quarta-feira, 22 de novembro de 2006

UM ARTIGO DE ANTÓNIO REGO

LAVAR OS OLHOS

Nada tem um ângulo único. Tudo pode ser visto de outro modo, observado com outro olhar, interpretado com outro código. Dizemos, para nos entendermos, que o mundo não é a preto e branco. (Diz-se até, para complicar, que uma foto a preto e branco revela melhor a alma dum rosto). Mas não podemos reduzir o planeta à nossa pequena casa, nem encarcerar os séculos nos estreitos minutos das nossas vidas. Depois, há pessoas cuja vida é olhar o mundo, as coisas, a gente, os acontecimentos. Contam e cantam, escrevem e dizem os tons e os sons das realidades e das fantasias, dos projectos e frustrações, dos amores e amuos. Espelham e espalham acontecimentos, fazendo chegar ao resto do mundo por jornais, letras e satélites, a sua forma de ler as cartas da vida que a transparência das comunicações favorece. Os pontos cardeais deixam de ser em cruz e aconchegam-se a uma intimidade de família humana próxima, como que à lareira, a contar e ouvir as mesmas histórias. É a nossa condição humana, peregrinos nesta travessia constante que nos faz conhecer e amar o próximo e o distante. E também azedar com os dissabores da vida e as desistências de projectos nunca alcançados à mistura com erros teimosamente repetidos. Assim nos perdemos em desencantos, quase não consentindo o vislumbre da esperança sobre o tempo e a própria eternidade. Por isso o mundo se narra, quantas vezes, nos seus destaques de contra -luz tirando mais prazer do turvo que da clara transparência da alegria. Cada um vê o mundo como quer. Conta-o como entende. Mas a nossa vocação é mais alta que as nossas histórias mesquinhas. E os narradores da vida, jornalistas do quotidiano e do imperecível, têm obrigação de se não fechar no ângulo apertado do medo e do desamor. Para se ver bem o que quer que seja é preciso ter os olhos lavados. E felizes os que se comprazem em espalhar boas notícias.

terça-feira, 21 de novembro de 2006

IGREJA NA TURQUIA

CRISTÃOS SÃO VÍTIMAS
DE ATAQUES FUNDAMENTALISTAS
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A "Fundação Ajuda à Igreja que Sofre" constatou que os cristãos na Turquia não têm hoje acesso aos meios de comunicação social, sentin-do-se cada vez mais iso-lados na sociedade. As di-versas comunidades cristãs (ortodoxa, católica-caldeia, católica-arménia e sírio-católica) sentem-se impo-tentes perante as campanhas de difamação de que estão a ser alvo e indefesas face ao aumento dos ataques fun-damentalistas a padres e fiéis.
Apesar das reformas legislativas introduzidas entre 1924 e 1957, que conduziram à transformação daquele país num Estado laico moderno, com a extinção dos tribunais islâmicos e a atribuição do direito de voto às mulheres, a verdade é que a sociedade continua marcada pelo fundamentalismo islâmico, segundo afirma aquela fundação.
Isto significa que os entraves para a entrada da Turquia na UE vão continuar, até que aquela nação, onde no séc. I o apóstolo Paulo pregou o cristianismo, se assuma verdadeiramente democrática e respeitadora da liberdade religiosa para todos os seus membros.
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Fonte: Fundação Ajuda à Igreja que Sofre

UM POEMA DE CAMÕES

Amor é fogo
que arde sem se ver
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Amor é fogo que arde sem se ver; É ferida que dói e não se sente; É um contentamento descontente; É dor que desatina sem doer;
É um não querer mais que bem querer; É solitário andar por entre a gente; É nunca contentar-se de contente; É cuidar que se ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade; É servir a quem vence, o vencedor; É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor Nos corações humanos amizade, Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

BANCO ALIMENTAR CONTRA A FOME

A NOSSA COLABORAÇÃO
É INDISPENSÁVEL
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No próximo fim-de-semana, o Banco Alimentar Contra a Fome vai proceder a mais uma recolha de alimentos junto das grandes superfícies comerciais e supermercados, um pouco por todo o País. Também na região de Aveiro, obviamente. Isto significa que o Banco Alimentar precisa da nossa indispensável colaboração.
Todos sabemos que esta instituição, desde a primeira hora compreendida e amada pelos portugueses, contribui, durante todo o ano, para que milhares de pessoas possam ter que comer no dia a dia. Serve-se, para isso, de muitas e diversificadas instituições que estão mais em contacto com as pessoas, conhecendo, assim, quem mais precisa de ajuda, em tempos de tanta abundância para alguns e de tanta fome para muitos mais.
Nesta campanha, o Banco Alimentar Contra a Fome precisa de receber muitos alimentos não perecíveis a curto prazo, sobretudo leite, óleo, azeite, enlatados, feijão, grão e bolachas. Mas também recebe outros bens e até ofertas em dinheiro. O que é preciso é que as pessoas generosas reconheçam a urgência de contribuir, para que muitos possam vir a beneficiar de ajuda.
Recorde-se que, em 2005, os dez Bancos Alimentares distribuíram um total de 17 704 toneladas de alimentos, através de 1048 instituições portuguesas.

