que a juventude animava. A leitura continuou no comboio até Aveiro. Quando cheguei a casa, já estava e reconstruir a história que Fernando Namora engendrara com a mestria que o tornou famoso com “As Sete Partidas do Mundo” (1938), “Mar dos Sargaços” (1940) e “Fogo na Noite Escura” (1943), entre outras obras que depois continuou a publicar. Gosto de reler livros que encheram a minha imaginação, que me fizeram viajar e sonhar, que me ensinaram tanta coisa que me tornou mais rico. Os livros são assim como amigos para a vida, amigos que nos dão tudo sem exigir nada em troca. Fernando Martins

JACINTA EM AVEIRO

CONCERTO IMPERDÍVEL
A cantora de Jazz Jacinta, nossa conterrânea, presentemente em digressão pelo País, vai estar em Aveiro, no Teatro Aveirense, no próximo dia 11. Será, garante a crítica especializada em Jazz, um concerto imperdível, para quem gosta de momentos inesquecíveis.
Diz Maria João Lopes, no PÚBLICO, que Jacinta tem "alma lusitana e uma voz única, cheia de carácter e de personalidade", motivo mais do que suficiente para a aplaudirmos. O seu primeiro disco colocou-a de imediato entre as melhores intérpretes portuguesas de Jazz. Com “Daydream”, Jacinta destacou-se na cena nacional ao fazer-se acompanhar por alguns dos mais reputados músicos internacionais liderados por Greg Osby, que também produziu este álbum.
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Ficha artística: Jacinta (voz), Rui Caetano (piano), Jorge Reis (sax), João Lencastre (bateria), João Custódio (contrabaixo).
Ficha técnica: Miguel Ramos (Iluminação), Joana Pereira (Assistente de Jacinta), João Cortez (Assistente de Produção), António Cunha (Direcção de Produção), Tela Negra (Desenho de Iluminação), João Paulo Nogueira (Técnico de Som & Direcção Técnica)
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Uma produção UGURU
Preços: 1ª Plateia: 15 €; 2ª Plateia: 12 €;
1º Balcão: 10 €; 2º Balcão: 8 €

Um poema de Alexandra Varela

Posted by Picasa
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“O SENTIDO DA VIDA, QUE HORIZONTES?”
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O "nonsense" dos sentidos ludibriados
Garantiram em mim a explosão do sentido.
A luz fez-se, os dias são marcados
Por um fio condutor indissolúvel
Que me tranquiliza e me acolhe.
Parar
Ouvir
Olhar e sorrir
Desequilibram a dor que emerge
E teima em surgir.
No horizonte a luz renasce.
Vejo as lindas paletas de cor
Sinto o calor
Abrandar a dor
O cheiro da flor...
E a harmonia de Deus em todo o seu esplendor.
In IGREJA AVEIRENSE

PROJECTOS PARA TODOS

HERA ABERTA A TODA A GENTE
A HERA - Associação para a Valorização e Promoção do Património continua aberta a toda a gente, dinamizando projectos de largo interesse cultural, mas também educativo. Numa época em que tanta gente fica indiferente perante as ofensas à natureza e ao património ambiental e cultural é bom saber que há associações como esta, que nos vai brindando com iniciativas fundamentais para a sociedade, no sentido de a tornar mais consciente e comprometida com o interesse comunitário. Aqui fica uma foto de uma visita às Dunas de São Jacinto.
Para ver mais, visite a Hera

sexta-feira, 6 de outubro de 2006

Revista da Diocese de Aveiro

“IGREJA AVEIRENSE” Está já em distribuição o nº 1 do II ano, Janeiro/Junho de 2006, da revista “IGREJA AVEIRENSE”. Trata-se de uma revista documental, organizada e editada pela Comissão Diocesana da Cultura, que pretende preservar alguns textos que reflectem o labor da comunidade eclesial com sede em Aveiro. O Índice mostra o que de essencial pode ser consultado, quer por estudiosos quer por pessoas interessadas em recordar e aprofundar o que ouviram em diferentes contextos, tanto em cerimónias como em encontros de estudo e de reflexão.
Neste volume, para além das mensagens, homilias, catequeses e textos diversos de D. António Marcelino, há referências mais ou menos alargadas a acções desenvolvidas por vários serviços diocesanos, notas sobre publicações saídas neste período, homenagens prestadas a pessoas que fizeram história, efemérides importantes e notícias breves. O último capítulo, dedicado a Pessoas Notáveis, torna mais amplo o testemunho de vida cristã de Maria Madalena da Fonseca Magalhães (a Leninha de Sever), falecida em 18 de Abril de 1997, com fama, entre os que a conheceram, de santidade, pela sua entrega a Deus e às pessoas, sobretudo às mais carenciadas de pão ou de afecto. Na Apresentação da revista, sublinha-se que a “IGREJA AVEIRENSE” faz-se arquivo documental dos esforços passados a escrito, das narrativas elaboradas, dos ‘sonhos’ inacabados e das expectativas mantidas, das novidades surgidas a abrir horizontes de esperança e dos estilos adoptados a dar ‘cor e vida’ a rotinas envelhecidas e a experiências novas, cheias de vigor e promessa. A parte documental – a única acessível – constitui apenas a face visível de uma outra realidade que nos escapa: o que esta acção e a graça de Deus fazem germinar no coração de cada pessoa, no seio de cada comunidade, na consciência do mundo, sempre necessitada de progressiva humanização.”
F.M.

