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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

A paixão de Jazzinta em novo disco e novo livro

Jazzinta:  momento de uma interpretação

Jazzinta  e Maria Joana Pereira

Maria Manuel e Rui Grácio
No dia 23 de fevereiro, no Hotel Moliceiro, em Aveiro, Jacinta Bola, docente universitária e cantora de Jazz, apresentou o seu mais recente disco e um livro, “Práticas Performativas no Jazz Vocal” – Uma auto etnografia crítico-analítica”. O disco, que afinal não é o tradicional disco, mas uma pen, bem ao gosto dos apreciadores das novas tecnologias, foi produzido por Maria Joana Pereira, manager da artista, e nele se refletem as artes de Jacinta e do músico Paulo Dantas. E o livro, da responsabilidade editorial da Grácio Editor, oferece aos seus leitores a tese de doutoramento da Jacinta, defendida na Universidade do Minho. 
Maria Manuel Baptista, Catedrática da Universidade de Aveiro, no âmbito de Estudos Culturais, apresenta, na Introdução, “reflexões, interrogações e perplexidades de um percurso artístico”, a propósito da paixão de Jazzinta, sua identificação no mundo do jazz. 
No lançamento do disco e do livro, Maria Manuel afirma que assumiu, perante a artista, apenas a tarefa de a ajudar a descobrir a sua paixão, já que, de música, não percebe “rigorosamente nada”. Nessa linha, levou a Jacinta a refletir, no sentido de encontrar o fio condutor de sua motivação, que começou a ganhar corpo e força. 
Depois de se interrogar sobre se o improvisar, fundamental no jazz, “será coisa que se aprende”, Maria Manuel frisou que o trabalho da artista “não é uma tese seca; tem vida”. O livro, adiantou, “é muito interessante”, porque reflete “muita paixão”. “A Jacinta enfrentou um júri muito exigente, que fez muitas perguntas”, às quais “respondeu brilhantemente”. 
Na referida Introdução, Maria Manuel Baptista afirma que a Jazzinta nos conta “uma história de paixão pela arte e pela música em particular”, mas também nos revela “a luta em busca do seu ser artista” e, ainda, “a desilusão e o confronto com a realidade do mercado cultural”. 
No lançamento do livro e do disco, a artista brindou os convidados com algumas interpretações do seu rico reportório, sobressaindo a técnica vocal poderosa que domina com expressão e paixão, enquanto Maria Joana deu conta de projetos e desafios, da seleção das músicas e dos concertos. 
Jacinta Bola confessou no livro que, quando retomou, em 2013, o ensino a tempo integral, a sua técnica vocal “melhorou exponencialmente”, para seu “grande espanto”, concluindo que, “dar aulas, ainda por cima, de canto”, fazia-lhe “bem à voz”. 
Presentemente, Jacinta Bola é professora no curso de música da Universidade Federal do Piauí, Brasil, e faz pesquisas na área de performance e improvisação do jazz vocal. Os seus alunos são, maioritariamente, cantores profissionais. 
O disco contém 12 interpretações de outras tantas composições, de que destacamos Nascente, de Flávio Venturini; Sinhá, de Buarque & Bosco; Bahia, de Ary Barroso; Sonho Mau (Ask me Now), de Tiago Torres da Silva / Monk; Chega de Saudade, de Moraes / Jobim; Chant / Think of One, de Jacinta; Roger Hall / Monk, e Aquele Abraço de Gilberto Gil, entre outras. A produção é de Maria Joana Pereira. Este álbum, denominado Semhora, é dedicado a todas as mulheres que são senhoras, sem hora. 

Fernando Martins 

domingo, 15 de outubro de 2006

Gotas do Arco-Íris – 35

AI A COR, A COR!...


