sábado, 14 de março de 2009

TAIZÉ: Comunhão com Deus gera a fraternidade

Diácono Joaquim Simões A ORAÇÃO NÃO TEM FRONTEIRAS
Há vivências que não posso calar. Nem sempre as publico neste meu espaço aberto ao mundo, mas delas falo aos mais próximos. Um dia destes ouvi um amigo, diácono Joaquim Simões, contar a sua experiência de uma visita recente, acompanhando alunos da escola onde é professor de Educação Moral e Religiosa Católica, a Taizé, comunidade ecuménica de espiritualidade e de procura do encontro com Deus. Também para que cada visitante se encontre consigo próprio, com os outros e com a natureza. Depois de me descrever, com riqueza de pormenores, a sobriedade do templo, com um Crucifixo e Nossa Senhora de Taizé a sobressaírem na decoração simples, de cores quentes e aconchegantes, que reflectem a humildade que ali se recria, Joaquim Simões não deixou de referir que tudo convida à meditação propiciadora da busca do transcendente. Sublinhou a simplicidade que envolve quantos ali chegam, os sorrisos de acolhimento partilhados, as refeições frugais tomadas com uma simples colher, sem garfo nem faca, a ausência de bebidas alcoólicas, dando lugar a água e chá, e o espírito de contemplação que tudo domina. “Às 8.15, 12.20 e 20.30 horas, quando o carrilhão avisa que são chegados os tempos de oração, toda a aldeia se associa ao silêncio; jovens e menos jovens aderem ao convite e o mundo fica à espera”, garantiu-me o meu amigo. Naquele espaço não há lugar para futilidades, para comodismos, para barulhos, disse. À entrada do templo, 90 por cento dos peregrinos “descalçam-se em sinal de humildade e de desprendimento; como não há bancos, sentam-se no chão; e é curioso verificar que os jovens - segundo me confirmou – até vão mais cedo para meditar, respeitando um silêncio absoluto e penetrante; alguns escrevem, decerto, sobre impressões marcantes desta experiência”, salientou. Nos três períodos de oração (cerca de cinco horas por dia), alguns alunos, que dificilmente se mantêm calados nas aulas, conseguem uma “serenidade impressionante, que cativa, que interpela”, bem ajudados pelos “belíssimos cânticos”, onde os refrãos simples e cadenciados convidam à reflexão, semeando emoções e abrindo o espírito dos peregrinos a novos horizontes de fraternidade e de paz. Vi tudo isso na expressão do rosto e das palavras do meu amigo, um dia destes, de sol brilhante, com o nosso mar por cenário. Taizé é uma pequena aldeia da Borgonha, em França. Apenas cinco famílias ali vivem e na comunidade ecuménica, fundada pelo Irmão Roger, assassinado em 16 de Agosto de 2005, enquanto rezava, por uma senhora mentalmente desequilibrada, oram e laboram Irmãos de várias confissões religiosas cristãs e de diversas nacionalidades. Levam à prática um ecumenismo exemplar, mostrando que a oração não tem fronteiras nem barreiras que impeçam a comunhão possível e necessária com todas as religiões que o cristianismo gerou, e não só.
Fernando Martins

