sábado, 11 de maio de 2019

GEGN vai continuar a apostar no rigor das nossas tradições

José Manuel no seu gabinete na Casa da Música

Em Dezembro, o Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN) elegeu, para o biénio de 2018/2020, os novos corpos sociais, ficando a presidir à direção José Manuel da Cunha Pereira, que vem dos tempos da fundação. Substitui no cargo Alfredo Ferreira da Silva que liderou o Etnográfico durante 36 anos, com mérito reconhecido. 
Como é sobejamente sabido, o Etnográfico surgiu no seio da Catequese Paroquial, tendo como data de nascimento o dia 1 de setembro de 1983 e desde essa altura o atual presidente manteve uma intervenção ativa. O gosto pela etnografia, «de que não percebia nada”, como nos garantiu, começou precisamente aí. 
O Zé Manuel, como é mais conhecido, veio para a nossa terra com 14 anos e logo se envolveu nas atividades da Igreja Católica. Daí a sua integração na Catequese, participando, com muito afinco, nas diversas ações, nomeadamente nos espetáculos. 
Não sendo um especialista em tarefas de investigação, que não é muito a sua área, assumiu ajudar no que fosse possível, colaborando em tudo o que o grupo programava e levava a efeito. Como não podia deixar de ser, começou a participar em vários festivais de folclore, “onde aprendeu muito, em especial na forma como os grupos e ranchos se apresentavam e organizavam os seus festivais”. E depois, como é natural, procurou incutir no grupo a aposta “de fazer mais e melhor”. Referia-se, concretamente, ao acolhimento, aos almoços ou jantares, aos convívios e ao conjunto de tarefas que uma festa etnográfica exige. 
O gosto acicatou-lhe o desejo de contribuir para que o GEGN respeitasse a tradição que os nossos avoengos nos legaram, quer nas músicas e cantares, quer nas danças e trajes. Contudo, frisou que o Etnográfico da nossa terra respeita os conselhos, observações e propostas dos técnicos da Federação do Folclore Português, no sentido de melhorar a qualidade da instituição. 
Sobre a renovação dos diversos setores, Zé Manuel reconheceu a importância da entrada dos jovens, porque é preciso treinar, criar interesse, passar a gostar da etnografia, raiz da cultura de qualquer povo. Os jovens vêm de famílias dos atuais membros e amigos, de músicos, cantadores e dançarinos; outros são convidados. Porém, nem todos se adaptam por falta de tempo, já que muitos estudam e trabalham. Os ensaios são da responsabilidade de José Augusto Rocha. 
Entretanto, o novo presidente da direção adiantou que o grupo pretende atrair mais visitantes à Casa Gafanhoa, que já passou a estar aberta ao público, para já, às quartas-feiras, das 14 às 17 horas, graças à disponibilidade dos seus membros. Nessa linha, as escolas vão ser convidadas a visitar a Casa Gafanhoa, num esforço de lembrar aos jovens um pouco da vida dos nossos antepassados. E referiu estar convencido de que a Câmara Municipal de Ílhavo vai colaborar em obras de melhoramentos, no respeito pela história da casa, com data dos princípios do século XX. 
Zé Manuel fez questão de lembrar que o Etnográfico vai continuar a apostar no Cantar ao Menino, no Cantar das Almas, na participação do Festival do Bacalhau e nos dois festivais que anualmente oferece às populações: o mais antigo, que tem lugar marcado no Jardim 31 de Agosto, e o da festa em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, com a procissão pela ria, sendo o GEGN o líder da organização. 

Fernando Martins

sexta-feira, 10 de maio de 2019

Georgino Rocha: Escutar e seguir Jesus, o Bom Pastor


Jesus está em Jerusalém e passa pelo Templo no pórtico de Salomão. Decorria a festa da Dedicação que fazia a memória da sua re-consagração, após a profanação ordenada pelo Rei Antíoco IV. Um grupo de judeus questiona Jesus sobre a sua identidade. O diálogo é longo com perguntas muito directas e respostas cada vez mais pertinentes. João apresenta-o no capítulo 10 e a liturgia de hoje destaca os versículos 27-30, centrados na relação singular que explicita aquela identidade. É a relação recíproca entre Ele e Deus Pai, entre Ele e os discípulos, Entre Ele e os que vierem a seguir os seus passos. (O seu rebanho, em linguagem pastoril).
João, o evangelista, recorre a uma parábola que fica conhecida pela parábola do Bom Pastor que cuida zelosamente do rebanho. Usa a linguagem do tempo. Familiar e expressiva. E nesta passagem traduz aquela relação nos verbos escutar, conhecer e seguir. E, em jeito de justificação, acrescenta: “Eu e o Pai somos um”.
“Escutar, anota J. M. Castillo (La Religión de Jesús, ciclo c, p. 199). é o mesmo que interessar-se pelo que diz e obedecer-lhe ao que escuta; conhecer as ovelhas indica uma relação de mútua compreensão e aceitação; seguir define a forma de vida do discípulo que se fia de Jesus, deixa tudo por Ele e identifica a sua vida com a do pastor, como o pastor identifica a sua com a daqueles que pastoreia” Que grandeza de mensagem e simplicidade de comunicação! Constitui uma estimulante referência para todos os tempos, pondo em realce os traços marcantes dos que são chamados a, em nome de Jesus, serem pastores na humanidade, sobretudo na Igreja. Escutar é a primeira característica do discípulo pastor. Expressa a atitude permanente de quem vive a relação fundante.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

