quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Universidade de Aveiro


ESTUDANTES PRECISAM 
DE SER BEM ACOLHIDOS

Já lá vai o tempo em que havia um certo divórcio entre os estudantes da UA e a cidade. Gente nova que vinha para Aveiro e que não recebia da população o acolhimento que merecia. Por alguma indiferença de ambas as partes e porque muitos alunos, com as suas irreverências, perturbavam, de algum modo, o quotidiano das pessoas, sobretudo durante a noite. Hoje, que eu saiba, tudo está mais normalizado, havendo um bom relacionamento entre os aveirenses e os estudantes que vêm de outras regiões do País e até do estrangeiro.
Criaram-se estruturas universitárias e outras que programassem a integração de quem chegava, e Aveiro habituou-se a sentir que a UA era uma mais-valia para cidade. Até a Igreja Católica, numa visão clara da sua missão de acolher bem o migrante, construiu um espaço de raiz, o CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), para acolher quem, de alguma forma, possa sentir-se um pouco desenraizado.
Nesta altura em que a UA inicia mais um ano lectivo, penso que nos fica bem olhar, no dia-a-dia, com simpatia e estima os estudantes que optaram pela universidade aveirense. E se pudermos ajudar quem sente algumas dificuldades na integração, tanto melhor.

FM

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

ARES DO OUTONO


BEM-AVENTURANÇA


Há frutos de Setembro
no teu olhar
quando os lábios da noite
se cerram, aveludados.

Uma serena fulguração
brota então dos teus dedos
crescendo
como um fio de lua.

No teu rosto poisa
a bem-aventurança,
asa branca
de água e silêncio.

E uma quietude perfeita
respira na rosácea pura
do teu corpo,
como um aroma de maçãs.

Eugénio Beirão

In “Pétalas e Rubis”

Governo tem de olhar para o povo

O espiritual não terá lugar
nas sociedades de hoje?

É sabido que o Governo está a procurar alterar a legislação em muitos sectores, nomeadamente na Saúde e na Justiça. Diga-se, para já, com protestos vindos de todos os quadrantes políticos, inclusive do próprio partido que sustenta o executivo de José Sócrates. É legítimo que o faça, em obediência ao mandato que recebeu dos portugueses e às exigências que o défice das contas públicas impõe, já que caminhávamos, a passos largos, para o caos económico e financeiros. Importa, porém, questionarmo-nos sobre os limites que o Governo deve ter em conta, pois não se pode, de um dia para o outro, deitar a casa abaixo para depois se construir outra casa descaracterizada e onde não caiba toda a família.
Hoje e aqui gostaria de abordar uma consequência das leis em construção ao nível da Justiça e da Saúde, leis essas que pretendem relegar para segundo plano a importância do espiritual. Os padres da Igreja Católica e os ministros de outras confissões religiosas ficariam sem condições dignas para prestarem apoio às pessoas internados nos estabelecimentos prisionais e nos hospitais públicos. Quando o legislador pretende sugerir, por exemplo, que o apoio espiritual tenha lugar apenas durante o horário das visitas, em horas de alguma agitação, e a requerimento dos internados, vê-se logo que não faz a mínima ideia do que é uma missão dessas. Deve ser uma pessoa que nunca na vida precisou de ajuda a esse nível e que nem sequer reconhece o valor do espíritual e do religiosos na construção do homem todo e de todos os homens.
Há quem defenda que o legislador tem de ser um pouco cego, frio, insensível, posicionando-se acima de tudo e de todos. Não posso admitir tal posição. Legislar contra a maré, contra as pessoas reais que constituem, há séculos, este nosso País, indiferente aos seus valores e tradições, à margem do bom senso, é destruir a alma do povo que somos. Será, então, que o espiritual não terá lugar nas sociedades de hoje? Será que o Governo não quer olhar para o povo?

Fernando Martins

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


AVEIRO É NOSSO!

