sexta-feira, 9 de maio de 2008

AVEIRO: FESTAS DA CIDADE

No Teatro Aveirense, 12 de Maio
JACINTA CANTA ZECA AFONSO A cantora de jazz Jacinta apresenta no dia 12 de Maio, no Teatro Aveirense, “Convexo”, o seu mais recente trabalho discográfico. Trata-se de uma significativa homenagem a Zeca Afonso, o cantor da liberdade. Jacinta ousou, com arte e muita sensibilidade, recriar a música de Zeca Afonso, um aveirense que inspirou a resistência política, com baladas que, ainda hoje, fazem pensar. O concerto tem início às 21.30 horas, na sala principal do Aveirense, e integra-se nas Festas da Cidade.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

PORTO DE AVEIRO – 1


Ontem visitei o Porto de Aveiro, graças a um amável convite do Dr. Carlos Oliveira, da Direcção de Exploração Portuária. Foi uma visita guiada e há muito esperada, ou não fosse eu, como sou, um apaixonado pela Gafanha da Nazaré, terra dos meus antepassados, referenciados por aqui desde o século XVII.
Penso que os gafanhões e povos circunvizinhos deviam procurar fazer como eu, organizando-se e solicitando uma visita ao Porto de Aveiro, já que esta estrutura é um dos principais alicerces do nosso desenvolvimento socioeconómico.
Escrevi neste meu espaço, há já bastante tempo, que a Gafanha da Nazaré é filha do Porto de Aveiro. Hoje, diria que toda a região lhe deve muitíssimo, se considerarmos, com propriedade, as suas diversas valências, nomeadamente, os Portos Comercial e Industrial, de Pesca Costeira e Longínqua. Posso até sublinhar que o nosso porto, tendo em conta esta realidade, é o principal de Portugal.
Quem passa e vê, através das vedações, sobretudo o Porto Comercial, talvez não faça a mínima ideia da dimensão deste complexo portuário e do movimento que nele se desenvolve no dia-a-dia, com cargas e descargas de diversos produtos, destinados, em grande parte, à indústria transformadora. E quando a Barra de Aveiro se apresentar mais desassoreada, o que se espera para breve, passarão a ter acesso aos terminais navios de porte ainda maior, o que fará crescer, de forma notória, o volume de mercadorias, presentemente perto dos quatro milhões de toneladas por ano.
Naturalmente, o acesso ferroviário, em construção nesta altura, mas já operacional dentro da área portuária, será, também, uma mais-valia para o crescimento do Porto de Aveiro. E com o seu crescimento toda a região dele poderá beneficiar, salvaguardando-se, como é de esperar, a componente ambiental, muito importante para o bem-estar das populações.

FM

NOTA: Durante algum tempo aqui darei notícia, embora ligeira, da visita que fiz ao Porto de Aveiro.

Doentes de SIDA tratados por religiosos

"Os religiosos ligados à Igreja Católica são responsáveis pelos cuidados e assistência a 27% dos doentes de SIDA em todo o mundo. O número foi divulgado na apresentação do relatório 'Um serviço de amor. Análise global do empenho dos institutos religiosos contra o HIV e contra a SIDA', durante o Congresso da União dos Superiores Gerais (UISG) e da União internacional das Superioras Gerais (USG), que decorreu em Roma." Esta informação, que acabo de ler na RR, é esclarecedora, sobre a acção, concreta, das organizações católicas no mundo. Tanto mais esclarecedora quanto é certo que, mesmo entre nós, se pretende arrumar os católicos e outros crentes, como que fechando-os, nos templos e no recato das suas residências. Afinal, os católicos, com as suas mais variadas instituições, tanto de âmbito cultural, educativo e social, como espiritual e artístico, e mesmo recreativo, contribuem, como poucos, para a valorização do homem todo e de todos os homens, directa ou indirectamente. Se hoje, em Portugal, as organizações católicas, por sim simples raciocínio académico, fechassem as portas, instalava-se o caos no País. E apesar disso, há, lamentavelmente, uns iluminados que nem sabem o que faz a Igreja Católica pela sociedade.
FM

Na Linha Da Utopia


Construção de Comunidade

1. Ninguém duvida que esta fase histórica que vivemos é riquíssima, como nenhuma outra, na existência de formas de comunicação. Estas abundam por todos os lados e em todos os minutos e, à partida, deveriam de pressupor uma correspondente consciência de comunidade. Mas não é verdade automática que a comunicação representa comunhão. São as gerações que hoje têm a maioridade que confirmam que é cada vez mais difícil o fomentar dos laços de pertença e de identificação com projectos comuns. Onde outrora bastava fazer um «clic» e já estava a motivação acordada, hoje será necessário injectar doses abundantes despertadoras de motivação. Nada de novo esta constatação, pois hoje superabundam mil e uma ferramentas coisificantes que acentuam a vertente da individualidade, chegando-se a pontos, para ninguém se zangar, de se comprar uma TV para cada um.
2. Pode parecer que o dinheiro compra tudo mas tal não é verdade: relações que não são alimentadas pela relação humana franca e dialogal são laços que vão perdendo a ligação e desatam-se quase sem dar por isso. Fala-se e esboçam-se milhentos projectos que procuram mobilizar ao «sair de si» e de sua casa para participar em projectos comuns; realizam-se esforços diversos cada vez mais apurados na pertinência, rasgo, eficácia, urgência, com divulgação, marketing, mas que quase são o pregar no deserto de um tecido social que parece infecundo. E mesmo nestes encontros muitas vezes procura-se dar um safanão nos pessimismos da não motivação e não participação, assumindo que grão a grão lá iremos!
3. Um contraditório da ausência persegue a era das comunicações. E dizer-se da evidência de novas formas de comunidade e participação (como as comunidades virtuais ou todos os múltiplos movimentos de intervenção) não chega para deixar se constatar que a construção de comunidade social será hoje das tarefas mais exigentes e mais difíceis. Uma dificuldade que radica logo nas evidentes fragilidades das famílias, num mundo e mercado de trabalho que absorve grande parte do tempo da vida… O futuro que se faz cada dia exige toda a esperança e optimismo, mas este precisa de bases que saibam reconstruir aquilo que com o atrito das preocupações vais limitando o horizonte. É aqui, na sabedoria, que radica a essência da construção do espírito de comunidade. Não há comunidade na indiferença: esta um reflexo do pântano socioexistencial. A comunidade quer a presença de todos, onde as diferenças sabem ser e estar com os outros; não na pressa da sobrevivência, mas na partilha da qualidade de vida!

