segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

São Jacinto celebra aniversário

Freguesia chega aos 59 anos com queixas sobre a “saúde”, mas com promessas de normalização das relações com a “mãe” Câmara Municipal de Aveiro (CMA)

«S. Jacinto assinalou, ontem, o 59.º aniversário da criação daquela freguesia. Entre queixas sobre o abandono a que se sentiu votada “nos últimos oito anos”, escutou Ribau Esteves garantir “tempos de mudança positiva” nas relações entre aquela freguesia e a CMA.
Ao Diário de Aveiro, António Costeira referiu que “a freguesia não está muito saudável, mas está à medida dos dias que vivemos actualmente, com muitas dificuldades, mas com a responsabilidade e o interesse em tentar melhorar”.»


Nota: Ao ler esta notícia, como leio, normalmente, o que a São Jacinto diz respeito, logo me lembrei dos bons momentos que lá passei como professor, durante dois anos. Mas também me lembrei de uma conferência proferida por Mons. João Gonçalves Gaspar, em 2003, nas comemorações do quinquagésimo aniversário da criação da paróquia, primeiro passo ou passo importante para a criação da freguesia, que ocorreu em 16 de fevereiro de 1955, por decreto governamental n.º 40.065.
Aqui ofereço ao povo e amigos de São Jacinto fotocópia do decreto da criação da paróquia, assinado por  D. João Evangelista de Lima Vidal, Bispo de Aveiro, em 3 de Fevereiro de 1953. E ainda uma fotocópia das assinaturas dos membros da Comissão "Pró - São Jacinto".




Nota: Imagens e referências retiradas da conferência proferida por Mons. João Gaspar em São Jacinto, a que tive o prazer de assistir.

QUARESMA DE 2014

Mensagem do Papa 




«À imitação do nosso Mestre, nós, cristãos, somos chamados a ver as misérias dos irmãos, a tocá-las, a ocupar-nos delas e a trabalhar concretamente para as aliviar. A miséria não coincide com a pobreza; a miséria é a pobreza sem confiança, sem solidariedade, sem esperança. Podemos distinguir três tipos de miséria: a miséria material, a miséria moral e a miséria espiritual. A miséria material é a que habitualmente designamos por pobreza e atinge todos aqueles que vivem numa condição indigna da pessoa humana: privados dos direitos fundamentais e dos bens de primeira necessidade como o alimento, a água, as condições higiénicas, o trabalho, a possibilidade de progresso e de crescimento cultural. Perante esta miséria, a Igreja oferece o seu serviço, a sua diakonia, para ir ao encontro das necessidades e curar estas chagas que deturpam o rosto da humanidade. Nos pobres e nos últimos, vemos o rosto de Cristo; amando e ajudando os pobres, amamos e servimos Cristo. O nosso compromisso orienta-se também para fazer com que cessem no mundo as violações da dignidade humana, as discriminações e os abusos, que, em muitos casos, estão na origem da miséria. Quando o poder, o luxo e o dinheiro se tornam ídolos, acabam por se antepor à exigência duma distribuição equitativa das riquezas. Portanto, é necessário que as consciências se convertam à justiça, à igualdade, à sobriedade e à partilha.»

Francisco, Papa 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Um poema de Ary dos Santos

Por sugestão
do Caderno Economia
do Expresso

Arte Peripoética

Aristóteles, visita
da casa de minha avó,
não acharia esquisita
esta forma de estar só
esta maneira de ser
contra a maneira do tempo
esta maneira de ver
o que o tempo tem por dentro.
Aristóteles diria
entre dois goles de chá
que o melhor ainda será
deixar o tempo onde está
pô-lo de perto no tema
e de parte na poesia
para manter o poema
dentro da ordem do dia.
Aristóteles, visita
da casa da minha avó,
não acharia esquisita
esta forma de estar só.
Ele sabia que o poeta
depois de tudo inventado
depois de tudo previsto
de tudo vistoriado
teria de fazer isto
para não continuar
com que já estava acabado
teria de ser presente
não futuro antecipado
não profeta não vidente
mas aço bem temperado
cachorro ferrando o dente
na canela do passado
adaga cravando a ponta
no coração do sentido
palavra osso furando
pele de cão perseguido.
Aristóteles, visita
da casa da minha avó,
não acharia esquisita
esta forma de estar só
esta maneira de riso
que é a mais original
forma de se ter juízo
e ser poeta actual.
Aristóteles, visita
da casa da minha avó,
também diria antes só
do que mal acompanhado
antes morto emparedado
em muro de pedra e cal
aonde não entre bicho
que não seja essencial
à evasão da palavra
deste silêncio mortal.

