quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Um livro de Georgino Rocha — Igreja Sinodal

(Clicar na imagem para ampliar)



Nota: Felicito o meu amigo Georgino Rocha pela publicação de mais um livro de muito interesse para os católicos em geral e para os agentes de pastoral em particular.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O dia dos meus 77 anos

Um abraço a todos os amigos que, de várias formas, 
me testemunharam a sua generosidade, 
dirigindo-me palavras afetuosas, mensagens ternas, 
flores bonitas e espumantes borbulhantes… 



Partilho hoje, quase na íntegra,
um texto que escrevi e publiquei 
há cinco anos.

Hoje foi um dia inteiro para mim. Também para a família e amigos, que gostei de ouvir e de ler. Gosto desta data — 24 de Novembro — em que me sinto mais disponível para quantos me cercam e com quem estou. É o dia do meu aniversário.
Há 77 anos que estou no mundo e hoje de manhã, quando olhei para trás, de soslaio, senti que tive uma vida cheia de tudo: De amor recebido e dado, de alegrias, de amizades partilhadas, de conquistas alcançadas; também de um ou outro dissabor, de dores e tristezas. Colocado tudo nos pratos da balança da vida, o fiel inclina-se notoriamente para o lado das coisas boas. Reconheço que Deus me ajudou em muitas circunstâncias. Não tanto pelos meus merecimentos, mas seguramente pela sua infinita bondade.
Dou graças a Deus pelas pessoas que Ele pôs nos caminhos da minha vida; pelos que me desafiaram a vencer obstáculos; pelos que, mesmo sem eu o perceber de imediato, me ajudaram a ser mais solidário e mais sensível para com os que sofrem. E, ainda, pelos que constituem a minha família, próxima e mais alargada, que são bocados indeléveis de mim mesmo.
Durante este dia recebi inúmeras mensagens, por várias vias. De gente com quem partilho o dia a dia e de gente de quem não tinha noticias há muitos anos. Tudo contribuiu para reavivar recordações, sentimentos e emoções.
A mesa será posta para o encontro da família um dia destes, quando houver disponibilidade de todos. 

Fernando Martins

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Homens e Navios do Bacalhau



«A segunda fase do projeto “Homens e Navios do Bacalhau” foi apresentada ao público no âmbito da celebração do Dia Nacional do Mar. Apoiado pela Fundação Eng.º António Pascoal, este é um projeto de construção de memória em rede que está a ter impacto muito positivo nas comunidades e permite ao Museu Marítimo de Ílhavo investigar e divulgar os dois patrimónios mais relevantes da pesca do bacalhau: os homens e os navios.
A pesquisa cruzada entre a base de dados dos homens e a dos navios já é possível nesta fase. Para além da consulta aos dados referentes a todos os navios bacalhoeiros de 1835 a 2005, também é possível contribuir para a construção do histórico do navio, contribuindo com sugestões de informações, relatos ou novos dados.
Ao funcionar como uma rede social da memória, o portal “Homens e Navios do Bacalhau” pode, a partir de em abril de 2016 ser regularmente enriquecido pelo Museu, pelos familiares ou pela comunidade, com novos dados, informações, imagens, vídeos ou documentos.»

Ver mais aqui 

Fonte: MMI

domingo, 22 de novembro de 2015

Figueira da Foz: Miradouro da Bandeira — Uma sentinela a vigiar o mar


Trabalho de Margarida Paes


O rio Mondego desagua na Figueira da Foz e a norte desta cidade uma elevação calcária, ponto noroeste da serra da Boa Viagem, forma um penhasco com 250m de altura, quase vertical, sobre o mar e a costa. Neste ponto alto com a costa a espalhar-se para sul e para norte, a função de vigia foi naturalmente adoptada e mal se viam embarcações suspeitas de pirataria na parte sul era hasteada uma bandeira para avisar a população da parte norte deste penhasco e vice-versa. Naturalmente o sítio passou a chamar-se Miradouro da Bandeira e dali se avista toda a planície costeira que parece desenhada em arco de areia e espuma do mar em linha branca, seguida de uma densa floresta para o interior, formando a região da Gândara.

