sábado, 11 de setembro de 2010

A Justiça portuguesa outra vez



Rogério Alves pede ao Ministério Público
que “se reorganize” e que a “turbulência” pare

O ex-bastonário da Ordem dos Advogados, Rogério Alves, considera que o facto de a procuradora-adjunta Cândida Almeida ter colocado o lugar à disposição é mais um episódio revelador do “mal-estar” existente no Ministério Público. “Creio que esta manifestação é também uma manifestação de descontentamento, isso não há dúvida nenhuma. Espero que rapidamente estas situações de mal-estar, de iminência de conflito ou, pelo menos, de comunicação para o exterior de que há uma sensação de incomodidade sejam rapidamente sanadas”, afirmou  antigo bastonário à Renascença.
Rogério Alves deseja que Ministério Público “se reorganize” e que “a turbulência” interior “deixe de ser notícia, porque, fundamentalmente, deixe de ocorrer”.

In RR

Nota: Seremos mesmo um país de conflitos? Parece que sim. Não há dia nenhum sem referências mediáticas à Justiça que se vive em Portugal. E o mais curioso é que ninguém ousa enfrentar a triste situação que nos prejudica a todos, como se esse sector nos fosse estranho ou protagonista à margem das leis que nos regem.  

Dois minutos de reflexão para este sábado



SOBRE O PAI-NOSSO


Não digas «pai», se a cada dia não te comportas como um filho.
Não digas «nosso», se vives isolado no teu egoísmo.
Não digas «que estais nos céus», se só pensas nas coisas terrenas.
Não digas «santificado seja o vosso nome», se não o honras.
Não digas «venha a nós o vosso Reino», se o confundes com coisas materiais.
Não digas «seja feita a vossa vontade», se não a aceitas quando é dolorosa.
Não digas «o pão nosso de cada dia», se não te preocupas com quem passa fome.
Não digas «perdoai-nos as nossas ofensas», se manténs rancor contra o teu irmão.
Não digas «livrai-nos do mal», se não tomas posição contra o mal.
Não digas «ámen», se não compreendeste nem levaste a sério a palavra do Pai-nosso.

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Mondego: Um rio vaidoso

Penacova

Em Penacova, lá bem no cimo, há vistas deslumbrantes. Como noutros sítios, em Portugal, onde as maravilhas da natureza estão à vista de todos. Hoje recordo um passeio de férias, que jamais esquecerei.  O Mondego, lá em baixo, vaidoso, sabe que está a ser apreciado por gentes da terra que se postaram, em anfiteatro, para o poderem contemplar desde madrugada ao sol-posto, mas também em dias de lua cheia. Manso, vagaroso, lá vai ele, como numa passagem de modelos, serpenteando sobre passadeira de veludo azul.  

Hindu e budista, sem deixar de ser cristão


Católico, hindu e budista

Anselmo Borges

Só estive com ele uma vez. Em Barcelona, em 2004, no Parlamento das Religiões. Morreu no passado dia 26 de Agosto, com 91 anos, em Tavertet, uma aldeia para onde se retirara, perto de Barcelona.
O Padre Raimon Panikkar era uma das maiores autoridades mundiais nas questões do diálogo inter-religioso. As suas raízes genéticas, religiosas, académicas, geográficas, deram um contributo decisivo para ser ponte entre Ocidente e Oriente: o pai era hindu e a mãe, catalã católica; era doutorado em Filosofia, Química e Teologia; viveu uma parte da sua vida na Europa, outra viveu-a na Ásia, uma terceira passou-a na América. Ensinou em várias universidades, entre as quais Santa Bárbara, na Califórnia, e Harvard. Deixou mais de 50 livros, em várias línguas. No meio de uma vida agitada e aparentemente dispersa, manteve, no Uno, a serenidade do monge.
O funeral, numa celebração solene e íntima, foi segundo o rito exclusivamente católico, mas Panikkar deixou instruções precisas para que as suas cinzas fossem repartidas entre a família, o cemitério de Tavertet e o rio Ganges, na Índia.
Regressado precisamente da Índia, disse que voltava hindu e budista, sem que isso significasse deixar de ser cristão: pelo contrário, agora, era mais cristão. Por isso, para lá do diálogo inter-religioso, defendia o diálogo intra-religioso, isto é, aquele diálogo que cada um deve estabelecer dentro de si mesmo entre as grandes religiões, cuja herança pertence a todos.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Pessoal das secas – 1938