Caríssimo/a: Brincar, jogar, viver a vida e aproveitar tudo o que de bom a Natureza nos oferecia para crescer. Assim era quando a correr nos atirávamo à água com o nosso “barco”. Tudo nos servia para as nossas corridas e regatas: bacias, alguidares, gamelas, pneus de camionetas, grandes troncos. E como nós nos esticávamos da ponte da Cambeia à entrada do Esteiro Grande, se éramos dos grandes; porque os mais pequenotes contentavam-se com as águas mais calmas do Esteiro Pequeno. Com remos ou com as mãos, lá havia um que chegava à meta e muitos riam e folgavam com a água que os 'afundou'.
Quando apareceu uma 'jangada', a festa foi de arromba – agora, além dos mergulhos, ouviam-se os berros do “arrais-construtor” que via a sua obra desmantelar-se e também só lhe restava mergulhar e deixar-se ir com a corrente... Grande animação, muita sementeira de amizade e de saudade. Nesses tempos, outros barcos os homens governavam e dispunham ao longo da Ria, junto das secas. 
Paisagem de postal vivo e com pujança. Mudaram-se as correntes. Que é dos barcos? E dos homens que os governavam? Outros barcos vão surgindo; outros lemes traçam rotas alternativas; os sonhos vão e vêm... Porém, e foi destes que parti, outros há que levantam o ferro, recolhem as amarras, fazem-se aos ventos e às marés mas nunca encontram o farol; seja, talvez alguns dos barcos cheguem mas deixando, espalhados pelo sal das ondas do mar, os sonhos que os olhos povoavam na hora da despedida. E quantos acompanharam os restos dos barcos? E dos que conseguiram a bóia quantos saltaram para bom bordo? E o que dói, mas dói a valer, é vermos que a cor marca a diferença, tal como há quinhentos anos; ou há sessenta em que a raça traçava a fronteira da vida... 
Quase apetece perguntar ainda e uma outra vez: E tu Senhor a dormir e a permitir tal horror!? Não, não respondas, custa-nos voltar a ouvir: Tu, sim tu, que fizeste ao teu irmão? Onde está o Abel? 

Manuel

sábado, 8 de janeiro de 2005

Efeméride aveirense

Funeral de D. João Evangelista 

No dia 8 de Janeiro de 1958, realizou-se, em Aveiro, o funeral do primeiro bispo da Diocese restaurada, D. João Evangelista de Lima Vidal, presidido pelo vigário capitular, D. Domingos da Apresentação Fernandes. Participaram catorze prelados do Continente e uma multidão incontável de diocesanos e amigos do prelado. D. João Evangelista, homem de Deus que encarnou os valores evangélicos e os transmitiu a quantos dele se abeiravam, no seio da Igreja e fora dela, foi também um ilustre aveirense que se apaixonava pelas coisas de Aveiro com um entusiasmo que nunca escondeu. Escritor primoroso, com uma prosa poética que encanta (vale a pena ler o muito que deixou escrito e está publicado), sempre falou e escreveu sobre pessoas, por mais humildes que fossem, ou não visse nelas fontes inesgotáveis de sabedoria e fé, sobre terras e lugarejos, sobre eventos e efemérides, sobre projectos diocesanos e do foro civil, quando neles via propostas de felicidade para as comunidades. Aqui o evocamos, com saudade, transcrevendo um texto antológico de sua autoria, muito conhecido, mas que vale sempre a pena reler: 

Duas coisas no mesmo ser


"Eu nasci em Aveiro, ao que suponho na proa de alguma bateira. Fui baptizado à mesma hora, nas águas da nossa Ria. Abriram-se-me os ouvidos ao som cadenciado dos remos no mar, ao pio estrídulo das famintas gaivotas, ao praguedo inocente dos pescadores. Encheu-se-me o peito à nascença do ar salgado da maresia. S. Francisco de Assis chamava a estas coisas irmãos, chamava a estas coisas irmãs: o irmão Vouga, o irmão luar que à noite o prateia, os irmãos peixes, as irmãs espumas, areias, estrelas. Mas aqui há mais do que uma simples fraternidade, há mais do que a suave harmonia da natureza e da alma de Aveiro; chego a crer que há uma verdadeira encarnação, o encontro de duas coisas no mesmo ser. Nós, os de Aveiro, somos feitos, dos pés à cabeça, de Ria, de barcos, de remos, de redes, de velas, de montinhos de sal e areia, até de naufrágios. Se nos abrissem o peito, encontrariam lá dentro um barquinho à vela, ou então uma bóia ou uma fateixa, ou então a Senhora dos Navegantes. Assim plasmado de Aveiro, com os beiços a saber a salgado, a pingar gotas de Ria por todo o corpo, por toda a alma (...) eu sou uma nesga, embora minúscula, desta deliciosa aguarela de Aveiro; eu sou um pedaço da nossa terra (...)"

domingo, 20 de outubro de 2019

Nos 40 anos do Santuário de Schoenstatt




Dona Margarida Lencastre
Ao contrário do que muitos possam pensar, a primeira referência a Schoenstatt na Gafanha da Nazaré partiu de uma irmã do Pe. Miguel Lencastre, Dona Margarida. Sendo ela assistente social no setor das pescas, responsável pelo litoral norte e centro de Portugal, tinha como sua colaboradora a irmã do Pe. Domingos, Dona Maria Luísa, a quem propôs que sugerisse ao irmão, o nosso prior, a participação num retiro, em Fátima, sobre uma nova espiritualidade. E assim aconteceu. Desse retiro brotou a espiritualidade schoenstattiana entre nós que se alargou a outras paróquias da Diocese de Aveiro e depois a outras dioceses do nosso país. 
Sobre o Santuário e sua inauguração já muito se escreveu e viveu, graças a iniciativas marcantes, que hão de servir de mote para conversas, evocações e projetos de espiritualidade numa sociedade cada vez mais secularizada.  Mas hoje e aqui desejo, tão-só, evocar algumas figuras que permanecem na minha alma como fontes de inspiração.