Ary dos Santos,
em Adereços, Endereços.
Lisboa, 1965.

Ficção para compreender o mundo

«O ter-me tornado um leitor modificou-me muito, o livro e a leitura são talvez a forma mais reflexiva de olhar para o mundo e de o compreender. Percebe-se o mundo em parte pela televisão mas ela distorce a realidade, enquanto o livro… E não falo apenas do livro rigoroso do historiador mas da ficção. O Eduardo Lourenço dizia que conhecemos ainda mal como se vivia no Estado Novo porque há muito poucos romances e pouca ficção dessa época.»


 Eduardo Marçal Grilo, 
em entrevista a Maria João Avillez
 para o caderno 2 do PÚBLICO de hoje


CÓDIGO GENÉTICO (3)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de hoje



1. Os seres humanos só podem viver como humanos acolhendo, criando e recriando, desconstruindo e reconstruindo as narrativas simbólicas da sua condição inacabada. Apesar de todas as máquinas de desumanização, nunca esgotaremos a música, a poesia, a literatura, a pintura, a beleza das civilizações antigas e modernas.

É próprio da linguagem simbólica viver em figurações materiais, finitas, historicamente marcadas, em passagem permanente ao intemporal, ao infinito, superando-se na sua própria configuração concreta, limitada. A religião e as artes vivem do mesmo fundo de intranquilidade. Apesar de todas as tensões, têm, no impulso de transcendência, uma alma comum, que só morre ou se eclipsa quando instrumentalizada.

Como escreveu Fernando Pessoa, a literatura, como toda a arte, é uma confissão de que a vida não basta. Mas também não a pode substituir.

sábado, 15 de fevereiro de 2014

OUDINOT SEM CHUVA




Estava com saudades de um dia sem chuva. Dá para ver que tive sorte. Há um velho ditado que diz: "Não há sábado sem sol, domingo sem missa e segunda-feira sem preguiça." Veremos se se confirma. Estou em crer que sim.

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O Papa e o maldito sexo. 2

Crónica de Anselmo Borges 

Papa Francisco


Num gesto sem precedentes, o Papa Francisco enviou aos católicos de todo o mundo um inquérito com 39 perguntas, para saber directamente e não já só pelos bispos o que se passa em domínios considerados tabu: novas formas de família, casais homossexuais, uniões de facto, relações pré-matrimoniais, divorciados que voltam a casar e a sua relação com os sacramentos, adopção, contracepção, uniões à experiência, educação religiosa das crianças...



FELIZES OS PUROS DE CORAÇÃO

Uma reflexão de Georgino Rocha 
para esta semana


Jesus sonha um homem novo, feliz, e faz a sua proposta de vida no ensinamento das bem-aventuranças. O local escolhido é a montanha que evoca o sítio em que Deus selou a aliança com o seu povo e lhe deu um código de comportamentos – os mandamentos. No Sinai, Moisés recebe a Lei. Neste monte, Jesus confirma o valor das promessas feitas por Deus e abre-lhe horizontes mais rasgados. 

O Reino – expressão usada para designar esta realidade – está já em realização e o coração prepara-se para o acolher e manifestar. Jesus vem não anular, mas potenciar; não denegrir, mas fazer brilhar; não aprovar os sinais exteriores, mas valorizar as atitudes interiores; não adiar a satisfação das aspirações, mas garantir que, desde já, a felicidade é possível se os ouvintes/discípulos viverem a sua proposta em todas as dimensões.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Mais um jornal online



Até ao fim do primeiro semestre do corrente ano, teremos mais um jornal online, que se afirma independente e fruto de «um novo grupo de comunicação que é 100% português e tem visão global». Nasceu «sem os condicionamentos do papel e assume o sei caráter inovador». Por cá fico à espera para ver e para ler... 

Ver mais aqui


Dia de S. Valentim - 14 de fevereiro

Crónica de Maria Donzília Almeida 
para o Dia dos Namorados


Gosto de pensar no amor 
na terceira idade como um renascer

As intempéries que têm vindo a assolar-nos, neste inverno tenebroso, tanto na meteorologia como na política deste país, têm dado o seu contributo para o humor depressivo deste povo paciente! São muitos os contratempos que a natureza nos tem apresentado e a capacidade de tolerância e encaixe vão diminuindo.
O inverno é mesmo assim, taciturno e melancólico. Mas, alegremo-nos, pois vem aí a efeméride que tem o condão de nos tirar deste torpor depressivo em que mergulhámos.
O Dia de S. Valentim, mais conhecido por Dia dos Namorados, já que estes pouco se importam com a figura do santo, aí vai estar com pompa e consumismo. 
As superfícies comerciais rejubilam com este evento, já que fazem medrar os seus rendimentos. As montras exibem toda uma panóplia de artefactos, que satisfazem os gostos mais requintados e fazem as delícias dos apaixonados.