UM ARTIGO DE ALEXANDRE CRUZ

Mais filosofia,
menos (anti)depressivos
1. A forma de viver acelerada deste nosso “tempo ocidental” tem trazido consigo inúmeras consequências para a saúde pessoal (e por isso) social de espírito, saúde esta que se quer sempre fresca, estimulante, criativa, repleta de horizontes que saibam redescobrir continuamente a paz (mesmo no meio da tempestade). Mas a prática é bem diferente; são hoje inúmeras as causas que levam a números dramáticos da recorrência – em excesso – ao antidepressivo como forma de ir (sobre)vivendo na gestão complicada da vida. Será isto “viver”?! E o caso agrava-se ainda mais quando na agenda não há tempo nem sabedoria sobre este olhar para si mesmo na busca de uma “estima” serena; fica mais difícil ainda quando menos se reinventam os tempos de paz, de reequilíbrio, no desporto, numa caminhada, no horizonte do sentido da vida que na dimensão da Religião (re-ligação) promove a dignidade de humana a divina, buscando uma harmonia que assim refresque a própria existência e faça ver na “noite” mais escura dos problemas a luz da “esperança luminosa” que pode brilhar. 2. Ou seja: parece que cada vez mais, e quantas mais “coisas tecnológicas” as mãos tiverem mais será importante este sublinhar, a vida é um imperioso desafio a saber situar-se diante de tudo o que existe e a buscar uma harmonia equilibrada para a própria vida. Lendo a história que nos precede, apercebemo-nos que o viver das sociedades ao longo dos séculos têm os seus percursos que vão criando as formas de estar na vida; e tudo é pensado, premeditado, idealizado, mesmo o próprio “afastamento” das ideias, dos sonhos, dos ideais. É, talvez, este o terreno complexo da sociedade presente; por conjunturas e/ou preconceitos, tendo rejeitado a Religião (esta sempre nostálgica, que também “teima” em não saber acompanhar a contemporaneidade) como ponte suprema de sentido do SER, da vida encontrado no Absoluto de Deus, e tendo afastado também já a Filosofia como procura inquietante da Verdade para a Humanidade, está, a sociedade desta globalização do Século XXI, rendida às coisas e tecnologias, por isso dando ainda mais Valor ao TER, esquecendo o que o essencial continua a ser “invisível aos olhos”. E depois admiramo-nos da crise da Ética! Ou então daquela jovem modelo brasileira anoréxica que, de tão leve pela procura da elegância da moda, falecera há dias. Não nos admiremos, pois é isto que as referências actuais – cada vez menos pensantes - permitem e constroem. 3. Vêm a propósito estas ideias escritas no contexto da oportuna e “irreverente” obra daquele homem que se apercebeu que a filosofia, o habituar a pensar, o trabalhar a mente (coisa que os orientais sabem bem mais que nós) poderá ser um potencial de transformação da própria vida. Felizmente que alguém com esta grandeza aventurou-se a tamanha obra. Ele (que esteve em Portugal há dias) inaugurou o conceito de “Consultas de Filosofia” que dá, procurando seguir a luz da filosofia ao longo dos séculos na sua aplicação às questões do (vazio no) mundo contemporâneo. Lou MARINOFF, professor em Nova York especializado em Filosofia (pioneiro do movimento da prática filosófica e Presidente da APPA – American Philosophical Practitioners Association) é autor da obra de referência, com o título: “MAIS PLATÃO, MENO PROZAC!” Trata-se de um trabalho que não é um fim si mesmo, mas um forte estímulo (de divulgação) a ser revalorizado todo o património da sabedoria que nos conduziu ao presente. É que quanto mais a superficialidade inundar de vazio o ser humano menos qualidade de sentir, estar, pensar e gerir existirá. 4. Por outras palavras, sem “filosofia de vida” não se irá a lado nenhum, sendo o caminho um à deriva sem referências que valham a pena. Quem sabe um dia os estudantes façam uma manifestação pedindo: “Queremos educação filosófica!” Quem sabe se muitas depressões futuras seriam afastadas pela habilidade encontrada em gerir o pensar, a vida, o ser profundo. É importante demais o habituar a pensar para haver tão pouco tempo lectivo dedicado ao SER DA PESSOA. É que por traz de qualquer técnico há sempre uma pessoa, e, sabemos, quanto mais pessoa for melhor profissional será. Também, valerá a pena referir que a própria filosofia é um caminho de busca; esta deverá, na sua maior elevação, criar ponte para o Absoluto (que por sua vez deve procurar a sua personalização mais sublime). Como nos diz Eduardo Lourenço, “as religiões são as tentativas de resposta, as mais subtis e sublimes que os homens foram capazes de imaginar, para converter a necessidade e o destino, a violência e o mal em existência que salva e liberta.” (Eduardo LOURENÇO (1998). Religião – Religiões – Laicidade, in Europa e Cultura, Ed. Fundação Calouste Gublenkian, Lisboa 1998, pág. 13.) 5. Queremos conhecer a PESSOA que há em nós e subir nas nossas possibilidades de ser, pensar e agir (ou basta umas compras com stress, a TV, o telemóvel e a Internet)?! Todo o futuro (especialmente dos mais novos) começa agora; pensá-lo já é transformá-lo! Será mais Natal!