No meu Galafanha publiquei duas fotos com data de 1938. Dois grupos de pessoal das secas. Pode ver aqui.

Bispos Portugueses analisam «Caritas in Veritate»

Propostas para a sociedade portuguesa

 
Primeiro documento do Gabinete de Estudos Pastorais da Conferência Episcopal Portuguesa analisa sociedade à luz da encíclica «Caritas in Veritate»
As dificuldades económico-financeiras, a crise moral e as questões relativas à família e educação constituem os temas principais de um documento distribuído hoje pelo Gabinete de Estudos Pastorais (GEP) da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).
O texto analisa alguns aspectos da realidade nacional à luz da última encíclica do Papa Bento XVI, “Caritas in Veritate” (Caridade na Verdade), publicada em 2009.
O documento surge da constatação de que os portugueses estão “muito preocupados e desconcertados com uma série de acontecimentos e notícias que abalaram as suas convicções”, sentindo por isso “a necessidade de orientações, sobretudo por parte de instituições autorizadas como é o caso da Igreja”.
As críticas à actuação de organismos dependentes do Estado constituem um dos aspectos mais presentes no estudo, intitulado “A visita do Papa Bento XVI a Portugal, a Encícilia ‘Caritas in Veritate’ e a sociedade portuguesa”.
A primeira parte do texto reflecte sobre “a crise de valores e o modelo de desenvolvimento”, detendo-se também nos “impactos sociais e políticos” da actual situação económica.
Os autores – o padre jesuíta António Vaz Pinto, Francisco Sarsfield Cabral, Guilherme d’Oliveira Martins, Manuel Braga da Cruz, Maria José Nogueira Pinto e Pedro Roseta – defendem que a recessão foi causada pela “irresponsabilidade financeira” decorrente da “desregulação” dos mercados.

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Biblioteca Municipal de Ílhavo celebra aniversário

Biblioteca Municipal de Ílhavo


A Biblioteca Municipal de Ílhavo (BMI) assinala amanhã, 11 de Setembro, o seu 5.º Aniversário. Nos seus cinco anos de vida, este equipamento cultural tem vindo a afirmar-se como um local de preferência de quem gosta de livros.
Na passagem deste seu 5.º aniversário, a BMI conta já com 4912 utilizadores inscritos, tendo registado até à data um total de 61 659 empréstimos, verificando-se uma procura crescente de utilizadores.
Durante o mês de Setembro está a decorrer na BMI a Feira do Livro, oportunidade excelente para enriquecimento do espólio de cada um, com a aquisição de novos Livros.
O 5.º aniversário da inauguração da biblioteca ilhavense será assinalado com as seguintes actividades:



Programa do aniversário

15h00
Encontro com a ilustradora Teresa Lima

16h30
Hora do Conto: “Fiz, o coleccionador de medos”

17h00
Inauguração da Exposição de Originais: “Fiz, o coleccionador de medos”

Fidel Castro está lúcido: Modelo económico de Cuba já não funciona

Fidel Castro


«O ex-Presidente cubano Fidel Castro, que seguiu à frente dos destinos da ilha durante quase 50 anos, admitiu que o modelo económico de Cuba “já não funciona”.

Já não funciona nem para nós”, afirmou numa entrevista com o jornalista norte-americano Jeffrey Goldberg, correspondente da revista “The Atlantic”, que conduziu ao longo do mês de Agosto em Havana uma série de conversas com o antigo líder da revolução cubana, tendo visitado a ilha a convite de Castro.»

