domingo, 10 de março de 2013

Uma sociedade anestesiada e sem futuro


Será que a democracia dispensa 
a responsabilidade e o bom senso?
António Marcelino
 
O resultado das eleições na Itália é um dado que faz pensar. Afinal, o que querem os italianos? Criticam escândalos, mas voltam ao mesmo. Rejeitam os fantoches, mas, depois, preferem a comédia e o circo. Sentem que é preciso arrepiar caminho, mas calam quem teve coragem de o fazer. Ficou claro que os italianos, como em tempos passados, querem apenas pão e diversões. Nem austeridade, nem restrições, nem sacrifícios necessários. Mas um país, com a economia à beira da falência, pode rejeitar sacrifícios e exigências que exijam a participação de todos? Mais um caso a mostrar para onde caminha a Europa que semeou sonhos e desprezou valores. Um caso que denuncia um uso pobre da democracia, fazendo dela uma brincadeira de mau gosto, mas consequente. Parece que a gente séria e com princípios deixa de ter lugar no palco da política do bem comum. 
O livro está aberto e a lição é para todos nós. A austeridade contestada e as dificuldades geradas podem mitigar-se, e, no possível, devem sê-lo. Mas não se sai desta situação sem que sejam aceites como inevitáveis. Palavras para agradar dizem-se às crianças. Palavras que matam a esperança são sabedoria dos bem instalados. De pessoas adultas e sérias espera-se capacidade e critérios para os compromissos e opiniões válidas que não se fechem em interesses pessoais ou de claques. 
Diz-se que não se podem repetir as eleições na Itália, não vá o homem do circo ganhar e formar governo… Em nome da democracia e com silêncios inaceitáveis, há vitórias de grupos minúsculos, que afetam negativamente o país. Sociedade sem valores e sem princípios é uma sociedade anestesiada e sem futuro.

Moliceiros na Ria de Aveiro

Moliceiros na Ria


Mais uma fotografia achada numa gaveta. É um postal representativo de Aveiro, com pessoas que os mais velhos conheceram, direi a propósito. Com bonés a condizer e descalços. Não seria dia de trabalho, mas de festa ou de feira, acrescento eu. Mas os entendidos é que sabem disto. E dirão, por certo, alguma coisa. De moliceiros e outros barcos da ria só sei o que se via de terra. É verdade que também passeei pela laguna de bateira, de moliceiro e mercantel, mas se calhar só me faltava a gravata. Numa bateira, do tio Manuel Elviro, apanhei um susto para a vida. Fomos à marinha passar um dia de trabalho e no regresso o vento era tanto que até nem sentados estávamos bem, tal era a inclinação. O tio Manuel Elviro, ao leme, ria-se do meu susto. Os filhos já estavam habituados, mas eu era verde nestas andanças. Quem também se ria muito era o Ângelo, falecido há meses. Que Deus o tenha na felicidade que ele merece.

sábado, 9 de março de 2013

Diocese de Aveiro comprometida na oração e na partilha



“Convido-vos, amados diocesanos, 
a participardes nesta iniciativa arciprestal,
 erguendo no coração das cidades e vilas, 
por entre o bulício da pressa e a agitação da vida, 
espaços e tempos onde o silêncio nos fale de Deus 
e a oração fale de nós a Deus.

António Francisco,
Bispo de Aveiro

Os cristãos da Diocese de Aveiro foram convidados, este fim-de-semana, para um tempo de deserto e de retiro quaresmal a fim de escutar o silêncio, não de resignação mas de compromisso na acção cívica que vai levar, nestes tempos de crise económica, a uma partilha solidária com os mais pobres e carenciados.
Esta sexta e sábado, sob o slogan “O silêncio fala”, largas centenas de pessoas espalhadas pelos dez concelhos que constituem a diocese, reuniram-se em locais públicos para escutar a Palavra de Deus, para rezar, para adorar o Santíssimo Sacramento e para celebrar a Eucaristia e a Reconciliação.
A convite do bispo diocesano, que esteve durante a noite nos arciprestados de Aveiro e no de Ílhavo e durante o dia de sábado passou por outros arciprestados, crianças, adolescentes e jovens, movimentos de apostolado e grupos paroquiais foram mobilizados para acções diversificadas com o intuito de promover a escuta e a oração em tempo da Quaresma.

Caldeira do Forte da Barra


Os dias de chuva e vento também têm as suas  virtudes. Não sendo possível sair de casa, ou não sendo conveniente, que as gripes andam por aí à solta, é muito agradável remexer nas gavetas. Esta foto, sem data, aqui fica para afiar a curiosidade. Enviem palpites...

