terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Dia Internacional da Montanha - 11 de dezembro

Caramulo
“Desde 2003 que se celebra anualmente o Dia Internacional da Montanha, também conhecido como Dia Internacional das Montanhas, com o fim de consciencializar a população sobre a importância da preservação das montanhas no mundo. Destacar as oportunidades e os constrangimentos no desenvolvimento das montanhas e construir alianças que tragam mudanças positivas para os povos e ambientes de montanha em todo o mundo são outros objetivos desta data.” Assim reza o preâmbulo do texto que procurei no Google para saber mais sobre este Dia Internacional. 
As montanhas sempre me fascinaram. Há algo de misterioso neste fascínio que nunca me abandona. E quando vou a caminho da serra, os meus olhos fixam sempre o ponto mais alto de onde, rodopiando, poderei contemplar horizontes a perder de vista. 
As montanhas oferecem-me (nos) ambientes propícios ao deslumbramento, à meditação e ao contacto puro da natureza, enquanto o homem não ousar ferir de morte a paz que elas nos proporcionam. Daí a pertinência de, neste dia, assumirmos a defesa intransigente da pureza e beleza das serranias que nos envolvem e muito para além destas.

F. M. 

Bibliotecas "cheias de infância": sobre promoção do livro, da leitura e da literatura

Um texto de Sara Reis da Silva 
no PÚBLICO

Sara Reis da Silva

«Sou “de literatura”. Dou por mim a afirmá-lo e a sentir essa frase a ecoar em mim nos mais diversos momentos da minha vida. Sou “de literatura” e sou de/dos livros, desde sempre, no meu espaço pessoal e íntimo e, há já mais de duas décadas, nas minhas vivências profissionais/académicas. Talvez porque, tentando e persistindo no encontro com as questões que o texto coloca a quem o lê, procurei dar-lhes sempre resposta (como preconiza Jacques Bonnet, em Bibliotecas cheias de fantasmas, acredito que “o importante não é ler depressa, mas ler cada livro à velocidade que ele merece”), sempre ciente de que “é literatura tudo aquilo que reflecte um universo pessoal, que transporta uma imagem do mundo, que converte em arte o quotidiano, o efémero, o banal”, como escreve Nuno Júdice, em ABC da Crítica (2010).

E, assim, tenho para mim que todas as estratégias de aproximação ao livro e à leitura, desde idades precoces, tendo implícitas as ideias de que a leitura não pode ter apenas um objectivo utilitário e também de que esta exerce um papel crucial ao nível do desenvolvimento intelectual, do aprofundamento de conhecimentos, da estruturação da imaginação, da formação da sensibilidade, do conhecimento de si mesmo e dos outros, do estímulo à reflexão e à criatividade, e, genericamente, do cresci-mento/amadurecimento individual e social, todas as estratégias, dizia, poderão “fazer viver a leitura”. Como lembra José António Gomes, num artigo disponível no portal do projecto Gulbenkian/Casa da Leitura, recuperando algumas palavras de Lucette Savier (1988), acredito que “fazer viver a leitura” é “ligar o livro à vida da criança, sem o limitar à aprendizagem e ao espaço escolar. É longe de censuras e argumentos intelectuais, desvelar o interesse e o prazer da leitura, partilhá-los e discuti-los com ela. E é, finalmente, correr o risco de que, em qualquer lugar, a qualquer momento, o livro e o jogo da leitura possam estar presentes; sujeitos ao capricho da criança, para um breve encontro ou para uma longa conversa.»

NOTA: Todos os pais, educadores e bibliotecários deviam ler este texto  aqui

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Ferreira da Silva passa o testemunho após 35 anos à frente do Etnográfico

