domingo, 6 de novembro de 2005

Um poema de Camilo Castelo Branco



  OS AMIGOS 

Amigos cento e dez, e talvez mais,
Eu já contei. Vaidades que eu sentia!
Supus que sobre a terra não havia
Mais ditoso mortal entre os mortais.

Amigos cento e dez, tão serviçais,
Tão zelosos das leis da cortesia,
Que eu, já farto de os ver, me escapulia
Às suas curvaturas vertebrais.

Um dia adoeci profundamente.
Ceguei. Dos cento e dez houve um somente
Que não desfez os laços quase rotos.

—  Que vamos nós (diziam) lá fazer?
Se ele está cego, não nos pode ver…
Que cento e nove impávidos marotos!

Camilo Castelo Branco

AVEIRO ARTE CELEBRA ANIVERSÁRIO

A exposição anual do Aveiro Arte – Círculo Experimental dos Artistas Plásticos inaugurou, ontem, a sua exposição anual
A mostra ficará patente na Galeria Morgados da Pedricosa, próximo do Museu de Aveiro, até dia 30 deste mês. Pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 14 às 19.30 horas, e aos fins-de-semana das 15 às 19 horas. A abertura da exposição contou com um momento de bailado, com coreografia de Yann Tiersen.
Durante o período da exposição decorrerão actividades paralelas, designadamente as visitas guiadas. O artista plástico Artur Fino estará presente no dia 15, pelas 17 horas, e Jeremias Bandarra a 19, pelas 16 horas. As comemorações do Aveiro Arte integra também um ciclo de conferências alusivas ao tema «Os fundadores revisitados».
Gaspar Albino falará sobre o artista Cândido Teles (já falecido), no dia 12, pelas 17 horas, na Galeria Morgados da Pedricosa.Jeremias Bandarra, um dos intervenientes, refere que as «obras apresentadas são inéditas e com tendência para a experimentação e modernidade».
O artista plástico frisa que se trata de «um repertório cultural que valoriza a nossa região e aguça a sensibilidade estética». Para finalizar, Jeremias Bandarra acredita que «esta exposição oferece-nos através da pintura, escultura e fotografia, novos desafios na esfera da criação artística».
(Para ler todo o texto de Cristina Paredes, clique Diário de Aveiro)

sábado, 5 de novembro de 2005

IGREJA LUSITANA CELEBRA 125 ANOS DE VIDA

Igreja Lusitana encerra comemorações do 125.º aniversário
A Igreja Lusitana Católica, Apostólica, Evangélica integra-se na comunhão da Igreja Anglicana e tem como Bispo D. Fernando Luz Soares. No dia 1 de Novembro, festa de Todos os Santos, realizou-se o encerramento das comemorações do 125º aniversário desta Igreja em Portugal, as quais se desenrolavam desde o 1.º Domingo do Advento de 2004. O acontecimento teve lugar na Igreja Catedral de S. Paulo situada em Lisboa, na zona de Santos, com a celebração da ordenação de três novos presbíteros dessa Igreja.
A Igreja Lusitana Católica, Apostólica, Evangélica surgiu na segunda metade do séc. XIX, no contexto do regime liberal, como oposição à tendência absolutista da hierarquia católica, particularmente da definição da jurisdição universal e da infalibilidade pontifícia. Procurou também reagir à “desconfiança em relação á leitura da Bíblia pelos crentes”. Desde 1980 a Igreja Lusitana é membro de comunhão anglicana, tendo como autoridade metropolitana o Arcebispo de Cantuária e congrega 70 milhões de pessoas em todos os continentes.
A Liturgia da Igreja Lusitana é muito próxima da Liturgia da Igreja Católica, e recorre aos textos bíblicos, aos hinos tradicionais e os textos da celebração eucarística são muito semelhantes, bem como os ritos da ordenação.
Ordenação de uma mulher
A novidade desta celebração de 1 de Novembro consistiu no facto de terem sido ordenados três presbíteros para essa Igreja, entre os quais uma mulher, a primeira em Portugal e receber ordenação presbiteral no contexto de uma Igreja com episcopado histórico.A decisão de ordenar mulheres para o sacerdócio foi tomado no Sínodo da Igreja Lusitana em 1990, esclarece um comunicado desta Igreja, “depois de criadas as condições para tal”.
Foram ordenadas os seguintes membros: Elisabeth Sena, solteira, licenciada em Ciêncua Religiosas pala Universidade Católica Portuguesa, e frequentando o 2.º ano Mestrado em Ciências Religiosas com o tema Estética e espiritualidade litúrgica na renovação da Igreja. Profissionalmente é Técnica de Finanças, foi confirmada na Igreja Lusitana em 1989 e ordenada diácona em 1997, sendo responsável pela paróquia de Castanheira do Ribatejo, sendo membro da Sociedade Bíblica de Portugal desde o início deste ano.
Foram também ordenados João Hipólito, de 65 anos, pai de três filhas e Doutor em Medicina pela Universidade de Genebra; e Diamantino Lemos, de 68 anos, que cursou Teologia em Carcavelos, tendo trabalhado na Igreja Metodista em projectos sociais, tendo sido Presidente da União das Instituições Particulares de Solidariedade Social de Aveiro.

