domingo, 17 de setembro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

A religião na escola pública
Quantos cristãos saberão que, se Adão e Eva fossem figuras reais e nossos contemporâneos, precisa-riam, para viajar para o estrangeiro, de um passaporte iraquiano? Quantos se lembram de que Abraão, que está na base das três religiões monoteístas - judaísmo, cristianismo, islão -, possuiria igualmente nacionalidade iraquiana? Quantos se lembram de que os primeiros capítulos do Génesis, referentes ao mito da criação e da queda, se passam na Mesopotâmia, onde mergulham algumas das nossas raízes culturais? Há guerras em curso, também por causa da divisão entre xiitas, sunitas e jihadistas. Mas quem conhece essas divisões e a sua origem e importância históricas? Qual é a relação entre religião e violência, religião e política, religião e desenvolvimento económico?
Há já alguns anos, Umberto Eco, agnóstico, lamentava-se: "Nas escolas italianas, Homero é obrigatório, César é obrigatório, Pitágoras é obrigatório, só Deus é facultativo. Se o ensino religioso se identificar com o do catecismo católico, no espírito da Constituição italiana deve ser facultativo. Só lamento que não exista um ensino da história das religiões. Um jovem termina os seus estudos e sabe quem era Poséidon e Vulcano, mas tem ideias confusas acerca do Espírito Santo, pensando que Maomé é o deus dos muçulmanos e que os quacres são personagens de Walt Disney..."
Ernst Bloch, o filósofo marxista heterodoxo e ateu religioso sublinhou que o desconhecimento da Bíblia constitui uma "situação insustentável", pois produz bárbaros, que, por exemplo, perante a Paixão segundo São Mateus, de Bach, ficam como bois a olhar para palácios.
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Gotas do Arco-Íris – 31

DESAFIO:
COM AS CORES DO ARCO-ÍRIS
PINTANDO...
Caríssimo/a: Aí ficam duas propostas: 1- Há dias, acompanhados por casal fraterno, assistimos às regatas de bateiras durante os festejos do S. Paio. Certamente este terá ficado admirado ao ouvir os nossos comentários aos exímios arrais. Esqueceu-se que na nossa juventude a vida nos atirou para as nortadas da Ria como timoneiros natos! (Escrevi natos!?... É só trocar o t pelo b!) [Deixai-me salientar dois desses arrais: um, o que ganhou, brincava com a vela – aquela inversão de sentido, logo seguida de paragem imediata, um espectáculo!; o outro ia sozinho na sua bateira. E como era gostoso vê-lo, sob o peso do corpo e da idade, girar do leme para a escota, desta para a tosta... Mesmo ao longe, saltava o prazer e o gozo que todas essas manobras lhe provocavam. Não concorria; participava!] Mas o que ainda hoje me está nos olhos é a mancha policroma das quarenta e tal velas que bailavam à nossa frente... Que maravilha! Alguém ao nosso lado, perante essa enorme e viva aguarela, deixou de perguntar: – Mas afinal o que é o S. Paio? 2- Ontem recebi um «manual de apreciador de vinhos». Folheei-o e tive dificuldades na página 6. Diz assim: “A cor: Relativamente à cor os vinhos brancos podem apresentar-se das seguintes formas: . Citrina: em geral trata-se de vinhos novos produzidos em regiões frias. Pode também acontecer que a cor tenha sido conseguida através de processos tecnológicos. . Palha: esta cor identifica a maior parte dos vinhos portugueses produzidos em regiões quentes. . Palha oxidado: denuncia envelhecimento ou alguma anomalia. . Topázio: cor imprópria para vinhos de mesa. Apenas admissível para licores ou licores generosos. Os vinhos tintos podem apresentar as seguintes cores: . Rubi: denuncia castas que não possuem grande riqueza em termos de cor. Pode também acontecer, um menor contacto com as partes constituintes do bago ricas em matéria corante. . Granada: caracteriza de um modo geral os vinhos portugueses. Castas tradicionais e métodos de vinificação clássicos. . Retinto: cor muito pronunciada. Vinhos provenientes de castas com elevada matéria corante. . Vermelho violento: denuncia juventude e tipicidade. . Vermelho acastanhado: revela envelhecimento ou anomalias.” De facto, perante tal riqueza e variedade de cores, quem me quer ajudar? Manuel

Festa da Senhora dos Navegantes

Nossa Senhora
dos Navegantes
na Web

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APA convida amadores e profissionais a foto-grafarem os festejos deste ano, para inclusão em exposição alusiva e na internet Associando-se às celebrações de cariz religioso e popular da Nossa Senhora dos Navegantes, que merece especial devoção por parte de todos os que labutam no mar, o Porto de Aveiro disponibiliza, a partir de hoje, um site referente à procissão realizada em 2005. Este novo espaço na web é constituído exclusivamente por fotografias, num total que ronda as duas centenas. O site pode ser consultado em http://www.portodeaveiro.pt/navegantes2005 Entretanto, a APA convida todos os amantes da fotografia (amadores e profissionais), para fotografarem os festejos deste ano, a realizar já no próximo domingo, dia 17, e cujo programa se anexa. Das fotos recebidas na APA, em película ou formato digital, será feita uma selecção para integrarem exposição alusiva aos festejos e integrada nas comemorações dos 200 anos da abertura da Barra. As fotos seleccionadas serão também disponibilizadas na web, em site específico a produzir para o efeito. O envio deve ser feito para: APA – Administração do Porto de Aveiro, S.A., Edifício 9 – Forte da Barra, 3830-565 Gafanha da Nazaré. Recorde-se que, para além do portal do Porto de Aveiro (www.portodeaveiro.pt), a APA disponibiliza aos cibernautas os seguintes sites: Portofolio: www.portodeaveiro.pt/portofolio CLIP: www.portodeaveiro.pt/portofolio Natal: www.portodeaveiro.pt/natal

sábado, 16 de setembro de 2006

As minhas reportagens

PASTOR JOÃO NETO,
PRESIDENTE DO CENTRO
SOCIAL DA COVA E GALA,
PROPÕE:
'Não fazermos sozinhos
o que pudermos fazer juntos'
Cova e Gala são duas povoações da freguesia de S. Pedro, na Figueira da Foz. Ficam do outro lado do rio, logo depois da Ponte dos Arcos. E se hoje são terras airosas, com progresso visível, há meio século eram simplesmente duas aldeias piscatórias, esquecidas pelos poderes políticos e económicos e com inúmeras carências, como que à espera de quem ajudasse as suas gentes. Foi o que aconteceu, em 1960, quando João Neto, pastor da Igreja Evangélica Presbiteriana, assume o seu trabalho pastoral na Figueira da Foz, com responsabilidades na assistência a pequenas comunidades circunvizinhas. Nos primeiros contactos, apercebe-se das diversas dificuldades que atormentam as pessoas, tendo tomado consciência de que, “se a Igreja Presbiteriana queria cumprir a sua missão, tinha de actuar corajosamente”. Daí nasceu o “Projecto de Desenvolvimento da Cova e Gala”, matriz do actual Centro Social, que tem como fins principais implementar acções do âmbito da segurança social, “nomeadamente nas áreas comunidade, família, terceira idade, invalidez e reabilitação”, como sublinha o pastor João Neto ao SOLIDARIEDADE.
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sexta-feira, 15 de setembro de 2006

Visita do Papa à Alemanha

Aura Miguel faz balanço da visita de Bento XVI à Alemanha
A deslocação teve, naturalmente, uma dimensão espiritual. Foi um regresso às origens de Joseph Ratzinger, aos locais onde nasceu, cresceu e consolidou a Fé, a sublinhar que o sucessor de Pedro é um homem como outro qualquer: com sentimentos, fortes laços familiares, preferências de amizades e lugares de memória. Mas esta viagem abriu também novos horizontes quanto aos ensinamentos de Bento XVI. Se no início do Pontificado o Papa alertou o mundo para os riscos de uma "ditadura do relativismo", fazendo até o seu diagnóstico, agora na Alemanha o Papa foi ainda mais profundo. Talvez por a Igreja Católica alemã não estar na melhor forma, a braços com uma profunda secularização, que no fundo é o espelho da Europa, Bento XVI afirmou que o Ocidente está, há muito, ameaçado pela falta de respeito pelo sagrado, pela redução da razão ao estritamente científico e pelo abuso do direito à liberdade, que leva, inclusivamente, a ridicularizar o sagrado. Patologias e doenças mortais da razão e da religião, disse o Papa, que levam à destruição da imagem de Deus por causa do ódio ou da violência, e que põem em perigo a Humanidade. Bento XVI apelou à coragem, para que o Ocidente se abra à grandeza da razão, sem cancelar as questões fundamentais da vida e para regressar ao respeito pelo Sagrado e pelo temor de Deus.
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In RR, citada por Ecclesia