Alfredo no descerramento da placa indicativa do museu
Alfredo com Daniel Bastos e esposa
Mesa da presidência
Aspeto do convívio
Museu Alfredo Ferreira da Silva
Outro aspeto do Museu 
Presépio na sede do GEGN
Depois de mais de 35 anos na liderança do Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré (GEGN), Alfredo Ferreira da Silva, fundador da instituição, deixa as responsabilidades inerentes ao cargo, passando o testemunho a José Manuel da Cunha Pereira e restantes membros da nova direção. Por isso mesmo, e por tudo quanto tem dado à nossa terra, no âmbito do folclore e da etnografia da nossa região, e não só, foi-lhe prestada uma justa homenagem na tradicional festa de aniversário do GEGN, num ambiente natalício, no passado sábado, 8 de dezembro, na sua sede, na Casa da Música. 
Para além de uma salva de prata, como recordação que tornará presente no seu dia a dia, o muito que fez pela instituição, oficializada em 1 de setembro de 1983, o GEGN inaugurou na sede, em sala própria, o Museu Alfredo Ferreira da Silva, que ostenta o espólio representativo da participação do Etnográfico em 310 festivais nacionais e 18 no estrangeiro, nomeadamente em Espanha, França, Israel, Canadá, Polónia, Alemanha, Brasil e Sicília, entre outros países. 
No jantar convívio, participado por uma centena de pessoas, membros do grupo e seus familiares, autoridades civis (Câmara e Junta de Freguesia), convidados e amigos da associação, o homenageado lembrou que o Etnográfico nasceu no seio da Catequese Paroquial, referindo que, a partir daí, “começou a caminhar pelas ruas da Gafanha da Nazaré”, alargando os seus horizontes por todo o país e pelo estrangeiro. 
Alfredo Ferreira da Silva evocou os novos desafios que ao longo do tempo o grupo enfrentou, no sentido de trazer até aos tempos de hoje tradições que corriam o risco de cair no saco do esquecimento, em especial o Cantar das Janeiras, o Cantar das Almas e o Cantar ao Menino, mas ainda as festas em honra de Nossa Senhora dos Navegantes, com a sua já famosa procissão pela ria, que atrai gentes de todos os cantos do país. E agradeceu ao nosso prior, Padre César, o apoio que nunca regateou ao GEGN nos momentos da realização de alguns eventos. 
Marcos Ré, em representação da CMI, sublinhou, que a terra muito deve a “este homem por tudo o que fez”, frisando que “ainda nos vai ensinar”, porque a sua presença “nos anima a todos”, sendo certo que “será sempre um elemento fundamental do GEGN”, com o seu “espírito de quem trabalha por gosto”. O exemplo deste homem “é o que de melhor podemos receber e dar aos outros”, acrescentado que “o futuro desta terra também está nas nossas tradições”. “Só teremos futuro se tivermos passado e presente por alicerces”, disse. 
Daniel Bastou, da Federação do Folclore Português, salientou a amizade que nutre pelo GEGN, “há muitos anos”, enquanto valorizou a importância de encontros como este. Disse que na FFP há bastantes grupos, “mas há muitos que são mais… e outros assim-assim… “, acrescentando que o GEGN “apostou naquilo que é mais genuíno; o que o diferencia de outros”. 
Garantiu que “ir para o palco todos os grupos o fazem”, mas o mais valioso é o que se promove de diferente, como faz o Etnográfico, nomeadamente, o Cantar das Almas e ao Menino, bem como a procissão pela Ria, na festa em Honra da Senhora dos Navegantes. “Isto é que deve ser enaltecido para memória futura”, disse. 

Fernando Martins 

Notas: O GEGN teve a gentileza de me oferecer uma jarra com dedicatória, pela atenção com que sempre o apoiei, gesto que agradeço. F. M. 

domingo, 9 de dezembro de 2018

Desistir da paz?

Bento Domingues

1. A exuberância poética do profeta Isaías distribuída pelas celebrações diárias do Advento exibe uma tal confiança no futuro que mais parece um delírio do desejo que gosta de se iludir, do que uma esperança razoável. Logo no 3.º dia, e nunca se cansará, garante que os povos vão dispensar os exércitos e as suas manobras. Os instrumentos de guerra vão ser reciclados e confiados aos ministérios da agricultura: converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices [1]. O Deus dos exércitos vai para o desemprego.
Tempos virão em que nem sequer será preciso pensar na reciclagem do exército. A justiça estará ao serviço dos infelizes do povo. Aos violentos e aos ímpios a própria palavra de Deus os modificará. A justiça e a lealdade serão a lei.
Até toda a natureza que se modificará. O lobo viverá com o cordeiro e a pantera dormirá com o cabrito; o bezerro e o leãozinho andarão juntos e um menino os poderá conduzir. A vitela e a ursa pastarão juntamente, as suas crias dormirão lado a lado; o leão comerá feno como o boi. A criança de leite brincará junto ao ninho da cobra e o menino meterá a mão na toca da víbora.
Não mais praticarão o mal nem a destruição em todo o meu santo monte: o conhecimento do Senhor encherá o país, como as águas o leito do mar. Nesse dia, a raiz de Jessé surgira como a bandeira dos povos; as nações virão procurá-la e a sua morada será gloriosa [2].
O profeta quer que Deus seja o Senhor do universo e prepare para todos os povos um banquete de manjares suculentos, um banquete de vinhos deliciosos: comida de boa gordura, vinhos puríssimos. Destruirá a morte para sempre. Enxugará as lágrimas de todas as faces. Alegremo-nos e rejubilemos porque nos salvou [3].

