terça-feira, 21 de setembro de 2010

BENTO XVI no Reino Unido



Bento XVI
- uma viagem quase impossível

António Rego

Cinco meses depois de vir a Portugal, Bento XVI empreende uma viagem completamente diferente ao Reino Unido. Foi Chefe de Estado, Sucessor de Pedro, Pastor, ecuménico, penitente, corajoso, cordial, amigo. Tal como aconteceu em Portugal a Comunicação Social não foi benigna antes do acontecimento. Profetizou um fracasso, um pretexto para protestos e até uma oportunidade para o Papa receber ordem de prisão. O balanço final nada teve a ver com os agoiros.
A Inglaterra é indiscutivelmente uma referência no nosso tempo, de história, cultura, liberdade e comunicação. Mas raramente se diz que no Império de Sua Majestade ser católico é ter um estatuto menor, como que infiel a um país que há quinhentos anos escolheu o seu "Papa" e lhe presta fidelidade, onde o político e o religioso se misturam com ar benigno e natural. Noutro país seria considerado subdesenvolvimento ou terceiro-mundismo.

Barcos mutilados


Na Festa da Ria de domingo vi estas embarcações tradicionais da nossa laguna com o pescoço cortado. Ficaram sem vida. Tive pena de ver isto. Disseram-me que esta degola foi executada para permitir a passagem, em maré cheia, por debaixo das pontes. Penso que poderiam estudar o assunto, recolocando o que foi cortado, com a aplicação de uma qualquer sistema que permita mostrar as embarcações na sua plenitude. Vejam isso, amigos, porque assim enganam os turistas e ofendem os que gostam de manter as nossas belezas intactas.

Os trajes tradicionais dos árabes

Os povos do mundo inteiro criaram as suas formas de vestir e de viver. É um direito que lhes assiste e que temos de respeitar, na sociedade pluralista em que vivemos. Não me choca, por isso, ver chegar a uma escola, aqui na Figueira da Foz, uma muçulmana com os seus dois filhos pela mão. Ela toda de preto, apenas se via o rosto em parte. As crianças apresentavam-se como as portuguesas, com roupas normalíssimas para os nossos costumes. Gostei de ver. Incomoda-me é que um qualquer Estado da Europa possa pôr, e ponha,  restrições ao uso dos trajes tradicionais de qualquer pessoa, seja ele de onde for.
Já imaginaram o que seria se nos obrigassem a andar com os trajes dos outros, quando viajamos?

Uma brochura de João Gonçalves Gaspar


“Fernando Oliveira – Um Humanista Genial”

“Fernando Oliveira – Um Humanista Genial” é uma brochura de 82 páginas da autoria de João Gonçalves Gaspar, publicada como separata da Universidade de Aveiro, coordenada por Carlos Morais. Inserido no enquadramento do V Centenário do nascimento do autor da primeira gramática da linguagem portuguesa, este trabalho de João Gaspar oferece aos estudiosos e demais interessados por personagens históricas uma súmula muito bem documentada sobre um dos nossos maiores, com raízes aveirenses.
Como é timbre do autor, João Gaspar não escreveu de cor, mas buscou fontes credíveis, onde se baseou para nos caracterizar, passo a passo, com transcrições sempre oportunas, este padre e humanista, que se destacou «como pioneiro na sistematização dos princípios gramáticos da nossa linguagem, na descrição da táctica militar marítima, na divulgação da arquitectura náutica e na história portuguesa». E diz mais: «Se a sua vida de sacerdote dominicano, de escritor, de filólogo, de cartógrafo, de historiador, de diplomata, de marinheiro, de soldado, de aventureiro e de perseguido é tão cheia de episódios díspares e de aventuras diversificadas, os seus conhecimentos surgem-nos multiformes e manifestam uma invulgar sabedoria, com base tanto em conhecimentos humanistas e cristãos, como na experiência vivencial, colhida de muitas maneiras.»