quinta-feira, 14 de setembro de 2006

Imagens da Ria

A RIA DE AVEIRO
Deixem-me ir hoje, no meu rico vagar, pela estrada que de Aveiro vai ter à Barra. A começar nas Pirâmides. Mas antes de lançar pés à suavíssima marcha, esperemos que avance e que passe uma vela que se mostrou ao longe, vinda certamente com pescaria miúda das costas de São Jacinto em demanda do nosso canal. Já se distinguem perfeitamente os clássicos e variados remendos do pano: um xadrez, meus amigos, um verdadeiro xadrez! À escota vem um marnoto de idade, de ceroilas curtas, nem chegam aos joelhos: de camisola azul ferrete, grossa como uma tábua, grossa como um cortiço, aberta à boca do peito; de carapuço de lã na cabeça, com a ponta derrubada para a nuca e terminada por uma bolinha. — Linda manobra, sim senhora, linda manobra. — Pois c’anté! — responde o velho, descobrindo a venerável cabeça. A estrada não é muito larga nem dá muitas voltas para chegar ao seu aprazível e benfazejo destino: mas de ambos os lados tem uma renda finíssima de tamargueiras que mergulham os troncos na água e que se vêem surgir na maré-baixa, de entre os calhaus arroxados e humedeci­dos da margem. Nestas alturas, não há remédio senão poisar a pena durante um momento e coçar a cabeça! Olha-se para um lado: água, muita água, brisas, espumas, velas, barcos, moinhos, areia e sol! Olha-se para o outro lado: tabuleiros de cristal, montinhos brancos expostos ao tempo, marinhas, marnotos e salineiras, a planície, a imensidade, e no fundo, no extremo horizonte, a sombra quase imperceptível, a divina moldura dos pinheirais! Olha-se para trás: a cidade: Alto! Ali não se distingue, ali não se aponta para nada: é a cidade, é Aveiro! Nestas doces ocupações do espírito vai-se chegando, sem dar por ela, à ponte da Gafanha. Dizem que é uma ponte velha, feia, indigna dos nossos tempos; mas eu, se fosse milionário, comprava a peso da oiro a consolação de sentir neste momento debaixo dos pés as pranchas carcomidas do seu tabuleiro. Agora começam casinhas baixas à beira da rua e, na areia amoliçada, semeadura às mãos cheias: milho, feijão, batata, abóboras, pinheiros! Eram dez horas da manhã de 20 de Julho de 1909. Que estava eu a fazer em casa, taciturno, pasmado?! Fugi para aqui, vim passar a minha agonia para estas areias onde a Providência não me negaria com certeza o seu anjo de consolação! A Barra! O Forte! A Ronca! A Capela! Eu já disse Missa naquela ermida. A meio da Missa ateou-se um ramo seco que deitou uma chama enorme; e um doido manso que estava presente, o Julinho de Esgueira, exclamou aterrado no meio da assembleia: — Ai Portugal, que te vais à vela! Lima Vidal (Lições da Natureza e dos Homens, Coimbra, 1914) Transcrito do Boletim Municipal de Aveiro, Ano II, 1984, nº 4 Nota: Lima Vidal é D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro.
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Foto do livro "Aveiro, cidade de água, sal, argila e luz", edição da CMA

Um exemplo de disponibilidade

Padre João Gonçalves
termina missão
na Glória O Padre João Gonçalves terminou a sua missão na paróquia da Glória, Sé de Aveiro, passando a viver mais para a pastoral sociocaritativa, incluindo a pastoral das cadeias, de que é coordenador nacional. Afinal, assume tarefas para as quais também está fortemente vocacionado. Quem vive em Aveiro e pela cidade passa, tanto no âmbito eclesial como social, mas não só, conhece forçosamente o Padre João, um gafanhão da Gafanha do Carmo que desde a ordenação começou a trabalhar na paróquia da Glória, de que foi prior 29 anos. Conheço o Padre João desde sempre e sempre admirei o seu testemunho de homem de Deus e da Igreja, com uma dedicação sem limites às missões que lhe foram atribuídas. Homem de sorriso aberto, de humor sadio, de luta pela defesa dos mais carentes, de atenção aos que mais precisam de uma palavra amiga, de um conselho oportuno, de uma pista de vida assente nos valores cristão. Quando podia, passava pela Sé para ouvir as suas homilias. Com palavras simples, abria os participantes aos valores evangélicos, apontava caminhos de bem e de verdade, alertava para o perigo do comodismo que nos torna frios e indiferentes aos que mais sofrem. Quando a ele me dirigia, na busca de qualquer colaboração ou sugestão, o Padre João mostrava uma disponibilidade muito grande para me ouvir e ajudar. Disponibilidade para ouvir, sem mostrar enfado nem pressas. Porque o seu sacerdócio foi assim mesmo. E tenho mesmo a certeza de que vai continuar, agora que deixa a paróquia da Glória, ainda com mais tempo para ouvir quem precisa de falar e de ser ouvido. Fernando Martins

Um artigo de D. António Marcelino

Quando os jovens
alinham depressa....
Vamos entrar, de novo, numa campanha onde, dificilmente, as pessoas se vão ouvir umas às outras, a tal ponto pensam que têm a razão toda e o que é preciso é falar mais alto para abafar os contrários e que ninguém os possa ouvir, nem a eles, nem às suas razões.
Os jornais já noticiaram que o aborto vai agora ao Parlamento pela mão do PS. Depois, o referendo, como motivo de fidelidade a promessas feitas e parece que a exigências de leis e de clientela.
Em Julho passado, com esta perspectiva no horizonte, o novo líder da Juventude Socialista disse, e os jornais fizeram eco com chamada de primeira página, que o aborto é o “combate da sua vida da JS”.
Por mais que se tente embrulhar tal propósito em papel colorido e bem perfumado, ele aparece sempre, de facto, como o combate da vida de gente nova e sonhadora. Motivo de pouca esperança para a parte da nação que espera alguma coisa de novo e sério dos jovens militantes do partido.
Da gente nova, qualquer que seja a sua cor partidária, temos direito a esperar, tal o investimento que nela se faz à custa de todos nós, sonhos e projectos de vida, luta empenhada pela justiça social e pelo bem comum, compromisso nas causas sociais mais nobres, aquelas que não envelhecem com o tempo, nem com as cores partidárias. Temos direito a esperar alguma rebeldia sadia, em relação a tudo quanto dignifica as pessoas e as torna mais livres para seu bem e em sociedade. Direito a esperar um não alinhamento em causas onde há mais emoções que razões, uma maior abertura na procura de soluções para os problemas sociais mais graves e para a defesa dos direitos que nivelam por cima e são de todos.
A causa da vida nunca se resolverá com soluções de morte, nem com emoções voluntariosas. O respeito pelas pessoas em situações dolorosas, não se identifica fazendo coro cego com grupos de pressão minoritários.
Quando os jovens deixam de pensar os problemas da sociedade e entram no seguidismo de um pensamento unidimensional, que outros acriticamente lhes propõem ou impõem, facilmente se fecham os horizontes necessários da vida, onde a humanização e a dignificação da pessoa humana deixa de ser uma simples palavra, para se tornar um compromisso social inalienável.
Mal vai quando os voos da gente nova são voos das aves de capoeira. A gente nova prima pela utopia, pelo sonho sem limites, pela ânsia de resolver depressa todos os problemas humanos e sociais, pelo não deixar que alguém lhes corte as asas ou lhes mate os sonhos.
As juventudes partidárias alinham depressa de mais. O tempo actual favorece, lamentavelmente, esta atitude. Porém, é preciso denunciar o tempo que não deixa crescer ou reduz a vida a interesses imediatos de carreira social ou política. Ao colo, pela mão ou de olhos fechados e mente preguiçosa, ninguém vai muito longe. O país precisa de jovens que não envelheçam antes do tempo e cultivem projectos com horizontes largos e fascinantes. Não creio que esteja entre estes o aborto, muito menos como o grande combate de uma vida jovem.

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

JACINTA EM DIGRESSÃO PELO PAÍS

Jacinta inicia
digressão em Viseu
a 4 de Outubro
A cantora portuguesa de jazz Jacinta, natural da Gafanha da Nazaré, começa no próximo dia 4 de Outubro, em Viseu, a digressão de apresentação do último álbum «Day Dream». A cantora vai percorrer o país durante dois meses. Depois de Viseu, Famalicão (dia 6), Marinha Grande (dia 7) e Aveiro, no dia 11, vão receber Jacinta em concerto pelas 21:30 horas. Depois de uma passagem no dia 27 de Outubro pelos Açores, Ponta Delgada, a cantora vai estar em Portalegre no dia 28. Em Novembro a digressão vai passar pela Guarda (dia 4), Évora (dia 14) e no dia 24 em Lisboa, entre outras cidades. Dois meses depois do início do périplo pelo país, Jacinta termina a digressão no Porto, no dia 2 de Dezembro. «Day Dream» foi produzido por Greg Osby e já conquistou a platina de ouro.

Luta contra a corrupção

Lei que prevê punição
de clubes por corrupção
deve entrar em vigor em 2007
O diploma que prevê a responsabilização de pessoas colectivas no âmbito da corrupção desportiva, como os clubes, deve entrar em vigor no início do próximo ano, anunciou o coordenador da Unidade de Missão para a Reforma Penal (UMRP), Rui Pereira. Rui Pereira disse que "a aprovação do diploma, pela Assembleia da República ou pelo Governo, deverá estar concluída até ao final do ano, podendo entrar em vigor no próximo ano".
Pela primeira vez em Portugal será possível julgar clubes e outras associações desportivas pelos crimes de corrupção, à semelhança do que já acontece noutros países da União Europeia. Actualmente, a lei portuguesa prevê apenas a punição de pessoas singulares.
Segundo Rui Pereira, a nova legislação sobre penalizações para a corrupção desportiva tem por base dois motivos: a revisão do Código Penal e a necessidade de adaptação ao mesmo, assim como a opinião do constitucionalista Gomes Canotilho, para quem o decreto-lei de 1991 sobre corrupção desportiva é inconstitucional.
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Como vai o nosso atraso...
Vejam bem como vai o nosso atraso. Só agora é que acordamos para a necessidade de julgar e condenar os corruptos ao nível do desporto...
Até aqui, pelos vistos, não tem havido possibilidades de actuar para impedir a corrupção no mundo desportivo. Daí que alguns clubes, através dos seus dirigentes sem escrúpulos, tenham beneficiado das benesses de ter árbitros escolhidos pelo telefone (a dar fé no que tem vindo a lume), com prejuízo para a verdade desportiva. E o mais curioso é que os dirigentes visados, ao abrigo do princípio que defende a presunção de inocência até ao juldamento, continuam, por isso, nos mesmo cargos, sem qualquer sinal de vergonha. É pena.
F.M.

