sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O nosso Menino Jesus



O nosso Menino Jesus já está preparado para nos receber. Ele e sua mãe, Virgem Maria, e seu pai adotivo José. A minha Lita organizou a chegada do Menino, que vai ficar numa sala por onde passa toda a gente. Lareira acesa para aquecer o ambiente e sem grandes ornamentos, porque o mais importante é o espírito de ternura que nos deve animar nesta quadra e sempre.
O Menino Jesus está vestido de modo a não sentir o frio, com roupinhas de lã concebidas e feitas pela Lita. Na sala vai ter, por companhia permanente, para além de sua mãe e de seu pai, que o foi como um pai normal, o Toti e a Tita,
o cão e a cadela que nesta altura dormem como justos, mas não o burro e a vaquinha, pois estes não são os animais das nossas preferências, embora a tradição os tenha imposto através dos séculos.
Quando olhei para o Menino bem agasalhado, fixando-o olhos nos olhos, até parece que percebi dele uma recriminação, como que a lembrar-me que, afinal, há à nossa volta tantos meninos com fome, frio e sede de justiça a paz. E concordei. E prometi-lhe que a família, toda a família, vai ter em conta a sua proposta, que é muito simples: O presépio, no fundo, é para nos levar a olhar para os que mais precisam do nosso carinho, da nossa solidariedade e do nosso amor.
Bom Natal para todos, na alegria de Jesus renascido no coração de homens e mulheres de boa vontade.



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Das nuvens negras cai água límpida

"Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições 
de tua vida, pois das nuvens mais negras 
cai água límpida e fecunda"

Provérbio chinês





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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A Ria de Aveiro na Literatura

"O São Paio da Torreira, 
a Romaria dos Pescadores"

Torreira em 2014

«Mas a ria enche-se de asas brancas, garças reais que coalham o azul, além sobre a barra, onde a névoa fumega indecisa e lenta, e do outro lado, sobre Pardelhas, Estarreja, até Ovar bolinando ao vento.
É uma verdadeira esquadra, embandeirada em festa, porque hoje é dia de São Paio, na Torreira. Cada barco traz a sua povoação, a sua aldeia, a sua canção, as suas guitarras e adufes. A ria torna-se melodiosa, e sussurra, vibrante nas suas ondas de água, finas como cabelos de mulher, que os ventos represados percutem como uma arcada de violino. Durante muito tempo embala-nos aquela música aquática, dolente e enlanguescedora. As tonalidades mudam. Já não há azul. Os longes tornaram-se brumosos, e a água oleosa, baça, não tem uma vaga, uma crispação. Dir-se-ia um lago imobilizado por um silêncio astral. Um cinzento de agonia envolve esta paisagem de além mundo, prostrada na morte, se o sol não acordar antes da tarde.

O Menino e Sua Mãe

Tela do pintor recascentista italiano Rafael (1483-1520)


O MENINO E SUA MÃE 


Vi há tempos um quadro feito por mão inspirada:
Os traços eram perfeitos
do Menino Jesus e sua Mãe.
Causava enlevo, fazia ternura,
o olhar que se desprendia de Nossa Senhora,
Que tinha seguro nos braços o seu Menino. 


Este deixava ver bem
Seu grande afecto, Sua divina paixão
por Aquela que tão estreito 

o trazia ao peito:
A cabecita de encontro, bem encostada,
entre a face e o ombro de Sua Mãe
e a carita de criança voltada para nós…

Mais que tudo, porém, impressionou-me o ar,
o ar de desafio, cheio de divina meiguice
um ar (Deus me perdoe!) quase gaiato
que parecia dizer a quantos o quisessem entender:
“É minha, só minha a Virgem Maria!”
De tão estreito e apertado que cingia com os bracitos
Nossa Senhora…

Confesso que estranhei,
por me ver quase defraudado por esta divina avareza.
Mas no olhar sorridente da Virgem bondosa
li logo a resposta, a bonança que me vinha:
“Deixa-O, meu filho, são primeiros tempos
que goza a novidade de ter… Mãe:
Eterno que é, só isto Lhe faltava, no céu…

Não tarda que no Calvário te dê a Sua vida
(pouca coisa para Ele!) e o que é mais ainda:
que te dê Sua Mãe, tua Santa Maria”.