Guerras são desgraças

«As guerras demoradas terminam sempre 
com a destruição ou com a desgraça 
dos dois beligerantes»

Xenofonte (-430/-355), historiado
 e soldado da Grécia Antiga

Papa Francisco é uma «bússola» para o mundo

Papa Francisco é uma «bússola» para o mundo 
e o «encontro» é o maior desafio que lança à Igreja, 
diz Tolentino Mendonça



O padre José Tolentino Mendonça considera que «a palavra forte e firme do papa Francisco é verdadeiramente uma bússola» e o termo «"encontro", no seu dinamismo, representa talvez o maior desafio que faz à Igreja».
As declarações do vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa foram proferidas no programa "Il diario di Papa Francesco", que a televisão Tv2000, da Igreja católica em Itália, transmitiu esta quinta-feira.
Na emissão em direto, o anterior diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foi convidado a eleger uma palavra das palavras que caracteriza o ensinamento de Francisco, tendo escolhido «encontro», substantivo que se lhe apresenta como um «programa».

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Dois pesos e duas medidas, não!

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO


«Porque não dar a conhecer as personalidades, 
os países e os movimentos muçulmanos 
que lutam contra o ódio e a guerra?»

1. A Revista Islâmica Portuguesa [1] Al Furqán fez uma declaração muito ampla sobre os acontecimentos de Paris. Destacamos a seguinte passagem: O ser humano merece viver em paz, independentemente de raça, credo ou cor.Não ao que aconteceu em Paris. Não ao que se passa na Palestina. Não ao que ocorre na Síria. Não ao que acontece no Iraque. Não ao que ocorre no Afeganistão. Não ao que se passa na Birmânia. Não e não aos massacres, não às atrocidades, não ao egoísmo e não à hipocrisia. Ninguém deve ser outro, mas sim o respeito mútuo. Merecemos viver num mundo melhor.
No mundo contemporâneo, global, nada é simples. Já quase não existem sociedades homogéneas do ponto de vista étnico ou religioso. Ao contrário da opinião corrente, como mostra L’Atlas des Religions (2015), nem todas as religiões são instituições petrificadas. Muitas delas evoluem, deslocam-se, recompõem-se como as culturas e as civilizações.

sábado, 21 de novembro de 2015

Figueira da Foz: A arte urbana para nosso encanto


A arte urbana, quando tem qualidade, torna o ambiente para apetecido. Os passantes, com ela a desafiá-los, têm uma oportunidade para descansar na hora da caminhada. Param, apreciam a obra do artista, quando o é de verdade, e não se cansam de olhar de vários quadrantes, porque de cada posição, de cada hora do dia, o quadro anima-se e anima-nos.

A violência nas religiões

Crónica de Anselmo Borges 


«O pensamento total 
desemboca em totalitarismo»

1 Na base das religiões está a experiência do Sagrado, de Deus, de quem se espera salvação para todos. Mas, depois, é o que se sabe: há uma brutal "história criminosa" das religiões, devendo, porém, acrescentar-se que essa história se estende ao ateísmo, que cai no mesmo paradoxo: uma das suas razões é a tolerância, mas, depois, foi também o horror - basta citar o nazismo e o comunismo e o seu ateísmo. E isto dá que pensar.
Como faz notar o teólogo J. I. González Faus, "a violência não é própria da experiência crente: é, sim, intrínseca ao ser humano", por necessidade de autodefesa e de sobrevivência, sobretudo por causa da sua dimensão racional e da pretensão de universalidade, intrínseca à razão: "A maior parte das violências impostas por alguns contra outros apenas pretendiam, em teoria, fazê-los "entrar na razão" ou "aceitar a verdade"." Nas religiões, lá está o alegado encontro exclusivo com a verdade e a necessidade de impô-la, precisamente para defender a verdade e Deus. Foi isso que aconteceu também com o comunismo, que, segundo uma expressão de Karl Marx, "é a resolução do enigma da história e sabe que o é".