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

BLOGOSFERA

PRAGA DOS ANÓNIMOS
Os protestos contra os anónimos que encharcam a blogosfera são pertinentes. À sombra dessa máscara, têm-se multiplicado, como bolas de neve, as difamações e as acusações infundadas contra personalidades impolutas. E pelo que se adivinha, será difícil chamar à pedra essa gente sem princípios que se esconde sem coragem para assumir as suas atitudes. Sempre aqui disse que as críticas, sugestões e achegas são bem-vindas, pedindo a todos que assinassem os seus escritos, com coragem e com amizade franca. Mas nem todos assim procedem. Porquê? Tanto quanto sei, alguns porque ainda não aprenderam a lidar com as técnicas, aliás simples, de enviar comentários; outros porque, talvez, têm medo de ser mal interpretados. Há os que usam iniciais, nomes que desconheço e alguns que, pura e simplesmente, gostam de ficar na sombra. Isto mesmo já me tem obrigado a cancelar a entrada de comentários, mas julgo que não é a melhor forma de estar na blogosfera. Peço, então, a todos os meus amigos e leitores o favor de assinarem os seus comentários, de forma clara. Obrigado. F.M.

domingo, 19 de novembro de 2006

LIVROS

CADA DIA HÁ MAIS 50 LIVROS
O semanário "SOL" noticiou ontem que em cada dia são publicados em Portugal 50 livros. No ano passado entraram nos escaparates das livrarias 16 mil títulos, quase o triplo de há dez anos.
Ao contrário do que se tem dito, afinal publica-se bem no nosso País, havendo assim literatura para toda a gente e para todos os gostos. O que importa, a meu ver, é que se estimule o gosto pela leitura, levando os portugueses a ler mais e a ler o que é bom.
Apesar de se publicar bem em Portugal, penso que isso não será o suficiente para deixarmos os últimos lugares, a nível europeu , na tabela de leitores. Há, por isso, um longo caminho a percorrer, com a colaboração das famílias, escolas e outras instituições.
É conhecida a importância da leitura como fonte de saberes. Sem leitura, ficamos mais pobres e com ideias limitadas do mundo. Por outro lado, importa saber escolher os bons livros, tendo em atenção as críticas dos entendidos e os conselhos dos mais informados a este nível. É que há livros que são pura perda de tempo, apesar das suas grandes tiragens, enquanto outros, de muito mais valor, ficam esquecidos nas prateleiras das livrarias.
F.M.

QUESTÕES DE EDUCAÇÃO

Afirmou Júlio Pedrosa, Presidente do Conselho Nacional da Educação
Eliminar as «calamidades»
na educação
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No âmbito do debate naci-onal sobre a educação, o Conselho Nacional da Educação (CNE) organizou um seminário sobre “Equi-dade na Educação: preven-ção de Riscos Educativos”.
Em declarações à Agência ECCLESIA Júlio Pedrosa, Presidente da CNE, subli-nhou que é fundamental “uma maior capacidade de integração das diferentes competências e programas existentes no terreno”.
Com a pluralidade étnica existente nas escolas e o aumento do insucesso escolar, Júlio Pedrosa afirma também que como estas realidades são locais “é fulcral envolver todos os agentes e instrumentos que no terreno têm responsabilidade de lidarem com estas questões”. E avança: “olhar também para estes problemas mais cedo”. Os participantes destes seminário apelaram ainda para a “criação de oportunidades mais frequentes para encontro destes diferentes actores”. O trabalho em rede poderá ajudar a limitar estes riscos educativos. “Só assim os programas encontram destinatários que estão ao alcance de diferentes pessoas.” Num país tão “carente de trabalho continuado”, todos os actores “são poucos” para responderem aos problemas existentes. Certamente, as instituições – “como a Escola Católica” - que tenham condições “devem mobilizar-se para responder de forma mais efectiva” – salientou o presidente do CNE. E avança: “é uma certa calamidade que nós temos em alguns territórios do país”. A Escola Católica, que conhece estas realidades e “tem associadas comunidades sensíveis a estas realidades sociais poderá dar um certo contributo” – afirma. Nesta iniciativa apresentou-se também um estudo – apoiado pela Fundação Calouste Gulbenkian – sobre uma área do Porto (Campanhã e Bairro do Lagarteiro) onde “há contextos sociais difíceis que geram um grande abandono escolar e situações de vida das crianças que conduzem ao risco”- frisou Júlio Pedrosa. Com este tipo de trabalho, “adquirimos uma percepção - muitas vezes não existe – que há muitas crianças que abandonam e não são visíveis”. Perante estes casos é fundamental continuar a procurar instrumentos para lidar com estas situações. “Estratégias pedagógicas e formas de tratamento com a diversidade existente na sala de aula” – disse Júlio Pedrosa. E acrescenta: “De tal forma que as crianças com diferentes condições de aprendizagem possam ser levadas o mais longe possível”.
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Fonte: Ecclesia

