sábado, 28 de agosto de 2010

Como se chega à felicidade?


HÁ RECEITAS PARA A FELICIDADE?

Anselmo Borges

O que queremos verdadeiramente é, sem sombra de dúvida, ser felizes. Mas como se chega à felicidade? É que, para se ser feliz, é necessária uma multidão de coisas e de condições: algum prazer, saúde, uma vida familiar agradável, realização profissional mínima, reconhecimento social, algum dinheiro, amigos - "sem amigos, ninguém escolheria viver", disse Aristóteles. Depois, também é preciso ter sorte, como diz a própria palavra no seu étimo (felix), e isso não acontece apenas com felicidade (felicidad, em espanhol, e felicità, em italiano): o Glück alemão significa felicidade e sorte, a raiz de happiness é happ, com o significado de acaso, fortuna (perhaps significa talvez), o mesmo acontecendo nas palavras grega e francesa, respectivamente: eudaimonia e bonheur.
E há choques, oposições, contradições. O Prémio Nobel da Literatura Heinrich Böll escreveu uma estória cheia de humor e sentido - eu ouvi-a ao Padre Tony de Mello. Chega um turista e dialoga com um pescador pobre, a apanhar sol na praia, com o resultado da sua pescaria: dois peixes. - Porque não pescas mais? - Para quê? - Para teres dinheiro, criavas uma empresa, tinhas muitos empregados, eras cada vez mais rico, exportavas, montavas mais empresas... - E depois?, pergunta o pescador. - Serias tão rico que já nem precisavas de trabalhar e passarias os dias na praia a apanhar sol... - Mas é precisamente o que estou a fazer, sem ter de passar por toda essa trapalhada, atirou-lhe o pescador.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Vouzela: Notas Históricas






Atenção: As notas históricas dizem o essencial. Clicar nas fotos para ampliar.

Festa da Padroeira na Gafanha da Nazaré



Arcadas e bandeiras são sinal de festa na terra. É assim por todo o país. Na Gafanha da Nazaré, como manda a tradição, a festa em honra da Padroeira Nossa Senhora da Nazaré tem lugar no último domingo de Agosto. As festas são sempre uma oportunidade para o reencontro de amigos  e para a alegria com foguetes, músicas, missa solenizada e procissão. Este ano tem como aliciante o facto de se integrar nas celebrações do centenário da freguesia e paróquia. O decreto do Bispo de Coimbra regista a data 31 de Agosto de 1910 como chave da criação da paróquia.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

António Lobo Antunes escreve sobre livros e editores na Visão



António Lobo Antunes

«A cabeça de um escritor é um sítio inabitável, cheio de sombras negras que se devoram umas às outras, remorsos, fantasmas, dores, insignificâncias em que não reparamos e ele repara, sensações, luzes, criaturas sem nexo. Usam o papel para ordenar este caos, vertebrar o desespero, dar ao ilógico uma coerência lógica e mostrar o nosso retrato autêntico em cacos de espelho, fundos de poço trémulos, superfícies convexas em que temos de emagrecer por nossa conta. Não se pode estender a mão a quem lê, tem de se caminhar sozinho num nevoeiro aparente em que, a pouco e pouco, as coisas se arrumam nos seus lugares. Em nenhum bom livro há personagens e história: quando muito aparência de personagens e história, usadas para tornar mais clara a vertigem do que somos. Tudo se passa no interior do interior e portanto não devia haver cursos de escrita criativa»

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Poetas ilhavenses: João Mulemba


TEMPO

Sonhos atados nos mastaréus do tempo,
matam o tempo, do tempo-homem.
O Homem-tempo, soltando velas,
cruza o Além, no Além dos tempos.
Não há cais para o Tempo.
Não há ferros para o Homem.
O homem rasgando o tempo
Faz o Tempo. Faz o Homem.
Homem?
Tempo?
Tempo do Além?
Além do Tempo?
Homem. Só.

João Mulemba

In "Antologia de Poetas Ilhavenses", organizada por Jorge Neves

AVEIRO tem tanto para visitar...