domingo, 19 de setembro de 2010

Senhora dos Navegantes: A Grande festa da Ria

Na hora na partida



Milhares de pessoas viveram
a festa da Senhora dos Navegantes



A Ria em festa foi um espectáculo. Foi e é sempre, como válvula de escape para as agruras da vida de cada um. Milhares de pessoas encheram as margens da laguna aveirense durante a procissão da Senhora dos Navegantes que hoje se realizou entre o porto de Pesca Longínqua, na Cale da Vila, e o porto Comercial, no Forte da Barra. Mas do outro lado, em S. Jacinto, o entusiasmo não foi menor, também com milhares de pessoas com fanfarra e música, o que levou, segundo a tradição, o barco “Jesus nas Oliveiras”, de mestre Adelino Palão, que transportava o andor de Nossa Senhora dos Navegantes, a fazer uma aproximação oportuna, com o cortejo de todas as embarcações acompanhantes, para que a Mãe de Deus abençoasse aquela gente toda. E dela e de quantos estavam nos barcos não faltaram os aplausos.


A procissão em andamento moderado



A Ria, com todos os seus encantos, de águas límpidas e serenas e paisagens únicas, merece que esta alegria perdure no tempo. Gente houve que fez o seu baptismo de laguna, em ambiente de alegria. Olhos fixos em horizontes diferentes, ilhas desertas e sem vida humana de um lado, e vida industrial e urbana do outro, com secas, casario, Porto de Aveiro, Forte da Barra e Farol a ver tudo, lá ao longe, assim viveram os que em boa hora aproveitaram a oportunidade de conhecer melhor esta riqueza ímpar que possuímos.


Barcos cheios com gente feliz

Manuel Serra e Margarida Alves, presidente da Junta e presidente da Assembleia de Freguesia, respectivamente,  manifestaram o seu regozijo pela festa que estavam a reviver e a experimentar , enquanto chamaram a atenção para a riqueza inexplorada que é a Ria de Aveiro.
O presidente da Junta ainda lembrou que toda esta festa se deve ao Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré e ao seu fundador, Alfredo Ferreira da Silva, repetindo o que tantas vezes tem dito que urge «valorizar as potencialidades da nossa Ria», aproveitando turisticamente as «ilhas que têm estado ao abandono». Também referiu que o povo participou activamente nesta procissão «com intensidade, sem que fosse intimado a vir».


S. Jacinto presente

Paulo Costa, vereador da CMI, frisou «a espontaneidade do povo de S. Jacinto ao associar-se a esta festa», sublinhando que «só a religião consegue esta unidade». Conhecedor da Ria que usufruiu desde menino, Paulo Costa adiantou que, de facto, esta movimentação e esta partilha são extraordinárias.


O Farol viu tudo

No Forte da Barra, na missa campal que se celebrou frente à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes, o Padre Francisco Melo, prior da Gafanha da Nazaré, assentando a sua homilia nos textos deste domingo, afirmou que «vivemos num mundo em que os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres, indefesos e incapazes de saírem da sua miséria». Denunciou que os sistemas financeiros e económicos deixaram de ter rosto e nome neste mundo globalizado, permitindo que «em qualquer gabinete do outro lado do mundo se possa decidir o destino de milhões de pessoas», cuja dor e miséria nunca irão conhecer.

Povo em todo o lado

O Prior da Gafanha da Nazaré fez a apologia «da revolta da solidariedade e da fraternidade», alicerçada «no trabalho e na responsabilidade pessoal e colectiva», não na praça pública, mas no «coração e na vida de cada um de nós».


Nossa Senhora dos Navegantes chega à sua residência

A mole de gente, bem visível em terra, em todos os recantos possíveis voltados para a laguna, e nos barcos que se incorporaram na procissão, mostrava frequentemente a sua satisfação. E tenho cá para mim que no próximo ano todos e outros voltarão à procura de um lugar para esquecer mágoas ou para partilhar emoções temperadas pelos odores salinos da Ria de Aveiro. Tudo sob a bênção de Nossa Senhora dos Navegantes.

Depois da missa, houve música pela Filarmónica Gafanhense, seguindo-se o Festival de Folclore, como havia sido anunciado. O arraial estava em marcha, com bolos festeiros a despertarem-nos o apetite. Um folar e uma regueifa mostraram-me em casa que estavam saborosos. No Jardim Oudinot os farnéis abriram apetites, até mais não. Para o ano há mais...

