segunda-feira, 30 de novembro de 2020

FERNANDO PESSOA CONTINUA VIVO


Fernando António Nogueira Pessoa (n. 13 de Junho de 1888; + 30 de Novembro de 1935), mais conhecido por Fernando Pessoa, morreu há 85 anos. É por muitos considerado o maior poeta da Língua Portuguesa. Eu gosto de o ler, limitando-me a ouvir quem o aprecia e quem o menospreza. Que foi um grande poeta, não haverá quem duvide. A minha homenagem aqui fica com um poema, o mesmo que todos os dias leio no meu recanto de trabalho.



Para ser grande, sê inteiro

Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive

Fernando Pessoa (Ricardo Reis)

domingo, 29 de novembro de 2020

NATUREZA PURA DENTRO DE CASA


 Em dia de confinamento, sabe muito bem sentir e ver a natureza com toda a sua pureza em nossa companhia. Os chuchus que a Lita nos ofereceu são bálsamo para as nossas inquietações. Bom domingo para todos.

EM TEMPO DE PANDEMIA; ADVENTO DA ESPERANÇA

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO


1. Muita gente sente que este longo tempo de pandemia lança uma incerteza corrosiva sobre o nosso quotidiano e sobre o futuro. Os alertas diários contra o desleixo e o pânico são indispensáveis, mas sem alimentar as fontes e as razões humanas e divinas da esperança, não conseguiremos renovar as nossas resistências físicas e psicológicas.
Os meios de comunicação social insistem, a toda a hora, em nos dizerem quantos já morreram, quantos são os infectados, quantos os internados em UCI e quantos os recuperados. Receio que esse contínuo exercício de tabuada acabe por saturar e anestesiar a sensibilidade para a gravidade da covid-19 e para os comportamentos exigidos em todas as situações de risco.
Como vencer, em casa e na rua, no trabalho e no lazer, a ansiedade e o medo de ser infectados? Não sei. Mas, para além das questões de saúde e das dificuldades psicológicas de cada um, o caminho mais adequado e menos heróico parece ser o da prática das medidas mais recomentadas, como a distância física, o uso da máscara e a lavagem das mãos.

sábado, 28 de novembro de 2020

AS ROSAS DE SOPHIA


As rosas 

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.

Sophia

Publiquei em Dezembro de 2004 no meu blogue 

O SENTIDO DA VIDA. 1. QUEM SOU?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 



A presente crise, gigantesca, deveria ser uma oportunidade para pôr de modo mais profundo a questão decisiva do sentido da vida. 
Sentido tem a ver com viagem, direcção, meta. Nas estradas, encontramos placas em seta a indicar o caminho para alcançar um destino. Agora, até programamos o GPS que nos levará lá. 
Qual é o sentido da vida e a sua meta? Num primeiro momento, a resposta parece clara: a vida é um milagre e o seu sentido é ela mesma. O sentido está nela, no viver plenamente, na criatividade do dar e receber, em plena e total inter-relação. 
Mas em nós a vida torna-se consciente. O ser humano é autoconsciente, consciente de si mesmo e, por causa da neotenia — ao contrário dos outros animais, não vimos já feitos ao mundo, mas por fazer, sendo a nossa missão fazermo-nos a nós mesmos, uns com os outros —, a questão do sentido da vida torna-se uma questão pessoal, essencial e inevitável. Não é uma questão adjacente, que possa colocar-se ou não. Ela é constitutiva: ser ser humano é levar consigo esta questão: quem somos?, donde vimos?, para onde vamos?, que devemos fazer?, que sentido dar à existência? 
Somos uns com os outros e frente aos outros, mas cada um de nós vive-se a si mesmo como presença de si a si mesmo como um eu único: eu sou eu e não outro. Coincidimos, portanto, connosco, mas, por outro lado, experienciamo-nos como ainda não plenamente idênticos: somos nós mesmos e somos chamados a ser nós mesmos; num apelo constante a fazermo-nos, estamos ainda a caminho de nos tornarmos nós mesmos. Lá está a tarefa paradoxal que nos pertence, segundo Píndaro:

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

CONFINAMENTO CONVIDA SAUDADES

O confinamento, qualquer que ele seja, convida sempre saudade de tempos idos. Pensa-se no presente, conjugado no passado. Hoje, a minha saudosa mãe, Rosita Facica, saltou para a minha memória. Coisa normal, dirão os meus amigos. É certo. Contudo, há dias em que as recordações transportam mais expressão, mais cor, mais vida. Vêm com outra carga, inspiram desafios e até nos comovem.
E daí este poema da Aida Viegas para tornar a minha mãe mais real na minha alma. Se eu fosse poeta!...



MÃE

É aquela que tem:
Esperança ilimitada
Fé que move montanhas
Luz que rompe as trevas
Força para virar o mundo
Energia sempre renovada
Enorme capacidade de sofrimento
Coragem de nunca desistir.

Firmeza na palavra.
Lucidez no pensamento
Discernimento na decisão
Amor sem limites.

Bravura à flor da pele
O sonho na palma da mão
A alma vestida de esperança
O sol guardado no bolso.

Na voz, melodia inexcedível
Doçura e perfume nos gestos
Ternura infinita no olhar.

O bálsamo num beijo
Calor revigorante no colo
A magia num afago
No abraço o perdão desmedido
Na palavra o estímulo
Ao seu redor, a paz.

Aida Viegas

ACAUTELAI-VOS E VIGIAI, DIZ-NOS JESUS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo I do Advento do Natal


Era costume dos judeus abastados e ricos, quando tinham de se ausentar, confiar os seus bens aos cuidados dos servos, atribuindo-lhes responsabilidades concretas. Deviam desempenhá-las bem, até que os patrões regressassem, não deixando ou enviando qualquer pré-aviso. O proceder dos servos manifestava a qualidade da relação com os seus senhores. 
Jesus conhece bem os usos e costumes dos seus conterrâneos. Recorre frequentemente a eles, dando-lhes novas dimensões, enriquecendo-os com elementos que abrem horizontes mais vastos e interpelantes. Com estes recursos pedagógicos, os discípulos podem captar mais facilmente a mensagem que lhes quer transmitir. Hoje, lança mão da parábola do dono da casa que a confia aos seus empregados e parte de viagem. Deixa duas recomendações: cumprir responsavelmente a tarefa atribuída e estar vigilantes. Ê adianta uma breve explicação: O regresso pode acontecer a qualquer hora. “O que vos digo a vós, digo--o a todos”. Mc 13,33-37. 
“A vigilância, adianta Manicardi, é a fidelidade à terra na plena consciência de estar na presença de Deus. A vigilância nasce de uma unificação da pessoa diante do Senhor, o que a leva a ser lúcida, atenta a si própria e aos outros.” 
A vinda do senhor da casa polariza a atenção comum, dá sentido ao comportamento de cada um, desperta energias que tendem a adormecer, mantém em todos a espera vigilante e activa. É o futuro que introduz, no presente, dinamismos de intervenção, fruto da análise crítica das situações e das atitudes que condicionam a conservação da casa e a realização das tarefas.