In “Livro de Ritmos” de Cardeal Alexandre do Nascimento

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Decálogo para o Natal



Se tens tristeza, alegra-te!
O Natal é alegria.
Se tens inimigos, reconcilia-te!
O Natal é paz.
Se tens amigos, busca-os!
O Natal é encontro.
Se tens pobres ao teu lado, ajuda-os!
O Natal é dádiva.
Se tens soberba, sepulta-a!
O Natal é humildade.
Se tens pecados, converte-te!
O Natal é vida nova.
Se tens trevas, acende a tua lâmpada!
O Natal é luz.
Se vives na mentira, reflete!
O Natal é verdade.
Se tens ódio, esquece-o!
O Natal é amor.
Se tens fé, partilha-a!
O Natal é Deus connosco.


Nota: De apontamentos pessoais guardados, mas cuja autoria não consigo recordar. Se alguém souber, agradeço informação.

Centenário da 1.ª Grande Guerra

Homenagem devida aos combatentes 
do município de Ílhavo



No dia 25 de outubro, a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI)  promoveu uma cerimónia evocativa do centenário da 1.ª Grande Guerra em parceria com o Núcleo de Aveiro da Liga dos Combatentes, na qual foram homenageados os portugueses que morreram nesse conflito. E se a oportunidade da homenagem é de louvar, é justo reconhecer a importância de um outro projeto, presentemente em curso, que pretende lembrar, para memória futura, os ilhavenses e gafanhões que participaram na guerra de 1914-1918, quer na Europa quer nas colónias portuguesas em África.
Com o objetivo de chegar o mais longe possível, chegou-nos ao conhecimento que o Centro de Documentação da autarquia tem estado a proceder ao levantamento dos nomes de todos os combatentes, através de pesquisas junto das mais diversas fontes, nomeadamente, nos Arquivos Geral do Exército e Histórico Militar.
Para além das recolhas já feitas naqueles arquivos, porventura constituídos por nomes e números, que a vida dos soldados não cabe neles, torna-se imperioso buscar as memórias dos nossos bravos soldados, com alguns dos quais nos cruzámos há bons anos nas ruas da nossa terra. Nesse sentido, importa sensibilizar os herdeiros e descendentes dos combatentes para que cedam elementos, contem histórias dos seus antepassados, emprestam fotografias, fardas ou restos de fardas, cartas, insígnias, cédulas militares e tudo o que, ligado à 1.ª Grande Guerra, jaz guardado ou esquecido em malas, baús e álbuns.  
O projeto deve envolver toda a gente, em especial alunos a partir do 9.º ano, inclusive, mas ainda a chamada terceira idade, porque talvez sejam os idosos os que mais de perto privaram com os bravos combatentes do nosso município.
É óbvio que o projeto não pretende estudar o mais desenvolvidamente possível o tema em causa para guardar os elementos recolhidos numas tantas gavetas da CMI, porque temos a certeza de que dele nascerá uma grande exposição de homenagem aos combatentes da 1.ª Grande Guerra.
Os interessados em colaborar podem dirigir-se Centro de Documentação de Ílhavo, através do telef. 234 329 686 ou do endereço eletrónico cdi@cm-ilhavo.pt

Fernando Martins

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Litania de Natal de José Régio





LITANIA DO NATAL

A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»