NO CENTENÁRIO DE D. HÉLDER CÂMARA

D. Hélder Câmara
Se fosse vivo, D. Hélder Câmara, um dos profetas maiores do século XX, teria feito 100 anos no passado dia 7 de Fevereiro. Nasceu em 1909, em Fortaleza. Foi bispo auxiliar do Rio de Janeiro e arcebispo de Recife e Olinda. Morreu no dia 27 de Agosto de 1999. Conhecido no Brasil e em todo o mundo pela sua militância a favor dos direitos humanos, foi perseguido por causa da denúncia destemida da tortura e da miséria, chegando a ser acusado de comunista. Costumava dizer: "Se dou comida a um pobre, chamam-me santo; mas, se pergunto porque é pobre, chamam-me comunista." Esteve na base da fundação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da criação do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), bem como da Teologia da Libertação. Percorreu o mundo com conferências que contagiavam multidões. Queria uma Igreja pobre, ao serviço dos pobres. Ele próprio deu o exemplo: no Recife, viveu 21 anos numa casa pequena e modesta, aberta a todos. Conheci-o pessoalmente em Roma, em Outubro de 1974, por ocasião do III Sínodo dos Bispos. Foi uma conversa longa, publicada num caderno (esgotado) com o título Evangelho e Libertação Humana, donde retiro algumas declarações. A Igreja precisa de renovação constante. "Tudo o que for sobrecarga, laço, prisão, criados pelos homens, tudo o que for tabu, tudo isso pode e deve ser raspado, como quem raspa o fundo de um barco. Quando penso na Igreja, eu me lembro da barca, não apenas de Pedro, porque a barca é do Cristo. Precisamos de raspar periodicamente o limo que se vai juntando no fundo do barco e inclusive substituir de vez em quando alguma tábua que apodrece." Essa renovação embate com enormes dificuldades. "Eu cheguei como arcebispo a Recife, uma cidade do Nordeste brasileiro, uma das áreas subdesenvolvidas do país. Mesmo assim, eu recebi como casa uma casa já velha, mas enorme, com o nome de palácio. E dentro dele havia duas salas de trono: uma, mais solene, para as grandes recepções, e outra para o diário. Para receber todas as pessoas era um trono!... Pois bem! Eu levei seis meses para poder livrar-me da primeira sala e ano e meio para livrar-me da segunda!... Então, que cada um olhe em volta de si e veja como ainda está preso, por exemplo, pela sociedade de consumo. Como nós somos escravos da sociedade de consumo! Como é difícil arrancar-nos das estruturas!" Para a transformação do mundo, acreditava em minorias conscientes e críticas que, a partir da subversão e conversão interior, lutassem, mediante a não violência activa, por um mundo justo e fraterno. "Estas minorias já existem. Precisamos de unir estas minorias que desejam um mundo mais respirável, mais humano, uni-las dentro de uma mesma cidade, de uma região, de um país, de país a país, porque hoje, sobretudo com as multinacionais, com todo o complexo de poder económico, utilizando técnicas, meios de comunicação social, se infiltrando nos Governos, utilizando não raro militares, diante dessa força imensa, é impossível a um país sozinho construir uma sociedade mais humana." Estávamos longe da queda do muro de Berlim. Mas, animado pela utopia da libertação, pensava que "um socialismo humano", cujo caminho "estamos tentando descobrir", era a via para a justiça. "Eu sei que há tentativas aqui e acolá, mas ainda se não chegou a um socialismo verdadeiramente humano que, longe de esmagar a pessoa, pelo contrário, de facto nos arranque das estruturas capitalistas, da engrenagem capitalista, mas não para meter-nos em novas engrenagens". Foi um dos principais animadores do "Pacto das Catacumbas" -- assinado por 40 Padres Conciliares, pouco antes do encerramento do Concílio Vaticano II, nas catacumbas de Roma. Nele, sublinha-se a pobreza evangélica da Igreja, sem títulos honoríficos nem ostentações mundanas. Como Povo de Deus, o seu governo assenta na colegialidade e co-responsabilidade. Insiste-se na abertura ao mundo, na transformação social e no acolhimento fraterno. De certeza não teria excomungado, como fez há dias um sucessor, os responsáveis por aborto em menina de 9 anos, abusada pelo padrasto. Anselmo Borges

sexta-feira, 13 de março de 2009

Crónica de um Professor

Arbusto humanizado
...Jardinagem
A malta da jardinagem Bom trabalho anda a fazer! Em boa camaradagem Usando a compostagem, Obra digna de se ver!
Com boa orientação, Do seu activo Professor Que sem ser por profissão Desempenha esta missão:
Jardineiro amador!
Corta aqui, planta acolá, Cava, monda, reestrutura! Com enxada, foice ou pá, “Mexe-te, anda lá!” Diz o mestre, com ternura!
Com a Primavera a chegar E com ela mais calor, A temperatura a aumentar E a seiva a latejar Será uma explosão de cor!
E todos vão admirar A beleza do jardim. Na Escola até vão ficar Algum tempo a contemplar! Quando o dia chegar ao fim!
M.ª Donzília Almeida 013.03.09