CORRUPÇÃO

É URGENTE EDUCAR
PARA A INTEGRIDADE
Ontem, nas comemorações da implantação da República, o Presidente Cavaco Silva alertou para a urgência da luta sem tréguas contra a corrupção, mal que grassa um pouco por toda a parte. Diz que a corrupção "tem um potencial corrosivo para a qualidade da democracia, que não pode ser menosprezado", e sublinha que "no combate por uma democracia de melhor qualidade devem ser convocados todos os portugueses”. Refere, ainda, que esta “é uma tarefa que compete, em primeira linha, aos titulares de cargos públicos". Ao contrário do que muitos dizem, não foi esta a primeira vez que um Presidente da República apelou ao combate contra a corrupção. Outros Presidentes, antes dele, já o fizeram. Mas a verdade é que este cancro da nossa sociedade, como de outras, é de cura difícil. Apesar de ser uma doença gravíssima, isso não justifica que fiquemos indiferentes ou alheios a quaisquer estratégias que levem a erradicação dos corruptos, de que muitos de nós certamente já fomos vítimas. No sector público e no sector privado. Claro que o nosso empenhamento não pode passar só pela denúncia de situações de corrupção ou de compadrio, até porque tais atitudes são, quase sempre, de comprovação difícil. Onde estão os corruptos que passam recibo dos dinheiros que recebem, ou que exijam, por escrito, verbas para avançarem com processos ou para resolver problemas que fazem parte das suas funções profissionais? Não conheço. Penso, contudo, que as soluções não passam só pela denúncia e castigo dos corruptos, que pululam um pouco por toda a parte. As soluções, a meu ver, têm de se apoiar em critérios que apostem na educação e na formação de novas mentalidades. Precisamos de homens e de mulheres que saibam educar as crianças e jovens para a cultura da verdade, da justiça, da honestidade e da cidadania. Enquanto as crianças e jovens não forem industriados, nas famílias, nas escolas, nas mais diversas instituições e nas Igrejas, para a exigência e vivência da integridade, em todas as circunstâncias, jamais teremos cidadãos imunes à corrupção, quer como corruptores quer como corruptos. Fernando Martins

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Um artigo de D. António Marcelino

QUE É FEITO DO
OBSERVATÓRIO
DA PUBLICIDADE?
Mão amiga deu-me conta de dois anúncios que lhe mere-ceram atenção. Ambos foram há pouco publicados em jor-nais diários bem conhecidos. Os de maior audiência. Por isso, certamente, são procurados para anunciar. Dizem assim: - “Procuram-se mendigos para diversos pontos de Lisboa. Trata Liga dos Indigentes”. - “Procuro mulher para ter um filho”. Há semanas fiz eco, mais uma vez, da publicidade descarada referente à prostituição. Um jornal diário publica, em cada número, mais de mil pequenos anúncios, fazendo a cobertura de todo o país, onde o produto se pode encontrar com um simples golpe de telefone. Cinco páginas, completas ou quase. É o único com este exagero, mas não o único a fazê-lo diariamente. A linguagem cresce cada dia em ousadia e despudor. Assim vende mais. Impunemente. A uma jornalista que me pediu informação sobre assunto bem diferente, falei no fim do que venho referindo, em relação ao seu jornal diário. Logo me respondeu: “Isso é com a administração”. Eu sabia, mas pedi-lhe que fizesse eco, junto de quem manda, da opinião dos leitores. “Não pode ser”, disse. Também o sabia. Quem manda é o dinheiro. Um jornalista, por mais sério que seja, tem de agradar a quem manda e paga, porque o poder está sempre aí. Os empregos são cada dia mais raros e mais precários. É tudo. Este é um verdadeiro deficit nacional. A pouca vergonha que enriquece, a falta de ética dos meios para conseguir os fins. Parece que ninguém do governo está empenhado em diminuir este deficit, a ponto de o ver saldado, quanto antes, porque assim o exige a purificação do ambiente. Não sei o que pensa Bruxelas, como orientação aos países membros, sempre tão zelosos em cumprir o que lhes interessa e em calar o que não vem ao seu jeito. Com a miséria moral que vai por essa Europa, é fácil de ver que “lá como cá, más fadas há”. Um Observatório da Publicidade para que serve? Só para detectar publicidade escondida e aplicar coimas? Se é assim, é bem pouco, embora mais rentável para o senhor Ministro das Finanças. O que se publicita, o modo como se faz e como se envenena o ambiente social, também tem a ver com este órgão, ou ele é apenas mais uma mão estendida do fisco? Diz-se que não se pode haver censura, que estamos num regime livre. Livre? Não é isso que se vê sempre. Há opiniões logo castigadas pelo poder político, e sanções inevitáveis para quem critica ou pensa de modo diverso. Está à vista de quem está atento. Igualmente preocupante é ver autarquias a lutar pela abertura de casinos no seu território e a publicitar espectáculos para toda a gente, próprios (ou impróprios?) de casas que não podem admitir menores. Assim vai a sociedade. E o Observatório da Publicidade que diz a tudo isto?