Padre Domingos
O Pe. Domingos era uma sacerdote com um carisma mariano muito acentuado. Foi nosso pároco entre dezembro de 1955 e abril de 1973, saindo em jeito de quem abre portas ao seu então coadjutor, Pe. Miguel. Lembro-o, com saudade, pela sua amizade franca, desde a minha juventude. Estava eu acamado quando ele veio para a paróquia como prior. Da janela do meu quarto, voltado para a atual Av. José Estêvão, vi-o passar no seu modo de caminhar, apressado, e tempos depois veio visitar-me, não sei por influência de quem. Muitas conversas tive com ele sobre dúvidas que me assaltavam na juventude. E com que entusiasmo me explicava e me sugeria leituras. Quando eu adoecia, a sua visita nunca faltava. Faleceu no dia 21 de outubro de 2007, completando, amanhã, 12 anos.


Padre Miguel
O Pe. Miguel veio para a nossa paróquia por sugestão do Pe. Domingos. Recordo o dia em que o Pe. Miguel me foi apresentado no café frontal à igreja matriz, conhecido por Café Briol. Era a hora do café depois do almoço. E o Pe. Domingos, nessa conversa informal, adiantou-me que estava a ser equacionada a ideia do Pe. Miguel ingressar na nossa paróquia para exercer as funções de coadjutor. O Pe. Miguel falou-me vezes sem conta de Schoenstatt, enquanto sublinhava, para meu espanto, o seu percurso de conversão radical e entusiasta que guardo religiosamente. O Pe. Miguel ajudou-me a descobrir a universalidade da Igreja. E senti, pela primeira vez,  enquanto católico, que a democracia era possível no dia a dia da paróquia. Por exemplo, houve eleições para a então Comissão Fabriqueira. 
O Pe. Miguel foi ordenado sacerdote com 37 anos e foi coadjutor entre 1970 e 1972. Depois passou a prior, deixando marcas indeléveis relacionadas com o Movimento de Schoenstatt, e não só, em muita gente que jamais o esquecerá, pela sua capacidade de diálogo e entusiasmo.
Padre António

Seguiu-se o Pe. António Maria Borges que cativou os gafanhões com a sua juventude, alegria e arte musical entre outras artes, e o Pe. Rubens Severino com a sua simplicidade, desprendimento e visão prática. A simplicidade é um dom que cativa e inspira confiança. Assim aconteceu com muitos que o admiravam e respeitavam por isso. Mas ainda o Pe. Gilberto, fervoroso na oração e rigoroso no cumprimento das leis e normas da Igreja.
Outros padres de Schoenstatt por esta terra passaram e nela estagiaram e trabalharam, todos eles entusiastas pelo Movimento que assenta em três grandes pilares que nos conduzem a Deus, por Jesus Cristo e com o dinamismo do Espírito Santo. São eles Nossa Senhora, Mãe Admirável, Pe. José Kentenich, o Fundador, e o Santuário, cópia fiel do original na Alemanha, continua a apresentar-se como uma lugar "onde é bom estar".

Padre Rubens 

O Santuário de Schoenstatt celebra 40 anos da sua inauguração, que aconteceu no dia 21 de outubro de 1979, presidida por D. Manuel de Almeida Trindade. Estiveram presentes o Arcebispo de Mitilene, D. Maurílio de Gouveia, muitos sacerdotes, as Irmãs de Maria, os que mais trabalharam na construção e os que acompanharam tecnicamente projetos e demais serviços, convidados, autoridades e duas mil pessoas. 
Aberto a todas as faixas etárias, o Santuário continua a congregar pessoas para a missão urgente de contribuir para a construção de “um homem novo para uma nova sociedade”.