1. Que seria de Aveiro sem os estudantes?! Esta pergunta simples – feita no presente – conduz-nos à visão que, ao longo de mais de três décadas passadas, faz hoje de Aveiro uma “cidade dos estudantes” voltada para o futuro.
A “hora” é a do melhor acolhimento de todos, no esforço dedicado de bem receber aqueles que chegam pela primeira vez e os que continuam o seu estudo. Associações de Estudantes e todos os múltiplos serviços abrem a casa para que todos (os que vêm de todo o país e de muitos outros países) se sintam em casa.
2. É formidável sentir o grito da cor e da expectativa dos que pela primeira vez abarcam em Aveiro. Do seu grito “Aveiro é nosso!” sente-se a rápida identificação e o gosto de logo viverem os ares desta dinâmica região aveirense.
O passar do testemunho das tradições da “faina académica”, especialmente também em tempos de curso mais concentrado (Bolonha) afirmar-se-á como tarefa fundamental para uma pertença dinâmica na vida de uma desejada comunidade plural aberta aos saberes universais.
3. Aos estudantes (que são a razão de ser e o centro de referência das instituições de ensino e do seu múltiplo acompanhamento), hoje é colocada em suas mãos a oportunidade de um curso que é sempre uma responsabilidade social.
Um curso que nunca será uma meta em si mesmo, mas aquela “ferramenta” para depois continuar a aprender fazendo. Por isso, será tanto maior o sucesso quanto a vida do curso tiver lugar para as mais variadas experiências de vida, criatividade e de serviço à comunidade.
4. Os números europeus não nos são famosos: os estudantes portugueses são dos que menos participam na vida social e cultural da comunidade. É um facto, é um hábito (ainda) que habita as entranhas de muita da nossa cultura portuguesa, onde o deixar andar é regra.
Tal como “Aveiro é nosso!”, venha esse “choque cultural” de uma dinâmica motivação, pertença e presença, na vida cultural muito para além da especialidade de cada um...Quanto mais conhecermos, melhor serviremos!

Alexandre Cruz

Ares do Outono




Ó minha terra, nos crepúsculos de outono!
Nuvens do entardecer, doiradas ilusões,
Quando fala comigo a alma do Abandono,
E o vento reza, no ar, penumbras de orações…

Teixeira de Pascoaes

In “Versos Pobres

Postal ilustrado — Castelo de Montemor-o-Velho



Nas minhas andanças de férias registei, para mais tarde recordar, sítios, monumentos, paisagens, pessoas, de tudo um pouco, afinal. O Castelo de Montemor-o-Velho é, todo ele, um monumento que nos desafia a memória do que lemos e ouvimos da História de Portugal. Se gostarem destas coisas de que eu gosto, aqui fica a sugestão para um fim-de-semana qualquer.

Eleições no PSD

A SER VERDADE… Ribau Esteves, porta-voz de Luís Filipe Menezes para as eleições à liderança do PSD, acusou alguns responsáveis do seu partido de irregularidades, ao nível dos prazos de pagamento das quotas, o que afecta, obviamente, os cadernos eleitorais. Sublinhou que o PSD, com atitudes destas, que estarão a favorecer Marques Mendes, está a viver o período mais negro da sua história. E acrescentou que estes compor-tamentos "descredibilizam" o partido. Todos sabemos que os partidos políticos são fundamentais à democracia. Sem eles, não há democracia. Os partidos são a base de projectos que podem conduzir, grosso modo, a sociedades justas. Exercem um papel pedagógico altamente importante junto das populações, na defesa daquilo que consideram o mais válido para se atingir a meta de mais justiça social, de mais paz, de mais harmonia entre as comunidades. Contudo, de vez em quando surgem notícias que mostram que algo vai mal nos partidos. As suas contas não batem certo, os seus financiamentos têm sombras complicadas e os relacionamentos democráticos, dentro dos próprios partidos, estão longe daquilo que defendem e apregoam. Como é o caso, agora, das eleições no PSD, conforme denunciou Ribau Esteves, que ameaça recorrer ao Tribunal Constitucional. A ser verdade tudo isto, como é que poderemos acreditar em alguns políticos? Fernando Martins

Um artigo de António Rego


UM RAMO DE AMENDOEIRA


Parece mais fácil semear o terror que a esperança. E o caos pode tornar-se mais sedutor que a harmonia. A dualidade do homem, a aparente cegueira da natureza, a explosão primária de instintos destruidores, a aparente lentidão do avanço do que é bom e belo, conduz a muitas leituras desencantadas do mundo, da história e do homem, tido muitas vezes como um dependente incurável do instinto.
Não é preciso vaguear pelos planetas da abstracção. Basta ler os jornais, ver e ouvir as notícias. Não raro se desprende a náusea da onda opaca e sufocante dum mundo que teima em não encontrar o rumo. Aos solavancos, a ciência e a técnica vão revelando e reabrindo sulcos. Mas o homem, o ser humano, parece marcar passo num lamaçal de violências, injustiças e desordens. Ao peso esmagador dum pecado original de que não consegue libertar-se.
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Para ler todo o artigo clique aqui

