quarta-feira, 4 de março de 2009

Crónica de um Professor...

A joaninha...
Com os primeiros laivos da Primavera a fazerem-se .sentir, começa a temperatura a subir... não só, no clima, mas sobretudo nos corpos e nas mentes dos nossos alunos. No primeiro aspecto, é vê-los em grande cumplicidade física... pelos cantos e esquinas, numa postura que em Química se denominaria por “transferência de calor”! Por osmose... ou interpenetração directa? E, tão compenetrados ficam na execução do processo químico, que nem dão pela aproximação dos colegas ou de algum professor que exerce a sua função de moderador! Mas, sendo a natureza espontânea e pujante... nesta Primavera incipiente... de que adianta refrear aquilo que tem tanta força a fermentar dentro das veias? Foi num contexto destes que a teacher deparou com a sua sala de aula trancada, com um punhado de alunos lá dentro. Preparava-se para uma cena de “faca e alguidar” (!?), quando de súbito, a porta se abre e de lá de dentro surge o aluno mais polémico da turma! Aquele que parece mais vocacionado para a arte dramática, actor/entertainer, liderava o movimento de recepção à teacher! – Temos uma surpresa para si! Já se revolvia mentalmente, num afã, no sentido de vislumbrar qual seria o teor daquela surpresa! Entrou! Qual não foi o seu espanto, quando dentro da sala, reparou no quadro de ardósia, na sua mesa de trabalho, outrora uma secretária, agora, sem qualquer especificação para a função desempenhada! Por todo o lado abundavam imagens coladas de joaninhas, ladybirds, com a palavra escrita em grandes caracteres, de duas cores. Como tinham descoberto aqueles alunos que a teacher era uma aficionada de joaninhas, borboletas e outros insectos esvoaçantes? Certamente fora traída pelo seu discurso pedagógico que alguma vez deve ter aludido ao seu nick, Ladybird! De facto, era de forma empolgada que a teacher deixava transparecer a sua sensibilidade estética perante manifestações do Criador, nomeadamente no que concerne àqueles insectos de tão minuciosa beleza. Sempre que observava uma no seu jardim, a teacher ficava a contemplá-la demoradamente... Com que número de pincel (!?) conseguira o Criador fazer aquelas pintinhas tão redondinhas? Era a admiração do belo... o êxtase perante um raro espectáculo da natureza! Os alunos tinham-lhe apanhado o fraco e quiseram, nesse final da manhã de um dia hipocritamente primaveril, dar um ar da sua graça e também da sua candura, da sua condição de crianças... na acepção de Fernando Pessoa, "O melhor do mundo são as crianças”! Mas... parafraseando Andrew Mattews, “Life is not perfect!”, daqueles alunos que não foram admitidos no grupo da manifestação e por que também nutrem afecto pela teacher, saiu um que estragou o ramalhete com a vingançazinha a falar mais alto. – Ali dentro, está alguém que lhe anda a fazer patifarias, pela surdina! Era o ciúme de quem se viu preterido numa demonstração que também o deveria envolver! E... da euforia inicial, passou a teacher para a melancolia... ao pensar que, por detrás daquele ar angelical, pode estar algo de menos puro, de perverso, quiçá alimentado por alguma força exterior! A vida é uma caixinha de surpresas... a dum Professor... um contentor sem fim!
Mª Donzília Almeida 27.02.09

Aveirenses Ilustres: Jaime da Magalhães Lima

EXEMPLO DE VIRTUDES CÍVICAS E MORAIS
Amanhã, 5 de Março, no Museu da Cidade, pelas 18.30 horas, vai ser homenageado o ilustre aveirense Jaime de Magalhães Lima. Será orador Manuel Carvalho. A entrada é livre. Conforme recorda Mons. João Gaspar, no seu mais recente livro, AVEIRO – Recordando Efemérides, Jaime de Magalhães Lima foi lembrado pela cidade, com um monumento, no parque Infante D. Pedro, em 24 de Fevereiro de 1957, cujo autor foi David Cristo. Nesse monumento, pode ler-se “Ínclito aveirense, pensador, poeta, ensaísta, crítico, exemplo de virtudes cívicas e morais”.

AVEIRO ANTIGO em fotografias

De 7 de Março a 5 de Abril

Aspecto da Ponte Praça, que foi inaugurada em 25-5-1952

Exposição na Galeria dos Paços do Concelho

No âmbito das Comemorações Aveiro2009, a Exposição de Fotografia Aveiro Antigo é constituída por 23 fotografias de Aveiro nos séculos XIX e XX, todas pertencentes ao espólio do Município de Aveiro. A Exposição poderá ser visitada de terça a domingo, das 14 às 19 horas, na Galeria dos Paços do Concelho. Tem entrada livre. Fonte: "Site" da CMA

terça-feira, 3 de março de 2009

TINHA SIDO O GALÃ DA ALDEIA

Na sua juventude tinha sido o galã da aldeia. Vestia bem e apresentava-se com dignidade. Bem falante e de boa figura, era alvo das atenções onde quer que estivesse. Tinha o seu emprego estável e era competente. Depois, de um dia para o outro, por razões que desconhecemos, começou a beber e a desleixar-se. A partir daí foi o fim. Qual farrapo humano, deambula por aqui e por ali, de taberna em taberna. À noite recolhe-se à sua barraca. Os primeiros amigos, os da juventude, esqueceram-no ou ignoraram-no. Os amigos de hoje, se os tem, vivem, na sua maioria, os mesmos objectivos, sempre alimentados estes pelo copo de tinto ou branco, conforme as circunstâncias. Os outros amigos, os que não bebem, bem tentam recuperá-lo e ajudá-lo, mas pouco têm conseguido. A queda na escala social e a degradação provocada pelo álcool aniquilaram o indivíduo. O farrapo humano, completamente desligado e desinteressado da vida, continua, apesar de tudo, um ser humano com corpo e alma. Continua nosso irmão. Vamos mesmo tratá-lo como tal?
Fernando Martins
Publicado no TIMONEIRO, Fevereiro de 1990
NB: Revisitei números antigos do TIMONEIRO e neles encontrei textos que se tinham varrido da minha memória. Alguns, por um ou outro motivo, aqui serão publicados. Talvez pela sua flagrante actualidade.
FM