Fernando Martins

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

D. António Marcelino regressou à casa do Pai faz hoje seis anos


Que Deus o aconchegue 
no seu regaço maternal 

A triste notícia do falecimento de D. António Marcelino chegou-me pelo telefone, abruptamente. Faz hoje seis anos. O choque que senti não tem palavras que o definam. Embora esperada a sua partida para o seio de Deus, fiquei, contudo, com a tranquilidade necessária para a aceitar porque acredito que D. António Marcelino intercederá por nós junto do Senhor de todos os dons. 
D. António passou pela Diocese de Aveiro como um corredor de fundo, animando tudo e todos, rumo a uma Igreja mais aberta ao mundo dos homens e mulheres destes tempos. Rápido no pensar e no agir, foi dos bispos que mais apostaram na comunicação social, qual profeta que denuncia as injustiças, mas que não deixa de proclamar caminhos que nos conduzam a uma sociedade mais justa, mais fraterna, mais caritativa e mais solidária. 
Nesta hora difícil, louvo a Deus pelos ensinamentos que dele recebi, pelo seu testemunho de crente e de bispo que me ordenou diácono permanente, pelo homem corajoso que enfrentou com determinação os desafios do Vaticano II, na convicção de que a Igreja Católica e o mundo só teriam a ganhar com as luzes que do concílio dimanaram. 
Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal. Assim escrevi na hora da triste notícia. E hoje, passados seis anos, lembro-o com saudade. 

Fernando Martins

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Dar Portugal a Portugal

D. Manuel Martins
Frei Nuno de Santa Maria foi finalmente canonizado. Este acontecimento não mereceu grande atenção a boa parte dos portugueses, sobretudo a nível dos responsáveis do país e de alguns dos meios de comunicação social. Não vem para aqui a questão dos milagres exigidos pela Congregação para a Causa dos Santos. Adianto só que, com todo o respeito pelas disposições da Igreja, julgo sinceramente que tais milagres não deviam funcionar como condição para a glorificação dos cristãos. Além de saberem a tentação de Deus, acontece que muitos deles não convencem. Já D. António Ferreira Gomes, nas célebres “Cartas ao Papa” põe clara e corajosamente esta questão. A Igreja, quero dizer mais propriamente, a Comunidade dos cristãos sabe bem quem é santo e merece, por isso, ser glorificado. Ao que vêm tantos exames aos escritos, ao que vem a audição de tantas testemunhas, ao que vem a perscrutação dos sentimentos do povo relativamente a este ou àquele cristão que viveu e morreu com fama de santidade? O nosso Frei Nuno há muito tempo que estava canonizado pelo povo. Quem olha atentamente para a nossa História do século XIV não terá dificuldade em reparar que Portugal estava a perder a alma, estava a fugir de Portugal. E foi o Condestável D. Nuno que deu Portugal a Portugal, que fez com que Portugal se reencontrasse e pudesse assim perspectivar futuro. Sem D. Nuno, Portugal seria uma apagada lembrança da memória. Se calhar, até seria bom que parássemos um pouco para nos perguntarmos se o Portugal dos nossos dias não andará a fugir novamente de Portugal, se Portugal não andará por caminhos que o levem a perder a sua alma e a sua identidade. Bastaria para tanto pensar em leis que atentam contra a família, contra a vida, contra tantas situações que têm a ver com o humanismo que deveria acompanhar situações de saúde, de trabalho, de educação de justiça, de respeito por valores e tantas coisas mais. Portugal está a afastar-se da sua matriz. Melhor, por razões de falso e perigoso poder, por razões ideológicas e filosóficas, muitos estarão a obrigar Portugal a fugir da sua matriz. Claro que os tempos vão mudando e operam-se transformações profundas na sociedade. O ontem pertence à história e muitas vezes não fica dele senão uma amarga saudade. Mas, o que nos fez e faz não pode mudar. O que nos estruturou e estrutura não pode mudar. Estamos numa hora magnificamente exigente. Oxalá sejamos capazes de a apanhar como se impõe. Manuel Martins, Bispo Emérito de Setúbal

quinta-feira, 9 de novembro de 2023

Hora da chegada


Quantas vezes na minha vida de menino e jovem participei numa cena semelhante! A alegria do abraço do meu pai, Armando Grilo, que evoco hoje com imensa ternura e saudade.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

O Menino Jesus aí está representado nos estandartes

Natal 2009




O MENINO JESUS
DAS PRENDINHAS VEM A CAMINHO!