Fonte: Voz Portucalense

GAFANHA DA NAZARÉ: PÓLO DE LEITURA

Posted by Picasa PÓLO DE LEITURA NA GAFANHA DA NAZARÉ
Na Gafanha da Nazaré, mais concretamente no Centro Cultural, junto ao Jardim 31 de Agosto, há um Pólo de Leitura da Biblioteca Municipal de Ílhavo. Trata-se de um espaço acolhedor, onde os amantes da leitura podem usufruir de um conjunto de livros que não podem ficar esquecidos.
Se tiver horas para a leitura ou horas de lazer, passe por lá. Escolha um livro a seu gosto e leia. Verá que não está a perder tempo.
F.M.

Um poema de Cabral do Nascimento

AMO O SILÊNCIO Amo o silêncio e as vozes que insinuam, Meigas ciciam, musicais, veladas, Fracas, serenas, pálidas, cansadas, Doces palavras que no ar flutuam. Amo o silêncio e a luz difusa… E amo A tarde cor de cinza, a chuva calma, E o mar sem ondas, liso como a palma Da minha mão aberta… E em cada ramo Das árvores sem folhas, amo os verdes Musgos pendentes, flácidos, em tiras… Assim, minh’alma extática, suspiras, Meu coração tranquilo, assim te perdes! Rude fragor do mundo, sombra fria, Passa de largo! Não me acordes, não! Deixa correr a fonte da ilusão, Enche-me a vida de melancolia…

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Posted by Picasa GAFANHA DA NAZARÉ: Navio-museu Santo André

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Posted by Picasa Gafanha da Nazaré: Casa Gafanhoa; Pólo museológico

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Posted by Picasa GAFANHA DA NAZARÉ: Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, no Forte da Barra

PATRIMÓNIO CULTURAL À NOSSA ESPERA

O TURISMO REGIONAL TEM DE CONTAR COM O NOSSO APOIO
Todos reconhecem que a envolvência das populações na resolução dos problemas é fundamental. Com o povo, penso eu, tudo é mais fácil.
Acontece que já se faz muito pelo turismo regional, com autarquias e instituições vocacionadas para o sector a darem o seu melhor. No entanto, se as pessoas não forem suficientemente motivadas para aproveitarem as benesses da natureza e as ofertas do homem não se chegará muito longe. Urge, pois, apostar na sensibilização do povo, para que usufrua do leque, cada vez mais amplo, das potencialidades turísticas da região, marcadas, não só, pela ria e pelo mar, mas também pelo interior.
Paisagens, património histórico e monumental, museus, recantos com encantos a perder de vista, de tudo um pouco há na região aveirense. E muito do que há está por descobrir por muitos de nós, que nos ficamos quietos, quando o mundo espera por nós, para nos deliciar.
Fernando Martins

PRESIDENTE DA REPÚBLICA PROMOVE O TURISMO

Posted by Picasa Jorge Sampaio Jorge Sampaio inicia hoje jornadas sobre turismo
O Presidente da República inicia hoje uma jornada de quatro dias dedicada ao turismo, que até terça-feira o levará a todas as regiões do país, incluindo Açores e Madeira, e a concelhos onde nunca esteve enquanto Chefe de Estado. Nas jornadas sobre turismo, Jorge Sampaio vai visitar exemplos emblemáticos em diversas áreas do sector: enoturismo, gastronomia e património cultural, desporto, património e ambiente, sol e praia, turismo cultural, ecoturismo e turismo de aventura, artesanato local.
A visita tem início hoje com uma sessão de abertura na Câmara Municipal de Salvaterra de Magos, onde discursam Jorge Sampaio e Ana Cristina Ribeiro, presidente da autarquia.Antes, à chegada ao concelho ribatejano, o Chefe de Estado visita o Centro de Interpretação e Educação Ambiental do concelho.Depois, Jorge Sampaio segue para Escaroupim, uma zona ribeirinha totalmente recuperada, ponto de partida para passeios turísticos de barco pelo rio Tejo, e visita em seguida a Quinta da Alorna, no concelho de Almeirim, onde participa numa prova de vinhos.
Do enoturismo para a gastronomia, Jorge Sampaio ruma depois à Feira de Gastronomia de Santarém, que comemora o seu 25º aniversário, almoçando depois com dirigentes das regiões de turismo e com o novo presidente da câmara local, Francisco Moita Flores.À tarde, o Presidente visita a Quinta da Barca, em Esposende, e segue depois para o Algarve, onde termina o dia num jantar com empresários do sector em Vilamoura.
Fonte: PÚBLICO ON-LINE