ACÇÕES PARA O DESARMAMENTO

Assinado protocolo de cooperação com o MAI
Comissão Nacional Justiça e Paz
promove acções de desarmamento
A presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), Manuela Silva, disse que a nova Lei das Armas “é muito importante, porque encoraja a legalização das armas ilegais ou a sua entrega” ao Estado, através das forças de segurança. “O nosso compromisso é pugnar para que a sociedade portuguesa seja segura e livre de armas”, declarou Manuela Silva, citada pela agência Lusa, para justificar a assinatura do protocolo com o Ministério da Administração Interna, visando “a difusão da lei”, nomeadamente junto de crianças e jovens, como meio de chegar aos adultos. A presidente da CNJP falava à margem do acto de assinatura de um “protocolo de cooperação” entre o Ministério da Administração Interna (MAI) e o Observatório sobre Produção, Comércio e Proliferação de Armas, da CNJP, para o desenvolvimento de acções de informação e sensibilização com vista à legalização ou entrega voluntária de armas. A CNJP vai organizar, já no próximo dia 28 de Outubro, uma festa para crianças e jovens, com o tema: “Por uma Sociedade sem armas: Desarmar os corações”. Numa carta explicativa enviada a todos os parceiros, a presidente da CNPJ, Manuela Silva, afirma que “esta iniciativa vem na sequência de diversos trabalhos para sensibilizar a opinião pública sobre a problemática da proliferação das armas no nosso País e, por outro lado, integra-se na campanha de entrega voluntária de armas que o Governo está a promover, após regulamentação da recente Lei sobre o uso e porte de armas”. “Com esta festa queremos mostrar que é possível vivermos numa sociedade segura porque é livre de armas. Para isso, vamos começar por mostrar a nossa vontade de desarmar os corações, dar o primeiro sinal de que é possível construir uma sociedade mais livre, justa e segura”, prossegue. O espectáculo tem lugar no Fórum Lisboa (Avenida de Roma) das 15 às 17h, no dia 28 de Outubro.
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Para ler mais, clique ECCLESIA

Gala no Aveirense

SONHO
DE UMA NOITE
DE OUTONO
NA RIA
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“Sonho de uma noite de Outono na Ria” é o título da gala de encerramento do programa SorRia – Iªs Jornadas da Ria de Aveiro. O espectáculo realiza-se no sábado, 7 de Outubro, pelas 21.30 horas, no Teatro Aveirense.
Os bilhetes oscilam entre três e dez euros e estão à venda no Teatro Aveirense, entre 13 e as 20 horas.
Na gala estreiam-se três obras de três expressões artísticas: bailado, música e teatro. As interpretações são feitas por entidades, grupos e artistas aveirenses, em exclusivo.
Um espectáculo pensado para agradar aos amantes das artes. A não perder.

