segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

As vantagens de não se julgar infalível (II)

Crónica de Frei Bento Domingues 
no PÚBLICO de domingo

Bento Domingues


1. Há vantagens em não se julgar infalível. A primeira de todas talvez seja esta: o mundo não começou comigo nem vai acabar quando eu morrer. Os que jogaram ou jogam na ficção da infalibilidade gostariam de parar o tempo que vai medindo todas as mudanças. A verdade, no entanto, nunca é uma posse definitiva, mas um horizonte irrenunciável que exige um trabalho nunca acabado. A busca da “teoria de tudo”, para explicar o universo, pode ser um grande motor de investigação, mas por enquanto ainda vive no campo dos sonhos fecundos.
Há pessoas e instituições que retardam, quanto podem, as mudanças. A chamada cultura tradicional procura assegurar a reprodução do passado no futuro. O método era o da iniciação das crianças nas teias do passado e acrescentar-lhes um feitiço, um tabu, que desgraçaria a vida de quem violasse essa herança. A cultura moderna coloca o acento na inovação do conhecer e do fazer: fazer acontecer o que nunca tinha acontecido e libertar o horizonte de preconceitos.
Se há pessoas e instituições apostadas em retardar as mudanças, existem outras que as aceleram. O dogma da infabilidade papal, no século XIX, pretendia parar o tempo, barrar o caminho a mudanças, sobretudo na Igreja, mesmo fora do âmbito restritíssimo da aplicação desse dogma. O importante era criar, nas pessoas e nos grupos, a ideia sub-reptícia de que tudo o que vinha de Roma trazia o carimbo da infalibilidade. Ressuscitava-se o adágio: Roma falou, assunto encerrado. Roma locuta, causa finita.

Benefícios da jardinagem

Crónica de Maria Donzília Almeida


Devo ter uma costela britânica, a julgar pela minha dedicação e gosto pela jardinagem que é apanágio dos britânicos. O amor do povo inglês pela jardinagem é notório e está bem patente tanto na esfera pública quanto na privada.
A primavera é uma estação muito, mas muito celebrada na Inglaterra. Ninguém aguenta mais o frio e chuva que predominaram durante todo o inverno e nada como a promessa de temperaturas mais elevadas e as carícias do sol.
A nova estação é a época ideal para que o país se dedique àquele que parece ser um dos hobbies nacionais preferidos: a jardinagem. 

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Papa vai ao congresso dos Estados Unidos

Francisco vai ser o primeiro Papa
a discursar numa sessão conjunta do Congresso


«O presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner, anunciou hoje que o Papa Francisco vai discursar diante das duas câmaras do Congresso norte-americano, a 24 de setembro.
“Nesse dia, Sua Santidade será o primeiro Papa na nossa história a dirigir-se a uma sessão conjunta do Congresso”, afirmou Boehner, em declarações aos jornalistas no Capitólio, sede do Congresso.
O responsável mostrou-se “grato” pelo facto de o Papa ter aceitado o convite, mostrando-se “ansioso” para “receber a sua mensagem em nome do povo americano”.»

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sábado, 7 de fevereiro de 2015

É uma maravilha a Ria de Aveiro


Ria de Aveiro


«Eu nunca tinha visto a ria de Aveiro. Daí — dirão — este meu entusiasmo. Ora a laguna, com os seus múltiplos canais, seus campos encharcados, seus horizontes abertos, sua exuberância de luz e seu sonho de distância — é bela sempre e cada vez mais, afirmam os que todos os dias se banham no mistério da sua extensão panorâmica.
A ria de Aveiro — é uma maravilha. Fujo a descrevê-la, porque isso não está agora no meu programa.
Faltam aos meus olhos os palácios de mármore, as colunas de oiro, as igrejas erguidas em renda, as margens coalhadas de sonho e arte: S. Maria degli Scalzi, S. Marcuola, a casa de Contarini, e a distância de oiro sobre gaze de azul de S. Giorgio Maggiore. Mas — lembro-me de Veneza… Uma Veneza despida, no seu estado imaculado, em plena exuberância primitiva, onde se adivinha a vontade de Deus, de tudo ficar como ele a criou. Maravilha contemplativa!
O canal segue até o mar, lá pr’a baixo, nem eu sei pr’a onde. E as margens respiram humildade e humildade; evolam-se dos pisos encharcados emanações salinas, vêem-se fumos de casas que há um quarto de século abrigam heróis que refazem as areias em seiva, até darem rosas e pão, frutos e sombra — e, ao longe, com riscos de asas brancas de patos ou de gaivotas, esplendem as cidades: cidades agachadas que se fizeram a esforços que nenhum homem da Cidade é capaz de entender: cidades a que se chamam vilas, aldeias, lugares, praias de doce título e dulcíssima vida laboriosa: a Gafanha, mais Gafanha, S. Jacinto, a Murtosa, o Bunheiro, a Torreira. Os fundos cenográficos são recortados em bruma que não cabe nas paletas dos pintores: a Gralheira, o Caramulo, e adivinha-se o Buçaco na má vontade da manhã, que acordou sombria.
É uma maravilha a ria de Aveiro!»