sexta-feira, 4 de novembro de 2005

FÁTIMA: MISSA DA ESPERANÇA

Posted by Picasa "Missa da Esperança" junta brasileiros e portugueses
No próximo dia 6 de Novembro, Domingo, será celebrada no Santuário de Fátima a "Missa da Esperança", celebração que se pretende vivida em sentido de oração e recolhimento, pelos doentes e pelos mais desprotegidos.
O Santuário acolhe pela terceira vez esta iniciativa, proposta pelo Conselho da Comunidade Luso-brasileira, e que tem a particularidade de, após a celebração da Eucaristia, contar com a presença de um grupo de cantores, de Portugal e do Brasil, que dedicam uma canção/oração a Nossa Senhora, no momento da oração do Rosário, na Capelinha das Aparições.
Este ano vão estar presentes no Santuário os cantores brasileiros P. António Maria, Joanna e Maria Bethânia, e os cantores portugueses Marco Paulo e Kátia Guerreiro.
O programa inicia-se pelas 11 horas, com a celebração da Santa Missa, no Recinto de Oração, presidida pelo Bispo de Leiria-Fátima, D. Serafim Ferreira e Silva. Terminada a Eucaristia, por volta das 12.15 horas, e após a procissão com a imagem de Nossa Senhora de Fátima de regresso à Capelinha das Aparições, segue-se a oração do Rosário, naquele lugar, com a dedicação de um tema musical à Virgem.
Está também confirmada a presença do Embaixador do Brasil em Portugal, Paes de Andrade; do Presidente do Conselho da Comunidade Luso-brasileira, António dos Ramos; e do Seleccionador Nacional de Portugal, Luís Felipe Scolari.
A "Missa da Esperança" será, de novo, transmitida em directo pelas estações de televisão RTP – Canal 1 e RTP Internacional – e Rede Vida de Televisão (Brasil) .
Recorde-se que, em 2004, 65 mil pessoas participaram na celebração da segunda "Missa da Esperança", realizada a 21 de Novembro.
Fonte: Ecclesia

Citação - 1

"Nada é mais natural num debate que discordar. O problema não está aí. Está antes em não se aprofundar essa discordância. Em não se fazer um esforço para que ela possa ser «mutuamente compreendida». Hoje o interesse numa discussão reside mais em saber quem a vence do que em esclarecer o porquê das divergências."
Tiago Mendes,
no Diário Económico
In "Citador"