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quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Ruas da Gafanha da Nazaré: Rua D. Manuel Trindade Salgueiro

D. Manuel Trindade Salgueiro


Um Bispo que entendia
a pesca do bacalhau como poucos


A rua D. Manuel Trindade Salgueiro presta homenagem a um grande ilhavense, que ocupou altos cargos na hierarquia da Igreja Católica. A rua sai do centro da Cale da Vila e liga-nos à Gafanha de Aquém, a caminho de Ílhavo, sede do concelho. Com ria do lado esquerdo à vista, em alguns pontos, tem a Mata Nacional à direita. Casario dum lado e doutro, na área da vila propriamente dita, tem grande movimento.
Por força das estratégias relacionadas com a circulação do trânsito, deixou de nos levar directamente para a Gafanha de Aquém, obrigando-nos a um desvio ainda um pouco confuso para a retomarmos mais adiante.
Esta é seguramente uma das mais antigas vias da nossa terra, fundamental para a ligação à sede do concelho. Pugnou por ela o nosso Prior Sardo, aquando da sua passagem pela Câmara Municipal, como vice-presidente da autarquia.

ÍLHAVO: Semana da MAIOR IDADE 2010 – “Viver Solidário”

13 a 19 de Setembro


Reforçando a aposta da Câmara Municipal de Ílhavo na organização de actividades destinadas aos Maiores do Município de Ílhavo, decorre de 13 a 19 de Setembro a 12.ª edição da Semana da Maior Idade 2010, com um programa bastante recheado.
Composta pelos trabalhos desenvolvidos nas várias Instituições Particulares de Solidariedade Social do Município, bem como pelos trabalhos desenvolvidos pelos utentes dos Espaços Maior Idade, a Feira/Exposição “Viver Solidário” marca o início da Maior Idade 2010, numa acção de divulgação e promoção do trabalho desenvolvido durante o ano com os Maiores.
Na edição de 2010, destaque para a realização de três visitas/convívio, que uma vez mais registaram uma elevada adesão com o envolvimento de cerca 1500 Seniores, (dia 14 - Tomar, Almourol e Peniche; dia 15 - Santiago de Compostela; dia 16 - Arcos de Valdevez), para o Fórum “Inclusão Social de Idosos – Utopia ou Realidade” e para o I Sarau Maioridade.
A Câmara Municipal de Ílhavo convida todos os ilhavenses, e não só, a marcarem presença neste evento.

Consultar o Programa.


Dicionário Histórico das Ordens


Investigação salienta importância da Igreja Católica
 na construção de Portugal
 
Mais de 150 investigadores trabalharam durante dez anos para finalizar o “Dicionário Histórico das Ordens e Instituições Afins em Portugal”, obra que foi apresentada esta Segunda-feira em Lisboa.
Em declarações à ECCLESIA durante a sessão de apresentação, D. Carlos Azevedo, bispo auxiliar de Lisboa, salientou que “não podemos compreender a História de Portugal sem compreender o papel das ordens religiosas”.
Segundo o historiador, a importância destas instituições para a cultura manifestou-se nas “duas grandes vertentes” do ensino e assistência, assim como no “acompanhamento espiritual, que muitas vezes não é apreciado mas contribui para a saúde interior das pessoas”, e, por isso, “para o bem de uma nação”.
Quase 2/3 das cerca de 350 ordens apresentadas no volume são católicas, seguindo-se as protestantes (20% do total), honoríficas, civis, templárias, míticas, profissionais, esotéricas, hindus, budistas e maçónicas.
O presidente do Tribunal de Contas e do Centro Nacional de Cultura, Guilherme d’Oliveira Martins, assinalou que o volume consegue “apreender com grande rigor o percurso de algumas instituições fundamentais que, ao lado do Estado, fizeram o país”.
Para José Eduardo Franco, que dirigiu o projecto com José Augusto Mourão e Ana Cristina da Costa Gomes, a relação das ordens com o país é “umbilical”: sem elas, afirmou o investigador, “seríamos muito mais pobres” e “menos auto-suficientes”.