quinta-feira, 12 de março de 2009

Artesanato e outras artes na Gafanha da Nazaré

Madalena Ferreira junto dos seus trabalhos
Na Gafanha da Nazaré, mais concretamente na rua Gil Vicente, Madalena Ferreira inaugurou, recentemente, uma Galeria de Artesanato, junto ao Café Calisto. Trata-se de um espaço, não muito amplo, que aposta em mostrar artistas da terra, e não só, onde é possível apreciar e adquirir trabalhos de várias técnicas e expressões, desde o artesanato à pintura a óleo, passando por escultura e arranjos florais. Madalena Ferreira, que cultiva há muito o gosto pelos "trabalhos de agulha", não se contentou em expor as suas criações artísticas, que "o artesanato também é arte", como nos sublinhou, mas abriu as portas a outros artistas, das mais diversificadas áreas. Ainda convidou instituições, para que a acompanhem neste desafio, mas até agora só o CASCI respondeu. Em resposta à nossa pergunta sobre a reacção das pessoas, garantiu-nos que tem sido a melhor possível. Pudemos confirmar isso mesmo, durante a visita que fizemos à galeria, vendo gente que chega, aprecia, pergunta e troca impressões sobre o que está exposto. Madalena Ferreira utiliza trapilho, onde o colorido de restos de tecidos, bem combinados, sobressai em sacos e outras peças de várias formas e tamanhos, com venda garantida. "Só preciso de mais tempo para mais coisas fazer, até porque já tenho uma lista de encomendas", afirmou. Como nota de realce, é preciso dizer que, neste espaço, o visitante pode dar-se conta de que na Gafanha da Nazaré há muitas pessoas vivem para a arte, nem todas suficientemente conhecidas. Apreciámos trabalhos de Xipó, Filipe Ribau, Isabel, Madalena Oliveira, José Calisto, Carlos Ferreira, Benilde Santos, Paula Ribau, Paula Cravo, Isa, Paulo Figueiras e da própria Madalena Ferreira, entre outros. Entretanto, a Galeria de Artesanato abriu inscrições para cursos, a ministrar por Paula Ribau e Carla Figueiredo, tendo por base técnicas variadas, como pintura sobre tecido e em marfinites, massa de modelar e, ainda, a técnica do guardanapo, aplicada em materiais diversos. Os cursos vão funcionar com turmas de seis alunos. FM

Cáritas: pedir para dar

Está a decorrer, até domingo, o peditório nacional organizado pela Cáritas. A receita servirá para esta organização, a vários níveis, poder ajudar quem tem mais necessidade. Importa agora que ninguém fique indiferente, na certeza de que as nossas contribuições vão direitinhas para pessoas carentes do essencial para viver. Garantiram-me, há dias, que a afluência de voluntários para este peditório não foi muito expressiva. Num país, como o nosso, cheio de reconhecidas generosidades, estranho esta indiferença. Talvez o excesso de trabalho e de preocupações tenham contribuído para isso. Mas se assim é, vamos agora responder com as nossas dádivas. Todos sabemos que a crise afecta sobretudo os desempregados e as suas famílias. E são eles que, muitas vezes de forma envergonhada, recorrem à Cáritas. Por isso, paralelamente, podemos e devemos olhar para quem vive ao nosso lado, para descobrirmos quem passa fome. Esta será uma boa forma de colaborar com quem se preocupa com a pobreza no nosso país.