Fernando Martins

Jardim Oudinot: Falta de civismo



Ontem fui visitar o Jardim Oudinot. Caminhei um pouco, à semelhança de outros que por lá andavam, e tomei um café no bar. Fui olhando o jornal para mais tarde ler os temas seleccionados. Uma funcionária da limpeza, de saco plástico na mão, ia apanhando lixo que outros deitaram no chão. Copos de iogurte, latas de cerveja, restos de gelados, maços de tabaco, lenços de papel...
O que vi deixou-me perplexo. Em pleno século XXI, ainda há gente capaz de menosprezar as mais elementares regras da boa educação, desrespeitando também as leis do civismo.  É incrível, mas é verdade.  

Folha no meio do livro


Enquanto folheava um velho livro, à cata de uma informação histórica, encontrei esta folha ressequida pelo tempo e pela pressão que suportou. Confesso que me não recordo do ano em que a coloquei ali, nem sei com que intenção o fiz. Mas houve, de certeza, alguma motivação. Os anos passaram, mas a beleza da folha permaneceu, quiçá melhorou. O tempo sublimou a expressão, valorizou a forma e salientou as nervuras e as serrilhas do contorno. A velhice, afinal, continua a ser  bela...

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 202

PELO QUINTAL ALÉM – 39



A FISÁLIS


A
Bernardino Venâncio e
Joana Rosa de Jesus

Caríssima/o:

a. Ora aqui está uma planta que muitos não conhecerão, mas que abunda no nosso quintal. Como muitas outras, foi levada pela curiosidade e gosto de minha Mulher e adaptou-se de tal forma que temos mesmo de tomar certas medidas: não se ensaia muito para ocupar zonas que lhe não pertencem.

e. Não me ocorre que a tenha visto nos jardins ou quintais da Gafanha, nos tempos da nossa meninice.

i. A fisális é uma planta herbácea, arbustiva, anual; pode variar de 60 centímetros a 2 metros de altura. É apropriada para a formação de maciços e bordaduras, podendo ser plantada em vasos e jardineiras. As folhas são grandes, delicadas, triangulares e com bordas recortadas. As flores hermafroditas (têm os dois sexos na mesma flor) são pequenas, brancas a amareladas. A fruta madura é arredondada, amarelada, alaranjada ou avermelhada, brilhante, macia, suculenta, de sabor doce, levemente ácida e contém grande quantidade de sementes pequenas. Todos os frutos são cobertos por uma capa esverdeada que depois passa a amarelada e finalmente palha, com textura de papel, quando madura.
A propagação é feita através de sementes, muitas vezes, espontaneamente e com tendência a ser um pouco invasora.
A maioria das espécies é oriunda de regiões equatoriais, tropicais e subtropicais, sendo certo que algumas variedades toleram bem o frio ou mesmo geadas leves.
O seu cultivo para fins comerciais assemelha-se ao dos tomates, quer na preparação do solo, na fertilização, na aplicação de tutores, na colheita e demais cuidados.

Utilidade: os frutos maduros podem ser consumidos ao natural ou na forma de sucos, doces, sorvetes, geleias, em molhos de saladas e carnes, compotas e conservas. São também usados como tira-gosto para degustação de vinhos e no fondue de chocolate.

sábado, 18 de setembro de 2010

Senhora dos Navegantes: Amanhã, com procissão pela ria



Amanhã vai realizar-se a festa em honra de Nossa Senhora dos Navegantes. Organizei a minha vida para também me integrar na procissão, fundamentalmente para sentir a importância de uma manifestação de fé como esta. Amanhã, ao fim do dia, darei conta do que vi e experimentei.

A nuvem e os chefes


Hoje encontrei num espaço que costumo frequentar uma foto de nuvem com uma  legenda interessante. Vale sobretudo pela graça que encerra. Quanto a ser verdade a comparação, nem sei se hei-de acreditar ou não... Diz assim:

«A  nuvem é como os chefes: quando desaparece é que o dia fica lindo!»