Um artigo de Clara Ferreira Alves, no Diário Digital

Paris já está a arder
Paris está, de facto, a arder. Mas, estes fogos postos são um pequeno rastilho aceso dos fogos que estão para vir. Quem deixar o centro de Paris e as suas conotações fantasistas e românticas pintadas de Sena e Torre Eiffel, de cafés e boulevards, de croissants e gastronomia, e decidir apanhar a rede de metro suburbana e deixar-se arrastar pela viagem à «grande banlieue parisienne», sabe que o aguarda o inferno no fim da linha. É como passar de um mundo para outro, nos antípodas. Os subúrbios de Paris, onde moram tantos imigrantes, entre eles os portugueses, são uma massa de desumana arquitectura, talhada e arrumada de propósito para mostrar a quem lá vive a sua alienação e a sua diferença desintegrada. É uma arquitectura monstruosa e apocalíptica, de corredores desabrigados e materiais frios, sem vida comunitária. Lugares onde as pessoas vivem como em gaiolas, atomizadas, isoladas, reduzidas à ínfima espécie da sua condição menor. Por mais que a França igualitária, republicana, fraternal e idealista, criadora dos Direitos do Homem e herdeira espiritual do Iluminismo queira pensar e repensar o fenómeno da integração dos imigrantes e da suas políticas, o facto saliente é este: ninguém, salvo escassíssimas excepções, está integrado. Magrebinos, negros, árabes, os grupos mais representados, quase todos eles um subproduto residual do colonianismo francês e das suas guerras de libertação, sabem à partida que podem trabalhar em França, viver em Paris, mas, viverão sempre à sombra da luz que ilumina os brancos e os filhos da terra e do sangue. O racismo francês, latente ou explícito, contaminou sempre a sociedade francesa, uma das sociedades mais chauvinistas e xenófobas do mundo, apesar da capa «cultural» e das manias snobs dos intelectuais que gostam de «descobrir» culturas marginais mas, nunca, de as integrar de pelo direito como francesas ou europeias. A integração cultural, falsa, assente em meia dúzia de participações controladas dos estrangeiros «escolhidos», não oculta nem pode ocultar a separação profunda e radical entre o Estado francês e os grupos étnicos que lhe são estranhos, pelos hábitos, as tradições, a pobreza, a ignorância e a cor da pele. Esta gente, remetida para guetos donde só saem para trabalhar, espera na ansiedade, na raiva e no desespero. Paris não é Londres nem Nova Iorque, que acolheram sociedades multirraciais sem fracturas nem degradações tão humilhantes como as que atingem os imigrantes em França. Paris não é, sequer, Berlim. É uma capital de luxo e bem-estar, cercada de arame farpado e favela melhorada. Nem Sarkozy, nem Villepin, nem os decrépitos partidos franceses e os seus dirigentes, mais um Chirac decadente e na recta final, estão preparados para enfrentar este magno problema, que requer mais do cargas policiais e manifestações de força e autoridade. Estes imigrantes desafectados tornar-se-ão, no seu abandono, um perigo sociológico e uma subcultura de crime e desvio da norma.

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Posted by Picasa Torreira: paisagem da ria TORREIRA merece sempre uma visita
A Torreira merece sempre uma visita. Mesmo em dia de chuva, o mar e a ria oferecem-nos paisagens e tonalidades que encantam. Sem o bulício dos tempos de praia, com gente que corre em busca das águas calmas, a maior parte das vezes, do mar e da ria, a Torreira do Outono também tem um ambiente agradável. E se aprecia peixe fresco, não faltam restaurantes com serviço agradável.
Passe por lá.
F.M.

Desafios colocados à Igreja

Formação permanente para o clero de Aveiro
Nos próximos dia 7 e 8 de Novembro, segunda e terça-feira, no Stella Maris, com início às 9.30 e encerramento às 17 horas, decorrem as Jornadas da Formação Permanente, destinadas aos padres e aos diáconos da Diocese, podendo também participar os consagrados e os leigos que o desejarem.
A temática das Jornadas relaciona-se com o Plano Diocesano de Pastoral, que neste período nos orienta para o melhor conhecimento da sociedade em mudança, em ordem ao serviço às pessoas e às comunidades.
Três temas nos ajudarão a reflectir, a partilhar conhecimentos e experiências e a tentar caminhos novos de acção:
- Olhar a sociedade e ver aí os sinais dos tempos e seus dinamismos, Dr. Manuel Ferreira Rodrigues, da Universidade de Aveiro, Departamento das Ciências da Educação;
- Problemas mais emergentes da Bioética e desafios postos à Igreja, Padre Francisco José de Oliveira Martins, do presbitério diocesano;
- Desafios do laicismo e oportunidades da laicidade para a acção pastoral e apostólica, Bispo de Aveiro.

Igreja promove diálogo com cientistas

Vaticano não quer mais «casos Galileu»
O Vaticano quer criar “um novo clima de diálogo” entre cientistas e teólogos, promovendo já na próxima semana o I Congresso Internacional do projecto STOQ(Science, Theology and the Ontological Quest - ciência, teologia e a busca ontológica), sobre o tema “O infinito na ciência, na filosofia e na teologia”. Especialistas de todo o mundo estarão no Vaticano, de 9 a 11 de Novembro, para participar nesta iniciativa do Conselho Pontifício para a Cultura (CPC).
O presidente deste Dicastério, Cardeal Paul Poupard, disse hoje, em conferência de imprensa, que “todos sabem onde pode levar uma razão científica que seja um fim em si mesma: a bomba atómica e a possibilidade de clonar seres humanos são frutos de uma razão que se quis libertar de qualquer vínculo ético ou religioso”.
Os perigos da separação entre ciência e religião também se fazem sentir para os crentes: também estamos conscientes dos perigos de uma religião que corta os seus vínculos com a razão e se torna presa do fundamentalismo”, disse o Cardeal francês.Apresentando o Congresso aos jornalistas, o presidente do CPC explicou que o STOQ quer “oferecer ao mundo científico parceiros competentes com os quais dialogar sobre as várias questões que o desenvolvimento das ciências, em especial as naturais, colocam nos nossos dias”.
(Para ler mais, clique aqui)