Um poema de Geraldo Alves para este tempo



Entre o preto e o branco

Quando
No teu abraço sinto o cansaço
Eu estou aqui.
Quando
Sobra viagem e falta coragem
Eu estou aqui.

E aqui
Afasto medos, guardo segredos
Longe de mim
Aqui
Cavalgo o vento e abraço o tempo
Até ao fim.

Aqui
Pela inocência perdida
Pela  fúria contida
Pela revolução…
A esperança na mão
À espera da paz
Que o tempo não traz
Nem aqui, nem agora.

Mas estou.

Aqui,
Entre o preto e o branco,
Entre o riso e o pranto,
E num show solidário
Viro o palco ao contrário
Num tema que diz:
— Tens que ser feliz
(Aqui e Agora!)

Geraldo Alves

In “Poetas de um tempo presente”
Edição da Confraria Camoniana de Ílhavo

sábado, 8 de dezembro de 2018

Direitos e deveres humanos


Anselmo Borges
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi adoptada pela Assembleia Geral das Nações Unidas a 10 de Dezembro de 1948, em Paris: "A Assembleia Geral proclama a presente Declaração Universal dos Direitos Humanos como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objectivo de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito por esses direitos e liberdades, e, pela adopção de medidas progressivas de carácter nacional e internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e efectiva." Nos artigos 1 e 2, lê-se: "Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos" e podem invocar os direitos e liberdades desta declaração, "sem distinção alguma de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião politica ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou qualquer outra situação". Numa vinheta de 1998, no jornal El País, referindo-se ao preâmbulo, aparece o próprio Deus a exclamar: "Que preâmbulo! Não tinha lido nada de tão bom desde o Sermão da Montanha." 

2. Lembrando os 70 anos da Declaração dos Direitos Humanos, retomo uma síntese de outra declaração, infelizmente menos conhecida e invocada: a célebre Declaração Universal dos Deveres Humanos, de que há tradução em português. Para superar a crise e para que a esperança não seja mera ilusão, wishful thinking, precisamos todos de ser fiéis às nossas responsabilidades e cumprir os nossos deveres. 
Já na discussão do Parlamento revolucionário de Paris sobre os direitos humanos, em 1789, se tinha visto que "direitos e deveres têm de estar vinculados", pois "a tendência para fixar-se nos direitos e esquecer os deveres" tem "consequências devastadoras".

sexta-feira, 7 de dezembro de 2018

João, a Voz da Palavra do Senhor. Aprecia!

Georgino Rocha

João surge na vida pública como um profeta itinerante nas margens do rio Jordão, após uma experiência significativa no deserto. Aqui recebe a palavra de Deus que lhe é dirigida. Aqui faz o contraste da vida sóbria e austera com a da Jerusalém, onde o pai Zacarias oficiava no Templo, e a da aldeia onde nascera, a poucos quilómetros da cidade. Aqui encontra o silêncio indispensável ao coração para amadurecer os apelos que ia sentindo e as convicções que ia gerando. Aqui toma a decisão de dar voz à experiência feita e parte em missão.

Lucas faz o relato do sucedido, situando o episódio num contexto político e religioso de grande envergadura. Indica assim o alcance histórico da novidade que desponta. Refere nomes e datas, menciona o imperador de Roma, o governador da Judeia, e outras figuras gradas nas regiões próximas, bem como na área religiosa. (Lc 3-1-6). As credenciais do registo ficam apresentadas, a solicitar a abertura à verdade que se anuncia. E o protagonista sente-se mandatado para realizar a missão recebida. “Foi dirigida a palavra de Deus a João, filho de Zacarias, no deserto. E ele percorria toda a região do Jordão” refere o evangelista narrador.