"Evangelii Gaudium" desafia toda a Igreja

Padre Georgino Rocha considera 
a exortação "uma obra magistral"



O clero de Aveiro foi alertado para os inúmeros desafios lançados a toda a Igreja na exortação apostólica "Evangelii Gaudium". O padre Georgino Rocha, no último dia das jornadas de formação permanente, condensou os principais desafios do que considera ser "uma obra magistral" da autoria do Papa Francisco. 
O sacerdote aveirense afirmou, logo a abrir a sua comunicação, que a "Evangelii Gaudium" é um "texto muito agradável, bem exortativo, num estilo tipo anúncio querigmático".
Citando o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, D. Rino Fisichella, o sacerdote aveirense mostrou que há "uma continuidade de gestos e palavras" entre o Arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio e o Papa Francisco.


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Um livro para humanizar a sociedade

“Humanizar a Sociedade — Responsabilidade de todos 
Contributo dos mais vulneráveis 
Ensaios, propostas e testemunhos”


Este é o mais recente livro de Georgino Rocha, presbítero da Diocese de Aveiro com responsabilidades pastorais, culturais, académicas e outras, mantendo sempre uma «ligação aos mais vulneráveis e acompanhando grupos de intervenção nas áreas da pobreza, da doença, da prisão, da itinerância (designadamente dos ciganos), da formação de jovens, dos membros das conferências vicentinas e dos agentes da Cáritas», como se lê na contracapa. Com tal currículo, este trabalho é, à partida, uma mais-valia para a formação de crentes e não crentes envolvidos na problemática social e caritativa, todos decerto apostando na humanização da sociedade. 

Capela de S. Gonçalinho com mais 150 anos

Garante o historiador Amaro Neves 


Capela de S. Gonçalinho em dia das cavacas

«Quando, por ocasião das Festas de S. Gonçalinho deste ano, a Mordomia convidou Amaro Neves para intervir na cerimónia que visava assinalar os três séculos da capela, o historiador aveirense fez questão de avisar que não concordava com a tese dos 300 anos do templo.
A mordomia de S. Gonçalinho, presidida por Fernando Catarino, demonstrando saudável 'fair-play', manteve o programa e deu liberdade total de intervenção a Amaro Neves. O historiador gostou e lembra-se de, no dia da sessão que decorreu na Capela de S. Gonçalinho, ter dito que trazia uma prenda: "Mais 150 anos".»

A vergonha do aborto gratuito

Crónica de João Miguel Tavares no PÚBLICO 




De todos os temas dito fracturantes, nenhum é tão complexo como o aborto. Ao mesmo tempo que não existe consenso possível sobre o significado de “vida” e de “pessoa”, é igualmente impossível defender que o feto é apenas uma agremiação de células indistintas, como quaisquer outras.
O que ali está pode não ser “vida”, mas “vida em potência” é certamente, e este simples facto, em conjunto com uma vontade genuína de compreender os argumentos de ambas as partes, poderia ter conduzido o governo que conseguiu a liberalização do aborto até às 10 semanas a um mínimo de equilíbrio e de prudência quando se tratou de propor a regulação da lei n.º 16/2007. Não foi o que aconteceu. O aborto até às 10 semanas não só passou a ser permitido por opção da mulher, como lhe foi dado um estatuto equivalente ao da gravidez: isenção de taxas moderadoras e licenças até 30 dias pagas a 100%.