Para recordar

Teresa Salgueiro e José Carreras: Para recordar "Haja o que houver"

Facilidades no Ensino

"Se tem mais de 18 anos tem agora a oportunidade de obter o 9.º ano em poucos meses. Horário pós-laboral. Inscreva-se já!"
Este foi o anúncio de uma instituição que promete o 9.º ano em poucos meses. Das duas, uma: ou os candidatos já têm estudos muito próximos do 9.º ano, ou pretende-se oferecer gato por lebre. Em poucos meses, está garantido o 9.º ano. Umas noçõezitas da matéria, por sinal extensa, e o candidato fica com o canudo na mão. Pelo anúncio, basta ter mais de 18 anos. E, com isto, continua-se a brincar com o ensino e com a formação das pessoas. O 9.º ano em poucos meses? Não brinquem com estas coisas, por favor!
FM

PONTES DE ENCONTRO


Perseguidos em nome de Jesus Cristo!


Chegou-me, hoje, alguma informação da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, “organização dependente da Santa Sé, tendo por objectivo apoiar projectos de cunho pastoral em países onde a Igreja Católica está em dificuldades”, a qual dá conta da “perseguição aberta” que os cristãos, estão a sofrer em vários países mundo.
Neste momento particular, de confusão e de desorientação mundial, desejo lembrar, fraternalmente, nestas breves linhas, aqueles nossos irmãos que, para viverem a fé em Cristo Jesus, são perseguidos e torturados. (cf.: 2 Tm 3,12).
Recordo os cristãos que vivem no Iraque, onde são vítimas de perseguições, ofensas, atentados, por parte de sunitas e xiitas, para que abandonem os seus lares e o país.
Ainda no passado dia 13 de Março foi encontrado sem vida o corpo do Arcebispo caldeu Paulos Furaj Rahho, depois de ter sido raptado e assassinado.
O mesmo Arcebispo que, no início de Janeiro, deste ano, escrevia que a sua diocese estava mergulhada “na dor e na agonia”.
Lembro, também, os cristãos do Líbano, vítimas da violência extremista, que lhes tem destruído o pouco que possuíam e que são obrigados a abandonarem, igualmente, os seus lares e a sua terra.
E como era possível esquecer os cristãos da Terra Santa, vítimas de perseguições de grupos extremistas, tanto do lado muçulmano como judeu?
Estes cristãos praticamente não têm nada para comer e arranjar trabalho é uma tarefa quase impossível. Deste modo, são obrigados a deixar a terra onde Jesus nasceu, pelo que o risco de deixar de haver cristãos na Palestina é bastante elevado.
Alguém imagina o que seria a Terra Santa sem cristãos?
A estes países, muitos outros se podem juntar na perseguição, prisão e tortura aos cristãos, casos da Coreia do Norte, do Irão, da China ou da Arábia Saudita, entre tantos outros que poderiam ser também referidos neste espaço.
Bem sei que, em alguns casos, a delicadeza das situações e a discrição exigem um diálogo paciente e sereno, por parte das autoridades religiosas cristãs com as autoridades dos países em que as perseguições são frequentes, para que estas acabem, tão rápido quanto possível, e possa dar-se início a uma abertura religiosa. Decerto, um caminho longo e difícil de percorrer e não isento de riscos e retrocessos.
Por isso, recordo as palavras, recentes, do Papa Bento XVI: “Mais uma vez asseguro que a Terra Santa, o Iraque, e o Líbano estão presentes na oração e na acção da Sé Apostólica e de toda a Igreja.”
A “Além-Mar”, de 20 Fevereiro de 2008, publica um ranking feito pela organização internacional evangélica “Portas Abertas”, sobre a situação mundial dos cristãos perseguidos.
De igual modo, a A.I.S. tem todo um conjunto de informações sobre a liberdade religiosa no mundo, que podem ser adquiridas ou consultadas, através do seu site.
Num mundo que parece estar cada vez mais confundido com ele próprio e onde a esmagadora maioria dos seus cidadãos já têm dificuldade em entendê-lo, não esqueçamos estes nossos irmãos perseguidos em nome de Jesus Cristo, através da nossa oração e da nossa solidariedade.