ÍLHAVO: I Seminário Náutico do Município

Vai realizar-se o I Seminário Náutico do Município de Ílhavo, no dia 13 de Março 2009, numa perspectiva de partilhar as primeiras actividades deste novo Fórum, conhecer programas desenvolvidos pelas Federações de Canoagem, Natação e Vela, assim como experiências de associações náuticas da Galiza, usando o espaço único do Museu Marítimo de Ílhavo. Esta realização é um contributo para a dinamização das actividades náuticas, elemento de valorização de Ílhavo, da Região de Aveiro e de Portugal.

Há quanto tempo não se confessa?

"É a segunda vez que me encontro com este monge beneditino de Munsterschwarzach, chamado Anselm Grun. A primeira foi num desconcertante livro sobre Deus e o sofrimento, com uma luta leal entre os dramas humanos e a sábia providência de Deus. Desta vez, na livraria, olhei primeiro o título, e quase no fim da introdução voltei à capa e reparei que o autor não me era estranho. Tem a ver com o sacramento da penitência e com todas as lutas que travamos connosco próprios para a nossa reconciliação interior, o diálogo sobre a nossa condição de pecadores, a Igreja como lugar de reflexo do nosso arrependimento e do reconfortante perdão de Deus. Sabendo nós que podemos voltar a pecar e que mesmo assim não estamos abandonados nem por um momento à nossa solidão ou desesperança."
António Rego
Leia mais aqui

segunda-feira, 2 de março de 2009

HÁ MAIS CATÓLICOS NO MUNDO

Segundo informações do Vaticano, o número de católicos no mundo aumentou, em particular em África e Oceânia, mas diminuiu na América. Isto mesmo diz o Anuário Pontifício de 2009. Os dados referem-se a 2007 e tèm por base mais de 2900 circunscrições eclesiásticas. De acordo com o documento, o número de padres também aumentou, sendo agora superior a 408 mil.

ÍLHAVO: VI Concurso de Fotografia

“Olhos sobre o Mar”
A Câmara Municipal de Ílhavo aprovou hoje as normas do VI Concurso de Fotografia “Olhos sobre o Mar”. Este concurso conta com o apoio do Centro Português de Fotografia/Ministério da Cultura, da revista FotoDigital e do Diário de Aveiro. Será de âmbito nacional, nas categorias cor e preto e branco, e decorre até 15 de Junho de 2009. Atendendo ao facto de ter sido fundado, recentemente, o Fórum Náutico no nosso Município, foi excepcionalmente criada, neste concurso, uma Secção Especial, denominada “Desporto no Fórum Náutico do Município de Ílhavo”, à qual cada fotógrafo poderá concorrer com uma fotografia em cada uma das categorias (cor e preto e branco), que retrate a temática. A entrega dos prémios acontecerá em Agosto, mês em que os 50 melhores trabalhos irão ficar expostos na Sala de Exposições Temporárias (Porão de Salgado), do Navio-Museu Santo André. Para mais informações, visitar http://www.cm-ilhavo.pt/, passar pela Câmara Municipal, contactar pelo telefone 234 329 602 ou por e-mail geral@ilhavo.pt.

GAFANHA DA NAZARÉ: Delimitações

Sobre as delimitações da freguesia da Gafanha da Nazaré, aqui publico a acta que regista o facto, em 1911. Lembro que a freguesia foi criada em 1910.

“A Barra e os Portos da Ria de Aveiro” em Madrid

DE 4 DE MARÇO A 12 DE ABRIL
ANA PAULA VITORINO VAI PRESIDIR À INAUGURAÇÃO
A secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, vai presidir, esta quarta-feira, 4 de Março, em Madrid, à inauguração da exposição “A Barra e os Portos da Ria de Aveiro 1808 – 1932, no Arquivo Histórico da Administração do Porto de Aveiro”. A inauguração está prevista para as 18 horas, na sala de exposições da Arquería de Nuevos Ministerios, Paseo de la Castellana. A presença da exposição em Madrid acontece sob o Alto Patrocínio do Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações (Portugal), e do Ministerio de Fomento (Espanha), sendo organizada pela Administração do Porto de Aveiro (APA, S.A.) e por Puertos del Estado. De registar o apoio da Câmara Municipal de Aveiro. Patente até 12 de Abril de 2009, a exposição, comissariada por João Carlos Garcia e Inês Amorim (ambos professores da Faculdade de Letras do Porto), cumpre em Madrid a quinta etapa de um circuito de itinerância pela Península Ibérica. A exposição é composta por quatro núcleos: - “I – A RIA DE AVEIRO”; “II – A BARRA DE AVEIRO”; “III – A NAVEGABILIDADE DA RIA DE AVEIRO”; “IV – AS MARINHAS DE SAL DA RIA DE AVEIRO”.
Fonte: Newsletter do Porto de Aveiro

domingo, 1 de março de 2009

SINAL +

A Igreja Católica não precisa de lições de solidariedade social
Centro de Dia (foto do meu arquivo) AS CONFISSÕES RELIGIOSAS TÊM O DIREITO
DE DEFENDER OS SEUS PRINCÍPIOS
A propósito das declarações recentes da hierarquia da Igreja Católica sobre o casamento de mulheres cristãs com muçulmanos e sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, ouvi acusações sem nexo. Que a Igreja não tinha nada que se meter nestes assuntos e que devia, isso sim, preocupar-se com a pobreza, com as injustiças sociais, com os marginalizados. Enfim, a Igreja devia fechar-se nos templos, ficar por lá a rezar, preocupando-se com o espiritual e deixar o resto para os políticos. Claro que esta posição de algumas cabecinhas pensadoras reflectem bem o seu gosto preferencial pelas sociedades de pensamento único, esquecendo-se que, numa democracia, todos, mas mesmo todos, têm o direito e a obrigação de expor e defender as suas opiniões e as suas convicções. Sem querer avançar com temas polémicos, que existem em todas as sociedades livres, permitam-me que lembre apenas que a Igreja Católica, como outras Igrejas cristãs e não cristãs, não precisa que lhe recordem as suas obrigações sociais, traduzidas, no nosso país e pelo mundo, através das mais diversificados respostas, muito concretas, em favor de quem sofre e de quem precisa. Basta olhar para o lado, com olhos de ver.
FM