“As pessoas mais pobres e marginalizadas nas nossas sociedades trazem-nos verdadeiras mensagens de esperança”, afirma o arcebispo de Manila, nas Filipinas. “É nos lugares pequenos e imundos que nascem os nossos reis, não em palácios”. Esta forte imagem foi apresentada pelo cardeal Luis Antonio Tagle, presidente da Cáritas Internacional em mensagem recente sobre a preparação do Natal cristão. A verdade da afirmação contrasta fortemente com o que vemos e, se calhar, alimentamos.

EM SINTONIA COM O QUERER DE DEUS. COMO MARIA

Festa da Imaculada




Maria, a mãe de Jesus de Nazaré, beneficia de um especial cuidado da parte de Deus, desde o início da sua vida. A Igreja designa este facto admirável com a expressão “a Imaculada Conceição” e dedica-lhe uma solene celebração litúrgica, que hoje realizamos. A fé da Igreja lança raízes em textos bíblicos que se repercutem na piedade popular, na reflexão teológica e nos ensinamentos do Magistério. A fé da Igreja olha a novidade do que acontece em Maria, a partir de Jesus, seu Filho, morto e ressuscitado. Como diz o povo cristão: Tal Filho, tal Mãe!
Lucas terá ouvido da boca de Maria o episódio da anunciação e, como hábil escritor, reveste-o de singular beleza. O leitor é convidado a entrar em cena, a visualizar os personagens, a vibrar com a progressão do diálogo e a aguardar o desfecho com ansiedade. (Lc 1, 26-38). Maria revela, de forma exemplar, o ser humano e seu modo de proceder para tomar decisões responsáveis. Escuta a saudação, manifesta surpresa e susto, sente-se livre e dá voz às perguntas que a assaltam, acompanha as explicações que traduzem o querer de Deus, interioriza o convite/vocação, fica disponível para a missão que lhe é confiada. E que missão?! O evangelho de Lucas faz-nos ver os passos que se seguem e ler os relatos do seu registo.

Gabriel, o anjo da anunciação, saúda Maria, desvelando a verdade da situação espiritual em que se encontrava. Ela, a noiva de José, é a agraciada de Deus em plenitude, a que o Senhor tem na sua companhia. Ela, a pobre filha de Ana e Joaquim, cresceu e foi educada na casa de seus pais e na sinagoga local, sonha com o matrimónio e vive o noivado, atrai o olhar benigno do nosso Deus que a vem convidar para uma nova aventura, uma ousadia singular. Ela, que dialoga à procura da verdade, decide-se a obedecer livremente. E a liberdade de Maria, luz que ilumina o exercício da nossa liberdade, manifesta-se, agora na opção esclarecida, depois na comunhão colaborante e na consumação final que revela a coerência de quem obedece em liberdade. E ela, qual rosto emblemático da pessoa livre, é dada por Jesus, seu Filho, antes de morrer, a toda a humanidade como Mãe.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Alunos da UA promovem sorrisos de Natal

Alunos da UA mobilizam-se 
para pôr um sorriso de Natal 
na cara de quem mais precisa


«Alargado este ano a instituições de apoio aos mais carenciados situadas nos distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria, na Universidade de Aveiro (UA), o projeto ShareToy já começou a mobilizar a comunidade da Universidade de Aveiro (UA) para a recuperação de brinquedos. Após a sessão de 28 de novembro, as seguintes estão previstas para todas as quartas até 19 de dezembro, entre as 15h00 e as 18h00, e já começaram a mobilizar alunos da UA de diferentes áreas do saber.

“Os que não sabem reparar, aprendem com os que já têm alguma experiência. Todos são bem-vindos”, desafia Dilan Nunes. Bem poderia ser este o lema das sessões do ShareToy na perspetiva do coordenador do Núcleo de Robótica Diversificada (NERD) da Associação de Electrónica, Telecomunicações e Telemática da UA (AETTUA), grupo de promove o projeto em articulação com o Institute of Electrical and Electronics Engineers (IEEE) - Student Branch da UA.»