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


SERINGAS E CAUSAS

1. Este mundo não é mesmo o melhor dos mundos, é o mundo possível. Mas as soluções para os problemas sociais, tanto não poderão perder o contacto “cru” com as realidades como não se poderá decidir na base de um pragmatismo que se esquece de iluminar as razões das problemáticas existentes. O caso do Programa Específico de Troca de Seringas (projecto-piloto, experiência), aprovado no Parlamento há meses ao fim de 15 anos de discussão é o espelho desta mesma ansiedade da história e da gestão do bem comum.
2. Não sabemos se se deve ou não realizar esta troca de seringas nas prisões (se será o mal menor ou não), mas o que nos parece é que vivemos um tempo em que a gestão do que é comum (e nisto, mesmo os dinheiros públicos) são aplicados talvez mais nas consequências (e por isso nas coisas) que nas “causas”. É certo que, com realismo, todas as palavras dos bons costumes pouco valem em contextos onde a própria humanidade pessoal está, porventura, deteriorada, sem capacidade de fortalecer uma vontade libertadora do pesadelo da droga. Mas, persistimos que o investimento fundamental – mesmo como “sinal social” - deverá ser na formação.
3. Os ecos não se fazem esperar. Das perto de 13 mil pessoas presidiárias em Portugal, quase um terço vive o contacto com o flagelo da droga. Nestes dias, testemunhos de antigos reclusos viventes desse ambiente sublinham tanto o erro da troca de seringas, como, por semelhança, a bebida ao alcoólico e a cada um a sua dose de vício. E ainda, a tão simples pergunta habitual: as pessoas que toda a vida sempre lutaram e vêm-se na necessidade de esperar anos por cirurgia, que sentem destes prontos investimentos em seringas, no aborto,…?
4. É certo, cada coisa no seu lugar, cada problema a sua decisão; e talvez ser um país moderno seja assim mesmo! Mas se este investimento propagador existe, então haverá que olhar mais e melhor, em coerência, para os investimentos fundamentais, tanto da acção social (dos pobres aos desempregados que têm famílias para alimentar), como para aprofundar sobre a função educativa e pedagógica dos espaços presidiários. Enquanto “isto” não agarrarmos continuamos pela rama, em feitiços (de droga) que se podem virar contra os feiticeiros. O terreno é pantanoso!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


MAR DE BUARCOS
- Apanha de marisco
Há hábitos que permanecem nos nossos genes. Penso que a pesca é um deles. Quando a maré baixou, os veraneantes, que antes estavam a apanhar um pouco de sol, no areal ainda escaldante, correram para as pedras, na ânsia de recolherem qualquer coisa que se comesse, na hora da merenda de um dia de Verão. Não seria, decerto, por fome, mas pelo prazer da apanha. E então lá andavam, atarefados, a ver quem mais enchia o saco de plástico de marisco.

domingo, 23 de setembro de 2007

Jacinta na RTP2

PARA SE GOSTAR DE JAZZ,
É PRECISO OUVIR…OUVIR… OUVIR

No domingo, 23, no Jornal da RTP2, Jacinta, cantora de jazz de projecção internacional, falou do seu novo disco, uma homenagem a Zeca Afonso.
A música do Zeca “encanta” e nela estão bem patentes raízes árabes e africanas que a enformam, disse Jacinta, que se encontra na fase de lançamento do seu novo disco, em nova editora. A riqueza da estrutura melódica daí extraída fala por si, referiu Jacinta, adiantando que a beleza do jazz está em pegar num tema famoso, para o levar mais longe. “Estamos a fazer isso com o Zeca”, afiançou.
Com este trabalho, garantiu que está a apostar num estilo mais moderno, num estilo “mais frio e seco”, saindo um pouco do jazz clássico americano, para outras abordagens, "mais madura e com muita consistência". Acredita que este disco a vai lançar mais em Portugal, acrescentando que nele estão as raízes portuguesas, com o fado sempre presente, de mistura com a “frescura” da música do Zeca.
Para os portugueses começarem a gostar mais do jazz, é preciso “ouvir… ouvir… ouvir”, já que só se pode gostar daquilo que se conhece. E para conhecer é preciso ouvir.
Com a música clássica no coração, pois foi por aí que começou na Universidade de Aveiro, Jacinta mantém projectos para a composição, decerto para um futuro próximo. Aliás, confessou que já tem trabalhado nessa área, sobretudo em arranjos de músicas que canta.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