É como dizes: Sou Rei

Reflexão de Georgino Rocha



«Jesus quer afirmar positivamente
 que “outro mundo é possível”»

Jesus e Pilatos estão frente a frente. Sem mediadores. No tribunal do procurador romano que podia ditar sentenças de morte. Diálogo directo e claro sobre questões fundamentais. Marcos o narrador do encontro condensa-o de forma exemplar na realeza de Jesus. “És o Rei dos Judeus?”- pergunta Pilatos. “É por ti que o dizes ou foram outros que to disseram de Mim?” responde Jesus, indagando a fonte de informação e devolvendo a questão ao seu interlocutor. (…) “Que fizeste”? prossegue o procurador. A explicação é dada abrindo um horizonte novo: “ O meu reino não é deste mundo” (…) “Então, Tu és Rei?” “É como dizes: sou Rei”, declara com prontidão Jesus que encaminha o diálogo inquisitorial para a questão da verdade, terminando por afirmar:” Todo aquele que ama a verdade escuta a minha voz”.
Não será difícil imaginar a confusão que iria na cabeça de Pilatos. A progressão da conversa é desconcertante. O réu apresenta-se como verdade que ele procura. Possui uma realeza que não é deste mundo que ele nem sequer sonha. Afirma-se rei sem qualquer restrição de tempo e de espaço. Não se confina aos judeus e à época em que vivia. Garante ser testemunha e porta-voz da verdade. Então e a lei romana e o seu famoso direito? O procurador via nas respostas simples e claras de Jesus serem questionadas as suas convicções mais consistentes e estruturantes.

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Portugal tem as melhores estradas da Europa

Afinal, somos um país bem estruturado! 
Vejam só: A nível de autoestradas 
somos os melhores da Europa



«Portugal completou já a rede transeuropeia principal de transportes rodoviários e tem nesta área infraestruturas da melhor qualidade europeia, segundo o painel de avaliação de transportes da Comissão Europeia, hoje divulgado.»

Li no Sapo

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Ares de Outono: Soneto de Florbela Espanca



Outonal

Caem as folhas mortas sobre o lago;
Na penumbra outonal, não sei quem tece
As rendas do silêncio… Olha, anoitece!
 — Brumas longínquas do País do Vago…

Veludos a ondear… Mistério mago…
Encantamento… A hora que não esquece,
A luz que a pouco e pouco desfalece,
Que lança em mim a bênção dum afago…

Outono dos crepúsculos doirados,
De púrpuras, damascos e brocados!
— Vestes a terra inteira de esplendor!

Outono das tardinhas silenciosas,
Das magníficas noites voluptuosas
Em que eu soluço a delirar de amor…

Florbela Espanca,
“Charneca em Flor”, in “Poesia Completa”


Mundo perigoso

«O mundo tornou-se perigoso, 
porque os homens aprenderam a dominar a natureza 
antes de se dominarem a si mesmos.»

