sábado, 13 de junho de 2015

A Igreja com que Francisco sonha

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Papa Francisco

Como Francisco de Assis, o que o Papa Francisco encontrou foi uma Igreja em ruínas. Daí, o seu empenho, sem hesitações, na sua transformação e conversão.
O teólogo Agenor Brighenti acaba de apresentar preocupações e modelos fundamentais, em ordem a uma mudança radical, citando Francisco.

1. "De uma Igreja autorreferencial a uma Igreja nas periferias". É essencial pôr termo a uma Igreja autocentrada e, por isso, da exclusão, para passar a uma Igreja que acolhe os que se encontram marginalizados nas periferias: os considerados perdidos, os que pensam de outro modo, longe das certezas eclesiásticas, os das periferias da dor, das injustiças, da miséria, os pobres e analfabetos, os sem--abrigo, os presos, os drogados, os homossexuais, as famílias monoparentais, os recasados que não podem comungar, os padres casados, e tantos tantos outros...

IGREJA: RESTO OU RESÍDUO?

Reflexão de Georgino Rocha 


«Queremos ser uma Igreja “resto” de fiéis 
ou um “resíduo de tradições religiosas 
progressivamente insignificantes?»

Um homem lança a semente à terra, um grão de mostarda é colocado na horta. Mc 4, 26-34. Neste cenário tão simples, Jesus dá a conhecer o “mistério” do reino: a sua presença discreta, a energia fecunda da sua seiva, a tendência universal do seu crescimento, a certeza inabalável da sua realização em benefício do ser humano chamado a adoptar, livremente, a atitude responsável mais congruente. Que contraste com a forma tradicional de apresentar o reino de Deus! Que impacto não começa a provocar na gente ilustrada e curiosa que acorria a ouvir Jesus para examinar a sua ortodoxia!
As árvores frondosas e robustas cedem lugar a simples grãos de semente. O messias “arrasador” surge como um humilde semeador de hortas e campos, amigo de excluídos sociais pelos líderes políticos e religiosos. As técnicas vitoriosas não têm a ver com a manipulação indiscriminada das sementes nem com o controle hegemónico do sistema alimentar ou a quantidade numérica da produção; tem a ver sobretudo com a proximidade, o cuidado, o serviço e a confiança. Os frutos apetecidos manifestam-se no acolhimento aberto a todos, na fecundidade generosa, na aceitação humilde das leis do crescimento, na qualidade do relacionamento.

sexta-feira, 12 de junho de 2015

Alegria de viver

Crónica de Maria Donzília Almeida



“La joi de vivre est un produit de beauté!”

(A alegria de viver é um produto de beleza!)

A frase saltou-me à vista, quando peguei no saco para depositar os produtos de cosmética que adquirira ali na Body Shop. Tirei-o da carteira pois prescindi da embalagem, vendida pela loja. Está ali sempre à mão, para uma potencial necessidade, a lembrar-me uma mensagem tão preciosa. 
E, já que a beleza é um tema tão caro à mulher moderna…e ao homem da atualidade, que se preza, resolvi discorrer sobre este particular produto de cosmética, ao alcance de todas as bolsas. 
Confrange-me o aspeto crispado de tantos rostos com me cruzo no meu labor diário, que mais parecem carregar a dívida conjunta de Portugal e da Grécia! Como não tenho pretensões de endireitar o mundo, partilho apenas a minha quota parte com dez milhões de portugueses.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

Responsáveis católicos acolhem mal mudanças do Papa

Um texto de J.P.F. no Correio do Vouga

O jornalista António Marujo, 
na Feira do Livro de Aveiro, 
destacou as mudanças de Francisco 
e lamentou que nas estruturas locais 
não sejam seguidas com entusiasmo


António Marujo



0 Papa Francisco "está a fazer grandes mudanças no Vaticano", mas "não está a ser acompanhado" em muitas dioceses, paróquias e outras estruturas da Igreja católica, captando, com frequência, mais o interesse de quem está fora da Igreja do que de muitos cristãos com responsabilidades — é a convicção de António Marujo, partilhada numa conversa na Feira do Livro, na noite do último sábado, a convite da Livraria Sana Joana. O jornalista, coautor de "Francisco, pastor para uma  nova época" (Paulinas), um dos primeiros títulos publicados em português sobre o Papa Francisco, apontou a reforma do IOR (Instituto para as Obras Religiosas — vulgo "banco do Vaticano") como exemplo das mudanças provocadas por Francisco, ainda que, na sua opinião, fosse preferível a extinção do banco. Como sinal profético do homem que é reconhecidamente o grande líder moral global, apontou a primeira saída do Papa para visitar a ilha de Lampedusa, onde são acolhidos os imigrantes africanos que procuram a Europa.

