domingo, 3 de novembro de 2013

O Bico na Murtosa





No primeiro de novembro, Dia de Todos os Santos, alargámos a visita necessária a Pardilhó e fomos até ao Bico, na Murtosa. O tempo chuvoso e fresco, como se nota na imagem, com a Lita a contemplar a ria naquele recanto de barquinhos e poucos moliceiros, não deixou de abrir uma réstia de luz que quebrou a monotonia triste da natureza.

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Exposição Arte MIMA








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Reforma do Estado?



«O ex-ministro das Finanças [Bagão Félix] afirma que é mais difícil concretizar hoje, após dois anos e meio de governação, os pontos elencados no guião de Paulo Portas, devido aos cortes já feitos pelo Executivo, "mais ou menos arbitrários, e à "violação sistemática do princípio da confiança" que introduz variável de incerteza para o futuro.»

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Nota: Tenho para mim que se anda a brincar com coisas sérias. Os nossos políticos do Governo, ou aprendizes de política, não acertam uma. Agora vieram com o chamado Guião para a Reforma do Estado, que não conheço minimamente, mas de que ouço falar e tenho lido   na comunicação social. Penso  que mais não será do que umas folhas escritas com algumas intenções.
 Deixemo-nos de histórias e vamos diretos ao assunto. O que importa, a meu ver, é que os partidos políticos e demais  grupos de intervenção social, neles incluindo os sindicatos,  nos apresentem nas próximas eleições legislativas os seus projetos de Reforma do Estado. Têm tempo para isso. Façam-nos esse favor para ficarmos a saber quem é que tem coragem para o fazer e para então optarmos em consciência. Já sabemos que entre os partidos não há qualquer hipótese de diálogo, nem entre a direita nem entre a esquerda. Afinal, vivemos numa sociedade onde a falta de diálogo, a todos os níveis, é uma constante. Fico à espera das propostas, mas quase garanto que não haverá nenhuma com cabeça, tronco e membros. Portugal está entregue a políticos sem nível, pelo que vou vendo.

sábado, 2 de novembro de 2013

Papa quer opinião das paróquias


Papa envia inquérito a paróquias de todo o mundo
para preparar Sínodo da Família





«União de pessoas do mesmo sexo» 
e «Educação dos filhos 
no contexto de situações 
matrimoniais irregulares» 
entre outros  temas



«O Papa Francisco enviou às paróquias de todo o mundo o “Documento Preparatório” do próximo Sínodo dos Bispos com 35 questões sobre “Os desafios pastorais da família, no contexto da evangelização”, disse hoje à Agência ECCLESIA o padre Manuel Morujão.
“União de pessoas do mesmo sexo”, “Educação dos filhos no contexto de situações matrimoniais irregulares”, “Matrimónio segundo a lei natural” e “Pastoral para enfrentar algumas situações matrimoniais difíceis” são alguns dos temas do questionário enviado às conferências episcopais.
De acordo com o secretário e porta-voz da conferência Episcopal Portuguesa, o documento, com “uma dezena de páginas” foi enviado ao presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. Manuel Clemente, com o pedido de o fazer chegar “especialmente às paróquias” de cada diocese.»

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Os nossos mortos com presença viva

Igreja matriz de Pardilhó
Ontem foi dia de irmos ao cemitério de Pardilhó, terra natal da Lita, para falarmos com os nossos familiares que ali dormem o sono sem fim. Crentes que somos, não podíamos deixar de rezar por eles e de com eles conversar sobre tantas vivências em comum, com os nossos filhos a colherem a ternura que deles dimanava de cada gesto e sorriso. Ainda hoje, quando à baila vêm recordações que jamais nos abandonam, sabem imitar e repetir palavras e atitudes de bem que nos perpetuam no tempo presente e para além dele. 
Era o Dia de Todos os Santos, que desde menino me  habituei a celebrar, com a ajuda de minha mãe que me ia introduzindo nos caminhos da fé. Os homens entenderam suprimir este feriado, dando primazia a outros. Foi pena.