Lançamento do livro “Santo André: memórias de um navio”



«No momento em que completa setenta anos, o Navio Santo André pedia uma uma boa história de vida. Esta monografia escrita a várias mãos e cheia de informação inédita recupera um género quase perdido na cultura portuguesa: a história de navios. Unidade flutuante com alma própria, o arrastão lateral Santo André teve uma vida de mar muito longa. Construído na Holanda em 1948 cumpriu mais de quarenta anos na pesca do bacalhau, no Atlântico Norte, e teve ainda, já sob o nome “Amazonas” alguns anos de viagens e trabalhos noutros mares. A ousadia do Município de Ílhavo fez dele um pólo do Museu Marítimo de Ílhavo, aberto ao público desde 2001. Neste livro honra-se esse percurso de várias fases. Descreve-se a construção do navio, invocam-se as suas viagens, contam-se peripécias e partilham-se memórias em discurso directo. Este livro é dedicado a todos os tripulantes do Navio Santo André.»

18 maio, sábado, 16:30

Ação integrada das comemorações do Dia Internacional dos Museus 2019

Nota: Texto e foto do Museu Marítimo de Ílhavo 

terça-feira, 7 de maio de 2019

Figueira da Foz: Hoje foi dia de passar pelo CAE





Enquanto fotografava a Lita espreitava. As estátuas estavam à espera da animação

Hoje foi dia de passar pelo CAE (Centro de Artes e Espetáculos), um espaço com programação variada e adequada à época. Isto significa que no verão a animação é valorizada e mais intensa, ou não fosse a Figueira da Foz uma estância balnear de referência. Há décadas por ali veraneavam as burguesia e até a aristocracia. Nos tempos atuais, perdeu, julgo eu, a fama de que gozou outrora. 
O CAE não estava muito frequentado. Uma exposição de fotografia de Rui Campos, “Arte no Feminino”, uma homenagem à mulher da Figueira que, na opinião do artista, deve ser retratada no seu quotidiano. Oficialmente encerrada, ainda tive a oportunidade de a apreciar. 
O jardim interior do CAE estava preparado para festas musicais, com o equipamento montado, palco, som e luzes a postos, mas também uma decoração agradável desperta interesse a quem chega. Um restaurante-bar completa o quadro. Os únicos visitantes, durante algum tempo, fomos nós. Mas valeu a pena.

Dia Internacional dos Museus - 2019


O nosso município tem diversos museus dignos da nossa admiração e com horários compatíveis para toda a gente. Possuem ainda dias abertos e com programas adequados para todos os públicos e para todas as idades. O Dia Internacional dos Museus vai garantir, certamente, excelentes oportunidades para todos viverem uns dias enriquecedores.

segunda-feira, 6 de maio de 2019

Notas do meu diário — Três momentos




Três aspetos da Serra da Boa Viagem: O longe fez-se perto
1. Esperada há muito, na precisa hora da partida para a Figueira da Foz chega-me a revista LER com as habituais novidades do mundo literário. Publicada nos princípios de cada estação do ano, desta feita trás o registo de Inverno|Primavera. Pelo telefone, explicaram-me há tempos os motivos: os colaboradores nem sempre respeitam os prazos estabelecidos. Está perdoada a demora porque gosto da revista.

2. E da revista transcrevo um poema, o primeiro texto deste número, na esperança de que me seja perdoada a ousadia de o fazer. O intuito é tão-só para saudar a LER e quem a faz trimestralmente. Mas ainda quem torna o mundo mais belo com a literatura, de que faz parte essencial a poesia: E aqui ofereço um poema de João Luís Barreto Guimarães, que acolhe os leitores na badana da capa.

Nómadas

Só o amor pára o tempo (só
ele detém  a voragem)
rasgámos cidades a meio
(cruzámos rios e lagos)
disponíveis para lugares com nomes
impronunciáveis. É preciso percorrer os mapas
mais ao acaso
(jamais evitar fronteiras
nunca ficar para trás)
tudo nos deve assombrar como
neve
em Abril. Só o amor pára o tempo só
nele perdura o enigma
(lançar pedras sem forma e o lago
devolver círculos).

Do livro Nómada (2018)
Incluído na antologia  O Tempo Avança por Sílabas.
Publicado pela Quetzal em 2019.

3. Depois, fui à varanda olhar a paisagem da serra da Boa Viagem, um desafio para quem vem ou passa por aqui. Gosto do sussurro do arvoredo, aqui e ali com mar à vista, do casario disperso com acessos sinuosos, com vida de quem aprecia a beleza da solidão, beleza esta que não será para todos, mas apenas para os que sentem prazer em olhar para o seu interior, irradiando paz para o mundo sôfrego de compreensão e solidariedade.