ENTRE A RIA E O MAR

Numa sociedade como a nossa, que vive cada vez mais limitada a espaços fechados, é sempre bom procurar a natureza. Na Praia da Barra, próximo da antiga ligação, por ponte de madeira, ao Forte Novo ou Castelo da Gafanha, há um convite, que é também um desafio, para convivermos com a natureza. Não perca tempo, antes que o Inverno chegue.

Um artigo de António Rego

O terramoto do século XXI
As notícias de hoje são uma espécie de predadores da nossa quietação mas ao mesmo tempo vasto campo de reflexão sobre temáticas que, em abstracto, seriam constantemente adiadas. De concretos anda o mundo cheio, é verdade. Mas o que acontece sempre deixa margem a questionamentos que de outra forma ficariam à espera de vez. O terramoto de Lisboa de 1755 foi, no facto, instantâneo. Na repercussões lento e profundo em réplicas que ainda hoje se fazem sentir. Temos percebido que o 11 de Setembro de 2001 sacudiu muitos conceitos e preconceitos adormecidos no turbilhão de factos e nos betões e ferros de muitas torres que continuamente se levantam e derrubam. A palavra terrorismo ganhou um significado de que quase já nos havíamos esquecido - era assim que se chamava aos lutadores pela independência das colónias. Existiu e existe nos senderos, esquadrões, brigadas, e tantas formas de chacinas cruéis a inocentes, em terra, mar e ar. Mas a forma de combater esta calamidade observa-se sob diferentes ópticas. Ainda há quem distinga o bom do mau terrorismo, consoante o vento ideológico que o sopra. Sabe-se que o diálogo tem pressupostos de honestidade bilateral. Quantos acordos de paz se fizeram na história com outras tantas roturas. Tudo se pode recobrir com a capa das palavras e gestos. Quando se trata de prender, interrogar e julgar suspeitos de actos terroristas parece que, para alguns, a justiça e os direitos humanos não passam de gestos líricos ou discursos de circunstância. É tanta a raiva contra os criminosos que parece tornar-se legítima a prisão arbitrária, interrogatório e tortura a quem junte vagos indícios de proximidade a qualquer atentado. Aqui se enquadram as prisões secretas que se povoam com viagens mistério dos aviões da CIA. Aqui se escondem direitos humanos, dignidade das pessoas, necessidade duma justiça e direito que se distanciem da prepotência de meios para procurar os criminosos.
Nas muitas reflexões surgidas no quinto aniversário do 11 de Setembro algumas vozes sensatas têm apontado para um objectivo talvez longínquo mas nobre: aprofundar pacientemente o diálogo entre o Ocidente e o mundo Árabe, sem deixar de fora os países mais radicais na interpretação do Islão. A experiência tem dito que a violência apenas produz violência. E que isso é mau para todos.

Um artigo de Alexandre Cruz

5 anos depois 11-09
1. Assim foi e assim será nos anos de vida das próximas gerações. O calendário ao assinalar “11 de Setembro” convida-nos aos minutos de silêncio e meditação sobre como “como vamos de mundo”. São infindáveis as reflexões destes dias sobre tudo e mais alguma coisa, o antes, o durante e o depois; das análises da geopolítica, à abordagem da tecnologia militar e arquitectura das torres; da filosofia e história das religiões até às concepções de história contemporânea com esta página aberta que não deixa ninguém insensível. Tudo foi escalpelizado, mas talvez mesmo o que valha e pena seja compreender mais as raízes do “ground zero”, as razões do acontecimento que continua a comandar o mundo. 2. Quanto a consequências, ao que mudou… tudo mudou! Para alguns analistas regressámos, na resposta unilateral anglo-americana, ao pré-revolução francesa, onde o estado de direito é “abalado”, a comunidade (e o seu direito) internacional apresentara-se insignificante e a “lei da força” explícita regressa a marcar o ritmo. Estes dias foram oportunidade de (re)parar fazendo leituras de pormenores que mudaram há cinco anos: pela segurança apertada sabe-se que qualquer muleta, corta unhas, pode fazer parar um avião; diz-se mesmo sem complexos que após o 11 de Setembro “ser pessoa com deficiência” é ainda mais difícil pois a desconfiança nos aeroportos e não só generalizou-se. Quem não se lembra na altura do pânico do “antrax” nas caixas Multibanco… 3. Há cinco anos, diante dos escombros do símbolo (as torres gémeas) do proclamado império do ocidente (EUA), e ainda com todo o fumo a desafiar o pragmatismo americano da cidade modelo (NY), dizia-se que talvez fosse “hora” dos cinemas de Hollyood silenciarem a sua “máquina de guerra” e procurassem por todos os meios implementar uma Cultura da Paz. Qual quê, sendo certo que a vida tem de continuar mas…, cinco anos depois, na irresistível encenação americana, os filme de guerra não pararam e começam mesmo a abundar películas de cinema com a tragédia americana; talvez seja uma forma de cartoonizar exorcizando a realidade… 4. No meio de tudo e na gestão de tão complexo fenómeno daqueles dias, onde a “emoção” supera a anos-luz a “razão”, em temos de racionalidade política as contas continuam e ficarão perplexas. O Iraque invadido à força pelo casamento dos EUA com a Inglaterra, com o pretexto de encontrar as famosas (mas invisíveis) “armas de destruição maciça”, politicamente deixam para a história da política internacional como a guerra e o “combate do outro” vence em eleições todas as “mentiras”. (Democracia não é necessariamente sinónimo de “verdade”…e quando a mentira vence descredibiliza-se a “política”.) Agora que Blair e Bush estarão quase a terminar a sua missão, entre o real e o possível, fica o sabor amargo. Como serão os sucessores, que correcção histórica lhes será possível? Por muito que tudo se diga, a verdade é que precisamos dos EUA regenerados no tabuleiro do xadrez político do mundo global. 5. Em tudo o 11 de Setembro fica registado na nossa memória com o traumatismo de algo “perdido”. Perderam-se vidas, famílias, sentido de abertura e confiança na partilha de culturas de que era paradigma o coração da América, World Trade Center; perdemos a “liberdade” que encontrámos talvez também porque não lhe tenhamos dado melhores “fundações” de conhecimento mútuo e reciprocidade no aprender a “viver juntos”; perdemos, no unilateralismo anglo-americano, a oportunidade da ONU ser o gestor da Nova Ordem Mundial emergente que instaurasse sentidos de justiça (e justa distribuição dos bens) para então ser possível a paz; perdemo-nos, nós, no esforço de compreender o incompreensível, quando a razão humana é bloqueada pelos fundamentalismos que existem e persistem em todo o lado (tanto nas causas como nas consequências, não é só “lá” que existem fundamentalismos e intolerâncias; e não se pense que é só no campo religioso, existem fundamentalismos de visões sociais, políticas, científicas…que impedem a abertura plural ao “outro”, cegando a possibilidade do atingir de modo inclusivo um bem comunitário maior, em justiça e com autêntica liberdade (responsável e respeitadora). 6. Futuro? Claro, ele está aí todos os dias! Soubemos por estes dias que o presidente do Irão (o indizível “observador” atento do mundo, a ir à boleia nesta catadupa de acontecimentos…) há meses, quando do episódio dos cartoons de Maomé, lançou “concurso nacional” de cartoons sobre o holocausto. Amor com amor se paga!... Fascinante mas lamentável mundo… também em que tantas vezes perdemos a “sensibilidade do outro” e na nossa ingénua concepção de “liberdade” ateamos fogos evitáveis no desrespeito pelos valores do “outro”. 7. Cada vez mais o futuro, e falar de futuro é falar do futuro da liberdade, está na vivência compreensível do dia-a-dia! Precisamos mais de compreender a realidade que nos envolve e que somos… A força das armas nunca será caminho de construção com futuro, às vezes abre mais feridas. Uma boa parte deste futuro de esperança que reequilibre este lindo planeta residirá numa ONU renovada; esta deve ser o centro do mundo, com o contributo inclusivo de todas as forças vivas e construtivas, também das grandes Filosofias e Religiões da Humanidade, estas tantas vezes perdidas ou “entretidas” nas suas vírgulas e “umbigos” retardando a essencial “identidade na pluralidade”, com autêntico espírito de serviço à Humanidade. Humanidade que Deus ama e mesmo “assume” para a diversidade dos Cristãos. É mais o que une que o que separa, vamos, mais em espírito ecuménico! O mundo passa! A velocidade deste tempo não se compadece com um “ir andando”…! (Mas…que bom seria que a ONU encontrasse um “poço de petróleo” para se auto-sustentar sem “mendigar” às potências mundiais!...)

terça-feira, 12 de setembro de 2006

ECUMENISMO

Papa reafirma compromisso ecuménico
Bento XVI reafirmou esta tarde o seu compromisso pessoal na promoção da unidade entre os cristãos e agradeceu a possibilidade de rezar “juntos”, como o fez com católicos, protestantes e ortodoxos, na Catedral de Regensburg. Essa unidade, frisou, serve “para que o mundo creia” e a “seriedade desse compromisso” deve animar o diálogo entre as Igrejas.
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11 de Setembro