Mais um livro de Mons. João Gaspar

Aveiro2009 – Recordando Efemérides

Mons. João Gaspar



“Quando penso na história milenar de Aveiro e da sua região, logo assoma em mim a rara sensação de uma estranha e única composição de terra, de água, de sol, de ar e de luz, que, no rodar da existência, é difícil encontrar em qualquer outra parte. As vagas do Atlântico, as ondinas da ria, as velas dos barcos, as proas dos moliceiros, o remanso do Vouga, a beleza dos horizontes, a pujança dos campos, o verde das florestas, o contorno das serranias, a diversidade das povoações, o primor dos edifícios, o sinuoso das ruas, a singularidade dos costumes, a característica do folclore, a animação das festas, a galhardia dos cortejos, o sentimento das devoções, a originalidade das maneiras, a esperança das famílias, a traquinice das crianças, o entusiasmo dos jovens, a faina dos marnotos, a labuta dos agricultores, a canseira dos trabalhadores, a preocupação dos empresários, o talento dos letrados, a formosura das mulheres, o altruísmo dos voluntários, a coragem dos mártires, a vida das terras, a graça das gentes…”

 In NA MEMÓRIA, do livro de Mons. João Gonçalves Gaspar

Ontem tive o privilégio de assistir ao lançamento do mais recente livro de Mons. João Gonçalves Gaspar – Aveiro2009 – Recordando Efemérides –, no Museu da Cidade. Apresentou a obra Delfim Bismark Ferreira. Teceu naturais e justos elogios ao autor, que já publicou mais de 30 títulos, a maioria dos quais à volta de Aveiro e sua região, mas também sobre vultos da história local. 
Mons. João Gaspar pensou este trabalho há uns três meses. Pegando na ideia, buscou na história e na memória o que de relevante aconteceu em cada mês, de muitos anos “redondos”. Começou, obviamente, pela data mais antiga – 12 de Junho de 922 – que se refere provavelmente a Aveiro. Diz assim: “D. Ordonho II, rei da Galiza e de Leão, assinou uma importante doação em favor do Mosteiro de Crestuma, onde se menciona o PORTU DE ALIOVIRIO; se este topónimo corresponder a uma anotação alterada de ‘Alavário’, temos aqui a primeira referência histórica a Aveiro.” 
Fiquemos então com esta data que assinala o primeiro “baptismo” de Aveiro. Mas o livro tem muitas outras curiosidades que nos levam a visitas bem guiadas, através dos séculos e até quase aos nossos dias, pela vida da terra aveirense e das suas gentes. Esta obra, com edição de excelente papel e profusamente ilustrada, insere-se perfeitamente nas celebrações dos 250 anos da elevação de Aveiro a cidade. 
Com capa de Hugo Rios, a partir de desenho de Sara Bandarra, e composição de José Luís Santos, este livro é um regalo para os olhos e para o espírito de quem sente o património histórico como parte integrante do seu próprio ser. 
Mons. João Gaspar, provavelmente o mais prolífero historiador aveirense, não se poupa e esforços para nos ofertar, com alguma frequência, lampejos da sua sensibilidade e do seu labor, carregados de aveirismo, onde o eixense, que ele é também, mergulhou há muito, com assinalada paixão. Deste trabalho haverei de falar e de escrever algumas vezes, ao sabor das efemérides que o autor tão bem soube registar em letra de forma, com belas e oportunas fotografias. 