Vítor Amorim

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Reencontro ou redescoberta vital



As frequentes profecias de sociólogos, políticos, fazedores de opinião e tantos outros, que prevêem, a curto prazo, o desinteresse generalizado pelo cristianismo e o abandono maciço da Igreja nunca me impressionaram por aí além. A vida vai-nos ensinando quais as fontes que as alimentam e os interesses e sentimentos que se escondem por detrás de palavras, só aparentemente seguras. Ao mesmo tempo, vai-nos mostrando, também, que onde existe honestidade na procura sincera e objectiva da verdade o reencontro ou o regresso à fé cristã acontece como uma redescoberta vital e feliz.
É verdade que o cristianismo não vai na onda em que muitos gostam de boiar, não está voltado para cedências no que toca a aspectos essenciais da sua mensagem, não treme ante sondagens e estatísticas de acontecimentos de cariz religioso, se lhe são pouco favoráveis. Muito menos vive a Igreja obcecada pelo medo de ver os templos vazios, como tanto insistem os que aí não entram, ou fica paralisada e desnorteada por saber que há gente que propagandeia os seus desinteresses em relação ao transcendente.

António Marcelino
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Sem pão!

A pão e água. Vários dias sem comer mais nada. Para que os dois filhos não sentissem, também, a privação. Em Portugal, 2008. Trinta anos depois de Abril. Existe. E não se entende. De novo, em Setúbal, como uma maldição. Falámos com ela. Mãe sozinha. Professora do ensino básico. Um daqueles 439 mil nomes que dão corpo à taxa de desemprego. Cada caso é um caso. E em cada caso parece sempre que a fome é absurda. Evitável. A culpa vai de fininho instalar-se, quase sempre, nos ombros do pobre. Não morre sozinha. Nasce e cresce gémea da fome e da vergonha. Os empregados ouvem-se, desfilam, protestam. Mas os pobres desempregados calam-se, escondem-se. São raros e corajosos os gritos. As denúncias. Na sociedade onde impera o deus do sucesso, como reconhecer que não se é capaz de assegurar a subsistência própria? Louva-se a ambição dos que se propõem conquistar o Mundo. Mas não há lugar para reconhecer a meta dos que se ocupam em conseguir apenas o pão nosso de cada dia. É por isso que ao seu silêncio se tem de opor o nosso grito de escândalo: numa sociedade de abundância e desperdício, não se pode tolerar que cresça o número daqueles que temem ver chegar os dias … “sem pão!” Graça Franco

Na Linha Da Utopia


A insegurança da segurança


1. Não há sociedades perfeitas. Mas as que, em regimes de liberdade, procuram essa aproximação à perfeição têm na justiça e na segurança os seus alicerces fundamentais. O mapa da justiça portuguesa, numa naturalmente complexa rede de relacionamentos, hierarquias, competências e responsabilidades, tem procurado corresponder aos desafios da actualidade. Mas em si mesmo, e nestes últimos anos com o eclodir de «casos» mediáticos que desafiam a própria consistência de toda a estrutura, a justiça vai ceifando as suas próprias lideranças. Um facto problemático. Os números estão aí: com os acontecimentos dos últimos dias da demissão do director da PJ, «em 10 anos realizaram-se cinco mudanças de direcção da PJ, tendo sido só um mandato cumprido até ao fim». Mais ainda, dos diversos lados da questão, a insatisfação (explícita ou implícita) faz os cidadãos temerem e tremerem pela essencial segurança, da estrada à porta de casa.
2. É certo que a actuação das múltiplas forças de segurança deve primar por uma eficácia discreta. E sabe-se do bom conceito, mesmo internacional, tido em relação aos nossos agentes de segurança, onde a qualidade e competência são valores reconhecidos. Mas talvez o pior de tudo, que abre permeabilidade mesmo a instâncias maléficas do crime, seja que normalmente quando se fala das forças de segurança, é em circunstâncias menos boas para um clima socialmente ordenado que se deseja. Nestes contextos, a própria credibilidade das estruturas fica afectada. Apesar da forte componente hierárquica que preside às instâncias de segurança, a verdade é que muitas vezes o que se pede como realização eficaz não tem a devida correspondência nos equipamentos, nos recursos materiais, nas tecnologias de informação,... Infelizmente pode-se dizer que não é só em escolas que chove, também em agências de autoridade policial a chuva ou o calor perturba claramente o normal funcionamento.
3. Já há tempos um órgão de informação nacional entrou e mostrou a realidade por dentro, lá para o nosso interior do país. Do papel de fotocópia à energia eléctrica, sem palavras!... A autoridade situada, necessária, precisa de bases (também materiais) para ter sustentabilidade e ser credível nas populações. Se é insegura em si mesma, nada a fazer! É verdade que estão muitos mais agentes em formação… Mas o seu enquadramento em sociedade democrática precisa que toda a estrutura se apresente “firme” e segura na natureza e missão de todos e de cada um. Cada vez mais a questão da (in)segurança é uma problemática de cidadania. De justiça, de todos!

Alexandre Cruz

PONTES DE ENCONTRO


Os avisos, as crises e as vontades!

