domingo, 5 de janeiro de 2014

EUSÉBIO morreu



«Humilde, mas sem falsas modéstias. Quando Eusébio chegou à “metrópole” e ao Benfica campeão europeu em 1961, sabia o que valia. “Não me interessa se eles são campeões europeus, vou entrar nesta equipa.” Ele era um jovem moçambicano acabado de chegar de Lourenço Marques e já metia medo aos consagrados Águas, Augusto e Coluna, os “senhores”, como os novatos da equipa lhes chamavam. “Comentávamos entre nós, quem é que vai sair? Porque o Eusébio era um jogador de excepção”, diz José Augusto. Alguém saiu e ele, Eusébio da Silva Ferreira, entrou na equipa do Benfica para se tornar uma lenda do futebol mundial. O melhor jogador português de todos os tempos que brilhou numa altura em que o futebol era diferente. Como Amália, o seu nome é sinónimo dele próprio. Não existirá mais nenhum Eusébio.»

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sábado, 4 de janeiro de 2014

Humilhação

Qualquer coisinha, tenho fome
Anselmo Borges


Não sei se há humilhação maior do que ter de estender a mão suja, que salta de um corpo e uma roupa também sujos, pedindo, com o corpo inclinado e o olhar perdido e suplicante: "Qualquer coisinha, tenho fome." Se é uma criança, com uma mãozinha pequenina, um velho, um deficiente, suplicando "por caridade, por caridade", parte-se-me a alma. Sinto-me muito envergonhado por mim e pela sociedade, e dou, numa indizível atrapalhação, pois precisaria de dizer-Ihes que não é por caridade, mas por dever. E desaparecer.

Dar generosamente. Nem a mão deveria aparecer, para não ser vista. Um grande amigo que já morreu - porque é que os amigos morrem?! - repetia constantemente: a mão que dá esconde-se. A partir daí, perguntei-me sempre: será por isso que não vemos Deus? Porque dá - Deus é Dar, o Dar Originário, Criador -, escondendo-se?


Maravilha da Epifania

ONDE ESTÁ O REI ACABADO DE NASCER?
Georgino Rocha


Ingenuidade, ignorância ou provocação! São exclamações espontâneas que a pergunta dos Magos a Herodes suscita e “deixa no ar”. Confiança no informador, desejo de acertar na procura, certeza firmada no nascimento ocorrido? São interrogações que podem servir de guia para penetrarmos na maravilha da Epifania do Senhor. Profissão de fé no Recém-nascido, profecia do futuro emergente, testemunho corajoso de quem busca a verdade e, inquieto, arrisca todas as vias? São deduções razoáveis e auspiciosas que se podem fazer, a partir do encontro de Jerusalém. A pergunta dos Magos é a pergunta de tantos homens e mulheres do nosso tempo que, sem preconceitos inibidores, ousam escutar a voz da consciência profunda e, livremente, pretendem alcançar resposta condizente.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Homenagem a Mons. João Gaspar

60.º aniversário da sua  ordenação presbiteral 




A Diocese de Aveiro celebrou hoje o 60.º aniversário da ordenação presbiteral de Mons. João Gonçalves Gaspar, Vigário Geral da nossa Diocese e conhecido historiógrafo de Aveiro e sua região, com inúmeros livros publicados. 
A eucaristia celebrativa teve lugar numa capela interior do Seminário de Santa Joana Princesa, a mesma onde decorreu a cerimónia de ordenação em 3 de janeiro de 1954, presidida por D. João Evangelista de Lima Vidal, primeiro bispo da restaurada Diocese de Aveiro e conterrâneo de Monsenhor João Gaspar, pois ambos são naturais da vila de Eixo. 

O MMI prepara-se para albergar a «nossa ílhava»

Um texto de Ana Maria Lopes




A ílhava, «para mim», só tem uma história mais ou menos consistente, há cerca de 30 anos. Bateira identitária dos ílhavos, foi a mais polivalente das embarcações da região lagunar – na ria, usada, para a apanha do moliço e para carreto; no mar, desde a rede do chinchorro, na quebra da vaga à arte da tarrafa, em águas do Tejo, na baia de Cascais. É enigmática e senti necessidade de sistematizar o que fui aprendendo sobre ela. Não descobri nada. Atenção! Li, observei, pensei e vou tentar pormenorizar coincidências. O processo da ílhava tem tido vários intervenientes, que se foram sucedendo no tempo.

Sabia desde os meus vinte e tal anos que tinha havido uma bateira ílhava, mas como não havia deixado rasto que me despertasse a curiosidade, esse conhecimento permaneceu em letargia.