Fernando Martins

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 120

BACALHAU EM DATAS – 10
ERA PRÓSPERA A PESCA NO REINADO DE D. SEBASTIÃO
Caríssimo/a:
1570 - «Por razões que se relacionam mais com o estado da barra,”não foi longa esta afluência de navios estrangeiros ao porto de Aveiro. [...] O entupimento da barra – afirma Marques Gomes – que começou em 1570, paralisou quase por completo o comércio marítimo.» [Oc45, 78] 
1571 -Nov 03 - «Também era próspera a pesca do bacalhau naquele reinado [D. Sebastião], determinando-se em 3 de Novembro de 1571 que a flotilha de Aveiro seguisse com a de Viana para os Bancos.» [MG, 170] «A lei de 3 de Novembro de 1571, § 23, faz referência à necessidade de os barcos se armarem e pelejarem, juntos, contra inimigos. “As naus que forem da Vila de Aveiro e Viana e de qualquer outra parte dos meus Reinos e Senhorios à pescaria do bacalhau, irão armadas e elegerão, entre si ao tempo em que partirem Capitão-mor, tudo conforme este regulamento [...]”.» [Oc45, 78] «No reinado de D. Sebastião, esta actividade continuava a desenvolver-se. Foi então publicado o “Regimento para as frotas da pesca do bacalhau”, pelo qual estas eram reorganizadas sob um mesmo comando». [HPB, 22] «Dos portos do Minho, Douro e da barra de Aveiro, saíam regularmente frotas que tiveram dos reis D. João III e D. Sebastião regimentos para seu governo.» [ in Dicionário de História de Portugal, dirigido por Joel Serrão, Iniciativas Editoriais, 1979, Volume I, pág. 268] 
1572 - «Secou-se e beneficiou-se bacalhau entrado na barra da vila de Aveiro, cf. Documento existente no Arquivo Municipal de Aveiro.» [MG,341] «Quanto à seca de bacalhau, Mosés Amzalak cita um documento existente no Arquivo Municipal de Aveiro, onde se refere à existência desta actividade no porto de Aveiro em 1572. Ainda sobre este período do século XVI, escreve Francisco Salles Lencastre que o produto da pescaria do bacalhau opulentou várias terras de Portugal, principalmente Viana na Foz do Lima e Aveiro.» [HPB, 21] 
1576 - «Havia na Terra Nova pescando bacalhau, 50 navios portugueses, 30 ingleses e 100 espanhóis.» [HPB, 22] 
1578 - «Segundo um mercador de Bristol, Anthony Parkhurst, “havia na Terra Nova mais de 100 velas espanholas pescando bacalhau, 50 velas portuguesas e 150 francesas e bretãs e 50 inglesas”.» [HPB, 21] A História reserva-nos muitas surpresas, habituados como estamos a sombras, sonhos, ... fantasmas, leituras rápidas, pouca reflexão/investigação... D. Sebastião [1554-1578, em 1568 assume o trono aos 14 anos], Alcácer Quibir, Sebastianismo... Quem de nós, ao falar no rei D. Sebastião, pensaria em ... pesca de bacalhau!?... Ainda mais: estando nós no início da Quaresma, imaginaremos a importância e influência da religião sobre a pesca do bacalhau? Pois vejamos: 
«Cedo o bacalhau salgado e seco se torna um alimento importante em Portugal. Dos portos do Norte do País e de Lisboa saem expedições anuais que trazem o peixe, cujo consumo se populariza. A obrigatoriedade religiosa de abstinência de carne nos dias magros decretados pela Igreja forçava a explorar aqueles recursos imensos.» [Oc45, 5] «A necessidade era imperiosa, já que a pesca era o alimento básico dos europeus dos séculos XV e XVI, para além do preceito religioso que impedia os cristãos de ingerir carne durante mais de metade dos dias do ano.» [Oc45, 24] 

 Manuel

DEIXA-TE TENTAR

“Deixa-te tentar” pelo desafio do caminho a percorrer, se queres chegar à meta; pela luta a travar, se pretendes alcançar vitória; pela fidelidade diária, se desejas saborear a felicidade; pelo esforço constante, se sonhas ter o êxito ansiado. Deixa-te tentar, sente o estímulo que te desperta energias e avança sem cedências nem mistificações. Deixa-te tentar pelo apelo da consciência, se aprecias a paz interior e valoras a rectidão do proceder; pelos segredos do coração, se cultivas o encanto da surpresa e estás aberto à novidade que humaniza; pela força da emotividade racional, se desejas avivar o humano que há em ti e viver em harmonia e liberdade. Deixa-te tentar, aprecia a verdade que liberta e o caminho que conduz à vida. Sem vacilações, animado pela esperança, valorizando sempre os passos dados. Deixa-te tentar pela presença amiga dos outros, se acreditas na força da solidariedade e na mais valia da reciprocidade; pela cooperação sustentável e pelas exigências da subsidiariedade, se queres “fazer um mergulho” em profundidade e desvelar o que existe de melhor na tua interioridade; pelo bem comum de todos, vencendo egoísmos talvez justificáveis, se aspiras a ter um coração à medida do universo e a ser amigo do mundo que Deus cuida com amor de serviço. Deixa-te tentar, dá espaço a um novo olhar, lança lufadas de ar fresco na monotonia bafienta das rotinas e abre horizontes à estreiteza do êxito fácil e imediato. Define-te pela afirmação, pelo sim generoso, pela entrega solícita, pelo serviço voluntário e solidário. Deixa-te tentar pela probabilidade consistente, para não dizer pela certeza absoluta, de que Deus cuida de nós com amor p/materno e está pronto a colaborar connosco para que se vençam todas as crises que desumanizam as pessoas e vitimam inocentes de todas as categorias, destroem espécies únicas da fauna e da flora indispensáveis ao equilíbrio do cosmos, poluem o planeta terra arruinando o jardim-casa de cada ser humano e de toda a humanidade. Deixa-te tentar, se pretendes sinceramente que o teu “eu” aflore com autenticidade e o teu agir seja coerente e sincero. Ceder a tão entusiasmante e oportuna tentação é atitude positiva, sinal de clarividência constante, caminho viável e seguro de realização, penhor antecipado de bênção feliz. Facilita o auto-conhecimento, fideliza a autenticidade, reforça a relação solidária e alicerça no presente as pontes do futuro.
Georgino Rocha

sábado, 28 de fevereiro de 2009

Os nossos emigrantes

Tito Estanqueiro na primeira pessoa

O brasileiro é alegre e muito dado a festas


Quando cheguei ao Brasil, em 1981, tinha apenas 15 anos. Vivia o fervor da adolescência e a vontade de trilhar um caminho diferente, pois sentia que em Portugal as possibilidades não seriam muito grandes. Recebeu-me meu saudoso pai, Manuel Teixeira Estanqueiro, mais conhecido por Manuel Rito, com todo o carinho de quem muito queria a minha presença por perto.