“Pela maneira como estamos, como a comunidade internacional está a olhar para o mundo, não iremos longe.”
Estas palavras, melhor, este aviso interpelativo, pelo seu significado e pela realidade que contém em si mesmo, exige uma reflexão séria e profunda por parte de todos aqueles que estão preocupados, sincera e convictamente, com as várias crises que se vão alastrando, paulatinamente, pelo mundo, sobretudo a partir da queda do Muro de Berlim (1989).
Quem as proferiu foi o Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, o português, Engenheiro António Guterres, no passado dia 4 de Maio, durante uma visita que fez ao Fundão e a Donas, terra natal da sua mãe e onde viveu parte da sua infância.
Trata-se, pois, de uma afirmação demonstrativa de todo um conjunto de problemas que persistem ou se agravam, ainda que com outros contornos, no mundo e que não é proferida por uma pessoa que esteja alheada das grandes questões internacionais. Bem pelo contrário.
Por muito que custe, é preferível, e mais positivo, encarar a realidade, no imediato, do que escamoteá-la, para mais tarde. Partindo deste pressuposto, o que Comissário para os Refugiados da ONU diz é que estão em confronto, pelo menos, duas perspectivas de ver o mesmo mundo e as múltiplas questões a ele inerentes.
Em linguagem do dia-a-dia, dir-se-ia que uns são os pessimistas e os outros são os optimistas, quando, afinal, o importante é saber quais são, de todos, os que melhor buscam a verdade e a razão das coisas, bem como as consequentes soluções e aplicações práticas, já que esta busca não é privilégio de nenhum tipo exclusivo de pessoas.
Já agora, e os chamados optimistas que me desculpem, existem estudos de perfis psicológicos que demonstram que um optimismo exagerado pode ser, tendencialmente, paralisante, para quem tem que tomar decisões e dar soluções, em tempo útil.
Como em tudo na vida, o mais provável é dizer que “é no meio que está a virtude”, tendo em conta as circunstâncias e os contextos em que se está inserido.
Da minha parte, confesso, bem gostaria de falar de coisas mais agradáveis, que também as há, mas, por agora, resta-me a quase certeza que alguém fará isso por mim e a esperança, sentida, que ainda é possível por o mundo a sorrir!
Utopia? Sinceramente, não creio! Não terá o próprio Evangelho nascido da simbiose de uma realidade profundamente humana e humanizante, cujo centro é Jesus Cristo, com a utopia cristã pelo Reino de Deus?
Responsável por esta Organização da ONU, desde Junho de 2005, conta com mais de seis mil funcionários (espero que a maior fatia da verba desta Instituição não se destine a pagar os ordenados destes). Está presente em 115 países, pelo que António Guterres sabe do que fala e porque fala. É um humanista, por excelência.
Preocupado, igualmente, com as consequências da subida dos alimentos, o Comissário da ONU para os Refugiados não deixou de se referir a toda “uma série de ameaças que já se concretizaram ou estão como uma espada sobre as nossas cabeças e que nos devem levar a pensar como é possível olhar para o mundo de outra maneira.” Tudo isto a par de conflitos “no Afeganistão, Iraque, Palestina, Sudão e, esperemos, que não no Líbano.”
Optimismos ou pessimismos à parte, o importante é saber que, em cada problema que surge, aparece uma nova oportunidade para o resolver. Deste modo, a possibilidade de evitar a sua repetição, no futuro, nunca se tornou tão real e exequível. Queiramos nós! Tudo depende, afinal, da vontade de cada um!


Vítor Amorim

A papoila


Há dias, ao passear na Barra, vi esta papoila numa zona de 'depósito de lixo' . Como para nós nada há mais belo que a natureza, aí vai esta flor. Assim me disse o meu amigo Carlos Duarte, quando me enviou a papoila. Aqui fica, meu caro, porque é sempre bom saborear a partilha.

“IGREJA AVEIRENSE”


Saiu há pouco a revista “IGREJA AVEIRENSE”, uma iniciativa da Comissão Diocesana da Cultura. Trata-se do n.º 2 do III ano, referente ao segundo semestre de 2007.
Esta revista vem na sequência de um projecto que visa preservar os principais documentos emanados da Diocese de Aveiro, nomeadamente, dos seus bispos, titular e emérito, do Plano Pastoral e Serviços Diocesanos, entre outros, relacionados com Espiritualidade, Ecumenismo, Publicações, Efemérides, Em Memória de e Pessoas Notáveis. Neste último caso, foi evocado Pedro Grangeon Ribeiro Lopes, um viseense que um dia chegou a Aveiro e a aceitou como cidade sua, testemunhando na vida a fé que recebera na infância e que sempre alimentou.
Quem pegar na “IGREJA AVEIRENSE”, para a ler, como quem lê um livro que deve ser consultado, pode confirmar a oportunidade desta publicação e dos projectos pastorais da Diocese de Aveiro. Como que profetizando a crise social e económica recentemente anunciada, com sinais de catástrofe à vista, para a qual temos de nos preparar, estimulando-nos para a solidariedade e para a caridade, a Diocese diz-nos que “o serviço dos mais pobres é sinal visível e expressivo da verdadeira Igreja de Jesus Cristo”.
Nessa linha, sintonizam os textos de D. António Francisco, em diversas circunstâncias, com o Plano Pastoral, onde se proclama que “o serviço da caridade é uma sábia e santa forma de evangelizar”, numa expressão feliz e oportuna do Bispo de Aveiro.
Quando muitos pensam que o catolicismo é o que se faz nas igrejas e nos seus adros, desde as mais simples às mais pomposas, é bom referir que esta revista nos dá uma panorâmica, tão completa quanto possível, da acção da Igreja de Aveiro, no dia-a-dia das pessoas concretas. Múltiplos secretariados e serviços específicos, movimentos apostólicos e comissões diocesanas, instituições de ensino, cultura e de solidariedade social, propostas de espiritualidade e de formação para clérigos e leigos, acções ecuménicas e publicações de âmbito eclesial, de tudo um pouco se encontra na “IGREJA AVEIRENSE”, mostrando vida em movimento por terras da Ria e do Vouga.
Na rubrica Em Memória de são evocados os sacerdotes falecidos e que se deram por inteiro ao serviço da Igreja, ultrapassando, muitas vezes, os limites das suas próprias forças, sem nunca virarem a cara aos compromissos que assumiram no dia da ordenação presbiteral.
Os que desejarem estar em sintonia com o que faz a Igreja, em terras de Aveiro, têm de ler esta revista. Mas também a podem ler, ou consultar, os estudiosos, os académicos à procura de temas para os seus mestrados ou doutoramentos e os simples curiosos.