Igreja aberta ao pluralismo

Desafios para a Igreja com o novo Papa
Anselmo Borges

Anselmo Borges


A Igreja Católica leva consigo um imenso paradoxo. O sociólogo Olivier Bobineau descreveu bem a situação. "A Igreja católica é uma junção paradoxal de dois elementos opostos por natureza: uma convicção - o descentramento segundo o amor - e um chefe supremo dirigindo uma instituição hierárquica e centralizada segundo um direito unificador, o direito canónico. De um lado, a crença no invisível Deus-Amor; do outro, um aparelho político e jurídico à procura de visibilidade. O Deus do descentramento dos corações que caminha ao lado de uma máquina dogmática centralizadora. O discurso que enaltece uma alteridade gratuita coexiste com o controlo social das almas da civilização paroquial - de que a confissão é o arquétipo - colocado sob a autoridade do Papa. Numa palavra, a antropologia católica tenta associar os extremos: a graça abundante e o cálculo estratégico. Isso dá lugar tanto a São Francisco de Assis como a Torquemada."
Esta junção paradoxal é superável? Os desafios para a Igreja com o novo Papa são muitos. Ficam aí alguns, sem cuidar muito da sua ordem.

O regresso do filho pródigo


PAI SURPREENDENTE
Georgino Rocha


Cresce a murmuração a respeito dos comportamentos de Jesus por causa de acolher e comer com pecadores. São seus porta-vozes os fariseus e os escribas, conhecidos pelo zelo em relação à observância das leis. Era manifesto que ele andava com “mas companhias”, gente “fora de lei”, excluída das bênçãos de Deus, marginalizados sociais, proscritos contagiantes e amaldiçoados. De facto – informa Lucas na parábola do Pai bondoso e cheio de misericórdia -, “publicanos e pecadores aproximavam-se todos de Jesus para O ouvirem”. 
A resposta à murmuração chega em género de parábola, a mais bela do Evangelho. É tão rica que se converte em fonte de inspiração para artistas de rara qualidade. Sirva de exemplo Rembrandt, pintor flamengo do século XVII, e Nouwen, escritor jesuíta contemporâneo com o seu livro “O regresso do Filho Pródigo”. É tão rica que fica como o “retrato” mais expressivo do Pai que surpreende pelas atitudes que toma, pelos sentimentos que revela, pela determinação serena e firme que assume face aos filhos que não se relacionam nem reconhecem como irmãos. Assim, é Deus. Assim somos nós, sempre que reproduzimos este comportamento.

sexta-feira, 8 de março de 2013

Dia Internacional da Mulher

Já foste menina
Albertina Vaz



«Já foste menina de vestido cor-de-rosa e lacinhos de cetim, menina de olhar doce e embalo de boneca, menina de brincar às cozinhas e passear carrinhos, menina de correr no jardim e de sonhar flores imaginárias ou pássaros de mil cores.
Depois assomaste à janela com Gedeão e chorámos contigo em “lágrima de preta” e foste “mulher da erva” com Zeca Afonso, e mãe com Pessoa, chorando “o menino de sua mãe”. E deram-te o nome de “Rainha” de Neruda e provaste o “amor errante” de Alegre…
Depois foste mulher, mãe, escrava da vida, Luísa na “Calçada de Carriche” de Gedeão; filha chorando a mãe com Drummond de Andrade - “Sempre”; já te sentiste traída como conta Eugénio de Andrade – “Poema à Mãe”; já foste saudade com José Jorge Letria - “Quando eu for Pequeno”.
E soubeste ser “Nini dos meus quinze anos” com Paulo de Carvalho e cantaste “Os amantes com Casa” de Joaquim Pessoa e a “Ternura” de Mourão-Ferreira mais o “Porquinho da Índia” de Manuel Bandeira. Depois acabaste por ser o “Meu amor, meu amor, minha estrela da tarde” de Ary dos Santos.»

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Polo da Biblioteca de Ílhavo na Gafanha da Nazaré

A biblioteca é um espaço de cultura viva
Uma biblioteca é muito mais 
do que um sítio de prateleiras com livros 

