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terça-feira, 6 de dezembro de 2016

O Natal não é ornamento




"O Natal não é ornamento: é fermento
É um impulso divino que irrompe pelo interior da história
Uma expectativa de semente lançada
Um alvoroço que nos acorda
para a dicção surpreendente que Deus faz
da nossa humanidade

O Natal não é ornamento: é fermento
Dentro de nós recria, amplia, expande

O Natal não se confunde com o tráfico sonolento dos símbolos
nem se deixa aprisionar ao consumismo sonoro de ocasião
A simplicidade que nos propõe
não é o simplismo ágil das frases-feitas
Os gestos que melhor o desenham
não são os da coreografia previsível das convenções

O Natal não é ornamento: é movimento
Teremos sempre de caminhar para o encontrar!

Entre a noite e o dia
Entre a tarefa e o dom
Entre o nosso conhecimento e o nosso desejo
Entre a palavra e o silêncio que buscamos
Uma estrela nos guiará
O Natal não é ornamento"


José Tolentino Mendonça

domingo, 20 de novembro de 2016

José Tolentino Mendonça vence Prémio Teixeira de Pascoaes

Júri atribuiu o prémio, no valor de 12.500 euros, 
a A Noite Abre Meus Olhos, 
volume que reúne a obra poética do autor

Tolentino Mendonça (Foto do meu arquivo)


«O Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes, promovido pela Associação Portuguesa de Escritores (APE) com o patrocínio da Câmara Municipal de Amarante, foi atribuído ao livro A Noite Abre Meus Olhos (Assírio & Alvim, 2014), de José Tolentino Mendonça, uma reedição da poesia reunida do autor, ampliada com os seus títulos mais recentes: O Viajante Sem Sono(2009), Estação Central (2012) e A Papoila e o Monge (2013).
O júri, constituído por Isabel Cristina Mateus, José Carlos Seabra Pereira e José Manuel Mendes, decidiu por unanimidade atribuir este prémio, no valor de 12.500 euros, à obra de Tolentino Mendonça, elogiando a sua “coerência interna” e a “construção de linguagem fortemente visual que se sente respirar rente ao coração do mundo".»

Ler mais  no PÚBLICO

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Da verdade do amor

Da verdade do amor se meditam
relatos de viagens confissões
e sempre excede a vida
esse segredo que tanto desdém
guarda de ser dito

pouco importa em quantas derrotas
te lançou
as dores os naufrágios escondidos
com eles aprendeste a navegação
dos oceanos gelados

não se deve explicar demasiado cedo
atrás das coisas
o seu brilho cresce
sem rumor

José Tolentino Mendonça

NOTA: Congratulo-me com a atribuição do Grande Prémio de Poesia Teixeira de Pascoaes a um dos maiores poetas do nosso tempo, José Tolentino Mendonça, cuja obra conheço desde há muito. Da justeza do prémio, o júri, que lho atribuiu por unanimidade, fala por si e torna indiscutível a decisão. Os meus parabéns ao poeta Tolentino Mendonça, mas também ao padre, cronista, ensaísta, biblista, docente universitário, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa, diretor do Centro de Estudos de Religiões e Culturas e consultor do Pontifício Conselho para a Cultura, na Santa Sé.

sexta-feira, 29 de julho de 2016

O que resta de religioso nesta sociedade "laica"

Reflexão de José Tolentino Mendonça




As nossas sociedades tornam-se fisicamente extenuantes para os indivíduos, e parece faltar um apoio para as difíceis questões que respiram em nós com maior frequência: «Porquê precisamente a mim?»; «Que fazer da minha vida quando tenho de decidir sozinho?»; «Para que serve viver, se temos de desaparecer sem deixar rasto?»

Relativizado o círculo confessional, a religião tornou-se um estimulante terreno inculto para a produção científica e cultural mais heterogénea. É um fenómeno aparentemente inexaurível de meditação no qual todos têm alguma coisa a dizer: sociólogos, antropólogos, pensadores de teoria política, romancistas...
Nos nossos dias vão adquirindo plausibilidade, aplicadas ao religioso, expressões que aos ouvidos de outros séculos pareceriam totalmente insólitas, como «restrição de campo», «reconfiguração», «deslocação para a esfera íntima», «mudança de papel social», «religião implícita», tudo expressões que dizem muito do processo epocal em que nos encontramos.