A nossa cultura — A nossa gente



«A Associação Recreativa e Cultural CHIO PÓ-PÓ, na divulgação e defesa do património cultural ilhavense, tem a honra de convidar V.ª.Ex.º para assistir ao evento cultural A NOSSA CULTURA A NOSSA GENTE, dedicado a ANA MARIA LOPES, no dia 13 de Junho de 2015, pelas 21h30, no Auditório do Museu Marítimo de Ílhavo.»

Nota: Trata-se de uma homenagem justa e muito oportuna. conheço há anos Ana Maria Lopes, ilhavense ilustre, conhecidíssima e inspirada estudiosa de tudo quanto diz respeito às nossas terras e gentes, com obra publicada e, decerto, com muito por publicar. Os seus temas favoritos, tanto quanto posso perceber, são a ria e o mar, com tudo quanto lhe está associado. Os meus parabéns aos promotores desta homenagem bem como à homenageada. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

10 DE JUNHO


10 de junho. Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas. Dia para pensarmos isto tudo com otimismo. Um pensar coletivo que nos libertasse de pesadelos. Fico-me pela minha modesta participação individual intramuros. Família por aqui em convívio, que é o melhor que a vida tem. Não houve tristezas. Marcou presença a alegria, uma riqueza para cultivar dia após dia. Sentimentos de partilha à flor da pele. 
Não falámos de Portugal, de Camões e muito menos das Comunidades Portuguesas espalhadas pelo mundo. E podíamos ter falado disto tudo, porventura para chegarmos a banalidades. De que Portugal e os portugueses, divididos pelos quatro cantos da terra, são o melhor do mundo. Deitaríamos para trás das costas o porquê de tantos emigrantes com saudades destes nossos ares, por não terem trabalho e oportunidades como lá fora. 
Não ouvimos nem vimos as cerimónias oficiais. Sempre mais do mesmo, como já confirmei. Discursos, condecorações, paradas militares que me não dão gozo. E amanhã volta tudo ao ramerrão da vida. As medalhas vão para uma gaveta. Um dia poderão ser vendidas a antiquários. Ou vendidas a peso, se houver muitas. 
Nenhuma sacrificada mãe de família numerosa foi distinguida. O mesmo direi de um pai.
Gosto do feriado porque gosto da família. Tudo o mais não me diz nada. Os discursos oficiais geram aplausos tímidos e chacota para a comunicação social fazer títulos bombásticos. E gastaram-se muitos milhares de euros. Por mim, acabava com isto tudo. E as famílias podiam conviver. Sempre era mais saudável.

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A nossa Gente: João Resende


João Resende



Neste mês de maio, em que a Câmara Municipal de Ílhavo promove a Feira da Saúde, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a João Resende, médico e ex-delegado de Saúde de Ílhavo, atualmente reformado.
Nascido a 6 de Novembro de 1944, João Resende vive, desde sempre, em Ílhavo, onde iniciou estudos na Escola de Cimo de Vila. Anos mais tarde prosseguiu para o Liceu de Aveiro, ingressando, depois, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde, em 1980, completou a formação em Medicina, com a especialização em Saúde Pública. 
Ainda durante os estudos foi chamado à tropa, tendo-se tornado professor, após esse período. Ao longo da sua carreira, deu aulas de saúde pública, ciências e educação física, em várias escolas: no Ciclo Preparatório e na Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, no Magistério Primário e no ISCIA (Instituto Superior de Ciências da Informação e Administração). 
Durante 23 anos, entre 1985 e 2008, foi delegado de saúde de Ílhavo, tendo colaborado com a Câmara Municipal de Ílhavo. Foi médico no Centro de Saúde de Ílhavo, no Hospital Distrital de Aveiro e em três empresas (onde ainda exerce): a Teka, a Heliflex e a Torbel. 
Durante cerca de 16 anos, João Resende foi médico da equipa B e da equipa sub21 da seleção nacional de futebol, com quem foi aos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Ao longo de mais de uma década, foi médico do Beira Mar, bem como de vários clubes ilhavenses, como o Illiabum Clube e A.C.D. “Os Ílhavos”, com colaborações pontuais no Grupo Desportivo da Gafanha e no NEGE. No Illiabum Clube desempenhou quase todas as funções, inclusive jogador de basquetebol, tendo sido campeão nacional pela equipa principal, na época de 1963-1964.
A nível associativo, foi presidente do Illiabum Clube e dos Ílhavos, bem como presidente da Assembleia Geral dos dois clubes, da A.R.C. Chio Pó-Pó e dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo (função que ainda desempenha). Também como médico, colaborou com quase todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social de Ílhavo, como o CASCI (onde chegou a pertencer à direção) e o Lar de S. José. 
João Resende demonstrou sempre muita iniciativa, tendo sido uns dos médicos fundadores do CAT (Centro de Apoio a Toxicodependentes) de Aveiro, onde trabalhou durante 15 anos. Foi, ainda, sócio fundador e primeiro presidente do Rotary Club de Ílhavo e foi um dos sócios-fundadores dos Amigos do Museu de Ílhavo. 
A nível político, foi candidato independente a presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, nas eleições de 1983, tornando-se vereador, após essas eleições. Foi, também, candidato pelo Partido Socialista a presidente da Assembleia Municipal. 
Atualmente com 70 anos, reformado desde 2008, continua a ser presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, é médico de três empresas, e encontra-se em recuperação física, após uma amputação de um membro inferior, na sequência de uma infeção agravada pela diabetes. “Há doenças que se não forem descobertas e tratadas atempadamente, nem os médicos escapam”, alerta João Resende.