AINDA HÁ MUITO A FAZER...
“Ainda há muito a fazer para construir a paz e a igualdade entre os povos. (…) Com o 11 de Setembro, o Mundo ficou a saber que a violência pode atingir tudo e todos, [mas] a paz nunca se vai conseguir alcançar pela afirmação do poder, mas sim pelos laços de proximidade, de igualdade e de partilha entre os povos.”
D. Ilídio Leandro, Bispo de Viseu,
no Diário Regional de Viseu
Esta afirmação do Bispo de Viseu veio mesmo a calhar no dia em que o Mundo recordou, com emoção, o 11 de Setembro de há cinco anos. E bateu no ponto certo, na minha óptica, quando muitos só falam das injustiças e dos fanatismos religiosos ou outros, como fermentos de ódio e de terrorismos. A realidade é esta. À nossa volta continuam guerras, violências, perseguições, marginalizações, em suma, outras formas de terrorismo que matam sem tiros nem bombas e sem aviões desviados. Por isso o apelo de D. Ilídio, no sentido de lutarmos pela paz, criando laços de proximidade e de igualdade. Treinados nisso, no âmbito familiar e local e depois no âmbito de freguesia e de País, chegaremos ao plano internacional, na partilha e na comunhão entre os povos. Com mais justiça, com mais respeito pelas opções dos outros, sempre em diálogo com todos, ajudaremos a construir a paz por que almejamos. Fernando Martins

Mundo do futebol

Não há quem ponha
cobro ao compadrio
O mundo do futebol, pelo que se ouve e vê, está um caos. Não é preciso perceber muito deste mundo para saber que a podridão grassa por aí. As escutas telefónicas continuam a revelar, pelo que diz a comunicação social, que o compadrio, uma eloquente forma de corrupção, mina a ética desportiva. E o mais engraçado é que até alguns dirigentes que passam a vida a pregar moralidade são descobertos com a boca na botija, sendo iguaizinhos aos que acusam de corruptos. Tudo isto é tanto mais grave quanto é certo que as escutas agora denunciadas pela comunicação social foram registadas há muito pela Justiça portuguesa. E o que foi feito a partir daí? Nada, que se saiba. Ou muito pouco, para ser mais justo.
F.M.

segunda-feira, 11 de setembro de 2006

JORNADAS DA RIA DE AVEIRO

Ria na Costa Nova
:: Ministério do Ambiente
ignora laguna
Estão a decorrer em Aveiro, até 7 de Outubro, as Jornadas da Ria. Estas são as primeiras jornadas dedicadas à laguna aveirense, um património da região, e do País, de valor incalculável. Porém, subaproveitado e abandonado. A denúncia veio do presidente da Amria – Associação dos Municípios da Ria, Ribau Esteves, que é também presidente da Câmara Municipal de Ílhavo. Diz o autarca ilhavense, conforme li no PÚBLICO de domingo, que a Ria “é um ecossistema em crise, abandonado pelo seu gestor, o Ministério do Ambiente”. Apesar das garantias dadas pelo presidente da CCDRC (Comissão da Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro), Alfredo Marques, de que haveria meios financeiros para acções de protecção da laguna, apoio a denúncia de Ribau Esteves, por tantas promessas não cumpridas sobre a Ria de Aveiro. O problema é fácil de compreender. Os nossos governantes, com assento na capital, não podem sentir o que nós sentimos quando no dia-a-dia olhamos para a Ria. Olham de cima da sua autoridade para a floresta, que é o País, e não conseguem vislumbrar a árvore frondosa, que é a nossa Ria, em vias de apodrecer por falta de atenção. Eles querem lá saber da riqueza paisagística e turística que a Ria de Aveiro tem em potência para oferecer a quem à sombra dela vive ou a quem a visita! Eles querem lá saber do peixe saboroso que nela se cria e dá sustento a tanta gente! Eles querem lá saber do moliço subaproveitado, que a pode matar sem dó nem piedade! Eles querem lá saber dos moliceiros e saleiros que apodrecem nos esteiros por não haver incentivos para a sua mais ampla utilização! Eles querem lá saber de gente que vegeta com os olhos pregados nas águas mansas da laguna, por não haver quem lhes dê trabalho! Eles querem lá saber que a Ria tenha ou não uma entidade gestora para diagnosticar problemas e avançar com respostas credíveis! Há tantos anos que oiço tanta gente a gritar que a Ria não pode morrer, que é preciso fazer qualquer coisa, mas nada se tem visto. Os nossos governantes, de diversos Governos, devem ter ouvido falar da Ria de Aveiro. Mas não a sentem, não ouvem os seus murmúrios, os seus cânticos de beleza, mas também não conhecem os seus cheiros, as suas cores e os seus sabores como nós, os povos da Ria, os conhecemos a todo o momento. Por isso, vão adiando o que à Ria diz respeito. O que à Ria e às suas gentes interessa verdadeiramente.
Fernando Martins

Para reflectir

“Os cristãos
devem mostrar
que são
diferentes”
:::
Enzo Bianchi, prior da comunidade de Bose, Itália, falou na passada semana a 400 padres portugueses, em Fátima. É um leigo e fundou há 40 anos um mosteiro em que homens e mulheres retomam a tradição monástica cristã, mas com expressão moderna, como refere António Marujo, no PÚBLICO de domingo. Em entrevista que concedeu a este jornalista, especialista em temas religiosos, Enzo Bianchi diz que “os cristãos devem mostrar que são diferentes”, porque só assim “poderão contrariar a indiferença que existe em relação à religião”. Dessa entrevista, transcrevo, para reflexão, algumas respostas suas a questões que lhe foram postas por António Marujo. Sem comentários. A clareza das suas propostas não precisa de mais. F.M.
:: “Falava da centralidade da caridade, mas a Igreja faz já tanta coisa a nível social… Não se trata do social. É ao nível mais pessoal e antropológico: é a questão da misericórdia, de dar evidência ao amor e à comunicação, ao acolhimento do diferente, de instaurar a pluralidade da comunidade cristã e de não viver a fé de forma monolítica e intolerante. Falou para mais de 400 padres. Os padres quase não têm tempo para as pessoas, para o acolhimento… Esse é um verdadeiro problema. Os padres têm a tentação de ser gestores, burocratas, às vezes tecnocratas da caridade. Mas é decisivo viver acolhendo, escutando, nas relações quotidianas. E a caridade, para um padre, passa por aí? Pelo acolhimento do diferente, do pobre, do sofredor, do estrangeiro, no quotidiano. Não pela organização da caridade, mas como escuta de quem está distante. Fala de uma religião de intermitência de muitos cristãos. A mensagem da hierarquia não passa? [Passaria] mais se fosse uma mensagem que colocasse no centro Jesus Cristo e a sua humanidade. São caminhos de humanização que interessam o homem e encontram a sua imagem em Jesus Cristo. Não são os dogmas e regras… Não são as regras, os ritos nem os dogmas que dizem o cristianismo. O cristianismo ou se conjuga em termos de humanização ou se torna irrelevante. Hoje há uma grande indiferença perante o cristianismo… A indiferença vive e prospera quando não se põe em evidência a diferença. Os cristãos [devem saber] mostrar uma verdadeira diferença a respeito da sociedade e do homem. Se não emerge a diferença cristã, a indiferença torna-se a grande dominante da nossa sociedade. O cristão tem de ser diferente? Em tudo: no comportamento, na comunicação, na comunhão, no modo de viver, um cristianismo que plasme todo o homem. Também na política? Houve políticos católicos que, sobre a guerra do Iraque, diziam que aceitavam o Papa, mas que esse era outro assunto… Não é possível. Há uma inspiração cristã que deve ser salvaguardada. As técnicas e as políticas pertencem ao homem e não ao pormenor do evangelho. Mas a inspiração, sim. E, na paz, joga-se o testemunho cristão no futuro. Como se vive essa diferença em sociedades laicas? É mais fácil fazer emergir a gratuidade do evangelho, a liberdade do cristão. É necessária muita coerência, mas a mensagem cristã é mais escutada numa sociedade laica em que o evangelho é proposto, do que numa civilização de cristandade em que o evangelho seria imposto. É difícil, mas é mais fecundo e dá mais frutos.”

sábado, 9 de setembro de 2006

Gotas do Arco-Íris – 30

E A CERVEJA...
TEM SEMPRE A MESMA COR?
Caríssimo/a: Não, nada disso que estás a pensar... Hoje ainda vou ali por outro grande poeta; não sei se já ouviste falar no Pessoa, o Fernando Pessoa... Vê lá tu onde se pode encontrar um grande poeta!... Estava a queimar uma papelada velha quando dou de caras com ele, ali prontinho para a incineração... Alto lá, este mais devagar! Agora vem comigo espreitar o que ele escreveu desta vez:
Sagres é uma boa cerveja e eu acabarei por gostar da Sagres como gosto do Rexina. Sagres é a pausa que refresca e tem vitaminas todas as bebidas da televisão têm vitaminas mesmo as do programa literário que é detergente e eu uso-as e sou um cidadão perfeito e até já consigo adormecer com hipnóticos depois de tomar o Tofa descafeinado e no Verão visto calções de banho de fibras sintéticas para me banhar na Torralta cidadão perfeito perfeitamente bronzeado com Ambre Solaire. Tudo coisas admiráveis e desesperadamente necessárias que eu devo ao marketing e me são cozinhadas num abrir e fechar de olhos nas panelas de pressão de todo o bom cidadão. E no intervalo bebi café puro o do gostinho especial Sical Sical que é um luxo verdadeiro por pouco dinheiro. (...) Preciso e gosto de uma data de coisas e só agora o sei, menos da Sagres. Mas acabarei por gostar. Ninguém contraria o marketing por muito tempo. Ninguém contraria os fabricantes de bem fazer o bom cidadão. E tudo graças ao marketing.
E agora como terminar? Pedir uma cerveja preta para servir de tónico nesta torreira de ensandecer?! Manuel
::
Nota: Apresento hoje, antecipando um dia, o Gotas do Arco-Íris, por razões técnicas. Amanhã, em princípio, estarei sem Net. Apresento o meu pedido de desculpas ao autor e aos leitores do meu blogue.