E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

José Régio

A nossa gente: Irmã Cristina

Irmã Cristina Riço Mendes 
do Movimento de Schoenstatt



«Neste mês de dezembro, em que se inicia o Ano Dedicado à Vida Consagrada na Igreja, dedicamos a rubrica “a nossa gente” à Irmã Cristina, um exemplo de dedicação ao próximo.
Cristina Riço Mendes nasceu a 14 de novembro de 1968, em Kaiserslautern, na Alemanha. Filhade pais portugueses, a Irmã Cristina tinha apenas cinco anos quando a família regressou a Portugal, fixando-se na Gafanha da Nazaré, de onde a mãe era natural.
A Irmã Cristina iniciou os seus estudos na Escola Primária da Cambeia, a que se seguiu o Ciclo, na Gafanha da Nazaré. Concluído o Ensino Secundário, que frequentou nos Liceus Homem Cristo e José Estêvão, em Aveiro, optou por enveredar pela Vida Religiosa, ingressando no Noviciado do Instituto Secular das Irmãs de Maria Schoenstatt. Com 19 anos de idade, tomou o hábito no dia 27 de setembro de 1987 e continuou a sua formação no Noviciado por mais um ano.
Entre 1991 e 2000, a Irmã Cristina foi Agente de Pastoral na Paróquia de S. Pedro de Azurém, em Guimarães, onde também dedicava o seu tempo à Creche do Centro Social Paroquial.
Durante todos estes anos, trabalhou sempre no Movimento Apostólico de Schoenstatt, focando-se inicialmente nos mais jovens e nas crianças e, mais tarde, também nos adultos.
No ano 2000, a Irmã Cristina regressou à Gafanha da Nazaré, onde continuou o seu trabalho nos diversos Ramos do Movimento nas Dioceses de Aveiro e Coimbra. Neste seu trabalho de evangelização testemunhou que esta Aliança de Amor com Maria é um caminho de santidade para muitas pessoas e inspira o compromisso de Schoenstatt com a Nova Evangelização, em projetos missionários e sociais, projetos educativos e iniciativas em várias áreas da sociedade.
Dedicada aos estudos, a Irmã Cristina voltou à Alemanha para frequentar uma Formação de um ano na Casa Mãe do Centro Internacional das Irmãs de Maria (2003-2004), tirou o bacharelato em Ciências Religiosas, no ISCRA – Instituto
Superior de Ciências Religiosas de Aveiro (2004-2007) e foi Superiora Delegada da Comunidade das Irmãs (2007 a 2013). É desde 2007 Presidente da Direção do Centro Social Padre Kentenich, uma Instituição Particular de Solidariedade Social do Município de Ílhavo que nasceu por iniciativa do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt e tem como objetivo a promoção do desenvolvimento da pessoa humana em todas as dimensões, tendo como modelo de atuação a Pedagogia do Fundador da Obra Internacional de Schoenstatt, o Padre José Kentenich. A 10 de setembro de 2010 viu inaugurada a primeira Resposta Social: a Creche “Jardim de Maria”, que tem como missão “Educar para a Vida”, contribuindo para a educação global e harmoniosa das crianças e suas famílias.
A grande dedicação da sua vida é o Movimento de Schoenstatt, um movimento de apostolado, de espiritualidade e de educação, tendo como elemento central o Santuário, para o qual a Irmã Cristina convida todos a peregrinar e experimentar este “Oásis de Paz”, um “Novo Belém” do Município de Ílhavo.

Em agenda “Viver em…” da CMI



NOTA: Conheço a Irmã Cristina desde que regressou com a família da Alemanha à Gafanha da Nazaré e sempre a apreciei pelo sua maneira de ser e de estar, vendo nela, ainda enquanto mais jovem, uma pessoa serena, sorridente e simpática. Indiciava, pela sua postura, que seria diferente das demais, apreciando eu a sua inclinação e depois decisão de abertura comprometida ao transcendente. Daí, a sua opção de entrar na escola de Nossa Senhora, que a levaria, com mais convicção, a Jesus Cristo, tendo como mestre de jornada o Padre José Kentenich. O essencial da sua caminhada de entrega a Deus e aos outros está patente no texto que a agenda “Viver em…” da CMI em boa hora publicou, integrado na rubrica “A nossa gente”. 
Quando percebemos que se faz justiça, independentemente dos ideais políticos, artísticos, sociais ou religiosos, não posso deixar de louvar quem assim procede. E neste caso, apesar da Irmã Cristina ser uma pessoa de ação, de oração e de partilha, ao jeito do Instituto das Irmãs de Maria que não busca as honras, porque vive para servir, gostei de a ver a abrir-nos a porta do Santuário, um lugar onde é bom estar, vendo-se ao funda a Mãe Admirável e o Cristo Redentor.