Os crentes não habitam todos no asilo da ignorância e da superstição

Stephen Hawking

Hawking e Deus

Anselmo Borges

Ainda não a li, mas posso supor que a nova obra de Stephen Hawking, escrita em conjunto com o físico norte-americano Leonard Mlodinow, The Grand Design (O grandioso plano), terá um êxito enorme, como há anos aconteceu com o seu bestseller A Brief History of Time (Uma breve história do tempo).
Hawking, que sofre há décadas dessa terrível doença do foro neurológico que dá pelo nome de esclerose lateral amiotrófica, é um astrofísico de renome mundial, detentor até há pouco da célebre Cátedra Lucasiana de Matemáticas da Universidade de Cambridge, outrora ocupada por Isaac Newton, e que deu contributos fundamentais no domínio da física teórica, nomeadamente em questões de cosmologia, buracos negros e gravitação quântica.
Nesta obra, afirma que as novas teorias da física podem explicar de modo cabal o aparecimento do universo, tornando supérfluo o papel de um Deus criador. Segundo The Times, escreve que, "o universo pôde criar-se a si mesmo - e de facto fê-lo - do nada. A criação espontânea é a razão de existir algo, de existir o universo, de existirmos nós". Concretamente, a descoberta do primeiro planeta extra-solar ajudaria a desmontar a visão de Newton, que afirmava o Deus criador, pois o universo não poderia surgir do caos. A descoberta abre a possibilidade de outros planetas e outros universos, que seriam redundantes, se a intenção de Deus fosse criar o homem.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

A harmonia nas férias e fora delas...


É sempre interessante apreciar o jogo da instabilidade e a busca de estabilidade. Tudo aqui mostra esse jogo e o seu resultado adivinhado. Quem passa, não deixa de se imaginar a procurar a forma ideal para estabelecer equilíbrios na vida, com as pessoas e com as coisas. Gostei de ver essa preocupação em quem criou este convite dirigido aos que  entram em casa. Não há nada melhor do que a harmonia, a partir, tantas vezes, quase do impossível.

Bento XVI no Reino Unido


«O Papa Bento XVI criticou ontem a hierarquia da Igreja Católica por não ter estado suficientemente vigilante em relação aos casos de abusos e violência sexuais durante várias décadas. Na viagem para o Reino Unido, onde permanece até domingo, o Papa repetiu o que já fizera no voo que o trouxe a Portugal, em Maio, mas desta vez com uma crítica à atitude dos responsáveis católicos.»

António Marujo no PÚBLICO

Pobreza: "uma consequência lógica do modo como a sociedade e a economia estão organizadas e funcionam"

«Bruto da Costa diz que combate à pobreza não toca verdadeiras causas do problema e não ataca "privilégios intoleráveis".»
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Os “queques” riram-se de desprezo, e o professor respondeu “Arranjem-se”.

Gente com os pés fora do chão

António Marcelino


A ordem vem do Ministério. As pessoas, mesmo as do rendimento mínimo ou de inserção, se recebem apoios sociais devem comunicar pela net aos serviços oficiais a sua situação, ou então os apoios são-lhe cortados. Por net? Mas os senhores de Lisboa, ao darem tal orientação ameaçadora, conhecem acaso o país real?
Há dias vi num programa de televisão o professor dizer aos alunos que tinham de ver em casa um determinado programa de televisão, confrontá-lo com a matéria dada e fazer o seu comentário pessoal. Um miúdo, que se lhe via no rosto a angústia e que não mentia, perguntou, a medo, como faziam os que não têm televisão. Os “queques” riram-se de desprezo, e o professor respondeu “Arranjem-se”.
É assim. Por isso é que tudo por cá está emperrado. Os disparates justificam-se, as verdades abafam-se, os pobres calam-se e os abastados riem-se.