Quem se aventura a viajar nesta quadra de mau tempo, mas de bons augúrios, depara com esta cena, n vezes repetida: uma mancha rubra na paisagem, com umas pinceladas de branco, sob a forma tosca de um pai natal. Empoleirado nos telhados, em pose de malabarista de circo, aí está a figura a que os Portugueses deram a representação do Natal.
Uma festa que para muitos se circunscreve à troca de prendas, vê-se o afã em as concretizar, que mascarou os afectos de bens materiais perecíveis, precisava deste símbolo para lhes dar sustentabilidade.
Reportando-me aos meus tempos de infância, lembro com saudade e ternura a figura responsável pelas prendas que nos caiam no sapatinho. Na véspera do Natal, no dia de ceia em que a família se reunia para celebrar o nascimento do Menino, era tarefa obrigatória dos mais novos, colocarem o seu sapatinho no borralho, para que durante a noite, o Menino Jesus descesse a chaminé e lá depositasse as sua prendinhas.

terça-feira, 21 de novembro de 2023

Os amigos não se esquecem


Os amigos não se esquecem, mesmo quando partem para o regaço maternal de Deus. E um dia, estaremos todos juntos. Esta é a minha posição perante a existência humana. Assim penso pela fé que me anima, desde tenra idade.
Hoje evoco, com muita saudade, o Padre Miguel Lencastre e o Daniel Rodrigues, já falecidos, e o Padre António Maria, célebre cantor, felizmente ainda vivo, tanto quanto sei e desejo.
Esta foto regista um encontro que tivemos, à hora do chá, na residência paroquial da Gafanha da Nazaré. Porquê?
O Daniel Rodrigues era jornalista profissional e eu colaborava com ele como correspondente do "Comércio do Porto". Eram frequentes as visitas do Daniel à Gafanha, em serviços de reportagem. Daí a nossa amizade, principalmente quando enveredou pelo jornalismo, deixando as funções que desempenhava no Tribunal de Aveiro.
O Padre António, que não vejo há muito, não sei por onde andará, mas deve continuar entusiasmado com a sua fé e com as canções que o animam na vida, animando outros na sua caminhada terrena.

domingo, 15 de maio de 2022

Minha mãe faleceu há 28 anos

A minha saudosa mãe faleceu em 15 de Maio de 1994. Tinha 84 anos e sempre viveu com lucidez, embora tivesse enfrentado trabalhos e doenças que soube vencer com coragem e determinação. Faz hoje 28 anos que fisicamente nos deixou. Por ser de baixa estatura, ficou na vida conhecida por Rosita Facica. 
Evoco-a com saudade, não apenas pelas fotografias, mas através das marcas que deixou impressas na minha memória. No meu quintal, que foi seu, nos vestígios da sua residência, na sua palavra e no seu olhar penetrante, que a toda a hora me acordam, está a minha saudosa mãe.
Quando lidávamos na horta, tinha sempre que dar a sua opinião ou a sua ordem. Vivia  o prazer de cuidar de plantas ornamentais, que sabia reproduzir em vasos pequenos, para depois transplantar. E é uma dessas plantas que a torna presente na sala onde trabalho. Sei que Deus cuida da minha mãe Rosita, aconchegando-a  no seu regaço maternal. 

quarta-feira, 29 de abril de 2020

15 MILHÕES PARA A COMUNICAÇÃO SOCIAL


É público que o Governo vai apoiar com 15 milhões de euros a comunicação social, pagando publicidade institucional, anunciou o Ministério da Cultura. Pretende assim ajudar um setor que se tem tornado cada vez mais deficitário, o que levaria a uma morte sem honra nem glória. É claro que haverá regras a cumprir, não vá dar-se o caso de o dinheiro cair em saco roto, não contribuindo para um jornalismo de qualidade, como é lógico. 
A comunicação social, em geral, está a confrontar-se com a concorrência dos órgãos digitais, que operam em cima da hora, através de textos, imagens e sons quase em direto, um progresso indiscutível a nível informação e formação, que nos satisfaz, embora, como é o meu caso, a nostalgia do jornal e revista em papel não tenha desaparecido. Um diário e um semanário digitais garantem-me janelas bastante amplas para o mundo, estando em permanente atualização. O semanário, no fundo, é diário. Contudo, a saudade e o cheiro do papel ainda não se diluíram. De vez em quando volto a eles, mas o treino ajudar-me-á a esquecer a comunicação social escrita, em papel, até porque já me custa folhear os jornais, sobretudo os que saem com formatos muito grandes para o meu gosto. 
O Governo vai, portanto, ajudar os jornais, revistas, rádios e televisões, esperando eu que não se estabeleça uma espécie de compadrio que suscite obrigações para quem recebe os apoios, coisa muito ruim no jornalismo. A independência é um princípio sagrado. Por cá andaremos para ver, se Deus quiser. 

Fernando Martins