FM

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

1.º de Dezembro


Por decisão política, o Governo de Portugal acabou, entre outros, com o feriado do 1.º de Dezembro. Nasci com o culto dessa efeméride e escrevi, diversas vezes, contra o desinteresse do  nosso povo pelos feriados. 
Acontece que hoje,  1.º de Dezembro, data da nossa libertação do jugo Filipino, me senti um pouco triste. Não havendo festas oficiais, afinal recordei,  como alguns, no grupo dos quais me incluo, a vontade férrea dos conjurados   que arriscaram  a vida, com coragem e determinação, em nome da dignidade de um povo que estava oprimido. Mas seria muito mais válido se todos pudéssemos ficar livres para olharmos para trás, nem que fosse no recato das nossas casas, sem trabalhos que os feriados pressupõem e mesmo sem alinharmos nas festas oficiais,  meditando simplesmente sobre a heroicidade dos nossos antepassados.  
Não vale a pena chamarem-me nostálgico, porque estão a perder tempo. A declaração de um feriado, para além de tudo e no meio das nossas tarefas quotidianas, tem o valor de nos estimular a lutar por ideais talvez um pouco a passarem de moda. Seria bom que retomássemos alguns feriados. 

O lamaçal: ética e política

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias de sábado

1. Tenho aqui escrito muitas vezes que, ao contrário do q ue se pensa, fé e acreditar não são em primeiro lugar categorias religiosas. Trata-se do fundamental da existência, no sentido de que, sem fé, crédito, confiança, ninguém pode viver bem. O que mais falta faz no país não é precisamente a confiança e o crédito? A nossa vida está baseada, em todos os domínios, na confiança (vem de fides, fé) e no crédito (vem de credere, crer, acreditar) que damos aos outros e à vida e que eles nos dão a nós, de tal modo que podemos crer e confiar em nós próprios, abrindo futuro pessoal e colectivo.
Assim, a crise em que o país está mergulhado é a pior, porque minou a confiança. No meio deste lamaçal, em quem se pode confiar?

“Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho"

O mais recente livro 
de Georgino Rocha



“Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho — Reflexões dominicais e festivas” é o mais recente livro de Georgino Rocha. Trata-se de uma obra celebrativa do seu jubileu presbiteral que traduz, de forma visceral, as suas vivências ao serviço do Reino, desde a sua ordenação que aconteceu há 50 anos, concretamente no dia 15 de agosto, em cerimónia presidida pelo então Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade. 
Este livro, que acaba de vir a lume, vem juntar-se à sua já muito completa bibliografia e surge na senda de outros em que, de forma dinâmica e responsável, o autor se interpela e nos interpela quanto ao empenhamento eclesial, culural e social de todos, a partir da leitura da Palavra de Deus, tendo por pano de fundo os tempos litúrgicos de cada domingo e outros dias festivos. É portanto uma obra essencial para se sair do ramerrão dos nossos quotidianos, sendo certo que, muitas vezes, ouvimos e vivemos a correr o que a Igreja nos propõe para a partilha prática da fé no dia a dia de cada semana.
Li com gosto o Prefácio do agora Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, e outros textos do autor, bem como algumas reflexões, muitas das quais me levaram a meditar sobre a Palavra de Deus para a atualidade, que Georgino Rocha, por amável deferência, me cede regularmente para publicação no meu blogue Pela Positiva. Por isso, posso afirmar que, desta feita, com a edição deste trabalho, fiz questão de reler algumas meditações, com o sabor que o livro, e só ele, de forma palpável, nos dá. 
Corroboro as afirmações de D. António Francisco no Prefácio, sobretudo quando garante que “Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho” «é um hino de louvor a Deus ao jeito do salmista que logo pela manhã faz sua a Palavra de Deus, a medita, contempla, reza e partilha com os companheiros de cada jornada». 
Na Apresentação — Voando nas asas da aurora —, Georgino Rocha cita o Papa Francisco, dizendo que «A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos». E citando de novo o Papa, frisa que a mesma fé «faz compreender a arquitetura das relações humanas… ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum (Lumen Fidei, 51)».
Olhando para si próprio, o autor agradece ao Senhor «os prodígios e as maravilhas» que Ele operou na sua vida e no seu ministério, implorando a «bênção divina para continuar a crescer na fé e anunciar a alegria do Evangelho até alcançar a meta» . E finaliza a Apresentação assim: «Tenho-me sentido bem no regaço da Mãe e aguardo confiante, apesar dos meus pecados, o colo de Deus-Pai.»
O autor dedica esta obra a D. Manuel de Almeida Trindade que o ordenou, aos padres de Calvão, em especial Augusto Gomes,  Messias Hipólito e Filipe Rocha, seu irmão, que o apoiaram, aos seus pais e familiares, bem como às "mestras da doutrina", que nele plantaram as primeiras "raízes" da sua vida de discípulo missionário.
Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho — Reflexões dominicais e festivas” foi editado pela Lucerna, contando com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro. A capa é de Rita Maia e Moura e a execução gráfica é da Artipol. 
O apresentação pública deste livro será brevemente, em data a anunciar.