 Manaus foi a cidade que me acolheu nos primeiros tempos. Era uma cidade de ruas largas, praças grandes, mas pouco cuidadas, e o Teatro Amazonas, fruto do período áureo do ciclo da borracha, sobressaía pela sua imponência. Tudo muito diferente da região de Aveiro.
Verifiquei de imediato que o brasileiro é alegre, muito dado a festas para comemorar tudo, com o churrasquinho no final do expediente ou a propósito de um simples jogo particular da selecção brasileira, que faz parar o país. Imaginem como é quando se trata de competição oficial para a Copa do Mundo.
As saudades não faltaram e subsistem, mas a forma como o brasileiro tudo faz para que qualquer um, que aqui chega, se sinta em casa, foi e é a tónica dominante que me fez ficar por cá até hoje.
Senti saudades da minha mãe e irmã, tal como de outros familiares e amigos. As telecomunicações não eram tão desenvolvidas como hoje. Lembro-me de ter ligado para saber o resultado final de um jogo do nosso Sporting, com que dificuldades! Tudo isto me alimentava o sonho de um dia regressar a Portugal, para estar mais perto da família e para desfrutar das coisas boas em que o nosso país é pródigo. Naquela altura, as saudades de Portugal eram de certa maneira “combatidas” com a Emissora Nacional, mesmo que as ondas curtas não permitissem escutar, com precisão, as informações e a música portuguesa.
Falando do “Funchal”, recordo que o meu pai, piloto aviador comercial, não deixava de fazer um voo rasante sobre o paquete, quando ele navegava entre Santarém e Manaus, caso passasse próximo. Desde que cheguei, convivi com jovens da minha idade, embora houvesse uma enorme diferença no relacionamento. O jovem brasileiro era mais ousado... e as meninas muito atrevidas. Entrei na escola técnica para frequentar o segundo grau (que dá acesso ao ensino superior), que não completei. Aí vi que não havia respeito para com os professores, como era habitual em Portugal. Mas nas áreas do conhecimento, não havia grandes diferenças. Com o falecimento do meu pai, num acidente de aviação, em Junho de 1982, só mais tarde, como autodidacta, me preparei e fiz os exames do segundo grau.
Perder o pai é sempre um trauma, mas a vida ensinou-me que temos de estar preparados para tudo. Talvez isso explique uma das grandes verdades que o brasileiro diz: “para que você ouse o máximo no seu dia-a-dia, viva hoje como se fosse o seu último dia, pois um dia você acerta.” Depois, em 1984, tirei o brevet de piloto comercial e comecei a voar para os locais mais distantes da Amazónia, onde o acesso só era possível por navegação fluvial ou aérea. Mesmo aí, o brasileiro acolhia os forasteiros, oferecendo-lhes o que de melhor havia na cidade.
O povo impressionou-me pela sua forma de encarar a vida, de viver o Carnaval, de opinar sobre tudo o que no dia-a-dia o afecta. Posso dizer que, pese embora as dificuldades, que são enormes, pelas disparidades regionais, é um povo muito empreendedor. Após a incursão pela aviação, mudei-me para Campo Grande, capital do Mato Grosso do Sul, Estado que tem a maior parte do bioma Pantanal. Ingressei na Universidade Pública e completei a licenciatura de Ciências Económicas, com a qual voltei ao mercado de trabalho. Mais tarde, surgiu a possibilidade de tirar o mestrado em Ciências Económicas e lá consegui essa meta com algum brilhantismo. Foram tempos divididos entre Campo Grande e São Paulo. Esta última cidade é, sem dúvida, única; não falta nada, tem tudo o que se pode imaginar. Se visitar não deixe de conhecer o Mercado Municipal e o Museu da Língua Portuguesa. Vale a pena. Permitam-me que evoque um grande amigo, já falecido, António M. Cravo Cascais, com quem privei imensos momentos e de quem lembro a sua inegável dedicação e preocupação, após o falecimento do meu pai. Estou-lhe muito grato.
Depois de uma tentativa falhada de regressar de vez à Gafanha da Nazaré, com a Débora, pensei que talvez tenha errado em ter emigrado, mas, como diz a Ti Vitória, minha avó, agora “não adianta chorar pelo leite derramado”.
A minha vida, presentemente, está assente no Brasil. Em 2006, fruto das amizades realizadas e da competência que me é reconhecida, passei a desempenhar funções de director técnico da SEBRAE/MS, no Mato Grosso do Sul, uma instituição que apoia as micro e pequenas empresa. Assim, passei a ter a nossa Gafanha da Nazaré apenas como local das minhas férias, até porque empreendi novos desafios que vieram com a chegada do João Vítor, primeiro filho, e das novas responsabilidades assumidas.


Oásis de progresso

Quando havia a oportunidade, lá dava eu um pulo a Portugal para rever família e amigos. O período mais difícil foi entre 1982 a 1985, quando passei quase mil dias longe do que eu mais considero. Esse interregno ensinou-me que o dinheiro vale para ser usado em vida. De nada adiantaria eu fazer o habitual que os portugueses fazem: montar uma padaria, passar 20 anos sem ir a Portugal e depois regressar com alguma pompa. Quantas histórias parecidas escutei!
Desde 1985, quase todos os anos visito os parentes e amigos, como diria o meu bisavô, Ti Sarabando. Já são mais de 25 viagens que muito contribuíram para estar na nossa Gafanha.
As visitas são corridas, falta tempo para estar com todos, para partilhar horas de convívio, mas não deixo de ouvir quem me conta como tem evoluído a nossa terra. Sou um defensor do desenvolvimento económico, mas digo que faltou, durante imenso tempo, visão a alguns líderes políticos para reclamarem a expansão do Porto de Aveiro. Perdemos a chance de ter um desenvolvimento sustentável para as nossas gentes, implementando uma marina e a respectiva envolvente, que geraria mais emprego e poderia permitir uma outra dinâmica, colocando esse ponto ocidental da costa atlântica como oásis do progresso. Mas os novos Portos de Aveiro aí estão a preparar-se, certamente, para assumir um grande futuro, embora por vezes algumas obras portuárias descaracterizem o bucolismo da sempre acolhedora terra dos nossos pais e avós. ~

Texto elaborado a partir de uma entrevista, via e-mail, com o Tito Estanqueiro, economista, emigrante no Brasil, mas com as marcas das saudades da nossa terra e das nossas gentes bem presentes.