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sábado, 21 de maio de 2016

Bruce Springsteen é um «profeta bíblico»

O concerto do "Boss" narrado por José Tolentino Mendonça


«A noite pertence a Bruce Springsteen. E o concerto desta quinta-feira pode bem ser contado como essa poderosa revelação»: é com estas palavras cheias de acordes que José Tolentino Mendonça descreve o concerto do cantor e compositor norte-americano que atuou em Lisboa, no primeiro dia do festival "Rock in Rio".
Em texto publicado hoje na página do jornal Expresso, o padre e poeta escreve que «por duas horas e três quartos, unindo canções quase sem pausas, ao jeito do fumador que acende compulsivamente os cigarros uns nos outros, e está ali ocupado unicamente com a sua obsessão, Bruce foi ele próprio» para as 67 mil pessoas que, segundo a organização, assistiram ao concerto.
«Ouvíamo-lo apenas a arrancar para os músicos o sinal "um, dois, três" e a deixar-se ir: a guitarra, a harmónica, a garganta recôndita e o resto, claro. Os braços levantados, os saltos, as palmas, a noite transformada em paisagem sonora, o microfone partilhado com o público, o avanço pela plataforma para ser tocado por um mar de mãos, para propagar-se também fisicamente, mostrando que não podia estar nem mais entregue, nem mais próximo», refere o vice-reitor da Universidade Católica.
Para Tolentino Mendonça, Bruce Springsteen «é um cowboy do asfalto. Um profeta bíblico. Um aborígene que vem até nós descendo o rio na sua jangada. Um sonhador insone. Um soldado cheio de ferimentos, a maior parte deles incuráveis, dos combates do amor. Um vigia da alegria e dos seus abismos. Um narrador para a solidão dos homens e para a invencível esperança. Ele é tudo isso. E também uma central alquímica de altíssima voltagem, uma rebentação de vida que não resigna, um incrível fenómeno estelar em expansão».

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Também o jornal do Vaticano se refere Bruce Springsteen. Ver aqui 

sábado, 5 de dezembro de 2015

Presidente da República condecorou Tolentino Mendonça

Tolentino Mendonça na cerimónia


O Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, atribuiu hoje a José Tolentino Mendonça, primeiro diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, o grau de comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada.
Na cerimónia, que decorreu no Palácio de Belém, em Lisboa, foram distinguidas várias personalidades das áreas da Cultura e da Ciência, anuncia a página da Presidência da República.
Ao cientista e historiador Henrique Leitão, Prémio Pessoa 2014, foi igualmente atribuído o grau de comendador da Ordem de Sant’Iago da Espada, enquanto que a José Roquette, cirurgião cardiotorácico, investigador e professor universitário, foi imposta a insígnia de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.

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NOTA: Congratulo-me com a condecoração atribuída ao padre, poeta, biblista, ensaísta, cronista, entre outras valências do domínio da cultura, que muito admiro e cuja obra procuro conhecer à  medida que vai sendo publicada. Tive, felizmente, o privilégio de o conhecer mais de perto em reuniões promovidas pelo Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, percebendo, então, a sua  extensa capacidade cultural, em várias frentes, nomeadamente, da área eclesial, mas não só. As minhas felicitações para o condecorado.

domingo, 22 de novembro de 2015

Papa Francisco é uma «bússola» para o mundo

Papa Francisco é uma «bússola» para o mundo 
e o «encontro» é o maior desafio que lança à Igreja, 
diz Tolentino Mendonça



O padre José Tolentino Mendonça considera que «a palavra forte e firme do papa Francisco é verdadeiramente uma bússola» e o termo «"encontro", no seu dinamismo, representa talvez o maior desafio que faz à Igreja».
As declarações do vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa foram proferidas no programa "Il diario di Papa Francesco", que a televisão Tv2000, da Igreja católica em Itália, transmitiu esta quinta-feira.
Na emissão em direto, o anterior diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura foi convidado a eleger uma palavra das palavras que caracteriza o ensinamento de Francisco, tendo escolhido «encontro», substantivo que se lhe apresenta como um «programa».