DIFICULDADES DA IGREJA
NO MUNDO ACTUAL

Tudo começa com um equívoco. Hoje, quando se fala da Igreja, é numa gigantesca instituição e nos seus altos e médios hierarcas que de facto se pensa: Papa, bispos, padres. Já se esqueceu que, no princípio, não era assim, pois Igreja significava a reunião das Igrejas, entendidas como assembleias dos cristãos congregados em nome de Jesus.
Foi com Constantino e Teodósio que tudo se modificou, quando o cristianismo se tornou religião oficial do Estado e a Igreja acabou por transformar-se numa instituição de poder. Desde então, de um modo ou outro, espreitou o perigo de esquecer a Igreja enquanto comunidade dos fiéis a Cristo, que caminha na fé e na tentativa de actualizar no mundo o reinado de Deus a favor de todos os homens e mulheres, sobretudo dos mais pobres e abandonados, para sublinhar sobretudo uma Igreja-instituição, hierarquizada e poderosa. Quem congrega é menos Jesus do que a hierarquia, e a fé está mais dirigida ao dogma do que à pessoa de Jesus e ao Deus salvador.
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Todo o artigo em DN

LIBERDADE - Vieira da Silva

epois de ter permanecido em depósito durante mais de uma dezena de anos, Liberdade, a pintura que Maria Helena Vieira da Silva doou ao Estado português por alturas do 10º aniversário do 25 de Abril, vai voltar a estar, em breve, ao alcance do olhar do público. A peça será exposta no Teatro Aveirense, por ocasião das comemorações do Congresso Republicano de 1957, no próximo dia 6 de Outubro.
Datada de 1984, a pintura alusiva à revolução dos cravos integra o acervo artístico que a Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura entregou à guarda da Câmara Municipal de Aveiro e da Universidade de Aveiro - em regime de comodato - e tem vindo a ser alvo de trabalhos de restauro. "Estava em muito más condições, mas, juntamente com o centro de conservação e restauro da Câmara de Comércio Italiano, temos conseguido fazer um bom trabalho", nota Maria da Luz Nolasco, directora do Teatro Aveirense (TA).
Leia o artigo de Maria José Santana, na página CULTURA

ARES DO OUTONO


OUTONO

Outono
Quem diria que viria
num domingo
de alegria
e de ternura

Outono
Quem diria que me traria
logo hoje
a saudável bonomia
que não esperava

Outono
Veio de mansinho
pé ante pé
a dizer devagarinho
que é hora de chegar

Outono
Veio como esperado
para a folha caída
para o sorriso desmaiado
de quem está sem norte

Outono
Reflexo de vida
no sol poente
na manhã sofrida
no entardecer

NOTA: Por lapso, não indiquei a autoria deste poema. Se alguém souber, agradeço informação.

