sexta-feira, 31 de maio de 2019

Georgino Rocha - Festa da Ascensão do Senhor


SEREIS MINHAS TESTEMUNHAS


Georgino Rocha
Ao longo do tempo pascal, a Igreja apresenta-nos o Ressuscitado em várias aparições que credibilizam o que aconteceu a Jesus crucificado e fazem memória dos seus ensinamentos. Mostra-nos também a reacção dos discípulos que vão refazendo as suas convicções e atitudes. Faz a ponte, como em Lucas, com a Igreja nascente, salientando a função singular do Espírito Santo.
S. Leão Magno, papa do século V, procura o sentido destas semanas e afirma: “Irmãos caríssimos, durante todo este tempo, decorrido entre a ressurreição do Senhor e a sua ascensão, a providência de Deus esforçou-se por ensinar e insinuar, não só nos olhos mas também nos corações dos seus, que a ressurreição do Senhor Jesus era tão real como o seu nascimento, paixão e morte”.
Lucas, o autor dos relatos lidos na liturgia de hoje, localiza a Ascensão em Betânia, nos arredores de Jerusalém, após a aparição aos discípulos e a sua identificação, mostrando os sinais da sua paixão e comendo um pedaço de peixe grelhado. (Lc 24, 46-53). Narra a pedagogia de Jesus que acompanha, recorda, caminha, dialoga, exorta, dá a bênção e faz a promessa de, juntamente com Deus Pai, enviar o Espírito Santo. “Vós sois testemunhas disso”, atesta com toda a clareza. A bênção constitui o legado de toda a sua vida; a promessa garante o Espírito Santo, o Mestre que, de agora em diante, recorda o que aconteceu e descobre o seu sentido profundo, ilumina os caminhos da missão, “unge” e robustece as forças organizativas da instituição eclesial.

quinta-feira, 30 de maio de 2019

D. Pedro V – um rei profeta



“Quando as nações tiverem abandonado os seus prejuízos e visto a realidade, a Europa formará uma grande federação de povos que se compreendem e que realizam mutuamente os seus interesses” 

Pedro V (1837-1861), rei de Portugal de 1853 a 1861 

Citado pelo PÚBLICO de Domingo

A nossa gente - Eco-Embaixadora Mónica Ribau


Tinha onze anitos, em 2003. Uma miúda insegura, agarrada aos pulsos do papá e da mamã a quem o chefe Nuno disse: “Patrulha Andorinha, exploradora do Agrupamento 189 de Ílhavo”. Longe estava de saber que já nascera exploradora e andorinha para a vida toda. 
Hoje, tem vinte e sete. Estudou jornalismo e trocou as ciências dos laboratórios da Secundária, pela Rádio Universidade de Coimbra. Trabalhou como jornalista, na SIC, e argumento de séries de televisão e novelas, na SP Televisão. Fez mestrado em Gestão e Política Ambientais na Universidade Nova de Lisboa, onde trabalhou como investigadora, na área da literacia oceânica e processos de participação pública. Depois de participar na Conferência do Clima de Marraquexe, em 2017, dedica-se à Comunicação em Ciência e Alterações Climáticas. Atualmente, é bolseira de doutoramento em Alterações Climáticas e Políticas de Desenvolvimento Sustentável, na Universidade de Lisboa, onde estuda o papel das histórias na perceção da incerteza em problemas complexos. 
O facto da zona da ria de Aveiro, assim como as praias, ser um dos territórios da Europa com maior risco de sofrer com as Alterações Climáticas, ditou o seu caminho profissional e académico. No ano passado, voltou a Ílhavo no âmbito do programa ClimAdapt, onde o município é exemplo. Afinal, as andorinhas dão voltas ao mundo, mas voltam sempre ao ninho.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Dia Mundial da Criança: Ao Encontro da Natureza



«No âmbito das comemorações do Dia Mundial da Criança (01 de junho) os “Amigos do Oceano” convidam crianças, entre os 7 e os 12 anos, a virem ao encontro da Mãe Natureza. O dia será passado entre o Mar e a Ria. Vamos aprender algo com as ondas do mar, o sol, o vento e as gaivotas. Vamos também conhecer um pouco da Ria e ajudá-la a continuar limpa e bonita.
A atividade tem um número limitado participantes e com INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA. O dia (entre as 09h30 e as 16h30, almoço incluído) será composto por atividades de iniciação ao meio aquático, exploração da natureza e de sensibilização ambiental.»

Fonte: Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré

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terça-feira, 28 de maio de 2019

VIA VERDE sugere: Comece as férias de verão por Aveiro



Da VIA VERDE, a que estou ligado por ser prático e rápido, enviou-me a foto que aqui partilho com a seguinte nota: 

"Aveiro é a nossa sugestão para começar estas férias de verão. Saia da cidade e vá percorrer os passadiços de madeira que atravessam a famosa ria. Da natureza às tradições, há muito para ver neste passeio."