Quem passa apressado pelo Centro Cultural da Gafanha da Nazaré (CCGN) talvez nem se aperceba das atividades que lá dentro se desenvolvem. É que o CCGN não é apenas o auditório, os espaços expositivos e a sala de conferências, mas também o Fórum da Juventude e o Polo da Biblioteca Municipal de Ílhavo (BMI), que é uma referência a nível regional, com os seus projetos direcionados para a juventude de todas as idades. 
A propósito desta realidade, ouvimos o vereador Paulo Costa, que tutela a área da cultura da Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), entre outras responsabilidades do executivo, com o objetivo de tornar mais conhecido o Polo da BMI, aliás, com um movimento significativo, destacando-se uma frequência de 350 utilizadores em média por mês, a que se somam 470 empréstimos para usufruto domiciliário de livros, CD e DVD, no mesmo período. E se há a noção de que estes valores traduzem um movimento significativo, é pertinente reconhecer que a fasquia tem de continuar a crescer, para bem da cultura, sublinhou o nosso entrevistado. 
Depois de recordar que a autarquia aposta na democratização da cultura, com a BMI a estender-se a todas as freguesias, através dos polos de leitura, Paulo Costa frisou que «Uma biblioteca é muito mais do que um sítio de prateleiras com livros», já que à sombra deles «se desenvolvem múltiplas iniciativas, seja com escolas, seja com a visita de escritores convidados, seja, ainda, com a Hora do Conto». No fundo, acrescentou que a BMI e os Polos «são espaços de cultura viva, com uma componente muito importante, que é o livro físico, à volta do qual tudo gira».

Dia Internacional da Mulher - 8 de março



Para realçar a figura feminina, socorri-me das palavras poéticas de quem soube tão bem interpretar os seus anseios, os seus devaneios e os seus sonhos de eternidade.
Convosco, o testemunho sentido de Domingos Cardoso.


Maria Donzília Almeida


Flormágoa


Peito aberto à espada desta Vida
Sofreu Florbela as mágoas com que o mundo
Quis punir tanto amor e tão profundo,
Que a ele trouxe ao ser assim nascida.


Levava em cada veia dolorida
Pedaços de um destino vagabundo
Que a si mesmo se fez um moribundo
Marcando a hora atroz da despedida.


Tão cansada dos dias de sofrer
Melhor lhe foi partir para nascer
Tão leve e livre, igual a etérea brisa.


Cada um dos seus versos é mensagem
Rasgada em sua carne, na coragem,
De quem se fez mulher e Poetisa!
 
Domingos Freire Cardoso 





quinta-feira, 7 de março de 2013

Os militares estão preocupados...


Diz a Associação Nacional de Sargentos: "Todos os cenários estão em cima da mesa, da elaboração de uma simples exposição à presença na rua". E eu acrescento: Entre um cenário e outro não estará uma revolução? Haverá razões para matar a democracia? Penso que não!

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Menos carros para os políticos

A Assembleia da República quer reduzir a frota automóvel ao serviço dos titulares de cargos políticos, de altos cargos públicos e de cargos dirigentes da administração pública "entre 33% e 50%".

Li esta boa ideia aqui 

Papa: José Manuel Fernandes prevê figura de continuidade



«Para o antigo diretor do jornal ‘Público’, entrevistado pela Agência ECCLESIA, há hoje “muito a preocupação, sobretudo fora da Igreja, mas também em alguns setores desta”, de que a hierarquia católica “esteja em sintonia” com as tendências atuais, “com tudo o que tem a ver com a doutrina moral e com os costumes”.
Em causa estão situações como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, que tem estado a ser debatido em diversos países, e que tem merecido até a desaprovação da Santa Sé.
José Manuel Fernandes não espera qualquer tipo de mudança de paradigma, com a eleição do sucessor de Bento XVI, porque no seu entendimento, “uma coisa é a Igreja compreender que a forma como as pessoas se relacionam, as famílias se constituem, outra coisa é submeter a uma moda a sua doutrina”.
“O que está no centro da doutrina da Igreja é a ideia do amor, não é a ideia da felicidade instantânea, e às vezes há confusão entre uma e outra, felicidade não é prazer imediato, isso muitas vezes cria mais desgosto, mais infelicidade, mais desestruturação em nome de valores muito fugazes”, aponta o colunista.»

Li aqui

Os hiperativos




Sinais dos tempos…
Maria Donzília Almeida

Qualquer professor depara, hoje, com muita frequência, nas nossas salas de aula, com um tipo de alunos, que os psis…rotularam de hiperativos.
São aquele tipo de criaturas que põe em polvorosa a paciência de qualquer docente, seja ele em princípio de carreira, seja ele já um professor com tarimba na profissão.
É aquele aluno que está sempre a mexer, que fala pelos cotovelos, que se mete com os colegas, enfim, que desestabiliza completamente o ambiente da sala de aula e leva o professor ao desespero.
Reportando-me aos tempos em que estive do outro lado da barricada, no remoto século XX, não tenho memória desta tipologia de alunos. Se os havia, ninguém dava por isso, ou eles sabiam,muito bem, controlar esse superavit de energia.