Na Linha Da Utopia

O calcanhar do Chelsea 1. Factos são factos. O famoso treinador saiu e um novo treinador entrou. Nada de especial nestas lides do futebol comércio (escândalo com espectáculo), não fosse todo o historial de vitórias inéditas a par da estratégia mediática sempre no fio da navalha, mantendo (em polémicas ou não) cada dia a chama acesa. Assim, muito mais que um simples treinador, este caso envolve tudo o que se poderá considerar como comunicação, inteligência e emoção pública, num país onde o futebol é a própria metáfora original da nação inglesa. 2. O milionário presidente russo do clube londrino é que não compreendeu o jogo onde se meteu. Talvez melhor fosse que o seu jogo económico também fosse mais “limpo” (pelo que parece a sua fortuna petrolífera não lhe permite voltar à justiça da Rússia). A certa altura, quem só sabe lidar com milhões de dinheiro acaba por nada entender do que são as emoções mediáticas, não sabendo ler como actuar. É o caso. Os adeptos adoram (é isso mesmo, é mau, mas é verdade, “adoram”) o treinador que por sua vez sabe lidar com eles e com todos; o treinador que se demite. É o fim! 3. E o futuro? É incrível mas é mesmo assim, o treinador “special” que sai continua a somar milhões, ora no bolso próprio ora na algibeira dos apostadores da (e do) capital. O treinador que entra, aflito, diante de adeptos que querem o seu “pescoço”, aguarda pelos golos dos jogadores que já não querem jogar à bola. Até onde irá o jogo do presidente do clube ex-campeão? Mais que o treinador, o presidente mudo concluirá que em todo este processo ele escolheu ser a vítima favorita dos adeptos. Quanto mais José Mourinho se mostra “livre”, mais Avram Grant (novo treinador) treme e mais ainda o riso do presidente Abramovich se converterá em fuga. Enquanto é tempo e os adeptos deixarem!
Alexandre Cruz

sábado, 22 de setembro de 2007

ERA DO SENTADO



DEPOIS,
QUEIXEM-SE…


Depois da já longínqua era industrial, veio a era da comunicação. De permeio outras surgiram. E de há uns anitos para cá temos a era do sentado.
Pois é verdade. A era do sentado leva-nos a passar grande parte do dia abancados em qualquer canto. Haverá sempre quem, por temperamento ou por profissão, tenha que andar de um lado para o outro. Mas a norma, que está a generalizar-se, é passarmos grande parte do dia sentados.
Logo de manhã, tomamos o pequeno-almoço à mesa, sentados. Depois, de carro, sentados, arrancamos para o emprego, onde nos espera, a grande maioria das vezes, uma actividade que nos obriga a estar numa (des)confortável cadeira. A seguir vamos almoçar a casa ou a outro sítio qualquer, de carro, mesmo que esse sítio fique a escassas dezenas ou centenas de metros. Comemos sentados e apressados saltamos para o volante. No emprego repetimos a dose da cadeira. E no fim do dia de trabalho, cansados de tanta cadeira, regressamos a casa, onde um sofá nos convida a descansar das agruras do trabalho exaustivo que tivemos durante umas boas horas. Um lanchezito, talvez sentados, e logo a seguir a televisão, sentados, porque noutra posição não se vê bem. Na janta, abancamos mais uma vez e o serão, na televisão, outra vez, ou na Net, vai ser bem vivido na posição já habitual de sentados. Ainda há quem passe pelas brasas num convidativo sofá. Na cama é que estamos, de facto, deitados.
Toda a gente entendida em questões de saúde (cada um de nós tem um pouco de médico e de louco) garante que precisamos de caminhar. O coração, os músculos e os nossos pulmões, que gostam do ar puro, convidam-nos a caminhar. Porém, poucos aderem a essa necessidade.
O Dia Europeu Sem Carros, que hoje se vive, é um convite à mobilidade. Temos, realmente, de caminhar. Quem não caminha arrisca-se a sofrer disto e daquilo. Se não o fizermos, depois não nos podemos queixar.
Boa saúde
F.M.

DIAS POSITIVOS

O PODER DE SCOLARI Mário Soares um dia disse que era patriota sem ser nacionalista. A distinção é tão simples quanto necessária e luminosa. Ser patriota sem ser nacionalista é como alguém reconhecer que os seus pais são os melhores do mundo, sem excluir que outros pais também o sejam para outros filhos. Disse pais, não país. Mas “pátria” vem de “pater”, pai. Depois veio Scolari, e fez o que nenhum político conseguiu, em parte, penso eu, porque estava do outro lado do Atlântico antes de 1974. Quando cá chegou, pôde invocar os símbolos da nação sem ver pairar sobre si próprio os fantasmas da ditadura. Pôs o país a vestir-se de verde e vermelho (apesar de serem “cores que não combinam bem”, como dizia a minha professora primária) e reconciliou-nos com o Hino e Bandeira. O que ele fez na passada quarta-feira, a agressão ao jogador sérvio, mesmo que só tentada, mancha qualquer currículo, embora a memória colectiva seja cada vez mais curta e o povo português esteja disposto a perdoá-lo em troca da qualificação e de uma boa figura na Áustria em 2008. De qualquer forma, gostava de adiantar um elemento em defesa de Scolari. Poucos dias após o Euro 2004, num bairro lisboeta, vi quatro ou cinco crianças de origem africana a cantar o Hino Nacional enquanto brincavam. Pareceu-me evidente: “O poder da selecção na era Scolari”. J.P.F.
:
In CV