IMAGENS DE AVEIRO

RUA DIREITA... MUITO TORTA
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Penso que em cada cidade há uma Rua Direita, muito torta. Em Aveiro também. Diz-se que se chama assim por nos conduzir mais depressa ao centro. Pode ser...
Um dia destes andei pela Rua Direita da cidade dos canais. A cidade da minha infância e juventude, onde estudei, e da minha idade adulta, onde desempenhei tarefas diversas.
Quando lá vou, com frequência, recordo sempre pessoas e recantos que me fazem reviver casos e pessoas. E confesso que é bom correr o tempo desde a infância até agora, de que guardo indeléveis momentos de satisfação interior.
Na Rua Direita cruzei-me com muita gente conhecida... Os nomes já me escapam, mas os seus rostos são-me familiares e dizem-me qualquer coisa....
Há anos, quando ia a Aveiro, fazia-o, normalmente, por deveres profissionais. Agora vou lá sem pressas, sem programa, sem objectivos muito bem definidos. E talvez por isso, vejo muito mais: gente que passa, exposições que nos convidam a entrar, edifícios com história, estabelecimentos modernos, casas em ruínas, flores nas varandas, ovos moles que apetece saborear, eu sei lá que mais!
Hoje aqui deixo o desafio a andar pela cidade sem rumo certo. Hão-de ver que sabe bem!
Fernando Martins

UM ARTIGO DE ANSELMO BORGES, NO DN

A mentira da morte
e a morte da mentira
Terminou ontem no Porto um colóquio sobre "O Homem e a(s) Mentira(s)". Coube-me falar sobre o tema em epígrafe.
Afinal, quem mente: a morte ou o Homem?
Ninguém sabe o que é morrer. Mesmo que tenhamos visto alguém morrer, foi de fora. Vimos alguém ainda vivo. Depois, é uma ausência.
Ninguém sabe o que é estar morto. O que é estar morto para o próprio morto?
Dizer, perante o cadáver do pai, da mãe, do amigo, da amiga, do filho, da filha, do irmão, da irmã: o meu pai está aqui morto, a minha mãe está aqui morta, o meu amigo, a minha amiga, o meu filho, a minha filha, o meu irmão, a minha irmã está aqui morto, está aqui morta, não tem sentido, pois o que falta é precisamente o sujeito. Eles não estão ali. Se estivessem, não estavam mortos. Onde estão então? Há aquela pergunta infinita que Tolstoi coloca na boca de Ivan Ilitch moribundo: onde é que eu estarei, quando cá já não estiver?
Dizer que os levamos à sua última morada é outro contra-senso da linguagem. Quem é que se atreveria a enterrar ou a cremar o pai, a mãe, o filho, a filha, o amigo, a amiga, o irmão, a irmã?
E também não faz sentido afirmar que vamos ao cemitério vê-los. Nos cemitérios, com excepção dos vivos que lá vão, não há ninguém.
Mas então o que há nos cemitérios, para que a sua profanação seja, em todas as culturas, um crime hediondo? Há a memória. Mas o que sobretudo há é o que nos faz homens: um in-finito ponto de interrogação, que vem ao nosso encontro como pergunta in-finita: o que é ser Homem?; porque é que há algo e não nada? A morte coloca-nos perante o abismo do nada. E o que é que se diz sobre o nada?
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GOTAS DO ARCO-ÍRIS - 40

OS CARTÕES TÊM COR?
Caríssimo/a: “Anos de Cristo!” “Biscoito!” “Cadeira de S. Pedro!”
E os números vão saindo da saca... Os rapazes, sentados à volta na eira, com os cartões desbotados à sua frente, fazemos as marcações com pedrinhas que foram sendo guardadas nos bolsos das calças. Quando alguém do lado dá alguma sugestão ou ajuda, a reprimenda sai de jacto: - Não fales que dá azar! Só se ouve a voz do 'cantador' que atira um número de cada vez:
“A conta que Deus fez!” “Palitos da Areosa” “Cuidado qu'o burro arrebenta!” Foi precisamente este número, o 40 (será que estava nos meus cartões?), que me recordou este jogo que tantas tardes nos ocupou nos recantos mais sossegados. Já não me lembro de quem eram os cartões, nem tão pouco as suas cores se me apresentam, tão desvanecidas elas estavam, agora o que me vem logo à ideia era a pergunta que fazíamos: - Quarenta: “cuidado que o burro arrebenta”! E então o noventa? E todos os outros 'entas'? A cantilena dos números é assaz curiosa e remete-nos para a forte tradição religiosa, para cenas da vida real e factos ocorridos com o seu quê de pícaro ou mesmo picante. Mas a nossa dúvida vinha só na facilidade com que o 40 rebentava o animal! Agora aqui sentado até acho fácil a solução (será solução? será fácil?). Não terá a ver com os 'quarenta dias que Jesus passou no deserto'? Ou melhor, com os 'quarenta anos que Moisés levou a atravessar o deserto'? Enormidade, duração desconhecida e sempre a apontar muito, muito tempo... Nestas buscas pelos dicionários até houve um que me mostrou uma curiosidade que partilho: “nas línguas persa e turca, a 'centopeia' é chamada 'quarentopeia'! Sabias que eu não sabia? XUI! Manuel

