quinta-feira, 3 de março de 2016

A nossa gente: Urbino Vieira Grave

Uma tradição 
que não quis deixar morrer 

Neste mês de março, em que se realiza mais uma edição da Rota das Padeiras, promovida pela Câmara Municipal de Ílhavo em parceria com a A.C.R. “Os Baldas”, dedicamos a rubrica “A Nossa Gente” ao moleiro Urbino Grave. 
Urbino Grave nasceu a 11 de julho de 1939, em Vale de Ílhavo, e desde tenra idade aprendeu esta antiga profissão, que herdou do seu pai e do seu avô, dedicando-se a apreciar o ritmo pachorrento com que o moinho procedia à moagem dos cereais. 
Estudou até à 4.ª classe num tempo em que a vida era dura e se tornava imperioso auxiliar na lavoura e na moagem. Com apenas 12 anos de idade, Urbino Grave já fazia o transporte da farinha para os clientes: as padeiras de Vale de Ílhavo e padarias de Ílhavo e da Gafanha da Nazaré. 
Antes de casar, ainda trabalhou durante três anos na CUF (Companhia União Fabril), em Cantanhede e em Coimbra, mas foi a arte de moleiro que lhe preencheu o ser. 
Urbino Grave recorda-se das águas nascentes do Vale das Maias (Município de Vagos) passarem pela levada que abastecia a azenha fundada pelo seu avô José João Grave.

Casa da Música da Gafanha da Nazaré em marcha


O Executivo Municipal adjudicou à firma Teixeira, Pinto & Soares, Lda a construção da Casa da Música da Gafanha da Nazaré, através da “Requalificação das instalações da Cooperativa de Consumo Gafanhense”, pelo valor de 607.206,42 euros + IVA e um prazo de execução de 14 meses. O processo segue agora para contrato e visto prévio do Tribunal de Contas.
Com esta obra, a Câmara Municipal de Ílhavo cumpre o objetivo de criar um equipamento cultural que acomode condignamente as Associações da Freguesia da Gafanha da Nazaré que se dedicam especialmente à promoção do folclore e do ensino e prática de música.

Fonte: CMI

NOTA: Este foi um passo significativa em ordem à construção da Casa da Música da Gafanha da Nazaré. Fazemos votos de que os prazos sejam cumpridos.

terça-feira, 1 de março de 2016

Renovação da carta de condução no Espaço Cidadão

Serviço simpático e eficiente

Hoje, eu e a minha Lita fomos ao Espaço Cidadão, instalado na Câmara Municipal de Ílhavo, para renovar a Carta de Condução. Saímos de casa com pressa, para apanhar vez, porque a nossa experiência, de outras renovações em anos anteriores, na repartição instalada em Esgueira, não nos abria a porta ao otimismo. Ali, sala cheia de gente, com senha de acesso na mão e com os olhos postos na caixa luminosa, onde surgia o número a seguir, tínhamos de apelar à paciência para não desesperarmos. Mas desta feita, em Ílhavo, não foi assim.
Chegámos relativamente cedo, entrámos, levantámos a senha no local indicado por um funcionário e minutos depois, com a entrega do atestado médico, a diligente e simpática funcionária tudo despachou com ligeireza, depois de confirmar o processo. Deu instruções sobre o documento a apresentar no caso de haver intervenção da polícia, nas habituais ações de fiscalização na via pública. 
Faço esta referência ao trabalho no Espaço Cidadão, na área da renovação das cartas, pela eficiência e rapidez com que fomos recebidos e atendidos. Julgo, pelo que observei, que nos outros setores daquele serviço haverá atendimento semelhante.

NOTA: Nós, portugueses, temos muito o hábito de criticar quem nos atende nos departamentos públicos. Certamente, com alguma razão em muitos casos. E se os maus atendimentos nos merecem protestos, penso que nos casos inversos temos a obrigação de louvar a simpatia, a eficiência e a competência. É o que faço hoje. Amanhã poderá ser diferente.

“Retalhos históricos da Escócia e Portugal”

O mais recente livro de Manuel Olívio da Rocha


“Retalhos históricos da Escócia e Portugal” é o mais recente livro de Manuel Olívio da Rocha, numa edição de autor. Trata-se, à semelhança de outros trabalhos, de uma edição familiar, a que o autor chama “Cadernos de Família”, sendo este livro o n.º 27 de uma coleção apenas disponível para esposa, filhos e netos, mas ainda para outros familiares e amigos. 
Com capa de Domingas Vasconcelos, sua filha, o caderno diz respeito a 2015. E porquê esta união entre Escócia e Portugal, já que entre as duas nações não haverá assim tanta ligação histórica? Simplesmente, ou fundamentalmente, porque Manuel Olívio tem filha, genro e netos naquelas paragens, tornando-se necessário, ao que julgo, estimular ligações com raízes comuns.

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Temos de ser nós a pagar?