Fernando Martins

terça-feira, 6 de maio de 2008

Figueira da Foz: Janela aberta


No meio da floresta de cimento, é possível encontrar uma janela aberta para o mundo. Ou um espelho onde se reflecte a paisagem natural. Essa, sim, com vida.

Na Linha Da Utopia


António Vieira ou o poder da palavra
1. Quando Fernando Pessoa (1888-1935) atribui a António Vieira o título de Imperador da Língua Portuguesa, fala-nos de uma concepção não meramente literária da língua mas da dinâmica andante e reconstrutiva da vida, cultura e do homem do séc. XVII que foi António Vieira (1608-1697). Em 2008 assinala-se o Ano Vieirino, celebrando-se em múltiplos acontecimentos os 400 anos do seu nascimento (http://www.ua.pt/vieira2008). Na actualidade do séc. XXI que vivemos, na imensidão poderosíssima das mil imagens, também esta pode ser uma oportunidade de regressar à fonte primordial da comunicação que é a palavra. Claro que não meramente palavras por palavras; mas ideias, concepções, dinamismos, estímulos que derrubem muros e ergam todas as pontes onde as diferentes culturas, na riqueza da diversidade, interajam de forma inclusiva, estimulante e culturalmente acolhedora.
2. Poder-se-á considerar este projecto humaníssimo e decisivo, que Vieira registou de modo incontornável na sua época, como o sentir da “língua viva” dando vida e ser às línguas, sempre compostas de mudança, no que elas representam como encontro com o mais profundo do sentir humano e do encontro dignificante com os outros em espírito de fraternidade. Assim sempre fosse!... É por isso que do Brasil profundo e explorado (até ao tutano, diria Vieira) de seiscentos, quem aprende as línguas indígenas (dos índios às gentes provenientes de África) chega a Lisboa pronto, porque autenticamente livre, para se propor à limpeza dos vazios e superficialidades da linguagem de muito do Barroco do seu tempo. Tão estético e elegante que “vazio” da autenticidade do ser e da tão rica profundidade humana. Vieira, filho mestiço de boa gente, sente: o deixa andar, a redoma de vidro, o conformismo, o apagamento, o vazio, tudo e todos os que estão indiferentes ou intolerantes recebem de Vieira o espevitar do compromisso!...
3. Em boa hora esta viagem retrospectiva à complexidade da portugalidade e do período da catarse do primeiro tempo verdadeiramente global de seiscentos quer acolher, neste ano de 2008, olhares prospectivos quanto ao futuro que se desenha no ser e no tempo da globalização que nos interpela e à reinvenção diária da vida. Não é como dantes, mas os “passados” que nos precederam oferecem, a quem se abre a essa totalidade da experiência humana, chaves de leitura para mais e melhor sermos resposta. Uma das peças de Vieira, aos 47 anos de idade e nos decisivos anos 50, é o Sermão da Sexagésima (1655) proferido na Capela Real de Lisboa, onde ele procura libertar os seus contemporâneos das amarras de concepções vazias enaltecendo o conteúdo.
4. Integrado no CICLO DE POESIA “O MAR”, da organização da Fundação João Jacinto de Magalhães, esta quinta (21.30h), na Fábrica de Ciência Viva, a cidade acolhe, de viva voz pelo actor António Fonseca, a película que ousou abanar os alicerces da cómoda retórica: O Sermão da Sexagésima. Entrada livre, um momento único de rasgo da cultura portuguesa, um privilégio para esta terra de ria e mar!

Alexandre Cruz


BISPOS PORTUGUESES CHAMAM A ATENÇÃO PARA A CRISE

D. Carlos Azevedo, porta-voz da Conferência Episcopal Portuguesa, lembra que temos de estar mais atentos à crise socioeconómica
“Importa que as instituições da Igreja estejam muito próximas das dificuldades e a partir de instâncias de observação da realidade socioeconómica, possam ir de encontro às situações mais críticas”
“A Igreja está presente no terreno, nas paróquias, onde se conhecem as situações e se acompanham, mas é preciso abrir cada vez mais os olhos sobre estas realidades e criar um observatório social”
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Atlético Clube da Marinha Velha


O Atlético Clube da Marinha Velha foi um clube de futebol que existiu na Gafanha da Nazaré, precisamente no lugar da Marinha Velha. O seu campo era no sítio onde está hoje, mais ou menos, o Porto de Pesca Costeira. Quando havia jogadores com pontapé potente, a bola, muitas vezes, ia para a Ria! E então, era preciso que alguém a fosse buscar a nado. Assisti a isto, era eu criança e jovem, há uns 50 e muitos anos. Foi seu fundador e principal dirigente o senhor que, na fotografia, está de chapéu. Era ele o senhor Casqueira, mais conhecido por Casqueirita. Este senhor, tanto quanto posso recordar, tinha um carro de praça, o primeiro que houve na Gafanha da Nazaré. O senhor Casqueirita era um homem bom, que se dedicava a causas sociais, desportivas e culturais. Também chegou a ter um Rancho Folclórico. Alguns jogadores de futebol eram seus empregados e viviam em sua casa. Tinha ainda uma agência funerária. Diz-se que gastou um boa fortuna nestas suas actividades.
O meu amigo Júlio Cirino anda a escrever um livro sobre as suas recordações da Gafanha, onde, decerto, haverá um espaço alargado para o Desporto, já que é treinador de algumas modalidades do Atletismo e seleccionador de uma delas. Agora precisa de conhecer os nomes destes jogadores. Quem poderá dar uma ajuda? Aqui fica o pedido!
As ajudas podem vir por e.mail: f.rocha.martins@gmail.com
FM

Voltou a ser rentável produzir cereais?