sábado, 18 de novembro de 2006

SÍMBOLOS DE NATAL

O MENINO JESUS
FOI UM MARCO
DA NOSSA CIVILIZAÇÃO
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Hugo Chávez, presidente da Venezuela, disse, há dias, que não queria nos departamentos públicos símbolos de Natal que nada tivessem a ver com as tradições do país. Excluía, assim, os Pais Natais, que foram uma criação dum célebre refrigerante americano. Quer, por isso, que os enfeites de Natal andem à volta do Menino Jesus. Não sou contra proibições deste género, que podem ser um desafio à desobediência das pessoas, virando-se o feitiço contra o feiticeiro. Mas sou a favor de uma pedagogia que leve as pessoas a pensar um pouco. De facto, a nossa sociedade, marcada pelo consumo, impôs por todo o lado o velhinho de vermelho, com a sua história de oferecer prendas aos meninos na quadra natalícia. Nada tenho contra a publicidade que se serve das armas que entender para vender os seus produtos. Mas acho que a nossa sociedade não devia descurar os símbolos natalícios, com o Menino Jesus a envolver-nos, com toda a sua ternura, no Natal que se avizinha. Ao lado dos comerciantes que se agarram ao que faz vender mais prendas, penso que nós, sobretudo nas nossas casas, podíamos e devíamos utilizar enfeites que nada tivessem a ver com o Pai Natal, mas sim com o Menino Jesus, que foi um marco da nossa civilização. Fernando Martins

UM ARTIGO DE FRANCISCO SARSFIELD CABRAL NO DN

CIENTISMO NÃO É CIÊNCIA
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"O cristianismo não implica um conflito inevitável entre a fé sobrenatural e o progresso científico." Estas palavras do Papa Bento XVI, pronunciadas na semana passada, passaram despercebidas entre nós. Não parecem trazer novidade, até porque o actual Papa tem repetidamente valorizado a racionalidade humana, em particular a de raiz grega, enquanto património da própria mensagem cristã. Só que no passado Verão levantou-se algum alvoroço em torno de uma eventual rejeição, pela Igreja Católica, da teoria da evolução de Darwin. Bento XVI reunira em Castelgandolfo, a sua residência de Verão, alguns antigos alunos para, com a ajuda de peritos, debaterem o tema "evolução e criação". Ora um artigo do cardeal de Viena no The New York Times em Julho de 2005 e duas declarações de Joseph Ratzinger nesse mesmo ano haviam levantado suspeitas de que a Igreja Católica poderia vir a reabrir um conflito com o evolucionismo de Darwin. Conflito muito aceso nos Estados Unidos, mas por parte de algumas igrejas protestantes, que reclamam a proibição do ensino das teorias de Darwin nas escolas ou, pelo menos, querem o ensino simultâneo do "criacionismo".
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Leia mais em DN

sexta-feira, 17 de novembro de 2006

Caminhos de Santiago

Casa na Rua Direita, com as conchas.
Junto ao telhado,
por cima da janela central, pode ver-se uma
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PEREGRINOS DE SANTIAGO
PASSAVAM POR AVEIRO
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Dizem os entendidos que Aveiro era ponto de passagem para os Peregrinos de Santiago de Compostela. Segundo ouvi há tempos, os que peregrinavam a Santiago costumavam passar por aqui, fundamentalmente para uma visita ao túmulo de Santa Joana Princesa.
O assunto, que eu saiba, ainda não está suficientemente averiguado. E seria bom que algum historiador fizesse esse estudo.
De qualquer modo, a atestar essa eventual passagem, está, numa casa da Rua Direita, o símbolo dos Peregrinos de Santiago, a vieira, ou concha, bem lá no cimo, como pode ser apreciado. Há duas neste edifício, onde, segundo se diz, se acolhiam os peregrinos.
F.M.

EVOLUCIONISMO

Sobre os actuais debates
em torno do Evolucionismo
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1. A história da proposta e desenvolvimento das teorias evolucionistas (1), desde o século XIX até hoje, está marcada por muitos debates e controvérsias. O decorrer do tempo e o progresso científico alteraram substancialmente a natureza dessas polémicas, mas não as eliminaram.
: 2. Para se compreenderem os actuais debates em torno das teorias evolucionistas importa antes de mais retirar de cena aquilo que pouco ou nada interessa. O que não interessa é o chamado criacionismo, um conjunto de concepções de base muito pouco científica, que pretende fazer depender o entendimento do mundo natural não da investigação da própria natureza, mas da leitura de um texto bíblico. O criacionismo é um fenómeno de filiação protestante, e implica um literalismo bíblico que só raras denominações protestantes praticam. A sua sobrevivência explica-se por razões culturais e sociais muito específicas, razões essas que, em geral, não se verificam na Europa e de maneira nenhuma em Portugal. Este criacionismo nunca teve lugar na tradição católica (coisa totalmente diferente é o criacionismo filosófico-teológico, isto é, a noção de que, na ordem do ser, tudo o que existe é mantido, e criado, por Deus).
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BIENAL INTERNACIONAL DE ARTE

RECOMENDA-SE ...
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"Recomenda-se um a três sorrisos por dia" é o título deste quadro da artista Diana Costa, patente ao público na galeria do edifício da antiga Capitania, junto às pontes, em Aveiro. Faz parte das 77 peças de 48 autores que foram seleccionadas pelo júri da I Bienal Internacional de Arte Contemporânea, que está à disposição de todos na cidade dos canais.
Ontem andei por lá. Não vi tudo, que a arte deve ser apreciada com conta, peso e medida. E foi bom sentir e ler o que pensam e fazem os artistas que mereceram a honra de integar esta I Bienal Internacional.
Estive na antiga Capitania, fui à Galeria do Edifício da Câmara, onde está a arte do convidado especial, Evariste Richer, que se inspirou no aspecto "atmosférico" de Aveiro, e andei pelas salas do palácio Morgados da Pedricosa. Para outro dia fica o que está exposto no Museu da Cidade.
A exposição ou, melhor dizendo, as exposições podem ser apreciadas até 30 de Dezembro, de terça a domingo, das 14 às 19 horas. Mas não deixe para o fim. Olhe que o tempo passa a correr.
Fernando Martins