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dia Mundial Sem Carros

Casa de Ílhavo. Foto da HERA

À DESCOBERTA
DE PEQUENOS E GRANDES TESOUROS
:
Amanhã, sábado, 22 de Setembro, Dia Mundial Sem Carros, será inaugurado mais um percurso realizado no âmbito da parceria CMI-HERA-GEMA. Trata-se do percurso urbano "Cidade de Ílhavo". Um agradável passeio de cerca de seis quilómetros (duas horas de passeio), que será efectuado com o acompanhamento de um guia da HERA, pelas ruas da Cidade, à descoberta dos grandes e pequenos tesouros históricos, artísticos e naturais. O local de encontro será a Rua Direita, em Ílhavo, pelas 16h30.

Para mais informações: http://www.heraonline.org/

Fórum::UniverSal

No CUFC – 10 de Outubro,
às 21 horas


MARÇAL GRILO NO CUFC PARA FALAR SOBRE A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE QUE TEMOS E QUEREMOS

Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação e actual admi-nistrador da Fundação Calouste Gulbenkian, vai estar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), no próximo dia 10 de Outubro, pelas 21 horas, para falar sobre o tema “Que Educação/Universidade(s) temos e queremos?”. A moderação é do Prof. Catedrático da UA José Manuel Moreira. Trata-se de uma iniciativa aberta a toda a gente, em geral, e a universitários, em particular.
Esta acção insere-se no projecto Fórum::UniverSal, que se desenvolve todas as primeiras quartas-feiras de cada mês, sendo a organização do CUFC e da Fundação João Jacinto de Magalhães / Editorial UA.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Dia Europeu Sem Carros 2007



BOM USO
DOS ESPAÇOS PÚBLICOS

A Câmara Municipal de Ílhavo adere pelo 6º ano consecutivo ao Dia Europeu Sem Carros (22 de Setembro). Queremos manifestar neste dia um gesto renovado de alerta e sensibilização de todos para o bom uso dos espaços públicos das nossas Cidades e do nosso Concelho, com especial atenção para as Estradas.
:
Ver programa

Futebol sem adeptos nos estádios

Estádio Municipal Mário Duarte, em Aveiro.
Foto de Stadionwelt.de


ESTÁDIOS DE FUTEBOL ÀS MOSCAS

Ouvi e vi na televisão e li em jornais que o último jogo de futebol entre o Beira-Mar e o Penafiel teve apenas 600 espectadores. Consultado um jornalista amigo que esteve lá, não terão sido 600, mas cerca de dois mil adeptos do futebol. O estádio, confirmou-me, só enche com o Benfica, Porto e Sporting. Normalmente tem pouca gente a assistir aos jogos, sendo certo, referiu o meu amigo, que o Beira-Mar, mesmo assim, ainda é dos que têm maior assistência, depois dos grandes. Disse-me, também, que em Aveiro há um certo divórcio entre os aveirenses e o Beira-Mar, por razões difíceis de compreender. Agora na Divisão de Honra, a situação tende a piorar.
Isto tudo leva-me a dizer que algo vai mal e que a megalomania cometeu erros clamorosos. Como é possível avançar-se para um estádio destes, em Aveiro como noutras cidades, quando é conhecido que não haveria garantias de grandes assistências nos jogos, que justificassem as muitas despesas? Será que o Estádio Municipal de Aveiro foi feito simplesmente por vaidade, isto é, para termos a honra de assistir a uns três jogos do Europeu de Futebol, sabendo-se que a seguir iria ficar às moscas? Para despesas tão grandes, não seria bom proceder-se a estudos que explicassem a viabilidade do projecto? E agora, quem paga as despesas de manutenção, que estão, segundo me informaram, na ordem dos 500 mil euros por ano?
Isto de se gastar, para além das posses de cada um, nunca deu bom resultado. E se soubermos, como todos sabemos, que há inúmeras carências, em tantos sectores da sociedade, então mais temos que pesar bem onde se gasta o dinheiro e como.