Norberto de Araújo, jornalista (Lisboa, 1889; Lisboa, 1952)

In “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 12, 1971

Crentes e ateus críticos

Crónica de Anselmo Borges no DN

Anselmo Borges


No presente estado do conhecimento e do saber científico, impõe-se, contra o dogmatismo, uma atitude crítica, tanto por parte dos crentes como dos ateus. Refiro-me aos crentes e aos ateus que sabem o que isso quer dizer. Esta foi a mensagem fundamental deixada pelo jesuíta Javier Monserrat, neurólogo e filósofo, das universidades Autónoma e Comillas, de Madrid, nos debates que organizei no Porto, em Coimbra e em Lisboa, por ocasião da publicação do livro que coordenei: Deus ainda Tem Futuro? Deixo aí o essencial das suas exposições.
1. A revelação de Deus em Jesus e a revelação de Deus na criação vêm do mesmo Deus. Ele também se revelou no livro da natureza. Ora, como fez Deus a natureza? O único modo de sabê-lo é pela ciência e pela filosofia, e o que Deus disse em Jesus deve estar em harmonia com o que disse na criação.

JESUS E O ENIGMA DO MAL

Reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha



O enigma do mal ”colou-se” à natureza humana e, tal como o joio da parábola, progride sem se saber bem como. Se é difícil a sua explicação, não o é a verificação dos seus efeitos perniciosos. As pessoas atingidas pelos tormentos que provoca sofrem horrivelmente.
Job é o rosto humano de tal situação. As expressões que usa são bem elucidativas: vida dura e cruel, sofrimento atroz, noites intermináveis de amargura, dias breves de esperança, amanhecer sem aurora, angústia e morte. O drama de Job actualiza-se, hoje, nas vítimas da economia sem rosto, da política sem escrúpulos, da medicina sem ética, da educação sem humanidade, dos meios de comunicação sem regras respeitadoras da dignidade humana.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A nossa gente: António Cirino

ANGE 



Neste mês de fevereiro, em que se realiza o I Congresso Náutico – Embarque para o Conhecimento, dedicamos a rubrica a “nossa gente” ao dirigente associativo mais antigo na área do desporto náutico: António Cirino, Presidente da Direção da ANGE – Associação Náutica da Gafanha da Encarnação.
António Cirino nasceu a 25 de julho de 1946, na Gafanha da Encarnação, Município de Ílhavo. Estudou até à 4.ª Classe na Escola Primária Encarnação Sul e foi admitido na Escola Comercial de Aveiro, onde estudou até ao 4.º ano.
Entre 1964 e 1968, cumpriu o Serviço Militar na Marinha de Guerra, onde desde logo demonstrou uma grande apetência pelos desportos náuticos.
No final de 1968, com apenas 22 anos de idade, António Cirino emigrou para a França à procura de uma vida melhor. Viveu em Paris durante quinze anos, aliando o seu trabalho no ramo automóvel ao Associativismo. Para além de jogar futebol, foi Dirigente Associativo no Clube Saint Gracient.
Em 1983 regressou à Terra Natal, onde se instalou por conta própria com um negócio de reparação de automóveis (até 2001), a que se seguiu o trabalho de gestão no Estaleiro de Reparações Náuticas “Ponte Mar” (até 2012).