quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Centenário da 1.ª Grande Guerra

Homenagem devida aos combatentes 
do município de Ílhavo



No dia 25 de outubro, a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI)  promoveu uma cerimónia evocativa do centenário da 1.ª Grande Guerra em parceria com o Núcleo de Aveiro da Liga dos Combatentes, na qual foram homenageados os portugueses que morreram nesse conflito. E se a oportunidade da homenagem é de louvar, é justo reconhecer a importância de um outro projeto, presentemente em curso, que pretende lembrar, para memória futura, os ilhavenses e gafanhões que participaram na guerra de 1914-1918, quer na Europa quer nas colónias portuguesas em África.
Com o objetivo de chegar o mais longe possível, chegou-nos ao conhecimento que o Centro de Documentação da autarquia tem estado a proceder ao levantamento dos nomes de todos os combatentes, através de pesquisas junto das mais diversas fontes, nomeadamente, nos Arquivos Geral do Exército e Histórico Militar.
Para além das recolhas já feitas naqueles arquivos, porventura constituídos por nomes e números, que a vida dos soldados não cabe neles, torna-se imperioso buscar as memórias dos nossos bravos soldados, com alguns dos quais nos cruzámos há bons anos nas ruas da nossa terra. Nesse sentido, importa sensibilizar os herdeiros e descendentes dos combatentes para que cedam elementos, contem histórias dos seus antepassados, emprestam fotografias, fardas ou restos de fardas, cartas, insígnias, cédulas militares e tudo o que, ligado à 1.ª Grande Guerra, jaz guardado ou esquecido em malas, baús e álbuns.  
O projeto deve envolver toda a gente, em especial alunos a partir do 9.º ano, inclusive, mas ainda a chamada terceira idade, porque talvez sejam os idosos os que mais de perto privaram com os bravos combatentes do nosso município.
É óbvio que o projeto não pretende estudar o mais desenvolvidamente possível o tema em causa para guardar os elementos recolhidos numas tantas gavetas da CMI, porque temos a certeza de que dele nascerá uma grande exposição de homenagem aos combatentes da 1.ª Grande Guerra.
Os interessados em colaborar podem dirigir-se Centro de Documentação de Ílhavo, através do telef. 234 329 686 ou do endereço eletrónico cdi@cm-ilhavo.pt

Fernando Martins

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Litania de Natal de José Régio





LITANIA DO NATAL

A noite fora longa, escura, fria.
Ai noites de Natal que dáveis luz,
Que sombra dessa luz nos alumia?
Vim a mim dum mau sono, e disse: «Meu Jesus…»
Sem bem saber, sequer, porque o dizia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Na cama em que jazia,
De joelhos me pus
E as mãos erguia.
Comigo repetia: «Meu Jesus…»
Que então me recordei do santo dia.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

Ai dias de Natal a transbordar de luz,
Onde a vossa alegria?
Todo o dia eu gemia: «Meu Jesus…»
E a tarde descaiu, lenta e sombria.

E o Anjo do Senhor: «Ave, Maria!»

De novo a noite, longa, escura, fria,
Sobre a terra caiu, como um capuz
Que a engolia.
Deitando-me de novo, eu disse: «Meu Jesus…»

E assim, mais uma vez, Jesus nascia.