quinta-feira, 3 de novembro de 2005

LAICISMO E INDIFERENTISMO

O Estado é leigo na matéria Religião
Duas tendências da sociedade actual, laicismo e indeferentismo, obrigam a repensar o modo de ser e agir em Igreja. Duas centenas de pessoas juntaram-se no Seminário para discutir o assunto
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“Em questões de religião, o Estado tem que perceber que é leigo na matéria”, afirmou o padre jesuíta Vasco Pinto de Magalhães, na jornada sobre “Laicismo e Indiferentismo”. O “Estado é laico; o povo tem as crenças que tiver. O Estado é a-religioso, o que é muito diferente de ser anti-religioso. Compete-lhe gerir todas as formas de religiosidade de maneira a que as pessoas vivam os seus espaços de religiosidade”, disse.
A Jornada, organizada por várias instituições lideradas pelo CUFC, reuniu duas centenas de pessoas em Aveiro, na noite de sexta-feira e manhã de sábado, para falar de duas tendências do tempo actual que obrigam a repensar o modo de estar da Igreja: o laicismo e o indiferentismo.
Como laicismo entende-se a corrente que pretende relegar a religião para o espaço privado. Em última instância, para a consciência de cada pessoa, apagando-a do espaço público. Essa tendência, presente em alguns políticos portugueses e muito actuante na Europa, é um “laicismo serôdio”, diria o Bispo de Aveiro no sábado de manhã, relembrando o laicismo anticlericalista dos sécs. XIX e XX.
Indiferentismo é o caldo cultural difuso e ambíguo, em que a sociedade actual vive, e que se caracteriza pelo relativismo moral, pelos compromissos descartáveis, pelas opções contraditórias, verificadas, inclusive nos peregrinos de Fátima, como mostrou um estudo apresentado pela gestora Madalena Abreu. O indiferentismo “é um inimigo que está dentro de casa”, afirmou o jesuíta, reconhecendo que é a base para que o laicismo seja aceite sem ser criticado.
Pluralismo ambivalente
O director do Centro Universitário Manuel da Nóbrega (Coimbra), reconheceu que o laicismo poderá fazer um grande caminho na sociedade portuguesa, com consequências nefastas como a eliminação das aulas de Educação Moral e Religiosa Católica. “Prevejo que vai ser muito pior do que será. Há claramente vontade de as eliminar do mapa”, afirmou, reconhecendo que, enquanto Igreja, “quase só temos questões; não temos estratégias”. No entanto, “a Igreja está preparada para passar perseguição”. “Os tempos de expulsão são tempos de santidade”.
Numa intervenção mais moduladora, Manuel Alte da Veiga expôs a ambivalência do pluralismo (positivo: a troca de ideias; negativo: o sentimento de andarmos perdidos), para afirmar de seguida a “teoria do grupo perfeito”, ou seja, aquele que é “perfeitamente grupo”, porque “cada qual tem a oportunidade de manifestar a sua opinião, sem se sentir oprimido”.
Segundo o professor reformado da Universidade do Minho e actualmente a colaborar No ISCRA, no grupo perfeito, “o negativo da pluralidade converte-se em positivo de tendência para a verdade”. Alte da Veiga sublinhou a importância do grupo perfeito na educação, “expressão maior do segundo útero”, e deu um exemplo de alcance prático na vida da Igreja: “Por que é que não podemos pedir explicações ao padre no fim da homilia?”
A Igreja no debate cultural
D. António Marcelino, na última intervenção da Jornada, descreveu vários domínios da sociedade segundo o laicismo e segundo a laicidade. Alguns exemplos: A economia pode ser o domínio das leis de mercado, ou ter rosto humano. A cultura poder ser relativista (“tudo é igual”) ou criticar as várias “verdades” para definir prioridades.
A terminar, D. António Marcelino apontou caminhos para a Igreja e seus agentes. Estes caminhos sugerem uma nova atitude no campo cultural: “[A Igreja tem de] estar activa nos debates culturais, (...) entrar no comboio, saber o lugar que lhe compete (...), promover iniciativas concretas no contexto intercultural”. Trata-se, disse o Bispo de Aveiro, de “cultivar o pluralismo legítimo e equilibrado”, “sem pôr em causa o mundo da fé”.
Fonte: Correio do Vouga. Trabalho do jornalista Jorge Pires Ferreira