CUMPLICIDADE

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PESCA MAIS RENDA
DE MÃOS DADAS
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No paredão da Meia-Laranja, na Praia da Barra, há sempre pessoas que passeia. Outras, muitas, que pescam ou tentam pescar. Há tempos, quando por ali deambulava ao sabor da maresia, um pescador interpelou-me com um sorriso: - "Ó amigo, qual é o Padroeiro dos pescadores?"
Perante tão inesperada pergunta, respondi-lhe que talvez fosse o São Pedro. Então, ele disse-me com graça: - "Olhe, peça-lhe que me ajude, porque vim do Porto de madrugada e ainda não pesquei nada!"
Era quase meio-dia e o nosso pescador ainda não tinha apanhado nenhum peixe. E ali continuou com uma paciência sem fim...
Ontem, no mesmo paredão, vi, entre outros pescadores, este casal que ali estava numa grande cumplicidade. Ela não gostava nada da cana de pescar, mas sabia fazer renda.... Passei quatro vezes e as suas posições e interesses nunca se alteraram... Só de vez em quando é que se olhavam e sorriam...
Fernando Martins

quinta-feira, 16 de novembro de 2006

PADRES CASADOS?

Presidente da CEP
defende celibato sacerdotal
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D. Jorge Ortiga, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, defendeu hoje em Fátima que a situação do celibato é "vantajosa" para os sacerdotes, como disciplina da Igreja, aludindo à sua experiência pessoal.
Comentando a reunião do Papa com os chefes de Dicastérios da Cúria Romana, ocorrido esta manhã no Vaticano e convocado para debater esta temática, o presidente da CEP disse que o celibato "continua a ter a validade que sempre teve, teologicamente, e é, sem dúvida nenhuma, uma mais-valia para o exercício do ministério, do ponto de vista da disponibilidade pastoral".
Sobre a iniciativa de Bento XVI, considerou a discussão como "algo positivo" e admitiu que o Papa possa tomar "no momento oportuno", uma decisão sobre estas matérias, que são questões disciplinares e sujeitas a alteração. Apesar disso, o Arcebispo de Braga sublinhou que não considera o momento actual como o mais indicado para quaisquer mudanças."Quem entra no seminário, faz uma escolha", apontou.
D. António Montes, Bispo de Bragança-Miranda e vice-presidente da CEP, falou da questão da "readmissão" dos padres casados, frisando que a situação já vai acontecendo. Quanto ao celibato, sublinhou a sua dimensão de "opção prévia" para todos aqueles que querem seguir o caminho do sacerdócio, afastando a ideia de "imposição".
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Fonte: Ecclesia

CIDADES SANTAS

Compostela

Roma

Jerusalém

::: Jerusalém, Roma e Compostela
unidas pelo projecto
«Cidades Santas»
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Jerusalém, Roma e Compostela estão unidas, a partir de agora, pelo projecto “Cidades Santas”, destinado a promover o desenvolvimento e valorizar o seu riquíssimo património artístico e cultural. O projecto foi apresentado ontem, quarta-feira, em Roma. “O acordo de colaboração entre os três municípios, firmado no ano passado, começa a dar os seus primeiros passos”, explicam os autarcas das três cidades, num comunicado conjunto. A partir de agora, está disponível on-line o novo portal www.holycities.info, para informar sobre as iniciativas que as administrações das três cidades manterão conjuntamente. O "site" prevê uma secção de notícias, na qual as três administrações locais poderão incluir as novidades mais interessantes, e oferecerá informações de carácter geral sobre os três destinos, com "links" para os "sites" institucionais de cada cidade. Além da comunicação pela Internet, o novo projecto, que une três dos destinos turísticos e religiosos mais importantes do mundo, será divulgado também com folhetos e outros materiais informativos.
:: Fonte: Redacção/Zenit

PADRES CASADOS?

Concluído encontro
do Papa com chefes
da Cúria Romana
Já chegou ao fim a reunião de Bento XVI com os chefes de Dicastérios da Cúria Romana, destinada a analisar a questão criada pela “desobediência do Arcebispo Milingo e a reflectir sobre a dispensa do celibato obrigatório e os pedidos de readmissão dos padres casados. Uma breve nota da Santa Sé indica que o encontro decorreu na sala Bolonha do Palácio Apostólico do Vaticano. As conclusões desta reunião não deverão ser tornadas públicas, dado que se trata de uma iniciativa consultiva. A questão do celibato é do foro disciplinar. Na Igreja Católica Oriental os sacerdotes podem ser casados; na Igreja Católica Latina optou-se pela disciplina do celibato, estabelecido em 1139 (II Concílio de Latrão). O diaconado permanente, por outro lado, pode ser conferido a homens já casados. Embora reconhecendo as dificuldades da guarda do celibato e a dignidade do matrimónio, Roma tem-se mostrado firme na actual disciplina. No último Sínodo dos Bispos, em 2005, havia uma grande expectativa sobre eventuais mudanças, mas a assembleia sinodal considerou que os “viri probati” (“homens testados” – expressão que designa homens de confiança casados, de comprovada fé e virtude) não são solução para a crise vocacional. O Cardeal Juan Sandoval Iñiguez, Arcebispo de Guadalajara e presidente delegado do Sínodo, defendeu que o recurso aos “viri probati” não representa uma solução, mas “um problema”, dando como exemplo a situação que se vive nas Igrejas Orientais ligadas a Roma “que têm padres casados, mas que sofrem, apesar disso, de crise de vocações”. Já em Abril deste ano, Bento XVI destacou, a importância do celibato para os sacerdotes da Igreja Católica. Recebendo no Vaticano os Bispos do Gana, em visita “ad Limina”, o Papa lembrou que "os que recebem este sacramento estão configurados dum modo particular a Cristo".
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Fonte: Ecclesia