IDOSOS, TEMA E REALIDADE HOJE MAIS ACTUAIS

O número de idosos aumenta na nossa sociedade e cresce a preocupação de realçar o seu valor e o seu contributo social. Chega-se mais depressa à aposentação, vive-se mais tempo, existem melhores condições para defender a saúde, multiplicam-se iniciativas estimulantes que fomentam o interesse pela aprendizagem e aumento da cultura, proporcionam-se tempos de lazer que antes eram impensáveis, conta-se com a gente mais idosa para muitas actividades de voluntariado, os avós voltaram a ocupar um lugar na família que parecia esquecido, publicam-se livros e artigos em revistas sobre eles. De figuras antes quase anónimas, os idosos passaram à ribalta das muitas atenções e preocupam-se com eles os políticos, as autarquias, as paróquias, o mundo da publicidade. Por razões diversas, é certo, mas a verdade é que se fala e se escreve sobre os idosos como nunca se havia feito. Há culturas onde os idosos são a expressão viva do património mais válido e mais significativo, os mestres por excelência, dado que, por vezes, mais se aprende com pessoas experientes e sábias, do que em livros eruditos. Há um mundo numeroso de idosos internados em lares. Embora estes tenham cada vez melhores condições para os acolher, a verdade é que escasseia, frequentemente, a presença da família e o carinho dos filhos, a que têm direito e que ninguém compensa. O ideal "Viver mais e melhor", título de um livro publicado há dois anos pela Editorial Presença, com o sub título "Uma longevidade activa na sociedade actual", ajuda a ver, a nível do corpo, do espírito e da sociedade, o caminho a seguir para que a vida dos idosos tenha mais sentido e qualidade. Muitas paróquias, que vão na vanguarda das soluções sociais, parece não terem ainda sentido a necessidade de uma pastoral concreta com os idosos e para eles, que os ajude a crescer espiritualmente, lhes dê dimensão apostólica, os integre na comunidade com a riqueza da sua experiência, a sabedoria dos anos vividos e das dificuldades superadas. Nasceu há décadas em França, e hoje está espalhado pelo mundo e que chegou já a diversas dioceses de Portugal, o "Movimento Vida Ascendente", que também se chama "Movimento Cristão de Reformados". O seu tripé é realista e aponta horizontes novos: Amizade, Espiritualidade, Apostolado. A estrutura não é complicada e adapta-se, sem dificuldade, à idade e à mentalidade dos seus membros. O realismo das comunidades cristãs não deixa que se menospreze ninguém que delas faz parte. Nem a atenção dos responsáveis lhes permite privilegiar apenas as crianças, os jovens ou os adultos, em fase de compromisso familiar ou profissional. Na Igreja, como na sociedade, os idosos são, também eles, protagonistas da sua história e da história do grupo ou da comunidade humana e cristã onde vivem e se inserem. Têm direito a serem ouvidos, a iniciativas que lhe dizem respeito, ao crescimento diário da sua vida e à participação nas actividades compatíveis da paróquia. Não escondo o incómodo ao ver nas festas de Natal e de Carnaval, os idosos como se fossem crianças, quando levados a participar, em palco, nas brincadeiras próprias do tempo. O que vestem e o modo como falam e representam não é o deles. Uma reflexão séria sobre o seu mundo e o mundo das suas possibilidades, levá-los-ia, por certo, a outros modos mais consentâneos e respeitadores de participar. O facto de haver hoje mais idosos, válidos, experientes e lúcidos, com capacidades, por todos reconhecidas, é um "sinal dos tempos" que necessita de leitura adequada e consequente. Se a Igreja acordar, ajudará outros a acordar também.
António Marcelino

quarta-feira, 11 de março de 2009

SPORTING sofre pesada derrota

Desporto: Saber ganhar e saber perder
O Sporting sofreu ontem uma pesada derrota. Foi a segunda grande derrota seguida com o mesmo clube alemão. Alguns adeptos, furiosos, protestaram veementemente contra os jogadores, equipa técnica e dirigentes. Houve insultos intoleráveis numa sociedade civilizada. Sempre aprendi que saber ganhar e saber perder faz parte das regras do jogo. Mas nem todos entendem isto. Julgo que temos de nos habituar a aceitar o jogo com todas as suas contingências. E os dirigentes, técnicos e jogadores como homens, sujeitos a errar, mas gente honesta. Dão aquilo que sabem e podem, mas não podem fazer milagres. A equipa do Sporting deu o que pôde dar. E a mais não é obrigado. Tenho visto, a nível do desporto, e não só, a "cultura" de que somos os melhores do mundo. A comunicação social não deixa de dar a sua ajuda. E depois, o povo, que vai nesta onda, acredita. Mas não somos, de facto, dos melhores. Somos bons em algumas coisas, mas também somos maus noutras. É assim em todo o mundo. As equipas portuguesas de futebol estão muito atrás das equipas espanholas, italianas, alemãs e inglesas, por exemplo. Nos campeonatos de futebol desses países, as nossas equipas, quando muito, teriam lugar numa divisão de honra, que não na Liga de topo. Os nossos clubes são o que são à medida das nossas realidades. Na passada semana foi dito que os três grandes (Sporting, Benfica e Porto) apresentaram défices astronómicos, que só as constantes negociações com empresários e a complacência dos bancos permite manterem-se vivos. Mesmo assim, há clubes que não pagam, com regularidade, aos seus técnicos, jogadores e demais funcionários. O Sporting está numa situação difícil. Muitos dos melhores jogadores deste país passaram pelo clube, mas, quando começam a dar a vistas, são comprados por quem mais lhes pode pagar. Está, por isso, a reformular a equipa, ano após ano. Isto gera uma enorme instabilidade, bem visível nas notícias que nos chegam. Não é possível fazer mais nestas condições de incerteza e de insegurança. Os bons resultados não podem nascer num clima destes. E como não podem, há que ter calma, na esperança de que o futuro próximo comece a melhorar. Mas com guerras, insultos e provocações não se vai a lugar nenhum.
Fernando Martins