Um artigo de Alexandre Cruz

Vida de Estudante, há tempo e lugar?
1. A vida actual está transformada numa corrida, mesmo para quem tem mais oportunidade para a gestão do seu tempo. De hábito em hábito, de novidade em novidade, com novas e novíssimas formas de comunicar mais e mais… corremos para acompanhar os “acontecimentos” do mundo; e a vida vai-se transformando numa roda-viva sem que, porventura, essa viagem apressada seja acompanhada da devida pausa e reflexão. Não será por acaso que muita da análise da vida da sociedade nos nossos dias vai demonstrando e fundamentando uma menor qualidade de pensamento, ausência de “filosofias” / ideais de vida, e por isso de acção em qualidade. E decisão e acção que não é bem pensada, reflectida, ponderada, pode acabar por se traduzir no popular “quanto mais depressa, mais devagar!” Também não é alternativa, diante da realidade nova, viver saudosista do passado, mantendo as âncoras agarradas às seguranças de outrora; não, de modo nenhum! O mundo presente, com os seus valores e também contravalores, como afinal em todas as épocas de civilização humana, desafia-nos a reinterpretar os sinais e a “acender” no tempo presente as luzes da esperança para sabermos onde queremos chegar. Isso mesmo, no meio de tudo o essencial será mesmo saber o que se quer e que passos dar para a realização desse caminho! 2. Algo que nos preocupa, diariamente, são precisamente as noções de “tempo” e “lugar” para as “coisas” mais importantes da vida. Todos o sabemos e as instâncias associativas e culturais ligadas à vida colectiva sentem-no na “pele”, é preocupante a indiferença, a passividade intermitente e incolor, a “ausência”; hoje, mais que nunca, investe-se imenso em comunicar, publicitar, convidar, no passar da mensagem que convença à participação, mas sabe-se à partida, que o terreno é complexo e não há receita que funcione automaticamente. As coisas são como são! As noções de “pertença à comunidade” vão-se esbatendo. Por um lado será bom que o cidadão e Portugal não fique “fechado” neste “canto à beira-mar” mas seja cidadão da Europa e do Mundo… Mas não nos iludamos, pois não é disso de que se trata. O cidadão está a esquecer a “cidade” e, no meio de toda a mega-informação e comunicação, não estamos a conseguir passar a mensagem que o ligue mais à realidade; o cidadão “navegando” pelo mundo inteiro na Net acaba, depois, por ficar fechado no seu mundo e esquecendo que a “cidade” precisa do contributo positivo de todos. 3. Há “tempo” e “lugar” para a cultura, para ir crescendo por dentro um pouco todos os dias (afinal, o que nos fica como síntese das “coisas” que dizemos e fazemos)? Há tempo e lugar para pensar a VIDA e os seus ideais? No final de contas, há oportunidade, ainda, para o universalizar da ética e da cultura da dignidade humana, bases estruturantes da vida social? Também o mundo do Ensino Superior (em Portugal) vive tempos novos. Estes, na harmonização do espaço único de Ensino Europeu (Protocolo de Bolonha), trazem um mundo de possibilidades de parceria europeia mas, naturalmente, também uma série acrescida de preocupações e desafios a superar. É uma realidade irreversível já preparada há longos anos e que agora vai chegando à vida do ensino e da sociedade; sem ilusões e sem medos, eis que está o desafio à descer à vida real. Licenciaturas em três anos; com 21 anos jovens apresenta-se proximamente ao mercado de trabalho; cada ano lectivo ganha mais importância; não há tempo para distracções; cada semana, cada mês de aulas passam num instante; sobe, mais ainda, o ritmo da vida, onde a “higiene do sono” e a serenidade são desafio de cada dia; faltará, mais ainda o tempo para a participação. 4. Três anos de curso superior passam num “instante”, nesta nova realidade que é um facto e que toda a sociedade em geral ir-se-á adaptar com naturalidade. Mas…que jovens sairão para a vida activa? Que “amor” e consciência de pertença à instituição e cidade onde estudam? Que tempo e lugar para a outra face da vida…a humana, pessoal, co-responsabilidade social? Que amadurecimento pessoal e dos conteúdos?... Ficando-nos a certeza de que perguntar e problematizar ajuda a reinventar caminhos de adaptação à nova realidade, temos a sensação de que “três anos” não chegam para ficar “saudade” das pessoas, do lugar e tempo vividos, das instituições; “saudade”, sentimento académico este que terá os dias contados…? Não somos saudosistas, de modo algum, mas nessa palavra está toda uma carga de “pertença” essencial e que, naturalmente, irá esbater-se pois não há “tempo”. Estamos, pois, diante de uma nova realidade que poderá, mais ainda, desagregar e dificultar todo o espírito de cultura e vida social – do SER PESSOA EM SOCIEDADE - para os homens do amanhã. Estes daqui a anos, que farão a gestão da sociedade nas suas mais variadas instituições, terão, mais ainda, pela pressa do estudo e da vida, uma menor visão de conjunto da vida e da realidade. Será isto realidade? Em tempos em que não há “tempo” nem “lugar”, parar e pensar sobre como reinventar caminhos diante deste novo paradigma de Bolonha é também um desafio premente que todos temos e que é contributo essencial à própria humanização da sociedade do amanhã. Afinal, sendo o futuro que está em causa, que outra realidade é mais importante (devendo por isso “mobilizar” todas as forças e sinergias)?...

quarta-feira, 4 de outubro de 2006

Homenagem justa

A NOSSA GENTE ...
Fernando Maria da Paz Duarte
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Nascido a 12 de Julho de 1944, em São Martinho do Bispo, Coimbra, Fernando Maria da Paz Duarte veio viver para Ílhavo com apenas 14 anos de idade. Com os estudos liceais terminados no ano de 1963, ingressou no Magistério Primário, hoje Escola Superior de Educação de Viseu, onde veio a concluir o curso em 1965. O seu percurso profissional é notório. No Ensino, apenas 4 anos após ter leccionado na Gafanha de Aquém, assumiu funções de Subdelegado e Delegado Escolar de Ílhavo, foi sócio fundador e membro dos Órgãos Sociais do Sindicato dos Delegados e Subdelegados Escolares por um período de 8 anos e Dirigente Local da Associação Nacional de Professores desde a sua fundação. Mas o Prof. Fernando Maria também enveredou por outras áreas, nomeadamente a actividade autárquica, tendo sido Vereador da Câmara Municipal de Ílhavo durante três mandatos, dois dos quais em regime de permanência. Em 1982 chegou a ocupar o cargo de Presidente da Câmara, por impedimento do Presidente eleito, o Capitão Bilelo. O seu espírito activo determinou ainda a sua dedicação a várias Associações do Concelho. Integrou a Direcção da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, do Illiabum Clube e foi Presidente da Direcção e da Assembleia-geral da Associação Cultural e Desportiva “Os Ílhavos”, bem como foi Confrade Fundador da Confraria Gastronómica do Bacalhau. Um dos seus grandes desafios surgiu em Março de 1999 quando aceitou o convite para ocupar o cargo de Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Ílhavo com o principal objectivo de trabalhar em prol da Comunidade, tendo neste momento em mãos o lançamento da primeira pedra da Unidade de Cuidados Continuados daquela Instituição que será uma realidade em 2007. Actualmente, desempenha igualmente o cargo de secretário do Secretariado Regional da União das Misericórdias e é membro do Conselho Local de Acção Social e da Comissão Concelhia de Saúde de Ílhavo. O carácter multifacetado deste homem faz dele uma figura de renome na Comunidade Ilhavense. A sua marca fica impressa ao longo de uma história de vida percorrida que, até aos dias de hoje, completa os sessenta e dois anos, em áreas de intervenção bastante díspares, mas todas elas relacionadas com o trabalho voltado para a Comunidade e Associativismo. Esperamos poder continuar a contar com o empreendorismo e dedicação do Prof. Fernando Maria na entrega às mais nobres causas e ao desenvolvimento do Concelho de Ílhavo. :: In “Viver em”, edição da Câmara Municipal de Ílhavo
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Nota: Só mais uma palavra, muito pessoal: Conheço o professor Fernando Maria desde que começou a trabalhar no concelho de Ílhavo, e sempre admirei a sua capacidade de intervenção social e competência profissional.
Mais ainda: A sua jovialidade, o seu sorriso aberto, a sua serenidade, a sua disponibilidade para ajudar quem dele precisasse, a sua amizade franca e leal.
Por isso, todas as homenagens são poucas para o muito que ele fez e faz.
Fernando Martins