UM ARTIGO DE D. ANTÓNIO MARCELINO

MUDAM OS ROSTOS,
PASSAM OS ANOS...
Já alguém disse que hoje a única coisa permanente é a mudança. De facto, tudo muda. Bem vistas as coisas, foi e será sempre assim. A mudança tem a sua marca dentro das pessoas e das coisas vivas e assinalará o ritmo da vida até à grande e definitiva mudança, essa já sem retorno. A criança nasce e fica logo marcada pelo signo mudança. A noite dá lugar ao dia. O Inverno à Primavera, a ignorância ao saber. Muda-se de residência, de profissão, de partido político. Muda-se de opinião e de hábitos, de costumes e de tradições. É tal a sua vertigem que até já se muda de marido ou de esposa, não de filhos, mais depressa e com maior facilidade do que se muda de casa, de lugar de trabalho ou do café habitual. Não mudar, diz-se, é para muitos sinal de estarem velhos e ultrapassados, de pouca abertura ao tempo que vivemos e às coisas novas que vão surgindo tão depressa e tão sem controle, como vento que sopra de todos os lados, sem que se saiba de onde vem. Porém, também se fala de resistência à mudança, pela dificuldade de se terem atitudes consequentes, sem se olhar, cuidadosamente, às razões que levam às convicções e referências estáveis, capazes de orientar e comandar a vida. Não podemos esquecer que as mudanças mais difíceis têm a ver com a capacidade de acolher os desafios inevitáveis e as oportunidades que não criamos. Mudou muita coisa após a implementação do regime democrático. Porém, muita gente que fala de democracia continua a ser fundamentalista e intransigente com quem pensa e age de modo diferente. E, pior ainda, quando se tem poder económico ou político. O Concílio Vaticano II marcou a exigência de novos rumos para a Igreja, quer em relação à sua expressão comunitária, como à sua relação com a sociedade, por força da sua missão. A verdade é que muitos cristãos, e mesmo responsáveis, que são capazes de falar com eloquência sobre os textos conciliares, não dão grandes sinais de mudança interior no seu agir e deturpam o rosto da Igreja que procura a renovação.
Há ainda as vicissitudes da vida, como a idade e o caminho já andado, que levam à mudança exterior e à separação de muitas coisas que se consideravam indispensáveis. Esta, porém, corre o risco de se tornar corrosiva das atitudes e dos sentimentos, se interiormente não se assume como espaço de novas oportunidades, investimento de experiências adquiridas, desbravar de campos pouco cultivados, abertura a uma doação mais gratuita, ou seja, se não promove mudança interior, sinal de conversão à novidade, que sempre espreita em nós pela sua vez. Quem tem fé e horizontes de vida entende melhor esta exigência interior e entende também o que alguém deixou aí como hino do bispo diocesano: “Mudam os rostos, passam os anos, não passa Cristo, nem muda o amor.” A mudança nestes casos é um problema de bússola e de capacidade do essencial. A fé abre caminho, ilumina-o e estimula a que nele se ande sem medo nem nostalgias.
As mudanças que se nos impõem não são todas iguais, nem têm a mesma dimensão existencial e social. Cada um de nós, porém, permanece o mesmo, sempre que entende e aceita o que subsiste nas mudanças que o atingem, a ponto de não cair na tentação de passar ao lado, mas se dispõe a enfrentar serenamente a realidade, de se orientar no que muda, de modo a que tudo tenha um sentido positivo. A fé ajuda a que na vida tudo seja luz, mesmo quando a noite se torna longa e incómoda. A mudança pode ser uma ocasião de nos apercebermos que estamos vivos e levamos connosco uma força impar, que pode não ser física, mas acaba por ser a mais determinante.