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

BORDA D’ÁGUA

O Verdadeiro Almanaque


O meu filho João Paulo gosta de passar pelas feiras para saborear o ambiente de compras e vendas de tudo e mais alguma coisa. Um dia destes foi à Feira das Palhaça, e dela ofereceu-me um relato vivo do espetáculo em que o povo é ator fundamental. Ator no ato de sair do ramerrão de quotidianos de trabalho duro para regatear o que quer comprar, mas também para degustar uns petiscos tipo bifanas e churrascos em mesas corridas, tudo regado com vinho da pipa ou cerveja fresca. 
O meu João gosta de apreciar porque no fundo não vai lá comprar nada, penso eu. Contudo, não foge à regra de adquirir o BORDA D’ÁGUA, “O Verdadeiro Almanaque”, que se publica há 85 anos, com uma tiragem de 100 mil exemplares, para me oferecer. Pelo que se sabe, o povo gosta do BORDA D’ÁGUA pela inúmera informação direcionada para agricultores sobre sementeiras, plantações, enxertias e colheitas. Mas tem muitas outras curiosidades.
Tenho cá um palpite que o meu filho me oferece o almanaque para me seduzir para a jardinagem e horticultura, pois me lembra logo que em janeiro é tempo de semear favas, ervilhas, alface e rabanetes, entre outros vegetais e não só. E diz mais, agora sobre o jardim, que é chegada a hora de semear begónias, sécias, amores-perfeitos e… até paciências, flor de que nunca tinha ouvido falar.
O almanaque indica as luas, os feriados e festividades, sem esquecer as recomendações astrológicas, decerto para brincar, julgo eu, que não acredito nessa “ciência” dos signos e afins.
A propósito disso, a diretora Célia Cadete diz, no "Juízo Final", que 2014 terá «um inverno áspero mas pouco frio; a primavera  húmida, o verão quente e o outono temperado». Quanto ao inverno, já falhou um pouco, porque eu sinto um frio enorme, e quanto à primavera fico à espera para confirmar. Sobre o verão e outono, nem vale a pena ter dúvidas, pois teremos o calorzinho .da praxe, logo seguido da estação que nem é carne nem peixe.
A diretora garante que os nascidos em 2014 serão de «estatura mediana com olhos pequenos e atrativos, testa larga e alta, mãos esbeltas e dedos compridos». Vou ficar atento.
Bom ano.



quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Maria, a Mãe do Deus Menino


ANÚNCIO DOS PASTORES 
PROVOCA ADMIRAÇÃO
Georgino Rocha

O campo dos pastores, nome da localidade por onde deambulavam os guardas dos rebanhos nas cercanias de Belém, é a zona escolhida pelo anjo do Senhor para anunciar o nascimento de Jesus que havia ocorrido numa manjedoura do curral de animais. A aparição do enviado de Deus e o anúncio que lhes faz provocam uma reacção de medo, de sobressalto, de sã curiosidade. 
Sempre assim é. O homem surpreendido nas suas rotinas teme a novidade que vem e o interpela. Praticamente todas as pessoas chamadas a uma missão passam por momentos semelhantes. Desinstalar-se e lançar-se a uma nova aventura, confiar e aceitar as consequências imprevisíveis, sentir-se envolvido, apesar da sua “pequenez”, exige realmente um coração grande, uma disponibilidade a toda a prova, uma capacidade de “aguentar” o presente onde emerge o futuro da decisão tomada.

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

De novo a «Joana Gramata»

Um texto de Senos da Fonseca


Estávamos no dealbar do séc. XIX.
Joana Rosa de Jesus, descendente do velho Gramata, um dos primeiros que tinha posto pé por aquelas beiras disposto a «lançar ferro», e ali ficar, tinha naquela noite em que o luar espargia, quente e prateado aquele «mar dunar», decidido ir ao encontro do vento. Que se tinha esquecido de espinotear como garrano selvagem, permitindo que o bafo quente saído da terra, ainda a cheirar a salsugem, penetrasse, bofes adentro, como sussurro de búzio. A noite estava calma. Vindo lá do suão a aragem leve, estival, tinha tomado conta da planície, fustigando ao de leve os caniços secos e as hastes de milho que começavam a enverdecer aquelas paragens maninhas. A planura era um mar de silêncio que só o bulício dos milheirais quebrava.

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segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Rosa da Crise

Este ano não houve prendas de Natal. A crise a isso obrigou. Apenas foram contemplados os netos, porque era preciso que eles pudessem continuar a alimentar os sonhos da magia da quadra natalícia. Mas a minha cunhada Esmeralda Ramos fez questão de nos brindar com esta rosa de sua lavra. Rosa feita de cerâmica fria, como nos disse, modelada e pintada pela sua paciência e amizade — quero eu sublinhar. E aqui fica como exemplo a seguir. Se não podemos gastar dinheiro em prendas, quantas vezes sem nexo para quem as recebe, está ao nosso alcance ocupar um tempinho na elaboração de lembranças, sem grandes despesas. Afinal, as crises podem levar-nos a acicatar a imaginação. Nas prendas como na vida.