S. Francisco de Assis

A Igreja recorda a memória
de um santo que marcou
a história
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Hoje, a Igreja Católica recorda a memória de S. Francisco de Assis, um santo que marcou a história. Da Igreja e dos homens. Nasceu em 1182 e depois de uma juventude leviana converteu-se a Cristo, renunciando a todos os bens paternos, numa entrega radical a Deus. Abraçou a pobreza, legando-nos a “pobreza franciscana”, para mais e melhor seguir o exemplo de Cristo, enquanto ao mesmo tempo pregava o amor de Deus. Formou os seus companheiros com normas excelentes, inspiradas no Evangelho, que foram aprovadas pela Sé Apostólica. Fundou, também, uma Ordem de religiosas e uma Ordem Terceira para seculares. Morreu em 1226.
O exemplo que S. Francisco nos legou está, de facto, ao alcance de todos nós, assim o quiséssemos seguir. Numa vivência da pobreza adequada aos dias que correm, obviamente. Mas as comodidades que vamos experimentando e o hedonismo que muitos de nós cultivamos não nos deixam imitar o santo que encarnou a humildade e a pobreza, como sinais indeléveis da presença de Deus nas pessoas e nas coisas. Se ao menos nos aproximássemos um pouco do seu exemplo, já não seria mau. Seria muito bom, tenho a certeza.
F.M.
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Pode ler mais em Capuchinhos

Um poema de Álvaro Magalhães




O Limpa-Palavras


Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar e
é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.

Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão
para apanhares a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.


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Notas: 

1 - O poeta "brincador" do "Limpa-Palavras"
chama-se Álvaro Magalhães

2 - O ilustrador da colectânea chama-se
José de Guimarães

Um artigo de António Rego

Opinião Pública na Igreja
Não deixa de ser interessante o debate, que ainda não terminou, em torno do discurso de Bento XVI em Ratisbona no passado dia 12 de Setembro. Estamos perante matéria não teológica nem dogmática, uma vez que quase todas as análises têm surgido em torno da oportunidade das palavras do Papa no contexto político, religioso e cultural em que vivemos. Mas a reflexão filosófica, teológica e pastoral que gerou em volta do islamismo, cristianismo e secularismo é possivelmente o ponto mais importante de todo o processo do Papa na Academia. Nesse sentido têm surgido as mais surpreendentes opiniões vindas de universos culturais e religiosos infinitamente distantes. Há católicos fervorosos, progressistas e conservadores - como sói dizer-se - com reflexões inesperadas que rompem com as habituais balizas de esquerda e direita do secular ou religioso. O Papa veio explicitar um conjunto de questões que andavam arrumadas por esquecimento ou comodidade e por parecerem a muitos de menor interesse para jornais e revistas mesmo de alguma especialidade. Percebeu-se afinal que a fé ultrapassa a razão mas não a dispensa. E que o não crer ou a militância da neutralidade perante o religioso não são tão lógicos quanto se fazia crer. E que a componente política do religioso vai muito mais longe do que parece. E assim chegamos a um novo ponto: o religioso na praça pública a ser livre e desinibidamente reflectido, em muitos casos sem preconceitos, numa área em que o deve ser e com uma frontalidade saudável, mesmo dentro das muitas banalidades que se lêem e escutam. Não recordo nenhuma discussão semelhante acerca duma intervenção Papal com um rasto de debate para além do ângulo convencional de “moral católica”, prato preferido e por vezes único, de olhar a Igreja. As palavras de Bento XVI já se diluem com o tempo no impacto de primeira reacção, por vezes nervosa e estéril. Agora, e certamente por muito tempo, irão surgindo reflexões que dizem respeito a todos mas que muitos julgavam pertencer às gavetas enceradas da sacristia. Na realidade estão em plena praça pública. Ainda bem.