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quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Tolentino Mendonça de novo distinguido

José Tolentino Mendonça: 
Itália reconhece de novo o poeta lusitano e "pasoliniano"



«Depois da participação, em maio de 2006, na Feira do Livro de Turim, como um dos representantes de Portugal - no mesmo ano em que foi publicada em Itália a sua antologia poética, traduzida por Manuele Masini ("La notte apre i miei occhi", "A noite abre os meus olhos", Editora ETS, Pisa); depois de ter sido escolhido como a voz poética lusófona do Festival Mediterranea, que teve lugar em julho de 2010 na Ilha Tiberina [Roma] e, um ano depois, de ter sido o artista português, entre os sessenta escolhidos em todo o mundo, a participar na mostra "O esplendor da verdade, a beleza da caridade", que solenizava o 60.º aniversário da ordenação sacerdotal de Bento XVI; por fim, depois de em 2014 ter representado Portugal no Dia Mundial da Poesia, a grande festa das literaturas europeias realizada em Roma pela rede EUNIC, com o patrocínio da Comissão Nacional Italiana para a UNESCO, José Tolentino Mendonça regressa a Roma, na véspera do cumprimento do seu primeiro meio século de existência, para receber um outro reconhecimento literário da Itália.»

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Nota:Não será novidade para os meus leitores e amigos a admiração que nutro pelo padre, poeta, biblista e ensaísta José Tolentino Mendonça, cujos livros leio e releio ao sabor das minhas necessidades espirituais e culturais. Não posso, portanto, ficar indiferente ao reconhecimento público da sua obra e à justa e merecida distinção de que é alvo a vários níveis. Desta feita, Itália reconhece de novo o poeta lusitano. Os meus parabéns.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Tolentino Mendonça vence Prémio Literário

«A Mística do Instante» 
recebe prémio ‘Res Magnae 2015’





“É impossível pensar um caminho de fé que não tenha a ver com o que ouvimos, o que vemos, o que tateamos, o que nos chega através do odor, muitas vezes invisível, ou então do sabor de Deus”, afirmou o sacerdote e poeta madeirense, em entrevista à Agência ECCLESIA, aquando da publicação da obra.

NOTA: Felicito o padre, poeta, ensaísta e biblista  José Tolentino  Mendonça por mais esta distinção, que eu, modesto leitor do que ele escreve, bastante aprecio e sigo regularmente. Os meus sinceros parabéns. 

terça-feira, 16 de junho de 2015

Precisamos de uma iniciação ao silêncio


«O silêncio é um traço de união mais frequente do que se imagina, e mais fecundo do que se julga. O silêncio tem tudo para se tornar um saber partilhado sobre o essencial, sobre o que nos une, sobre o que pode alicerçar, para cada um enquanto indivíduo e para todos enquanto comunidade, os modos possíveis de nos reinventarmos. Mas para isso precisamos de uma iniciação ao silêncio, que é o mesmo que dizer uma iniciação à arte de escutar.»

Da Crónica de José Tolentino Mendonça no EXPRESSO


sexta-feira, 22 de maio de 2015

Paciência

«A paciência é a capacidade de não desesperar»


São Tomás de Aquino, 
citado por Tolentino de Mendonça 
em “A mística do instante — O tempo e a promessa”

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Em louvor de Tolentino Mendonça

Ou o exemplo 
de uma poética 
da espiritualidade



Durante anos decisivos da sua existência ao serviço da Igreja e da cultura em Portugal, o Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura (SNPC) foi orientado e movido pelo Padre José Tolentino Mendonça, que o conduziu com a força tranquila do exercício cristão dos seus talentos de inteligência e sensibilidade.
O rosto e a travessia do SNPC refletiram, pois, o perfil e a atitude de um Diretor não preocupado em ter presença espetacular ou intervenção ostensiva no terreno (ciente, aliás, de que «nenhum nome/ serve jamais para dizer/ o fogo»), mas empenhado na eficiência discreta e no gesto inspirador de uma autêntica poética da espiritualidade.
Graças a Tolentino Mendonça, o SNPC foi durante anos ajudando a descobrir o sentido nos «intervalos do silêncio», que os atos e as palavras guardam. No confronto com «o assombro e a tensão inerentes à vida» foi apontando ou abrindo caminhos de "via spiritus" e "via pulchritudinis" para o valor divino do humano.
Com a contenção que impera na sua obra lírica, com a densidade de sugestões reflexivas que dela ressalta para as suas crónicas e para as suas homilias, a sua condução do SNPC ensinou a ver o implícito e a ler o flagrante segundo uma gramática do assentimento, na «partilha/ do furtivo/ lume».
Iniciados nesta poética da espiritualidade, vamos cultivar o seu exemplo!