Obra da Providência

Maria da Luz Rocha


Neste mês, em que se assinala o primeiro aniversário do Fórum Municipal da Maior Idade e em que apresentamos aos nossos leitores uma Agenda renovada, dedicamos esta nova rubrica da Agenda de Eventos “Viver Em...”, “Associações”, à Obra da Providência, a mais antiga entidade parceira do Fórum.
A Obra da Providência, Instituição Particular de Solidariedade Social, nasceu espontaneamente em 1953, na Gafanha da Nazaré, graças ao empenhamento de duas mulheres, a D. Maria da Luz e a D. Belinha, que dedicavam grande parte do seu tempo a ajudar os mais desfavorecidos.
O objetivo era o de dar apoio a jovens vítimas de rejeitação familiar e violência doméstica, da prostituição e de outras situações sociais problemáticas, sendo um grande número de mães adolescentes. Denominada na altura de Lar da Providência, as fundadoras procuraram desde o início que a marca caraterística desta casa fosse o ambiente de acolhimento e de liberdade. Procuraram também manter um grupo pequeno para assegurar um ambiente familiar. 

Dia Mundial da Paz

Mensagem do Papa Francisco 




FRATERNIDADE, FUNDAMENTO 
E CAMINHO PARA A PAZ

1. Nesta minha primeira Mensagem para o Dia Mundial da Paz, desejo formular a todos, indivíduos e povos, votos duma vida repleta de alegria e esperança. Com efeito, no coração de cada homem e mulher, habita o anseio duma vida plena que contém uma aspiração irreprimível de fraternidade, impelindo à comunhão com os outros, em quem não encontramos inimigos ou concorrentes, mas irmãos que devemos acolher e abraçar.

Na realidade, a fraternidade é uma dimensão essencial do homem, sendo ele um ser relacional. A consciência viva desta dimensão relacional leva-nos a ver e tratar cada pessoa como uma verdadeira irmã e um verdadeiro irmão; sem tal consciência, torna-se impossível a construção duma sociedade justa, duma paz firme e duradoura. E convém desde já lembrar que a fraternidade se começa a aprender habitualmente no seio da família, graças sobretudo às funções responsáveis e complementares de todos os seus membros, mormente do pai e da mãe. A família é a fonte de toda a fraternidade, sendo por isso mesmo também o fundamento e o caminho primário para a paz, já que, por vocação, deveria contagiar o mundo com o seu amor.

domingo, 29 de dezembro de 2013

O espírito livre vivifica

Um Cristo formatado?
Frei Bento Domingues


1. “Esta é a definição da lei: algo que pode ser transgredido”. Assim falava, no seu gosto pelos paradoxos, o grande escritor católico, Gilbert K.Chesterton (1874-1936). Partindo da convicção de que a Deus nada é impossível, as comunidades cristãs, sobretudo as do primeiro século, elaboraram narrativas sobre o percurso de Jesus Cristo - desde a anunciação à ressurreição – que parecem contrariar, sem necessidade, as mais respeitáveis e inocentes leis da natureza. 

A este respeito, importa não esquecer que a linguagem mítica e simbólica da liturgia do Natal não pretende dar aulas de biologia e astronomia, mas subverter as leis de um mundo dominado pela injustiça. Quando os Evangelhos são interpretados em registo literal, em vez de provocarem a inteligência, a imaginação e os afectos, paralisam-nos e tornam-se charadas absurdas, até naquilo que têm de mais belo e subversivo. A letra mata. O espírito livre vivifica. 

Felicidade

«A condição essencial para a felicidade 
é ser humano e dedicado ao trabalho»
Tolstoi

sábado, 28 de dezembro de 2013

A "Ílhava" no Museu de Ílhavo

A partir de segunda-feira 


Uma prenda de Natal para os amantes da ria 

Na segunda-feira, a “Ílhava”, que os Amigos do Museu Marítimo de Ílhavo (AMMI) mandaram construir segundo planos (3D) do livro de Senos da Fonseca, chegará ao MMI. Esta é uma boa razão para aquele estudioso de temas ilhavenses, mas não só, ficar duplamente satisfeito. 
Senos da Fonseca teve a gentileza de me informar que nessa recriação foram fundamentais o espírito criterioso da Ana Maria Lopes e o saber do Cap. Marques da Silva, outros ilhavenses que à cultura da nossa terra, com ria e mar sempre em destaque, muito têm dado. 
O autor salienta que a “Ílhava” é «a bateira com que os “ilhós” escreveram “história”», acrescentando: «Ali exponho tudo quanto desde há vinte anos procurei saber sobre a bateira; uma inteira desconhecida quando dei os primeiros passos.» 