terça-feira, 3 de outubro de 2006

José Hermano Saraiva celebra aniversário

PROF. JOSÉ HERMANO SARAIVA,
UM MESTRE DA COMUNICAÇÃO
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O Prof. José Hermano Saraiva faz hoje 87 anos. Linda idade para nos mostrar que há pessoas que não envelhecem e que a reforma não pode chegar para quem, como ele, tanto tem para dar à comunidade nacional.
Especialista na arte de comunicar, ninguém neste País, na minha óptica, soube tão bem sensibilizar o povo para as questões da História Pátria, por gestos e palavras, envolvidos por imagens, grandemente expressivos. Na televisão ele é um SENHOR a falar-nos das coisas do nosso passado colectivo. E fá-lo de tal modo que nos prende e nos acicata o gosto pela História de Portugal.
Eu penso que a aposentação não pode nem deve ser um tempo para dormir mais e para nada fazer. A actividade, mesmo que noutras áreas diferentes das que nos envolveram durante muitos anos, tem de ser uma constante na vida. Se quisermos, a reforma poderá ser um tempo de criatividade, de solidariedade, de atenção aos outros, de formação contínua, de contacto com mais gente e de procura de saberes.
O Prof. José Hermano Saraiva aí está para nos abrir os olhos a novos horizontes de uma vida cheia de alegria e de felicidade. A uma vida actuante e estimulante, para nós próprios e para quantos nos cercam, numa perspectiva de todos juntos enriquecermos a sociedade a que pertencemos.
Parabéns, Prof. José Hermano Saraiva, pelo aniversário e pelo seu exemplo.
Fernando Martins

Um poema das Carmelitas do Porto

SOLIDÃO Na hora do pôr do sol, uma gaivota desceu do bando e, no rochedo onde poisou, ficou sozinha a olhar o mar que o sol, ao despedir-se, vai tingindo, para que nele fique um rasto da sua presença luminosa. Na hora do pôr do sol, quem não sentirá o fascínio da solidão?... A solidão, que enche a cela da carmelita e a faz mergulhar em Deus, mar infinito que a atrai, amor sem margens nem ocaso onde ela encontra os irmãos, que só por Deus deixou. Na hora do pôr do sol, quem não sentirá o desejo dum encontro a sós com Deus? Quem não sentirá a nostalgia do Céu?
In “DESERTO… Lugar do Encontro”,
uma brochura editada
pelas Carmelitas do Porto

SEMANA DA EDUCAÇÃO CRISTÃ

Nota Pastoral da Comissão Episcopal da Educação Cristã para a Semana Nacional da Educação Cristã (1 - 8 de Outubro de 2006)
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A FAMÍLIA,
UM BEM NECESSÁRIO
E INSUBSTITUÍVEL
1. De 1 a 8 de Outubro próximo, decorrerá a Semana Nacional da Educação Cristã. É uma ocasião para os educadores cristãos, especialmente os pais e quantos a eles se associem, neste período particularmente favorável de início de mais um ano de actividades, reflectirem sobre a importância da educação e assumirem as responsabilidades próprias da missão que desempenham. Desejamos que o façam pessoalmente e com outros, promovendo as necessárias e variadas iniciativas, nesse sentido. Escolhemos para tema desta Semana Nacional a família, devido à sua permanente actualidade e intrínseca relação com a educação, e acolhendo, simultaneamente, o repto dirigido pelo Santo Padre Bento XVI no recente Encontro Mundial das Famílias: “Proclamar a verdade integral da família, fundada no matrimónio como Igreja doméstica e santuário da vida, é uma grande responsabilidade de todos” (Bento XVI, Palavras do Santo Padre durante a Vigília de Oração. Valência (V Encontro Mundial das Famílias), 8 de Julho de 2006. www.vatican.va).
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Pode ler mais, clicando aqui

VOLUNTARIADO

PORTUGAL ESTÁ CHEIO DE GENTE MUITO BOA
Dirigente com uma idosa
(Foto de arquivo)
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Nas minhas passagens por algumas instituições particulares de solidariedade social, tenho-me apercebido da dedicação dos seus dirigentes e de quantos os acompanham nos seus trabalhos. É gente que não regateia esforços e vive ano após ano cultivando o espírito de servir quem mais precisa, lutando para conseguirem os apoios económicos e outros, sempre indispensáveis para as muitas despesas que é preciso pagar. Depois, e olhando para o lado, tenho tido a oportunidade de confirmar que o voluntariado social é uma realidade muito expressiva no nosso país, não obstante dizer-se que todos fazemos pouco pelos mais carentes de tudo. De dinheiro, de habitação condigna, de pão, de saúde, de afecto. Para além dos que trabalham nas instituições de solidariedade, que são muitos, se tivermos em conta as inúmeras organizações vocacionadas para ajudar quem mais necessitado está, há bombeiros, visitadores de doentes e das cadeias, há voluntários hospitalares, há membros das conferências vicentinas e da cáritas, das organizações não governamentais e de defesa dos animais. Mas também há simples cidadãos que cultivam, no dia-a-dia, o espírito de vizinhança, apoiando os mais doentes e os que estão na solidão, os marginalizados e os sem-abrigo, os refugiados, os imigrantes e os perseguidos, os idosos esquecidos pelas próprias famílias e os desempregados. Afinal, quando se ouve dizer que a sociedade é egoísta, temos de convir que não é bem assim. Portugal está cheio de gente boa, de gente que se dá em vez de dar apenas e sem esperar qualquer recompensa, gente que vive a solidariedade e a fraternidade, permanentemente em luta pela construção de um mundo mais justo e muito mais humano.
F.M.