quarta-feira, 15 de novembro de 2006

PROCRIAÇÃO MEDICAMENTE ASSISTIDA

Bispos aprovam nota sobre a PMA e apelam ao «Não» no referendo sobre o aborto
A assembleia plenária da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida em Fátima, anunciou que vai publicar uma Nota Pastoral sobre a Procriação Medicamente Assistida (PMA). Mesmo com uma nova Lei aprovada no Parlamento, os Bispos publicam o documento para “orientar” os fiéis católicos. Sobre o próximo referendo ao aborto, D. Carlos Azevedo, Secretário da CEP, disse aos jornalistas que os Bispos esperam que os portugueses possam “amadurecer serenamente a sua consciência” nesta matéria e deixou um apelo aos que “estão convictos do Não” para que não deixem de votar. Os trabalhos da assembleia, iniciados na passada segunda-feira, abordaram ainda algumas questões da relação entre a Igreja e o Estado. A CEP lamenta o atraso do Governo na nomeação dos seus representantes na Comissão bilateral, prevista na Concordata para o desenvolvimento dos bens da Igreja que integrem o património cultural português. O Ministério da Cultura ainda não terá indicado o nome do vogal escolhido. “Não compreendemos a razão deste atraso”, lamentou D. Carlos Azevedo, frisando que “o Património é algo que todos valorizamos”. Outro tema é a questão das novas percentagens dos descontos que o Clero passará a fazer para a Segurança Social, com os Bispos a manifestarem disponibilidade para negociar. A assistência espiritual nos Hospitais e as aulas de EMRC no 1º ciclo são assuntos em que é preciso um acordo entre Igreja e Estado. D. Carlos Azevedo lamentou ainda a ausência de uma representação da Igreja no Conselho Consultivo das Famílias, um órgão de natureza consultiva composto por representantes de entidades não governamentais, criado este Verão. Seguindo o plano de reflexão sobre a transmissão da fé, os Bispos abordaram o papel da família, da escola e da universidade neste processo. O Secretário da CEP salientou “a crise da família na transmissão da fé” e salientou a importância de a Igreja apresentar “intensificar e renovar pedagogias”, criando métodos e técnicas eficazes.
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Fonte: ECCLESIA

Um livro de D. Manuel de Almeida Trindade

"Pessoas e Acontecimentos"

Eu não sei se os meus amigos leitores gostam de reler os livros de que gostaram, e gostam, muito. Eu tenho esse hábito e não o quero perder. Porque o que é bom vale sempre a pena repetir, como quem saboreia uma guloseima que nos estimula o sabor das coisas. 
Aconteceu há dias com a releitura de “PESSOAS E ACONTECIMENTOS”, um livro com textos de D. Manuel de Almeida Trindade, publicado em 1987, aquando da celebração do 25.º aniversário da ordenação episcopal do então Bispo de Aveiro. 
D. Manuel de Almeida Trindade escreve muito bem e consegue transmitir a quem o lê uma faceta importante da sua personalidade, que é a serenidade. Mas também nos conduz a fontes de conhecimentos e de vivências que refletem o homem de fé profunda e o humanista que olhava para todos como irmãos na caminhada da vida. 
O atual Bispo Emérito de Aveiro, que vive em Coimbra, evoca, com maestria, figuras gradas do seu tempo, fala do Vaticano II em que participou com uma sensibilidade rara, mostra o que pensa com uma facilidade enorme, recorda acontecimentos importantes com uma fidelidade a toda a prova, ou não fosse ele um cultor do diário pessoal, de onde saíram outras obras significativas. Penso que “PESSOAS E ACONTECIMENTOS” merece uma releitura… ou leitura, em tempo de tanta futilidade que enche os escaparates das livrarias. 

Fernando Martins 

Foto: Retrato de D. Manuel,
feito pelo artista aveirense Gaspar Albino

PASTORAL DA CULTURA

PASTORAL DA CULTURA
COM NOVO “PORTAL”
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O Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) lançou, há dias, um novo “Portal”, com morada certa em www.snpcultura.org, tendo por finalidade promover o diálogo com a cultura e com os agentes culturais. Pretende fazer, no fundo, uma leitura cristã dos acontecimentos mais marcantes no campo das expressões artísticas, mas também das ciências. O SNPC é um organismo da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais, comissão esta liderada por D. Manuel Clemente, Bispo Auxiliar de Lisboa. O SNPC está sob a responsabilidade do padre, docente universitário e poeta José Tolentino Mendonça. A partir de agora, quem estiver interessado em saber algo mais sobre a cultura, numa visão da Igreja Católica, pode consultar este “portal”, que está em permanente actualização, através de textos diversos, tendo em vista levar cada um de nós a reflectir e a experimentar o diálogo com a cultura, sob os mais diversos ângulos. Várias rubricas, logo a abrir, são um desafio à nossa ânsia de saber mais, num mundo marcado por um certo indiferentismo, ao nível da cultura religiosa. O meu convite aqui fica, pois. F.M.

PARA QUEM ESTUDA

NO CUFC, nos dias 22 e 29 de Novembro
OFICINA
"SABER ESTUDAR"
Por vezes, há iniciativas interessantes, como a que me chegou às mãos – OFICINA "SABER ESTUDAR". É uma organização do CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura) e destina-se a alunos do Ensino Superior. A orientação fica a cargo do Prof. Luís Sancho, docente da Escola Superior de Saúde da Universidade de Aveiro e dirigente do CNE (Corpo Nacional de Escutas). Os objectivos apontam para verdades indesmentíveis: é sempre possível estudar melhor… pois estudar bem é uma arte!... É possível gerir melhor o tempo e encontrar o melhor método de estudar… Por isso, é lançado um desafio aos universitários: venham ampliar as muitas capacidades que todos têm, no sentido de descobrirem novas formas de estudar, através da organização do tempo e da procura de outras técnicas. A acção decorre na CUFC, nos dias 22 e 29 de Novembro, das 15 às 17 horas. As inscrições poderão ser feitas no CUFC, junto à Universidade de Aveiro.