domingo, 27 de dezembro de 2015

As belezas da natureza


A Natureza é uma fonte inesgotável de belezas. As paisagens, os animais e as plantas das infindáveis espécies e as pessoas, fontes intermináveis de expressões. Julgo que sei apreciar a beleza, esteja ela onde estiver, mas nunca consegui identificar certas plantas e animais que saiam do nosso quotidiano. Como esta ave que vi na margem da Ria.

Notas do meu diário — Natal de 2015


1. Perdi a conta aos textos que escrevi por encomenda sobre o Natal. Há anos tive a coragem de declinar os convites que me chegavam nesta quadra talvez por recear repetir-me nas ideias, nos conceitos, na forma e no estilo. Julgo, porém, que podia e devia ter evitado a indelicadeza de dizer não, sobretudo a pessoas que muito estimo, mas na realidade fi-lo por receio de não dizer coisa de jeito. Contudo, gosto de escrever quando a vontade de o fazer me aperta ou quando sinto uma razão motivadora. Foi o caso deste ano...

Será a Bíblia blasfema?

Crónica de Frei Bento Domingues 

«O iaveísmo histórico veicula 
uma teologia nacionalista, 
por vezes, de uma extrema violência»

1. Quando se tenta explicar a violência das religiões ou contra as religiões resvala-se facilmente para a justificação do crime.
Nos últimos tempos, repetem-me: o Papa Francisco considera o terrorismo, em nome de Deus, como uma blasfémia, mas, nesse caso, o Antigo Testamento (AT) não é também ele blasfemo?
O exegeta, Armindo Vaz [1], referindo-se a Dt 20,10-18 [2], apresenta Moisés a falar a Israel deste modo:
“Quando te aproximares duma cidade para combater contra ela…, Iavé teu Deus a entregará nas tuas mãos e passarás a fio de espada todos os seus varões, as mulheres, as crianças, o gado; tudo o que houver na cidade, todos os seus despojos, o hás-de tomar como espólio…Quanto às cidades destes povos que Iavé teu Deus te dá em herança não deixarás nada com vida; consagrá-los-á ao extermínio: hititas, amorreus, cananeus, ferisitas, hivitas e jebuseus, como te mandou Iavé, teu Deus, para que não vos ensinem a imitar todas essas abominações que eles faziam em honra dos seus deuses: pecaríeis contra Iavé vosso Deus”.
As explicações históricas do autor são importantes, mas insuficientes.

sábado, 26 de dezembro de 2015

2016 — Um desafio à estabilidade

Foto
A persistência tudo consegue

O complexo da vida, por culpa nem sei de quem, é um desafio que teremos de enfrentar no dia a dia. O equilíbrio que queremos não é tarefa fácil, mas temos de acreditar que é possível. À semelhança do que a foto mostra, os cubos estão em equilíbrio, porventura instável, mas ali estão há anos como decoração e como exemplo a seguir, como retrato da teimosia ou persistência do homem ou mulher que tal conceberam para exemplo de todos nós. Que 2016 seja também desafio de estabilidade para todos.

Francisco, o reformador

Crónica de Anselmo Borges no DN


«A reforma "continuará com determinação, 
lucidez e resolução, porque a Igreja tem 
de estar sempre em reforma"»


1 Foi um dos acontecimentos mais importantes do século XX. Pelas suas repercussões religiosas, políticas, sociais, geoestratégicas. Constituiu uma revolução. Refiro-me ao Concílio Vaticano II, cujo encerramento se deu fez no passado dia 8 cinquenta anos. O que seria a Igreja e, consequentemente, o mundo, se não se tivesse realizado o Concílio? O teólogo Juan Tamayo acaba de elencar algumas das transformações operadas.
Passou-se de uma Igreja, sociedade perfeita, à Igreja Povo de Deus; do mundo considerado inimigo da alma ao mundo como "espaço privilegiado onde viver a fé cristã"; da condenação e anátema contra a modernidade e as religiões não cristãs ao "diálogo multilateral": com o mundo moderno, a ciência, a cultura, as confissões cristãs, as religiões não cristãs, o ateísmo; da condenação dos direitos humanos ao seu reconhecimento e ao combate por eles; da condenação da secularização ao reconhecimento e defesa da autonomia das realidades terrestres; da Igreja "sempre a mesma", imutável, à Igreja em permanente reforma; da Cristandade ao Cristianismo; da pertença à Igreja, condição necessária para a salvação, à liberdade religiosa.