domingo, 1 de outubro de 2006

IDOSOS

Mais de um milhão vive com menos de 300 euros/mês
Em Portugal, mais de um milhão de idosos vive com um rendimento mensal inferior a 300 euros, denunciou, no Porto, a presidente da Associação VIDA - Valorização Intergeracional e Desenvolvimento Activo. "Os idosos representam 17 por cento da população e mais de 20 por cento do eleitorado, mas a pobreza monetária e literária retira-lhes a força que a sua vantagem numérica lhes poderá conferir", frisou Teresa Almeida Pinto.
A presidente da Associação VIDA, defendeu a inclusão dos idosos na agenda política e nas prioridades nacionais, por considerar que "uma sociedade que se diz desenvolvida não pode continuar a manter vivos, sem expectativas de vida, aqueles que contribuíram para a sua evolução e desenvolvimento".
"Os esforços para produzir mais e melhores anos de vida devem concentrar-se em medidas práticas e não em exercícios demagógicos ou de lamentação infrutífera", disse a responsável pela associação que representa em Portugal a Plataforma Europeia das Pessoas Idosas. Acrescentou que "mais de metade dos portugueses que vivem sós (58 por cento ou cerca de 321 mil pessoas), têm idade igual ou superior a 65 anos".
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Leia mais em SOLIDARIEDADE

Um poema de Nuno Júdice

AS AVES
Afluem às margens, jogam
como se a água lhes pertencesse,
pousam no meio dos arbustos
como se tivessem todo o tempo! No
entanto, sabem que as nuvens
vão encher o céu; e que o norte
irá enviar o vento frio que as
há-de arrastar para sul, deixando
atrás de si o silêncio
nos campos. Mas pouco lhes importa
isso, quando se juntam, e
cantam a efemeridade do
instante.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Cristianismo e bioética (1)
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"O cristianismo, o catolicismo, não é um amontoado de proibições, mas uma opção positiva. E é muito importante que isto se veja de novo. Creio que se deveria corrigir a imagem segundo a qual semeamos à nossa volta rígidos NÃOS."
Estas afirmações não são de nenhum teólogo progressista, mas de Bento XVI, em Agosto passado, numa entrevista à Deutsche Welle (televisão alemã), à Rádio Baviera e à Rádio Vaticano. O Papa acrescentou: "A Igreja - sabemo-lo pelos inquéritos - é considerada a maior parte das vezes só como uma voz que admoesta ou que inclusivamente trava." E perguntou: "A Igreja não deveria sair desta posição defensiva e assumir uma atitude mais positiva quanto ao futuro e à sua construção?"
Foi com estas citações papais que o teólogo José María Castillo abriu o XXVI Congresso da Associação de Teólogos e Teólogas João XXIII, que teve lugar em Madrid de 7 a 10 de Setembro sobre o tema "Cristianismo e bioética" e no qual tive a oportunidade de participar.
O teólogo jesuíta queria sublinhar que a teologia tem sido frequentemente "um pensamento cativo". Apesar das suas pretensões de cientificidade, tem-se visto dirigida e submetida por uma instância autoritária que, por mais justificada que seja a partir de uma determinada crença religiosa, é "uma instância extracientífica". Ele próprio acabava de ver proibida pela Conferência Episcopal Espanhola a publicação de um livro.
Deste modo - continuou - a teologia católica, depois da grande geração de teólogos que fizeram o Concílio Vaticano II, entrou num empobrecimento crescente. "Ficámos só com uma coisa: o medo. Há hoje muito medo na Igreja. Medo de pensar, de falar, de escrever", um medo tanto mais forte quanto menos consciência se tem dele. A consequência é uma teologia bloqueada, que passou a ser "um pensamento marginal", de tal modo que o que dizem os padres, os bispos, os teólogos "interessa cada vez menos e a menos pessoas".
No entanto, a teologia tem hoje muito a dizer e a muita gente. Aumenta o número de pessoas que fazem "perguntas teológicas": sobre Deus, Jesus Cristo, o sofrimento e a felicidade, o sentido da vida e da morte.
: Leia mais em Diário de Notícias