A dor irmana as pessoas

Não se olha a distâncias para estar ao lado de quem sofre
A morte de uma pessoa aproxima, inevitavelmente, os familiares e amigos. Foi assim na segunda-feira, no funeral de uma amiga, a Manuela. Os familiares vieram dos EUA e os seus amigos acompanharam-na à sua última morada terrena. Quem tem fé, acredita que depois da morte física outra vida virá, no seio de Deus. Na dor, todos se sentem irmanados e não se olha a distâncias para estar ao lado de quem sofre. É um sentimento nobre e muito humano, que podemos e devemos cultivar. Nestes momentos, há sempre a possibilidade de encontrar quem já não vemos há muito. Sentimos a efemeridade da vida, ouvimos desabafos e deixamos falar as nossas emoções. Na dor, afinal, ainda nos podemos ajudar mutuamente a reencontrar amizades e a sugerir caminhos de envolvimento que compensem as horas menos boas que a solidão da reforma profissional pode trazer. O Jacinto, emigrante nos EUA e irmão da Manuela, não quis deixar de me dizer quanto aprecia, longe da Gafanha da Nazaré, as notícias desta terra que o viu nascer, através do meu blogue, que visita com frequência. Gostei de saber, de viva voz, o que por e-mail tenho recebido de tantos outros migrantes. E por isso, por cá continuarei a dar o que posso e sei. Um abraço para todos. FM

terça-feira, 10 de março de 2009

Ano Internacional da Astronomia

Galileu
COMO VAI O CÉU
Este é o Ano Internacional da Astronomia. No crepúsculo do dia 30 de Novembro de 1609, Galileu apontou pela primeira vez um telescópio (por ele próprio construído) em direcção a um objecto não terrestre: por muitas horas, sem saber bem se era um cientista meticuloso ou apenas uma criança deslumbrada, observou uma Lua crescente. A sua observação metódica permitiu-lhe descrever aquele corpo celeste de uma forma espantosamente diferente para a sua época. Os conceitos correntes eram ainda, em grande medida, os herdados da Antiguidade. A Lua era explicada como um espelho cósmico que reflectia a terra; ou como esfera de cristal luminosa; ou uma massa de fogo. Outros projectavam nela uma espécie de cópia do ambiente terrestre, com montanhas, mares, grandes planícies. Um requisito religioso dessas concepções era que, ao contrário do nosso planeta, todos os objectos do céu tinham uma natureza divina: só podiam ser, por isso, imutáveis e perfeitos. Outro ponto teológico inalienável era a centralidade da Terra no universo, consequência lógica de toda a criação dever convergir necessariamente para o Homem. As observações de Galileu vão abrir um longo e duro debate entre Fé e Ciência, transferindo para o Céu um conflito de hermenêuticas. Pena não se ter dado ouvidos, nesse tempo, à sentença prudente do Cardeal Cesar Baronius, que o próprio Galileu parafraseou: «a Bíblia mostra como se vai para o Céu, e não como vai o Céu». Essa mesma frase foi recuperada por João Paulo II, em 1981, o ano em que constituiu a comissão para rever o caso Galileu. É nessa esteira que se criou o clima que permitiu recentemente a D. Gianfranco Ravasi, Presidente do Conselho Pontifício para a Cultura, declarar: «Galileu foi o primeiro homem que olhou com um telescópio para o céu. Abriu para a humanidade um mundo até então pouco conhecido, ampliando os confins de nosso conhecimento e obrigando a reler o livro da natureza com um novo olhar. A Igreja deseja honrar a figura de Galileu, genial e inovador filho da Igreja». José Tolentino Mendonça