É claro que concordo... 

O sonho de revisitar Sever do Vouga esvaiu-se

Ponte de Santiago

Igreja Matriz de Sever do Vouga (séc. XVI) e Cruzeiro barroco de 1733


Cúpula do púlpito  da antiga igreja  

Paisagem

Paisagem

Paisagem

Há dias, senti uma certa frustração. Saímos de casa para revisitar Sever do Vouga e pouco pudemos apreciar. Há anos foi diferente: passei por todas as freguesias e na sede do concelho calcorreei ruas e ruelas, subi e desci rampas com facilidade, visitei aldeias que entendi como típicas e com a sua originalidade, apreciei o Vouga em cada canto, mas desta vez já não foi assim. 
Pelo caminho, quase sempre com o rio que deu apelido a Sever, respirámos a pureza do ar que a floresta renova constantemente, não vimos sinais de fogos e ao longe divisámos povoados garantidamente tranquilos. 
Na agenda organizada pelo meu instinto, sublinhámos freguesias e recantos para sentirmos o palpitar de gentes que vivem longe da agitação do nosso dia a dia. Recordei amigos doutros tempos e a revolução dos cravos que me reteve no café/bar da Pensão Avenida, à espera que alguém na RTP dissesse o que estaria a passar-se naquele momento mágico que nos restituiu a liberdade, donde brotou a democracia. 
Chegámos a Sever, a tal povoação de “se ver do Vouga”, e lá conseguimos estacionar o carro num larguinho tranquilo, perto de Igreja Matriz, que visitámos. Contemplámos a beleza do templo, onde o antigo acolheu o moderno restauro, num casamento feliz. Minutos depois, reconhecemos a minha incapacidade para continuar a caminhar. O sonho de visitar tudo e mais alguma coisa esvaiu-se. E regressar a casa foi preciso, com a Lita a conduzir sempre. 


Fernando Martins

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Frei Bento Domingues: Haverá alternativas à economia que mata?

Bento Domingues

«É muita ousadia da parte do Papa tentar destruir o dogma de que não há alternativas viáveis à economia dominante.»

1. Os anos não perdoam. Os adversários das posições e das práticas do Papa Francisco confiaram, durante bastante tempo, nessa lei da natureza. Quando se deram conta de que este argentino resiste e não desiste das reformas que propôs, entraram em pânico: dada a sua popularidade, é possível que da eleição de um novo Papa surja alguém da mesma linha. Isso não pode acontecer! Daí, a reunião de pessoas e recursos da finança internacional para denegrirem a imagem de Bergoglio.
Para esses grupos – pouco numerosos, mas com muita visibilidade e acesso a inúmeros recursos –, é insuportável ter à frente da Igreja Católica alguém que denuncia a economia dominante como “economia que mata”. Supor que existem e podem crescer alternativas a esta economia é uma blasfémia, uma heresia económica sem perdão.
Até agora, o Papa Francisco agia de forma exemplar em relação aos que são deixados à margem e abandonados. Fazia incessantes apelos em socorro das vítimas da guerra que procuram, em condições miseráveis, acolhimento noutros países. Em todo esse esforço, é sempre o Papa a agir e a falar ou a nomear comissões de estudo para resolver problemas. Mesmo os três notáveis discursos sobre a injustiça social e económica, dirigidos aos movimentos populares [1], não fogem a esse estilo. Agora, porém, com a Carta convocatória para o Encontro “Economy of Francesco”, em Assis, de 26 a 28 de Março de 2020, parece ter começado uma era nova. É dirigida a jovens economistas, empreendedores e empreendedoras de todo o mundo, não como mestre em Doutrina Social da Igreja, mas como alguém que deseja participar no conhecimento das alternativas que existem à “economia que mata” e ampliar as suas potencialidades.
Antes de realçar a significação desta mudança, devo dar a palavra à própria Carta. No primeiro parágrafo resume o seu desejo: “Esta Carta é para vos convidar para uma iniciativa que muito desejei: um evento que me permita encontrar quem, hoje, está a formar-se, a começar a estudar e a praticar uma economia diferente que faz viver e não mata, inclui e não exclui, humaniza e não desumaniza, que cuida da criação e não a degrada. Um evento que nos ajude a estar juntos e a conhecermo-nos, que nos leve a fazer um ‘pacto’ para mudar a economia actual e dar uma alma à economia de amanhã.”