Pensionistas de baixos rendimentos vão deixar de ter medicamentos grátis




«Mais de um milhão de pensionistas de baixos rendimentos vão deixar de ter medicamentos grátis, um benefício que lhes foi atribuído há pouco mais de um ano. Também a comparticipação de alguns dos remédios que são dos mais usados em Portugal, como antiácidos e anti-inflamatórios, vai diminuir para quase metade (baixa de de 69 para 37 por cento), já a partir de segunda-feira. E muitos doentes crónicos passarão a pagar mais pelos medicamentos de que necessitam até ao fim da vida, a não ser que optem pelos fármacos mais baratos do mercado.»

In PÚBLICO

Sou testemunha ocular e auricular

Diversas vezes já, assisti nas farmácias à dificuldade que alguns idosos sentiram na hora de aviar a receita médica. «Este não posso levar porque é muito caro; vai para o mês que vem.» É triste ver e ouvir este drama de quem não pode levar os medicamentos que fazem falta, apesar de serem comparticipados. Vem agora a ministra Ana Jorge com duas notícias: uma boa, a descida do preço dos medicamentos; outra desagradável, o corte dos medicamentos grátis para os pensionistas de mais fracos recursos.
Esta medida vai ser, com certeza, dolorosa para os que já têm que suportar o peso dos anos com doenças. Alguns, os mais pobres, ficarão mesmo sem essa ajuda. Não seria possível evitar mais esta dor para quem tanto sofre?

FM


quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Para pensar: Taparam os pobres com as vitórias dos ricos

O Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, afirmou na homilia de encerramento da XXVI Semana da Pastoral Social, decorreu em Fátima, de 14 a 16 de Setembro, que “a grande contaminação do individualismo e do domínio sobre os outros atinge-nos”. “Taparam os pobres com as vitórias dos ricos” – referiu.

Na visita à Grã-Bretanha: Bento XVI alerta para o secularismo



Num ambiente hostil, Bento XVI iniciou a anunciada visita à Grã-Bretanha, tendo sido recebido pela Rainha Isabel II, num gesto histórico, já que este foi o primeiro encontro entre um Papa e um soberano inglês, desde a separação que levou à formação da Igreja Anglicana, levada a cabo por Henrique XVII.
Sua Santidade frisou no seu primeiro discurso: “Hoje, o Reino Unido esforça-se por ser uma sociedade moderna e multicultural. Que neste nobre desafio ele guarde sempre o seu respeito pelos valores tradicionais e as expressões da cultura que formas mais agressivas de secularismo não apreciam nem sequer toleram”, assinalou o Papa.

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Gafanha do Carmo: Freguesia há 50 anos


Amanhã, Sexta-feira, 17, a Câmara de Ílhavo e a Junta de Freguesia assinalam o 50.º aniversário da Criação da Freguesia da Gafanha do Carmo, com a realização de uma Sessão Solene Evocativa,  a realizar no Salão Cultural da Gafanha do Carmo, pelas 18.30 horas, dando assim início a um programa comemorativo que nesse dia será publicamente apresentado.

Desmoronamento da família é dos acontecimentos mais graves da nossa história



Desmoronamento da família

António Marcelino

Cada dia que passa somos confrontados com estatísticas que nos dizem do número crescente de divórcios, da queda acentuada de casamentos civis e religiosos, da subida vertiginosa de uniões de facto. Também não deixam os jornais, e mesmo as televisões, de dar conta, aqui ou ali, de novos casamento de homossexuais e até já de seus divórcios.
Deixar de tomar a sério o casamento e a família, pela maneira fácil e rápida de as leis a desfazerem, constitui uma tragédia de muitas consequências à vista, e de outras, não menos graves, que o tempo irá revelando. A família que nasce de uma decisão livre de gente adulta e, presume-se, responsável será sempre o alicerce de uma sociedade com futuro. O contrário significa inquinar o ambiente social, tornando o casamento objecto de contrato de reduzida importância, rescindível ao menor capricho ou à incapacidade progressiva de assumir as responsabilidades inerentes.
Se fizermos a contagem dos governantes, deputados, magistrados, gente da telenovela, fazedores de opinião e tantos outros de nome e profissão conhecidos que já não estão no primeiro casamento e, por vezes, já nem no segundo, percebemos o que se passa neste em país em crise. Dificilmente poderá falar do casamento e da família, com apreço e respeito, quem não tem uma experiência gratificante da vida conjugal e familiar. São muitos destes que interferem no modelo de casamento e família, impostos arbitrariamente à sociedade.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O peregrino conserva alguma coisa do turista