O EXPRESSO renova-se

A concorrência
é sempre a favor
dos consumidores
O EXPRESSO apresenta-se hoje renovado. Com novo formato e mais pequeno, novo grafismo, novo tipo de letra, novas rubricas com nova arrumação, novos colaboradores, enfim, com nova filosofia jornalística, para novos desafios. Quem o lê desde o primeiro número, como eu, estava há muito à espera que isto acontecesse. Veio agora, porque a actual direcção não quer perder a carruagem da liderança da informação em Portugal. Mas também porque quer apostar no futuro e enfrentar, com determinação, a concorrência. Um novo semanário, o SOL, dirigido pelo ex-director do EXPRESSO, José António Saraiva, promete luta na conquista de leitores. Veremos, dentro de alguns meses, quem fica à frente. Para já, quem fica a ganhar somos nós, os leitores. Os que ainda não prescindimos da informação com suporte de papel. E ficamos a ganhar, porque a concorrência é, à partida, sempre a favor dos consumidores. Numa primeira leitura, confesso que gostei. Só espero que não comecem a aparecer desmentidos, pelos destaques de primeira página ou de outras, avançados sem garantias ou provenientes de fontes não credíveis. A fidelidade de muitos leitores também passa por aí. E eu tenho de passar a ser um deles, apesar de me manter muito agarrado ao EXPRESSO. F.M.

Um exemplo de investimento

Poupo em tudo,
menos nos afectos
No EXPRESSO desta semana, no caderno ECONOMIA, vinha um pequeno texto que me atraiu pelo título, com foto de Isabel Jonet, responsável pelo Banco Alimentar. Economista, 46 anos, há 13 que dedica a sua vida ao voluntariado e à família. Tem cinco filhos e confessa que o seu investimento se enquadra “numa lógica de vida onde os afectos lideram as prioridades”. Diz que não investe em produtos financeiros, mas incentiva hábitos de poupança nos seus filhos. Sublinha que a educação dos filhos é um dos seus maiores investimentos, porque “há que os preparar para a vida”. E acrescenta: “Isso passa pela disponibilidade financeira que gasto com os seus estudos, mas o mais importante é ter disponibilidade para partilhar com eles os bons e os maus momentos”. Um pequeno texto que nos pode ajudar nos investimentos que, muitos de nós, passamos a vida a programar, quantas vezes sem sentido. F.M.

Festa no Forte da Barra

Andor de Nossa Senhora
dos Navegantes no barco, pronto para a partida
(Foto de arquivo)
:: Gente do mar venera
Nossa Senhora dos Navegantes
::
No próximo dia 17, domingo, a gente do mar vai venerar Nossa Senhora dos Navegantes, no Forte da Barra, Gafanha da Nazaré. Esta é uma festa muito antiga, que costuma atrair pessoas da região. Desde há anos, é motivo dessa atracção uma procissão pela ria, que sai do Porto de Pesca longínqua, na Cale da Vila, passando por São Jacinto e com chegada aprazada para o Forte da Barra. A procissão começa no Stella Maris, clube do Apostolado do Mar, pelas 14 horas, iniciando-se o desfile meia hora mais tarde, nele se incorporando imagens de Nossa Senhora dos Navegantes e outras, bem como irmandades, banda de música, barcos moliceiros com os grupos e ranchos folclóricos. Há, ainda, barcos saleiros, bateiras e outras embarcações de recreio, que transportarão pessoas devidamente autorizadas. Pelas 16.30 horas, será o desembarque no Forte, organizando-se, de seguida, curta procissão até à pequena igreja, que tem Nossa Senhora dos Navegantes por padroeira. Aí será celebrada a Eucaristia, animada por cânticos antigos, interpretados pelos grupos e ranchos convidados. Pelas 18.30 horas terá lugar um Festival de Folclore, em que participam o Rancho Folclórico de Fonte de Angeão, o Rancho Folclórico de Santa Luzia de Arões, o Centro Cultural e de Folclore de Gandarela de Bastos (Celorico de Bastos) e o anfitrião, Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré. F. M.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Acordo entre PS e PSD

Reformas na Justiça
vão ser uma realidade ::
Segundo o “PÚBLICO”, o PS e o PSD entenderam-se, através de negociações à margem dos holofotes, sobre as reformas ao nível da Justiça. O acordo, conseguido em encontros regulares que Sócrates e Marques Mendes têm mantido sobre política nacional, vai permitir um conjunto de reformas que se estendem desde a revisão dos Códigos Penal e de Processo Penal até ao aprofundamento da autonomia do Conselho Superior de Magistratura, passando pelo mapa judiciário e pelo acesso dos magistrados à carreira, entre outras matérias e áreas ligadas à Justiça. O mesmo jornal adianta que tudo isto foi possível graças à mediação do Presidente da República, Cavaco Silva, que terá contribuído para a aproximação entre Sócrates e Marques Mendes. Quando se fala da magistratura de influência do Presidente da República, não podemos admitir que ele a exerça apenas por meio de discursos em cerimónias públicas ou de intervenções na comunicação social, em jeito de recados feitos de modo paternalista. O mais alto magistrado da Nação tem, a meu ver, como função importante e até indispensável, a obrigação de aproximar os políticos, levando-os a dialogar, sempre na busca de consensos que levem à resolução dos problemas nacionais, sobretudo dos mais pertinentes. Todos sabemos que as oposições não gostam de perder no confronto com o Governo e com o partido que o sustenta. Ora isto só é ultrapassável se houver a possibilidade de se estabelecerem negociações longe dos olhares das pessoas e dos órgãos de comunicação social. Foi isto que aconteceu, e ainda bem, por imperativo nacional. Claro que já se fala que este entendimento entre PS e PSD pode prosseguir, no tocante a outras áreas. As exigências do País e o bem-estar dos portugueses exigem isso. Parar seria retroceder na democracia portuguesa. Fernando Martins

Tabaco faz mal

Escola decreta
proibição de fumar ::
A Escola Básica do 2º e 3º Ciclo Cidade de Castelo Branco decretou a proibição de fumar em toda a área do estabelecimento, uma medida pedagógica dirigida a alunos, funcionários e professores, segundo noticia o “PÚBLICO”. “Para dentro das grades da escola, é interdito o uso do tabaco. Não é uma medida administrativa, mas sim pedagógica. Pretende-se criar uma escola sem fumo”, frisa o presidente do Conselho Executivo, Jerónimo Barroso. O mesmo responsável esclarece que se trata de uma decisão tomada em sede de Conselho Pedagógico, onde “os fumadores perceberam a situação”. Penso que a atitude desta escola poderia muito bem ser repetida por todo o País, em respeito pela saúde de toda a comunidade educativa. Mas tal projecto não poderá singrar se não houver a colaboração empenhada de todos, inclusive dos pais e demais familiares. É bom sublinhar que a Escola Cidade de Castelo Branco foi distinguida, no ano passado, como um dos 400 estabelecimentos de ensino europeus tecnologicamente inovadores, ao nível de ferramentas administrativas e projectos pedagógicos, sublinha o “PÚBLICO”. Fernando Martins

quinta-feira, 7 de setembro de 2006

Geologia Sub-Aquática na Ria de Aveiro

Com o apoio da APA

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Começou hoje
Geologia Sub-Aquática
na Ria de Aveiro

Começou hoje, quinta-feira, na Ria de Aveiro, mais uma Acção de Divulgação Científica - Geologia no Verão, intitulada "Geologia Sub-Aquática na Ria de Aveiro", no âmbito do Programa Ciência Viva, promovido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior. Trata-se da 3ª edição desta Acção, previamente realizada em 2002 e em 2003.Desta vez, dado o seu sucesso, esta prolongar-se-á até ao final da manhã de 8 de Setembro. À semelhança das acções anteriores, esta Acção será coordenada pelo Prof. Luis Menezes Pinheiro (Departamento de Geociências e Centro de Estudos de Ambiente e Mar - CESAM), da Universidade de Aveiro. Contará com a colaboração do Prof. José Figueiredo Silva (Dep. Ambiente e Ordenamento e CESAM), e com as colaborações institucionais do Departamento de Geologia Marinha do INETI (Drs. Pedro Terrinha e Francisco Curado Teixeira) e da Administração do Porto de Aveiro (Comandante Pedro Lemos). Esta acção realizar-se-á a bordo da embarcação "Ria Azul", da APA. A equipa a bordo, para além dos responsáveis da campanha e da tripulação da embarcação (coordenada pelo Mestre da Lancha dos Pilotos, Licínio Rama), inclui ainda bolseiros e alunos de graduação e de pós-graduação (Henrique Duarte, Cristina Roque, Inês Martins e João Castro), e dois elementos ligados ao Ensino Secundário (Prof. Isabel Fernandes e Sandra Cardoso). Objectivos desta acção: Aquisição de perfis de reflexão sísmica nos canais da Ria de Aveiro, no âmbito da acção de divulgação científica - Ciência Viva: Geologia subaquática da Ria de Aveiro. Pretende-se adquirir novos dados na Ria de Aveiro e dar a conhecer aos participantes alguns dos métodos geofísicos utilizados para investigação da geologia de sub-superfície em meio aquático. Pretende-se igualmente familiarizar o público em geral com as técnicas de posicionamento GPS, medição de velocidades de correntes e a utilização de Sistemas de Informação Geográfica para interpretação integrada dos vários tipos de dados geológicos e geofísicos.Mais informações em:

http://www.geo.ua.pt/Ciencia_Viva/2006/Geol_SubAq_06/index.html

Um livro de António Ferreira Tavares e de Alfredo Barbosa

:: “HOSPITAL-ASYLO
CONDE DE SUCENA: 100 ANOS DE HISTÓRIA
(1906 - 2006)”
Para assinalar os 100 anos de história do Hospital-Asylo Conde de Sucena, a Santa Casa da Misericórdia de Águeda edita uma obra que reflecte a acção benemérita daquela instituição. O autor é o seu capelão, padre António Ferreira Tavares, sendo co-autor o jornalista Alfredo Barbosa. A edição, de luxo, profusamente ilustrada, dá-nos um retrato do que foi a vida do Hospital-Asylo, durante várias décadas, graças às pesquisas cuidadas do autor e à riqueza do espólio da instituição ou a ela ligado, que Águeda bem conhece pela sua intervenção social e humana. A anteceder os 29 capítulos, a obra oferece para a história 40 páginas de fotografias referentes à Santa Casa, a Mensagem do actual Provedor, Adolfo Roque, e a petição que endereçou ao Santo Padre, o Papa João Paulo II, pedindo a Sua Bênção Apostólica pelo 82º aniversário da inauguração do Hospital, que ocorreu a 15 de Agosto de 2004. Adolfo Roque sublinha que “este livro, ao recordar o passado glorioso do nosso Hospital Distrital de Águeda, pretende prestar homenagem a todos aqueles que contribuíram para que ele fosse uma unidade hospitalar de referência, não só pelas suas instalações – construídas pelo Benemérito Conde de Sucena (José Rodrigues de Sucena) e doadas pelo 2º Conde de Sucena (José de Sucena) – como pela qualidade do trabalho desenvolvido por todas as equipas que nele exerceram o seu mister, em que merece destaque especial o Dr. António Breda”. O Bispo de Aveiro, D. António Marcelino, recorda que “o Hospital-Asylo nasce da generosidade de alguém preocupado com os pobres, que então eram muitos e com muitas mazelas”, mas também “com a garantia do espírito evangélico que norteia e inspira desde as origens as Santas Casas”. Os 29 capítulos, recheados de referências históricas onde se enquadra a acção do Hospital-Asylo, mostra ao leitor interessado a relação dos que o dirigiram, bem como pormenores da vida dos seus beneméritos e de quantos se distinguiram nos serviços aos mais pobres. A lista dos actuais Irmãos da Santa Casa e diversas referências, decretos e actas, estatutos e outros documentos, tal como o último capítulo, com a História das Irmãs da Caridade, completam este livro que fica bem na estante de qualquer aguedense que tenha interesse por histórias de bem-fazer e pela vivência das obras de misericórdia na sua terra, que a Igreja Católica ensinou através dos séculos. Título: “Hospital-Asylo Conde de Sucena” Autor: António Ferreira Tavares Co-autor: Alfredo Barbosa Edição: Santa Casa da Misericórdia de Águeda Páginas: 208 Fernando Martins

Um artigo de D. António Marcelino

FAVORECIMENTO
LIVRE DA
ESCRAVATURA
Sensíveis como tantos se mostram às diversas formas de escravatura que proliferam no nosso mundo, é estranho o silêncio da comunicação social, dos políticos e dos fazedores de opinião e, até, do público em geral, em relação à publicidade, descarada e agressiva, da prostituição feminina e, também já, da masculina. Uns porque tiram daí proveitos significativos, outros porque temem enfrentar temas polémicos e é preferível meter a cabeça na areia, ainda outros porque não se querem sujar a pensar nestes problema que não favorecem um intelectualismo diletante e fácil e, as pessoas em geral ou porque já se resignaram ou por razões menos claras, que também as têm. Já aqui escrevi sobre o tema, o denunciei de mil maneiras. Procurei mesmo levá-lo a diversos responsáveis: donos dos jornais em causa disseram que deixariam de publicar, se todos os outros também deixassem (!); políticos encolheram os ombros, disseram palavras sumidas de condenação e por aí se ficaram; gente que escreve e podia escrever sobre o tema, começou a filosofar sobre a situação… Em boa hora o Jornal da Bairrada (30.08.2006) trouxe o problema aos seus leitores, pegando por uma aspecto, quiçá mais sensível aos guardiães da lei: “Os órgãos de comunicação que anunciam mensagens com este tipo de conteúdo, pela linguagem obscena utilizada, incorrem em processo de contra-ordenação, a ser apreciado e sancionado pelo chamado Observatório da Publicidade.” Fico à espera da reacção deste novo órgão, para ver, com curiosidade, se ele toca afinado sobre um tema relevante e de repercussão social. Toda a gente sabe que a cadeia do negócio da prostituição começa longe e são muitos os que dele beneficiam. Como se sabem também as causas mais visíveis que provocam esta forma de escravatura a que, de modo lírico, muitos se vão contentando em classificar “a mais antiga profissão do mundo”. Com alguma perseguição policial aos mais beneficiados e desonestos donos e intervenientes na rede, as penas não são de fazer fugir, nem de dissuadir do negócio. E, dizendo-se já abolidas formas vergonhosas da escravatura histórica, sobre esta que deita na lama tantas mulheres, até se dá cobertura, de mil maneiras, à sua escandalosa e cada vez mais sofisticada publicidade. A Igreja tem sido, de há muito, um atento observatório desta miséria. Ela é, também, a mão amiga estendida a quem quiser sair de vida tão degradante. O Ninho e Congregações Religiosas diversas fazem trabalho de rua ou de estrada para contactar, ouvir, aconselhar, ajudar em casas próprias. Também aqui na Diocese, religiosas e leigos se empenham, de modo benévolo, nesta tarefa humanizadora. Todos estes podem falar, como ninguém, no efémero de um céu que rende por um tempo, mas depressa se transforma num inferno que escraviza. Todos poderiam falar das mil histórias de vidas que traduzem desenganos, mentiras, necessidades dolorosas de sobrevivência, expropriação infame e caminhos difíceis de reabilitação que levam muitas mulheres a situações, humana e socialmente degradantes. O tema merece ser estudado e dado a conhecer com toda a sua crueza. Por enquanto vejo mais a grande imprensa diária a beneficiar desta mísera realidade do que a tentar dar uma contributo de solução ao problema. Mas vale a pena lutar, para que ao menos se veja quer é pela dignificação da pessoa ou pela sua escravização. Mesmo que não faltem mulheres que queiram esta vida e consumidores que delas se aproveitam. Valem bem pouco a Declaração Universal dos Direitos Humanos e a tão propalada defesa da igualdade. Quando as pessoas, por qualquer razão, se transformam em coisas a utilizar e deitar fora, está em curso a regressão humana e social. Publicitada, aproveitada, justificada. Uma vergonha civilizacional em pleno século XXI.

terça-feira, 5 de setembro de 2006

Incongruências

“O senhor António Fiúza [presidente do Gil Vicente] foi ouvido [na RTP 1] cerca de uma hora, o que é espantoso, porque um grande escritor português que publique a sua última obra nem sequer pode ter dez minutos para falar. Nem sequer um minuto.”
De Eduardo Prado Coelho, em “O Fio do Horizonte”, no “Público” de hoje
::: Temos o que merecemos
As televisões que temos são isto. Muitas rádios, sobretudo algumas que oiço, alinham pelo mesmo diapasão. É pena. Há quem pense que assim é que está bem. Porque, dizem, é disto (futebol) que o povo gosta. De futebol, com toda a sua importância económica e social, de pimbalhada, de mexericos, de banalidades, etc., etc. Para mim, não está correcto. O povo tem o direito de gostar daquilo que quiser, mas a comunicação social tem de afinar a sua programação por critérios que conduzam à formação e à elevação cultural desse mesmo povo. A princípio talvez mude de canal, mas acabará, um dia, por começar a gostar do que tem nível: de boa música, de boas entrevistas, de bons debates, de boas crónicas, de boas análises da vida, de boas mesas-redondas, de bons filmes, de boas reportagens, de boas telenovelas, de boas séries, de bom desporto, incluindo, obviamente, uma boa partida de futebol, sem nacionalismos por vezes ridículos. Diz Eduardo Prado Coelho, e com razão, que um grande escritor teria um minutinho para falar da sua obra. O mesmo acontece, normalmente, com outros artistas plásticos e de outras artes. Se forem artistas (?) das telenovelas ou dos futebóis, aí não faltará tempo para falar das suas vidinhas, mesmo que sejam uns canastrões. É isto. Temos o que merecemos. Fernando Martins