A Sé de Aveiro merece bem uma visita. Em si há arte de várias épocas e expressões. Logo à entrada, há o célebre cruzeiro, cuja réplica está no largo fronteiro. Há informação disponível. Curiosamente, diversas vezes tenho visto por ali mais estrangeiros que portugueses. Por que razão será?


Gosto desta estátua de Santa Joana Princesa do artista aveirense  Hélder Bandarra. A princesa Joana exibe determinação e dinamismo, bem patentes em todo o conjunto. Aprecie sem pressas a expressão, os nossos ventos, o braço em movimento, o olhar para o alto...
Caíram ou arrancaram duas letras. A padroeira de Aveiro merecia que as letras em falta fossem repostas. Não será assim tão caro e ficaria mais bonito. Como está, denota um certo desleixo.


Junto à Sé também existe o Museu de Santa Joana Princesa, que tem andado em obras de ampliação e manutenção. O seu acervo é riquíssimo, mas há muita gente que passa como gato por cima de brasas. É pena. Além disso, há exposições e outros eventos que são uma mais-valia para enriquecimento cultural do povo de Aveiro e não só. Dê lá um saltinho nesta época de férias. Verá que vale a pena.

Claudette Albino na Galeria Morgados da Pedricosa

Claudette Albino


Claudette, espanta-te!

Gaspar Albino, Artur Fino e Jeremias Bandarra. Os artistas estão sempre onde está a arte

Arranjo com quadros expostos

Só ontem pude visitar a “Exposição de Claudette Albino”, retrospectiva que abarcou fotografia, pintura monotipia e cerâmica. Patente na Galeria Morgados da Pedricosa, a exposição encerra no próximo domingo. A organização foi de AVEIROARTE - Círculo Experimental dos Artistas Plásticos de Aveiro.
Tenho para mim que as artes tornam eternos os criadores e enriquecem quem as contempla. Daí que, sempre que posso, não deixo de apreciar com prazer o que os artistas nos proporcionam.
Há muito que apreciava a artista multifacetada que foi, e é, Claudette Albino, uma personalidade serena que se tornava próxima de toda a gente e que falava de arte com simplicidade. Como poucos artistas.
Claudette Albino e seu marido, o também artista Gaspar Albino, formaram e formam um casal que respirava arte por todos os poros. Eram presença assídua nas exposições da AVEIROARTE e noutras que reflectiam o sentir dos artistas e das gentes aveirenses.
Até domingo, os meus leitores ainda podem visitar a “Exposição de Claudette Albino”.

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Mais de um milhão de portugueses faz voluntariado




Penso que Portugal sempre foi um país de gente generosa. Há cinco séculos que existem Misericórdias, com toda uma panóplia de serviços em favor dos mais carenciados. Também as Irmandades deram o seu contributo na assistência a quem  dela precisasse.
Na Rádio Renascença, Elsa Chambel, presidente Comissão Nacional para a Promoção do Voluntariado, sublinha que  «há um 1,5 milhões de voluntários em Portugal».

Pode ler mais aqui

Poetas Ilhavenses: Vieira da Silva


CANÇÃO DE MÁGOA

Tantos sonhos esquecidos
Perdidos no pó da estrada
Tantos dias tantas noites
À espera da madrugada.

O que foi feito de nós
Companheiros de viagem
Que é da nossa liberdade
Feita de fé e coragem.

Vai-se o tempo e nós aqui
Adormecidos no cais
Entretidos com o medo
De já ser tarde demais.

Teimosamente morrendo
Por detrás desta janela
A fingir que somos livres
Com um cravo na lapela.

Vieira da Silva

In "ANTOLOGIA de Poetas Ilhavenses", organizada por Jorge Neves

Um livro de D. Manuel Clemente com José Manuel Fernandes


«Como uma pedra caída na superfície lisa das águas, origina círculos cada vez mais afastados do centro, diluindo-se também, assim, o catolicismo português; verificando ainda que, neste caso, os círculos tanto podem ser centrífugos como centrípetos. Tudo dependerá da consistência e atracção do núcleo central, isto é, da verdade, bondade e beleza com que realmente o Evangelho for vivido nas comunidades, nas famílias e nas várias realidades eclesiais.
Sabendo nós que o catolicismo tradicional, com que tantos portugueses se apresentam, consente em si mesmo muita sobrevivência pagã e muito relativismo contemporâneo, requer-se maior definição doutrinal e prática de quem se queira verdadeiramente católico e maior clareza e novidade no modo de apresentar o Evangelho de Cristo como possibilidade concreta de vida plena, em todos os sectores da existência pessoal, social e cultural.»