Fernando Martins

Uma árvore no meu coração


NESTE NATAL

“Neste Natal quero armar uma árvore dentro do meu coração
E nela pendurar, em vez de presentes,
Os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos antigos e os mais recentes.
Os amigos de longe e os amigos de perto.
Os que vejo em cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos.
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que sem querer eu magoei ou sem querer me magoaram.
Os meus amigos humildes e os meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida.
Muito especialmente aqueles que já partiram
e de quem me lembro com tanta saudade.
Que o Natal permaneça vivo em cada dia do ano novo.
E que a nossa amizade seja sempre uma fonte de luz e paz
em todas as lutas da vida.”


De autor desconhecido. Publicado na Revista XIS, no Natal de 2003

domingo, 30 de novembro de 2014

Advento e Natal



Começa hoje o Advento, tempo litúrgico que nos conduzirá ao Natal de Jesus. Natal de Jesus e natal de cada um de nós, se soubermos descobrir e sentir que na simbologia do nascimento do nosso Salvador está ou pode estar o princípio de vidas renovadas, por isso abertas ao transcendente e à partilha com todos os homens e mulheres do tempo que vivemos, em especial os mais sofredores. 
Até ao Natal, tentarei publicar algo que nos ajude nesta caminhada de bondade, de ternura, de partilha e de solidariedade. Poemas, imagens e textos expressivos de artistas de vários quadrantes, mas também dos meus leitores e amigos que tiverem a gentileza de  entrar  no mundo do ciberespaço, que o mesmo é dizer de todos quantos, em qualquer canto da terra, se cruzarem com o meu blogue.
Bom Advento e Bom Natal para todos.

Fernando Martins 



Melhor do que esperar é ser esperado

Crónica de Frei Bento Domingues 

 
A esperança merece todos os elogios. 
Sem ela é impossível viver. 
Mas melhor do que esperar é ter a certeza
 de que somos desejados e esperados