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quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O Miguel Lencastre (Padre)

Um texto de José António da Piedade Laranjeira,
no Correio do Vouga de hoje

Padre António Maria, Fernando Martins, Daniel Rodrigues e Padre Miguel Lencastre


O "Correio do Vouga" de hoje (22 de janeiro) dava, para mim, a inesperada notícia: "Faleceu no Brasil, aos 84 anos, o padre... Miguel Lencastre". Notícia que me apanhou em falta para com o Miguel, o que, mais uma vez, veio pôr em evidência o "não guardes para amanhã o que podes fazer hoje". Foi uma triste notícia que me pôs a recordar os tempos em que nos conhecemos e partilhámos, com mais noventa e oito colegas, uma antiga cavalariça transformada em caserna, ali na Escola Prática de Artilharia, sita na então vila de Vendas Novas, no Alentejo.
Éramos soldados-cadetes a frequentar o curso para oficiais milicianos e por lá passamos, em conjunto, as agruras, para quem não é da região, do clima do alentejo (calor de desmaiar e frio de rachar), e vencendo as dificuldades próprias do curso lá saímos com o posto de Aspirante a Oficial Miliciano.
Mas o Miguel não era fácil de se submeter às rígidas normas militares e era um dos mais irreverentes, encontrando saídas inesperadas para algumas situações que ofereciam riscos se fossem detetadas. Era um gosto vê-lo a planear as suas "manobras táticas" e foi um gozo quando, na récita que organizamos para a festa de encerramento do curso, ele e mais uns tantos se apresentaram como as "mais delicadas e elegantes bailarinas de um ballet russo contratado para aquela récita".
Em tempo, como estudante de Coimbra de capa e batina, viveu uma situação engraçada aqui em Albergaria-a-Velha, pois, pedindo com um outro colega boleia na Estrada Nacional n.°1, na proximidade da Branca e sob chuva intensa, foram atendidos por um automobilista que perante a situação os levou para a Casa Alameda, onde jantaram e dormiram. No dia seguinte, manifestaram interesse em agradecer ao senhor que tudo tinha pago e que devia ser um viajante de alguma empresa e ficaram estupefactos quando souberam que o benemérito era o médico Dr. Flausino Correia, a quem foram agradecer e convidar para participar no "Centenário da República" a que pertenciam.
Passados dias, tendo o Dr. Flausino Correia perguntado se poderia levar mais dois antigos académicos e um leitão assado e qual o traje para a cerimónia, veio a resposta: "Pode trazer os académicos com traje de passeio mas o leitão pode vir nu". (Não posso garantir mas esta resposta teve, de certo, dedo do Miguel.)
Entretanto, num dia de agosto, participando na missa que tinha lugar ao ar livre, na Praia da Barra, o padre que presidia deixou-me surpreso porque não me era estranho, mas a sua pronúncia de brasileiro levantava-me dúvidas, eliminadas quando, após a bênção, desceu do altar e veio-me abraçar. Tinha reencontrado o Miguel e logo ali o convidei para vir a Albergaria passar um serão connosco. Assim se verificou e fizemos-lhe a surpresa de também convidar o Dr. Flausino Correia e esposa e ali ficamos a conhecer outras facetas do percurso do Padre Miguel que usava o relógio de pulso voltado para baixo porque, como dizia... "é um símbolo da alteração da minha vida pois rodou 180 graus".
Do pouco que vivi ligado ao Miguel o que mais me impressionou foi o ter encontrado em Lisboa um nosso camarada de armas e este, à mesa do café, com um ar de muita preocupação, me ter dito: "Sabes como sou amigo do Miguel e ontem estive com ele e perante o que me confidenciou já decidi: vou entrar em contacto com a família e dizer-lhes que o Miguel não está bom da cabeça".
Perante a minha exclamação de surpresa e respectiva pergunta do porquê de tal decisão, a resposta veio seca: "Oh pá, ele quer ser padre... o Miguel!"
Quis ser... e foi.
Insondáveis e inesperados são os caminhos do Senhor.
Adeus, amigo. Descansa em Paz.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Dia Mundial do Doente



A Igreja Católica celebra hoje o Dia Mundial do Doente. E fá-lo para nos lembrar que os doentes devem merecer de cada um de nós uma atenção especial, envolvida pelo sentido da caridade fraterna, da disponibilidade a toda a prova, do amor incondicional. Quem sofre não pode ficar esquecido pelos seus amigos e muito menos ignorado pelos serviços de saúde estatais ou outros, nem tão-pouco pelos familiares próximos ou mais afastados. Mas ainda pelos colegas de trabalho e vizinhos.
Só quem já passou por períodos de doença mais ou menos prolongados saberá reconhecer, em plenitude, o valor dos cuidados que lhe dispensaram, o carinho e a simpatia de quem o visitou. Eu próprio, que estive acamado mais de dois anos na minha juventude, por doença pulmonar que hoje se trata sem cama, posso testemunhar a alegria que sentia quando amigos me visitavam, como dificilmente esquecerei a indiferença com que outros me distinguiram. A vida tem destas coisas. Os primeiros permanecem no meu coração, como é óbvio.
Então, que o Dia Mundial do Doente sirva, ao menos, para nos lembrar que há, garantidamente, amigos nossos que sofrem e que esperam a ternura da nossa amizade.