Jacinta


CANTORA DE JAZZ JACINTA
CONTINUA EM GRANDE
:
O PÚBLICO de hoje apresenta a cantora de jazz Jacinta, a propósito do seu último CD com músicas de Zeca Afonso. Porque a admiro e porque sei que muitos dos meus amigos também vibram, como eu vibro, com os seus êxitos, aqui divulgo a entrevista que ela concedeu ao diário de referência que leio, normalmente, todos os dias.
Uma página inteira, no segundo caderno, pode ser lida no PÚBLICO online, em Cultura.

Na Linha Da Utopia

Escola, pais e filhos 1. Esta é uma relação fundamental. Sem ela o processo educativo ficará a meio do caminho. Mas, a par de tantos outros factores, devemos ainda, nos nossos dias, corresponsabilizar as sociedades civil e da informação e comunicação (hoje global). Todos estes actores, seja na escola pública ou privada, na sua intervenção essencial, revelam-se decisivos para uma coerência (e convergência) interna em ordem a conseguir passar uma mensagem que da “instrução” agarre o todo da pessoa em processo de “educação”. 2. Particularmente, desperte-se para a necessária mudança de mentalidade (que muitos pais ainda têm sobre a escola/educação) de que isso de “educar” é coisa entregue à escola, tal como a formação pessoal mais profunda (mesmo espiritual) está entregue ao local onde se deixam os filhos. É certo que os novos contextos sociais, mesmo tecnológicos a par da sublinhada “falta de tempo”, desafiam grandemente a missão dos pais em educar. Por isso mesmo, e por todos os motivos que se possam apresentar, cada vez mais torna-se imprescindível a sua presença e persistência neste ideal. 3. Pais e educadores atentos e com interesse para com os seus filhos e educandos, especialmente nos anos da formação inicial, representam hoje o segredo de uma vida futura com sentido (pessoal e social), capaz de posterior intervenção cívica. Todo o esforço na educação representa, para cada casa como para cada comunidade, o maior tesouro, na certeza de que “um dia” colhe-se os frutos da atenção cuidada ou os males do desinteresse de quem só vai buscar as notas ou é “parte do problema”. 4. Mesmo com os ansiosos e naturais contextos de dispersão sempre presentes, com o novo ano escolar, seja renovado todo o compromisso de convergência no sentir que cada gesto e cada palavra é um irrepetível “semear” de princípios, critérios e valores. Nesta tarefa, conhecermo-nos (Escola, Pais e Filhos) é a estrutural rampa de lançamento!... Apesar de tudo, haja (o Ser e o) Tempo, é essencial! Alexandre Cruz

Um artigo de D. António Marcelino

LAICISMO NEUTRO
OU IMPARCIAL?
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A cerimónia de tomada de posse do Dr. Mário Soares como Presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, órgão consultivo do Governo e do Parlamento, permite alguma reflexão a propósito do que então se disse e de aspectos concretos da acção da referida Comissão.
Não oferece dúvidas, como aliás ele próprio o afirmou de novo neste acto solene, que Mário Soares, com a sua visão cultural e histórica, é sincero quando afirma: “Reconheço a relevância da religião e das instituições religiosas no mundo conturbado de hoje, onde o fenómeno religioso retomou uma enorme importância”, acrescentando que é necessário “desenvolver o diálogo ecuménico para evitar conflitos de natureza religiosa, o que seria um recuo civilizacional de uma gravidade tremenda”. Todas estas afirmações se enquadram na afirmação, que lhe é muito cara, da sua condição de “agnóstico e laico”, encontrando nesta condição a “garantia” de se manter “neutro em matéria religiosa” e à frente da Comissão a que é convidado a presidir.
Aceito, sem constrangimentos, as vantagens da Comissão, sempre vantajosa e útil para a aplicação equilibrada da Lei da Liberdade Religiosa. Deixou-me alguma perplexidade a confissão de que, por ser agnóstico e laico, era garantia de neutralidade nesta matéria.
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Leia todo o artigo em CV

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Ares do Verão


FLAMINGOS NA RIA DE AVEIRO
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Os flamingos andam pela Ria de Aveiro, mas é preciso ter olhinhos para os captar com arte. José Carlos Santos tem o que falta a muitos: sensibilidade para captar com a sua objectiva o que nem todos vêem. Uma sequência feliz foi publicada no ABRUPTO.