Gotas do Arco-Íris – 33

MUDANÇAS... ATÉ NA COR!
Caríssimo/a: Afinal, sem darmos por ela, e assim a modos de quem não quer a coisa, estamos em pleno século XXI e no terceiro milénio. Nos seus princípios, é verdade, mas parece que nem demos pela mudança. Ou não será assim? Ele de facto andam para aí uns «profetas» de sobrolho carregado a anunciar catástrofes e a dizer coisas que, e isto cá para nós, de tão evidentes e de resultados tais, já ninguém lhes liga... Mas cuidado, muito cuidadinho. Ora vejamos: Tenho no meu quintal um dióspiro (isto não é bem assim: tenho mais, mas para o caso não interessa...). Aqui há uns trinta-quarenta anos, dióspiro era fruta que se começava a comer na altura de Todos-os-Santos, nos princípios de Novembro, e tínhamos frutos durante grande parte de Dezembro. Pois bem, nos últimos anos, por alturas do S. Paio já se apanham e apreciam os primeiros; e no final de Setembro é rezar-lhes pela alma que os dióspiros já se foram!... Como é, houve ou não mudança? E isto que se está a passar na fruta será um indício do que acontece noutras áreas que, à primeira vista, nem são nada compatíveis? Claro que as mudanças tanto podem dar para adiantar como para atrasar... Quando éramos miúdos, o carteiro chegava ao nosso canto e tocava a campainha ou a buzina da bicicleta e era certinho: carta ou encomenda, posta nos correios na véspera, ali estava. Trazia um selo de cavalinho a galopar. Os correios não tinham cor: os selos, conforme o seu valor, podiam apresentar coloridos diferentes no tal cavalinho; normalmente os sobrescritos eram brancos ou, quando muito, tinham umas riscas azuis e vermelhas para correio aéreo... Mas os correios não tinham cor, tinham pontualidade e zelo em servir o público. Agora, é só ouvir: ele há correio azul, correio verde e até código postal e já com meio caminho andado. E o tal correio sem cor que servia o público e era eficiente, ao passar a ter cor e ao falar muito para dizer que agora tudo fazemos para o servir melhor, bem agora temos de ser nós a «buzinar» para forçar a chegada de carta, de jornal ou encomenda que tarda a nunca mais aparecer... (Se mudassem a cor para a do dióspiro, talvez então a mudança fosse para adiantar a chegada...)
Bem, o papel chegou ao fim...
[Não tem nada a ver com o que está acima, mas já agora espero que o blogue também mude de cor e de corpo da letra para facilitar a vida aos que vão tendo a vista curta.] Manuel

Rádio Renascença com novo rosto

Renascença apresenta mudanças na informação e programação
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Linguagem actual
com inspiração cristã
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Francisco Sarsfield de Cabral, director de informação da Rádio Renascença fala sobre as mudanças que o primeiro canal apresenta com o objectivo de, “sem largar o público mais velho que nos acompanha, agarrar o público a partir dos 35 anos”, refere. Para isso apostam em algumas mudanças na música, revisitando sucessos das décadas de 70, 80 e 90, na apresentação da imagem da estação, com uma campanha publicitária que trouxe um novo logotipo e sob o slogan “A boa onda da rádio” e algumas novidades na informação, cujo maior cartão de visita é o anunciado programa de debate mensal, ainda sem nome, agendado para Outubro, e que junta personalidades tão distintas quanto D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, Jorge Sampaio, ex-Presidente da República e Francisco Pinto Balsemão, patrão do grupo de comunicação social Impresa. Os blocos de informação não serão alargados, “pois de manhã já são maiores, temos informação de meia em meia hora, revistas de imprensa, e vamos ter um espaço de opinião diário, no horário da manhã, assinado por cinco pessoas da casa, Francisco Sarsfield de Cabral, Raquel Abecassis, Graça Franco, Aura Miguel e Angela Silva” refere. Nas palavras do director de informação, a Renascença “continuará a seguir a mesma linha. Apostamos no rigor, na melhoria da qualidade e clareza dos textos”, factores que têm contribuído para “a credibilidade que nos atribuem” refere. “Juntar pessoas tão distintas é essencial. A nossa missão é servir o ouvinte e é necessário dar diferentes opiniões sobre questões da sociedade”. Nelson Ribeiro, director de programação da Renascença, refere à Agência ECCLESIA o grande desafio que é apanhar o público mais jovem, que supostamente não está ligado à religião. Segundo o director o desfasamento entre ao mais jovens e a Igreja é “uma questão de linguagem. Acredito que as pessoas têm necessidade e procuram esses conteúdos, se calhar a forma como é apresentada é que os afasta” acrescentando que essa é também “a nossa missão”.
A nova aposta na programação passa por “apresentar uma rádio moderna assente nos pilares música e informação”, dando destaque à informação na manhã e apostando na música à tarde, “indo ao encontro daquilo que as pessoas procuram”. O grupo Renascença, Emissora Católica Portuguesa tem quatro rádios diferentes “cada uma para o seu público” e Sarsfield de Cabral assegura que tendo também público não católico não haverá “descaracterização do canal, pelo contrário, continuamos a ter muito clara a nossa missão”, sublinhando que não pretendem “copiar o que os outros fazem, mas acompanhar o que faz o mundo”.
Assim uma das apostas passa pela renovação do site, onde pretendem “ter um contacto maior com os ouvintes”. Serão disponibilizadas emissões em podcast, “uma mais valia” assegura Nelson Ribeiro. “A ideia que as pessoas mais velhas estão afastadas das novas tecnologias é errada.
Recebemos muitos «mails e sms» de pessoas com mais de 60 anos”, refere Nelson Ribeiro, não escondendo que este objectivo destina-se claramente às gerações mais novas. Durante a próxima semana “podem esperar um novo site, com cara nova” assegura.
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Fonte: Ecclesia