Fernando Martins

AUTOCARROS ATEUS E CRISTÃOS

O slogan "Deus provavelmente não existe. Deixe, pois, de se preocupar e goze a vida", que tinha começado por percorrer Londres, chegou à Espanha, nomeadamente a Barcelona e a Madrid, devendo alcançar outras cidades espanholas.
Como já aqui escrevi, trata-se, antes de mais, de um acto de liberdade de expressão. No quadro do respeito pela lei, todos têm direito a manifestar as suas opiniões e crenças. Este direito é, evidentemente, extensivo aos ateus.
Depois, é interessante que no "cartaz" se leia: "provavelmente". Não se diz que não há Deus, diz--se que "provavelmente" não há. Isto significa que os autores dos cartazes perceberam que não podem demonstrar a não existência de Deus. A afirmação da existência de Deus ou da sua não existência não é objecto de ciência, pois não pode haver verificação empírica. O ateu não pode dizer que "sabe" que não há Deus; ele apenas pode dizer que "crê" que não há Deus. Como o crente também não "sabe" que Deus existe; ele "crê" que Deus existe.
E entende-se todo este movimento ateu, que deve obrigar os crentes a pensar. Não foram frequentemente os crentes que deram uma imagem de Deus que obrigava ao ateísmo? Não se deve ser ateu face a um Deus mesquinho e ridículo - pense-se, por exemplo, no criacionismo americano, segundo o qual os primeiros capítulos do Génesis devem ser tomados à letra -, invejoso da alegria dos humanos e impedindo a sua realização e felicidade?
É precisamente o que se dá a entender na segunda parte do slogan: "Deixe de se preocupar e goze a vida." Deus aparece como impedindo a alegria de viver, de tal modo que a probabilidade da sua não existência seria o pressuposto para finalmente se viver de modo expansivamente humano.
Isso deve levar os crentes a reflectir, pois, embora seja fonte de vida, de salvação e realização plena da existência, de facto, muitas vezes foi pregado um Deus que amesquinha a vida, um Deus incompatível com a ciência, um Deus vingativo - ele até apanharia os ateus no inferno... -, um Deus desgraçadamente invocado para legitimar o que é contra Deus: a violência, o terrorismo, a guerra.
Mas também é preciso perguntar aos autores dos cartazes: que entendem por "deixe de preocupar-se e goze a vida"? Seja como for, crentes e não crentes têm de viver com responsabilidade e empenhar-se na luta por uma vida boa e justa para todos.
O lema do cartaz programado para a Itália pela União de Ateus e Agnósticos Racionalistas seria: "A má notícia é que Deus não existe. A boa é que não é preciso."Parece que foi impedido pelas autoridades. Lamentavelmente, pois esta publicidade dos autocarros ateus obriga toda a gente a pensar e é bom e urgente pensar no mais importante. O pior é não pensar, não se interrogar. A pergunta por Deus, seja para afirmá-lo seja para negá-lo, é a pergunta maior e é mesmo o fundamento da dignidade humana. O ser humano é digno, porque pode perguntar pelo Infinito.
Mas, afinal, Deus não é preciso? Também o crente reconhece que Deus não pode ser um tapa-buracos, a compensação para a nossa ignorância e impotência, a legitimação ideológica da ordem social e política ou a chave de abóbada de um sistema.
De qualquer modo, Deus tem a ver com o sentido último e a salvação. Foi talvez neste quadro que Nietzsche, sete anos antes de enlouquecer, escreveu a Ida, mulher do amigo F. Overbeck, pedindo-lhe que não abandonasse a ideia de Deus: "Eu abandonei-a, não posso nem quero voltar atrás, desmorono-me continuamente, mas isso não me importa." Como escreveu Wittgenstein, "crer num Deus quer dizer compreender a questão do sentido da vida, ver que os factos do mundo não são, portanto, tudo. Crer em Deus quer dizer que a vida tem um sentido".
Nas ruas de Madrid, compareceram também autocarros cristãos: "Deus existe. Desfruta a vida em Cristo." Claro que há esse direito. Mas seria lamentável uma "guerra" de cartazes. Os crentes devem sobretudo testemunhar Deus pela vida, pela combate a favor da justiça, pelo amor. E é também fundamental uma pastoral da inteligência, no diálogo entre a fé e a razão.
Anselmo Borges
In DN

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Aveiro: Concurso para valorizar o património

"TRABALHOS ESCOLARES"
Promovido pela Câmara Municipal de Aveiro e pela ADERAV (Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e Cultural da Região de Aveiro), está a decorrer o concurso "Trabalhos Escolares", com o objectivo de fomentar a envolvência das crianças e dos jovens nas questões da valorização do património e da história da região, através da participação em trabalhos escolares que reforcem a ligação à matriz identitária aveirense, valorizando em especial o património histórico, artístico e cultural do concelho. O concurso é dirigido aos alunos do 1.º, 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, que frequentem estabelecimentos escolares no concelho de Aveiro. O regulamento e ficha de inscrição estão disponíveis na página da autarquia na Internet. O concurso está aberto a dois géneros de trabalhos: ensaio e artes plásticas.

Afinal somos felizes

Jovens felizes (foto do meu arquivo)
Segundo uma sondagem publicada na revista Visão, 73,5% dos portugueses consideram-se felizes. Afinal, com tantas crises por tantos apregoadas, os nossos compatriotas ainda conseguem sorrir e ser felizes no dia-a-dia. Assim é que é! Vale a pena acreditar que, apesar-de tudo, não nos faltam razões para estarmos de bem com a vida. Claro que há sempre, como sempre houve, os Velhos do Restelo, que só se sentem bem a pregar desgraças e a descrever dramas, que os há, sem dúvida. Mas o que há de bom não supera os maus agoiros? Digam lá se é assim ou não!

Aventuras de um Boxer...