Taizé: Para sentir a força do nascer de novo

"Taizé é um lugar de reflexão, partilha, é sentir a força do nascer de novo. Todos os dias têm sentido para fortalecer a minha ligação com Deus e todos aqueles que dão sentido à minha vida. Acordo com o murmurar da manhã e adormeço no silêncio da noite. (...) Aqui em Taizé aprendi a dar valor às coisas simples e pequenas da vida, com muito pouco para ser feliz. O que encontrei aqui foi uma paz interior enorme, foi como se o tempo tivesse parado, passei a viver não só no meu mundo mas também no mundo do meu e do outro. O que levo? Levo uma força enorme de acreditar e querer. Posso afirmar que esta sem dúvida foi a melhor viagem da minha vida. Passo a passo acredito que irei continuar a traçar um trilho e a deixar as minhas pegadas."
Daniela Lima
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segunda-feira, 9 de março de 2009

“Andar Solidário” no Arciprestado de Ílhavo

Dando e dando-se sem esperar recompensa 



No fim-de-semana, 60 jovens do Arciprestado de Ílhavo participaram numa experiência de voluntariado social, programada com o título “Andar Solidário”. A experiência teve como painéis de fundo instituições do concelho, nomeadamente, a Obra da Criança, o CASCI e os Lares de São José, do Divino Salvador e de Nossa Senhora da Nazaré. A acção culminou na eucaristia dominical, às 11 horas, na Gafanha da Nazaré, presidida pelo Prior Francisco Melo, que coordenou o projecto. 
Para o Prior da Gafanha da Nazaré, esta iniciativa, que se inseriu no Plano Pastoral do Arciprestado de Ílhavo, onde se concretiza o Plano Diocesano, teve, como objectivo, “despertar nos cristãos o sentido da caridade e da solidariedade”. 
Este projecto envolveu 60 dos 300 jovens ligados à Pastoral Juvenil das seis paróquias do arciprestado, sendo certo que, vivências como esta, hão-de repetir-se, também noutras faixas etárias.
O Padre Francisco adiantou que o voluntariado, “dando e dando-se sem esperar recompensa”, é fundamental no mundo em que vivemos, onde “tudo se paga e tudo tem um preço”. A Sara, que cumpriu a sua tarefa no Lar Nossa Senhora da Nazaré, garantiu-nos que estava a ficar “mais informada”, acrescentando que assim se “construía como pessoa, recebendo mais do que dava”. Para a Irmã Donzília, do Lar de São José, a presença dos jovens junto dos idosos é muito gratificante. Embora neste lar haja voluntários mais velhos, a realidade é que a juventude consegue “dar outra vida” a toda a gente. “Sinto no rosto dos idosos a alegria de ver os jovens com esta boa disposição”, disse. Informou que nesta casa o aspecto da animação está assegurado por uma técnica, mas aos fins-de-semana fica tudo muito parado. Era interessante, por isso, que houvesse mais voluntários para suprir carências a este nível. “No Natal e no Carnaval, há sempre grupos que aparecem, porém, depois… durante o resto do ano, todos se esquecem…”, 
O Luís, que jogava basquetebol na Casa da Criança, considerou esta acção muito enriquecedora. Aqui, “encontramos a fragilidade da vida de muitos jovens acolhidos pela instituição; às vezes, nem nos apercebemos dos problemas por que passaram”, disse. Mas logo acrescentou que os viu felizes. Ao sublinhar a importância de sairmos dos nossos aconchegos para viver momentos como este, o Luís, questionou-se: “Nós, que temos tudo, como é que reagiríamos, se vivêssemos situações como as que alguns jovens da Casa da Criança viveram?” 

Fernando Martins

Texto publicado em 9 de março de 2009, com nova foto e ortografia atualizada. 

domingo, 8 de março de 2009

O Deus antigo e o Deus novo

"Tudo o que é grande e belo na vida exige sacrifícios. Que o digam os que se dedicam ao desporto, às artes, à investigação. A busca do prazer imediato mata o prazer diferido, aquele que vem da perfeição que se vai realizando. O amor do sacrifício é uma doença. Sacrificar-se por amor é expressão de boa saúde humana e espiritual."
Vale a pena ler a crónica de Frei Bento Domingues, aos domingos, no "Público". Pode lê-la aqui.

The White Ship

Santa Maria Manuela
O Marintimidades já publicou o documentário The White Ship, que é, de facto, um bocado de todos nós. Ana Maria Lopes diz mesmo que é uma relíquia. Também o recebi, enviado por vários amigos e leitores do meu blogue. Agradeço a gentileza e a insistência. Eles sabem que gosto destas coisas boas. Aqui fica, então, para todos.