A brochura pode ser lida aqui

Há muitas Marias na terra...

«O ano ainda não acabou mas nada vai tirar o primeiro lugar do pódio a Maria, o nome mais escolhido pelos portugueses. Nos rapazes, João ameaça destronar Rodrigo, que está à frente desde 2009.»

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NOTA: Há hábitos enraizados, como se nota pelos nomes atribuídos às pessoas. Maria predomina, naturalmente, por ser o nome de Nossa Senhora. Ana, a mãe da Virgem Maria, também teve o seu tempo. Como José, João, Manuel (com a variante Manoel), Francisco, António e por aí fora. Joana, talvez pela devoção à padroeira da cidade e diocese de Aveiro. Quem frequenta os arquivos dos batismos, casamentos e óbitos depara com curiosidades dignas de registo. Não sei se há estudos sobre este assunto, mas que há matéria para reflexão, sobre as escolhas dos nomes na hora dos nascimentos, lá isso há. 
Há anos verificou-se a tendência para optar por nomes ouvidos nas telenovelas brasileiras e julgo que ainda está na moda esse hábito. Não há mal nenhum, mas eu gostaria mais dos nomes portuguesíssimos. No fundo, porém, cada um é livre de escolher o que quiser. Ainda bem.

Bom Ano Novo!


Pequenos pensamentos para 2014
Anselmo Borges

«Envelhecemos, mas, por mim, não tenho inveja da juventude. Pelo contrário, agora, à distância, o que quero é que os jovens vivam intensamente cada tempo. Na dignidade livre e na liberdade com dignidade. O que deveria ser norma para todos. Que vivam com atenção e intensidade, pois tudo passa muito rápido.»

José toma o Menino e sua Mãe

LEVANTA-TE, TOMA O MENINO E SUA MÃE
Georgino Rocha

Duas vezes, ouve José a voz do enviado de Deus que lhe diz: “Levanta-te, toma o Menino e sua Mãe”. Uma, para fugir para o Egipto. Outra, para regressar às terras de Israel. A primeira, porque o Menino corria perigo de vida. A segunda porque Herodes, o perseguidor, havia morrido. E José acolhe prontamente a ordem recebida e, com obediência confiante, dá-lhe seguimento.

Não hesita nem se queixa, apesar do nascimento ter sido há tão pouco tempo, da fragilidade do Menino, da debilidade de Maria. Não teme a noite, nem a incerteza e o cansaço da viagem. Dócil e ousado, faz-se ao caminho. Que belo exemplo nos deixa: prontidão em ouvir, generosidade em arriscar, disponibilidade para agir, fidelidade em obedecer, discernimento para acertar, cuidado solícito em salvaguardar a sua família. José, movido pelo amor, realiza a missão recebida.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

São Nicolau



História do Pai Natal
Maria Donzília Almeida

De tanto ver a figura do Pai Natal empoleirada em todos os cantos e esquinas e pressentindo que a sua vocação não é o alpinismo, mas sim uma variante dos desportos de inverno, resolvi aprofundar o conhecimento desta figura mítica.
A história do Pai Natal tem duas origens: a primeira surgiu com a figura de São Nicolau, um arcebispo de Myra, na Anatólia, atual Turquia, considerado padroeiro das crianças e dos marinheiros. Viveu no século IV e ficou conhecido pela sua bondade e generosidade, pois distribuía sacos de moedas pelas chaminés das casas de famílias carenciadas. 
Após a sua morte, vários milagres lhe foram atribuídos, tendo vindo a ser declarado santo. Antigamente, o dia 6 de dezembro era celebrado como Dia de São Nicolau, e nesse dia trocavam-se prendas. Contudo, a Reforma Cristã transferiu para o Menino Jesus, a dádiva dos presentes.
Até 1931, o Pai Natal era representado de diferentes formas, surgindo com roupas de inverno, barrete na cabeça e em tons de verde e branco, típico dos lenhadores.

Amizade


«A amizade duplica as alegrias e divide as tristezas»

Francis Bacon

Nova noite de magia



Natal 2013


Hoje anseio
Nova noite de magia
Em que nasças de novo;
Não para seres mais o menino
Mas para seres o Homem
Que com a palavra derrubasse o muro
Para que por ele passem
Aqueles para quem não há presente,
E muito menos futuro.