É o cão mais bonito desta Aldeia Global e... Arredores! Poderá parecer hiperbólica esta afirmação, mas corresponde ao sentimento que a sua dona, extremosa e cheia de orgulho, nutre por esta criatura. De pêlo tigrado e ostentando um aspecto feroz, numa “cara” de poucos amigos, cumpre na íntegra os deveres de que está acometido: anfitrião e segurança da “mansão” vitoriana, na apreciação ternurenta dum amigo da casa. Aquela casa tem mística! - reafirma o mesmo, incluindo o protagonista da história que vai ser narrada. Com efeito, recebe um tratamento principesco, numa família de acolhimento que o considera parte integrante da mesma. Em afecto, em partilha criativa, em amizade, quase devoção pelos donos, em nada se distingue dos seus pares humanos. Em educação, faz inveja a muitos progenitores que têm alguma dificuldade em inculcar regras e valores à sua prole. Vive num espaço amplo, um jardim, sem limites, nem prisões, nem interdições de espécie nenhuma. Come em prato próprio, bebe de uma larga taça, que apenas não evoluiu como as de champanhe, para flute! Precisa de ampla superfície para que a língua lhe possa fazer os movimentos necessários ao sorver da água. Para comer... já sabe! Sentadinho, pois é assim que fazem os meninos! E... esperteza, inteligência sem par! Percebe a ordem para sentar-se, em qualquer uma das línguas que a dona fala; em todas, o significante contém um som sibilante, o que contribui para uma rápida e pronta interiorização do significado. É um cão poliglota, como já o apodou a amiga da dona, também ela falante de “n” línguas! Um cão exemplar! Um cão que obedece, sem contestação às ordens da dona, tanto no que se refere à postura à mesa, como, quando se insinua com o seu “casaco de pele”, através do vidro fosco, da porta da cozinha. Enquanto era bebé, antes de ter interiorizado as normas de conduta e etiqueta(!?), raspava na porta, como qualquer cão rafeiro... antes de sofrer a metamorfose da Educação Cívica! E... em termos de dedicação... ah... é exclusivo da dona! Se alguém partilha com ela esse dom generoso da afectividade do canino, isso não lhe retira o direito de exclusividade! Tem esta qualidade suprema, apanágio de... só alguns humanos! Nunca trocou a dona, por algum petisco que lhe tenham oferecido, na rua, em qualquer passeio, contrariando o velho aforismo, ”Fraco é o cão a quem se dá o osso e o rejeita!” E faz inveja a quantos o olham com desdém e o amofinam: - Vida de cão! Quantos dariam por ter só uma diminuta fracção dos mimos e afagos que a dona lhe dispensa! Até o estragas com mimos! -Chega a ouvir das pessoas amigas que se espantam com o nível de aquisições comportamentais adquiridas, numa ainda jovem e buliçosa vida! Mas o que mais espanta a quantos o conhecem e às visitas da casa é o conhecimento perfeito e o autodomínio demonstrado, perante a demonstração de liberdade e autonomia, concedidas pelos donos, bem conceptualizadas, num cerebrozinho de canino sobredotado!!! Vivendo em plena liberdade, como referido atrás, enfrenta a cancela totalmente franqueada, sem se evadir para o exterior, como uma prova bem clara da sua confiança e maturidade(!?) É um adulto, consciente dos seus deveres de guardião e membro da família, demonstrando um apurado grau de responsabilidade! Nem as cadelinhas insinuantes, que passam em matilhas, na rua adjacente, o conseguem demover dos seus votos de fidelidade!? Não fosse a excepção confirmar a regra, levaria a dona a afirmar com propriedade: - Quanto mais conheço os homens, mais gosto do Boris!!
Mª Donzília Almeida

SCHOENSTATT: Festival da Canção-Mensagem

Há anos, o Festival da Canção-Mensagem, uma iniciativa da Juventude Masculina de Schoenstatt, fez furor na Gafanha da Nazaré e arredores. Movimentava muita juventude, de todas as idades, e o salão da nossa igreja matriz estava sempre replecto de claques que aplaudiam as suas canções favoritas. Fiz parte do júri, em algumas edições, e lembro bem os aplausos e os protestos que se seguiam ao festival. Bons tempos... Leia mais aqui.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Mais um livro de Mons. João Gaspar

“Aveiro – 2009 – Recordando Efemérides”
Depois de amanhã, sábado, pelas 17.30 horas, no Museu da Cidade, será feito o lan-çamento do mais recente livro de Mons. João Gaspar, da Academia Portuguesa de História e com inúmeros trabalhos publicados. O livro que agora foi dado à estampa, intitulado “Aveiro – 2009 – Recordando Efemérides”, é mais uma obra que nos convida a revisitar a história de terras e gentes aveirenses, pelo que vai ter, forçosamente, largo sucesso. Como novidade, faz recuar a data de baptismo de Aveiro para 922, destronando assim o ano 959, até agora considerada a data da primeira referência à cidade dos canais, da responsabilidade de Mumadona Dias, que por aqui possuía marinhas de sal. Na próxima semana, voltarei ao assunto, com mais pormenores, obviamente.

Sinais de Primavera

Oficialmente ainda estamos longe da Primavera. Só lá para 21 de Março é que ela nos vai brindar com a sua alegria. Mas não há dúvida de que a Primavera quer mesmo chegar. Porque deve estar a sentir quão desejosos estamos de a usufruir. Olhando para as árvores e arbustos, as cores primaveris aí estão, cheias de pujança.

A Corrupção Compensa

Esta semana um empresário de Braga foi condenado por corrupção activa. Trata-se da conclusão de um julgamento na primeira instância, logo a sentença ainda poderá ser alterada em tribunais superiores. Curiosa foi a pena aplicada ao crime: 5 mil euros de multa. Ou seja, uma ninharia para um negócio de milhões. A explicação jurídica para esta desproporção está em não ter sido provado que a tentativa de corrupção se destinava a que o alvo dela (o vereador da Câmara de Lisboa Sá Fernandes) praticasse um acto ilícito, mas apenas que exercesse a sua influência no sentido de uma decisão camarária lícita. Parece que até há uma década um acto deste tipo nem sequer seria criminalizado. Sejam quais forem as justificações legais para esta surpreendente decisão judicial, a verdade é que estamos perante um absurdo. Ou, se quisermos, um incentivo à corrupção. É que, com estas leis, a corrupção compensa quando estão envolvidos negócios de muito dinheiro. A dramática crise da justiça portuguesa também decorre de leis insensatas e mal feitas. Francisco Sarsfield Cabral In RR

Que sentido para um debate "Prós e Contras"?