Pode ler a Mensagem do Papa Francisco para este dia.


A Gafanha

 

«[A Gafanha] Era um lençol desolador de areia branca, de dúzias de quilómetros quadrados, que os braços da laguna debruavam a norte, a leste e a poente, isolando do contacto da vida a solidão árida do deserto.
Lá dentro, longe das vistas, bailavam as dunas, ao capricho dos ventos, a dança infindável da mobilidade selvagem dos elementos em liberdade.
Brisas do mar e brisas da terra, ventos duráveis do norte em dias de estabilidade barométrica, e rajadas violentas de sudoeste a remoinharem no céu enfarruscado de noites tempestuosas, eram quem governava o perfil das areias movediças cavadas em sulcos e erguidas em dunas de ladeiras socalcadas a miudinho.
Era assim a Gafanha do tempo dos nossos bisavós: deserto enorme de areia solta, a bailar, ao capricho dos ventos, o cancan selvagem de uma liberdade sem limites.
Um dia, não longe ainda, um homem atravessou a fita isoladora da Ria e pôs pé na areia indomável. Não sabe a gente se o arrastava a coragem do aventureiro, se o desespero do foragido. De qualquer modo, ele fez no areal a sua cabana, à beira da água, e principiou a luta de gigantes do Gafanhão contra a areia.»

Joaquim Matias,
in Arquivo do Distrito de Aveiro,
vol IX, página 317

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O Mar pode chegar à Ria




Carlos Coelho: 

“O mar pode chegar à ria em menos de 30 anos 
mas o cenário de não fazer nada é pouco realista”

«Se nada for feito em 30 anos o mar estará ligado à ria. A ideia foi transmitida por Carlos Coelho, investigador do departamento de Engenharia Civil da Universidade de Aveiro. Ouvido esta semana em seminário organizado pela Delegação Distrital de Aveiro da Ordem dos Engenheiros, o investigador falou de uma progressão que se agrava com as condições climatéricas.


Grandes veleiros em 2016?

No Diário de Aveiro de hoje

Grandes Veleiros (Foto do meu arquivo)

Ílhavo quer voltar a acolher a festa 
dos grandes veleiros em 2016

Paulo Costa, que assume pastas como as da Cultura ou Turismo na Câmara de Ílhavo, avançou, ao Diário de Aveiro, a possibilidade de o município voltar a receber um grande evento náutico internacional. Prometida fica também a requalificação daquele que é um dos maiores cartazes do município, o Festival do Bacalhau

Jornalista:  Maria José Santana


Paulo Costa (Foto do meu arquivo)

Diário de Aveiro: Assume um dos novos pelouros da Câmara Municipal de Ílhavo, o da Maioridade. Porque decidiram ter um pelouro dedicado aos seniores?

Paulo Costa: A Câmara de Ílhavo tem, há já vários anos, diversas políticas que têm como público-alvo esta franja da nossa população, a que decidimos chamar de maioridade. Mas achámos que era necessário ter uma intervenção mais estruturada, mais profunda e envolvendo mais parceiros. Para isso, considerámos que seria importante, neste mandato, que fosse criado o pelouro da Maioridade. E foi assim que ele surgiu.
A esta altura, temos já preparado um conjunto de acções para, durante os próximos quatro anos, fazermos grandes mudanças e investimentos a este nível. Inaugurámos, há um ano, o Fórum Municipal da Maioridade; temos, há vários anos, a Semana da Maioridade; além de outros projectos para os idosos. Agora, estamos a preparar tudo para que, durante este ano, possamos, então, trazer à luz do dia um conjunto de projectos novos, que já estão a ser preparados.

Isso tem a ver também com o facto de a franja da população idosa ser cada vez maior…

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Código genético (2)

Crónica de Frei Bento Domingues  
no PÚBLICO de hoje



1. Nada é inocente, nada está irremediavelmente perdido, tudo precisa de nascer de novo, a começar pelas palavras da fé cristã e dos seus rituais. A dignidade essencial do ser humano manifesta-se, precisamente, na capacidade de se interrogar, de se corrigir, de mudar de rumo, de não se conformar com o mundo tal como se apresenta. A história do cristianismo está carregada de ambiguidades, de equívocos, de pecados, mas a conversão faz parte do seu caminho de reencontro com o seu “código genético”.