Um artigo de Alexandre Cruz

Recorde mundial
1. Não, desta vez não se trata de nenhuma prova de atletismo, dos 100 metros ou da maratona. Também não é um qualquer recorde daqueles a que estamos habituados e que insistem em perseguir-nos, como, por exemplo, os acidentes na estrada ou no trabalho. Trata-se de recorde que, pelos vistos também em Portugal, tem já longo caminho de alta velocidade: o crime de falsificação, o crime inteligente, ou seja a inteligência humana aplicada para o mal. É das coisas mais degradantes, e que interpela fortemente o ser humano na sua dignidade única, observar-se tanta técnica, ciência e investigação aplicada para o crime, a mentira, a corrupção. Na base de tudo (e não dizemos que tenha de ser assim, que “a guerra é o pai de todas as coisas”, como o clássico Heráclito), está o não olhar a meios para atingir fins, a pobreza de mente que gera a ânsia do desmedido, do querer ter mais e mais, sem regras nem éticas que lhe valham, e tudo rápido e sem trabalho. Pelo país a burla inteligente, após o caso crescente dos cartões Multibanco falsificados, atingiu o recorde mundial há breve tempo na apreensão de 7,5 milhões de dólares. Uma tipografia que se preparava também para a falsificação de documentos, lá no recôndito baixo Alentejo, era o local do crime. Os Estados Unidos agradeceram. Os enganadores foram apanhados e estão na justiça que assim “pediram”. A perfeição, qualidade e profissionalismo, das notas de cem dólares (não brincavam em serviço, nota grande!) era digna de registo, com altíssima qualidade de calibragem das cores (dizem os especialistas), confundindo-se dessa forma com as verdadeiras. 2. Há dias, já bem noite, observámos uma situação delicada numas bombas de gasolina da região… Nessa altura, lembramo-nos das notícias que tantas vezes lemos… A sensação de que a todo o momento estamos inseguros faz com que tenhamos de ter atenção redobrada em cada momento. O mundo, lá longe como cá perto, não é o cenário lindo e seguro que se sonhou. Qualquer dia, em todo o lado, nas sociedades que se orgulham e assim “cresceram” para de serem livres, veremos câmaras de observação em todas as ruas, esquinas, casas, empresas, praças; e depois, ainda, de cada edifício já estar a ser filmado, as câmaras voltam-se para os mares e as florestas pois alguém poderá poluir ou atear fogo! Será este o filme do futuro?! Onde houver perigo e insegurança (ou seja onde houver “homem”, com letra minúscula neste caso…) crescerá a observação fiscalizadora? Qualquer dia alguma empresa de telecomunicações cria o primeiro satélite para controlo permanente dos humanos, onde cada um tenha o seu BI sempre em elaboração, qual big brother do universo! Já estamos perto mas…claro que não, este mundo seria o mais triste dos mundos! A verdade é que, também no pós-11 de Setembro, as questões da segurança estão hoje na primeira linha de preocupação. Trata-se de uma “luta” entre toda a segurança que se procura e uma cruel inteligência do mal. Crescem as duas, par a par. Sendo certo que numa visão de maturidade humana não se poderá falar de fatalismos nem de maniqueísmos (como quem diria que trata-se do “bem” contra o “mal”), a verdade é que, agarrando os desafios pela positiva, será de desenvolver muito mais uma forte aposta de ética, educação, valores, referências positivas. Que dizer quando da banda desenhada para as crianças ao cinema mais espectacular, tantas vezes tudo é crime, degradação, miséria, mal? E que dizer mais ainda quando em tantas dessas visões “o crime compensa” e o sério e ético é visto como “trouxa”?! 3. Será nas mais pequenas coisas de cada dia, semeando e dando valor ao que tem valor, que se deve ir cuidado e dignificando a própria liberdade. Também, e infelizmente é necessário cada vez mais, robustecer fortes parcerias de informação, como no caso do recorde mundial dos dólares falsificados em que Interpol, Europol e Polícia Judiciária interagiram de forma exemplar. É verdade que o crime sempre superabundou devido à ilusão, cegueira e dureza humana. Mas também será certo que em países que encontraram a preciosa liberdade haverá de recriar formas e sinergias para que a própria liberdade não perca a validade. Porque existem e insistem brilhantes inteligências livres em falcatruas e falsificações que aprisionam a vida pessoal e social?

Um artigo de António Rego

Zangados com a vida
Nunca será demais procurarmos o ponto de equilíbrio entre a esperança - mesmo que se assemelhe a utopia - e a crueza aparente da realidade. Ou, se olharmos com serenidade, anotarmos o que temos e o que nos falta, o que somos e o que deveríamos ser, o feito e o por fazer. Muitos desabafos sobre o mundo, sobre os outros, sobre nós próprios, vêm de respiradores de outras condutas do nossos ser que são sopradas ora pela ilusão momentânea, ora pelo azedume com que encaramos a nossa vida e a dos outros. Atropelam-se as razões de queixa à nossa volta e parece que quanto mais próximas mais dilatadas pelo desencanto, para não falar dum complexo de pequenez que, dizendo no plural e incluindo-nos no verbo, sempre pretende deixar de fora os parapentes que sobrevoam, olham, e nada transformam da realidade. Há factos que propiciam este clamor colectivo eufórico ou depressivo em espaços muito curtos e cíclicos. Muitos apontam a causa: as janelas abertas e envidraçadas da comunicação que se tornam rapidamente responsáveis pela propagação das desgraças e benesses que caem sobre o povo. E cada dia tem a dimensão do dia do fim do mundo ou do arraial ébrio com vapores de dissipação rápida. Onde o ponto de equilíbrio e rotura neste barco multimilenar em que todos somos remadores e todos fazemos ondas? Vamos ser honestos: o mundo mudou e não para pior. Os amargurados que tudo consideram perdido com o dogma de "no meu tempo não era assim", como lembram a escravatura, o desprezo legal pelos pobres, a exploração silenciada dos trabalhadores, a fé envolta em medo, as crianças com trabalho obrigatório, a ciência e o desenvolvimento olhados como obra do diabo? Onde está a memória histórica e não muito distante do quanto não éramos e do muito que ganhámos em dimensão de vida, de cultura e fé? Mesmo no nosso país, porquê desprezar o caminho que se já percorreu, apenas pela verbosidade sensual da crítica corrosiva a todas as coisas? Criticar é preciso e sempre fez falta. Mas o farisaísmo maldizente a nada conduz, ou melhor, diverte e realiza quem o faz, por não saber fazer outra coisa.

segunda-feira, 4 de setembro de 2006

Importância do cristianismo

Papa lembra importância
do Cristianismo para
a construção da sociedade
Bento XVI falou ontem da importância do Cristianismo para a construção da sociedade, lembrando o papel do monaquismo para a civilização europeia. Na recitação do Angelus, em Castel Gandolfo, o Papa centrou a sua reflexão na figura de São Gregório Magno(c. 540 - 604), Papa e Doutor da Igreja, figura fundamental num momento em que “nascia uma nova civilização do encontro entre a herança romana e os chamados ‘bárbaros’, graças à força da coesão e da elevação moral do Cristianismo”. “O monaquismo revelava-se uma riqueza, não só para a Igreja, mas para toda a sociedade”, acrescentou. A catequese desta manhã teve algumas passagens curiosas, pelo paralelismo que é possível perceber: Bento XVI recordou que Gregório Magno tentou “fugir” à sua eleição como Papa e acabou por cumprir este dever como um simples “servo dos servos de Deus”. Por outro lado, o Papa lembrou que este Doutor da Igreja desenvolveu um importante trabalho apesar da sua “saúde precária”. De Gregório Magno ficou a reforma do canto, ainda hoje chamado “Gregoriano” e ainda a sua Regra pastoral para o clero, na qual defendia que “a vida dos pastores deve ser animada por uma síntese equilibrada entre a contemplação e a acção, animada pelo amor”. Na saudação aos vários peregrinos presentes, Bento XVI pediu “obediência sincera à luz de Deus” e que os fiéis sejam capazes de “descobrir sempre a sabedoria e a bondade contidas nos mandamentos divinos”. Às crianças e jovens presentes, quase a iniciar um novo ano escolar, o Papa desejou “sucesso na aquisição da ciência e da sabedoria”.
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Fonte: Ecclesia

DANÇA EM AVEIRO

De 4 a 15 de Setembro “XII ESTÁGIO DE DANÇA DE AVEIRO
O “XII Estágio de Dança de Aveiro” tem início hoje, dia 4 de Setembro, prolongando-se até ao 15 deste mês. As aulas vão decorrer das 9.15 às 20 horas, no Teatro Aveirense e na Casa Municipal da Cultura de Aveiro – Edifício Fernando Távora. A edição deste ano apresenta novidades, concretamente o curso de Pedagogia da Dança Criativa para professores, que é destinado principalmente a professores de dança e a outros formadores (educadores, professores do ensino básico) que queiram completar o seu ensino com outras abordagens do corpo e do movimento, em que a experiência criativa será utilizada como base para o ensino. Aldara Bizarro é a formadora. Outra novidade é a Dança Criativa para pais e filhos. Através de uma abordagem lúdica do movimento criam-se espaços para o desenvolvimento da autoconfiança, cooperação e autonomia, num conjunto de cinco aulas que muito favorecerão a relação entre a criança e o adulto participante. Destina-se a crianças dos 3 aos 5 anos e um adulto acompanhante que poderá ser o pai, a mãe ou um dos avós, devendo ser sempre a mesma pessoa. As formadoras serão, na primeira semana, Marta Silva, e Aldara Bizarro, na segunda. O “Estágio de Dança de Aveiro”, organizado pela Câmara Municipal de Aveiro, vai já na 12ª edição. Desde 1994 que a dança é o ponto de encontro entre pessoas de diversas idades e regiões do país. Durante duas semanas os participantes aprendem novas modalidades e aperfeiçoam técnicas. No dia 15 de Setembro, pelas 21.30 horas, no Teatro Aveirense, terá lugar a “Aula Aberta” que consiste numa apresentação ao público de conhecimentos adquiridos na frequência das aulas do estágio. A entrada é gratuita. : Leia mais no portal da CMA

D-eficiente

«As pessoas ainda
olham de lado»
www.d-eficiente.net é uma página de Internet que pretende derrubar as barreiras arquitectónicas e sociais que se criaram entre a sociedade e as pessoas com deficiência. Pedro Monteiro é natural de Estarreja e estuda na Universidade de Aveiro. Por sentir falta de um local de debate sobre a deficiência, decidiu desenvolver o projecto de um espaço na Internet onde se podem trocar ideias, dar sugestões, ler artigos e obter informações sobre a deficiência. A página ainda não está completa, mas Pedro Monteiro quer partilhar este trabalho com todos quantos queiram colaborar. Actualmente o «site» ainda não dispõe de tecnologia para pessoas invisuais, mas o autor garante que esta questão está a ser resolvida.
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Leia a entrevista no Diário de Aveiro de hoje

domingo, 3 de setembro de 2006

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

Modernidade
e crise do
humanismo
No processo da modernidade, que são os últimos 300 anos, o humanismo ocupou lugar determinante. Quando comparamos épocas, constatamos que a cultura grega foi fundamentalmente cosmocêntrica, na medida em que era a partir do cosmos ou da natureza que compreendia a realidade. A Idade Média foi teocêntrica: tudo era visto e compreendido a partir de Deus. A modernidade fez do homem o centro, sendo a partir dele que tudo se legitimava.
A grande aspiração foi então a emancipação frente à natureza, à tradição, à religião. O objectivo era a plena conquista de si mesmo em todos os domínios. A posse de si mesmo significa autonomia e será alcançada mediante a confiança no poder da razão, sobretudo na sua vertente físico-matemática, que renuncia ao conhecimento das essências metafísicas para concentrar-se nos fenómenos quantificáveis e, portanto, matematizáveis.
A razão e a liberdade são as armas com que o homem moderno tem a convicção de poder realizar o seu projecto. Mas precisamente este projecto - e estou a seguir José M. Vegas - tem desde a raiz a marca de uma ambiguidade, que consiste na cisão da experiência humana em dois âmbitos irreconciliáveis.
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Leia mais no DN