D. Manuel Clemente

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Morreu a actriz Maria Dulce

Maria Dulce, a Maria,  numa cena do filme Frei Luís de Sousa

Morreu esta manhã a actriz Maria Dulce. Tinha 73 anos e vivia sozinha, mas ainda trabalhava. Permitam-me que a recorde como uma actriz que conheci e admirei desde muito novo. A sua participação no filme Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett, ficou para a história. Pouco mais velha do que eu, como não admirar a jovem artista que tão cedo subiu os degraus da fama? Depois, ao longo da vida, com altos e baixos, continuou a merecer a simpatia da minha geração. Faleceu agora, quando mantinha, ainda, o gosto pela arte de representar.

Docente da Universidade de Aveiro envolvido na descoberta de novo sistema planetário



Descobertos até sete planetas em redor de estrela a 127 anos-luz

Uma equipa europeia de astrónomos, com a participação do docente do Departamento de Física da UA, Alexandre Correia, e de Nuno Cardoso Santos, do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, descobriu o sistema planetário conhecido mais semelhante ao nosso, em redor da estrela HD 10180, localizada a 127 anos-luz, na constelação do Hydrus (hemisfério sul). As conclusões são hoje, 24 de Agosto, apresentadas numa conferência, que decorre no Observatoire de Haute-Provence, em França.

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S. Pedro do Sul: Flores antes do Fogo


Dias antes de o fogo deflagrar na floresta das serras de S. Pedro do Sul, registei esta foto. Longe estava de pensar que pouco tempo depois o fogo devastador reduziria a cinza os verdes da paisagem. Mas isso aconteceu para tristeza de quem se sentiu impotente para o dominar.

A Europa e as máfias



Mário Soares continua jovem...

«No princípio do novo século, o mundo ocidental respirava optimismo. A ONU tinha proclamado os objectivos do milénio e as pessoas conscientes pensavam que seriam para cumprir. Era inimaginável que não fossem. Mas foi o contrário que aconteceu, como todos nos lembramos. A Europa era um pólo de atracção, por ser uma terra, simultaneamente, de liberdade, de bem-estar social e de respeito pelo direitos humanos.»

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Boas Ideias; Bons Projectos



«Temos de encontrar um caminho, ou fazer um.»

Albert Einstein


Nota: Encontrei este pensamento num projecto que conheço há bastante tempo e que até já o divulguei no meu blogue. Volto hoje com "Im Magazine" porque considero importante a leitura que nos proporciona e as ideias que nos lança como desafios oportunos.

Vejam aqui

O Big Bang não foi o começo de tudo?



''O Universo estava condenado a existir''. Entrevista especial com Mario Novello

«Novello é professor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro, onde é coordenador do Laboratório de Cosmologia e Física Experimental de Altas Energias. É graduado em Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pela Universidade de Brasília (UnB), mestre em Física pelo CBPF e doutor na mesma área pela Université de Genève (Suíça), com a tese Algebre de l'espace-temps, pós-doutor pela University of Oxford (Inglaterra) e doutor honoris causa pela Universidade de Lyon (França). Conquistou prêmios internacionais, destacando-se a Menção Honrosa por Teses em Cosmologia e Teoria da Gravitação, concedida pela Gravity Research Foundation (USA).»

Leia a entrevista aqui

Centenário da Paróquia da Gafanha da Nazaré

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O Moliceiro, o amante da Ria


O moliceiro, o amante da ria


O moliceiro, o amante da ria,
Flutua leve, silencioso,
Rompendo a madrugada,
Rasgando o manto misterioso
Da neblina que os veste;
E com a ajuda do sol nascente
Aparece imponente à luz do dia.


Com a sua proa pintada,
A sua vela içada
Prenhe de vento, de maresia
Vai lavrando
As salsas águas da ria.
O moliceiro, o amante da ria,
Carrega no seu ventre
O húmus, a semente,
Que fecunda a terra
Terra que abraça a ria,
Rotunda de seiva, de alegria.