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

A imprensa laica divulgou Fátima


Foi a imprensa republicana que mais ajudou a divulgar o fenómeno de Fátima, através das polémicas e dos ataques dirigidos ao fenómeno. Ali se traduzia um conflito de mentalidades, opondo o racionalismo à crença e à religiosidade popular. Por António Marujo

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Mestre Flamínio Reis

Igreja Católica encomenda sondagem para ouvir sociedade portuguesa

Medida oportuna e necessária



 
Processo de auscultação de organismos eclesiais ganha impulso com envio de carta do presidente da Conferência Episcopal às principais estruturas eclesiais

A Igreja vai encomendar uma sondagem para recolher as expectativas, críticas e questionamentos da sociedade portuguesa em relação à sua actuação, incluindo neste estudo a população com outras perspectivas religiosas.
A pesquisa, que vai decorrer em 2011 e será confiada à Universidade Católica, decorre da vontade da Igreja em querer “ver o mundo onde se situa, para às suas perguntas responder o melhor que pode e sabe”, afirmou esta Terça-feira o porta-voz da Conferência Episcopal (CEP), padre Manuel Morujão.
Depois de salientar que “a Igreja é para o serviço de toda a sociedade”, o sacerdote defendeu que as suas portas “inclusivas” devem estar sempre “bem abertas”.
“Há muita gente de boa vontade que, não partilhando os valores da religião, partilha os valores da humanidade, que são muito importantes para a Igreja”, salientou o responsável durante a conferência de imprensa que se seguiu à reunião do Conselho Permanente da Conferência Episcopal, realizada em Fátima.
Confrontado com a eventualidade de os resultados da sondagem sugerirem a necessidade de alterações na orgânica e na doutrina, o padre Manuel Morujão frisou que “a Igreja deve considerar-se sempre em estado de conversão”, pelo que “não tem medo das mudanças”.

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Papa antecipa visita a Inglaterra


Bento XVI agradeceu os preparativos para a viagem e evocou o cardeal John Henry Newman, que vai beatificar a 19 de Setembro

«Bento XVI disse hoje aguardar com expectativa a viagem ao Reino Unido, que decorre entre 16 e 19 de Setembro, e agradeceu os preparativos feitos com vista à sua estadia naquele país.
“Sei que tem sido realizado um vasto trabalho de preparação para a visita, não apenas pela comunidade católica, mas também pelo Governo, as autoridades locais na Escócia, Londres e Birmingham, os meios de comunicação social e os serviços de segurança”, assinalou Bento XVI.
“Quero salientar o quanto estimo os esforços que têm sido feitos para assegurar que os vários eventos programados se convertam em celebrações verdadeiramente jubilosas”, referiu o Papa no discurso em língua inglesa proferido no Vaticano, durante a audiência geral das Quartas-feiras.
“Acima de tudo, agradeço às inúmeras pessoas que têm rezado pelo sucesso da visita e por uma grande efusão da graça de Deus pela Igreja e pela população da vossa nação”, afirmou Bento XVI após a catequese dedicada a Santa Hildegarda de Bingen.»

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Selecção de Futebol perde e jogadores clamam por tranquilidade

Pede-se  celeridade no caso Queiroz

«Bruno Alves e Tiago, dois dos jogadores mais utilizados na selecção nacional, pediram ontem, depois da derrota com a Noruega (1-0), celeridade no processo que envolve o seleccionador Carlos Queiroz. Tiago pediu para se resolver tudo “rapidamente”, já que essa é a melhor forma de se conseguir “estabilidade”.»

RR

NOTA: Perante mais um desaire da selecção nacional de Futebol, alguns jogadores mostraram o seu descontentamento, pedindo celeridade no processo instaurado a Carlos Queiroz. É óbvio que esta situação se torna muito desconfortável para todo o complexo sistema que envolve uma competição de alto nível. Mas será possível celeridade num país em que tudo decorre sem pressas, sem urgências, sem decisões de choque?