Serra da Estrela

«Cansa-me assistir regularmente ao espetáculo de meios militares - homens, helicópteros, navios, etc - e de outras estruturas públicas serem chamados para acorrer, nas montanhas ou no mar, a pessoas que, por puro deleite e gosto insensato pelo risco, se metem em alhadas. 
Será que os contribuintes portugueses têm obrigação de suportar os custos decorrentes da inconsciência desta gente? A lei prevê que o Estado possa ser ressarcido por estes gastos? Alguém sabe responder?»



O que não fiz e podia ter feito

Conímbriga

Quando me recordo dos passeios que dei, das viagens (poucas) que fiz e das terras por onde passei, sem disso tudo registar, algumas vezes, quaisquer imagens que me encantaram e que mantenho na memória, fico incomodado. É certo que não havia o digital nem redes sociais para as partilhar com a facilidade com que hoje toda a gente o faz. E quando vou à cata de algumas, em álbuns ou em caixotes, aos molhos, fico desolado com a má qualidade que ostentam. A vida é mesmo assim.
Quem poderia imaginar que em poucas décadas tantas e tão espantosas mudanças surgiriam ao alcance de um clique, dando-nos a visão clara da aldeia global em que vivemos, onde o aqui e o agora nos mostram os vizinhos do lado a milhares de quilómetros das nossas janelas? E não é que com todos podemos falar, sorrir e chorar, partilhar ideias, sentimentos, emoções e até um pedaço de pão? 
Boa semana para todos.

Fernando Martins

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Esta Quaresma começou bem (2)

Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO

«O Papa observou que a hibridação irreversível
da tecnologia aproxima o que está afastado,
mas, infelizmente, torna distante 

o que deveria estar perto.»

1. Há 25 anos, a convite do Centro Bartolomé de Las Casas, de Cusco, participei num congresso internacional sobre modelos de Inculturação e Modernidade, realizado na cidade do México. Samuel Ruiz Garcia, bispo de San Cristobal de las Casas, estava hospedado no convento dominicano onde também eu tinha sido fraternalmente acolhido. Pude conversar longamente com esta figura do catolicismo mexicano que, na altura, já andava nas bocas do mundo, vigiado pelo Governo e pelo Vaticano. Contou-me que tinha sido um padre muito conservador. O contacto com a vida terrível e humilhada dos índios de Chiapas, a participação no Vaticano II e na conferência de Medellin (Colômbia), mostraram-lhe que o caminho do catolicismo era o da incarnação nas culturas nativas. Daí brotou a teologia indigenista que se prolongou na teologia da libertação.

sábado, 27 de fevereiro de 2016

Sobre a eutanásia: perplexidades

Crónica de Anselmo Borges 



 «E o Estado fica com mais 
um encargo: dar a morte?»

1. O debate está aí. Só espero que seja sério, sereno, argumentado, sem pressas, distinguindo muito bem as questões e os conceitos. Por exemplo, todos querem a eutanásia, sim, no sentido etimológico da palavra: uma "boa morte" e também uma "morte assistida", com cuidados médicos adequados, presença afectiva, moral, espiritual. E é bom reflectir que, quando o que está em causa é viver ou morrer, não se pode pretender impor-se aos outros, para vencer a todo o custo. Aqui, não há vencedores nem vencidos: todos seremos vencidos. Mesmo para os crentes, que acreditam na vida para lá da morte, neste mundo, a morte, irreversível, é o poder que a todos derrota. Daí, o primado do combate pela vida.

É urgente dar frutos de boas obras

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha
«É urgente acolher 
a paciência de Deus que brilha»


Jesus recebe notícias trágicas e reage com lucidez espantosa, aproveitando para apresentar a novidade do agir de Deus na história. São notícias do massacre de pessoas indefesas enquanto estavam no templo a praticar o culto; massacre levado a efeito pelo poder político com rosto pessoal – o de Pilatos. Ontem como hoje. E o cortejo de vítimas é incontável. Infelizmente.

Outra notícia triste refere-se à queda da torre de Siloé que causa danos graves e mata gente inocente. Sem dizer nada sobre o motivo de tal ocorrência, Jesus avança com a pergunta de interpelação pedagógica: “Pensais que eram mais culpados do que todos os outros moradores de Jerusalém?” E acrescenta: “De modo algum, vo-lo digo Eu”. O contraste evidencia o começo da novidade do proceder de Deus em relação às pessoas e a toda a humanidade.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Simplesmente Maria

Crónica de Maria Donzília Almeida


Quando cheguei à US tudo era novo para mim: os espaços, as pessoas, a natureza envolvente. A primeira pessoa com quem me cruzei, ocupava-se nas suas tarefas de horticultura ali, na Quintinha da Remelha. Com solicitude, deu-me as informações pretendidas e franqueou-me as portas do US…
Este nome evocava-me uma antiga instituição, vocacionada para o tratamento de toxicodependentes da Associação Le Patriarche, fundada em 1974, por Lucien Engelmajer.
As histórias de vida que ali se cruzaram, os dramas de jovens colhidos na teia das vicissitudes humanas, na sua luta contra a tirania das dependências, parecem ter deixado, aqui, um rasto de erosão. Um véu de decrepitude paira neste espaço, a começar nas palmeiras de braços caídos, que sucumbiram aos parasitas invasores.