Corta as águas, ora calmo, gracioso,
Porque Eolo, no Olimpo, está alegre
Ora quase naufraga
Porque o deus seta zangado, furioso.


E ria acima, ria abaixo
Ao som da concertina,
Espalha a cor, a alegria,
Ao levar os mancebos e as moçoilas,
A S. Paio em dia de romaria.


O moliceiro, o amante da ria,
Abraça-a nos seus braços esverdeados,
Trocando ósculos entusiasmados,
Que são as marolas da ria
Marulhando no casco do moliceiro.


Assim desliza o moliceiro
Pelas águas esverdeadas da ria
Ora lisas, ora ondeantes
Trocando juras de amor eterno
O moliceiro e a sua amante.

Licínio Ferreira Amador

NOTA: 1.º Prémio de Poesia livre dos VII Jogos Florais da Câmara Municipal da Murtosa em 25/03/2006. Tema: O Moliceiro

domingo, 22 de agosto de 2010

Velharias em Aveiro




Em Aveiro, realizou-se hoje mais uma Feira das Velharias, como acontece aos quartos domingos de cada mês. Andava por ali muita gente, mais a ver do que a comprar. Não sou frequentador assíduo das velharias, mas confesso que gosto de ver objectos que nos recordam outros tempos. E acabo sempre por concluir que, afinal, muitos objectos semelhantes aos que por ali estão à venda também os tenho. É óbvio que aprecio mais as antiguidades, mas essas, normalmente, estão expostas em espaços mais requintados. Outros valores precisam de ambientes especiais. Desta feira trouxe apenas três LP de vinil para matar saudades.

A Terra terá consumido já todos os recursos calculados para um ano


«Ontem, sábado, 21 de agosto, os habitantes da Terra terão esgotado todos os recursos que o planeta lhes proporciona no período de um ano, passando a viver dos créditos relativos ao próximo ano, segundo cálculos efetuados pela ONG Global Footprint Network (GFN).
De acordo com o estudo, “foram necessários 9 meses para esgotar o total do exercício, em termos ecológicos.
A GFN calcula periodicamente o dia em que vão se esgotar os recursos naturais que o planeta é capaz de fornecer por um período de um ano, consumidos pela humanidade, aí incluídos o fornecimento de água doce e matérias-primas, entre elas as alimentares.
A reportagem é do UOL Notícias.»

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TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 198

PELO QUINTAL ALÉM – 35


O FEIJÃO

A
José Nunes Ribau e
Maria Merendeiro

Caríssima/o:

a. O quintal sempre foi um alfobre de feijão verde... A rega era com água do poço tirada à bomba (que ainda não de lusalite, de pinheiro furado...); só mais tarde foi instalado um motor eléctrico... Apanhadas as vagens, no mercado de Pardelhas se vendiam. Hoje, a realidade é bem outra, mas o feijão ainda ocupa uma boa leira do quintal.

e. Na Gafanha, o feijão sempre foi uma das culturas preferenciais dos nossos pais e avós, mais como grão seco, nos intervalos do milho. Nas nossas pequenas hortas, a colaboração dos mais novos era com o balde na mão ou a tocar à bomba para a rega.

i. O feijão é a base de um dos principais pratos da culinária típica brasileira, a feijoada tal como em Portugal onde o feijão comum (Phaseolus vulgaris) é a base de várias sopas e da feijoada, misturado com arroz ou como elemento de acompanhamento obrigatório das tripas à moda do Porto e ainda em alguma doçaria (por exemplo, o pastel de feijão). As vagens verdes (feijão verde) podem acompanhar, cozidas, qualquer prato de peixe cozido, e, cortadas às tiras, em sopa (sopa de feijão carrapato). No caso do feijão frade, é frequentemente servido com cebola e salsa picadas, a acompanhar atum.

sábado, 21 de agosto de 2010

Creche "Jardim de Maria" abre portas no dia 1 de Setembro



No dia 1 de Setembro, a Creche  "Jardim de Maria" vai iniciar as suas actividades, tendo por objectivos um novo projecto educativo, assente no princípio "Educar para a Vida". Terá em comum valores semelhantes aos seguidos por outros projectos educativos, mas procura diferenciar-se no dia-a-dia por se inspirar na Missão e Visão filosófica, pedagógica e sacerdotal do Padre José Kentenich, fundador da Obra Internacional de Schoenstatt. A inauguração está marcada para o dia 11 de Setembro de 2010.