domingo, 26 de maio de 2019

Anselmo Borges: Greve das mulheres e o feminiclericalismo


1. Escrevi aqui recentemente sobre as mulheres na Igreja, perguntando: “E se as mulheres fizessem greve na Igreja?” Uma mulher de alta estatura intelectual, espiritual e social comentou: “As igrejas ficavam vazias.” 
Nem de propósito, mulheres católicas alemãs de várias dioceses acabam de boicotar durante uma semana o seu trabalho voluntário nas igrejas e fazer greve às Missas, para protestar contra o machismo e os abusos do clero. “Deploramos os casos conhecidos e desconhecidos de abuso e o seu encobrimento e ocultação por parte dos líderes da Igreja.” E exigem “o acesso das mulheres a todos os ministérios.” Facto é que, como disse Thomas Steinberg, presidente do Conselho Central de Católicos Alemães, “sem as mulheres nada acontece” e, portanto, é necessário seguir um “caminho sinodal” por parte da Igreja, operando as mudanças que se impõem. Aliás, já antes, católicas francesas tinham denunciado o machismo na Igreja, causa dos abusos contra mulheres e crianças: “na Igreja, todo o poder está nas mãos de homens solteiros, os únicos com capacidade para decidir, governar, ensinar, e que dizem ser mediadores da relação com Deus e com o sagrado.” E insistem: “Isto não pode continuar por mais tempo. Tem que mudar.” 

2. As mulheres não podem ser discriminadas na Igreja. Jesus não as discriminou. A prova está em que teve discípulos e discípulas, como testemunham muitos passos dos Evangelhos, e Maria Madalena foi determinante no cristianismo. De facto, foi ela que, depois da crucifixão, quando tudo parecia ter sido o fim, reuniu outra vez os discípulos à volta da experiência avassaladora de fé de que o Jesus crucificado está vivo em Deus, que é Amor. Voltaram a reunir-se na fé em Jesus, o Vivente, e foram anunciar que Ele é o Messias, o enviado de Deus como “o Caminho, a Verdade e a Vida.” E testemunharam-no, dando a vida por isso. De tal modo Maria Madalena foi determinante que Santo Agostinho lhe chamou “a Apóstola dos Apóstolos”. 

sexta-feira, 24 de maio de 2019

Dia Europeu dos Parques Naturais

Serra da Estrela (Foto da rede global)

O Dia Europeu dos Parques Naturais celebra-se todos os anos a 24 de maio, com o objetivo de contribuir para a preservação da fauna e da flora existentes na respetiva área. Nesse sentido é suposto programar ações que levem as pessoas a tomar consciência da importância da biodiversidade. 
Um parque natural é uma área protegida por lei, tendo em conta as paisagens e as pessoas que as habitam. 
O Dia Europeu dos Parques Naturais foi criado pela Federação EUROPARC, neste dia, em 1999.
Escusado será dizer que todos nós devemos, realmente, respeitar na íntegra os parques naturais que visitamos.

Ver mais Parques Naturais em Portugal

Georgino Rocha: Somos a morada de Deus

Georgino Rocha

«Quem está desperto para esta presença dinâmica do Espírito vive na alegria e na confiança, aprecia e valoriza a rectidão da consciência e a sabedoria do coração, é cada vez mais humano no seu ser e no seu agir.»


Jesus está na hora das grandes confidências, pois é o tempo da despedida, de dizer aos discípulos o que lhe vai no coração, e quer deixar como distintivo da sua identidade. Em diálogo franco, faz declarações que suscitam perguntas. Judas, não o Iscariotes, não entende como é que Jesus se vai manifestar, nem porque escolhe a quem o irá fazer. E formula a correspondente pergunta a que Jesus dá resposta, abrindo horizontes surpreendentes e interpelantes. Os contemplados são aqueles que acolhem o seu amor e guardam a sua palavra; a estes, Jesus dá a garantia de serem morada de Deus e de receberem o Espírito Santo. Assim, terão companhia em todas as circunstâncias da vida e nada os poderá perturbar. Assim, a saudade da despedida é compensada pela nova forma de presença. E Jesus destaca a alegria como testemunho da fé dos que compreendem o alcance destes factos.
Somos a morada de Deus que vem viver na nossa consciência, no mundo interior de todos os que são fiéis à palavra de Jesus, Seu Filho. Esta opção de Deus evidencia a direcção correcta da realização humana. É a partir de dentro, da interioridade, que se faz a humanização, se alimenta a relação, se aprende a amar, a servir, a crescer na grandeza de ser pessoa, a viver em comunidade. É a partir da consciência iluminada e esclarecida por Deus, mediante os ensinamentos de Jesus e a sabedoria das culturas humanizadas, que têm consistência as opções e os critérios condicionantes das nossas atitudes pessoais e colectivas. É a partir das atitudes que a sociedade manifesta os valores predominantes e a qualidade do sentido da convivência entre os seus membros. Que contraste coma situação actual do nosso mundo?!