domingo, 2 de março de 2014

O SER HUMANO TEM CURA (1)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de hoje

Frei Bento Domingues


1. Este título contraria a conhecida sentença antropológica de José Saramago induzida da História e da observação quotidiana: o ser humano não tem cura. A patologia de que sofre parece resultar de um defeito de fabrico. É um animal que leva muito tempo para nascer e, em comparação com os outros mamíferos, vem mal equipado para enfrentar o mundo envolvente.

Uma criança vem ao mundo com enormes vantagens potenciais quanto a inteligência, emoções, linguagem, criatividade estética e capacidade técnica. É uma personalidade em gestação, um centro de relações com uma comunidade de conhecimento e de afectos que a precedeu e a torna apta para sonhar, projectar e realizar o que nunca existiu ou para destruir um património de milênios. As neurociências e as nanotecnologias prenunciam uma caixa de surpresas nos subterrâneos da mente, sem um alarme ético a avisar que nem tudo o que é possível fazer deve ser concretizado.

sábado, 1 de março de 2014

Ainda o Centenário da Gafanha da Nazaré

Ao visitar hoje o site do Correio do Vouga, que se apresenta renovado e mais aberto ao mundo do ciberespaço, tive o privilégio de me reencontrar com textos de minha lavra que se me tinham varrido da memória. Foi um prazer lê-los e será com muito gosto que os partilharei com os meus leitores. Começo com uma entrevista que dei ao diretor adjunto daquele semanário diocesano sobre o centenário da Gafanha da Nazaré, como paróquia e freguesia.


Foi à sombra da Igreja que surgiram 
as principais instituições 
da Gafanha da Nazaré

O meu retrato, julgo que de 2010


A Gafanha da Nazaré, paróquia e freguesia, tem vindo a celebrar os 100 anos de existência. D. Manuel II assinou o decreto no dia 23 de Junho de 1910 (provavelmente, o último de criação de uma freguesia na monarquia), enquanto o Bispo de Coimbra criou canonicamente a paróquia no dia 31 de Agosto de 1910. Para assinalar o centenário, entre outras iniciativas, publicou-se o livro “Gafanha da Nazaré, 100 anos de vida”, da autoria de Fernando Martins, antigo professor do ensino básico, diácono, director do “Correio do Vouga” entre 1992 e 2004, profundo conhecedor da terra que o viu nascer. Entrevista conduzida por Jorge Pires Ferreira.


CORREIO DO VOUGA – Escreveu este livro (apresentado publicamente no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, no dia 7 de Agosto) num tempo recorde. Tal deve-se, também, ao facto de há muito investigar e escrever sobre a Gafanha da Nazaré…
FERNANDO MARTINS – A paróquia fez-me o desafio no final de 2009: um livro para celebrar o centenário. Aceitei a missão, embora pensasse que não seria tarefa para uma pessoa só. Fiquei encarregado de arranjar uma equipa, mas depois resolvi assumir integralmente a tarefa da escrita. Na minha óptica, teria menos trabalho, evitando reuniões e revisões do trabalho de outros, até porque, de facto já tinha alguma coisa escrita e tenho as minhas próprias ideias. A verdade é esta: a paróquia tem 100 anos e eu vivi quase três quartos desse período. Março, Abril e Maio foram os meses mais intensos de investigação e escrita.

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Eles já não são os mesmos

Crónica de Anselmo Borges 



1. A exposição do cardeal-teólogo Walter Kasper na semana passada aos cardeais, reunidos em Roma para darem início à reflexão sobre a família no mundo actual e a pastoral familiar, foi publicamente aplaudida pelo Papa Francisco.

A intervenção não veio a público. Mas o cardeal já tinha expressado claramente o seu pensamento, concretamente sobre a admissão à comunhão dos divorciados que voltam a casar. Já em Dezembro tinha dito ao semanário Die Zeit que os divorciados recasados "terão em breve acesso novamente aos sacramentos". E, na véspera do debate no consistório dos cardeais, afirmou, aliás na linha de Francisco, que repete constantemente "Deus não se cansa de perdoar": "Todo o pecado pode ser perdoado. Também o divórcio. Esse é o ponto de partida. Alguém pode cair num buraco negro de que Deus o pode tirar." E insistiu: "O Papa convida-nos a ir às periferias, aos subúrbios da existência humana, para sermos como o bom samaritano que ajuda e não como o sacerdote e o levita do Evangelho que têm respostas preparadas para tudo. A Igreja deve ser o hospital de campanha que cura todas as feridas." A doutrina "não é uma lagoa estancada. É uma viagem, um ponto de partida, não de chegada, e a tarefa da Igreja é ir ao encontro das pessoas". Não se pode "defraudar as expectativas, especialmente no referente à família".