O peixe… estava no fundo do prato



PRATO DA ABUNDÂNCIA


Prato em faiança tradicional portuguesa que, às refeições, ficava ao centro da mesa e nele eram colocados os garfos correspondentes ao número de pessoas presentes, para que, desse prato, todos pudessem comer o escoado (“Coziam-se em água as batatas cortadas às rodelas com couves, que depois eram escoadas e colocadas no prato com um pouco de azeite. O peixe… estava no fundo do prato.”). Quando não estava a ser usado servia como adorno na cozinha.
Centro do prato: Decoração policromada, em parte estampilhada, em tons de verde, azul, amarelo, rosa e castanho tendo ao centro composição com postas de peixe com barbatanas, rede, talheres cruzados e 30 pintas azuis.
Significado: O peixe é um dos mais antigos símbolos da arte cristã, simboliza o milagre da partilha e da multiplicação, quanto mais peixe se reparte, mais peixe aparecerá. Os talheres, os utensílios usados às refeições.
As pintas azuis simbolizam o dinheiro que surgiu por milagre na boca do peixe quando foi pescado, ou seja, o resultado do trabalho na pesca (simbolizado também pela redes pintadas), ou do trabalho no campo.
Beira do prato: Decoração policromada, em parte estampilhada, em tons de verde, lilás, rosa e castanho-claro, com uma serpente pintada na caldeira do prato e sete composições vegetativas de parra, uvas, espiga de trigo e papoila, na beira.
Significado: As sete composições significam os dias da semana, simbolizadas pela espiga de trigo e pelas uvas as necessidades diárias e o milagre da partilha e multiplicação do pão (que dá vida ao mundo) e do vinho (sangue da vida), quanto mais pão se reparte, mais pão aparecerá.
A serpente simboliza a tentação e o pecado, sempre presentes todos os dias e todas as horas, servindo para lembrar que os devemos evitar.

Texto da OFICINA DA FORMIGA – Cerâmica Tradicional
http://www.oficinadaformiga.com/ - oficinadaformiga@gmail.com

Para recordar Alexandre O'Neill, no dia da sua morte




A meu favor
Tenho o verde secreto dos teus olhos
Algumas palavras de ódio algumas palavras de amor
O tapete que vai partir para o infinito
Esta noite ou uma noite qualquer


A meu favor
As paredes que insultam devagar
Certo refúgio acima do murmúrio
Que da vida corrente teime em vir
O barco escondido pela folhagem
O jardim onde a aventura recomeça.

Alexandre O'Neill

TRABALHO COMO MAÇADA E SOFRIMENTO...


Encostar os feriados

Anselmo Borges


É um paradoxo. As pessoas que trabalham, ali pela quinta-feira, já começam, aliviadas, a desejar umas às outras bom fim-de-semana. Cá está a constatação do trabalho como maçada e sofrimento. Mas, por outro lado, de vez em quando, lá volta o debate sobre a diminuição do número dos feriados e a necessidade de encostá-los à segunda ou à sexta-feira. Porque é preciso trabalhar e produzir mais. Por causa da concorrência e da crise.
É sobre isso que queria reflectir hoje, começando por esclarecer que até posso ser favorável à diminuição do número de feriados, mas não concordo com que passem automaticamente para a segunda ou para a sexta-feira. A razão dessa oposição não está propriamente na defesa dos dias santos da Igreja Católica, mas essencialmente na antropologia e na simbólica dos feriados.
É verdade que o trabalho tem essa dimensão de esforço e sacrifício. Só quem nunca trabalhou é que o não sabe. Por isso, os gregos associavam-no aos escravos - daí, a expressão "trabalhos servis". A palavra deriva de tripalium (três paus), instrumento romano de tortura. O livro do Génesis põe na boca de Deus: "Ganharás o pão com o suor do teu rosto."