Festa da Sagrada Família

Reflexão de Georgino Rocha


Sagrada família de nazaré - Pesquisa Google:



«Jesus adolescente 
surpreende pela positiva»

Jesus, após ter feito doze anos, vai com os país a Jerusalém tomar parte na celebração da festa da Páscoa. Vai e fica, sem dizer nada a ninguém. Apresenta-se na reunião dos doutores que debatem a interpretação das Escrituras. Ouve explicações e faz perguntas. Dá respostas que causam espanto aos reconhecidos letrados. Deixa-os surpreendidos pela inteligência revelada. Questiona a mãe que, angustiada, o procura com José. Ouve calmamente a sua queixa e acolhe o seu desabafo colocando-lhes uma questão: ”Porque me procuráveis?” Abre horizontes novos aos estreitos espaços familiares de sangue: “Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?”. E não acrescenta mais nada, apesar deles não haverem entendido o alcance do que lhes disse. Compreenderão mais tarde em Nazaré e na realização da missão itinerante por terras da Galileia e arredores. 

sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Visita à Costa Nova para arejar

Ria com as águas um pouco agitadas


«Hoje a Costa Nova 
deu-me a sensação 
de ter lavado a cara 
com mais cuidado»

Passei hoje de manhã pela Costa Nova para refrescar as ideias perturbadas um pouquinho por alguns excessos. Excessos próprios da quadra e estimulados pela excelente presença dos familiares que connosco consoaram até fora de horas. Nestas circunstâncias, nem damos pelo passar das horas. Graças a Deus pela alegria que todos proporcionaram, dando e recebendo o melhor que cada um tinha para partilhar. 
A Costa Nova estava desértica como nunca a vi. Comércio e restaurantes fechados tornaram mais visíveis o colorido das casas típicas que são um regalo para a vista. Hoje a Costa Nova deu-me a sensação de ter lavado a cara com mais cuidado, tal era o ar perfumado que se desprendia dos traços largos de cores brilhantes das paredes que o sol tornava mais atraentes para quem passava.
Junto à ria, com as águas um pouco agitadas e mais bonitas por isso, uns passaritos por ali andavam tranquilos à cata de minúsculos insetos. Habituados à presença dos residentes e veraneantes, olhavam de soslaio mas sem qualquer receio para mim e para quem me acompanhava. E seguiram a sua vida sem pressas.

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Natal — Velha Mesa

O avô e a avó, logo à noite

Velha Mesa

Pai e Mãe.
À cabeceira,
Nosso Avô e nossa Avó…
Perto, o calor da lareira,
Que não deixa ninguém só.
E a história daquela mesa, 
De ano a ano, repetida,
Lembra uma lanterna acesa,
Que alumia toda a vida!

Pedro Homem de Mello

Natal de 1959


Publicado na Agenda-Almanaque
de Olegário Fernandes Artes Gráficas, S.A.

NATAL: Poema do Cardeal Alexandre Nascimento

pela positiva: NATAL: UM POEMA DO CARDEAL ALEXANDRE DO NASCIMENTO:

O MENINO E SUA MÃE 

Vi há tempos um quadro feito por mão inspirada: 
Os traços eram perfeitos 
do Menino Jesus e sua Mãe. 
Causava enlevo, fazia ternura, 
o olhar que se desprendia de Nossa Senhora, 
Que tinha seguro nos braços o seu Menino. 


Este deixava ver bem 
Seu grande afecto, Sua divina paixão 
por Aquela que tão estreito 
o trazia ao peito: 
A cabecita de encontro, bem encostada, 
entre a face e o ombro de Sua Mãe 
e a carita de criança voltada para nós… 

Mais que tudo, porém, impressionou-me o ar, 
o ar de desafio, cheio de divina meiguice 
um ar (Deus me perdoe!) quase gaiato 
que parecia dizer a quantos o quisessem entender: 
“É minha, só minha a Virgem Maria!” 
De tão estreito e apertado que cingia com os bracitos 
Nossa Senhora… 

Confesso que estranhei, 
por me ver quase defraudado por esta divina avareza. 
Mas no olhar sorridente da Virgem bondosa 
li logo a resposta, a bonança que me vinha: 
“Deixa-O, meu filho, são primeiros tempos 
que goza a novidade de ter… Mãe: 
Eterno que é, só isto Lhe faltava, no céu… 

Não tarda que no Calvário te dê a Sua vida 
(pouca coisa para Ele!) e o que é mais ainda: 
que te dê Sua Mãe, tua Santa Maria”. 



In “Livro de Ritmos”
de Cardeal Alexandre do Nascimento

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Mistérios da Natividade

Artigo de António Araújo 
Ilustrações de Susa Monteiro
PÚBLICO | Revista 2
13 de dezembro | 2015


presépio de joão carlos celestino gomes - Pesquisa Google:
Presépio de João Carlos Celestino Gomes,(1899-1960),
pintura a óleo sobre tela, 1930, Museu de Ílhavo
«Os presépios sempre serviram para doutrinar. Mas nem a gruta, o estábulo, o burro, a vaca ou o Menino aquecido pelo bafo dos animais fazem parte dos Evangelhos canónicos. Crentes ou não-crentes, devemos reconhecer a inquestionável verdade poética das narrativas evangélicas da Natividade.»

Nota: Para quem gosta de saber...  Ler no PÚBLICO; a ilustração foi opção minha