Fotos de Carlos Duarte



Exposição na galeria da Junta de Freguesia de Ílhavo

 MARGENS DA RIA é o tema da exposição de fotografia de Carlos Duarte, cuja inauguração terá lugar no dia 11,  pelas 17.30 horas. 
O autor das fotos expostas convida todos os seus amigos a marcarem presença no dia e hora marcados. Mas também sugere que, na impossibilidade de estarem presentes, apareçam no dia 15, à tarde, na sede da Junta, entre as 15 e as 17 horas, dia em que decorre no Largo do Centro Cultural a Semana da Maioridade. 

Apesar de tudo, cada pessoa recomeça


Recomeçar, todos

Paulo Rocha


Apesar de tudo, cada pessoa recomeça! Tudo vai andando, no rebanho ou no restolho, com mais ou menos estratégias diante do futuro. Há, no entanto, acontecimentos que travam esse devir.

Um ponto prévio para valorizar o que habitualmente é motivo de lástima: o fim das férias.
Direito mais do que justo para qualquer trabalhador, ter férias é, cada vez mais, um privilégio. Felizmente para muitos, pelo menos na sociedade portuguesa e nas que se regem por critérios de democracia.
Mesmo nesses, no entanto, cresce o número dos que não podem ter férias, porque não têm um emprego. Um aparente paradoxo que desafia, por um lado, à procura do equilíbrio social; e, por outro, à necessária valorização do tempo de férias, dos dias de descanso, de encontro com familiares, amigos e conhecidos.
Neste ano, o recomeço acontece entre muitas instabilidades. Elas atingem diversificados contextos sociais: nos tribunais, na política, no desporto, na economia.

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Portugueses racistas contra ciganos?


«Portugal sofre de “ciganofobia” e mais de 80 por cento da população tem comportamentos racistas contra os ciganos, defendeu o antropólogo José Pereira Bastos, para quem não há ninguém em Portugal que se interesse por estas pessoas.»

O PÚBLICO de hoje denuncia esta brutalidade que é o facto de 80 por cento dos portugueses terem comportamentos racistas contra ciganos. Em França, talvez pelo mesmo motivo, o Estado está atarefado em levar a cabo a expulsão dos ciganos romenos. Por este andar, qualquer dia cai-se no erro crasso de levar à prática a expulsão em massa destes homens e mulheres, que são gente como nós. Um pouco à semelhança do que há séculos foi feito com os judeus.
Penso que a solução do problema não passa, nem pode passar, pela expulsão. Mas passará, julgo eu, por um abrangente programa de integração de todos os ciganos, no respeito, paralelo, pela sua cultura e tradições. Num Estado democrático, os ciganos, como quaisquer imigrantes, têm direito à liberdade, à vida, ao trabalho, à justiça social, à educação e por aí adiante, como os demais cidadãos. A questão está em que nunca, que se saiba, houve projectos consistentes de integração ou reintegração social, com definição de metas a atingir e de valores a cultivar.
Não é com desconfianças, com atitudes racistas e xenófobas, com expulsões e com marginalizações que se resolvem estes problemas. Os ciganos são gente como nós. Ou não são?