Albert Schweitzer (1875-1965), 
teólogo, filósofo, músico e médico alemão


Escritores e a Ria de Aveiro — 5



«Eu nunca tinha visto a ria de Aveiro. Daí — dirão — este meu entusiasmo. Ora a laguna, com os seus múltiplos canais, seus campos encharcados, seus horizontes abertos, sua exuberância de luz e seu sonho de distância — é bela sempre e cada vez mais, afirmam os que todos os dias se banham no mistério da sua extensão panorâmica.
A ria de Aveiro — é uma maravilha. Fujo a descrevê-la, porque isso não está agora no meu programa.
Faltam aos meus olhos os palácios de mármore, as colunas de oiro, as igrejas erguidas em renda, as margens coalhadas de sonho e arte: S. Maria degli Scalzi, S. Marcuola, a casa de Contarini, e a distância de oiro sobre gaze de azul de S. Giorgio Maggiore. Mas — lembro-me de Veneza… Uma Veneza despida, no seu estado imaculado, em plena exuberância primitiva, onde se adivinha a vontade de Deus, de tudo ficar como ele a criou. Maravilha contemplativa!
O canal segue até o mar, lá pr’a baixo, nem eu sei pr’a onde. E as margens respiram humildade e humildade; evolam-se dos pisos encharcados emanações salinas, vêem-se fumos de casas que há um quarto de século abrigam heróis que refazem as areias em seiva, até darem rosas e pão, frutos e sombra — e, ao longe, com riscos de asas brancas de patos ou de gaivotas, esplendem as cidades: cidades agachadas que se fizeram a esforços que nenhum homem da Cidade é capaz de entender: cidades a que se chamam vilas, aldeias, lugares, praias de doce título e dulcíssima vida laboriosa: a Gafanha, mais Gafanha, S. Jacinto, a Murtosa, o Bunheiro, a Torreira. Os fundos cenográficos são recortados em bruma que não cabe nas paletas dos pintores: a Gralheira, o Caramulo, e adivinha-se o Buçaco na má vontade da manhã, que acordou sombria.
É uma maravilha a ria de Aveiro!»

Norberto de Araújo (Lisboa, 1889; Lisboa, 1952), jornalista,
In “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 12, 1971

Tirania

«Muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua»

Platão (-427/-347), filósofo e matemático da Grécia Antiga

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Carlos Fiolhais denuncia pseudociências

Carlos Fiolhais
Na “Visão” desta semana, Carlos Fiolhais denuncia pseudociências de que toda a gente ouve falar e muitos apreciam e seguem. Na abertura da entrevista, o jornalista Luís Ribeiro apresenta-o como «triturador de homeopatas, naturopatas, astrologias» e outras “ciências” que não passam de embustes. Estou com ele. 
Realmente, tal como Carlos Fiolhais, recebo muitos e-mails cheios de aldrabices, incluindo tratamentos milagrosos à base de frutos e plantas, capazes até de erradicar o cancro do nosso organismo. Também recebo denúncias não provadas, calúnias infames, informações sem sentido, muitas vezes dirigidas a pessoas honestas, obviamente de cores políticas opostas às dos seus divulgadores e difamadores. E fazem-nos covardemente, sob a capa do anonimato no suporte da Net. 
Já por várias vezes tive de devolver a pseudonotícia com a informação de que se trata de uma descarada mentira, cuja fonte não é mencionada. Alguns dão-se ao estúpido luxo de enviar textos atribuídos a conhecidos cronistas e pessoas de bem.

Figueira da Foz: Poesia na cidade




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A Nossa Gente


Com a vida agitada que levamos, nem sempre damos conta de pessoas que ao nosso lado se entregam, de formas muito variadas, à comunidade a que pertencem, pessoalmente ou nas instituições. 
Tanto quanto me é possível, vou dando nota de pessoas e organizações que, não se fechando em si mesmas, oferecem  contributos preciosos para o desenvolvimento do nosso viver em comum.
Permitam-me que vos encaminhe por aqui e aqui. Boas leituras sobre excelentes exemplos para todos seguirmos, cada um a seu modo.

Servir e não servir-se

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de ontem


1. Dizem-me que a papolatria, que denunciei várias vezes nestas crónicas, morreu. Era um culto hipócrita usado para esconder as manobras anticristãs da Cúria vaticana e de algumas cúrias diocesanas. Quando o Papa Francisco manifestou que esses poderes arbitrários seriam desmantelados, os ratos não abandonaram a barca. Criaram redes, internas e externas, de sabotadores das iniciativas da liderança de Bergoglio.