Está, pois, aberto o caminho para a admissão à comunhão dos divorciados que se voltam a casar. A resposta definitiva virá dentro de dois anos, no Sínodo de 2015.

Papa sublinha necessidade de «acompanhar» e «não condenar» os casais separados ou divorciados


«Há que saber estar ao lado dessas pessoas, 
caminhar com elas na sua dor», 
realça Francisco




O Papa Francisco destacou hoje a importância de “acompanhar” e “não condenar” os casais separados ou divorciados.
“Quando um homem e uma mulher se unem num só corpo em matrimónio e o amor falha – e isso acontece tão frequentemente – há que saber estar ao lado dessas pessoas, caminhar com elas na sua dor”, sublinhou o Papa argentino, durante a eucaristia desta manhã na residência de Santa Marta.
Segundo o serviço informativo da Santa Sé, o Papa alertou para a tendência de “apontar o dedo” a quem não conseguiu manter o seu matrimónio e mesmo de fazer desta questão “um caso de estudo”.
“Por detrás da casuística há sempre uma armadilha. Sempre! Contra as pessoas, contra Deus, sempre!”, apontou.
Os problemas que afetam as famílias estiveram em cima da mesa, nos últimos dias no Vaticano, durante as reuniões preparatórias do Sínodo dos Bispos marcado para outubro e que será dedicado aos “desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.
Na sua homilia, o Papa destacou ainda a “beleza do casamento”, desse caminho conjunto de “amor” com que “Deus abençoou” a mulher e o homem, “obras-primas da sua Criação”.

JCP

Li na Ecclesia

CONFIA EM DEUS E FAZ O QUE PODES

Uma reflexão semanal 
de Georgino Rocha



A vida humaniza-se por meio das escolhas que fazemos. Somos colocados continuamente perante o desafio de organizar a nossa escala de valores, dando prioridade aos mais importantes e decisivos. À luz do bem definitivo e supremo. Não apenas da satisfação imediata, que deixa um vazio angustiante. Seria, a título de exemplo, o caso do sedento que encontra uma fonte e não cessa de beber pelo prazer que sente enquanto não esgotar a fonte. E depois, perante nova necessidade? O momento feliz dá passo à situação de ansiedade traumatizante. Qual de nós não passou por experiências semelhantes? E que bom seria que todos soubéssemos valorizar o momento no todo do tempo que nos é dado viver! O Papa Francisco elogia esta sabedoria.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

António Gandarinho: Um católico disponível para o serviço da Igreja

António Gandarinho



António de Jesus Gandarinho, 79 anos, casado com Evangelina Filipe Teixeira, aposentado da função pública, cinco filhos, três netos e um bisneto, é um membro ativo da comunidade católica da Gafanha da Nazaré. Pessoa sóbria, está ao serviço da Igreja para o que for preciso, demonstrando uma disponibilidade exemplar, apesar das suas limitações de saúde. E é assim desde muito novo.
Operário da construção civil desde tenra idade trabalhou cinco anos nas obras de remodelação da igreja matriz, na paroquialidade do Padre Domingos Rebelo, período em que, durante uns tempos, desempenhou funções de sacristão, sucedendo a Manuel Pata, que ocupou o cargo 33 anos. Mas essas tarefas ainda as exerceu, esporadicamente, em substituição dos sacristães, por razões diversas.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Porto de Aveiro vende areia para alargamento dos terminais

Areia no Porto de Aveiro (Foto FM)

«A hasta pública de areia ontem realizada pela Administração do Porto de Aveiro (APA) irá permitir libertar uma área portuária área para o alargamento dos terminais. Em causa estão 100 mil toneladas de inertes que a administração portuária liderada por José Luís Cacho pôs no mercado. As areias ficaram depositadas na área portuária “quando foi feita a construção do porto”. “Temos de libertar aquela área rapidamente, porque neste momento é um prejuízo e temos de procurar minimizar os encargos. O Porto precisa daquela área para construir lá a plataforma logística”, esclareceu o administrador.
A operação de venda foi criticada pelo Bloco de Esquerda. “É “inadmissível que areias removidas de uma área bastante afectada pela erosão costeira sejam vendidas em leilão e não usadas para a reposição de sedimentos na costa”, avalia o partido.»