Fonte: Agenda "Viver em..." de maio, da CMI

NOTA: Os restos mortais de João Resende vão hoje a enterrar em Ílhavo, sua terra natal. O seu historial, como médico e como cidadão, rico e variado, diz bem do seu empenhado envolvimento na nossa sociedade, e mesmo para além dela, tal a natureza da sua participação em prol do povo a que pertence e a que se deu de corpo e alma. Homem afável e compreensível, irradiava simpatias e facilmente criava amizades, nomeadamente, entre os diversos quadrantes da nossa vida politica local. Todos, tanto quanto me apercebi, o estimavam, também pela sua faceta de homem bom, atento, disponível e solidário.
Estou certo de que Deus já o tem no seu regaço maternal.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Os ovos-moles de Aveiro têm de ser respeitados

Tribunal defende 
genuinidade dos ovos-moles 
de Aveiro

(Foto de Paulo Ramos, no Diário de Aveiro)
«O Tribunal acaba de proibir a produção de ovos-moles e a comercialização em hóstias idênticas ou iguais às que prevê o Caderno de Especificações e não permite a utilização da expressão ou designação Ovos-moles na comercialização deste produto. As empresas comerciais autoras do processo utilizam figuras de hóstia com outros formatos: signos, ovos, amêndoas, pai natal, cachos de uvas, milho, ânforas, cordeiros ou pintainhos, semelhantes em aspecto de apresentação, tamanho e cor aos modelos tradicionais com motivos marítimos.
Após quatro anos de luta judicial, a APOMA congratula-se com a decisão judicial e informa que “os ovo-moles continuarão a ser berbigões, ameijoas, navalheiras, peixes, conchas, mexilhões, barricas, barricas de aduela, bóias marítimas, nozes e castanhas” e, em comunicado, vai mais longe, “as imitações que tentaram confundir os consumidores, diluir a histórica e tradicional marca identificativa de Aveiro e desrespeitar o cumprimento da legislação nacional e comunitária viram proibida a sua presença no mercado”.»

Li e transcrevi, com  a devida vénia, do Diário de Aveiro

NOTA: Concordo, obviamente, com a decisão do Tribunal, que peca por tardia. Tenho muitas dificuldades em perceber as razões de tanto tempo de atraso para resolver um assunto tão simples e tão importante. Tão importante, porque os milhares de turistas não saborearam os genuínos ovos-moles de Aveiro durante todo este período. 

As aulas de EMRC, um projeto de vida

Nota Pastoral do Bispo de Aveiro



«A tarefa da educação é missão específica da Família, por isso, lançamos o desafio aos pais para que não prescindam e desperdicem este tempo e este espaço da aula de EMRC, que é, sem dúvida, um excelente complemento à educação recebida em casa e na comunidade paroquial. Com a mesma sistematização e métodos dos outros saberes escolares, a disciplina de EMRC entra em diálogo com as demais aprendizagens e fornece ao aluno instrumentos para melhor compreender a realidade pessoal e social, e para nela intervir com comportamentos éticos e morais que o dignificam como pessoa.»



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Na morte pode haver vida



Mesmo na morte pode haver vida. Como é o caso destes pedaços de árvore, ressequidos, cortados e para ali atirados, ao acaso, à espera de outro destino. Fui a tempo de os ver partir para a espera do inverno, onde terão de alegrar a nossa existência com o calor reconfortante.