FM

Empresários de sucesso não eram doutores nem engenheiros


Capital para investir e render, os dons naturais


António Marcelino

Já em tempo de férias, algumas revistas generalistas trataram, como tema de interesse, o facto de haver, em Portugal, empresários empreendedores e de sucesso, que não eram nem doutores, nem engenheiros. Pudemos ver, assim, a carreira de êxito de muita gente, uma mais conhecida que outra, mas toda ela a denunciar a riqueza de dons naturais, que se acolheram e se souberam reconhecer, valorizar e investir, mesmo quando as situações sociais e familiares dos seus inícios eram adversas e difíceis de contornar.
Gente que veio de meios pobres, onde o pão do dia a dia era amassado com o suor e dor. Gente que soube aguentar dificuldades e nunca desistiu de ir mais longe. Gente para a qual o trabalho e a persistência no sonho foram a riqueza que antecipou outras riquezas. Gente humilde que, como tal, soube viver, mesmo quando o fruto do trabalho lhe abriu horizontes novos. Gente que pode confessar agora, com simplicidade e verdade, que, nas suas empresas, com centenas de colaboradores, nunca aí se despediu um trabalhador, mesmo em momentos de crise. Quem cresceu a contar os tostões e a fixar o olhar pensativo nos filhos que iam crescendo e no modo de prevenir o seu futuro, sabe bem a fragilidade de um lar quando não tem hoje a garantia do pão de amanhã.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Os nossos artistas: Cândido Teles


«Se passa, desacanhadamente, da "Escolha de peixe" no sul da Costa Nova para o "Mercado de Cabinda"; se transfere as tintas do glauco da Ria para os amarelos gritantes da seara madura;  se da peixeira esbelta resvala para a ceifeira maciça e do pescador ágil e bailarino para o pastor imóvel na paisagem pasmada, isso não lhe obnubila a fidelidade à ambiência onde, pela primeira vez, experimentou os pincéis e a que está ligado por uma afectividade toda tocada de ternura.»

Frederico de Moura

In "Homenagem do Município de Ílhavo – C. Teles – Desenhos"

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

D. Manuel Clemente em entrevista ao PÚBLICO

O PÚBLICO inseriu hoje nas suas páginas uma extensa entrevista com D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, que transcrevo para o meu blogue, atendendo à importância e à oportunidade das suas reflexões. Na íntegra, para quem gostar e tiver tempo.

Um trabalho de Teresa de Sousa.





Há povos-cais, onde se chega e de onde se parte. 
Julgo que é essa a nossa condição

O seu olhar sobre o mundo e sobre o país transmite o tempo de uma instituição milenária. Não se angustia com a pressa do tempo presente. Atravessa os séculos como se tivessem sido ontem. Mesmo que sem ilusões. D. Manuel Clemente, 62 anos, bispo do Porto desde 2007, remete tudo à pessoa e às pessoas. O confronto mundial entre culturas diferentes ou o imperioso reconhecimento que temos de fazer de nós próprios, enquanto portugueses. Como sair deste "tempo de escombros"? A resposta está na última encíclica de Bento XVI. "Com uma nova síntese humanista."


"Tempo de escombros", palavras muito fortes com que se refere aos tempos actuais no diálogo epistolar com José Manuel Fernandes que foi agora editado. Vivemos uma tripla crise: a nossa, a europeia, que é como se fosse nossa, e a crise mundial ou, se quiser, do lugar do Ocidente no mundo. São estes os tempos de escombros a que se referia?

Era a esses escombros, sim. Aquilo a que também se refere a expressão "pós-modernidade". Como sabe, desde o pós-guerra que aquelas certezas muito sólidas, aquelas ideologias duras e aqueles desígnios colectivos que nos embalavam até aí começaram a fragmentar-se. E é nesse sentido que apareceu, nessa conversa, a palavra "escombros". É o que resta de uma casa que, de repente, ruiu. E esses escombros não são apenas arquitectónicos, são também mentais e culturais. É muito difícil hoje vivermos num universo verdadeiramente conjunto e conjugado. Cada um faz, mais ou menos, o seu universo. E, neste ambiente - nesta atmosfera, como dizem os homens da pós-modernidade -, é muito difícil estabelecermos um diálogo aceite e perspectivado para alguns objectivos pré-definidos.
Desaparecem as certezas e as referências, as fronteiras deixam de existir, a globalização une e divide ao mesmo tempo. São perigosos estes momentos?

São, mas são também inevitáveis porque a humanidade é isso, é evolução. Em primeiro lugar, nunca se acrescentou tanta novidade, quer técnica quer também cultural, como nas últimas décadas. Nós, hoje, com este acesso imediato à informação e ao que é novo, aprendemos numa década - ou, pelo menos, apreendemos, quando não as sofremos - mudanças que três ou quatro gerações atrás eram de uma vida inteira, se fossem.