Li no DA

Aveiro não esquece D. António Francisco

AÇÃO DE GRAÇAS PELO MINISTÉRIO EPISCOPAL
DE D. ANTÓNIO FRANCISCO NA DIOCESE DE AVEIRO




Entretanto, o novo Bispo do Porto toma posse em 5 de abril

O novo bispo do Porto vai tomar posse a 5 de abril, no Paço Episcopal, e a entrada solene vai decorrer no dia seguinte, numa celebração na catedral portuense, pelas 16h00, anunciou hoje a diocese.

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A Igreja Católica é uma instituição credível

«Apesar de toda a corrente secularista que invade a sociedade, em muitos países – mesmo onde o cristianismo está em minoria – a Igreja Católica é uma instituição credível perante a opinião pública, fiável no que diz respeito ao âmbito da solidariedade e preocupação pelos mais indigentes. Em repetidas ocasiões, ela serviu de medianeira na solução de problemas que afectam a paz, a concórdia, o meio ambiente, a defesa da vida, os direitos humanos e civis, etc. E como é grande a contribuição das escolas e das universidades católicas no mundo inteiro! E é muito bom que assim seja. Mas, quando levantamos outras questões que suscitam menor acolhimento público, custa-nos a demonstrar que o fazemos por fidelidade às mesmas convicções sobre a dignidade da pessoa humana e do bem comum.»


Papa Francisco, 


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

50 anos dos Cursilhos de Cristandade de Aveiro

"Livro Comemorativo dos 50 Anos 
do Movimento dos Cursilhos de Cristandade 
na Diocese de Aveiro"



"Livro Comemorativo dos 50 Anos do Movimento dos Cursilhos de Cristandade na Diocese de Aveiro", de Domingos Cerqueira, edição do Secretariado Diocesano dos Cursilhos de Cristandade da Diocese de Aveiro, dezembro de 2013.

No Prefácio, D. António Francisco dos Santos evoca a efeméride dos 50 anos do primeiro Cursilho de Cristandade de Homens de Aveiro, que se realizou em Dezembro de 1963, coincidindo com as celebrações dos 25 anos da restauração da Diocese de Aveiro.
Meio século depois, precisamente na altura em que a Igreja Aveirense vive a Missão Jubilar dos 75 anos da restauração da diocese, o Movimento dos Cursilhos de Cristandade também está em festa jubilosa, com celebrações e publicação de um livro evocativo, repleto de memórias, testemunhos, encontros, mensagens, reflexões e fotografias de homens e mulheres que experimentaram ultreias, cursilhos e momentos marcantes de oração e ação que definiram caminhos do Reino.



Lembra o Bispo de Aveiro que «No desdobrar de cada página encontramos nomes e sentimos a vida e a fé de milhares de homens e mulheres que viveram e continuaram a viver os Cursilhos de Cristandade. Reencontramo-nos com estes nomes e com estas vidas que nos falam de agentes apostólicos e pastorais dedicados e generosos leigos, consagrados, diáconos, presbíteros e bispos». E mais adiante, D. António sublinha que «É de Cristo que recebemos também hoje o convite a reavivar a memória destes cinquenta anos, a agradecer a Deus o bem realizado pelo MCC na nossa Diocese e a intensificar o sentido de Missão».
Mário Braga, presidente do Secretariado Diocesano do MCC, recorda que o entusiasmo dos homens e mulheres que um dia participaram num Cursilho de Cristandade não pode adormecer, porque assumiram o compromisso de levar «a todos os ambientes a Boa Nova de que Deus nos ama, fermentando com o nosso testemunho de amizade e sinceridade os ambientes em que o Senhor nos quis colocar».
O autor, Domingos Cerqueira, oferece à Igreja de Aveiro e à sociedade em geral um excelente trabalho de recolha e síntese, mostrando à evidência a importância do MCC nos mais diversos contextos, que se estendem muito para além dos adros das igrejas.

Fernando Martins