... Todas as coisas deste mundo têm outra, por que se possam trocar

... Todas as coisas deste mundo têm outra, por que se possam trocar. O descanso pela fazenda, a fazenda pela vida, a vida pela honra, a honra pela alma; só a alma não tem por que se possa trocar. E sendo que não há no mundo coisa tão grande, por que se possa trocar a alma, não há coisa no mundo tão pequena e tão vil, por que a não troquemos e a não demos. Ouvi uma verdade de Séneca, que por ser de um gentio folgo de a repetir muitas vezes: Nihil est homini se ipso vilius: não há coisa para conosco mais vil que nós mesmos. Revolvei a vossa casa, buscai a coisa mais vil de toda ela, e achareis que é vossa própria alma. Provo. Se vos querem comprar a casa, o canavial, o escravo ou o cavalo, não lhe pondes um preço muito levantado e não o vendeis muito bem vendido? Pois se a vossa casa, e tudo o que nela tendes, o não quereis dar, senão pelo que vale, a vossa alma, que vale mais que o mundo todo, que custou tanto como o sangue de Jesus Cristo, porque a haveis de vender tão vil e tão baixamente? Padre António Vieira

Dia Internacional da Mulher

Tanto se tem escrito sobre este dia, tanto se tem discutido, que eu acho, na minha modesta opinião, que não precisamos de nenhum dia especial do calendário, para nos sentirmos MULHERES! O nosso protagonismo social, político, familiar é por demais evidente, que dispensaria a "caridade" dos homens, para que nos sintamos reconhecidas no nosso esforço, no nosso sacrifício, na nossa abnegação. Falo por mim e por tantas mulheres sem voz, que todos os dias dão à sociedade e ao mundo, a prova do seu precioso contributo, para uma vida harmoniosa, equitativa, de qualidade. Nunca me arroguei o direito de lutar pela igualdade, já que esta, a conquistar-se, seria pela participação activa nos problemas concretos e não pelo enfileirar em demonstrações mais ou menos glamourosas de espectacularidade. Igualdade? Nunca a desejei! Os homens são aquelas criaturas maravilhosas de que as mulheres tanto gostam! Para quê manifestar o contrário? Equiparação de direitos, de benefícios, de reconhecimento social e político, isso sim! Igualdade, para mim, seria monotonia! Nunca pretendi ser igual aos homens! Na diversidade e na diferença é que está a riqueza, a harmonia! É muito mais interessante o convívio entre seres diferentes, com a s suas especificidades, do que tudo igualzinho, como algumas feministas apregoam. Reportando-me aos meus tempos de estudante, na Lusa Atenas, em que completava a minha formação académica, evoco aquela socióloga americana, de seu nome Ângela Gillian, (a minha memória ainda não foi para a reciclagem!). Comemorava-se, nesse ano da Graça de 1977, de forma ruidosa, o Bicentennial americano, com pompa e circunstância, como é próprio da sociedade americana. Era uma jovem nação, com apenas dois séculos de história, comparada com a longevidade dos nossos oito séculos, mas que já se tinha imposto ao mundo. A minha atracção por esta sociedade fez-me optar por uma licenciatura, na vertente Norte-Americana, quiçá por algum mecanismo secreto de gratidão a alguém! Recordo a forma inflamada, como a Professor nos falava dos movimentos sociais dos Estados Unidos, aquele melting pot, tão instável quanto fomentador de rebelião social! E... no meio da exposição dos assuntos da cadeira "História das Ideias e da cultura na América", tomámos conhecimento, entre outras coisas, dos movimentos de luta pela igualdade das mulheres na sociedade americana. E eu... que não quero a igualdade!!! Foram tão longe nos seus objectivos igualitários, que não sei se a sério se a brincar, nos foi transmitido o seu propósito de mudar o nome à História! Dito em Língua Inglesa, tem realmente efeitos "especiais"! As mulheres americanas pretenderam que a History, se passasse a chamar Herstory! Só para finalizar, e porque a referida Professor era mulata, deve estar a regozijar-se com a eleição deste jovem e "colorido" presidente afro-americano, de seu nome Barak Obama! Devo dizer que também nutro grande simpatia por ele... apesar de ser homem, de cor, mais tudo o resto que as feministas querem "abater"!!!
M.ª Donzília Almeida
06.03.09