Entrevista com o Presidente da AMI

A edição de hoje do jornal “Diário Económico” contém uma entrevista com o Doutor Fernando Nobre, Presidente da Assistência Médica Internacional – AMI.
Atendendo à vastíssima experiência internacional do Presidente da AMI, que já esteve em mais de cem países em missões humanitárias, o que lhe dá uma enorme autoridade para se pronunciar, entre outros assuntos, sobre a crise alimentar que o mundo atravessa, convido todos os leitores a lerem esta entrevista.
Só um breve comentário: a dado passo da entrevista, é feita a seguinte pergunta ao Dr. Fernando Nobre: “Voltou a ser rentável produzir cereais?”
Lembram-se, caros leitores, da Política Agrícola Comum da União Europeia – a PAC?
Então já devem perceber porque é que na Europa deixou de haver incentivos à produção de cereais, entre outros produtos agrícolas! É tudo uma questão de lucro! Nem que, para isso, seja necessário pagar para não se produzir! Os outros, os que estão fora da Europa, que produzam, sempre fica mais barato. E se eles não produzirem ou não quiserem exportar?
Ao que chegámos!

Vítor Amorim

«Quantos pães tendes?»


Ainda haverá lugar e tempo na alma para se ouvir falar de crise? Há coisas que são mais que claras. O petróleo, pai convencional da energia, calor, frio, movimento e tecnologia tem os poços em alerta e os preços a disparar todos os dias. Entra-se pela terra dentro para, em vez do poético girassol, se extrair força de cavalos que arrastem toda a tralha de que se compõe a vida moderna. A terra, árida e triste, diz que não dá para tudo.
Daria, mas da forma como a repartiram só vê tombar árvores - motores de respiração do planeta. Se se volta ao carvão a sala comum da humanidade fica irrespirável, pior que uma câmara de gás. E mais. Nesta lista, já quase se não fala de carne, peixe, legumes ou leite. Fala-se de pão, arroz, mandioca. Quem não lembra as crises de outrora que começavam quando os pais diziam: "come muito pão e pouco toucinho"?
É fácil demais apanhar estes dados e arremessá-los simplesmente para os sistemas, as ideologias, os responsáveis pela agricultura ou economia. Mas os governos não podem ser os últimos a reconhecer que isto acontece. Ninguém pode ignorar esta crise global, ainda que passageira. Entramos em matéria planetária onde um minuto de luz ou refrigeração a mais, a demora num duche ou na lavagem dos dentes tem repercussões na humanidade. Tem o mesmo preço, para o planeta, esbanjar num hotel de luxo ou numa cabana perdida de África.
Aqui entram outros elementos. Este preço não é igual para todos. O pão falta na mesa de muitos e sobeja muito na mesa de poucos. Há algo de errado nas contas do mundo. Alguns cristãos, apenas inspirados no Evangelho, têm deixado sugestões simples que nos podem questionar sobre o nosso comportamento face à terra e aos bens, mas também abrir pistas concretas e possíveis, individual e comunitariamente. Por exemplo: a agricultura deve estar voltada para os bens alimentares; importa reformular o conceito de pobreza neste novo contexto; qualquer desperdício deve ser considerado como um crime de assalto à mesa dos pobres; reforçar a vigilância para as situações de fome envergonhada; ter coragem de aceitar este momento como de crise sem que isso signifique uma derrota ou humilhação. Mas aceitar que não se trata duma catástrofe natural. É uma tragédia que todos ajudámos a desencadear. E na consciência, deixar bem clara a pergunta de Jesus diante da multidão faminta: "Quantos pães tendes"?

Jardim Oudinot: Obras em curso


Como disse ontem, passei pelo antigo Jardim Oudinot, com obras de remodelação em curso. Máquinas e trabalhadores andavam em bom ritmo, sinal de que o novo jardim estará para breve. Esta foi a satisfação que senti. O povo desta região estava a necessitar de um espaço ajardinado, com diversas valências. O povo e quem nos visita. A mágoa, como referi ontem, veio com a velha ponte arrancada a ferros. 
Voltando ao Jardim Oudinot, gostaria de saber em que ano é que ele foi construído e quem foi o seu mentor. Já perguntei, já li o que foi possível ler, já contactei antigos responsáveis pela JAPA (Junta Autónoma do Porto de Aveiro), antecessora da actual APA, e ninguém me soube dizer, com rigor em que época é que foi criado. Uma coisa é certa. O Jardim Oudinot diz bem que foi uma homenagem ao Eng. Oudinot, que elaborou os planos da abertura da Barra, abertura essa que foi concretizada pelo seu genro, Luís Gomes de Carvalho. 
Terá sido criado com base na necessidade de fixar as areias movediças, conforme projecto conhecido? A pergunta aqui fica para quem me quiser ajudar.