A Casa abrigo "VeraVida"

A Casa Abrigo «VeraVida», uma valência do Centro Social Paroquial da Vera Cruz (CSPVC), abriu a 21 de Março passado e está com a sua capacidade esgotada (16 utentes)
Paula Hipólito, directora de serviços do CSPVC, refere que «se fosse maior deixaria de ser um lar como se pretende». A entrada na «VeraVida» é faseada e quem já se encontra há mais tempo ajuda a estabilizar quem chega.
O serviço está preparado para acolher temporariamente mães e filhos, menores de 12 anos, vítimas de violência e oriundos de qualquer ponto do nosso país. É um espaço de protecção e de segurança, que permite às mulheres e crianças utentes o tempo e a oportunidade de sarar feridas, mediar conflitos e repensar projectos de vida.
As crianças são integradas nas valências do CSPVC e nas escolas. O regulamento prevê que cada utente permaneça na Casa Abrigo durante um período até seis meses, altura em que a equipa técnica procede a uma avaliação global.
No entanto, pode haver excepções, ou seja, utentes que ainda não tenham o seu projecto de vida delineado e que por isso verifica-se a necessidade de prolongar os seis meses regulamentados. «É um sítio de passagem, onde a pessoa vai recuperando e, depois, a comunidade encarregar-se-á de a regenerar outra vez», assinala o padre Rocha, presidente da Direcção do CSPVC.
Paula Hipólito garante que «as mulheres que deixam a Casa Abrigo nunca são abandonadas, porque as técnicas mantêm um certo contacto com elas». Por sua vez, Emília Lima, psicóloga, acrescenta que há situações em que as mulheres regressam às suas casas, para junto do agressor.

(Para ler todo o trabalho da jornalista Cristina Paredes, clique Diário Aveiro)

HÁ PENSIONISTAS RICOS À BOLEIA DOS POBRES

Utentes com fracos rendimentos vão ter que autorizar o acesso aos seus dados fiscais

Os reformados que recebem pensões muito baixas e as pessoas que provem insuficiência económica e que, por isso, têm direito a um regime especial de comparticipação de medicamentos vão ter que assinar uma declaração autorizando o acesso aos seus dados fiscais pelos serviços de saúde, anunciou ontem o ministro da Saúde, Correia de Campos, em conferência de imprensa. Embora na população portuguesa só existam 18 por cento de pensionistas com direito a regime especial de comparticipação, 53 por cento do receituário nacional tem benefícios de comparticipação com base neste critério, explicou o ministro. "É injusto que haja quem ande à boleia dos que mais precisam", comentou.
Esta desproporção é considerada uma prova de que está a haver abusos. O governante estima que "o montante potencial da irregularidade" possa andar entre os 18 e os 21 milhões de euros.
Com o objectivo de moralizar o sistema, Correia de Campos quer mudar os meios de prova de rendimentos baixos. Os pensionistas com direito ao regime especial de comparticipação - cujo rendimento total anual não exceda 14 vezes o salário mínimo nacional - terão que assinar um documento em que declaram, sob compromisso de honra, que não têm mais rendimentos sem ser a pensão. Até agora, bastava apresentar um comprovativo do valor da pensão.
A mesma declaração poderá ser assinada por pessoas com insuficiência económica que queiram continuar a usufruir da comparticipação a 100 por cento, que desceu recentemente para 95 por cento.

BEETHOVEN NO AVEIRENSE

NONA SINFONIA NO TEATRO AVEIRENSE
Não é todos os dias que podemos ouvir, ao vivo, a Nona Sinfonia de Beethoven, para muitos uma obra-prima da música clássica. Mas no sábado, dia 5 de Novembro, está ao nosso alcance assistir, no Teatro Aveirense, a um concerto da Orquestra Filarmonia das Beiras, recentemente reactivada, que encerra os Festivais de Outono, interpretando a Nona Sinfonia e o Concerto nº 5 para Piano, de Ludwig van Beethoven.
A Orquestra Filarmonia das Beiras vai ser dirigida por António Vassalo Lourenço e acompanhada pelo Coro da Fundação Conservatório Regional de Gaia.