MUSEU MARÍTIMO DE ÍLHAVO: Nos Porões da Memória – 4

Até 10 de Outubro de 2010





Em Agosto de 1957, o Anton Dohrn, um sofisticado navio de pesquisa de pescas da República Federal Alemã, deparou-se com alguns bacalhoeiros portugueses nas águas do Atlântico Noroeste. Devidamente autorizados, dois cientistas alemães foram a bordo do lugre Adélia Maria a fim de observar e registar os processos de pesca do bacalhau usados pelos portugueses e outros aspectos do trabalho a bordo, do convés ao porão. As fotografias de Bodo Ulrich, algumas delas tiradas do topo dos mastros, pouco informam sobre a agenda científica dos alemães. A julgar pela estética e pelo modo serial como as imagens registam o trabalho humano dos míticos pescadores lusos, o álbum que chegou até nós mais se parece a um documentário etnográfico sobre processos de pesca visivelmente artesanais, obsoletos e insólitos, ainda assim muito belos dado o arcaísmo dos navios e dos próprios homens. O relato em imagens do encontro do Anton Dohrn com o Adélia Maria permite questionar o sentido eminentemente “nacional” da memória da pesca do bacalhau por homens e navios portugueses, intenção que orienta o projecto expositivo Nos Porões da Memória, que agora conhece a sua quarta série. Nos anos cinquenta, os bacalhoeiros portugueses já se tinham tornado uma lenda internacional, que interessava muitos olhares estrangeiros. Mesmo o dos cientistas de países que tinham recursos financeiros e visão política para apoiar a indústria da pesca através da investigação experimental de técnicas que permitissem conjugar o alto rendimento das empresas com a sustentabilidade de exploração dos recursos. Construído em Cuxhaven em 1957, localidade do norte da Alemanha para onde haviam de emigrar muitos ilhavenses, a missão específica e “aplicada” do Anton Dohrn acabou por nos legar uma memória surpreendente da “grande pesca nacional”. Aparentemente ingénuo e parecido com tantos outros álbuns fotográficos de lugres portugueses, o trabalho que aqui se expõe antecipa o grande diálogo que hoje se pede à indústria de pescas: a coabitação de pescadores, armadores e cientistas num único sistema tecnológico de exploração económica dos recursos do mar.

Álvaro Garrido


Ainda a Justiça em Portugal...

«Não são revisões parcelares das leis penais que resolvem esta dor de cabeça. Não são as entrevistas do PGR. Não são os desaguisados permanentes onde cada agente judiciário reclama esta ou aquela necessidade. (...) Só quando chegar esse momento de humildade democrática para o reconhecimento dos erros podemos recomeçar com a pergunta fundamental: como é que este país tem uma justiça rápida, eficaz e exemplar?»

Francisco Moita Flores, "Correio da Manhã", 05-09-2010

domingo, 5 de setembro de 2010

Efeméride: Tratado de Tordesilhas foi ratificado neste dia

5 de Setembro

Um país e nação tem efemérides sem conta. Estamos atentos às mais recentes e começamos a esquecer as restantes. Hoje, 5 de Setembro, Portugal ratificou o Tratado de Tordesilhas que havia assinado com o país irmão e parceiro da Ibéria. Na altura, em 7 de Junho de 1494, o Mundo, descoberto ou a descobrir, seria repartido entre os reinos de Portugal e de Espanha. Na época éramos mesmo importantes e até parece que  mandávamos no planeta Terra. Os tempos passaram e presentemente somos o que somos: reis e rainhas de nós próprios. Quanto baste.
Os espanhóis, mais apressados, sabe-se lá porquê, ratificaram-no a 2 de Julho e os portugueses, mais atrasados, como de costume, esperaram até 5 de Setembro do mesmo ano.
Aqui fica a lembrança.

Tratado de Tordesilhas