A vida dos defuntos


A fronteira da morte 
sempre me impressionou 
de forma interpelante


A fronteira da morte sempre me impressionou de forma interpelante. E agora?, pensava. Sinto-me só face aos desafios da vida Tenho de resolver problemas que não esperava, nem dependiam de mim. Recorro à memória e configuro o rosto dos meus familiares. Peço-lhes que me digam algo, me deem um sorriso, me inspirem uma solução. E o que recebo é um silêncio profundo, definitivo, que procuro interpretar.
Ressoa, então, o eco das suas vidas, das conversas havidas, das respostas dadas para as situações com que nos deparávamos. E a memória faz-se presença e a saudade encontro e comunhão. Nasce o desejo de entrar em contacto com eles, de os abraçar, de conhecer a sua sorte, de experienciar a qualidade da sua vida nova.

Os dias da memória e da interrogação

O escritor Erich Fried escreveu de forma provocatória: "Um cão/que morre/e sabe/que morre/ e pode dizer/que sabe/que morre/como um cão/é um homem." Na história gigantesca do universo, com 13 700 milhões de anos, sabemos que há ser humano, diferente dos outros animais, quando aparecem rituais funerários: eles revelam a presença de alguém que sabe que é mortal, que põe a questão da morte e do seu para lá.
A morte, aparentemente uma realidade tão simples e evidente - tudo o que vive morre, como diz a palavra portuguesa "nada", do latim res nata (coisa nascida) -, é o enigma e o mistério. Platão colocou aí uma das bases do filosofar, como também Pascal, Schopenhauer, Heidegger, entre muitos outros. Sim, a morte é natural, do ponto de vista biológico. Mas o homem não se reduz a biologia. Tem consciência de si enquanto eu, e, assim, abalado pela morte, protestava Unamuno: "Ai que me roubam o meu eu!" Na morte, o homem é confrontado com o nada e angustia-se. Face a algo de concreto que nos ameaça, temos medo; face ao abismo insondável do nada, o que surge é a angústia.

Amados e responsabilizados


QUERO FICAR EM TUA CASA

Georgino Rocha


Jesus decide ficar em casa de Zaqueu e comunica-o em público. Faz-se convidado. E não espera resposta. Parece senhor da situação e ter a certeza de ser correspondido. E de facto assim acontece. Há uma sintonia profunda entre a sua vontade e o desejo ardoroso de Zaqueu. Jesus vem procurar e salvar o que anda “perdido” e o chefe de publicanos de Jericó manifesta uma consciência inquieta e uma preocupação ansiosa. O encontro dá-se e a alegria brota espontânea de um coração agradecido. Que bom ter-nos chegado esta preciosidade para nosso exemplo e imitação!

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Fotografias de Valdemar Aveiro


No Museu Marítimo de Ílhavo



As memórias da pesca do bacalhau tardaram a surgir no espaço público. Crónicas e imagens permaneceram guardadas enquanto foi tempo de luto. Lentamente, quando a arca se abriu, uma após outra começaram a enriquecer-nos de histórias, alimentando uma herança cultural infinitamente rica, jamais revelada nas suas inúmeros capítulos de drama épico. Não muitos homens que andaram ao bacalhau construíram e partilharam memórias escritas e visuais, oferecendo-as em simultâneo. E poucos as produziram com o desassombro narrativo com que o faz o Capitão Valdemar Aveiro, homem de muitos talentos, ilhavense como quase todos os que governaram navios da lendária frota bacalhoeira portuguesa. 