FM

PONTES DE ENCONTRO

Preço do arroz pode criar conflitos sociais na Ásia

«O recente aumento dos preços do arroz vai atingir duramente os países da Ásia. Os mais afectados são os mais pobres, incluindo os pobres urbanos», declarou Fukushiro Nukaga, Ministro das Finanças, do Governo japonês, durante a 41º Assembleia-Geral do Banco Asiático de Desenvolvimento (BAD), a decorrer em Madrid, até à próxima terça-feira, dia 6.
«Isto terá um impacto negativo nas condições de vida e de alimentação das populações. Esta situação pode levar a conflitos sociais», acrescentou. Segundo o Ministro das Finanças japonês, é necessário «adoptar medidas para satisfazer, imediatamente, as necessidades dos mais pobres»
Haruhiko Kuroda presidente do BAD, referiu, em Madrid que “O aumento do preço dos alimentos ameaça minar os esforços da Ásia para combater a pobreza", alertando que a "época dos alimentos baratos, quiçá, chegou ao fim", sublinhando que o preço do arroz triplicou nos últimos quatro meses, algo que, em sua opinião, "não se pode explicar pela leia da oferta e da procura", acrescentando que montante da ajuda "dependerá dos pedidos dos países em causa".
O próprio BAD estima que o aumento dos preços dos bens alimentares afectará mil milhões de pessoas, só na Ásia.
Rajat Nag, director-geral do BAD, afirmou, na sexta-feira, dia 2, também em Madrid, que das pessoas afectadas na Ásia cerca de 600 milhões sobrevivem com menos de um dólar por dia e os 400 milhões que estão acima deste limiar também são muito vulneráveis.
O preço do arroz tailandês, um dos mais utilizados na Ásia, é actualmente de cerca de mil dólares (648 euros) a tonelada, o triplo do que era há um ano, quando se realizou a anterior Assembleia-Geral do Banco Asiático de Desenvolvimento, no Japão.
A nível global, os preços dos alimentos quase duplicaram, em três anos, originando distúrbios vários e protestos, um pouco por todo o mundo, e restrições às exportações no Brasil, Vietname, Índia e Egipto.
O Ministro das Finanças do Japão, alertou que as restrições às exportações aumentam os preços, enquanto os subsídios para ajudar os pobres a lidar com a questão poderão ser um fardo pesado para os orçamentos nacionais e «não são sustentáveis, a prazo».
Os subsídios alimentares no Bangladesh, um dos países mais pobres da Ásia, deverão duplicar no corrente ano fiscal e atingir 1,5 mil milhões de dólares (973 milhões de euros). A 29 de Abril, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, anunciou a criação de uma célula de crise para lidar com a questão da subida do preço dos alimentos e os consequentes problemas de fome.
Entre outras causas da crise, a ONU refere a falta de investimentos no sector agrícola, os subsídios que pervertem o comércio, os subsídios aos biocombustíveis, as más condições climatéricas e a degradação do meio ambiente.
Com sede em Manila, Filipinas, o BAD é uma instituição financeira multilateral, criada em 1967, para reduzir a pobreza e melhorar a qualidade de vida nos países mais pobres da Ásia e Pacífico, através do financiamento de projectos em condições vantajosas, assistência técnica e difusão do conhecimento. O BAD conta actualmente com 67 países membros, dos quais 48 da região Ásia-Pacífico, como Timor-Leste, e 19 não regionais, tendo os Estados Unidos e o Japão como principais accionistas.
Portugal é membro do BAD, desde o ano de 2002.

Vítor Amorim

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Na Linha Da Utopia


Gratidão + Esperança = Compromisso

1. Não que seja uma fórmula matemática (Gratidão + Esperança = Compromisso), mas formula, poderemos dizer, a construção sustentável de projectos de vida em vidas com projecto. As palavras são, por si, cheias de significado: Gratidão: mobiliza-nos para apreciar que tudo quanto somos o devemos não só a nós mesmos mas a muitos que nos ajuda(ra)m na caminhada de vida. Como muitas vezes dizemos, quem não agradece não reconhece, e reconhecer será valorizar com sensibilidade os alicerces nos quais queremos construir a nossa vida. Esperança: é o desejo do futuro que está cada momento, aí, a interpelar-nos para reinventarmos tudo o que pode ser melhor. Projecta-se na esperança, tanto mais, quem redobra a sua confiança confiando para além de si mesmo, no Amor-Absoluto divino. Essa abertura de espírito, naquilo que é construtivo (o bem e o belo), abre margens para a inclusão de outras experiências e caminhos diversificados de vida. Esta esperança profunda, que não quer ser palavra oca, assim, só pode brilhar como gosto de transformação positiva. A isso pode-se chamar Compromisso. Não um compromisso qualquer… Mas o compromisso que nos torna mais próximos e felizes na comum pertença à humanidade, pessoal e globalmente.
2. Foi com este espírito que no passado domingo familiares e finalistas do Ensino Superior aveirense, em ambiente de festa académica, acolheram a celebração da bênção dos finalistas, manifestando gratidão e esperança comprometida diante do futuro. Não o fim, mas um princípio de expectativas que querem ser contributo para derrubar as “barreiras” que pertencem à vida. Brotando do pensamento e escrita dos finalistas, partilhamos com a comunidade mais alargada o sentir da Oração de Compromisso dos Finalistas: «Amar, respeitar e apoiar, com humildade, todos aqueles que vão estar, pensar, viver e trabalhar connosco, sabendo, em abertura de espírito, caminhar em grupo, assumindo a colaboração com os outros como um valor fundamental da nossa vida; Viver no esforço e no empenho, em tudo aquilo que fizermos, partilhando os nossos conhecimentos na luz da dignidade da Pessoa Humana e da integridade social e ambiental do meio que nos irá rodear, e assim vivendo sempre em espírito de fraternidade; Dar o melhor de nós na promoção da ética da responsabilidade e na construção da paz, acolhendo a sabedoria que garante a força de nos sabermos levantar nos momentos mais difíceis da vida, alimentando a felicidade na perseverança dos ideais contra todas as tempestades; Ter sentido humano de gratidão e de criatividade na inovação, para sermos parte das soluções solidárias, educativas e científicas nos grandes problemas do mundo actual, querendo aprender mais cada dia, em ordem ao justo desenvolvimento humano; E não permitas, Senhor, que esqueçamos o verde da esperança, que durante estes anos nos inspirou e hoje enche os nossos corações, e auxilia-nos a cumprir todos os dias da nossa vida toda a grandeza do ideal que assumimos, perante todos, neste maravilhoso dia!»
3. Será significativo, ainda, dizer-se que cada ano essa imensa comunidade festiva manifesta toda a gratidão para com a Cidade que os acolheu e a Instituição de Ensino que lhes proporcionou a via do conhecimento. Razões, sempre a zelar, para acreditar no futuro!