O Turista e o Peregrino

José Tolentino Mendonça

O turista e o peregrino têm mais em comum do que possa parecer. Um pelo caminho do lazer, outro pela volta do sagrado: é, contudo, um impulso antropológico semelhante que os move. A experiência da saída de si, o desejo de outras paisagens, a busca de alteridade são traços reconhecíveis tanto num como noutro. O peregrino conserva alguma coisa do turista. O caminho de peregrinação, mesmo quando assume um carácter penitencial, não perde um tom festivo, uma quase ligeireza, que não é distracção, mas celebração. Tal como o turista conserva coisas do peregrino. Qualquer viagem pressupõe, por exemplo, uma reflexividade, uma experimentação sobre si mesmo, um saber de si. Mesmo se o que vemos são linhas, digressões por cidades ou trilhos, mesmo se nos parece estar apenas perante a representação objectiva da paisagem diurna ou do deslumbramento nocturno: por detrás de cada fragmento solto do mundo encontra-se uma pergunta maior.

Senhora dos Navegantes em procissão pela Ria

Senhora dos Navegantes na hora da partida para a procissão

Alegria para toda a gente

É já no próximo dia 19 de Setembro que se realiza a Festa em Honra de Nossa Senhora dos Navegantes, padroeira dos marítimos e suas famílias. A festa, que outrora foi romaria, atraindo gentes das redondezas, até obrigava a feriado em Aveiro, cujo comércio fechava para proporcionar o passeio ao Forte da Barra, em cuja capelinha, com sinais de fortaleza, fazia adivinhar segurança para toda a gente.
A festa tinha o ponto alto na segunda-feira, já que no domingo anterior tinha lugar, na Costa Nova, a romaria da Senhora da Saúde, também Ela venerada pelos trabalhadores do mar e da ria e veraneantes. Estas duas romarias tinham uma marca comum: o encerramento da época balnear nas duas praias do concelho de Ílhavo em terras gafanhoas – Gafanha da Nazaré e Gafanha da Encarnação.
Mas o fim da época balnear, afinal, não encerrava com aquelas romarias. Os bairradinos, depois das vindimas, vinham a seguir para recuperar do desgaste provocado pelas canseiras das uvas e do vinho, que ficaria, este, em sono de cura até ao S. Martinho.
Voltando à Senhora dos Navegantes, é oportuno referir que, para além das cerimónias religiosas, com missa solene a procissão até ao mar, havia música e foguetes a condizer, mas ainda é justo sublinhar que o convívio familiar e entre famílias era nota dominante. Farnel preparado a tempo e horas, onde não faltavam acepipes para dias de festa, acompanhados com bebidas que alegrassem a alma de quem não se esquiva a canseiras para levar uma vida “direitinha”, como então se dizia, tudo se conjugava para se experimentar um dia diferente. E de rancho para rancho, nos relvados do Jardim Oudinot, não faltava quem partilhasse farnéis e brindasse à saúde de cada um e de todos, do garrafão erguido que chegava para todos.