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Hallowe’en

31 de outubro de 2013




Para acabar o mês, em beleza, aí está a tão apreciada e celebrada comemoração do Hallowe’en.
A meio do primeiro período letivo, é lembrado na escola e grandemente festejado e aplaudido pela criançada, sempre pronta para a brincadeira e apostada em saborear o bom da vida.
Este ano, a teacher também alinhou no espírito da festa e até construiu o famoso Jack o’ lantern, que lhe traz à memória aquilo que se passava nos seus tempos de meninice. 
No fim da colheita do milho e após este ter sido bem acondicionado, os irmãos mais velhos, colocavam nas esquinas dos caminhos de vacas, o modelo hoje referido. Era uma espécie de espanta bruxas e era pretexto para umas partidinhas que os mais jovens pregavam uns aos outros. A irreverência da juventude, sempre à flor da pele.
A partir da noite, esvoaçam, em bandos, as bruxinhas e os fantasminhas, batendo às portas, na repetição da lengalenga herdada dos países anglo-saxónicos: 

“Trick or treat
smell my feet,
give me something
good to eat!”

E assim, vão recolhendo umas guloseimas e chilreando em alegre e divertido convívio.
Numa altura em que se faz uma cerrada caça às bruxas, apetece-me invocar os nuestros hermanos: Yo no creo en las brujas, pero que las hay, hay!

M.ª Donzília Almeida


Crónica de Tete — 1

A História do Nilo  repete-se 

Ponte de Tete

Os dias por aqui correm calmamente, à parte as notícias das escaramuças entre o Governo e a Renamo, no centro do país, a cerca de 600 quilómetros de Tete.
Neste último mês, o nível do grande Zambeze (o nosso Tejo ao lado deste magnifico rio parece uma linha de água) subiu cerca de um metro, fruto das descargas em Cahora Bassa, tendo sido necessário baixar o nível da albufeira para fazer trabalhos de manutenção. Esta subida provocou a inundação das machambas mais baixas, coisa que é normal nesta altura do ano.
Esta ocorrência traz-me à lembrança as lições de História do Egipto, em que aprendemos que, na altura das cheias, o Nilo inundava as margens e fertilizava os terrenos, com os sedimentos que eram arrastados. Mais tarde, o nível acaba por baixar e as terras estão prontas para serem preparadas e as sementes lançadas à terra.
Nesta altura do ano, aguardam-se as chuvas que vão permitir o cultivo em terras mais altas, que neste momento estão de poisio, à espera das águas milagrosas que vão cair. É incrível como em terrenos que neste momento parecem desertos em breve brotará milho, sésamo, abóboras e outros produtos.
A temperatura tem subido, lembrando-nos que Tete é mesmo um local tórrido. Hoje são esperados uns 44.º e, como se não bastasse esta canícula brutal, quando o sol se põe, o abaixamento da temperatura não é muito significativo, havendo dias em que às 10 da noite ainda andamos acima dos 35.º. Vale-nos o ar condicionado, de casa, do escritório e do carro.

Jorge Ribau

Nota: Foto de Jorge Ribau (Ponte de Tete)

Júlio Dinis esteve na Gafanha

Atravessei a ponte da GAFANHA 
para visitar uma elegante propriedade rural 
que o primo, em casa de quem estou hospedado,
teve o bom gosto de edificar ali




Aveiro, 28 de Setembro de 1864

Meu caro Passos

Escrevo-te de Aveiro. São 7 horas da manhã de um histórico dia de S. Miguel. Acabo de me levantar. Acordou-me o silvo da locomotiva. Abri de par em par as janelas a um sol desmaiado que me anuncia o Inverno.
A primeira coisa que este sol alumiou para mim, foi a folha de papel em que te escrevo; aproveito-a, como vês, consagrando-te neste dia os meus primeiros pensamentos e o meu primeiro quarto de hora.
Aveiro causou-me uma impressão agradável ao sair da estação; menos agradável ao internar-me no coração da cidade, horrível vendo chover a cântaros na manhã de ontem, e imensas nuvens cor de chumbo a amontoarem-se sobre a minha cabeça, mas, sobretudo intensamente aprazível, quando, depois de estiar, subi pela margem do rio e atravessei a ponte da GAFANHA para visitar uma elegante propriedade rural que o primo, em casa de quem estou hospedado, teve o bom gosto de edificar ali.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Para evocar outros tempos