Segundo essa opinião, não se trada da defesa da liberdade e do pluralismo na Igreja que, aliás, raramente tiveram um clima tão favorável. Procura-se semear alguns escândalos e multiplicar as insinuações para convencer os carreiristas clericais e os dirigentes de movimentos e instituições da Igreja de que o argentino está velho e um tumor no cérebro seria o responsável pelos seus desmandos doutrinais. A voz diária das missas na capela de Santa Marta, os discursos e as mensagens, a enumeração das quinze doenças da Cúria, desde a falta de autocrítica, avidez de poder, acumulação de bens materiais até à hipocrisia, não irão sobreviver a um funeral mais ou menos solene e próximo.
Confesso que essa tese me pareceu demasiado elaborada e vizinha das teorias da conspiração, mas foi o próprio Papa Francisco que, no passado domingo, dia 8, a confirmou, quanto ao essencial.

sábado, 14 de novembro de 2015

Ares de Outono: Jardim da Figueira da Foz


Há muitos que passam pelos jardins, públicos ou privados, a correr. A vida assim o exige inúmeras vezes. Mas se tivermos um bocadinho de calma, há sempre algo de diferente nos jardins por onde passamos apressados.
Tendo por tema as estações do ano, podemos garantir que novidades não faltam  em cada planta que nasce, cresce e envelhece: em cada flor que rebenta e se faz adulta até fenecer. O mesmo com os troncos, ramos, folhas e frutos. Com todas as suas formas e tonalidades variegadas. 
Hoje, no jardim municipal da Figueira da Foz. Encontrei-me com esta árvore que, na sua copa, permite apreciar vários tons.


Pequenas oportunidades

«Pequenas oportunidades são muitas vezes 
o começo de grandes empreendimentos»

Demóstenes (-384/- 322), 
político e orador da Grécia Antiga



Li no PÚBLICO


Jesus e o Vaticano

Crónica de Anselmo Borges no DN


1- Como se pode andar distraído! Como é que, tendo estado várias vezes na Praça de São Pedro, não fui ler o que está escrito no famoso obelisco, no centro da praça?! Foi preciso lê-lo agora em Jesús Bastante, que lembra que o obelisco veio do Egipto no ano 37 da nossa era, tendo sido trasladado, 15 séculos depois, do circo de Nero para o lugar que agora ocupa, fazendo o Papa Sisto V, em 26 de Setembro de 1586, gravar na sua base de mármore uma antiga fórmula de exorcismo: "Ecce crux Domini" (eis a cruz do Senhor), "Fugite, partes adversas" (Fugi, forças do caos) - um autêntico exorcismo, "Vicit Leo de tribu Juda" (o Leão da tribo de Judá venceu). Desse modo, a Praça de São Pedro delimitaria simbolicamente o enfrentamento entre o Bem e o Mal, "e o exorcismo impediria que o Demónio chegasse à sede de Pedro".

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Avisados, esperamos confiantes o Senhor

Reflexão de Georgino Rocha



Sentado no monte das Oliveiras, Jesus contempla Jerusalém e o seu Templo, de onde havia saído após o episódio da viúva que deitou todos os seus haveres na caixa de esmolas. E desabafa com os discípulos que lhe chamam a atenção para a grandiosidade da cidade e das suas contruções: “Não ficará pedra sobre pedra. Tudo será destruído”. Refere-se Jesus ao futuro imediato e longínquo: à sua paixão e morte, à invasão e destruição da cidade pelo exército romano e ao feixo da história, ao findar do tempo, à chegada de “uma nova primavera” da vida, à inauguração da eternidade feliz.

Marcos, o autor da narrativa, escreve mais tarde o seu evangelho e reveste esta “profecia” com uma linguagem codificada que só os iniciados entendiam. É a linguagem apocalíptica, com imagens dignas de um filme de ficção, de terror e angústia, mas portadoras de uma enorme esperança e elevação. De facto, é preciso, penetrar na “carruagem” vendo para além da “aragem” e situar a interpretação do texto na época e na cultura em quue foi escrito. Mc 13, 24-32. A apocalíptica destina-se a dar conforto em tempos de desânimo e de tentação, de deserção, de perseguição e de morte. É, normalmente, uma linguagem imperceptível pelos verdugos e entendida pelas vítimas. Vamos destacar algumas dessas imagens com a intenção de fazer despertar o sabor da mensagem que Jesus nos oferece.