Alexandre Cruz

AI O PROGRESSO!...



O progresso, por vezes, destrói as nossas memórias palpáveis. Não devia ser assim, mas é. Infelizmente.
Um dia destes disseram-me que as obras em curso na zona do Jardim Oudinot tinham destruído a velha Ponte da Cambeia, de tantas recordações. Não quis acreditar e fui certificar-me. É verdade. Já lá não está. O progresso podia ter em conta as memórias vivas do povo. Mas nem sempre as respeita, como era seu dever. A culpa não é minha, que sempre aqui, e não só, valorizei as marcas do passado.
A Ponte da Cambeia era, na minha infância, o centro de muita vida. Ali esperávamos os barcos mercantéis que traziam, das feiras de Aveiro e da Vista Alegre, as mercadorias adquiridas pelos gafanhões. Eram entregues ao barqueiro, com sinais identificativos, e na hora combinada eram esperadas pelos seus donos. Nesta ponte e noutros locais das Gafanhas. Quando havia atraso, os barqueiros deixavam-nas ali mesmo, na certeza de que não haveria ladrões.
Ali, na ponte, pudemos assistir a manobras arriscadas, em dias de temporal, com os homens do leme a orientarem as embarcações, com rigor, para passarem sem perigo. Nadava-se, conversava-se, atiravam-se piadas aos barqueiros, com perguntas ingénuas e algumas vezes maldosas: “Quem é o macaco que vai ao leme?”
Recordo-me, bem, da pesca do safio. Vara forte, com arame numa ponta. Preso tinha o anzol. Enfiava-se nas tocas onde se refugiavam os safios e esperava-se que ele atacasse o isco. Depois, com força, puxava-se, puxava-se, que ele oferecia enorme resistência. A propósito do safio, permitam-me que lembre a história contada por José Cardoso Pires no seu livro “Lavagante”, um inédito recentemente editado. Diz ele que o lavagante é marisco manhoso. Vai alimentando o safio na sua toca, levando-lhe comer constantemente, para o engordar. Quando vê que o safio, pelo tamanho, já não consegue sair do refúgio, então mata-o e dele se vai alimentando. Daí, penso eu, a dificuldade que os pescadores tinham em o sacar da toca. Porém, nunca faltava a ajuda dos presentes, que davam uma mãozinha.
Depois disto tudo, como não hei-de ter pena de ver desaparecer a antiga Ponte da Cambeia. E como eu, outros, muitos outros gafanhões, que de várias partes do mundo me têm contactado, a propósito das fotos que aqui publico. Sei que não era uma ponte romana nem coisa que se pareça. Mas era a nossa Ponte. Ponte do lugar da Cambeia, da Gafanha da Nazaré. Presumo, contudo, que no mesmo local venha a nascer uma nova ponte, com os traços fundamentais da que foi derrubada. Se assim for, ainda bem.

Fernando Martins

CÁRITAS PORTUGUESA ATENTA À FOME

PEDE:
"aos governos para deixarem de apoiar a produção de produtos energéticos a partir de produtos agrícolas para que a produção agrícola se volte a orientar para a produção de bens alimentares, designadamente de primeira necessidade"
E ALERTA:
"as autoridades para a necessidade de redobrarem os apoios aos mais carenciados, distribuindo bens de primeira necessidade aos mais necessitados e com manifesta escassez de recursos financeiros e alimentares"
Leia mais aqui e aqui

CUIDAR DO NOSSO CORAÇÃO

No CUFC, quarta-feira, 7 de Maio




Cada vez mais é preciso cuidar do nosso coração. Trata-se de uma "máquina" com enormíssima capacidade, mas não é eterna. Se cuidarmos dela, mais tempo poderemos viver. Toda a gente sabe disso, mas os nossos comportamentos nem sempre têm em conta a importância do coração. Eu que o diga, que já apanhei alguns sustos. Daí que assuma a obrigação de falar desta Conversa Aberta, integrada no Fórum::UniverSal, que vai ter lugar no CUFC, na quarta-feira, 7 de Maio, pelas 21 horas. Podem (e devem) participar os que já sofrem do coração e os que desejam apostar em ter um coração mais saudável. O conferencista será Polybio Serra e Silva, da Fundação Portuguesa de Cardiologia, e como moderador teremos o cardiologista aveirense, Rogério Leitão.