José Régio

A nossa gente: Irmã Cristina

Irmã Cristina Riço Mendes 
do Movimento de Schoenstatt



«Neste mês de dezembro, em que se inicia o Ano Dedicado à Vida Consagrada na Igreja, dedicamos a rubrica “a nossa gente” à Irmã Cristina, um exemplo de dedicação ao próximo.
Cristina Riço Mendes nasceu a 14 de novembro de 1968, em Kaiserslautern, na Alemanha. Filhade pais portugueses, a Irmã Cristina tinha apenas cinco anos quando a família regressou a Portugal, fixando-se na Gafanha da Nazaré, de onde a mãe era natural.
A Irmã Cristina iniciou os seus estudos na Escola Primária da Cambeia, a que se seguiu o Ciclo, na Gafanha da Nazaré. Concluído o Ensino Secundário, que frequentou nos Liceus Homem Cristo e José Estêvão, em Aveiro, optou por enveredar pela Vida Religiosa, ingressando no Noviciado do Instituto Secular das Irmãs de Maria Schoenstatt. Com 19 anos de idade, tomou o hábito no dia 27 de setembro de 1987 e continuou a sua formação no Noviciado por mais um ano.
Entre 1991 e 2000, a Irmã Cristina foi Agente de Pastoral na Paróquia de S. Pedro de Azurém, em Guimarães, onde também dedicava o seu tempo à Creche do Centro Social Paroquial.
Durante todos estes anos, trabalhou sempre no Movimento Apostólico de Schoenstatt, focando-se inicialmente nos mais jovens e nas crianças e, mais tarde, também nos adultos.
No ano 2000, a Irmã Cristina regressou à Gafanha da Nazaré, onde continuou o seu trabalho nos diversos Ramos do Movimento nas Dioceses de Aveiro e Coimbra. Neste seu trabalho de evangelização testemunhou que esta Aliança de Amor com Maria é um caminho de santidade para muitas pessoas e inspira o compromisso de Schoenstatt com a Nova Evangelização, em projetos missionários e sociais, projetos educativos e iniciativas em várias áreas da sociedade.
Dedicada aos estudos, a Irmã Cristina voltou à Alemanha para frequentar uma Formação de um ano na Casa Mãe do Centro Internacional das Irmãs de Maria (2003-2004), tirou o bacharelato em Ciências Religiosas, no ISCRA – Instituto
Superior de Ciências Religiosas de Aveiro (2004-2007) e foi Superiora Delegada da Comunidade das Irmãs (2007 a 2013). É desde 2007 Presidente da Direção do Centro Social Padre Kentenich, uma Instituição Particular de Solidariedade Social do Município de Ílhavo que nasceu por iniciativa do Instituto das Irmãs de Maria de Schoenstatt e tem como objetivo a promoção do desenvolvimento da pessoa humana em todas as dimensões, tendo como modelo de atuação a Pedagogia do Fundador da Obra Internacional de Schoenstatt, o Padre José Kentenich. A 10 de setembro de 2010 viu inaugurada a primeira Resposta Social: a Creche “Jardim de Maria”, que tem como missão “Educar para a Vida”, contribuindo para a educação global e harmoniosa das crianças e suas famílias.
A grande dedicação da sua vida é o Movimento de Schoenstatt, um movimento de apostolado, de espiritualidade e de educação, tendo como elemento central o Santuário, para o qual a Irmã Cristina convida todos a peregrinar e experimentar este “Oásis de Paz”, um “Novo Belém” do Município de Ílhavo.

Em agenda “Viver em…” da CMI



NOTA: Conheço a Irmã Cristina desde que regressou com a família da Alemanha à Gafanha da Nazaré e sempre a apreciei pelo sua maneira de ser e de estar, vendo nela, ainda enquanto mais jovem, uma pessoa serena, sorridente e simpática. Indiciava, pela sua postura, que seria diferente das demais, apreciando eu a sua inclinação e depois decisão de abertura comprometida ao transcendente. Daí, a sua opção de entrar na escola de Nossa Senhora, que a levaria, com mais convicção, a Jesus Cristo, tendo como mestre de jornada o Padre José Kentenich. O essencial da sua caminhada de entrega a Deus e aos outros está patente no texto que a agenda “Viver em…” da CMI em boa hora publicou, integrado na rubrica “A nossa gente”. 
Quando percebemos que se faz justiça, independentemente dos ideais políticos, artísticos, sociais ou religiosos, não posso deixar de louvar quem assim procede. E neste caso, apesar da Irmã Cristina ser uma pessoa de ação, de oração e de partilha, ao jeito do Instituto das Irmãs de Maria que não busca as honras, porque vive para servir, gostei de a ver a abrir-nos a porta do Santuário, um lugar onde é bom estar, vendo-se ao funda a Mãe Admirável e o Cristo Redentor.

FM

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

1.º de Dezembro


Por decisão política, o Governo de Portugal acabou, entre outros, com o feriado do 1.º de Dezembro. Nasci com o culto dessa efeméride e escrevi, diversas vezes, contra o desinteresse do  nosso povo pelos feriados. 
Acontece que hoje,  1.º de Dezembro, data da nossa libertação do jugo Filipino, me senti um pouco triste. Não havendo festas oficiais, afinal recordei,  como alguns, no grupo dos quais me incluo, a vontade férrea dos conjurados   que arriscaram  a vida, com coragem e determinação, em nome da dignidade de um povo que estava oprimido. Mas seria muito mais válido se todos pudéssemos ficar livres para olharmos para trás, nem que fosse no recato das nossas casas, sem trabalhos que os feriados pressupõem e mesmo sem alinharmos nas festas oficiais,  meditando simplesmente sobre a heroicidade dos nossos antepassados.  
Não vale a pena chamarem-me nostálgico, porque estão a perder tempo. A declaração de um feriado, para além de tudo e no meio das nossas tarefas quotidianas, tem o valor de nos estimular a lutar por ideais talvez um pouco a passarem de moda. Seria bom que retomássemos alguns feriados. 