DEBATER NÃO É O MESMO QUE DIALOGAR
Debater não é o mesmo que dialogar. Quem debate quer vencer o outro. Quem dialoga quer enriquecer-se com a partilha e o contributo do outro. O debate tem claque a bater palmas. O diálogo não a tem, nem a quer. O debate dá-se bem com o barulho. O diálogo quer silêncio para pensar e interiorizar. Debate-se na praça pública, dialoga-se no deserto fecundo e fértil. No debate, opõem-se ideias e convicções. No diálogo, somam-se parcelas de verdade, para uma verdade maior e comum. No debate, extremam-se campos e sobem-se muros. No diálogo, abrem-se frechas por onde passe a luz e se possam dar as mãos, até se chegar, de vez, ao derrube de fronteiras. A vida de todos os dias mostra que é mais fácil debater do que dialogar, porque no debate se procuram louros e adeptos, ao passo que no diálogo se procura a união, para se usufruir um património que a todos pertence, mas que ninguém o tem por completo, nem o tem para si próprio. A sociedade caminha mais com o diálogo. Divide-se mais com o debate. O diálogo exige humildade e respeito por quem é diferente, condição indispensável numa sociedade plural. O debate tem raízes de suficiência e o outro é sempre um adversário a vencer ou a abater. Quando em gente diferente se contrapõe a vontade de dialogar com a vontade de vencer, o caminho comum torna-se impossível. Então, a vontade parece não ser mais de se ir em conjunto para onde todos se sintam bem, mas ir para um destino, onde alguns não têm lugar ou são rejeitados na coabitação com os diferentes. De vez enquanto, e segundo os temas, ouço o ”Prós e Contras”, àquela hora horrível que leva a pensar que se trata de um programa à segunda-feira para quem não trabalha na terça. É um programa com algum sentido para se poder apreciar a realidade da nossa sociedade, mas que não leva, normalmente, a outras conclusões. Cada um está na sua e procura impor a sua. Se aparece algum interveniente que julga que vai para dialogar, onde se respeite e seja respeitado, depressa se desilude e torna-se um rotulado, a quem se despreza ou se aplaude. Observar, até onde possa chegar o nosso olhar, as partes em debate ou que assistem ao mesmo, não difere da observação de um jogo de futebol com equipas em luta e claques de apoio a gritar a toda a hora, sem que o árbitro as possa calar. Mas futebol já temos que chegue. Nunca, e menos ainda em democracia, se podem canonizar opiniões, apreciar o valor das mesmas pela imposição do maior número ou pela frequência e tempo dos aplausos. A história desmonta serenamente os absolutismos pessoais e de grupos, as vitórias fictícias, o poder esmagador dos poderosos que acabam débeis, porque o tempo os foi fragilizando inexoravelmente. Por isso, ela é mestra de vida para os que lhe estão atentos e dela não recordam apenas datas, anedotas, páginas do seu agrado. O valor de um povo reside no respeito que cada um tem pelos outros, pelos valores culturais comuns, pelo que história de todos foi e vai ensinando. Donos absolutos, só à custa de um povo esmagado ou amordaçado. Seja nos debates televisivos, seja nos debates parlamentares, seja nas leis feitas de costas para o bem comum, seja na persistência em impor valores e substituir ou contrapor culturas, sem ver o que têm de válido para integrar ou de espúrio para pôr de lado. Se nem este juízo for claro, o caminho para discernir, com um contributo alargado e objectivo, será o do diálogo, não o do debate das ideias fixas e das razões que não aceitam outras. Não será já tempo de “Prós e Contras”, mesmo com o favor das audiências, se avaliar sobre se o seu contributo social é positivo ou negativo? Sobre se educa um povo, ou se vai cavando fossos em vez de lançar pontes? Sobre se o debate ali feito fomenta ou não a aprendizagem do diálogo, necessário ao país para poder ir mais além? António Marcelino

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Fome no Mundo

Corar de vergonha Para os católicos de todo o mundo, começa hoje a Quaresma. Um tempo especial de preparação para a Páscoa. A grande festa do Cristianismo. Para estes mais de mil e cem milhões, esta Quarta-feira ficará marcada pela prática do jejum. Mas, se para a maior parte dos cerca de 280 milhões que habita na Europa, um dia de privação voluntária de alimentos será, sobretudo, razão para dar graças pela sua abundância, nos restantes dias do ano, para a quase totalidade dos 150 milhões que habita em África, o mais provável é que este seja apenas um dia com a mesma fome de outro qualquer… Apesar de trinta anos de progressos - segundo o Banco Mundial - há ainda hoje mais de mil e 400 milhões de pobres que vivem com pouco mais de um dólar por dia. Um estudo da ONU revelou-nos, esta semana, um dado ainda mais chocante: metade da comida que actualmente se produz no mundo é desperdiçada. Não fosse assim e não só chegaria para alimentar a totalidade da população mundial como aquela que se prevê venha a existir em 2050. Para isso, bastava que se aumentasse a eficiência na cadeia alimentar e se combatesse o desperdício. Um terço do leite produzido nunca é bebido. Um quarto da produção americana de frutos e vegetais apodrece na distribuição. Metade do lixo dos aterros australianos é constituída por restos alimentares. Um terço dos alimentos comprados na Grã-Bretanha nunca é ingerido. Em tempos de crise, um mundo assim devia fazer-nos corar de vergonha. Basta querer para mudar. Graça Franco In RR