1. Hoje é o primeiro Domingo do Advento. Mudou o cenário exterior das celebrações litúrgicas, quanto a paramentos, velas, textos e músicas. Estas modificações de ornamento só merecem atenção se exprimirem a urgência de um novo impulso na alma profunda da Igreja, isto é, dos cristãos, assim como nas reformas das instituições mais resistentes à mudança.
Tornou-se convencional dizer que o Advento convida à vigilância e à meditação, para entrar no misterioso sentido do tempo. Não apenas o que é medido pelo relógio e desfolhado nos calendários, no fluxo cósmico das estações, no ritmo biológico que vai dizendo o nosso desgaste inexorável. No entanto, como diz S. Paulo, não nos deixemos abater. Pelo contrário, embora o nosso aspecto exterior vá caminhando para a sua ruína, a nossa vida interior renova-se dia a dia (…) pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno (2 Co 4, 16-18).
A pergunta mais importante desta quadra litúrgica não é sobre as nossas experiências de outono da vida, mais chuvoso ou mais ameno. Poderia talvez ser formulada assim: qual é a graça regeneradora, para não aceitarmos - usando as palavras do Papa Francisco – que milhões de seres humanos, nossos irmãos, vegetem e morram com o estatuto de sobrantes e descartáveis?

sábado, 29 de novembro de 2014

O verdadeiro chefe

"O verdadeiro chefe não é aquele que faz tudo por si mesmo,
 mas aquele que sabe fazer-se ajudar"

Lyautey



O lamaçal: ética e política

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

1.Tenho aqui escrito muitas vezes que, ao contrário do que se pensa, fé e acreditar não são em primeiro lugar categorias religiosas. Trata-se do fundamental da existência, no sentido de que, sem fé, crédito, confiança, ninguém pode viver bem. O que mais falta faz no país não é precisamente a confiança e o crédito? A nossa vida está baseada, em todos os domínios, na confiança (vem de fides, fé) e no crédito (vem de credere, crer, acreditar) que damos aos outros e à vida e que eles nos dão a nós, de tal modo que podemos crer e confiar em nós próprios, abrindo futuro pessoal e colectivo.
Assim, a crise em que o país está mergulhado é a pior, porque minou a confiança. No meio deste lamaçal, em quem se pode confiar?

Nota: Transcrito do DN online. Texto completo na segunda-feira

Deus ainda tem futuro?

O mais recente livro de Anselmo Borges



Anselmo Borges, padre, professor de Filosofia da Universidade de Coimbra e colunista do Diário de Notícias, acaba de publicar mais um livro, cujo lançamento vai ter lugar nos próximos dias 2, 3 e 4 de dezembro, respetivamente, no Porto, Coimbra e Lisboa, enriquecido por debates, com intervenientes de várias áreas. Trata-se de uma obra coordenada por Anselmo Borges a partir de um colóquio internacional denominado "Igreja e Missão 2013", realizado em Valadares (Gaia), em outubro de 2013.
No dia 2, o programa está explícito na imagens e no dia 3 a apresentação vai acontecer na sala S. Pedro da Biblioteca da Universidade de Coimbra, pelas 18.30 horas, participando no debate, com tema de fundo “Deus na era da Ciência”, para além do autor, Carlos Fiolhais e Javier Monserrat.
No dia 4, no Centro Nacional de Cultura, rua António Maria Cardoso, 68, Lisboa, pelas 18.30 horas, participam Guilherme d’Oliveira Martins, Javier Monserrat, Manuel Oliveira da Silva e o autor, sendo o tema ”Futuro sem Deus?”. O livro que ainda não li aborda temas pertinentes, como é de supor.
Leio semanalmente as crónicas de Anselmo Borges que saem no Diário de Notícias, aos sábados, e que transcrevo para o meu blogue. Posso garantir, portanto,  que este trabalho pode ajudar todos os leitores a refletir sobre as problemáticas dos nossos tempos vistas à luz dos valores cristãos, com muitas e diversas referências a pensadores qualificados das mais variadas correntes do pensamento.
É óbvio que a participação nos debates em que se insere o lançamento do Livro “Deus tem futuro?” será uma mais-valia para leituras mais consistentes do trabalho que Anselmo Borges coordenou para oferecer aos seus leitores e a quantos se interessam pelo tema.

Fernando Martins

Sobre o livro pode ler um texto de António Marujo

Vinde, Senhor Jesus!