Aviação de S. Jacinto: 
Década de 50 do século passado




A excursão

São decorridos uns bons 30 anos [hoje diria 55 anos], a passar, desde que se fez aquela excursão ao Sul, organizada pelo Mestre Rocha, figura ímpar da Gafanha, homem de acção, e a quem se deveu, pode dizer-se, o primeiro estudo aéreo fotográfico da Gafanha da Nazaré! Tratando-se, embora, de um homem de reduzidas habilitações literárias, soube valorizar-se à custa de grande esforço. Na sua humildade, mas de personalidade bem vincada, dominou muitos anos a política local, desempenhando a preceito o papel de presidente da Junta de Freguesia.
Na Aviação, em S. Jacinto, soube guindar-se pelo seu aprumo e saber — era um excelente artífice — até chegar ao posto de Mestre entre o pessoal civil que, ao longo de várias décadas, tem dado o melhor do seu esforço, primeiro no Ministério da Marinha e depois, como actualmente, à Força Aérea. 
O Mestre Rocha, para além disto tudo, e daquilo que fica por mencionar, era ainda um excelente organizador, como provou na excursão que fizemos, e eu também tive oportunidade de seguir viagem ­— integrado à última hora por falta de confirmação de uns tantos.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Deus, questão para crentes e não crentes


José Tolentino Mendonça



Aquela palavra de São João, “a Deus nunca ninguém O viu” (1 Jo 4,12), trazemo-la como uma ferida. Nenhum de nós viu a Deus. E contudo a Sua presença, o Seu Amor, dá sentido às nossas vidas. Este paradoxo, que constitui ao mesmo tempo uma fonte de esperança, não deixa de ser um espinho. A maior parte do tempo, experimentamos apenas o desencontro de Deus, o Seu extenso silêncio. Buscamos a Deus sem O ver, acreditamos Nele sem O experimentar, escutamos a Sua voz sem verdadeiramente O ouvir.

O Marnoto Gafanhão — 14

Um texto inédito do Ângelo Ribau


O tempo já não era quente e estava-se bem na cama


Era Outono, o tempo já não era quente e estava-se bem na cama. Nessa noite o tempo estava mesmo frescote! E o tempo ia passando. Passou o Outono, chegou o Inverno.
Era agradável a frequência das aulas. Menos as deslocações, com os ventos fortes acompanhados de chuvas. As roupas impermeáveis que tínhamos de usar dificultavam os movimentos. Para o frio que por vezes fazia, bastava usar roupas mais quentes.
Entretanto chegou o tempo da apanha do moliço, com todos os problemas que acarreta: o frio e o gelo com todas as suas consequências. Mas o Toino estava mais crescido, com mais força, e isso facilitava-lhe a execução do trabalho. Só lhe fazia doer o coração era ver a estudantada passar na estrada, bem agasalhada, passando alegremente a caminho de Aveiro e ele ali atolado na lama, cheio de frio, zurrando (empurrando) os montes de moliço em direção à estrada! Mas este tempo também iria acabar para ele. Para isso, depois de trabalhar, ia estudar, e como quem corre por gosto não cansa, ao dia sucedia-se a noite de estudo, de esperança num futuro melhor. 
Passou o inverno, veio a primavera e o verão.
Veio o serviço das marinhas, o mesmo trabalho, as mesmas labutas. Preparar a marinha, “pô-la” a sal quando estiver preparada e depois colher o sal. Os quentes dias do verão com o vento nordeste que assava a pele, ou a fresca nortada que nos aliviava daquele forno, daqueles quentes dias do nordeste, que custavam a passar. Mas iam passando…