23 DE SETEMBRO – DIA MUNDIAL DO MAR

Canal Central, em Aveiro
Jardim Oudinot

Baptismos de mar no Porto de Aveiro

No próximo dia 23 de Setembro, em iniciativa integrada nas comemorações do Dia Mundial do Mar, o Porto de Aveiro vai proporcionar baptismos de mar a quatro dezenas de crianças e jovens carenciados, residentes em Instituições Particulares de Solidariedade Social do interior do distrito.
Trata-se de iniciativa de âmbito nacional, envolvendo a quase totalidade dos portos portugueses, desencadeada pela Associação dos Portos de Portugal (APP) (http://www.portosdeportugal.pt/), em estreita parceria com o Instituto Portuário e dos Transportes Marítimos (http://www.imarpor.pt/).
Em Aveiro, esta iniciativa solidária conta com a prestimosa colaboração da União Distrital das IPSS de Aveiro (UDIPSS AVEIRO) (http://www.udipss-aveiro.com/), e da empresa Eco Ria (http://www.ecoria.pt/), que disponibiliza, gratuitamente, uma embarcação para o efeito.
Participam, nesta iniciativa, os Centros Sociais de Avelãs de Cima, Argoncilhe e Arrifana. Foram critérios desta escolha, Instituições Associadas na UDIPSS AVEIRO que, pela sua especificidade geográfica estão menos conciliadas com o mar e também a escolha de crianças que por razões várias não conhecem a Ria.
O passeio, pela Ria de Aveiro, terá a duração aproximada de uma hora, partida do Rossio, Aveiro (10:00), junto às instalações da Eco Ria e chegada ao cais do Jardim Oudinot.
Pelas 11:00, e findo o passeio, as crianças e jovens visitarão o Edifício dos Pilotos do Porto de Aveiro, na Barra, aqui se procedendo à visita às instalações e a uma explicação sumária da actividade destes profissionais.
O Porto de Aveiro dá assim, também, o seu contributo para as comemorações do Ano Europeu de Luta contra a Pobreza e a Exclusão Social.


Um livro do Padre Tomás Marques Afonso


“O Meu Navegar no Mar da Vida”


“O Meu Navegar no Mar da Vida” é um livro da autoria do Padre Tomás Marques Afonso, publicado no âmbito das celebrações das Bodas de Ouro da sua ordenação sacerdotal. Escrito em verso, o Padre Tomás conta-nos a sua vida, passo a passo, ao jeito cadenciado de quem aprendeu a marchar, segundo as regras que ele tão bem absorveu como Capelão Militar.
«Nunca na vida passou pela minha mente escrever um livro, mas o encontro com os amigos que me incitaram a publicar algo sobre os trinta anos dedicados ao apostolado castrense, como Capelão Militar, levou-me a decidir, e aqui estou para satisfazer a sua vontade, aproveitando a coincidência de estarmos a iniciar o Ano Sacerdotal, publicando, de uma maneira salteada, acções, qualidades, partidas, peripécias, divertimentos, reparos, vivências, humorismo, alpinismo, desporto, etc.,etc., não em prosa, mas em verso de decassílabos, desde menino de escola primária até aos meus 75 anos e ao meu Jubileu Sacerdotal.» Dito isto no Prólogo, o Padre Tomás deixa claro que foi motivado por amigos. Ainda bem que há amigos assim, capazes de manter viva a amizade e o desejo de a ver plasmada em forma de livro.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Um poema de Licínio Amador para amenizar o calor

Ser outro ser

Ah! Se eu pudesse ser, outro ser,
Sendo o mesmo!
Nasceria novamente
Seria outro ser,
Com nova vida
Mas vida totalmente diferente!

Teria outra infância,
Meus brinquedos
Seriam as estrelas, os planetas,
Todas as vias lácteas
Com quem brincaria
Brincadeiras de fantasia
De tolerância!


Viveria depois outra mocidade,
Iria conhecer novas culturas,
Novas tradições
Que não têm idade,
Tão cheias de belas civilizações!


Namoraria com o mar;
Pedir-lhe-ia bonanças eternas,
Bonanças azuis esverdeadas,
Por onde deslizariam,
Por onde flutuariam
Suaves e rutilantes fadas!


Pediria também namoro ao céu;
Com ele, voaria nas alturas,
Acima das montanhas,
Acima das planuras,
Descansando de quando em quando
Nas leves e sonhadoras nuvens
Que por nós passam carregadas de ternuras
Carregadas de brancuras!


E depois qual escolheria?
Os dois possuem os infinitos
Por onde sempre amei voar,
Por onde sempre amei navegar
Por onde vagueiam meus sonhos
Por onde vagueiam meus mitos!

Pedi então ajuda à vida
Que com a sua experiência,
Me aconselhou a ficar com os dois,
Porque o céu dar-me-á guarida
E, o mar, esse, alimentará a minha essência!

Licínio Ferreira Amador