Reflexão de Georgino Rocha

 Fizeste-nos, Senhor, para Vós, 
e inquieto andará o nosso coração
 até em Vós repousar

“Vinde, Senhor Jesus” constitui uma síntese feliz do encontro da aspiração humana com o desejo expresso por Deus conservado nos textos bíblicos e, agora, proclamado na Igreja, sobretudo nas celebrações dominicais. Condensa a atitude de confiança suplicante do povo crente ao longo do Antigo Testamento, sobretudo dos sábios e dos profetas. E também das pessoas que se encontram com Jesus nos caminhos, nas aldeias e cidades da Palestina. E ainda das comunidades nascidas do testemunho e ensino dos Apóstolos. E da Igreja orante em todos os tempos, especialmente no Advento. Encontro que desvenda a nossa matriz mais original que Santo Agostinho, de modo belo e acertado, resume ao afirmar: Fizeste-nos, Senhor, para Vós, e inquieto andará o nosso coração até em Vós repousar.

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Morreu o engenheiro Sousa Veloso

Um parto ao vivo filmado em Vagos

Eng. Sousa Veloso

Soube hoje que morreu o engenheiro Sousa Veloso. Tinha 88 anos e realizou e apresentou, durante uns 30,  o programa “TV Rural” na RTP, visto não só pelos agricultores, mas também pelos citadinos e amantes da natureza. Falava com simpatia e conhecimentos avançados para a época, no sentido de contribuir para a modernização da agricultura, marcadamente identificada com métodos ancestrais de produção agrícola. Eu sempre via com gosto, aos domingos, o “TV Rural”, e até parece que estou a ouvi-lo dizer, com um sorriso no olhar, a frase final: "Despeço-me com amizade, até ao próximo programa".
Recordo, com a nitidez possível, um episódio ocorrido em Vagos, não sei em que  aldeia, quando ele estava a entrevistar um dinâmico agricultor, João Pandeirada. De repente surge um garoto, a correr, chamando o entrevistado, porque uma sua vaca estava em hora de parto. Todos correram para o curral, com os técnicos a filmar e a gravar a corrida e a cena, sem quaisquer condições nem arranjos preparatórios para a filmagem. Não consigo lembrar-me  do teor da conversa durante e depois do nascimento do vitelo, mas as imagens ainda as tenho na minha memória.

Thanksgiving




A gratidão é o único 
tesouro dos humildes
William Shakespeare


Várias pessoas de estirpe enalteceram o valor da gratidão. Remontando à antiguidade, já Epicuro dizia que as pessoas felizes lembram o passado com gratidão, alegram-se com o presente e encaram o futuro sem medo. Há evidências de que a gratidão gera bem estar, pois predispõe a mente para uma focalização positiva da vida. Pessoas mais gratas são naturalmente mais felizes, é um dado adquirido.
Se há um povo que tem este valor arreigado, sem dúvida é o povo americano. Para além de terem o dobro dos feriados que nós temos, há um que ocorre na 4º 5ª feira de novembro, chamado Thanksgiving (Ação de Graças), unicamente para agradecer a Deus, todos os dons da vida. Num jovem país com apenas dois séculos de história, é algo surpreendente.
É, precisamente, movida por este sentimento relativamente a uma pessoa que mergulhou na sociedade americana, o meu saudoso pai, que lembro com prazer esta efeméride.
Sendo ele uma pessoa bem formada e informada, passou pelo processo de aculturação e foi um elemento ativo e interventivo em terras do Tio Sam.
Recordo vivamente o conhecimento que tinha da cultura e da história americana e do domínio que já possuía da língua inglesa, aliás, um pré-requisito, para a aquisição da cidadania. A forma empenhada com que discutia as grandes questões da vida americana, como a luta dos negros pela igualdade de direitos, personificada em Luther King, as estratégias políticas do clã Kennedy, o fervor democrático do Novo Mundo, incutia, na sua prole, o respeito e a gratidão por uma nação que significou o futuro da sua família.
É com particular emoção e carinho que trago à memória, o que nos foi narrado, sobre esta celebração americana que o nosso pai vivenciou e partilhou durante sete anos.