José Carlos Seabra Pereira
Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura
Publicado em 18.11.2014


Nota: Faço minhas as palavras certas e oportunas do novo Diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura. Tive o prazer de me encontrar algumas vezes com o padre e poeta Tolentino, cujos escritos me habituei a ler e a meditar a partir deles. Continuarei a saborear os seus livros à medida que forem publicados. Presentemente estou com o mais recente, "A Mística do Instante", que me conduz por caminhos que eu nunca havia calcorreado. E com que prazer tenho encontrado paisagens de corpo e alma, com tonalidades de puro deleite! Do padre Tolentino muito teremos ainda de esperar porque a sua riquíssima sensibilidade está atenta à vida que vale a pena ser vivida.

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segunda-feira, 6 de outubro de 2014

IGREJA PERITA EM HUMANIDADE?

“Alguém duvida que 2000 anos
de história da Igreja 
a tornaram numa perita em humanidade?”



«O seu nome foi recentemente proposto pelo CDS-PP para a Comissão Nacional de Ética e para as Ciências da Vida (CNECV), mas José Tolentino Mendonça é conhecido como sacerdote ligado à Cultura e como escritor e poeta. A mística do instante: O tempo e a promessa é o seu mais recente livro e sai com o PÚBLICO a partir desta segunda-feira. O vice-reitor da Universidade Católica explica por que razão faz sentido falar sobre mística no século XXI, fala da convivência dos povos e, claro, sobre qual poderá ser o seu papel na CNECV.»

Ler entrevista do padre e poeta José Tolentino Mendonça no PÚBLICO .


domingo, 24 de agosto de 2014

UM POEMA DE JOSÉ TOLENTINO MENDONÇA





ESPLANADAS

Um sofrimento parecia revelar
a vida ainda mais
a estranha dor de que se perca
o que facilmente se perde
o silêncio as esplanadas da tarde
a confidência dócil de certos arredores
os meses seguidos sem nenhum cálculo

Por vezes é tão criminoso
não percebermos
uma palavra, uma jura, uma alegria

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A SOCIEDADE DO CANSAÇO

Crónica de José Tolentino Mendonça

«A verdade é que as nossas sociedades ocidentais estão a viver uma silenciosa mudança de paradigma: o excesso (de emoções, de informação, de ofertas, de solicitações…) está a atropelar a pessoa humana e a empurra-la para um estado de fadiga, de onde é cada vez mais difícil retornar. O risco é o aprisionamento permanente nessa armadilha como explicava profeticamente Fernando Pessoa: «Estou cansado, é claro,/ Porque, a certa altura, a gente tem que estar cansado./ De que estou cansado não sei:/ De nada me serviria sabê-lo/ Pois o cansaço fica na mesma». Valia a pena pensar nisto.»


terça-feira, 20 de maio de 2014

ALIMENTAMO-NOS UNS DOS OUTROS



«É verdade que à mesa não nos alimentamos apenas ao mesmo tempo e dos mesmos alimentos. Alimentamo-nos uns dos outros. Somos uns para os outros, na escuta e na palavra, no silêncio e no riso, no dom e no afeto, um alimento necessário, pois é de vida (e de vida partilhada) que as nossas vidas se alimentam.»


Em “O Hipopótamo de Deus 
— Quando as perguntas que trazemos valem mais 
do que as respostas provisórias que encontramos”, 
de José Tolentino Mendonça




sexta-feira, 18 de abril de 2014

Falar e ser entendido

Editorial  de José Tolentino de Mendonça 




Durante muito tempo o desafio da renovação eclesial esteve centrado na necessidade de encontrar uma nova linguagem. Um dado era (e continua a ser) evidente: a linguagem habitual não só dos documentos, mas até da pregação da Igreja, já não é entendida pelos nossos contemporâneos. Podemos simplesmente cruzar os braços e denunciar a falta de uma formação cristã de base. Contudo, o desencontro entre a mensagem e os seus destinatários continua lá. E o “desencontro” não é só “ad extra”: dentro das nossas próprias comunidades contam-se pelos dedos os que resistem a uma leitura integral de um texto mais longo do magistério. Ora isso gera uma desarticulação e uma incomunicabilidade que só acentuam a fragmentação do corpo eclesial. Não funcionamos como arquipélagos, mas como desagregadas ilhas.