O lamaçal: ética e política

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias de sábado

1. Tenho aqui escrito muitas vezes que, ao contrário do q ue se pensa, fé e acreditar não são em primeiro lugar categorias religiosas. Trata-se do fundamental da existência, no sentido de que, sem fé, crédito, confiança, ninguém pode viver bem. O que mais falta faz no país não é precisamente a confiança e o crédito? A nossa vida está baseada, em todos os domínios, na confiança (vem de fides, fé) e no crédito (vem de credere, crer, acreditar) que damos aos outros e à vida e que eles nos dão a nós, de tal modo que podemos crer e confiar em nós próprios, abrindo futuro pessoal e colectivo.
Assim, a crise em que o país está mergulhado é a pior, porque minou a confiança. No meio deste lamaçal, em quem se pode confiar?

“Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho"

O mais recente livro 
de Georgino Rocha



“Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho — Reflexões dominicais e festivas” é o mais recente livro de Georgino Rocha. Trata-se de uma obra celebrativa do seu jubileu presbiteral que traduz, de forma visceral, as suas vivências ao serviço do Reino, desde a sua ordenação que aconteceu há 50 anos, concretamente no dia 15 de agosto, em cerimónia presidida pelo então Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade. 
Este livro, que acaba de vir a lume, vem juntar-se à sua já muito completa bibliografia e surge na senda de outros em que, de forma dinâmica e responsável, o autor se interpela e nos interpela quanto ao empenhamento eclesial, culural e social de todos, a partir da leitura da Palavra de Deus, tendo por pano de fundo os tempos litúrgicos de cada domingo e outros dias festivos. É portanto uma obra essencial para se sair do ramerrão dos nossos quotidianos, sendo certo que, muitas vezes, ouvimos e vivemos a correr o que a Igreja nos propõe para a partilha prática da fé no dia a dia de cada semana.
Li com gosto o Prefácio do agora Bispo do Porto, D. António Francisco dos Santos, e outros textos do autor, bem como algumas reflexões, muitas das quais me levaram a meditar sobre a Palavra de Deus para a atualidade, que Georgino Rocha, por amável deferência, me cede regularmente para publicação no meu blogue Pela Positiva. Por isso, posso afirmar que, desta feita, com a edição deste trabalho, fiz questão de reler algumas meditações, com o sabor que o livro, e só ele, de forma palpável, nos dá. 
Corroboro as afirmações de D. António Francisco no Prefácio, sobretudo quando garante que “Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho” «é um hino de louvor a Deus ao jeito do salmista que logo pela manhã faz sua a Palavra de Deus, a medita, contempla, reza e partilha com os companheiros de cada jornada». 
Na Apresentação — Voando nas asas da aurora —, Georgino Rocha cita o Papa Francisco, dizendo que «A fé não afasta do mundo, nem é alheia ao esforço concreto dos nossos contemporâneos». E citando de novo o Papa, frisa que a mesma fé «faz compreender a arquitetura das relações humanas… ilumina a arte da sua construção, tornando-se um serviço ao bem comum (Lumen Fidei, 51)».
Olhando para si próprio, o autor agradece ao Senhor «os prodígios e as maravilhas» que Ele operou na sua vida e no seu ministério, implorando a «bênção divina para continuar a crescer na fé e anunciar a alegria do Evangelho até alcançar a meta» . E finaliza a Apresentação assim: «Tenho-me sentido bem no regaço da Mãe e aguardo confiante, apesar dos meus pecados, o colo de Deus-Pai.»
O autor dedica esta obra a D. Manuel de Almeida Trindade que o ordenou, aos padres de Calvão, em especial Augusto Gomes,  Messias Hipólito e Filipe Rocha, seu irmão, que o apoiaram, aos seus pais e familiares, bem como às "mestras da doutrina", que nele plantaram as primeiras "raízes" da sua vida de discípulo missionário.
Crescer na FÉ e Anunciar a Alegria do Evangelho — Reflexões dominicais e festivas” foi editado pela Lucerna, contando com o apoio da Santa Casa da Misericórdia de Aveiro. A capa é de Rita Maia e Moura e a execução gráfica é da Artipol. 
O apresentação pública deste livro será brevemente, em data a anunciar.

Fernando Martins

Uma árvore no meu coração


NESTE NATAL

“Neste Natal quero armar uma árvore dentro do meu coração
E nela pendurar, em vez de presentes,
Os nomes de todos os meus amigos.
Os amigos antigos e os mais recentes.
Os amigos de longe e os amigos de perto.
Os que vejo em cada dia e os que raramente encontro.
Os sempre lembrados e os que às vezes ficam esquecidos.
Os das horas difíceis e os das horas alegres.
Os que sem querer eu magoei ou sem querer me magoaram.
Os meus amigos humildes e os meus amigos importantes.
Os nomes de todos os que já passaram pela minha vida.
Muito especialmente aqueles que já partiram
e de quem me lembro com tanta saudade.
Que o Natal permaneça vivo em cada dia do ano novo.
E que a nossa amizade seja sempre uma fonte de luz e paz
em todas as lutas da vida.”


De autor desconhecido. Publicado na Revista XIS, no Natal de 2003