Gotas do Arco-Íris – 29

CAMÕES:
IGUARIAS COLORIDAS
E ... GALINHAS
Caríssimo/a: Depois da sesta, reparei que ainda tinha sobre os joelhos o primeiro número da Oceanos e na página 36. Aí José Quitério fala-nos de “Camões e a mesa”. Bem, vamos primeiro ao arco-íris:
De iguarias suaves e divinas, A quem não chega a egípcia antiga fama, Se acumulam os pratos de fulvo ouro, Trazidos lá do Atlântico tesouro. A laranjeira tem no fruito lindo A cor que tinha Dafne nos cabelos; Encosta-se no chão, que está caindo, A cidreira co'os pesos amarelos: Os formosos limões, ali cheirando, Estão virgíneas tetas imitando. As cerejas purpúreas na pintura; As amoras, que o nome têm de amores; O pomo, que da pátria Pérsia veio, Melhor tornado no terreno alheio. Abre a romã, mostrando a rubicunda Cor, com que tu, rubi, teu preço perdes; Entre os braços do ulmeiro está a jocunda Vide, com cachos roxos e outros verdes.
Mas agora vem a parte que me fez rir, não só porque fala de galinhas mas também porque Camões brinca com as situações. Vejamos: “O senhor de Cascais prometeu a Camões seis galinhas recheadas por umas cópias que lhe fizera, mandando-lhe em princípio de paga meia galinha recheada. O poeta retruca, lesto:
Cinco galinhas e meia Deve o senhor de Cascais, E a meia vinha cheia De apetite para as mais.
“Ou como aconteceu com o duque de Aveiro... que perguntou ao poeta o que queria da sua mesa e que lhe respondeu logo que bastava que lhe mandasse uma galinha; esqueceu-se o duque ou fingiu esquecer-se e, depois de haver jantado, quando já não havia outra coisa lhe mandou uma peça de vaca e o poeta pelo mesmo criado lhe mandou estes versos:
Já eu vi o taverneiro Vender vaca por carneiro, Mas não vi, por vida minha, Vender vaca por galinha Senão ao duque de Aveiro.
Quase me parece um sacrilégio desejar-vos um bom S. Paio com a respectiva caldeirada bem amarela e, lá pela tarde, uma anafada talhada de melancia vermelhinha.. Manuel

sábado, 2 de setembro de 2006

Um livro de M. Oliveira de Sousa

Ensaios de Filosofia Social

:: “Ponta de Lança”

Hoje de manhã, no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), foi apresentado o livro “Ponta de Lança”, uma compilação de crónicas publicadas durante uma década no “Correio do Vouga”. É seu autor M. Oliveira de Sousa, actual presidente do Conselho Directivo da Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes (Ílhavo) e director do Departamento Nacional da Pastoral Juvenil. Na apresentação deste seu primeiro livro, Oliveira de Sousa confessou que, com estas crónicas, teve a preocupação de chegar à juventude, “com toda a amplidão possível”, sempre com a ideia de “ir para além do futebol”. Tal como no futebol o ponta de lança não pode ficar parado, indo à frente e atrás, à direita e à esquerda, assim escreveu (e escreve) o autor nas suas crónicas semanais, “desportivamente, mesmo sem ser de desporto”, olhando tudo o que o rodeia e o sensibiliza. Tendo permanentemente como meta integrar-se no grupo dos que assumem o esforço comum para alcançar a verdade, M. Oliveira de Sousa disse que o futebol foi, semana a semana, a inspiração para reflectir e levar a reflectir sobre “a necessidade de mudança”, acrescentando que, no fundo, “todos somos pontas de lança”. Para D. António Marcelino, que presidiu à sessão de lançamento da obra, o “Ponta de Lança” é um livro para se ler de quando em quando, numa tentativa de “confrontarmos a nossa opinião com outras opiniões”. Mas logo adiantou que, quem escreve, não pode ter a pretensão de querer que todos pensem do mesmo modo. “Os contrários enriquecem”, sublinhou o Bispo de Aveiro. Quem como eu teve o privilégio de ler e reler as crónicas de Oliveira de Sousa, desde a primeira hora, no Correio do Vouga, não pode deixar de sublinhar o seu interesse pela vida concreta das pessoas, à sombra do fenómeno social do desporto, em geral, e do futebol, em particular. Desportivamente, pelo desporto, o autor foi convidando os seus leitores a reflectirem sobre opções e comportamentos, decisões e omissões, alegrias e tristezas, mas também sobre políticas justas e injustas, fé e religião. Ironia e humor, misturados com sentido crítico e bom senso, mais sonhos e projectos podem ler-se nestas crónicas que, muitas delas, estavam escritas há bastante tempo. O autor limitou-se a pôr-lhe uma capa, por sinal bonita e simbólica, também de sua autoria. No fundo, trata-se de um livro carregado de “pepitas que não se podem perder pelo ouro que comportam”, como refere D. António Marcelino, em texto publicado na contracapa. : Ficha Técnica Título: “Ponta de Lança” – Ensaios de Filosofia Social Autor: M. Oliveira de Sousa Edição: Paulinas Editora Páginas: 190 : Fernando Martins

sexta-feira, 1 de setembro de 2006

Ricos e pobres no mundo

Solidariedade:
conceito para
pôr em prática
A solidariedade deve ser um sentimento com consequências práticas. A opinião é do presidente da Cáritas portuguesa no Dia Internacional da Solidariedade, ontem celebrado. "É necessário que se implemente uma cultura de solidariedade. A solidariedade não pode ser apenas, e já isso prevenia João Paulo II na Solicitude Social da Igreja, um mero sentimento, ela tem de ser, de acordo com a definição de João Paulo II, uma determinação firme e perseverante", afirma Eugénio da Fonseca. Neste Dia Internacional da Solidariedade, o sociólogo Bruto da Costa afirma que a aposta de hoje em dia tem que ser na solidariedade à escala mundial. "Os 500 indivíduos mais ricos do mundo têm mais rendimento do que 416 milhões de pessoas pobres no mundo. Não precisamos de mais para realçar a importância da urgência da solidariedade no nosso mundo", sustenta Bruto da Costa.
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Fonte: Ecclesia

Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré celebra aniversário

De microfone em punho, o Tio Retinto ensinou
muito na hora de se criar o Grupo Etnogáfico
:: Vinte e três anos
ao serviço
do folclore e da etnografia
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O Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré está de parabéns. Hoje, 1 de Setembro, completa 23 anos de vida, sempre ao serviço da etnografia, em geral, e do folclore, em particular. Durante todo este tempo, tem levado bem longe o nome da Gafanha da Nazaré e sua região. Com tenacidade e com a preocupação de mostrar o genuíno das tradições da nossa terra, o Grupo é uma excelente referência da nossa terra. 
Durante este quase quarto de século, para além da pesquisa, estudo e divulgação dos usos e costumes que nos foram legados pelos nossos antepassados, o Grupo Etnográfico organizou, desde a primeira hora, festivais e colóquios, bem como pôs de pé diversas iniciativas etnográficas. Todos os anos tem publicado uma brochura por altura do Festival que realiza na Gafanha da Nazaré, onde grava para a história elementos que mais tarde, e já agora, hão-de ser bastante apreciados. Mas o Grupo Etnográfico não se tem limitado a organizar os seus festivais: o da cidade da Gafanha da Nazaré, o da Praia da Barra e o da festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes. Ele também participa em festivais por todo o País e ainda tem ido ao estrangeiro. 
Foi por sua iniciativa que surgiu a Casa Gafanhoa, casa-museu que nos mostra o viver de um lavrador abastado dos princípios do século XX. O número de visitantes atesta o interesse da Casa Gafanhoa, que é um núcleo museológico integrado no Museu Municipal de Ílhavo. A história do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, porém, não começou em 1 de Setembro de 1983. Dois anos antes, uma festa da catequese da paróquia de Nossa Senhora da Nazaré, da Gafanha, foi o ponto de partida para a criação daquela instituição. E é dessa festa a fotografia que hoje e aqui publico, onde se destaca o Tio Retinto, cantador e bailador que muito ensinou aos que apostaram, então, na fundação do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré.
Parabéns ao grupo e a todos os seus dirigentes e componentes, na certeza de vão continuar. 

Fernando Martins

Imagens de Aveiro

:: Monumento
a João Afonso de Aveiro
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Os monumentos de Aveiro merecem um dia, ou mais, para serem conhecidos. Por qualquer canto, e às vezes em sítios pouco esperados, há monumentos com a sua história, dedicados a vultos que, na sua época, enriqueceram a vida das comunidades a que pertenceram.
Este monumento, que hoje ofereço aos meus leitores, mostra-nos "Um dos homens de D. João II que desvendaram os segredos da terra e do mar no caminho da Índia", como se lê na legenda que nos situa no tempo. Pode ser apreciado no Rossio.
Foto inserida no livro "Aveiro, cidade de água, sal, argila e luz".