Fernando Martins

Bento Domingues — Os crismados responsáveis pelo futuro



"Sem empenhamento em fazer acontecer, na sociedade, 
o que celebramos, caímos no ritualismo"

1. As hierarquias eclesiásticas são muito tentadas a criar charadas para os párocos e os teólogos resolverem. O Crisma passou a ser exigido para se ser padrinho ou madrinha de outros sacramentos. Esta norma coincidiu com a progressiva falta de cristãos para satisfazer essas condições. Foi, então, decidido antecipar a idade para receber esse sacramento. Pior a emenda que o soneto. O Crisma passou a inscrever-se no fenómeno a que o Papa Francisco chamou a debandada da juventude, depois da catequese e da comunhão solene. Estamos sempre a ouvir esta observação: sou baptizado, fiz todas as comunhões, até sou crismado, mas isso já foi há muito tempo.
Não tem de ser assim. Um catolicismo iniciático deve ter várias etapas, desde o nascimento à Santa Unção. O Crisma, no Ocidente, deveria ser entendido como o Sacramento da responsabilidade pelo futuro da própria vida, da sociedade e da Igreja. Neste sentido, a idade mais aconselhável seria a do momento em que os jovens se preparam para tomar a sua vida nas próprias mãos, seja qual for o itinerário da sua escolha. O modelo é o do próprio Jesus. Foi depois de ter recebido o Espírito Santo que apresentou o programa da sua intervenção pública, um programa carregado de dimensões sociais e políticas: o Espírito do Senhor está sobre mim porque Ele me ungiu (crismou) e enviou para evangelizar os pobres; para libertar os presos e os oprimidos, para dar vista aos cegos, e para proclamar um ano de graça do Senhor [1], isto é, um Jubileu!

domingo, 5 de maio de 2019

Anselmo Borges — O Pai Nosso e o Maligno

Anselmo Borges


Levantou-se de repente e de modo totalmente desnecessário uma celeuma à volta do Pai Nosso e de uma possível nova versão. 
Assim, a actual versão diz: “Pai nosso, que estais nos céus, santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade assim na Terra como no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje, perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.” Na nova tradução, passaria a dizer: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome, venha o teu reino, seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa-nos as nossas ofensas, como também nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos leves à provação, mas livra-nos do Maligno.” 
Fica aqui a minha oposição a esta nova versão, sobretudo se se quiser introduzir na liturgia. Apresento algumas reflexões sobre o assunto. 

1. Não tenho objecção especial a que se introduza o “tu” dirigido a Deus. Mas, mesmo assim, chamo a atenção para o perigo de uma possível banalização que se tornou corrente nos dias de hoje. É preciso perceber que Deus se revelou como Abbá, querido Papá, mas ao mesmo tempo perceber que Deus é Deus, infinitamente para lá do “tu cá, tu lá”, como alguns comentadores já chamaram a atenção, de modo agudo e até com alguma acidez. É como os pais e os professores. Alguns querem ser tão próximos e “amigos” e iguais dos filhos e dos alunos que, depois, perdem toda a autoridade e, de “amigos”, passam a ditadores brutais, sem honra nem glória. Porque não sabem ser pais nem professores. 

Época balnear ensaia abertura


Segundo a tradição, os amantes das praias e do mar ensaiam abertura da época balnear, que ocorre a 1 de junho. Mas antes disso, o povo, ansioso pelo sol marinho e pela maresia que nos enche os poros do corpo e da alma, mal nota um dia airoso, corre para a Praia da Barra e outras. Hoje passei pela nossa praia e pude verificar que os preparativos para a abertura da época já estão em curso. É preciso dar condições de conforto e bem-estar, areal limpo e convidativo, com esplanadas atraentes para todos se sentirem bem. A máquina estava em hora de descanso, mas nos próximos dias entra em maré de azáfama. E como há anos, o galardão da Bandeira Azul será uma mais-valia.

sexta-feira, 3 de maio de 2019

O Dia Internacional da Liberdade de Imprensa



Celebra-se hoje, 3 de maio, o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, com o propósito de promover os princípios fundamentais da liberdade no mundo da comunicação social. Urge combater os ataques aos media e impedir as violações às liberdades, enquanto importa evocar os jornalistas que têm sido vítimas de ataques, de torturas e assassinados. 
Todos os anos surgem notícias de jornalistas mortos quando exercem as suas missões de informar e mostrar ao mundo os dramas das guerras, dos que sofrem, dos que são violentados ou vilipendiados. 
Partindo do princípio de que a imprensa tem mesmo de ser livre e isenta de pressões, políticas ou outras, convivo mal com a mentira descarada, com as falsas notícias, com a publicação de textos pagos e camuflados de propaganda e publicidade. 
O mundo da imprensa, com excelentes órgãos independentes de informação, ainda nos animam a acreditar que é possível a seriedade. Repugna-me, porém, verificar a falta de educação e de tolerância na apreciação de jornais e revistas, só porque defendem ideias políticas da direita ou da esquerda, como se a verdade estivesse só de um lado. 

Fernando Martins