terça-feira, 15 de abril de 2014

A fé alimenta-se de poesia


«Cada poema é um início. Como o estar sempre perante o branco, perante o silêncio, perante o não saber. E recomeçar. A fé alimenta-se muito disso, porque a fé não é o acumulado do ontem, mas é viver no aberto da esperança e do corpo, do nascer e do morrer, do amor e da fragilidade. E no fundo a escrita treina-me para a sucessão de começos que a vida é nas suas várias dimensões.»

José Tolentino Mendonça

De uma entrevista publicada na revista ESTANTE, para ler aqui

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

A Essência das Religiões



O semanário EXPRESSO iniciou, no passado sábado, a oferta de uma coleção de seis livrinhos sobre "A Essência das Religiões" de Huston Smith, com prefácio do padre, poeta, biblista e teólogo José Tolentino Mendonça. Como se trata de oferta, permitam-me que refira a oportunidade e a conveniência de os habituais leitores do EXPRESSO aproveitarem o facto para ficarem com uma ideia do que propõem religiões tão importantes como Hinduísmo, Budismo, Confucionismo e Taoismo, Islamismo, Judaísmo  e Cristianismo.
Na contracapa do primeiro volume diz-se que «Nunca compreenderemos o mundo onde vivemos se não compreendermos a religião em que fomos educados e as religiões em que foram educados os nossos vizinhos»,  E ainda: «No preciso momento em que lê estas linhas, um pouco por todo o mundo haverá cristãos ajoelhados em prece, judeus a recitar a Tora, muçulmanos a rezar voltados para Meca, Hindus a banharem-se nas águas sagradas do Ganges, monges budistas a meditar... Neste preciso momento, milhares de fiéis procuram na religião uma paz e um consolo que só a fé lhes consegue trazer.»
Tolentino recorda que «Nós portugueses temos uma relação histórica de encontro e de desencontro com a Índia e o Hinduísmo, e isso prova bem como só temos a ganhar em conhecer melhor, sem preconceitos, a verdade uns dos outros».

domingo, 15 de dezembro de 2013

Uma conversa com Deus




"Uma conversa com Deus" saiu na Revista do EXPRESSO deste fim de semana. É uma entrevista muito bem conseguida, na minha modesta opinião,  em que José Tolentino  Mendonça ousa interrogar  Deus sobre diversos assuntos. E diz no final da conversa: «Quando me desafiaram a fazê-lo, comecei a construir imediatamente uma estratégia: iria falar das conversas de outros com Deus. Na tradição mística, por exemplo, abundam colóquios, êxtases, arrebatamentos, visões... O meu plano era falar disso, escondendo-me confortavelmente atrás desses exemplos. Mas percebi depois que não tinha qualquer saída, pois esperavam que este texto fosse construído  com perguntas e respostas. A única coisa que considerei então sensata foi arquitetar um texto em que as perguntas fossem respondidas dando lugar a perguntas maiores. Foi o que tentei e não sei se consegui. É mais fácil conversar com Deus sem outros ouvidos a ouvir.»




Conversando com Deus não se dá pelo tempo...



Como é que Deus se pode contar? Se é que se pode contar... 

Falem de mim por aquilo que vos está mais próximo, é a melhor maneira Oiçam as crianças e os poetas. Oiçam as montanhas, os oceanos. Oiçam as árvores e as folhas de erva. Um poeta escreveu: «Creio que uma folha de erva não vale menos do que a jornada das estrelas,/ E que a formiga não é menos perfeita.../ E que o sapo é uma obra-prima para o mais exigente,/ E que a vaca ruminando com a cabeça baixa supera qualquer estátua,/ E que um rato é milagre suficiente para fazer vacilar milhões de infiéis». Ele tem razão.

Mas falar de Deus assim, dessa forma tão próxima, também confunde... 

Gosto de observar a vossa irrequíetude. Nada vos parece suficiente. Nada serve como definitivo. Pergunto-me, por vezes, se isso é defeito ou feitio.

E chega a alguma conclusão?

(Rindo-se) Uma das vantagens de ser Deus é não precisar de chegar a sítio algum, porque já estou em toda a parte.

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